segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

A Sagrada Ordem de Melquisedeque


Melkisedeq pode ser traduzido como “Rei de Justiça” ou “Meu Rei é Justiça”. Também é denominado na Bíblia como “Rei de Salém” (talvez devido ao antigo nome dado a Jerusalém: ‘Uru-Salim’).

Como Sumo Sacerdote de Abraham (A+Brahman), Melkisedeq pode ser considerado o Progenitor das religiões brahmânicas e abrahmânicas (hinduísmo, judaísmo, cristianismo, islamismo).

Muitas são as linhagens sacerdotais que se declararam ou assumiram como pertencentes à Ordem de Melkisedeq.

Muitos historiadores acreditam que a passagem dos versículos 18-20 do Gênesis capítulo 14 foi inserida mais tarde para apoiar a ordenação de um não-levita, o rei David, como Sacerdote Supremo de Is-Ra-El.

No tempo de Abraão, Jerusalém era povoada pelos jebusitas, uma tribo cananita, muito provavelmente descendente de hititas e amoritas. Melkisedeq, nesse caso, como Sacerdote-Rei, era politeísta. As divindades Elyon e Zedek estão no panteão fenício-cananita. A tradução “Meu Rei é o Deus Zedek”, portanto, facilmente, torna-se “Meu Rei é Justiça”.

Se aprofundarmos ainda mais no terreno das mitologias antigas, a parte dos aspectos históricos, descobriremos laços bem mais interessantes. A palavra hebréia ‘salem’ significa ‘paz’. Temos aí então dois epítetos atribuídos a Melkisedeq: Rei de Justiça e Rei de Paz. No caso, quando se fala de Justiça, devemos entender que essa ‘Justiça’ deriva-se de ‘Retitude’;  só a prática da Retitude ou da Via Reta proporciona Justiça.

Kabalistas modernos relacionam Justiça-Retitude a Júpiter. E aqui temos que ter extrema atenção, pois, não se trata do planeta, e sim, da divindade que os romanos adoravam, e que, nem sempre, é bem compreendida. Quando trocamos o latino Jóvis + peter ou patar pelo equivalente grego Zeus – Pai dos Deuses – o entendimento fica mais fácil.

Isso, em sentido kabalístico, deve ser colocado desta forma: (Melkisedeq é o) jovem rei-sacerdote da Justiça e da Paz. E isso é a personificação da divina imagem ou reflexo de Chesed (cabeça do triângulo derivado da Coroa Sefirótica).

Concluindo, “para ser membro da Sagrada Ordem de Melkisedeq há necessidade de encarnar o Íntimo (Atman)”.

Igreja Gnóstica


A IGREJA INICIÁTICA GNÓSTICA

Nossa Igreja Gnóstica está localizada no Astral. Seu templo é um Templo de Iniciações. Esta é a Igreja a qual pertenceu o divino rabi da Galiléia e procede dos Mistérios. Estes Mistérios Sagrados foram instituídos pelos anjos.

A Igreja Gnóstica é a autêntica igreja primitiva, a verdadeira igreja cristã, a qual pertenceram os primeiros santos da igreja católica, que nessa época, era gnóstica-católica. Essa é a primeira e antiga igreja de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual conserva todos os ensinamentos secretos do Mestre.

A ela pertenceu o patriarca Basílides, famoso alquimista que deixou um livro de chumbo com sete páginas e que está no Museu de Kircher, no Vaticano – livro esse que, naturalmente, os arqueólogos não puderam entender, porque lhes falta conhecer a ciência oculta. Basílides foi discípulo de São Matias.

A ela pertenceram Saturnino de Antióquia, famoso cabalista; Carpócrates (que fundou muitos conventos na Espanha); Marcião do Ponto, São Tomás, Valentim, Santo Agostinho, Tertuliano, Santo Ambrósio, Irênio, Hipólito, Epifânio, Clemente de Alexandria e Marcos (que cuidou da santa unção e nos deixou ensinamentos extraordinários sobre o caminho das forças seminais através das doze portas de nosso corpo).

A ela pertenceram Cerdão, Empédocles, São Jerônimo e muitos outros grandes santos da igreja católica romana.

Não estou de acordo com o Mestre Huiracocha – e com o maior respeito lhe digo – quando diz que nossa Igreja tem somente três sacramentos, chamados batismo, eucaristia e extrema-unção. Como Iniciado da Igreja Gnóstica afirmo que nossa Igreja tem estabelecido também o principal de seus santos sacramentos, que é o do matrimônio.

Nesse sacramento a mulher se reveste com o traje de sacerdotisa da Igreja Gnóstica a qual é entregue como esposa-sacerdotisa a seu marido. Nisso, oficiam os veneráveis Mestres da Loja Branca, e ela vem a ser a digna esposa por meio da qual se alcança o despertar de Kundalini e da Alta Iniciação. Esse é o Matrimônio Perfeito.

A Igreja Gnóstica dá mais importância ao Cristo que a qualquer outro fundador de religião. Isso é devido a que dentre o Divino Mestre e os demais fundadores de religiões houve uma grande diferença, e essa diferença foi a Ressurreição. Nem Maomé, nem Confúcio, nem Lao-Tsé ressuscitaram; Buddha, o Grande Amitaba, tampouco ressuscitou. Todos eles terminaram em nosso mundo físico e a sua ressurreição foi somente para os mundos internos, ao se reunirem com seus Íntimos. Só o Corpo Astral do Cristo regressou e se perpetuou com todas as forças. E esse Astral, por meio do éter químico, faz crescer as plantas e as sementes, ficando encerrado na semente. Essa essência do Cristo é o que oferecemos na unção eucarística.

