sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Resumo de um Ritual de Eleito Cohen



Texto de Christopher McIntosh, traduzido pelo amado irmão Leonardo MP e disponibilizado na página Hermanubis, constando das páginas 21 a 25 da obra "Eliphas Levi e o Reavivamento do Ocultismo francês".

Antes do ritual os participante jejuava durante onze horas. O jejum era um costume estabelecido em rituais mágicos e, segundo Pasqually, ajudava a liberar a alma e lhe permitia se comunicar com o "centro da verdade".

A época em que a cerimônia aconteceria era guiada através de considerações celestiais, já que Pasqually acreditava em um tipo de astrologia idissiocrática. "Os corpos do universo" declarou, "são todos os órgãos vitais da vida eterna."

Peculiarmente influente era a Lua, devido a sua proximidade, e o Sol, porque a vida na Terra era dependente de sua luz. Logo, Pasqually escolheu os equinócios para seus rituais mais importantes, e também considerou a Lua crescente como uma influência propícia. Estas condições animavam os espíritos bons cujo apoio era necessário para os funcionamentos teurgicos. Devia-se evitar, a todo custo, as influências demoníacas e as más inteligências que povoam o domínio astral.


René Le Forestier, em seu La Franco-maçonnerie el au del occultiste 18e siècle et l'Ordre des Elus Coëns, extraiu e resumiu junto a um fascinante quadro os rituais praticados pela Ordem de Pasqually.

O mais simples destes era a "invocação diária", na qual o adepto teria que traçar um círculo no solo, e no centro deste, colocaria uma vela e escreveria a letra W. Então ele se coloria de pé no círculo e sustentava uma luz para ler sua invocação que dizia: "Oh Kadoz, Oh Kadoz, quem permitirá que eu retorne a ser o que era originalmente, uma chispa da criação divina? Quem permitirá que me converta em virtude e eterno poder espiritual...?"

Os rituais mais importantes, porém, tomaram a forma de uma série de invocações que eram desenvolvidas ao longo de três dias consecutivos, que deveriam ser entre a Lua nova e o fim do primeiro trimestre do ano. Os detalhes do ritual, como o traçado no solo dentro do qual o adepto operava, eram mudados periodicamente na medida em que Pasqually revisava constantemente os procedimentos e introduzia novos. Uma característica muito constante, porém, era que o método produzia um aroma temperado e ardido durante a cerimônia. O adepto levava um prato de cerâmica pequeno que continha carvão em brasa, no qual ele espargiria periodicamente uma mistura que continha os seguintes ingredientes: açafrão, incenso, enxofre, sementes de papoula branca e negra, cravos de cheiro, canela branca, mastic (ou miski), sandaraca, noz-moscada e esporos agáricos.

As vestes levadas pelo operador provavelmente também era firme. O blusão, calça e meias eram negras. Em cima destes, ele levava uma túnica branca e larga com bordas vermelhas, e em cima disso uma fita azul era pendurada, uma cinta negra, uma faixa vermelha e uma faixa verde. Como um exemplo do procedimento levado a cabo pelo adepto sobre os três dias, o que se segue é um esboço do método prescrito por Pasqually em 1768. Em todas as manhãs o adepto iniciava seu dia lendo o ofício do Espírito Santo e quando bastava, ele entrava na privacidade de seu quarto aproximadamente às dez horas. Ali, lia alguns salmos e litanias de um devocionário e, tendo feito isso, ele estava pronto para delinear o traço cerimonial no solo com um giz. No lado oriental do quarto, traçava um segmento de um quarto (1/4) aproximadamente com o ponto defronte ao ocidente, e então desenhava uma linha através do segmento que formava um triângulo isósceles com os dois raios. No triângulo era desenhado um pequeno círculo dividido por uma cruz. Então no lado ocidental do quarto desenhava um círculo maior conhecido como "o círculo do refúgio" que estava separado a dois pés do ponto do segmento. Neste círculo ele desenhava as importantes letras LAB e ao longo do ramo ocidental da cruz no círculo pequeno ele colocaria as letras RAP. Isto completava o traçado.

