quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Os mestres da escola de Nápoles – I – DOMENICO BOCCHINI

 

   Nasceu em 1775 em Avigliano (Potenza), no Reino de Nápoles. Em 1806 alistou-se no 1º regimento de fuzileiros de infantaria de linha de Nápoles sob o Rei Giuseppe Bonaparte. Em 1807 entrou na Maçonaria Escocesa em Nápoles. Na Calábria se distingue contra os ingleses e os salteadores filoborbônicos. Então, sob a autoridade do coronel francês Duma (pai do homônimo famoso escritor) participa da captura do salteador borbônico Fra Diavolo.

            De simples soldado em 1806, foi promovido a 1º Sargento da infantaria no ano seguinte, e a seguir Alferes (Sub-Tenente) pela captura de Fra Diavolo. Se distingue ainda contra os ingleses em Capri no ano de 1808, e particularmente em Espanha, sempre contra os ingleses, e ainda contra os insurgentes borbônicos espanhóis, sempre seguindo o Rei Giuseppe Bonaparte (1808/1809), recebendo o grau de 1º Tenente ajudante de campo da infantaria ligeira.

            No ano de 1809 avança para o 3º grau Maçônico.

            Estacionado em Bolonha com seu regimento napolitano na Brigada de infantaria, comandada pelo General Francesco Pignatelli, Príncipe de Strongoli, no 8º regimento de infantaria do coronel Guglielmo Pepe, combate com heroísmo em 6 de março de 1814 sob o comando do general napolitano Carascosa na ponte de San Maurizio, sobre o rio Romano, perto de Reggio Emilia, recebendo naquele mesmo dia e local a promoção para Capitão do 8º Regimento de infantaria ligeira de Nápoles. Ainda combaterá com as tropas muratianas de Nápoles na passagem de Taro ao Borgo  San Donnino em 13 de abril de 1814, recebendo a qualificação de Capitão ajudante maior do Coronel Guglielmo Pepe e a Cruz de Cavaleiro da Ordem Cavaleiresca Muratiana Napolitana das duas Sicílias.

            Retornando para casa recebe a nomeação de Juiz de Paz de sua comuna natal de Avigliano (Potenza) em 28 de julho de 1814.

            Na Maçonaria Escocesa recebe o 4º grau em 1811 e o 9º grau em 1813, recebendo na Loja Maçônica de Avigliano o 18º grau Rosacruz na Maçonaria Escocesa regular de Nápoles (o Grande Mestre nacional era o próprio Rei G. Murat de Nápoles, desde 1814).

            A guerra o convocou ao serviço militar para o Rei G. Murat em 17 de março de 1815, e em 30 de março está em Rimini com Murat e Pepe. Combate contra os austríacos em Spilimberto, em Panaro em 4 de abril e a Occhiobello sobre o Pó em 7 de abril, e pouco após em Capri e depois em Forlimpopoli em 20 de abril de 1815, bem enaltecido pelo Marechal de Campo (General de Divisão) Guglielmo Pepe. Participou dos combates contra os austríacos em Monte Milone em 2 de maio, em Tolentino em 3 de maio e em Macerata no dia seguinte. Sua divisão se retira para Abruzzo e se rende aos austríacos em 28 de maio de 1815. Em virtude do tratado de armistício com os austríacos, Domenico Bocchini retorna livre para Salerno, onde se aloja no comando da guarnição aguardando o desenrolar dos eventos.

            Em 17 de junho de 1815 o novo Ministro de Graça e Justiça, Marquês de Tommasi, acolhe a demanda de licenciamento do Exército napolitano para retomar sua função de Juiz de Paz em sua nativa Avigliano, sob o Reio Ferdinando Iº de Bourbon, Rei das duas Sicílias.

    Em Nápoles entra na Maçonaria Egípcia de Cagliostro, dirigida desde 1813 pelo francês Marco Bédarride, e desde 1814 pelo Barão napolitano Di Montemayon, Marechal de Campo primeiro de Murat e depois do Rei Ferdinando Iº

 de Bourbon, na Loja Egípcia cagliostriana “La Vigilanza” de Nápoli, dirigida pelo Venerável Conde Pietro Colletta di Napoli, já Brigadeiro General do gênio militar do Rei Murat, e após do Rei Ferdinando Iº de Bourbon, em 6 de novembro de 1815.

            Além disso, em 22 de julho de 1816 se inscreve [1] na Venda Carbonária de Castelluccia na província de Potenza. Promovido a juiz real de Cincondario (Prefeito real) em Venosa, na Puglia [2], em 25 de abril de 1817 entra na Venda Carbonária (no 3 º grau dos “Decisi”) em Otranto. Face às crescentes dificuldades encontradas na Puglia, começa a participar da Loja Maçônica Egípcia e Carbonária de Avellino, em 17 de janeiro de 1818, dirigida pelo Venerável Daezolla, famoso poeta e literato de origem calabresa, chegando ao 30º grau Maçônico Escocês, ao 3º Egípcio de Cagliostro, ao 4º Carbonário (1818). Neste último, conheceu o Carbonário Abade Minichini di Nola, o qual no início de 1819 o apresenta a Domenico Confalonieri, carbonário de Milão em visita a Nápoles em 2 de janeiro de 1819.

            É transferido como Juiz Régio de Venosa a Miano na província de Salerno por solicitação do general Guglielmo Pepe, Governador militar real da província de Salerno e chefe da Venda Carbonária de Potenza em 20 de outubro de 1820. Em 26 de feveReiro se inscreve na Loja Maçônica de Salerno (e Venda Carbonária) dirigida pelo General Mille.

            Com a queda do regime constitucional parlamentar de Nápoles, é destituído do cargo de Juiz do Distrito real de Miano em 24 de maio de 1821, com ordem de transferir-se para Salerno e colocar-se à disposição[3]. Poucos dias após é dispensado de todos os serviços pelos Bourbons de Nápoles, por suas simpatias Maçônicas, Carbonárias e Murattianas.