Assim, o Cristo segue dando vida a tudo que existe; sua ressurreição foi perfeita, e por isso é que a Santa Igreja Gnóstica dá mais importância ao Cristo que aos demais fundadores de religiões. O Cristo, para nós, gnósticos, é um fato cósmico-biológico de grande importância. Por isso é que falamos do Cristo Cósmico, do Cristo Histórico e do Cristo Líquido. É que o Cristo, cujo verdadeiro nome é Maitreya, é uma potência do universo, cuja aura já está produzindo grandes fenômenos na atmosfera de nosso planeta.

Nossa Igreja Gnóstica, localizada no Astral, oficia constantemente, e os Iniciados concorrem ao “Pretor” durante o qual recebem a sagrada unção eucarística. Muitos desses Iniciados comparecem em corpo astral, e outros, em corpo físico em “estado de Jinas”, e assim recebem a santa unção.

O sacerdote Iniciado percebe, em estado de êxtase, a substância do Cristo e, ao operar pela magia, transmite sua própria influência ao pão e ao vinho, despertando a substância do Cristo que ali se encontra para que ela atue dentro de nossos corpos físico e astral.

O sacerdote usa três vestes superpostas e um barrete. As três vestes representam os nossos três corpos: físico, astral e espiritual; o barrete simboliza que é homem. Quando predica, cobre a cabeça como para dizer que só expressa opiniões pessoais.

O altar simboliza a terra; o pé do cálice simboliza a planta; e o cálice, a flor. Isso significa que a substância do Cristo penetra em toda a natureza e faz crescer o talo, dar a espiga e finalmente se materializa no grão.

Formado o grão, o resto morre. Dentro desse poder do trigo fica toda a substância Cristo, a qual vem a dar vida a todo nosso corpo. Se não fosse por essa substância do Cristo em nós, seria impossível viver. O sol é a base de tudo.

O mesmo ocorre com o vinho. Na uva está encerrada a vida do Cristo-Sol, que ingerimos com a santa unção.

“Epifania” significa “manifestação” ou “revelação” ou a ascensão do Cristo em nós. Isso obtemos com a santa unção e com a magia sexual.

Dietrich, o grande teólogo, diz que para achar o “religare” ou a união com a divindade é preciso fazê-lo por meio destas quatro vias:

1. Receber a Deus (eucaristia)
2. União amorosa (magia sexual)
3. Amor filial (sentir-se filho de Deus)
4. Morte e reencarnação

Esses quatro caminhos vive integralmente o gnóstico.

À Santa Igreja Gnóstica, situada no Astral, pode comparecer a humanidade inteira. Ali se oficia às sextas-feiras e aos domingos pela manhã ou quando se necessita fazer algo em favor da humanidade. Muitos acorrem ao Pretor em corpo astral; outros, com o corpo físico em estado de jinas.

Naturalmente para acorrer ao pretor é preciso aprender a viajar em astral; quem quiser ir em jinas, deve aprender a sair com o corpo físico em jinas. Para tanto, é preciso que o discípulo tenha fé e tenacidade. Muitos aprendem isso no mesmo dia; outros, levam meses e até anos inteiros. Tudo depende da evolução de cada um.

O segredo para sair em corpo astral é muito simples: Bastar adormecer pronunciando o poderoso mantra, ou seja, a palavra mágica Tai-re-re-re. A exata pontuação indica o modo da sua pronúncia.

Depois, quando estiver nesse estado de transição entre a vigília e o sono, mergulhará profundamente dentro de si por meio da reflexão; depois, suavemente se levantará de seu leito. Ato seguido, levantará vôo rumo à Igreja Gnóstica situada no astral.

O segredo para pôr o corpo físico em estado de jinas consiste em aproveitar o momento exato de estar despertando do sono normal para se levantar do leito cheio de poderosa fé e mantendo o sono. Depois, com fé e mais fé se encaminhará através do espaço rumo à Igreja Gnóstica. Toda análise, dúvida ou vacilação prejudicam o experimento. Isso é para ser feito nos instantes precisos de estar acordando ou de estar adormecendo, “conservando o sono”.

Muitos conseguem fazer no primeiro dia; outros levam anos inteiros para aprender. Como já foi dito, tudo depende do estado de evolução de cada um. O autor faz isso maravilhosamente bem, e a maior parte de seus discípulos já estão treinados nisso também.

Essas técnicas ensino aqui para que todos possam acorrer ao Pretor. Mas, bem sei que haverei de ser ridicularizado até mesmo por parte de certos “sabem-tudo” espiritualistas da Colômbia, mas, o imenso amor que sinto pela humanidade, me obriga a dar este ensinamento a todos os seres humanos.

Para muitos leitores, este livro é uma idiotice, uma enganação e nada mais que isso. Os preparados verão neste livro algo grandioso, sublime, extraordinário – porque aqui estão as chaves da Alta Iniciação.

Em nossa Igreja Gnóstica cultivamos fortemente o Íntimo e desenvolvemos robusta e poderosa cultura. Portanto, a zombaria de ninguém nos atinge.

Quando o corpo físico entra em estado de jinas, parece inchar ou encher-se momentaneamente enquanto atua dentro do plano Astral. Isso se deve a que as forças do astral penetram e invadem totalmente o corpo físico. Esta é uma espécie de sonambulismo voluntário e totalmente consciente.

Se os sonâmbulos soubessem algo dos estados jinas poderiam atuar a todo momento com seu corpo físico dentro desse plano. Bastaria “puxar” o corpo físico para dentro, para o astral. Inconscientemente o ego puxa o corpo físico para dentro, para o astral, graças a um átomo contido na “sela turca”.

Basta querer agir dentro do plano astral para que o subconsciente realize esse fenômeno. Era assim que Simão o mago conseguia flutuar no ar diante das atônitas multidões e permitiu que Jesus caminhasse sobre as águas do mar da Galiléia sem afundar. E foi assim também como os quatro Tronos trouxeram seus corpos físicos desde Vênus durante a época atlante.

