sábado, 14 de dezembro de 2019

O Necronomicon


O Necronomicon (Livro de Nomes Mortos) também conhecido por Al Azif (Uivo dos Demônios Noturnos) foi escrito por Abdul Alhazred, em torno de 730 d.C, em Damasco. Ao contrário do que se pensa, não se trata somente de um compilado de rituais e encantos, e sim de uma narrativa dividida em sete volumes, numa linguagem obscura e abstrata. Alguns trechos isolados descrevem rituais e fórmulas mágicas, de forma que o leitor tenha uma idéia mais clara dos métodos de evocações utilizados. Além de abordar também as civilizações antediluvianas e mitologia antiga, tendo sua provável base no Gênese, no Apocalipse de São João e no apócrifo Livro de Enoch. Reúne um alfabeto de 21 letras, dezenove chaves (invocações) em linguagem enochiana, mais de 100 quadros mágicos compostos de até 240 caracteres, além de grande conhecimento oculto.

Segundo o Necronomicon, muitas espécies além do gênero humano habitaram a Terra. Estes seres denominados Antigos, vieram de outras esferas semelhantes ao Sistema Solar. São sobre-humanos detentores de poderes devastadores, e sua evocação só é possível através de rituais específicos descritos no Livro. Até mesmo a palavra árabe para designar antigo, é derivado do verbo hebreu cair. Portanto, seriam Anjos Caídos.

O autor do Necronomicon, Abdul Alhazred, nasceu em Sanna no Iêmen. Em busca de sabedoria, vagou de Alexandria ao Pundjab, passando muitos anos no deserto despovoado do sul da Arábia. Alhazred dominava vários idiomas e era um excelente tradutor. Possuía também habilidades como poeta, o que proporcionava um aspecto dispersivo em suas obras, incluindo o Necronomicon. Abdul Alhazred era familiarizado com a filosofia do grego Proclos, além de matemática, astronomia, metafísica e cultura de povos pré-cristãos, como os egípcios e os caldeus. Durante suas sessões de estudo, o sábio acendia um incenso que combinava várias ervas, entre elas o ópio e o haxixe.

Alhazred adaptou a interpretação de alguns neoplatonistas sobre o Necronomicon. Nesta versão, um grupo de anjos enviado para proteger a Terra tomou as mulheres humanas como suas esposas, procriando e gerando uma raça de gigantes que se pôs a pecar contra a natureza, caçando aves, peixes, répteis e todos os animais da Terra, consumindo a carne e o sangue uns dos outros. Os anjos caídos lhes ensinaram a confeccionar jóias, armas de guerra e cosméticos; além de ensinar encantos, astrologia e outros segredos.

Existe uma grande semelhança dos personagens e enredos das narrações do Necronomicon em diversas culturas. O mito escandinavo do apocalipse, chamado Ragnarok, é sugerido em certas passagens do Livro; além dos Djins Árabes e Anjos Hebraicos, que seriam versões dos deuses escandinavos citados. Este conceito também é análogo à tradição judaica dos Nephilins.

Uma tradução latina do Necronomicon foi feita em 1487 pelo padre alemão Olaus Wormius, que era secretário de Miguel Tomás de Torquemada, inquisidor-mor da Espanha. É provável que Wormius tenha obtido o manuscrito durante a perseguição aos mouros. O Necronomicon deve ter exercido grande fascínio sobre Wormius, para levá-lo a arriscar-se em traduzi-lo numa época e lugar tão perigosos. Uma cópia do livro foi enviada ao abade João Tritêmius, acompanhada de uma carta que continha uma versão blasfema de certas passagens do Gênese. Por sua ousadia, Wormius foi acusado de heresia e queimado juntamente com as cópias de sua tradução. Porém, especula-se que uma cópia teria sobrevivido à inquisição, conservada e guardada no Vaticano.

O percurso histórico do Necronomicon continua em 1586, quando o mago e erudito Jonh Dee anuncia a intenção de traduzi-lo para o idioma inglês, tendo como base a versão latina de Wormius. No entanto, o trabalho de Dee nunca foi impresso mas chegou até as mãos de Elias Ashmole (1617-1692), estudioso que os reescreveu para a biblioteca de Bodleian, em Oxford. Assim, os escritos de Ashmole ficaram esquecidos por aproximadamente 250 anos, quando o mago britânico Aleister Crowley (1875-1947), fundador do Thelema, os encontrou em Bodleian. O Thelema é regido pelo Livro da Lei, obra dividida em três capítulos na qual fica evidente o plagio da obra de Jonh Dee. No ano de 1918, Crowley conhece a modista Sônia Greene e passa alguns meses em sua companhia. Sônia conhece o escritor Howard Phillip Lovecraft em 1921, e casam-se em 1924. Neste período, o autor lança o romance A Cidade Sem Nome e o conto O Cão de Caça, onde menciona Abdul Alhazred e o Necronomicon. Em 1926, um trecho da obra O Chamado de C`Thullu menciona partes do Livro da Lei, de Crowley. Portanto, o ressurgimento contemporâneo do Necronomicon deve-se a Lovecraft, apesar de não haver evidências de que o escritor tivesse acesso ao Livro dos Nomes Mortos.

Algumas suposições aludem a outras cópias que teriam sido roubadas pelos nazistas na década de 30. Ainda nesta hipótese, haveria uma cópia do manuscrito original feita com pele e sangue dos prisioneiros dos campos de concentração, que na 2ª Guerra foi escondida em Osterhorn, uma região montanhosa localizada próxima a Salzburg, Áustria. Atualmente, não é provável que ainda exista um manuscrito árabe do Necronomicon. Uma grande investigação levou a uma busca na Índia, no Egito e na biblioteca de Mecca, mas sem sucesso.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Paul Foster Case


Paul Foster Case es uno de los maestros esotéricos más prominentes del siglo XX.

Nació en Fairport, pueblo ubicado cerca del lago Ontario, al este de Rochester (en el estado de Nueva York, U.S.A.) el 3 de Octubre a las 5: 28 p.m de 1884. Su madre era maestra de escuela y era de ascendencia romaní (gitana) y descendiente directa del famoso oficial inglés de peregrinos del barco Mayflower, Miles Standish (1584-1656) y su padre era el bibliotecario principal de una importante biblioteca privada y diácono en una Iglesia Congregacional. Pasó gran parte de sus años de formación en medio de libros y aprendió a leer a muy temprana edad. Se apunta que a la edad de cuatro años su madre le solía encontrar a menudo embelesado con “libros prohibidos” en el ático del edificio de la biblioteca de su padre, absorbiendo el conocimiento de la tradición esotérica con la misma ferviente avidez que experimenta el místico en su búsqueda de Dios.

A los 16 años, Paul Case conoció al ocultista Claude Bragdon (1866-1946) gracias a que actuó en una representación teatral con fines caritativos, donde el arquitecto y ocultista-teósofo Claude Bragdon también estaba actuando. Bragdon le preguntó a Case que de dónde pensaba que provenían los naipes (las cartas). Esta simple pregunta despertó en Case una búsqueda inmediata sobre los orígenes de las cartas que se convirtió en permanente estudio sobre las cartas y que le llevaría a convertirse con el tiempo en una autoridad mundial sobre el Tarot, creando la baraja de B.O.T.A. una versión “corregida” de la baraja Rider-Waite.

Descubrió en la biblioteca de su padre que las cartas procedían o provenían del Tarot (llamado originalmente The Game of Man, El Juego del Hombre). Pronto encontró menciones sobre el Tarot en variedad de textos, incluido el famoso manifiesto rosacruz del siglo XVII “Fama Fraternitatis”, donde descubrió que la palabra “Tarot” es en realidad una clave de la palabra latina “ROTA” o rueda.