            Desiludido, embarca em Nápoles em um navio mercante francês e desembarca na França em Marselha. De lá chega a Paris, onde trabalha como auxiliar de bibliotecário com Charles Nodier, aderindo juntamente com ele ao sistema Maçônico Egípcio de Misraim de Bédarride, em 1823, recebendo dois anos depois o grau 87 de Misraim.

            Retorna livremente para Nápoles por anistia de Ferdinando de Bourbon Rei das duas Sicílias em 12 de janeiro de 1831. Em junho de 1831 [4] recebeu a função de Juiz Real do Distrito de Torre del Greco.

            Domenico Bocchini não cessou de frequentar maçons e carbonários, inscrevendo-se na Loja egípcia de Misraim em Nápoles: “Loggia la Folgore”, que estava sediada no Palazzo Berio na via Toledo (desde 1828), com o grau 89º Egípcio Maçônico de Misraim. Contemporaneamente começou a frequentar em Portici seu novo amigo, o ocultista local e alquimista Pasquale De Servis (1818-1993), IZAR, que se dizia filho natural do falecido Rei Francisco Iº de Bourbon de Nápoles, e que se proclamava discípulo da escola napolitana oculta de Raimondo de Sangro di San Severo, morto em 1790, e de seus primos D‘Aquino di Caramanico, Luigo morto em 1783, e Francesco, morto em 1795.

            O Rei Ferdinando II de Nápoles o premiou com a pensão militar pelo serviço sob o Reinado de G. Murat e com a Cruz de Cavaleiro de São Jorge e do Mérito pelo valor heróico demonstrado naqueles distantes anos durante o serviço militar. Era 12 de novembro de 1832. No ano seguinte, em setembro, recebeu a nominação de Cavaleiro da Ordem Civil de São Francisco de Bourbon do Rei de Nápoles, indo para a aposentadoria de seu serviço como Magistrado.

            Em 1835 [5] encontra em Nápoles o general Oudinot em visita ao Rei de Nápoles e lhe confia uma letra amigável para o poeta e amigo francês Victor Hugo.

            Em 1836[6] se encontra dentre os dirigentes da Loja Maçônica “I Figli del Vesuvio” de Torre Annunziata, fundada em 1808, e despertada em 1828.

            Morre em Torre del Greco, em sua fazenda, em 1840.

            Sua sobrinha Virginia Bocchini esposará o ocultista e rosacruciano Giustiano Lebano (1832-1910) anos depois, em Nápoles[7].

           

 

[1] Em 7 de maio de 1816 se inicia na “La Sapienza”.

[2] Sua presença na Puglia é testemunhada por ele mesmo em “Daunia Ferdinandea”.

[3] Em Salerno, em 13 de junho de 1822, termina a “La Sapienza”.

[4] Em 31 de junho de 1831 escreve O Céu Úrbico, completando-o em 29 de agosto.

[5] Em 1834 publica o programa dos Arcani Gentileschi svelati, e em 29 de agosto inicia a publicação de Geronta sebezio. Último número em abril de 1837.

[6] Em 1838 traduz a Bíblia.

[7] No número XXIV 8-10-1836 de Geronta Sebezio, Bocchini dedica a esta sua sobrinha um Madrigal. Ela tinha 6 anos em 1836, enquanto Lebano tinha 4. 

A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO MÁGICA


Todos os homens carregam em suas almas uma marca ou princípio do sagrado. Os rituais da Irmandade Hermética, usando "símbolos inefáveis", como os nomes misteriosos usados ​​nas invocações, ativam o elemento divino em nós e, através da correspondência com o planeta presente na astralidade, permitem que o irmão orante assuma um papel preciso.


Jâmblico, citado por Manlio Magnani em um de seus famosos escritos sobre "Mantras ou nomes mágicos", no final do livro Vº de De Mysteriis, descreve uma teoria bastante sintética com distinções técnicas sobre a oração cujo trabalho consiste em estabelecer uma relação de amizade com o mundo celestial, desempenhando uma função anagógica, que conduz à perfeição e completude, mas sobretudo preservando a ligação da alma com o mundo divino na medida em que foi originalmente concedida.


No entanto, é importante lembrar que, embora a oração tenha sido profundamente influenciada pela tradição teúrgica, o conceito de oração permanece o que sempre foi desde suas origens. A oração mágica é semelhante à dos papiros mágicos, que envolvem o uso de nomes mágicos, palavras sagradas e, acima de tudo, sequências de vogais para serem pronunciadas corretamente.


A oração é normalmente recitada durante o rito, às vezes até no final dele, mas em todo caso nenhum rito pode ser bem sucedido sem a recitação da oração prevista no próprio ritual hermético.


Dado o seu papel, a contribuição da oração mágica é tudo menos medíocre: as orações contribuem para o cumprimento máximo dos ritos; é por eles que os pedidos são fortalecidos e efetivados, que se contribui para a cadeia mágica entra em comunhão hierática indissolúvel com o mundo divino.


O iniciado na escola distingue três momentos de oração:


1) a primeira é preparatória e caracteriza-se por imprimir uma aproximação e realização da realidade divina; é o momento de iluminação da mente.


2) A segunda, por sua vez, é subjuntiva, e caracteriza-se por regular uma comunhão intelectual entre o homem e a realidade oculta; é o momento de ação conjunta com o mundo divino; a concessão dos benefícios, principalmente os terapêuticos, solicitados durante o rito ocorre antes mesmo que a razão pense e antes mesmo que o intelecto se dê conta disso, afirmação importantíssima que reafirma a inteligência superior do rito e a assimilação com o mundo divino.


3) Finalmente, no terceiro momento ocorre a unificação inefável com a entidade invocada na oração, caracterizada por um abandono total à autoridade divina, que fornece em símbolos sagrados um descanso para nossa alma; este é o momento de conjunção perfeita com o gênio invocado no rito de iniciação.


Tudo indica que as orações mágicas são um apelo a entidades específicas que acompanham rituais específicos e servem para auxiliar a invocação e interiorização da entidade chamada. O apelo mágico tem por finalidade introduzir um trabalho iniciático no qual se inicia uma etapa de elevação e um processo universal vivenciado em privado, individualmente ou em cadeia com a corrente mágica.