Eu lamento muito que meus queridos irmãos teósofos e rosacruzes ignorem essas coisas tão simples e elementares, que qualquer velhinha humilde, popularmente chamada de “bruxa”, consegue fazer sem esforço.

Essas pessoas humildes no têm livros na cabeça, mas fazem mais prodígios que todos os irmãos rosacruzes e teósofos juntos. É que elas, em contato com a natureza, conservam essas maravilhosas faculdades que os homens das cidades danificaram pelas leituras, teorias e pela vida artificial que levam.

Porém, depois dessa digressão, necessária para esclarecer este capítulo, voltemos ao nosso ritual gnóstico. Quando o oficiante católico vai desde o lado da epístola para o lado do evangelho, para uns significa a ida de Jesus de Herodes a Pilatos; para outros, é a passagem dos gentios aos judeus. Mas, na realidade isso representa a passagem de um mundo para o outro depois do desencarne.

Nós, gnósticos, em cada estação usamos um hábito diferente.

No astral há anjos que trocam de posto constantemente em seu trabalho de ajudar a humanidade. Assim, temos o anjo Raphael na primavera; Uriel no verão, Miguel no outono e Gabriel no inverno. Todos esses acorrem ao pretor.

De todas as orações, a mais poderosa é o Pai Nosso. O gnóstico dá extrema importância a essa oração porque sabe que ela é uma grande oração mágica de grandioso poder.

Imaginação, inspiração e intuição são os três caminhos para a Iniciação. Diz o Mestre Huiracocha: Primeiro é preciso ver internamente as coisas espirituais; depois, escutar o verbo ou a palavra divina para ter nosso corpo espiritual preparado para a intuição.

Esta trindade se encontra nas três primeiras súplicas do Pai Nosso: “Santificado seja teu nome” quer dizer o verbo divino, o magnífico nome de Deus, a palavra creadora. “Venha a nós teu reino” quer dizer que com a pronúncia do verbo dos mantras vem o Pleroma, o reino divino. “Faça-se a tua vontade assim na terra como no céu” consiste na união com o Íntimo, ficando resolvido tudo.

Com essas três petições temos pedido tudo e se algum dia conseguirmos, seremos deuses, e por isso, já não necessitaremos pedir mais.

A Igreja Gnóstica é a religião da alegria e da beleza. Abrimos, pois, as portas a todos que quiserem assistir os nossos santos rituais durante os quais oficiam os Mestres.

Autor: Venerável Mestre Samael Aun Weor
Texto extraído e editado do Capítulo 7 do livro O MATRIMÔNIO PERFEITO DE KINDER, primeira edição de 1950.

Gnose é Plenitude


“A Gnose é a plenitude do conhecimento, na qual culminam a Fé e a Filosofia. Querer chegar à Gnose sem Filosofia, sem dialética e sem o estudo da natureza é pretender colher as uvas sem cultivar a vinha. Para chegar até ela há que ascender, mediante a Fé, penetrar os segredos das Escrituras encobertas debaixo do véu das alegorias e conhecer os ensinamentos secretos do Senhor, transmitidos pela Tradição aos Apóstolos, especialmente a Pedro, Santiago, João e Paulo, e, destes aos demais.

Seu objeto é o conhecimento de Deus, que é a causa mais além de todas as causas, e do Logos que é a verdade por essência. É um conhecimento eminente, esotérico, reservado a uma minoria muito seleta, contraposto ao conhecimento exotérico que está destinado ao comum dos fiéis. É uma iluminação, uma compreensão, um estado habitual de contemplação, conhecimento intuitivo e afetivo da causa suprema de todas as coisas, que produz uma certeza absoluta. É a perfeição da caridade, própria do Novo Testamento.

Para se chegar a esta contemplação é necessário uma dupla preparação. Uma purificação moral, mediante a prática das virtudes, e uma preparação intelectual semelhante à uma iluminação. Depois vem os ‘pequenos mistérios’ com seus ensinamentos próprios e finalmente ‘os grandes mistérios’, nos quais se contempla o Logos. Quando se chega a este grau, a alma gnóstica é uma imagem do Logos, e intui a Deus face a face, ainda que a contemplação perfeita só se consiga depois da morte.

Gnóstico é o que vive unido a Deus pela Caridade e pelo Conhecimento, e que dominou suas paixões conseguindo um equilíbrio e uma imperturbabilidade absolutos. Assim se chega a apatia, que consiste na imunidade de toda paixão que possa perturbar a paz e tranqüilidade da alma.

O gnóstico compreende o que aos demais parece incompreensível. Não há nada obscuro para ele. Tudo sabe, e por isso pode também ensinar. Muitos escutam a palavra divina, que é a refeição da alma, mas nem todos compreendem a grandeza da Gnose, e menos ainda são os que obram segundo a vontade do Senhor, que é a água da vida gnóstica. O gnóstico contempla a luz e a verdade. Quanto mais simples são seus desejos, tanto maior é sua união com Deus. O gnóstico imita a Deus e serve seus próximos com caridade.

As características do gnóstico são três: conhecer o Logos; agir segundo o Logos; e ensinar os demais as coisas ocultas acerca da verdade. ”

Autor: Clemente de Alexandria
Ex Stromata. Op. Cit. Guillermo Fraile, O. P. Historia de la Filosofia Cristiana.

As Festas Gnósticas: EPIFANIA


As grandes tradições religiosas possuem cada qual um calendário de comemorações anuais nas quais celebram a memória de fatos notáveis ou ilustres personalidades. Na tradição Gnóstica Moderna, expressada neste plano pela instituição da Santa Igreja Gnóstica, não é diferente, exceto pelo fato de que, em nossa Igreja, celebramos não os fatos externos em si, mas sim, por meio destes, os significados internos de cada comemoração.