Fue a partir de entonces, sobre 1900, cuando comenzó a coleccionar todo libro y baraja disponible sobre el Tarot. Año tras año trasegó con estas imágenes arquetípicas de poder, investigando, profundizando y meditando con ellas. Encontró muy poco publicado sobre la materia, y lo poco que se había editado estaba cubierto con velos que producían confusión. Su esfuerzo perseverante al final tuvo éxito, ya que descubrió que el diseño de estas ilustraciones cuidadosamente creadas, en realidad evocan y canalizan imágenes arquetípicas, y que si son utilizadas correctamente, tienen el poder para transformar la conciencia del buscador sincero en la de un adepto iluminado. Alrededor de 1905 comenzó a recibir la orientación de una “voz interior”, una Voz que le guiaría en sus investigaciones esotéricas. El estímulo del Tarot había abierto su oído interno a niveles espirituales superiores, pues la Voz nunca interfirió en su vida personal, nunca le halagó, nunca le dio órdenes, solamente le hablaba de tiempo en tiempo diciéndole cosas como: “Si abres el libro que se encuentra en la balda superior, el tercero a la izquierda, y lees la página 101 encontrarás la referencia que buscas”. Paul Case a través de este estudio, investigación y meditación, descubrió las verdaderas atribuciones del Tarot y las publicó antes de tener 21 años, y quizás fue el primero en realizar las correspondencias correctas del Tarot. Casi de inmediato las investigaciones sobre el Tarot le condujeron entre otros estudios e ineludiblemente a la Cábala, la cual le resultaba familiar y descubrió que ya la conocía. La Cábala es la antigua sabiduría secreta o corriente mística dentro del judaísmo. Case no tuvo que estudiar la escritura caldeo-hebraica porque “la recordaba”. Sumergirse en el Tarot y en la Cábala fue realmente como un repaso, el preliminar para penetrar en nuevos horizontes.

En 1918, Case conoció a Michael Whitty, editor de la revista Azoth, quien más tarde se convertiría en amigo íntimo. Whitty servía como Cancellarius (tesorero/gerente) de la Logia de Thoth-Hermes de Alpha et Omega. Alpha et Omega era el grupo de S. L. MacGregor Mathers que éste formó tras la desaparición de la original Orden Hermética de la Aurora Dorada o Golden Dawn, como se la conoce en inglés. Whitty invitó a Case a unirse a Thoth-Hermes, cosa que éste hizo. El nombre de aspirante de Case en la A.'.O.'. era Perserverantia (perseverancia).

Entre 1919 y 1920, Case y Michael Whitty colaboraron en el desarrollo de un texto que posteriormente se publicaría como The Book of Tokens. Este texto se escribió como texto recibido, ya a través de meditación, vía escritura automática, o por otros medios. Posteriormente salió a la luz que la fuente era el Maestro R. El 16 de mayo de 1920 Case recibió la iniciación en la Segunda Orden de Alpha et Omega. Tres semanas más tarde, según la reseña biográfica en la página web de la Golden Dawn, fue nombrado Tercer Adepto. (…)

Tras abandonar Alpha et Omega, Case se empleó a fondo en la organización de su propia Escuela de Misterios. En verano de 1922, Case empezó a invertir los primeros esfuerzos en la preparación de un extenso curso por correspondencia. En un año el curso cubría lo que en la actualidad B.O.T.A. cubre en cinco años. Llamó al curso The Ageless Wisdom (La Sabiduría Eterna), y cubría la práctica totalidad del Hermetismo. Sobre 1923 Case constituyó The School of Ageless Wisdom (Escuela de La Sabiduría Eterna), probablemente en Boston.

En pocos años se trasladó a Los Ángeles, abandonando de una vez por todas su carrera de músico, y fundó Builders of the Adytum (B.O.T.A.). Todavía en funcionamiento, B.O.T.A. es una auténtica Escuela de Misterios. En las siguientes tres décadas, Case organizó el plan de estudios de lecciones por correspondencia que cubrían prácticamente la totalidad del corpus de la llamada Tradición Mistérica Occidental: Tarot, Cábala y Alquimia. (…)

1954 - Paul Foster Case murió en México mientras hacia un viaje de vacaciones con Harriet.

Su sabía erudición, su mente discriminadora y penetrante y la percepción espiritual consciente son una combinación inusualmente apreciada entre los hombres. Y sin embargo su humanidad nunca estuvo ausente, expresándose con ingenio, buen humor y compatibilidad total con gentes de todas las clases sociales, razas y credos. Gracias a su sacrificio, las generaciones futuras tendrán disponibles los más elevados métodos para recorrer el Sendero Espiritual al más alto nivel. Vio en los corazones de los hombres y los amó, experimentó directamente la Unidad de Dios, la hermandad de los hombres y la Unidad de TODA VIDA.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Baphomet & Opfer


A palavra ‘opfer’ refere-se geralmente ao sacrifício que ocorre – simbólico ou de outra forma – durante certos rituais. Existem geralmente dois tipos de opfer: associado a rituais para abrir uma passagem (ou ‘Portal Estelar’), entre Aeons – quando um/uns opfer(s) é/são considerado(s) necessário(s) em termos da ‘energia’ requirida; aqueles associados a crenças tradicionais respeitando ao ‘funcionamento do cosmos’ (‘Opfers’ associados com rituais de morte formam um terceiro tipo.).

O segundo tipo, de acordo com a tradição, era escolhido uma vez em cada 17 anos e este sacrifício era visto como necessário para manter ‘o equilíbrio cósmico’ – nos tempos modernos, manter uma passagem aberta (e assim preservar a civilização mais elevada associada etc). O escolhido era tornado um Sacerdote honorário (este tipo de opfer era sempre masculino) e havia uma união entre ele e uma ou mais mulheres, como sacerdotisas. Esta união era um tipo simples de ‘hierosgamos’, e ao descendente da união era dada grande honra. Na própria cerimônia, a cabeça do opfer era cortada e exibida – habitualmente por uma noite e um dia (embora este período possa ter sido mais longo num passado muito mais remoto). O Rito era realizado num espaço aberto num sítio ‘sagrado’ – normal ente um círculo de pedras ou uma colina.

O escolhido era capaz, por causa do sacrifício, de usufruir de uma existência acausal – tornando-se assim um Imortal. Dessa forma o ‘sacrifício voluntário’ era possível, embora seja fácil imaginar que em tempos mais tardios, o opfer não tinha tanta vontade.

Tradicionalmente, este tipo nos remete até Albion, e enquanto originalmente o ritual era provavelmente um acontecimento comunitário, tornou-se mais secreto. O que sobrevive até hoje (a Cerimonia de Lembrança com fim ‘opfer’) provavelmente reflete mais a essência desta tradição antiga do que o detalhe (as palavras, cânticos etc). Esta essência pode ser apreendida no papel da Senhora da Terra – representativa de Baphomet, a Deusa Negra. Era para Baphomet que o sacrifício era feito – daí um opfer masculino. Na realidade, toda a cerimônia (de Lembrança) pode ser vista como uma celebração da deusa negra – a Senhora/deusa da Terra no seu aspecto mais sombrio/violento/sinistro. A cabeça decepada estava associada à veneração de Baphomet – o culto derivado de Albion – daí a representação tradicional de Baphomet.

A identificação de Baphomet como a Esposa de Lúcifer/Satanás data provavelmente de meados do século X ou XI, assim como o uso do nome ‘Satan’/Satanás como o representante material dos Deuses Negros.