Uma prática habitual e recorrente como a que se pratica na Fraternidade Hermética alimenta nosso intelecto, amplia enormemente a receptividade da alma à realidade divina, revela aos irmãos o segredo da prática mágica, nos acostuma à luz da vela e aos segredos que o seu bruxuleio esconde e conduz a uma iminente perfeição do nosso brilhantismo ativo na corrente, até atingirmos o cume das nossas capacidades; eleva silenciosamente as nossas disposições espirituais, suscita a persuasão, a comunhão e uma fraternidade indissolúvel; aumenta o amor, afirma o elemento superior da alma, expulsa as contradições presentes no corpo lunar do irmão e favorece a sua purificação, retira da aura mercurial tudo o que a rodeia e que pertence à geração, aperfeiçoa a fé na luz e , em suma, torna os irmãos unidos e solidários para o propósito supremo da Scuola pro salute populi.


A oração é estritamente revelada para o propósito inerente a ela, mas afeta toda a estrutura dos quatro corpos do homem, colocando ordem e harmonia no corpo mercurial e purificando-o dos elementos relacionados ao elemento saturniano.


Os ritos mágico\teúrgicos estão para além de qualquer explicação racional, e entre as motivações da prática está sobretudo a assimilação de uma intimidade do nosso ser com o mundo secreto e seguindo o trabalho individual o fortalecimento da cadeia hermética com a participação ao antigo ideal egípcio, longe do domínio da matéria. Além disso, não é apenas a vontade individual, mas a vontade coletiva dos iniciados que ilumina os irmãos em cadeia e os une na realização da suprema finalidade.


A oração, conforme descrita por nossos Mestres, é uma forma de comunicação do homem com a parte já purificada de sua individualidade, uma linguagem sagrada por meio da qual o espírito humano pode elevar-se ao divino e finalmente unir-se a ele. Nesta perspectiva, a oração é apresentada como uma forma de mediação entre a alma humana e o mundo dos éons e os gênios do hermetismo mágico.


Nos tempos antigos as orações ainda estavam sujeitas à intermediação (entre o homem e os deuses) pela vontade dos demônios, que recebiam os pedidos dos homens e os atendiam (ou não). Sobretudo no mundo egípcio e nos papiros mágicos existe um riquíssimo repertório de nomes e símbolos sagrados que mais tarde foram utilizados por mediação dos mestres itálicos para fins mágico-terapêuticos.


Os "nomes desconhecidos" usados ​​em nossos rituais envolvem um processo pelo qual o gênio pessoal do discípulo se comunica e se assimila com o gênio mágico representado no símbolo hermético. Sujeito e objeto em certo sentido são assimilados.


No entanto, o divino mantém sua transcendência e sua superioridade causal: na metafísica hermética, os gênios são simultaneamente transcendentes e imanentes.


A ascensão ao mundo divino é a possibilidade do homem de participar do poder e da atividade divina através da assimilação e semelhança ao mais alto nível através do uso efetivo dos ritos dos símbolos e dos "nomes ocultos" contidos nas diversas formas rituais com as quais a Escola Hermética é dotada.


A Experiência Iniciática


Aqueles entre nós que há muito tempo seguem uma via iniciática de total e completa realização espiritual se deparam com uma série de problemas e de considerações que eu tentarei descrever e comentar neste breve texto.


Superada a fase inicial sobre a qual não é o caso que eu me detenha porque se deduz que tenham sido suficientes os conselhos, as instruções e sobretudo os avisos dos mestres que se alternaram recentemente e que, pródigos de palavras e de textos, fizeram de tudo para nos mostrar o caminho certo da realização espiritual, passo agora a tratar os problemas reais, aqueles práticos da vida cotidiana, aqueles que cada um de nós teve que enfrentar quando se viu sozinho, com a própria consciência e com as próprias forças, em presença do mistério filosófico.


Começando pelo controle do pensamento, pensamento habituado a correr livremente na mente, na tentativa de atingir a nossa aspiração profunda de uma Vida divina, para concluir depois com justificações que o pensamento produz fazendo de tudo para demolir aquela certeza absoluta que tínhamos produzido no início do caminho iniciado na onda do entusiasmo e da novidade.


Nesta fase nós esquecemos que o homem para viver a sua experiência iniciática não necessita de nenhuma justificação racional porque desde o início ele possui uma certeza: aquela que o pensamento lhe transmitiu com base na intuição.


Somente quando a experiência do sagrado se realizou o homem percebe a necessidade de reelaborá-la de maneira racional: e é neste momento que ele procura teorias inefáveis que justifiquem afetivamente a experiência interior que está vivendo. Não obstante todo o aflato em direção da sacralidade permanece no profundo da sua consciência como ato único que encontrará em si mesmo a legitimidade racional.


Quem deseja tocar o vértice da experiência mistérica não deve se deixar levar pelos “casos da vida”, pelas “emoções familiares” e pelos tantos sentimentos que agitam ou alegram as nossas relações humanas e sociais, mas deve permanecer vigilante e atento aos impulsos do nosso próprio ser que, no bem e no mal, normalmente não erra as diretrizes sobretudo quando se encontra no centro de um processo catártico que precede e acompanha a experiência em curso.


Neste “espaço de tempo” o homem renuncia à própria individualidade corpórea e se deixa transportar pelo ser incógnito em direção do centro da sua existência, o centro do ser diante do qual às vezes ele se considerou inadequado e impreparado quando é justamente de lá, deste “sendo” ou deste “ser que é” que é liberada a energia necessária para a sua verdadeira iniciação. De fato é errado pensar que o êxtase “filosófico” aconteça por um favor divino, o êxtase é o ponto final de um processo que teve início com a ajuda das nossas forças espirituais, ativas e operativas durante a nossa vida corpórea a qual juntamente com a Alma, propicia e acompanha todos os nossos desenvolvimentos vitais, daqueles inferiores exprimidos pela esfera terrestre àqueles inerentes ao nosso destino superior.