Não desprezamos a importância histórica de determinados acontecimentos, pelo contrário, reconhecemos a grandiosa realidade daqueles momentos que marcaram a história de nossa humanidade, alimentando nossa fé na certeza de que os gloriosos símbolos da presença Divina no mundo tornam-se carne viva nos preciosos e recorrentes momentos que celebramos em nosso calendário litúrgico. Contudo, cada momento histórico, sabemos, é a manifestação de realidades internas que podem ser alcançadas por todos aqueles que se lançam no caminho da verdadeira Fé, de acordo com a vontade do Pai e as graças da Mãe, independentemente de confissão religiosa.

Em acréscimo, nossas celebrações, por manifestarem a alegria pela encarnação de símbolos eternos, prestam culto não somente a fatos passados, mas prenunciam, educam e nos preparam para novos adventos de tais realidades nos tempos vindouros – realidades para as quais nos preparamos, mediante a disciplina iniciática, para encarnar.

A Santa Igreja Gnóstica, reestabelecida neste plano físico por homens que, desta forma, encarnaram em si a realidade última de cada uma das festas que celebramos, reconhece a grandiosidade de todas as grandes datas litúrgicas dos tradicionais calendários religiosos de nossa humanidade, pois estas ocultam verdades únicas a todas as religiões. Sabemos que a religião do futuro será uma religião holística, síntese das grandes correntes que alimentam a fé da humanidade; mais propriamente, sabemos que a religião do futuro será baseada especialmente na essência daquilo que hoje chamamos de Budismo e daquilo que hoje chamamos de Cristianismo. É importante alertar, contudo, que as igrejas e instituições populares que hoje adotam tais designações encontram-se, nestes tempos tenebrosos, bem longe do que são, em essência, os ensinamentos destas duas correntes cujas raízes verdadeiras avançam para muito além das vidas do Bendito Buddha Siddharta e do Venerável Mestre Jesus.

Em nossa Igreja Gnóstica celebramos as vidas destes e de muitos outros gloriosos Cristos, Mestres, Buddhas, Santos, Avatares e Missionários. Fixamo-nos, contudo, na lembrança destes Benditos Seres, de seus exemplos e de seus ensinamentos, e não em um culto vazio às suas personalidades. Para além disto reconhecemos as verdades ocultas nos símbolos encarnados nas passagens históricas das vidas destes, também manifestados na carne da experiência de cada Iniciado, célebre ou não para a história comum.

Podemos dizer, de outra forma, que a Santa Igreja Gnóstica celebra, acima de tudo, a realidade do Cristo vivo, universal e não sectário. Seus fiéis comungam em sua memória, em honra ao Verbo que a tudo sustenta e faz crescer. São os símbolos do Cristo vivo que adquirem carne na história e que celebramos em cada data de nosso calendário litúrgico.

Imbuídos deste espírito e cientes de tais realidades é que nós gnósticos celebramos a data da Epifania.

O termo “epifania” deriva da palavra grega ephifaneia, que significa “manifestação”, “aparição” (EDUCACIONAL; LIMA, Luciano José et alli). Era uma expressão utilizada pelos antigos para designar a chegada de um rei ou imperador. Com o advento do Cristo Jesus o termo passa a assumir a conotação de manifestação do divino ao mundo, de maneira semelhante ao termo “teofania”, utilizado nas antigas escrituras.

Diz-nos o Venerável Mestre Samael Aun Weor, patriarca da Santa Igreja Gnóstica, que a “Epifania” é a “ascensão das forças crísticas no homem” (SAMAEL AUN WEOR, in Apuntes Secretos de un Gurú). Desvela-nos, desta forma, a realidade interna deste antigo símbolo cristão.

Nas confissões cristãs populares a Epifania do Senhor era uma festa que se celebrava no dia 6 de janeiro, ou seja, doze dias após a celebração do Natal (WIKIPEDIA, “Ciclo do Natal”). Este antigo ciclo de doze dias (Christmatide) é significativo: dizem as tradições ocultas que tudo aquilo que é criado pelo Três é organizado pelo Sete e se mantém em manifestação pelo Doze. O número doze é sagrado e profundamente significativo, pois representa a manifestação do Interno neste mundo pelas forças que sustentam e operam tudo aquilo que vemos. Doze são as tribos de Israel, doze são os apóstolos e doze são os cavaleiros da távola redonda. Também no Sagrado Tarot o número doze nos revela a manifestação, pois o sacrifício se dá na cruz do mundo manifesto, e o apostolado, o “sacro-ofício”, se materializa através da operação destas mesmas forças. Doze ao redor de Um é um esquema cósmico necessário à ação, que se repete em todas as estruturas manifestas, através do qual algo oculto se revela e atua neste mundo, como o Sol oculto por meio de doze signos zodiacais, que possuem também seus correspondentes internos no corpo humano.

Contudo, quando as instituições populares se afastam do espírito do ensinamento resta a letra morta, que não consegue resistir ao “pragmatismo” da liturgia externa: desde recente reforma de seu calendário litúrgico a igreja de Roma celebra a Epifania no segundo domingo após o Natal (WIKIPEDIA, “Epifania”), e não mais no dia 6 de janeiro, uma vez que em muitos países esta data não é considerada feriado nacional. A celebração no dia 6 persiste, contudo, em confissões cristãs ortodoxas e gnósticas modernas.

Neste ponto, cabe aprofundarmos mais a questão e rememorarmos as origens históricas desta efeméride, ligadas a comemorações pagãs e cristãs primitivas, presentes especialmente nas comunidades do cristianismo oriental e gnóstico antigos. Ao explorarmos tais origens recuperaremos seu sentido oculto, guiados pelas chaves reveladas por nosso Venerável Patriarca Samael Aun Weor.