É importante lembrar que em tempos mais antigos (por exemplo em Albion durante o aeon Hiperbóreo) não havia uma distinção clara e/ou moral entre o ‘luminoso’ e o ‘sinistro’: os dois eram vistos como diferentes aspectos da mesma coisa. Assim, aquilo que nós conhecemos como a Senhora da Terra (a ‘deusa’) era tanto o que nós chamamos Baphomet (o lado sombrio) como Gaia (a Mãe Terra). Da mesma forma para o aspecto masculino – Satanás e Lúcifer – ou Dioniso/Kabeiroi e Apollo. Agora entendemos todos estes símbolos como projeções inconscientes/conscientes da ‘realidade’ (onde ‘realidade’ = região da convergência causal/acausal) – como ‘portais’/passagens para o próprio acausal, com as 7 esferas da Árvore de Wyrd sendo um ‘mapa’ destes portais, inteligível pela consciência do não-Adepto. Desta forma, a esfera de Mercúrio representa Lúcifer/Satanás – Mercúrio, Marte e o Sol sendo esferas “masculinas”, e a Lua, Vénus e Júpiter as “femininas” (Saturno para além desses opostos – o próprio Caos).

O culto de Baphomet era a veneração do aspecto negro das energias “femininas” – onde neste contexto, veneração significa um trabalho para compreender / integração consciente. Pistas da veneração do aspecto ‘luminoso’ sobrevivem na tradição Septenária no nome “Aktlal Maka” e na forma natural do rito dos Nove Ângulos. O aspecto mais tenebroso sobrevive, em essência, na Cerimônia de Lembrança e nas tradições associadas à Senhora da Terra e a Baphomet. Quanto ao nome original da deusa em ambos os aspectos, existe uma tradição que dá ‘Darkat’ (antiga forma de Lilith) como o nome usado antes de Baphomet se ter tornado de uso comum. No entanto, ‘Azanigin’ também já foi sugerido – tal como foi ‘Aktlal Maka’ para o aspecto ‘luminoso’/Gaia, embora ambos sejam apenas sugestões do século XX, não baseadas em qualquer tradição oral. Diz-se que alguns aspectos na deusa (negra) sobreviveram nos tempos Gregos sob a forma dos ‘cultos de mistérios’ (vide Kabeiroi – e também Eleusis para o aspecto ‘luminoso’), sendo estes uma ‘sobrevivência indireta’, a tradição Septenária sendo direta, de Albion.

O uso do nome ‘Baphomet’ deriva provavelmente dos séculos X ou XI embora a representação pictórica tradicional de Baphomet seja indubitavelmente mais antiga. Se existia uma tradição oral ligada à origem do nome Baphomet, foi perdida.

Assim, não existem indicações quanto aos nomes ‘originais’ dos elementos ‘luminosos’ e ‘sinistros’ do lado ‘masculino’ – conhecidos por nós como ‘Lúcifer’ e ‘Satanás’. Estes últimos nomes também datam provavelmente de meados do século X ou XI – embora ‘Karu Samsu’ (ou qualquer coisa muito semelhante) tenha sido sugerido para o aspecto ‘Lúcifer’ e ‘Sapanur’ para o aspecto ‘sinistro’.

Os ritos associados com o primeiro tipo de opfer – tal como o ‘Chamado Sinistro’ – não podem ser datados com certeza ou vistos como derivados de uma tradição mais antiga. Em toda a probabilidade, derivam do século XII ou XIII, embora seja muito possível que versões/formas antigas existissem. Algumas pessoas têm considerado o Chamado Sinistro como uma versão posterior da Cerimonia de Lembrança. Mais uma vez, se existia uma tradição oral, foi perdida – tudo o que persiste são os próprios rituais.

A própria ‘Missa Negra’ (e na realidade a maior parte dos rituais n’O Livro Negro de Satanás) originaram-se provavelmente por volta da mesma altura do Chamado Sinistro. A Missa original era dita em latim, embora a meio do século XX uma versão traduzida tenha encontrado o seu caminho para o Livro Negro – por necessidade, embora alguns cânticos em Latim tenham permanecido.

NOTAS: O significado do ciclo de 17 anos não é claro. Nas últimas décadas algumas teorias foram avançadas, mas não são convincentes.

Aktlal Maka é um cântico por vezes usado no Rito natural dos Nove Ângulos pela Sacerdotisa se a clareira tiver uma fonte de água. Significa ‘as águas fluindo da Terra’ e é cantado em homenagem a Gaia uma vez que as fontes naturais são vistas como as suas crianças.

Os mistérios dos ‘Kabeiroi’ (por vezes pronunciado Cabiri) são uma das tradições esotéricas associadas ao Aeon Helênico. Na sua forma original, ‘os mistérios’ respeitavam a determinadas deidades normalmente representadas na forma de grifos e ligadas ao mar assim como Deméter – a ‘Mãe Terra’ ou Gaia. Segundo a tradição esotérica, os mistérios respeitavam aos Deuses Negros – em variadas formas mutantes – e contavam como Deméter tinha dado aos primeiros Iniciados desta tradição um cristal (mais tarde venerado num santuário perto de Tebas, onde existia um bosque sagrado para Deméter) assim como também mostravam como um indivíduo, através de vários Ritos que envolviam Gaia, mulheres, casamento sagrado e por aí fora, podia ser transformado (transportado) para um nível diferente de consciência. Esta transformação, tal como noutros Cultos Gregos de Mistérios, era obtida principalmente através do envolvimento pessoal na ação ritual/cerimonial habitualmente de um tipo mitológico.

Mais tarde, esta tradição dividiu-se – Eleusis representando o elemento ‘Apolíneo’, e os Kabeiroi os aspectos ‘Dionisíacos’ ou sombrios, pois é dito que todos os iniciados dos Cabiri tinham de ter cometido um crime maior que os crimes comuns.

Os mistérios dos Kabeiroi eram habitualmente celebrados em santuários em montanhas (algumas combinações de rochas e água subterrânea sendo vistas como sagradas – isto é, capazes pelo seu poder mágico de transformar a consciência dos indivíduos (confrontar alguns sítios sagrados do povo Yezidi que possuíam uma versão mais confusa da tradição dos Deuses Negros) e atingir estes santuários era considerado parte do processo da Iniciação.

Os Gregos chamavam aos Kabeiroi ‘os grandes deuses’.