Portanto é errado pensar que se chegue ao completamento da nossa realização espiritual somente após a morte. Aquilo que acontece após a morte deve ser preparado por nós e deve ser vivido em vida, caso contrário no além nos espera um destino de sombras cegas e surdas para qualquer apelo.


Podemos falar de “imortalidade da alma” só se tivermos o total conhecimento e a absoluta certeza daquilo que nos espera no “aqui” e no “após”, portanto dividir em dois a eternidade iminente sobre nós é o mais trágico erro que podemos fazer, não só do ponto de vista intelectual, mas sobretudo daquele iniciático, demonstrando assim não ter compreendido nada da verdadeira finalidade da experiência iniciática sobre a qual estou falando.


A experiência humana é necessária porque é com os pés no chão que nos será possível “conhecer”, em primeiro lugar o “demon” que temos como destino e então a Alma que sustenta a nossa vida e tamabém aquela parte divina de nós que participará da inefável ascenção após a restituição do nosso escafandro físico à mãe terra.


Nós estamos lidando com um ente mortal (o nosso corpo físico) que aspira unicamente às paixões (quando vive) e à dissolução quando se aproxima o final e que, quando está “vivo” será possível dominar e sobretudo “usar” com os únicos instrumentos à nossa disposição; aqueles que a nossa “inteligência” e sobretudo a nossa “alma” nos colocam à disposição: nós é que devemos “vê-los” com o olho de “júpiter” e usá-los com as asas de “hermes”.


É melhor a este ponto, antes de prosseguir, esclarecer as coisas sobre o significado da palavra morte já que nem sempre foi usada, como hoje em dia, para designar o fim de uma existência humana. Se não tivéssemos condições de entender e de aprofundar o problema da morte seria melhor renunciar a prosseguir no exame da <experiência iniciática>. Como veremos a morte humana está intimamente relacionada com a morte iniciática já que “a morte iniciática consiste - segundo Arturo Reghini – em colocar a própria consciência, estando vivos e presentes a nós mesmos, na condição na qual deve encontrar-se a consciência do morto. Se trata de experimentar, vivendo em plena consciência, a morte.”


Nós sabemos que o êxtase, como pensava Giordano Bruno, não acontece por nenhuma intervenção divina especial, mas por mérito das próprias forças espirituais, naturalmente imanentes na alma; acontece ainda que se pode chegar ao Absoluto inefável nesta vida terrena e que a união estática não é privilégio de um além.


De fato o aspirante iniciado não se preocupa tanto com uma vida espiritual perfeita que se realiza após a morte, quanto ao contrário com a própria vida terrena, porque a corporeidade que acompanha a alma não diminui absolutamente a sua potência espiritual nem atrasa a realização do seu destino superior.


Portanto se ao êxtase se chega sem nenhum milagre divino, mas por mérito somente das forças espirituais da Alma, consequentemente se poderá alcançar ainda no decorrer desta vida terrena, isto é durante o percurso daquela experiência especial que chamamos “iniciação”, já que no mundo clássico a própria palavra “iniciação” era seguida por aquela dos “mistérios”. Portanto a experiência iniciática não é outra coisa senão uma experiência mistérica, que se desenvolve e se realiza durante a vida e não na espera vã de um além obscuro e problemático.


Para concluir, Platão e os neoplatônicos insistem em dizer que se alcança a imortalidade da alma através de uma pureza imaterial, sobretudo porque a imortalidade é uma conquista definitiva da alma, é a confirmação que o processo palingenético se realizou na viagem só de retorno e que a morte não é somente a interrupção de UM destino mas é o sinal da interrupção de NUMEROSAS vidas e de vários mortos que precisamente se celebram e se exaltam naquele cruel mecanismo da reencarnação e que com a experiência iniciática e a conquistada imortalidade deve cessar de existir.


Manlio Magnani concludeva il suo bellissimo scritto sulla “Morte” con queste parole che facciamo nostre: “Precisamente nel fine visibile delle forme e delle vite singole, degli aggregati, delle cose composte e delle cose semplici, in una parola in ciò che gli uomini chiamano morte è il segno visibile tangibile di un limite insorpassabile da parte del caos. La cosiddetta morte in quanto dissolve una esistenza, di qualunque ordine essa sia, ha valore e significato di negazione e di opposizione alla fissità o alla stabilità del divenire fenomenale, del processo della molteplicità, dell’impulso del caos: quindi è come espressione di un tendere verso il ritorno allo stato anteriore al caos e al verbo stesso, cioè a quell’unicità in molte tradizioni indicata con la parola padre. Ecco perché la morte fu detta "mistero cosmogonico del padre”.


Manlio Magnani concluía o seu belíssimo texto sobre a “Morte” com estas palavras que fazemos nossas: “Precisamente no fim visível das formas e das singulares vidas, dos agregados, das coisas compostas e das coisas simples, em uma palavra naquilo que os homens chamam de morte está o sinal visível tangível de um limite intransponível por parte do caos. A assim dita morte que dissolve uma existência, de qualquer ordem esta seja, tem valor e significado de negação e de oposição à fixidade ou à estabilidade do futuro fenomenal, do processo da multiplicidade, do impulso do caos: então é como expressão de um tender em direção do retorno ao estado anterior ao caos e ao próprio verbo, isto é àquela unicidade indicada em muitas tradições com a palavra pai. Eis porque a morte foi chamada “mistério cosmogônico do pai”.


Influências sapienciais egípcias sobre textos sacros hebraicos


Nas breves páginas que se seguem pretende-se simplesmente colocar em evidência alguns pontos de contato entre a cultura egípcia e a hebraica, indicando uma precisa influência da primeira sobre a segunda a partir de algumas fontes literárias. Nos limitaremos a alguns exemplos dentre tantos, reservando-nos o direito de desenvolver, em forma mais ampla e completa, o interessante argumento em um estudo sucessivo.