Quando nos ocupamos de suas origens descobrimos, desta maneira, que a celebração da Manifestação do Senhor surgiu logo nos primeiros séculos da era Cristã, nas igrejas do oriente, com raízes pagãs e gnósticas. Um dos primeiros registros de uma festa Cristã de Epifania é o da comemoração do ano de 361, feito pelo historiador romano Amiano Marcelino (c. 325/330 – c. 391) (WIKIPEDIA, “Epiphany”). Mas a data já era conhecida, e comemorada, desde muito antes. Para os pagãos as festas de comemoração do solstício do inverno no hemisfério norte incluíam a celebração do aumento gradual da jornada solar (ACIDIGITAL, “Epifania”, cit. EPIFANIO DE SALAMINA), e culminavam, em regiões como a do Egito e a da Arábia, no dia 6 de janeiro do calendário gregoriano. Vemos aqui o como um mesmo mistério subjaz às festas do Natal e da Epifania, desde os seus primórdios. Foram estas, portanto, as festas cristianizadas pelos cristãos primitivos logo nos primeiros anos da nova fé, razão pela qual uma das denominações desta festa no oriente é Hagia Phota (Santa Luz) (ACIDIGITAL, “Epifania”).

Estes cristãos primitivos incluíam todos aqueles grupos que vieram a dar origem às modernas confissões cristãs, bem como todos aqueles grupos que com o passar dos séculos deixaram de existir publicamente, e que hoje denominamos genericamente de “gnósticos” (ou “gnósticos históricos”, para diferenciá-los dos modernos gnósticos). Em um destes grupos, o dos seguidores do Mestre Gnóstico Basilides (séc. II d.C.), já entre os anos de 120 e 140 celebrava-se esta data sagrada da Epifania, associando-a ao Batismo de Jesus. Clemente de Alexandria (?-215) em seu Stromata (Livro I, cap. 21) observa que estes seguidores de Basilides festejavam o Batismo do Senhor, comemorando-o com a leitura de textos na noite de sua véspera. Registra também que alguns destes diziam que tal data caía no 15º dia do mês de Tubi do 15º ano de Tiberius Caesar, e que outros diziam que caía no 11º dia (respectivamente 10 e 6 de janeiro do calendário gregoriano). É inegável, portanto, a realidade histórica da conexão entre a festividade da Epifania e a celebração do Batismo de Jesus. Mais além, a persistência de diversas tradições populares que relacionam a Epifania ao Batismo, especialmente nas igrejas do oriente, nos revela que esta é a principal associação histórica feita a esta data.

A principal, mas não a única.

Veremos que a comemoração da Epifania reúne em si a memória de diversos fatos, amarrados por uma única verdade, que é a da ascensão das forças crísticas no homem, segundo nos revela o Mestre Samael Aun Weor. O primeiro destes fatos, vimos, nos é revelado por meio dos ensinamentos do gnosticismo basilidiano e das tradições da antiga igreja, que é o da Manifestação da Divindade do Mestre Jesus quando de seu batismo no Rio Jordão pelo Bendito Avatar João Batista. Este momento, que marca o início da missão pública do Venerável Mestre Jesus, é de profunda significação oculta, e relaciona-se claramente ao conceito de manifestação da divindade na humanidade. Resta-nos compreender no entanto qual o verdadeiro significado oculto do Batismo, e para tanto resgataremos antes um segundo momento que a festa da Epifania nos faz recordar, o das Bodas de Caná.

Registra Epifanio de Salamina (c.315-403) em seu Panarion, que a data de 6 de janeiro corresponderia à hemera genethlion toutestin epiphanion (“O aniversário de Cristo; isto é, Sua Epifania”) (WIKIPEDIA, “Epiphany”). De fato, a data de 6 de janeiro é também uma comemoração do nascimento de Cristo para muitas tradições cristãs, uma vez que, como vimos acima, as festividades do Natal e da Epifania possuem raízes comuns (a data de 25 de dezembro, também comemorada como a do nascimento de Jesus, só é fixada tardiamente pela igreja de Roma, que separa desta a comemoração de Seu Batismo). Entretanto, e este é o fato que mais nos interessa, o mesmo Epifanio registra que o milagre em Caná teria ocorrido nesta mesma data, isto é, em 6 de janeiro do atual calendário gregoriano.

Uma mesma data para celebrar um nascimento, um batismo e um matrimônio. Mais uma vez é nosso Venerável Patriarca que nos aponta a chave oculta deste fato:

“Na Igreja do Oriente, o Batismo no dia da Epifania está associado às Bodas de Caná. Na Igreja Ocidental, considerando a Epifania, associa-se o Batismo ao Matrimônio de Jesús com a Igreja. De maneira que tanto no Oriente o Batismo está associado ao Sexo, como no Ocidente; em ambos os casos relaciona-se com o Matrimônio”.

(SAMAEL AUN WEOR, in La Piedra Filosofal o El secreto de los Alquimistas).

No segundo capítulo do Evangelho de João encontra-se o relato deste matrimônio ocorrido na cidade de Caná da Galiléia, onde o Mestre Jesus realiza o milagre de transmutar água em vinho. Segundo a tradição este teria sido o primeiro dos milagres em seu ministério público: “Foi assim, em Caná da Galiléia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele” (João II, 11).