O operador então colocava oito velas no traçado: três nos pontos do triângulo, uma ao lado das letras RAP, duas em cada extremo do arco do segmento, uma ao centro da base do triângulo e uma ao centro do círculo do refúgio. Ele também escrevia outros nomes místicos.

O adepto então estava pronto para a operação que teria que começar precisamente a meia-noite. Quando os dozes toques do sino começavam, ele retirava seus sapatos, removia a vela do círculo do refúgio, acendia ela fora do círculo, disposta a sua direita. Em seguida, inclinava-se no círculo, com seu rosto contra o chão, sua testa descansando em seus dois punhos.

Permanecido durante seis minutos nesta posição, ele se colocava de pé e acendia as velas no segmento. Estas que ele reconstruiu para que a que estava ao lado das letras RAP e a da base do triângulo seria colocado fora e em situação oposta ao centro do arco.

Então ele se ajoelhava no segmento, joelho direito na terra e as mãos no solo para que as pontas dos dedos indicadores fossem formar juntos num ângulo reto. Permanecendo nesta posição, cada um dos nomes inscritos no desenho era repetido e fixava-os na seguinte fórmula que ele recitava três vezes por cada nome: "In quali die… invocavero te, velociter exaudi me." Ele então pedia a Deus que lhe concedesse a graça que ele desejava, "um coração sincero, verdadeiramente arrependido e humilde."

Tomando o prato que continha carvão em brasa, ele atirava diante dele um pouco da mistura aromática e executava uma volta no segmento. Finalmente se sentava com o prato, no círculo de refúgio e então um período de meditação era estabelecido.

Presumia-se que o adepto deixava o círculo somente entre 1:30 e 2:00 da madrugada na primeira noite. Quando terminava, apagava todas as figuras traçadas no chão e repetia as invocações e sinais que havia efetuado, os quais representavam os anjos bons e degredando as fórmulas para as representações do mal. Quando todos os traços fossem apagados, retirava-se para seu leito. O exílio dos espíritos maus e a invocação dos bons era uma parte importante dos rituais de Pasqually. Outra cerimônia, chamada de "o Trabalho do Equinócio", incluía o seguinte discurso aos anjos maus:

"Eu conjuro-te, Satanás, Beelzebub, Baran, Leviatã: todos vós, terríveis seres, seres de iniqüidade, confusão e abominação, escutem minha voz e tremam ao meu mando; vós todos, os grandes e poderosos demônios das quatro regiões universais e todas as regiões demoníacas, espíritos sutis de confusão, horror e perseguição, escutem minha voz e tremam quando esta soar entre vós e durante suas operações malditas; eu vos ordeno através daquele que profere morte eterna a vós todos."

Há então, em seguida, uma pronunciação a cada um dos quatro demônios principais mencionados, começando com Satanás.

"Em ti, Satanás, eu imponho excomunhão, ato-te e delimito-te a tua espantosa região em nome do Altíssimo, Deus, o Vingador Eterno e Recompensador..."

Em seguida, uma invocação aos anjos bons era realizada. Tudo isto ocorria dentro de um esquema similar ao que já era utilizado para a cerimônia descrita. Nenhum destes rituais, no entanto, tinha o principal objetivo de chamar espíritos particulares e especiais. O objetivo principal era de uma ordem maior, a saber, a comunicação com o que Pasqually chamou de "A Causa Ativa e Inteligente". "Por isso", diz A. E. Waite, "a escola de Martinez de Pasqually põe-se totalmente fora dos limites estreitos e motivos sórdidos da magia cerimonial."

A aptidão nestas cerimônias não era o único elemento exigido do Eleito Cohen. Também era exigido seguir certas normas de conduta. Por exemplo, sempre era proibido consumir sangue, rins ou gordura de qualquer animal ou comer a carne de pombos domésticos.

Não era permitido, exceto com moderação, agradar os sentidos e deveria evitar a fornicação.

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...