O contato histórico entre o Egito e as populações semíticas da área sírio-palestina remonta ao III milênio a.C., época na qual se atesta a presença na área fenícia de Byblos, de um templo egípcio. Durante o Antigo Império (2780-2280 a.C.) sucederam-se infiltrações pacíficas de grupos de nômades, alguns dos quais são representados em ato de grande sofrimento na famosa “Stele dela Carestia” proveniente da “Via Sacra” do rei Unis da V dinastia, em Sakkara.

Durante o Médio Império (2134-1778 a.C.) são assinaladas, em aumento progressivo, as infiltrações no Egito de patriarcas hebreus, conforme atestado por uma tumba de Beni Hasan do reino de Amenemhatt II (1900 a.C.) que represente trinta e sete nômades semitas denominados genericamente “Hekau-Khasut”, ou “Chefes de regiões estrangeiras”, definição que dará origem ao nome “Hyksos”.

O grupo foi conduzido por um chefe cujo nome hebraico é Abisaí (que aparece também em I Samuel, 26, 6.)

Algumas estelas egípcias na Palestina, como aquela da época de Seti I e de Ramsés II se referem aos “Ap(i)ru do Monte Yarumtu. O nome desse grupo é relacionado seja ao ugarítico como ao “Hab-pirw” acádico para definir os “Habiru”, isto é, os nômades que acompanharam o colapso da autoridade egípcia na área sírio-palestina e que sucessivamente, na forma “Aibrim”, deram origem ao termo “Hebreu”.

À XIX dinastia (1320-100 a.C.) se atribui o período do Êxodo e a única menção ao nome “Israel” nos textos hieroglíficos aparece na estela de Merenptah (1212-1202 a.C.) atualmente no museu do Cairo. Dentre os hinos de vitória, lê-se:

“Ascalon foi tomada, Gezer capturada

Ianoam não existe mais

Israel jaz prostrada e sem sementes”...

O texto foi precedido de uma linha:

“Jazem prostrados os príncipes, e dizem ‘Shalom’ !”


 


¹ Publicado em Politica Romana 3/1996, pp. 151-154. Associazione di Studi Tradizionali “SENATUS”, Roma, Itália.



Os grupos de Hebreus que permaneceram no Egito no curso das várias infiltrações ou durante as invasões dos “Hyksos” deram origem a uma classe particular de trabalhadores denominados precisamente “Habiru” (“Habiru” = “Hebreu”).

Contudo diversas exceções mostram a presença contemporânea dos semitas em várias classes sociais elevadas. Assim, um dos filhos de Ramsés II tomou como mulher a filha de um capitão de navio cujo nome, Ben-Anath, é de clara origem hebraica. É a esta classe, socialmente mais elevada, que são atribuídos os contatos com a cultura egípcia, expressos sobretudo nos “Insegnamenti” denominados “Sboyet”, gênero literário particular que obrigava os estudantes não somente ao aprendizado da língua hieroglífica, mas também a assimilar normas comportamentais e de alto valor ético e religioso. Algo assemelhado àquilo que ainda hoje ocorre em vilarejos árabes com o ensinamento da língua utilizando excertos do Alcorão. Os “Insegnamenti” são atribuídos a diversos “Sábios” egípcios, como Imhotep da III dinastia, período ao qual remonta também o Corpus das “Istruzioni per Kagemni”, personagem cujo pai foi vizir. Seguidos por aqueles de Herdedef da IV dinastia e de Ptahotep da V.


Durante o “Primeiro Período Intermediário” o rei Kati (ou Kheti) III da X dinastia compilou um texto para seu filho Merikara. No Novo Império duas importantes obras vieram à luz: a de Ani e aquela de Amenemope . Desta última diversos estudiosos seguem o rastro até 1300 a.C.. Esta é a opinião de Ronald J. Wiliams que confirma igualmente a absoluta originalidade do texto.

Amenemope, por si só, fornece uma adequada quantidade de material comparativo entre as fontes originais egípcias e textos bíblicos.

Assim lemos em Amenemope (9/14-19; 10/4 ss.):


 


“Não te esforces para se tornar rico...

Se as riquezas a ti chegarem pelo furto

Não passarão a noite contigo.

Na aurora não estarão mais em tua casa.

O lugar onde estavam lá está, mas ali não mais estarão.

Elas tem asas como os gansos

E voaram para o céu... “.


 


Texto que, na redação bíblica (Livro dos Provérbios 23, 4-5), lê-se:

« Não te fatigues por adquirir a riqueza

não apliques nisso a tua inteligência.

Nela pousam teus olhos, e ela não existe mais,

pois certamente fará asas para si,

como águia, que voa para o céu ».


Fazendo referência às “Istruzioni”, Amenemope (3/9-16) assim insiste sobre o valor dos ensinamentos:

“Incline tua orelha e escute o que é dito,

Coloque sua mente para interpretar.

É proveitoso fixa-los em tua mente

Ao passo que é danoso o ignorar...

Devem ser como ponto de apoio para tua língua”.


Os Provérbios (22, 17ss.) refletem a mesma idéia:

“Incline teu ouvido, ouve as palavras dos Sábios,

e aplica teu coração ao meu conhecimento,

pois terás prazer em guardá-las dentro de ti,

e estarão todas firmes em teus lábios.».


A obra de Amenemope é constituída por trinta capítulos numerados que são concluídos da seguinte forma (Amen. 27/7-10):

“Considera estes trinta capítulos,

Eles alegram, eles instruem,

Formam a essência de todos os textos

E instruem o ignorante”.


Nos Provérbios (22,20) diz-se:


“Não te escrevi trinta capítulos,

Sobre conselhos e conhecimento...”


E ainda Amenemope (19/11-13):

“Não passe a noite com temor do dia seguinte,

Quando o dia se põe, o que será o amanhã?

O homem é ignorante sobre o amanhã”...

Os Provérbios (27, 1) assim se exprimem:

“Não te felicites pelo dia de amanhã,

pois não sabes o que o hoje gerará ».

Uma clara influência sobre o carpe diem pré-horaciano no Eclesiastes (2, 24 ss., 3,12 ss., 22; etc) pode ser identificada na literatura egípcia e, em particular, nas “Canzoni dell’Arpista”, uma das quais (10-2, 15 ss.) diz:


“Festeja o dia em sua plenitude!