Profundamente significativo é este momento. Ocorrido em um casamento onde estavam presentes seus discípulos e, a pedido de sua Mãe, o abençoado Mestre transmuta as águas, símbolo universal das forças criadoras, em vinho, símbolo destas mesmas forças transformadas pela vontade e pela santa castidade. O suco de uva também, como o vinho, representa e armazena as forças solares contidas na uva, e é utilizado na Santa Unção Gnóstica. Diz o Venerável Mestre Samael Aun Weor acerca disto:

“Dado o grão o restante morre. Dentro deste poder do trigo encontra-se toda a substância Cristo, a qual vem dar a vida a todo o nosso organismo, pois se não fosse por essa substância Crística em nós, seria impossível viver. O Sol é a base de tudo.

“O mesmo acontece com o vinho, uma vez que na uva está encerrada a vida do Cristo-Sol, que trazemos ao nosso corpo com a Santa Unção.

“’Epifania’ significa a manifestação ou revelação, ou a ascensão de Cristo em nós. Isto alcançamos com a Santa Unção e com a Magia Sexual”.

(SAMAEL AUN WEOR, in El Matrimonio Perfecto o La puerta de entrada a la Iniciación).

Compreendemos desta maneira o profundo significado alquímico das Bodas de Caná, e sua relação com as mesmas águas batismais, que nos mistérios sexuais simbolizam as forças criadoras e a promessa do trabalho nas águas da vida, prenúncio de um Matrimônio Perfeito e do ofício no Sagrado Arcano AZF.

Cumpre alertar, neste ponto, que a promessa do Batismo só possue valor se é concretizada pelo sacramento do Matrimônio:

“É necessário compreender o que é o BATISMO em si mesmo. Obviamente, o  Batismo é um PACTO DE MAGIA SEXUAL. Vamos batizar um menino, com muito gosto! Se ele cumpre com este pacto mais tarde, o batismo terá lhe servido; se não cumpre com esse pacto, então, de que serve? Na Igreja do Oriente o Batismo (no dia da Epifania) está associado às Bodas de Caná. Na Igreja Ocidental (considerando a Epifania) se associa o Batismo ao matrimônio de Jesus com sua Igreja. De forma que tanto no Oriente como no Ocidente o Batismo está associado ao sexo; em ambos os casos se relaciona com o Matrimônio. É portanto o Batismo um pacto de Magia Sexual. Se é cumprido, o Batismo serve para algo, se não se cumpre o Batismo, então não serve para nada. Essa é a crua realidade dos fatos! … Esclareço-vos sobre tudo isto para que compreendam a transcendência esotérica do Batismo. A PIA BATISMAL, por exemplo, nas Igrejas Cristãs, representa precisamente a PEDRA FILOSOFAL, ou os órgãos criadores. Enquanto que as ÁGUAS MAGNETIZADAS ou ÁGUAS LUSTRAIS contidas na Pedra representam, indubitavelmente, o ESPERMA SAGRADO. De outra maneira diríamos que a água é o Mercúrio da Filosofia Secreta e que o fogo das velas representa o ENXOFRE da Alquimia; somente mediante o Mercúrio (ou seja, a entidade do Sêmen) e o Enxofre (ou seja, a entidade do Fogo), é possível alcançar o Segundo Nascimento”.

(SAMAEL AUN WEOR, in “Implicaciones Sexuales del Bautismo”, El quinto Evangelio – Vol. 5: Tratados de Alquimia y Sexologia).

Na Epifania celebramos portanto este mistério da manifestação da Divindade em nós, por meio do trabalho com as águas sagradas. Esta é a promessa do Batismo que se concretiza por meio do Matrimônio Sagrado e o trabalho no Grande Arcano. Somente desta maneira poderemos fazer nascer, em nós, o Cristo. Preparamo-nos para tanto mediante uma vida de santidade, castidade e mística, e reunimos forças para este trabalho na Santa Unção Gnóstica, celebrada em memória do Cristo Adorado, onde realizamos em nós o prenúncio deste mistério.

Por fim, também celebramos na Epifania a própria revelação desta Boa Nova – o advento do Cristo, que é revelada a todos os homens por meio do sacrifício de nosso Adorável Salvador. Popularmente dizemos que o Cristo se manifesta ao seu povo quando os pastores das cercanias vêm adorá-Lo à manjedoura e dizemos que Ele se revela ao mundo quando três reis magos vêm saudá-lo. O dia 6 de janeiro é também popularmente conhecido como “Dia de Reis”, pois nele celebramos, também, a visita dos sábios Gaspar, Melquior e Baltazar, símbolos deste mistério revelado e da expectativa de sua concretização dentro de cada um de nós:

“Melchor, o rei da luz (de Melech, rei, e de aour, luz), que oferece ouro; Baltasar, o grande pontífice, cujo nome em sírio quer dizer ‘guardião do tesouro’, e em hebraico ‘paz profunda’, que oferece incenso e, por último, Gaspar ou Gasphar, o crente, homem do povo, o pecador reabilitado, o filho de Cam reconciliado, o etíope negro que oferece mirra, remédio para a corrupção, emblema da penitência e perfume da morte”.

(ELIPHAS LEVI, in Curso de Filosofia Oculta).

Estes três magos do Oriente, que exotericamente representam os povos do mundo, vêm para adorar o Cristo infante, guiados por uma estrela de brilho imenso. Esta estrela é aquela que sempre resplandesce em todo novo Iniciado, e que, como diz o sábio Eliphas Levi, “é a estrela do Absoluto e da síntese universal” (ELIPHAS LEVI, in Curso de Filosofia Oculta). Ainda segundo Levi, esta estrela da Epifania não é outra que não o Pentagrama, e a Epifania é, em síntese, a manifestação da luz: Lumen ad revelationem gentium.