Baphomet


O nome de Baphomet é visto pelos Satanistas Tradicionais como significando “a senhora (ou mãe) de sangue” – a Senhora que por vezes se banha no sangue dos seus inimigos e cujas mãos estão assim tingidas.
A suposta derivação é do grego bajh mhtra [baphē mētra] e não, como é às vezes dito, de mhtioV [mētios] (a forma Ática para ‘sábio’). O uso do termo ‘Mãe’/Senhora era bastante comum em escritos gregos alquímicos tardios – por exemplo Iamblichus em “De Mysteriis” usou mhtrizw [mētrizō] para significar possuído pela mãe dos deuses. Mais tarde escritos alquímicos tenderam a usar o prefixo para significar um tipo específico de ‘amálgama’ (e alguns tomam isto como uma amálgama do Sol com a Lua, no sentido sexual).
No Sistema Septenário, Baphomet, como Senhora da Terra, é ligada à sexta esfera (Júpiter) e à estrela Deneb. Ela é assim num sentido um “Portal Terrestre” mágico e a Sua reflexão (ou natureza ‘causal’ – por oposição à Sua natureza acausal ou Sinistra) é a terceira esfera (Vénus) relacionada com a estrela Antares. De acordo com a Tradição esotérica, o aspecto Antares era celebrado por ritos em Albion cerca de 3000 A.P. [Antes do Presente i.e. cerca de 1990 eh – ‘era horrificus’] – no meio e em direcção ao fim do mês de Maio e dizia-se que alguns círculos de pedras / sítios sagrados estavam alinhados para Antares. Em contraste, o aspecto Sinistro da Senhora (i.e. Baphomet) era celebrado no Outono e estava relacionado com a subida de Arcturus, a própria estrela Arcturus estando ligada ao aspecto masculino Sinistro (Mercúrio – segunda esfera), mais tarde identificado com Lúcifer/Satanás. Assim, a celebração de Agosto era um hierosgamos [casamento sagrado] Sinistro – a união de Baphomet com o Seu esposo (ou ‘Sacerdote’ que tomava o papel do aspecto masculino Sinistro). De acordo com a Tradição, o Sacerdote era sacrificado depois da união sexual, onde o papel de Baphomet era assumido pela Sacerdotiza/Senhora do culto. Assim, a celebração de Maio era um (re-)nascimento de novas energias (e da criança da União). A Tradição conta este rito sagrado Sinistro e Arcturiano como tendo lugar uma vez em cada 17 anos. Mais uma vez, diz-se que alguns sítios sagrados em Albion estão alinhados com a subida de Arcturus, há mais de 3000 anos. Na Idade Média, Baphomet começou a ser vista como a Esposa de Satanás – e é desde este tempo que ‘Baphomet’ e ‘Satanás’ começaram a ser usados como nomes para o aspecto feminino e masculino do lado obscuro (pelo menos na tradição sinistra secreta).
Daí a representação Tradicional de Baphomet – uma bonita mulher adulta (frequentemente mostrada nua) segurando a cabeça decepada do sacerdote sacrificado (habitualmente mostrado com barba).
Até determinada etapa os Templários ressuscitaram parte deste grupo, mas sem qualquer entendimento esotérico e para os seus próprios propósitos. Eles adoptaram Baphomet como uma espécie de Yeshua [Jesus] feminino, mas com alguns aspectos sangrentos/sinistos – e contrariamente às ideias mais aceites, eles não eram especialmente ‘Satânicos’. Mais que isso, eles viam-se a si próprios como _guerreiros_ sagrados, e tornaram-se num culto militar com laços de honra, embora o seu conceito de “sagrado” diferisse de certa forma do da igreja contemporânea, incluindo aspectos sombrios/Gnósticos. Os seus sacrifícios eram feitos em batalha e não faziam parte de um ritual específico.
A imagem de Baphomet (por exemplo segundo Levi) como uma figura hermafrodita é uma confusão romântica e/ou distorção: essencialmente da união simbólica/real da senhora e do sacerdote e o seu posterior sacrifício. O mesmo se aplica à derivação do sufixo do seu nome com ‘sabedoria’ (e uma imagem masculina nisso!) – até os confusos Gnósticos entendiam ‘sabedoria’ como feminina.

Parte II

Existe uma tradição respeitante à origem do nome Baphomet que merece ser registrada, mesmo que não seja autêntica, não tendo quaisquer defensores atuais.
Esta tradição encara o nome como derivando de  [boubastis] – o nome Grego para a deusa egípcia Bastet, registada por Heródoto (2137 ff). É interessante que Heródoto identifique a deusa com Ártemis, a deusa da lua. Bubastis era vista como a filha de Osíris e Ísis e frequentemente representada como uma fêmea com a cabeça de um gato – os gatos eram considerados sagrados para ela. Ártemis era uma deusa não movida pelo amor e era vista como a irmã gémea de Apollo (a identificação dela como uma ‘deusa lunar’ derivou naturalmente disto já que Apollo estava relacionado com o sol). Tal como Apollo, ela frequentemente enviava morte e pragas, e era por vezes presenteada com sacrifícios.
É interessante que (a)  é o nome Pitagórico para ‘cinco’ [vide Iamblichus: Theologumena Arithmeticae, 31] – talvez uma ligação com o ‘pentagrama’?; (b) dizia-se que os Templários, com os quais o nome Baphomet é associado, veneravam a sua divindade sob a forma de um gato.
A tradição registada acima, e a descrita na parte 1, ambas representam Baphomet como uma divindade feminina – e ambas são tradições esotéricas, portanto não registadas. É possível que ambas estejam corretas, isto é, que o _nome_ Baphomet deriva (tal como mencionado na parte 1) do Grego [baphē mētra]: referindo-se o prefixo a estar manchada ou molhada em sangue. O sufixo deriva de ‘mãe’ ou ‘senhora’ usado num sentido religioso (vide Iamblichus ‘De Mysteriis’). Este nome – Baphomet – é portanto descritivo para a deusa “sombria” (lunar), a quem sacrifícios eram feitos, e que era na realidade conhecida em tempos antigos como ‘Bubastis’ – isto é, Bastet, para a qual os gatos eram sagrados. Assim, Baphomet podia ser vista como uma forma de Ártemis/Bastet – uma divindade feminina com um lado ou natureza ‘sombria’ (quando vista segundo a moralidade convencional) a quem sacrifícios eram, e continuam a ser, feitos. A tradição Sinistra vê Baphomet como a esposa de Satanás/Lúcifer – isto encaixaria bem uma vez que Lúcifer é frequentemente visto como uma forma de Apollo: Ártemis é a forma feminina (‘irmã’) de Apollo. Aqui, deve ser lembrado que tanto Apollo como Ártemis não eram divindades etéreas, morais e sublimes (os deuses clássicos foram romanticamente mal interpretados) – eles podiam ser, e eram frequentemente, mortais e ‘sombrios’: ambos ‘sinistros’ e ‘luminosos’.

Parte III

A Tradição fala de uma comunidade que venerava a deusa numa área do que é agora o Norte da Escócia. Acredita-se que esta comunidade constituiu os antepassados dos ‘Pictos’, e estava baseada perto do rio Oykel. A forma Latinizada do seu nome, dada por Ptolemeu, era Smertae, que significa ‘manchado’ ou ‘povo tingido’.
O nome pelo qual esta comunidade conhecia a deusa não está registado, mas em inscrições Gaulesas existem referências a uma deusa da guerra chamada Rosmerta. O nome dela significa ‘a grande deusa tingida’ – isto é, manchada com sangue. É bem possível que os Smertae estivessem relacionados com a sua veneração, e dizia-se que eles se costumavam pintar ou tingir a si próprios com o sangue dos seus inimigos, na sua honra.
Um facto interessante, outro povo que vivia perto da região dos Smertae durante a mesma época, era conhecido por um nome que é traduzido como o ‘povo gato’.

A Senhora da Terra


Culto da Cabeça de Satanás

O Satanismo Tradicional tal como é praticado na ONA – “Order of Nine Angles”, tem origem em tradições e cultos que remontam à mais distante Antiguidade, nos quais se adorava uma Deusa (a Senhora da Terra) e um Deus (o Senhor da Terra).

Embora no princípio a Deusa e o Deus fossem vistas como divindades duais (isto é, contendo simultaneamente aspectos causais/luminosos e acausais/sinistros), mais tarde foram divididas, e então o Deus passou a ter duas “facetas”, tal como a Deusa.

As estas duas facetas do Deus e da Deusa foram dados vários nomes ao longo da História:

LÚCIFER ou KARU SAMSU, o Deus no seu aspecto causal-luminoso (correspondente à esfera de Mercúrio, II°, na Árvore de Wyrd);
GAIA ou AKTLAL MAKA, a Deusa no seu aspecto causal-luminoso (correspondente à esfera de Vénus, III°, na Árvore de Wyrd);
SATANÁS ou SAPANUR, o Deus no seu aspecto acausal-sinistro (correspondente à esfera de Marte, V°, na Árvore de Wyrd);
BAPHOMET (Mãe de Sangue), a Deusa no seu aspecto acausal-sinistro (correspondente à esfera de Júpiter, VI°, na Árvore de Wyrd).
Outros nomes para Satanás e Baphomet são, respectivamente, KTHUNAE e DAVCINA. Consultem a este respeito o capítulo 3, onde falei dos 21 Deuses Obscuros e do Tarot Sinistro.