Ponha incenso de acanto e fino óleo

Guirlandas de lótus e outras flores sobre o peito.

A mulher que você ama.

É ela que se senta ao seu lado...

Cuidado com a embriaguez todo dia...”

O mesmo “Cântico dos cânticos” mostra, em alguns pontos, a influência egípcia. Mas o exame deste ponto constitui a inspiração para algum outro breve estudo.


Opus Magicum: As Cadeias


A finalidade das cadeias mágicas é a de formar uma força fluídica coletiva, potencialmente maior do que aquela de que poderia dispor cada um dos componentes operando isoladamente, e assim poder ser utilizada por cada indivíduo participante.


Uma cadeia se forma pela “sintonia” dos elementos componentes, quando existe a identidade ou a correspondência, conforme a lei dos números, da atitude interior ou do rito praticado por mais pessoas, seja operando conjuntamente em recolhimento, seja operando em locais diferentes, ainda que uma não saiba da outra, contanto que sejam rigorosamente observadas as normas dos tempos e dos ritos. Uma cadeia pode ser formada intencionalmente e cerimonialmente quando uma ou mais pessoas estabeleçam sua finalidade e determinem adequadamente o rito conforme as normas tradicionas. É também possível a formação espontânea de uma cadeia, assim como é possível que uma pessoa pertença de fato a ela e não o saiba . Neste caso, a condição é uma correspondência de vibrações sutis, que por si só basta para estabelecer o estado de relação e que prescinde de distâncias espaço-temporais.


A força coletiva da cadeia constitui um ente verdadeiro e próprio a serviço de quem a formou; é uma coagulação de luz astral, que pode projetar-se em uma “figura” psíquica, e que está estreitamente ligada aos símbolos e às fórmulas que em uma certa comunidade a escola ou tradição iniciática serviu para “fixar”. Para tanto, pode acontecer que o simples traçado de alguns signos tradicionais, ou a simples pronúncia de nomes ou de invocações em circunstâncias aptas, ainda que por parte de um profano, possam provocar fenômenos de iluminação, de aparições ou de realizações aparentemente inexplicáveis.



¹ NOTA da Fraternidade Hermética - SPHCI: o texto que a seguir se oferece aos estudiosos sinceros e de mente aberta, foi originariamente publicado nos cadernos de UR. Os cadernos, publicados entre 1927 e 1928 na Itália, continham textos à época raros (alguns ainda hoje o sendo) e análises profundas – mesmo que sintéticas – de grandes temas tradicionais. A “Corrente de UR” tinha uma finalidade operativa específica, DIVERSA da finalidade prescrita pela Fraternidade Hermética. Contudo, a leitura dos textos de UR oferece, àqueles que tiverem ouvidos para ouvir, elementos teóricos e operativos de natureza incomum.


Pode também ocorrer o caso de uma pessoa que opere com outra que forme parte de uma cadeia, ou também siga seus ritos, sem contudo participar ela mesma, apesar de diferentes circunstâncias poderem fazer-lhe crer o contrário. A razão de tais “isolamentos” está quase sempre determinada por uma vontade superior e inviolável que determina o estado de fato conforme o estado de direito – ou dignidade – oferecendo contudo o meio para uma ulterior elevação.



Em uma cadeia mágica estabelecida conscientemente e operante, a força fluídica é o MERCÚRIO em relação ao SOL de um Dirigente. Entre os componentes, a ordem hierárquica é a natural do plano espiritual: aquele que é mais digno se encontra na cúspide; aquele que é apenas o mais forte, abaixo. A “dignidade”pode ser natural na pessoa, ou adquirida, ou conferida por meio de consagração ou de investidura.


O reconhecimento hierárquico é um ato de consciência em cada pessoa, que determina as relações de valor espiritual, independentemente do que se encontra na base do juízo comum dos homens: aquele que é capaz disto reconhece imediatamente aquele que lhe resulta superior e a ele se submete, ou então se reconhece superior aos outros e sobre estes tem autoridade. Ainda que elementos de avaliação contaminados por considerações de ordem inferior impeçam o auto-conhecimento mencionado, a ordem hierárquica é formalmente estabelecida pelo SUMO.


O Dirigente pode transmitir a própria dignidade e os próprios poderes com ela; pode também perdê-la ou mudar de grau quando outro aparecer, ou outro que pertença à cadeia se converta em maior do que ele. E então, o Dirigente de uma cadeia e todos seus membros estão efetivamente em relação com a hierarquia espiritual suprema.


O ente de uma cadeia que continua por gerações, através dos membros de uma comunidade ou de uma escola iniciática, assume em si uma tradição, cuja luz e potência não se dissolvem por uma eventual interrupção na trasmissão sobre o plano físico, entrando em um estado virtual, podendo ser retomada em qualquer momento e em qualquer lugar por quem, com reta intenção, volte a operar conforme os ritos, usando os signos e símbolos de tal tradição.


Quando algumas pessoas operam juntas, a cadeia é formada da seguinte forma: se estão em três pessoas, que se disponham em triângulo, com o vértice voltado para o oriente. Que aqui se coloque o maior dentre elas, e que todas olhem para o levante.


Se forem mais pessoas, que formem um círculo, cujo centro seja ocupado pelo maior, ou, se em número suficiente, por aquelas e por outras duas, pré-selecionadas ou designadas, que se disporão como dito precedentemente.


O número total de participantes deve ser invariavelmente ímpar; por outro lado, o círculo que encerra os principais operadores estará composto por um número par.


Diversas são as maneiras de formar um círculo, que são particularmente aplicadas de acordo com a finalidade e o modo de cada uma das operações, e que em cada uma delas é especificamente aplicado. Menciono algumas:


Se há elementos femininos, que sejam perfeitamente alternados com os masculinos.


Os components da cadeia:


- que se unam pelas mãos;

- ou que cada um permaneça livre, evitando todo o contato com o vizinho, olhando todos para o interior do círculo, ou todos para o exterior, ou, alternados, um para o interior e outro para o exterior;

- permaneçam imóveis durante toda a duração da operação;

- ou se movam girando, com movimento idêntico ao dos ponteiros de um relógio, ou com movimento contrario aos mesmos;

- variando em velocidade, ou detendo-se, ou retomando de acordo com o indicado pelo operador.