Na celebração gnóstica da Epifania são estes os mistérios que comemoramos, e é por sua transcendência que o Venerável Mestre Samael Aun Weor estabeleceu a comemoração desta data em nossa liturgia:

“… Por todos estes motivos, vamos estabelecer, em nossos R[itos] Gnósticos, o dia da Epifania. Constará da L[iturgia], porque é profundamente Alquimista. EPIFANIA é a ASCENSÃO DO CHRESTOS CÓSMICO em nós, por isso é formidável a Epifania. Mas não poderia o Chrestos ascender em nós se realmente não cumprirmos com os Sacramentos do Batismo e do Matrimônio Gnóstico. […] Todos nós, em realidade, estamos cheios de múltiplos ‘elementos indesejáveis’, que lamentavelmente carregamos em nossa Psique. Somos espantosamente débeis, por isso necessitamos obrigatoriamente da ASSISTÊNCIA CRÍSTICA. […] A CARNE do Cristo é o MERCÚRIO dos Sábios e o SANGUE, repito, é o VINHO, o ENXOFRE. O sangue do Cordeiro Imolado que limpa os pecados do mundo, é o Fogo, é o Enxofre que arde dentro das entranhas da Terra…”.

(SAMAEL AUN WEOR, in “Implicaciones Sexuales del Bautismo”, El quinto Evangelio – Vol. 5: Tratados de Alquimia y Sexologia).
Que esta Luz possa se manifestar em cada um de nós.
Paz Inverencial.
Autor: Monsenhor Ricardo Bianca de Mello

Gnose:A Natureza do Cristo


Infelizmente, até hoje poucos compreendem o que é o Cristo. Muitos supõem que o Cristo foi ou é exclusivamente Jesus de Nazaré. Jesus de Nazaré, como homem – ou melhor dizendo, Jeshuá ben Pandirá – recebeu, como homem, a Iniciação Venusta, encarnou o Cristo, mas ele não é o único a ter recebido tal Iniciação. Hermes Trismegisto, o três vezes grande Deus Íbis de Thot, também O encarnou. João Batista, a quem muitos consideravam como o Christus, o Ungido, igualmente recebeu a Iniciação Venusta e também encarnou o Cristo Cósmico. Os Gnósticos Batistas asseguravam, na Terra Santa, que o verdadeiro Messias era João, e que Jesus era somente um Iniciado que havia querido seguir João. Naquela época havia disputas entre Batistas, Gnósticos Essênios e outros.

Precisamos entender a natureza do Cristo tal qual é; não como pessoa, não como indivíduo, mas como Poder Cósmico. O Cristo está além da Personalidade, do Ego e da Individualidade. Cristo, em esoterismo autêntico, é o Logos, o Logos Solar, o Demiurgo Creador, representado pelo Sol. Por isso, todos os povos antigos adoravam o sol, e os ignorantes de hoje dizem que eles eram idólatras ou iconoclastas que nada sabiam.

No mundo do Cristo Cósmico não existe individualidade. No universo do Cristo todos somos Um. Por isso se diz que o Cristo é a Unidade Múltipla, a Voz, o Verbo. O Logos é uma energia, um poder, uma força, uma realidade que se move e palpita em toda a Criação, que subjaz em cada átomo, em cada elétron, em cada próton e que pode encarnar e se expressar através de qualquer homem devidamente preparado para tal pelas Iniciações.

Bem, fiz este esclarecimento, em síntese, com o objetivo de especificar melhor o acontecimento de Belém. Inutilmente teria nascido Jesus em Belém se não nascesse em nosso coração também. Inutilmente teria morrido e ressuscitado na Terra Santa, se não morrer e ressuscitar em nós também. Esta é a natureza do “Salvator Salvandus”. O Cristo Íntimo deve salvar-nos, mas salvar-nos de dentro de nós. A fé morta dos crentes e seguidores comuns das religiões confessionais jamais encarnarão o Cristo, portanto, nunca obterão a salvação. Isso é algo terrível de se dizer, porém, é a mais crua das realidades.

Aqueles que aguardam a vinda de Jesus de Nazaré para um futuro remoto ou para os tempos finais estão equivocados. O Cristo virá de dentro de nós, jamais sobre as nuvens de nosso planeta como esperam os seguidores de algumas seitas cristãs, porque a segunda vinda do Senhor é de dentro, do próprio fundo de nossa Consciência. Por isto está escrito o que Ele disse: “Se ouvirdes alguém dizendo em praça pública que é o Cristo, não o creiais; e se disserem: Ele está ali no Templo predicando, não o creiais”. É que o Senhor desta vez não virá de fora, mas de dentro; virá do próprio fundo de nosso coração se nós nos prepararmos.

Paulo nos esclarece dizendo: “De sua virtude tomamos todos, graça por graça”. Então, está documentado; se estudarmos cuidadosamente Paulo de Tarso, veremos que raramente ele alude ao Cristo histórico; cada vez que Paulo de Tarso fala sobre Jesus Cristo, refere-se ao Cristo Interior, ao Jesus Cristo Íntimo que deve surgir do fundo de nosso Espírito, de nossa Alma mediante uma disciplina e uma práxis especial, chamada Iniciação.

Autor: Monsenhor Karl Bunn

Gnose: A Fé que não Salva


Desde os primeiros séculos do cristianismo, quando o texto grego do Evangelho foi traduzido para o latim, principiou a funesta associação de crer com fé. A palavra grega para fé é pistis, cujo verbo é pisteuein.

Infelizmente, o substantivo latino fides, correspondente a pistis, não tem verbo e, assim, os tradutores latinos viram-se obrigados a recorrer a um verbo de outro radical para exprimir o grego pisteuein: credere, que em português deu crer.

Nenhuma das cinco línguas neo-latinas português, espanhol, italiano, francês, romeno – possui verbo derivado do substantivo fides, fé; todas essas línguas são obrigadas a recorrer a um verbo derivado de credere.

Ora, a palavra pistis ou fides significa, originalmente, harmonia, sintonia, consonância. Portanto, ter fé é estabelecer ou ter sintonia e harmonia entre o espírito humano e o espírito divino.