Muitas pessoas me perguntarão:

«Então mas Baphomet não era o ídolo supostamente venerado pelos Cavaleiros Templários? Que sentido faz compará-lo a uma Deusa?»

A resposta é: O nome Baphomet pode não vir, como é normalmente aceite, do árabe “Mohammed” (Maomé) nem de “baph-metis” (batismo/imersão em sabedoria), mas sim da expressão grega “Baph-Metra” (a Mãe –“Metra” ou “Meter”– tingida ou submersa –“Baph”– em sangue; isto é, a Mãe de Sangue, ou a Deusa Sinistra). E quanto às ligações entre a Deusa e a cabeça decepada («baphomet» templário, etc), leiam o seguinte…

Nestes cultos antigos, um Sacerdote (o “Opfer” ou VINDEX) era escolhido a cada 17 anos, fazendo o papel de “Senhor da Terra” (isto é, representado o Deus Sinistro Satanás), sendo-lhe dados grandes privilégios. Este Opfer ou Sacerdote participava então na cerimônia do Casamento Sagrado ou Hierosgamos com a Sacerdotiza do Culto (representando Baphomet, a Deusa Sinistra), sendo seguidamente decapitado como oferenda à Deusa e aos Deuses Obscuros (fora do universo causal). Este sacrifício do Opfer/Sacerdote permitia-lhe então tornar-se um “Imortal”, tornando-se Uno com os Deuses Obscuros. Então a cabeça do Opfer (Satanás) era exibida durante 1 dia e uma noite, sendo apresentada posteriormente a todos os novos iniciados no Culto. A esta cabeça, que era simbolicamente a Cabeça do Deus Satanás sacrificado, eram atribuídos poderes fabulosos, entre eles o poder de trazer fertilidade e abundância, e de proteger contra o infortúnio. Podemos ver traços desta “veneração da Cabeça” um pouco por todo o mundo, particularmente no culto celta das cabeças cortadas e também –surpresa– nos Templários que se dizia venerarem como Salvador uma Cabeça com barba e aspecto demoníaco, e que a dita cabeça tinha poderes semelhantes à Cabeça de Satanás venerada nos cultos antigos: fertilidade, riqueza, proteção contra o infortúnio.

É interessante reparar em vários pormenores aqui:

Sabe-se que os celtas usavam as cabeças cortadas dos inimigos como talismãs de boa-sorte, chegando a pregá-las na entrada das suas casas e castelos para atrair a fertilidade e proteger contra o mal. É também sabido que depois das batalhas, os celtas irlandeses cortavam as cabeças aos inimigos, empilhavam-nas, e chamavam a isso a “colheita de Macha” (a Deusa sinistra da Terra e da Guerra, que prevalecia sobre os machos). No Hinduísmo Tântrico, a terrível deusa Kali é representada a segurar a cabeça de um demônio com barba (o baphomet templário? :D), e é normalmente mostrada em pé ou sentada em cima do corpo inativo –adormecido? morto?– do seu esposo Shiva, o Destruidor e Senhor da Terra (Satanás/Kthunae). Este mesmo Deus Shiva era antigamente chamado Pashupati e Vanaspati, o “Senhor dos Animais” e “Senhor da Floresta” (semelhante ao deus Cernunnos/Herne celta). Na mitologia azteca, Coatlicue ou a Deusa-Mãe (Terra-Serpente) era mostrada com um colar de cabeças humanas decepadas, apresentando incríveis parecenças com a Deusa Negra Kali. E na mitologia maia, a cabeça decepada do deus Hun-Hunahpu tinha o poder de fazer as árvores crescer e dar fruto, trazendo fertilidade e abundância.

É também interessante reparar no seguinte:

Na 2ª parte (CAELETHI) do Livro Negro de Satanás da ONA, são-nos mostrados os símbolos dos 21 Deuses Obscuros, sendo fornecido uma espécie de mistério ou frase enigmática para cada Deus/Arcano. É bastante curioso que o símbolo de VINDEX (o “Opfer” ou Sacerdote sacrificado, que representava Satanás) seja um antigo símbolo ocultista da estrela ALGOL, que é apelidada em algumas tradições de “Cabeça de Satanás” (Rosh ha-Satan) ou “Cabeça do Demônio” (Ras al-Ghul). Desta última expressão é que vem o nome da estrela: Al-Ghul, Algol.

Heinrich Cornelius Agrippa diz-nos no seu precioso livro “De Occulta Philosophia” ou “Da Filosofia Oculta”, livro 2, capítulo 47, que a influência de cada uma das principais estrelas podia ser «usada» na Magia Cerimonial, sendo empregues determinados símbolos ou imagens para cada uma delas. Assim, a estrela Aldebaran era representada por um Anjo ou Deus e trazia honra e riqueza, etc. Acontece que a nossa “interessante” estrela Algol era simbolizada por uma CABEÇA DECEPADA, COM BARBA E ASPECTO DEMONÍACO, QUE SE DIZIA TRAZER FERTILIDADE E PROTEGER CONTRA O MAL. Coincidência? Certamente que não!

Foi precisamente isto que me conduziu a uma teoria, que vocês poderão achar interessante.

Eu acredito piamente que os Templários de facto veneravam uma Cabeça com barba e aspecto demoníaco, como nos falam os Testemunhos da Inquisição (que são demasiados, com demasiadas parecenças, em demasiados lugares para serem apenas superstições ou invenções da Igreja), e que eles acreditavam mesmo que esta Cabeça de aspecto terrível os poderia proteger e trazer boa-sorte. Acredito também que essa mesma cabeça, à qual se chamava “baphomet”, era na realidade um símbolo de Algol, a Estrela-Demônio, e que era realmente usado na Magia Cerimonial nos rituais templários de Iniciação na Ordem. Este simbolismo teria vindo sem dúvida dos antigos Cultos de veneração da Deusa Sinistra e do seu esposo sacrificado Satanás, o Senhor da Terra.

Se isto estiver de fato correto, então teremos aqui uma justificação plausível para muitas coisas.

Algumas vez se interrogaram porque é que Eliphas Lévi, o conhecido Mago católico, ilustrou o «baphomet» templário como um misto de homem e bode, com seios e falo erecto, numa postura ou “asana” que faz lembrar as posturas de deuses como Cernunnos e Pashupati, antigos deuses da fertilidade?

Na realidade a Tradição Sinistra responde perfeitamente a estas perguntas, e através dela conseguimos “ligar” muitas coisas que são aparentemente inconciliáveis. O facto (ou teoria) de que a Cabeça (Algol, Ras al-Ghul, Cabeça do Demônio) venerada pelos Templários representar o antigo Senhor da Terra (Satanás, Kthunae ou Sapanur), explicaria a razão de Eliphas Lévi representar essa Cabeça como um homem-bode (o homem bestial ou Senhor da Terra), sentado na posição dos deuses da fertilidade. Sendo assim, a representação de Eliphas Lévi teria um significado bastante mais profundo, e intimamente relacionado com o Culto da Cabeça de Satanás.