O duplo círculo é formado de maneira análoga. Além do que já se disse:


- o círculo externo pode ser formado por elementos masculinos, o interno por elementos femininos, ou vice-versa;

- o círculo externo se volta para o exterior, e o interno para o interior, ou vice-versa;

- os componentes de um círculo são colocados frente aos componentes do outro, com referência ao centro, ou não;

- o movimento dos círculos é idêntico, ou um é o inverso do outro.


O triplo círculo é formado de maneira análoga - com outras variantes - seja na ordem, seja na direção.


A vibração da cadeia em seus membros tem tríplice efeito: no físico, no astral e no espiritual, com ações e reações particulares, causas, meios, efeitos, práticas e operações para cada “plano”ou “mundo”. A sintonia de vibração se alcança seguindo todos um idêntico regime de vida, contanto que seja estabelecido ritualmente, com o cumprimento de práticas idênticas e fixando na luz interior o mesmo símbolo, ou pronunciando exterior e interiormente, com a voz, com a vontade, com o espírito, as fórmulas rituais, seguindo um determinado ritmo e cantando “carmes” adequados para os fins das operações particulares. Cada um deve buscar evocar em si o estado de vibração fluídica, que logo se exalta e potencializa por “simpatia”.


A finalidade das cadeias cerimonialmente convocadas pode ser uma iluminação superior dos componentes ou de um dentre eles, como também uma realização prática e contigente, ou a iniciação de um neófito ao qual o Dirigente da cadeia comunica estados de consciência por “indução” da luz e da potência de toda a cadeia; ou uma outra coisa.


Para a ignificação da luz astral, algumas cadeias utilizam formas de crueldade (derviches, flagelantes, etc.), outras utilizam em conjunto formas orgiásticas; ou ainda uma e outra (s) forma (s) combinadas. Os procedimentos são análogos aos já expostos para cada indivíduo particular.

Sentido esotérico de San Jorge y el Dragón


La leyenda del San Jorge y el dragón  es muy conocida y celebrada en numerosos países (Portugal, Georgia, Inglaterra…), y también  en regiones de nuestra geografía (Cataluña y Aragón).

La leyenda encuentra su base en Jorge de Capadocia, supuestamente nacidohacia el siglo  III d. C. El futuro santocanonizado por el Papa Gelasio I, en el año 494, era  hijo de una familia romana de nobles acomodados, de religión cristiana.  

Su leyenda, si bien existen diversas versiones, puede resumirse como sigue:

un  feroz dragón devastaba la región de Silca, llevándose a niños, jóvenes y mujeres, que acababan muertos. Un día, el dragón exigió que le entregaran a la bella hija del Rey de Silene. El monarca se resistió a tal petición, y ofreció todas sus pertenencias a cambio de la vida de su hija. Ante tal propuesta, el pueblo indignado  exigió al rey que entregara a su hija.  Con el fin de apaciguar los ánimos de sus subordinados, el monarca aceptó entregar la princesa al dragón. Tras bendecir a su hija, la dejó fuera de las murallas como presa para la fiera. En ese momento, llega Jorge a la ciudad y pregunta a la joven por la causa de su desconsolado llanto. Enterado de la situación, el  caballero ofrece su ayuda a la princesa. Llega el dragón, Jorge monta en su caballo blanco, saca su espada  y se enfrenta a la fiera. Tras una lucha encarnizada, el santo vence a la bestia.

Es evidente que la leyenda está unida a diversas órdenes caballerescasparticipantes en las cruzadas, y a la defensa del pueblo cristiano contra los infieles; además recoge historias apócrifas llenas  “de extravagancias y maravillas más allá de cualquier credibilidad», según consta en el  “Acta Sanctorum” (las “Actas de los santos”), una recopilación de las diferentes tradiciones sobre los santos, comenzada en el año 1643.

Curiosamente, el mito, tal como se celebra en tierras catalanas, está vinculado a la fiesta de la Rosa (símbolo del principio espiritual presente en el ser humano), y del Libro (símbolo de la sabiduría), fiesta  en la que se conmemora la festividad de San Jorge (23 de marzo).

La leyenda de San Jorge y el dragón oculta un sentido claramente esotérico, que trataremos de poner en evidencia. Veamos, en primer lugar, el simbolismo del dragón. El dragón (del latín draco, y éste del griego drakon, “serpiente”) abarca diferentes simbolismos, acordes con las diferentes culturas. Curiosamente, en la cultura helénica se nos presenta como un animal guardián de tesoros:  Ladón, dragón de cien cabezas que cuidaba las manzanas de oro del jardín de las Hespérides; Fafnir, el dragón custodio del tesoro de los nibelungos, en la mitología nórdica, cuya sangre hizo casi invulnerable a Sigfrido, y relacionado con la  sabiduría (el Caduceo, Uróboros…); en la India se identifica con Agni, dios védico del fuego. También, el dragón ha quedado asociado a lo demoníaco, al mal, a la destrucción y  a la impiedad (Leviatán, Cuélebre…).

Vemos así que el dragón es uno de los animales mitológicos cargados de mayor simbolismo. Tal simbolismo se aclara cuando nos percatamos de que el dragón, o serpiente alada, representa el fuego serpentino que corre por nuestro sistema cerebro espinal con sus siete chacras; de ahí que en muchos mitos se nos presente con siete cabezas.