Nos tempos modernos, é fácil estabelecer o seguinte paralelo ilustrativo: um receptor de rádio só recebe a onda eletrônica emitida pela estação emissora, quando o receptor está sintonizado ou afinado perfeitamente com a freqüência da emissora; se a emissora, por exemplo, emite uma onda de freqüência 100, o meu receptor só reage a essa onda e recebe-a quando está sintonizado com a freqüência 100; só neste caso, o meu receptor tem fé, fidelidade, harmonia ou está em consonância com a emissora.

Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia. Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe, e apesar disso, não ter fé. Ter fé é estar em sintonia com Deus, tanto pela consciência como também pela vivência, ao passo que um homem sem sintonia com Deus pela consciência e pela vivência, pela mística e pela ética, pode crer vagamente em Deus.

Crer é um ato de boa vontade; ter fé é uma atitude de consciência e de vivência. A conhecida frase “quem crer será salvo, quem não crer será condenado”, é absurda e blasfema no sentido em que ela é geralmente usada pelos teólogos. Mas, se lhe dermos o sentido verdadeiro, ela está certa, porque a salvação não é outra coisa senão a harmonia da consciência e da vivência com Deus.

A substituição de “ter fé” por “crer” há quase dois mil anos desviou a teologia e deturpou profundamente a mensagem do Cristo.

Autor: Huberto Rohden
Este texto é parte de uma nota escrita por Huberto Rohden em seu livro “A Mensagem Viva do Cristo”, pág. 90 ed. Alvorada, sétima edição.

Os Rituais da Igreja Gnóstica



Os Rituais da Igreja Gnóstica são tão antigos quanto o mundo; constituem o esoterismo mágico do antigo Egito, o tantrismo oculto no próprio fundo da Arca da Ciência, a Magia Crística transcendental e divina; são invocações litúrgicas de divindades egípcias, cuja realidade fundamenta-se nos mesmíssimos tesouros das terras sagradas do Nilo; é o Verbo de Rá condensado cientificamente em cada mantra, prece e invocação esotérica profunda.

Os Mistérios de Ísis, Osiris e Hórus são provenientes de um Período Netuniano-Amentino que se perde na noite aterradora das Idades. Nos Mistérios Egípcios vibra Rá, o Logos, a Potência que jaz imanente em cada partícula atômica do universo.

As cerimônias mágicas egípcias operam extraordinariamente, manejando forças que se propagam, em seguida, na atmosfera deste mundo para o bem de muitos aspirantes da Luz. Os Deuses invocados acorrem pressurosamente; Eles têm autêntica realidade; sempre existiram e sempre existirão. Em vão os profanos e profanadores tentarão zombar dos Deuses Santos. Na verdade, essas Deidades não só governaram o mundo em tempos mais ditosos como também se manifestam liturgicamente para o bem de nossos neófitos nesta hora de crise mundial e de ruína dos princípios éticos.

Quando a humanidade abandonou o culto aos Deuses Santos caiu no materialismo grosseiro desta espantosa época de Kali-Yuga. Num futuro próximo, os Deuses farão sentir, cada vez mais, sua influência sobre a espécie humana. Nós nos adiantamos no tempo ao invocar esses Seres Inefáveis durante os trabalhos litúrgicos-mágicos-esotéricos — tão importantes que são para nossa cristificação.

Sem dúvida, os Guardiões da Esfinge Elemental do Deserto nos vigiam nesses momentos quando, com tanto amor, ritualizando, condensamos a sabedoria dos antigos tempos. Não há dúvida que Deus se encontra na Liturgia, no caminho místico litúrgico, no caminho estreito, apertado e difícil que sempre enfatiza a Liturgia Gnóstica.

Cada ritual da Igreja Gnóstica é uma aula para a Consciência; compreende, agora, o estudante o porquê da linguagem alegórica, simbólica e mística da Liturgia Gnóstica. É óbvio que a Consciência transcende a mera intelectualização; jamais se poderia empregar com a Consciência a mesma linguagem que para o intelecto.

É preciso fazer distinção entre intelecto e Consciência. O intelecto é educado intelectualmente; a Consciência, com a dialética da Consciência. No fundo, o sistema ritualístico é dialético e ritualístico. Trata-se de uma didática transcendental, baseada na Lógica Superior.

A Lógica Superior não é conhecida pelos adeptos da lógica aristotélica. Todavia, diremos que a Lógica Superior transcende as fórmulas intelectuais da dialética e da lógica formal, ficando, em última análise, reduzidas a simples palavras vazias e superficiais.

Os rituais condensados no Livro de Liturgia da Igreja Gnóstica possuem fundamentos lógicos transcendentais que, sem dúvida, representam um avanço em direção aos princípios psicológicos ritualísticos. A Unção, em si mesma e por si mesma, é algo extraordinário. É evidente que, mediante o ritual, átomos crísticos de altíssima voltagem descem do mundo do Logos para impregnarem o pão e o vinho da transubstanciação.

Ao comer o pão e beber o vinho os neófitos levam para o interior de seu corpo esses átomos de extraordinário e crístico esplendor. Como o caminho costuma ser difícil e árduo, e nós nos encontramos num estado verdadeiramente caótico e grosseiro, é óbvio que precisamos de ajuda eficaz. Os átomos crísticos nos auxiliam, nos instruem, nos iluminam, e assim, podemos caminhar para a auto-realização íntima do Ser.

Autor: V. M.  Samael Aun Weor
* Prólogo do Manual de Liturgia da Igreja Gnóstica.

Invocações e Evocações: Vozes Entre os Véus

Desde as eras mais remotas da humanidade, o ser humano buscou estabelecer contato com o invisível. As fogueiras dos xamãs, os altares dos ma...