Aliás… não será com certeza por acaso que no seu livro “O Pêndulo de Foucault”, Umberto Eco nos diz que numa das salas do Castelo de Tomar (a “capital” dos Templários em Portugal) existe uma face esculpida, uma *cabeça* com barba, com traços nitidamente caprinos…

Universo Causal e Universo Acausal


Muitas vezes em documentos da ONA se lêem as expressões “universo causal” e “universo acausal”. Implicará isto que na ONA se acredita em outro(s) universo(s) igual(is) a este? Antes de responder a esta pergunta, seria melhor eu esclarecer o que significam essas duas expressões, dentro do contexto do Satanismo Tradicional. No Satanismo Tradicional a Árvore de Wyrd é usada com variados propósitos e pode simbolizar várias coisas. Uma das coisas que ela representa é a nossa Mente, que possui uma parte Causal (isto é, lógica, linear, e limitada pelas noções de “bem” e “mal”, “correcto” e “errado”), e outra parte Acausal (verdadeiramente sinistra e caótica, porque foge a todos os limites impostos pela consciência mundana/causal).

Assim, muitas pessoas têm a tendência a comparar a realidade Acausal com uma coisa “maligna” ou “diabólica” – o Homem sempre temeu aquilo que não compreende, ou que se situa para além de si próprio.

No entanto, no âmbito do Satanismo Tradicional as expressões “causal” e “acausal” também podem ser usadas como sinônimos de duas partes do Universo visível e invisível, ou até como dois Universos opostos. Mente = Universo.

A realidade causal/mundana é representada na Árvore de Wyrd pelas 4 esferas inferiores: Lua (Nox), Mercúrio (Lucifer), Vénus (Hriliu) e Sol (Lux). Já a realidade acausal/sinistra é obviamente representada pelas 3 esferas superiores: Marte (Azif), Júpiter (Azoth) e Saturno (Chaos). Aquilo que as une e separa é o chamado “ABISMO”, entre as esferas do Sol (IV°) e de Marte (V°). Este Abismo é o ponto onde o Iniciado Satânico sacrifica tudo aquilo que ele pensava que era (o seu ego e a sua mente racional e civilizada) e renasce para o seu “Eu Acausal”, despertando em si próprio as forças negras e selvagens conhecidas como os Deuses Obscuros e tornando-se Uno com elas. No caso do Iniciado não estar preparado para “ultrapassar o Abismo”, ele poderá ficar louco ou até mesmo morrer (em casos extremos), uma vez que não se conseguiu desligar do seu “Eu Causal” e tomou contacto com Forças que se mostraram demasiado poderosas e sinistras na sua vida. Uma experiência semelhante acontece na travessia do Abismo da Árvore da Vida situado na esfera oculta Daath, em que há um confronto com o Demónio-Opositor Choronzon (o Guardião do 10º Aethyr ZAX).

Da mesma forma que podemos fazer este paralelo com a Mente humana, também podemos dizer que na nossa “realidade” o Abismo consiste em pontos em que dois Universos se tocam: o nosso Universo, linear e palpável, e o “outro” Universo sinistro. Assim, nesta segunda hipótese, o objectivo do Iniciado Satânico seria trazer os Deuses Obscuros de volta à Terra, abrindo um ‘nexion’ ou passagem através de rituais específicos. Segundo a Tradição Sinistra, alguns destes “Portais Estelares” situam-se perto das estrelas Algol, Dabih e Naos, havendo também um no nosso Sistema Solar, perto do planeta Saturno.

Se os Deuses Obscuros devem ser vistos como entidades reais que vivem noutro Universo, ou como factores  desconhecidos e temíveis na Mente humana, isso caberá ao próprio Iniciado decidir, depois de ele ter ultrapassado a fase crítica de máxima purificação que é o Abismo. Não existem leis indiscutíveis no Satanismo Tradicional, nem mestres nem alunos. Cada praticante deve trabalhar por si próprio.

Bruxaria Tradicional x Bruxaria Neopagã


Em geral, bruxos tradicionais tendem a desprezar a Wicca e, conseqüentemente, são um tanto agressivos ao falar do bruxaria moderna, conforme estabelecida por Gerald Gardner, em 1949. Este artigo de Robin Artisson segue essa tendência e, portanto, pode ofender alguns wiccanos que forem lê-lo. Porém, deixando de lado algumas das agressões do autor, é possível se aproveitar muito do texto, que explica com maestria quais são as diferenças básicas entre a Bruxaria Tradicional e a Wicca. Este é o motivo pelo qual tal texto está publicado neste site. Esperamos que todos possam se aproveitar dos pontos fortes do artigo do bruxo Robin Artisson.

HISTÓRIA

A Bruxaria Neopagã, ou “Wicca”, teve o seu início nos anos 40 e 50 com os escritos de Gerald B. Gardner. Apesar de afirmar que era membro de um coven “tradicional” que ele encontrou no sul da Inglaterra, faltam evidências da veracidade desta história. E se o “coven” que ele menciona era autêntico, então pela sua própria descrição eles parecem ter sido um grupo eclético de maçons, hermetistas, rosacruzes e ocultistas, não verdadeiras bruxas “tradicionais”. Os seus próprios registros das atividades e crenças/práticas do grupo testemunham isso. Não há dúvidas de que esta organização tinha tendências e ambições de “reviver” a Antiga Arte, mas isto os coloca na categoria de “pagãos reconstrucionistas” e não de “Bruxas Tradicionais”.

Wicca, no seu credo moderno e na sua estrutura ritual, lembra muito fortemente uma versão descristianizada da Ordem da Aurora Dourada (Golden Dawn), com muitas adições thelêmicas e teosóficas, assim como materiais obviamente emprestados de Aleister Crowley e da OTO. Todas essas fontes, e as personalidades envolvidas, floresceram na revivificação do ocultismo da primeira metade do século vinte e é do meio do século vinte que a Wicca data. A Wicca reivindica “descender espiritualmente” das antigas religiões pagãs, mas o fato é o de que a sua estrutura ritual e a sua teologia não sustentam quase nenhuma semelhança com nenhuma cultura nativa pagã autêntica da Europa.

A Bruxaria Tradicional, por outro lado, refere-se às crenças e práticas de famílias e organizações secretas da Arte que antecedem o século vinte. Normalmente, apesar de a doutrina e as práticas da Bruxaria Tradicional terem raízes em tempos muito antigos, o tempo mais longínquo que a maior parte das organizações tradicionais podem se datar com alguma exatidão é o século 17. Entretanto, o folclore e a história do século 11 em diante testemunham práticas similares àquelas transmitidas hoje pelas bruxas tradicionais.

FORMALIDADE

A Wicca tem uma estrutura muito formal, baseada no modelo de “três graus” de iniciação, um empréstimo óbvio da Maçonaria. A religião wiccana é muito hierárquica, com deslumbrantes títulos de “Alto Sacerdote, Alta Sacerdotisa” e semelhantes e é normalmente orientado para o lado Feminino. Há apenas duas
“tradições” reais de Wicca… A Gardneriana (a original) e a Alexandrina… Mas desde a explosão do interesse pelo oculto nos dois lados do Atlântico, muitas tradições “ecléticas” surgiram, representando quase todo tipo de distorção cultural e metafísica que você pode imaginar (Wicca Celta, Faery Wicca, Wicca Saxônia, Wicca Diânica etc. etc.)

Na Bruxaria Tradicional, normalmente, não há uma “estrutura” de grupo claramente definida. Se há, é apenas limitada a uma região, e normalmente não é rígida como a Wicca. Título não são tão utilizados, e quando o são, eles ainda são informais, se comparados à ênfase da Wicca em títulos. Os grupos tradicionais da Arte podem ter uma liderança, mas esta pode tanto ser masculina quanto feminina, e o seu poder como “cabeça” de um grupo não é o poder exercido pela “Alta Sacerdotisa” e pelo “Alto Sacerdote” da Wicca. Conhecimento, experiência e a disposição de servir são fatores decisivos para a maior parte dos líderes de grupos tradicionais e não a egolatria, a coleção de títulos e a fome de poder.