Debemos aclarar que, en realidad, existen dos tipos de  fuegos serpentinos y tres fuentes de “kundalini”. Generalmente al hablar de “Kundalini” se hace alusión a laenergía invisible representada por una serpiente –o dragón– que duerme enroscada en el chakra base, y cuyo despertar permite la adquisición de diversos poderes ocultos (clarividencia, etc.).  La “Kundalini” es una energía tan poderosa e incontrolable que, con suma facilidad, puede escapar a todo control y convertirse en una energía devastadora, tanto a nivel físico como anímico. En tal caso, estamos ante el dragón devastador que devora a niños y jóvenes (a quienes no han madurado espiritualmente), y a jóvenes princesas (al alma). El caballero (el iniciado), protegido con su coraza, con espada en mano (símbolo del Espíritu), debe enfrentarse a esta poderosa fuerza y vencerla. ¿Cómo? Detallar este proceso nos llevaría, necesariamente, a dar muchas explicaciones previas, por lo que nos limitaremos a señalar que el candidato experimentado no despertará jamás la “kundalini” del chakra base, sino que centrará su interés en la “kundalini” del corazón  y, posteriormente,  en la  “kundalini” de la cabeza. Solo una vez despertadas estas dos fuerzas espirituales, estará preparado para enfrentarse a la “kundalini” del chakra base, cuya victoria  le aportará la total transformación de su ser.

Podemos concluir que la lucha de San Jorge contra el dragón, representa el combate que el  candidato al proceso de iniciación  debe llevar a cabo contra todas las ataduras, y todo el “karma” acumulado en su campo micro-cósmico. Una vez que se ha dado muerte al dragón, su sangre (el fuego serpentino renovado por el Espíritu)  le conferirá el elixir de la inmortalidad.

Biografia Giuliano Kremmerz

Giuliano Kremmerz, pseudônimo de Ciro Formisano, foi um grande mestre do Hermetismo entre o séc. XIX e XX, fundando a Schola Philosophica Hermetica Classica Italica - Fratellanza Terapeutico-Magica di MYRIAM.


Ciro Formisano, nascido em Portici no dia 8 de Abril de 1861, após a aprendizagem sob a orientação de Izar, entrou quando tinha vinte e cinco anos na Ordine Osirideo Egizio. E foi precisamente Pasquale De Servis, Izar, que apresentou Ciro Formisano, em 1886, a Giustiniano Lebano, o depositário do Grande Oriente Egípcio ou Grande Ordem Egípcia.


Em 1893 De Servis deixou a vida terrena e Ciro Formisano, o futuro Giuliano Kremmerz, prosseguiu a sua evolução dentro do círculo de Giustiniano Lebano, o qual, mesmo tendo compreendido o seu grande poder iniciático, percebeu também o seu caráter exuberante e a sua inclinação absoluta para o uso pro salute populi de tudo aquilo que aprendia.


O relacionamento entre Lebano e Formisano foi bom até 1897, e isto permitiu que fosse aprovada em 20 de março de 1896 na Grande Ordem Egípcia a primeira ideia de “Schola Ermetica” com finalidades terapêuticas; o primeiro esbôço de tal ideia se tornará em um segundo momento a Fraternidade Terapêutica-Mágica de Myriam.


A formação cultural de Formisano, formado em letras na Universidade de Nápoles, passada através de experiências com o ensinamento no ginásio de Alvito e da atividade jornalística no "II Mattino" de Nápoles, completou-se, sobretudo, nos anos que vão de 1888 até 1893, naqueles cinco anos coincidentes com uma sua misteriosa estadia na América Latina.


Na realidade em dezembro de 1888 partiu com um navio dirigido para Montevidéu e com um navio da mesma proveniência reentrou no porto napoletano em maio de 1893.


Transcorridos aqueles anos entre Buenos Aires, Mato Grosso e Bolívia, exercitando a cura homeopática e deixando vestígios profundos de seu ensinamento iniciático.


Morreu em Beausoleil perto de Montecarlo em 7 de maio de 1930.


OBRAS

Giuliano Kremmerz, Angeli e Demonii dell'Amore, Libreria Detken & Rocholl, Napoli, 1898

Giuliano Kremmerz, Avviamento alla Scienza dei Magi, Edizione fuori commercio, Bari, 1917

Giuliano Kremmerz, I dialoghi sull'Ermetismo(7 dialoghi), Edizioni Panetto e Petrelli, Spoleto, 1929(edizione fuori commercio)

Giuliano Kremmerz, I dialoghi sull'Ermetismo(9 dialoghi), Edizioni Panetto e Petrelli, Spoleto, 1931(edizione fuori commercio)

Giuliano Kremmerz, Avviamento alla Scienza dei Magi (Elementi di Magia Naturale e Divina), Fratelli Bocca, Milano, 1940

Giuliano Kremmerz, Opera Omnia (3 vol.) Casa Editrice Universale di Roma, Roma, 1951-1954-1957

Giuliano Kremmerz, La scienza dei magi (3 vol.), Edizioni Mediterranee, Roma, 1975

Giuliano Kremmerz, Commentarium 1910/1911 (2 vol.), Nardini Editore, Firenze, 1980

Giuliano Kremmerz, Il Mondo Secreto (ristampa dell'edizione degli anni 1896/97-98-99, Editrice Rebis, Viareggio, 1982

Giuliano Kremmerz, La medicina ermetica, a cura di Vinci Verginelli, Nardini, Firenze, 1983

Giuliano Kremmerz, I dialoghi sull'Ermetismo, Editrice Miriamica, Bari, 1991

Giuliano Kremmerz, Lunazioni-Annotazioni sulle influenze siderali e lunari sulle piante i medicamenti le infermità del corpo umano, Editrice Miriamica, Bari, 1992

Giuliano Kremmerz, Un secolo di missione - Avviamento alla Scienza dei Magi (rist. dell'ed. del 1917), Editrice Miriamica, Bari, 1993

Giuliano Kremmerz, La Porta Ermetica (2ª ed.), Ed. Mediterranee, Roma, 2000

Giuliano Kremmerz, Angeli e Demoni dell'Amore, Ed.Rebis, Viareggio, 2000

Giuliano Kremmerz, La Porta Ermetica - La ricerca della Verità Ermetica", Ristampa ed. 1910 (2ª ed.),Ed. Rebis, Viareggio.

Giuliano Kremmerz - A CIÊNCIA DOS MAGOS VOL.1, 2 e 3° - Devir - Sao Paulo

FONTE: http://www.fratellanzahermetica.org/