Os rituais e ritos da Wicca também tendem a ser muito formais e escritos previamente à mão… enquanto que na Bruxaria Tradicional, a maioria dos rituais são espontâneos e muito menos estruturados do que na Wicca. Há formas rituais, é claro, algumas formas até muito antigas, mas elas são muito parciais, muito abertas e simples. O “nível interno” do ritual tem mais ênfase do que o externo no trabalho tradicional. A idéia é a de que não é como você faz algo, mas sim, porque você o faz.

Na Bruxaria Tradicional, o progresso de uma pessoa é MUITO mais lento do que na Wicca, na qual uma pessoa pode ser “um Alto Sacerdote de terceiro grau” no espaço que varia de alguns poucos meses a um ano ou dois, ou mesmo mais rápido se ele tem em mãos um livro publicado pela Lewellyn, que produz “bruxas instantâneas”. Viver a vida, aprendizado e experiência são cruciais para um “progresso” genuíno e “iniciações” de verdade são geralmente experiências que acontecem a um nível pessoal, dadas por poderes do outro mundo, através do tempo. A Bruxaria Tradicional aceita isso.

TEOLOGIA NEW AGE

A Wicca tem muitos conceitos “new age” no seu cânon que simplesmente não encontram lugar no contexto histórico ou cultural da Antiga Bruxaria Européia. Alguns destes conceitos estão listado abaixo:

KARMA: este conceito hindu/buddhista foi levado para a Wicca por Gardner, provavelmente de uma fonte teosófica. Na Bruxaria Tradicional, “Destino” é um conceito importante… mas “karma” nem é citado. Não há a crença na Arte Tradicional de “débitos kármicos” ou de “karma carrega pela pessoa” devido às suas ações. A verdadeira crença da Arte Tradicional a respeito desses assuntos eram e são muito diferentes dos conceitos orientais de “karma.”

A LEI TRÍPLICE: Esta estranha noção não tem base na história ou na realidade. Enquanto que muitos povos em muitas épocas e lugares têm ameaçado poeticamente as pessoas com a idéia de que as suas ações retornarão a elas “multiplicadas muitas vezes”, a Wicca aceita isso como uma lei física e imutável. A verdade é que enquanto muitos wiccans abriram mão da crença no “fogo do inferno e danação eterna” como uma barreira para as suas ações negativas, eles a substituíram para “lei tríplice”, que ameaça com uma retribuição tripla pela negatividade dos outros. Não existe nenhum traço de uma crença como essa na Bruxaria Tradicional ou em algum sistema de crenças nativo-europeu sobrevivente.

DUOTEÍSMO: A crença wiccan determina que há apenas dois seres divinos, um “deus” e uma “deusa”. Os diferentes deuses e deusas cultuados pelos nossos ancestrais europeus, ou por qualquer pessoa na Terra, são considerados como “aspectos” ou “manifestações” destes dois seres. Assim, “Todos os Deuses são um Deus e todas as Deusas são uma Deusa.” Este reducionismo divino é chamado de “duoteísmo” e não tem precedentes nem na antiga Europa, nem nas crenças das bruxas tradicionais. É, de fato, uma crença moderna. Além do mais, muitos wiccanos acreditam que este “Deus” e esta “Deusa” são eles mesmo aspectos de uma unidade divina incogniscível, ou um incrível ser chamado às vezes de “O Uno”… nos levando direto a uma versão new-age do Monoteísmo, muito bem adaptado a facilitar as consciências dos usualmente ex-cristãos convertidos à Wicca.

Nossos ancestrais europeus eram politeístas. Eles acreditavam em muitos Deuses ou em Deuses locais. Isto é verdade para muitas Bruxas Tradicionais. Há algumas crenças agora (assim como nos tempos antigos) de algumas divindades sendo “maiores” do que outras… quase ao ponto filosófico de transcendência e poder universal. Isto às vezes aparece também na Bruxaria Tradicional, mas na forma de mistérios e não na devoção diárias ou no monoteísmo new-age.

LIVRO DE SOMBRAS: Lixo. Na Wicca talvez o “LDS” seja algo real, mas nos Antigos Dias, entre os praticantes tradicionais da Arte Secreta, ter evidências escritas do que você fazia era uma sentença de morte se você fosse pego. Além disso, a maior parte das pessoas antigamente eram completamente iletradas. A Antiga Arte era principalmente passada adiante oralmente e, se fosse escrita, isso teria que ser feito de forma econômica.

ÉTICA

A religião Wicca tem uma “Rede” ou “regra de ouro” que forma a base da ética wiccana… ela dita o seguinte: “faça o que quiser, desde que não prejudique a nada nem ninguém.” Esta é uma boa sugestão e é basicamente uma reformulação da “regra de ouro” judaico-cristã. Entretanto, a Arte Tradicional não tem tal regra. A ética na Antiga Arte é completamente ambígua e regida pelas circunstâncias.

Os wiccanos tratam esta “Rede” como se fosse uma lei cósmica imutável, quando na realidade, “Rede” é uma palavra anglo-saxã para “conselho”, e não para “lei”. Mas para a religião wiccana é um dogma irremovível.

Este assunto todo acaba sendo uma outra negação wiccan das trevas inerentes à natureza, a qual eu irei discutir depois. Danos e feridas, tudo isso existe na natureza… e nós, humanos, somos partes dela. Assim, danos e feridas fazem parte de nós. Nós matamos plantas e animais para comê-los. Matamos as bactérias da água para bebê-la. Vida alimenta a vida. A Bruxaria Tradicional é bastante orientada para a família e para a Fé. Se alguém ameaçar a família ou a Fé, então parar aquele que está causando a ameaça é a prioridade. Se isso significar prejudicar alguém, é o que as bruxas tradicionais farão e não nenhuma imposição ética contra isso. A Arte, e o poder que ela invoca, não é “boa” ou “má”… é ambas as coisas. Há um tempo e um espaço para cada uma das qualidades. Isso é difícil para new-agers entenderem, mas é simplesmente como as coisas são. Negar qualquer lado seu, ou da natureza, é afastar-se do mistério central: o da totalidade.

FESTIVAIS

O calendário wiccano é divido em oito sabás (festivais)… os quatro festivais celtas, os dois solstícios e os dois equinócios.

Entretanto, esta é uma invenção moderna. Os celtas, por exemplo, não observavam os solstícios e os equinócios nos tempos pré-cristãos. Há evidências que sugerem que os bretões nativos (que precederam em muito os celtas na vinda para as Ilhas Britânicas) o faziam, mas os antigos celtas não tinham um calendário óctuplo. Eles não tinham nem ao menos quatro estações… apenas um verão e um inverno. Gerald Gardner, novamente, influenciado por outros ocultistas, em especial, neste caso, pelos druidas “revivalistas” românticos da Inglaterra, que trouxe este conceito inventado de “oito sabás” para a Wicca.

Na Bruxaria Tradicional, os Dias Sagrados celebrados são diferentes de região para região, de Tradição para Tradição e de pessoa para pessoa. Uma tradição agrícola irá seguir os fluxos de plantação e colheita e celebrar festivais de colheita, enquanto que outra tradição poderá celebrar os fluxos solares. Atente para isso, os dias sagrados são sempre regulados pelos fluxos da natureza e são diferentes dependendo de para onde você for. As quatro datas dos antigos celtas (Samhaim, Beltane etc.) podem ser ainda seguidos em alguns lugares, mas, se eles forem, os solstícios e os equinócios tendem a não ser.

É neste tópico que o assunto “seriedade e autenticidade” torna-se mais tenso. É muito comum em círculos wiccanos se ouvir invocações de “Pan, Thor, Lillith e Freya” ou de qualquer outro conjunto de deuses e deusas que o coven se sinta à vontade para invocar. Com nenhum respeito à cultura ou herança familiar e com nenhuma autenticidade ou contexto histórico, a crença wiccana de que os deuses e as deusas são todos “um só” faz com que os wiccan achem que eles tem o direito de alegremente chamar qualquer combinação de deuses que eles queiram. Esta é um postura imperdoavelmente new-age e mostra uma total falta de seriedade e contexto cultural.

Algumas tradições da Wicca tentam unir-se a apenas uma cultura de deuses e um conceito religioso. Este é passo admirável rumo à realidade. Mas a maioria das tradições não o faz.

Na Bruxaria Tradicional, especialmente nas Ilhas Britânicas, a cultura dos povos da terra, e dos povos de algumas gerações atrás, determinam o contexto cultural da tradição. Isso porque a Bruxaria Tradicional é parte da terra, do seu povo e da sua história. Sendo uma invenção moderna e uma mescla de idéias ocultas orientais e ocidentais, falta à Wicca tal base. Muitas tradições da Bruxaria Tradicional das Ilhas Britânicas têm um sentimento Anglo-Saxão ou Germânico/Nórdico e, por trás disso, uma memória familiar da cultura celta. Tradições escocesas e irlandesas tem a ser (obviamente) estritamente célticas.

BONDADE E LUZ

A Wicca, como uma realidade dos dias modernos, com o seu estilo moderno e seguidores quase sempre urbanos, perdeu muito da sua conexão com a Natureza e com a Terra. Wicca aparece como uma religião de “sinta-se bem” e “bondade e luz”, normalmente venerando a sua Deusa da Natureza como uma figura maternal e muito amável e imaginando o mundo invisível como um lugar de poder positivo e repleto de espíritos prontamente dispostos a nos auxiliar. Esta visão completamente desbalanceada, com a sua fixação em como são “maravilhosos” e “lindos” a Natureza e os outros mundos, NÃO é absolutamente como os nossos ancestrais viam os deuses e o universos e NÃO é como as bruxas tradicionais vêem as coisas.

A Natureza é tanto benévola quanto cruel, dando e tirando. Há uma escuridão inerente à Natureza, assim como no mundo natural, na natureza pessoal dos espíritos e dos deuses e também dos seres humanos. Espíritos destrutivos e danosos são fatos da vida, tanto nos tempos antigos quanto agora, e o fato de que a “deusa” está tão propensa a devorar os seus filhos quanto a gerá-los, é também óbvio.

A Wicca tende a ignorar estas trevas, preferindo a visão de “a bondade e a luz.” Isto faz sentido, psicologicamente, para cidadãos modernos dos centros urbanos que nunca vivenciaram as dificuldades de se viver realmente próximos à Natureza.

“INSTRUMENTOS” DE TRABALHO

É absolutamente adequado para um sistema mágico baseado na Golden Dawn como o que a Wicca sustenta, que os “instrumentos” usados pelos wiccans sejam a Taça, o Pentáculo, a Faca e o Bastão, representando os quatro elementos herméticos. O “círculo mágico” traçado é baseado nos círculos mágicos de conhecidos grimórios de Alta Magia, tais como As Clavículas de Salomão, também extensivamente usado pela Golden Dawn. As “invocações dos quadrantes” são baseadas na magia enochiana de John Dee, também ressuscitadas e usadas pela Golden Dawn.

Bruxas tradicionais tendem a não usar conjuntos formais de instrumentos, apesar de terem certos implementos, dependendo da tradição. O sistema de quatro elementos NÃO é comum, apesar de poder haver traços disso em alguns tradicionalistas influenciados pelo pensamento oriental ou hermético.

Geralmente, os instrumentos usados pelas bruxas tradicionais não lembram os “intrumentos de trabalho” da Wicca. Eles tendem a ser coisas como vassouras, caldeirões, cordas, crânios (humanos ou de animais), martelos, espelhos, pedras, chifres, conchas… algumas tradições também usam facas, mas sem nenhum simbolismo new-age. Algumas tradições também não usam qualquer tipo de instrumentos!

Os círculos não são traçados e usados largamente, pelo menos, não tão largamente quanto na Wicca… O termo tradicional para traçar o círculo é “girar o compasso” e freqüentemente há certos lugares da natureza que são suficientes para o trabalho mágico, sem a necessidade de traçar um “círculo”. Quando círculos precisam ser traçados, eles são feitos através de cerimônias tradicionais, que não guardam quase nenhuma semelhança com os métodos da Wicca.

Os espíritos da Terra são invocados para sustentar o círculo e o fogo ritual é aceso… estes são os “elementos” necessários nos trabalhos mais tradicionais. Algumas vezes os espíritos dos quatro reinos ou “direções” são chamados, mas isso varia de lugar para lugar.

A idéia é a de que a Terra já é sagrada… você não precisa “consagrá-la.” Você apenas a habita.

O TERMO “BRUXA”

Alguns wiccanos sensacionalistas nunca se cansam de chamar a si mesmo de “bruxos(as)”, para o horror do público e o deleite da imprensa. Outros wiccanos acham que “bruxo(a)” é uma palavra pesada e dizem apenas “wiccano.”

Não importa da onde você acredita que a raiz da palavra “bruxa” vem ou o que ela um dia significou, a igreja cristã, entre outras, manchou a palavra e a corrompeu para um termo de perversidade satânica. Muitas bruxas tradicionais não usam a palavra “bruxa”, preferindo chamar a si mesmas como “O Povo” ou então não tem nenhum nome especial com o qual se auto-denominar. Elas às vezes se dizem “da arte”, “Pellars” ou usam algum outro termo, mas “bruxa” era e é uma palavra muito feita, destinada a ser um insulto e em tempos passados uma acusação criminal séria.

Nos dias modernos, alguns tradicionalistas começaram a usar a palavra “bruxa” para auxiliar a comunicação entre eles e o mundo new-age, para “falar a língua dos dias modernos.” Mas se a palavra “bruxa” for usada é por uma escolha pessoal ou de um grupo.

O ALÉM-VIDA

A Wicca acredita firmemente no modelo oriental Hindu/Buddhita de “reencarnação” e de evolução espiritual. Obviamente, este é mais empréstimo teosófico trazido por Gardner ou outros escritores wiccans.

Na Bruxaria Tradicional, há alguma noção de que a alma ou espírito possa entrar em outra fase de existência após a morte e isto geralmente anuncia um retorno ao poder da terra, para viver com os ancestrais e tornar-se um espírito guardião ou talvez anuncie um retorno de fazer parte da dimensão espiritual da Natureza. Deste estado, um renascimento na sua família ou clã pode ser possível, mas é misterioso. Há uma noção bem definida, apesar de naturalista, de uma existência espiritual de todas as coisas, incluindo os seres humanos. O tempo se move em círculos e da mesma forma obviamente faz o poder da natureza e assim a vida e a morte são mistérios confundidos com este fluxo.

Como a natureza é viva, assim como nós, existe a imortalidade. Os espíritos da terra são também os espíritos dos mortos e então a Natureza é venerada em muitos níveis.

Através da aplicação de alguns ritos da Antiga Arte, uma alma pode atingir um nível mais elevado de existência e viver entre a “Companhia Oculta” após a sua morte, mas isto é também um mistério melhor conhecido pelas tradições que ensinam isso.

Fonte: Homepage of the Clann Droen (www.angelfire.com/wv/clanndroen/hallpage.html)

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