sábado, 20 de maio de 2017

Zazen



Zazen (japonês: 坐禅; chinês: zuò chán (pinyin) ou tso-chan (Wade-Giles)) é a base da prática Zen Budista. O objetivo do zazen é "apenas sentar", com a mente aberta, sem apegar-se aos pensamentos que fluem livremente. Isto é feito tanto através do uso de koans, o principal método Rinzai, ou o sentar-se completamente alerta (o "apenas sentar", shikantaza), o qual é o método da escola Soto. O princípio do zazen é o de que uma vez que a mente esteja livre de suas diversas camadas, pode-se realizar a natureza búdica, atingindo-se a iluminação (satori).

Prática

A prática do zazen consiste basicamente em sentar-se em uma posição confortável, com a coluna ereta, em períodos de até 40 minutos, intercalados com meditação andando (Kinhin). Durante esse tempo deve-se procurar observar os pensamentos e sensações que surgem, sem buscar reprimi-los, causá-los ou julgá-los. É tradicional o uso de zafu e zabuton como almofadas, na qual o praticante fica sentado.

Um excelente guia para a prática do zazen foi escrita pelo monge zen budista japonês Dogen no século XIII.

Satipatthana



Satipaṭṭhāna é a palavra em páli para o conceito budista das fundações da atenção plena.

As quatro bases da atenção plena (Pāli: cattāro satipaṭṭhānā) são quatro praticas detalhadas no Satipatthana Sutta para atingir e manter plena atenção momento a momento , sendo base fundamental na meditação budista. As quatro bases da plena atenção são:

Plena atenção no corpo (kāya-sati)
Plena atenção nas sensações (vedanā-sati)
Plena atenção na mente (citta-sati)
Plena atenção nos fenômenos mentais, ou objetos mentais (dhammā-sati)
A pratica de plena atenção com essa base é encontrada principalmente no Budismo Teravada e nos movimentos modernos de meditação Vipassana.

No Canon em Pali (Tipitaka) o Mahasatipatthana Sutta (Grande discurso nas fundações da atenção plena) é a principal referencia para a pratica de Satipatthana, embora haja mais de cem discursos do Buda neste tema espalhados pelo Canon.

Shikantaza



Shikantaza (只管打坐?) é um termo japonês sinônimo de "zazen". Foi introduzido por Dogen Zenji. É associado primariamente à escola zen soto. Significa, literalmente, "apenas sentar".

Introdução

Shikantaza é um conceito da escola soto de zen que descreve a meditação zazen. Embora a prática de zazen, meditação sentada que une atenção e concentração, pareça visar a certos objetivos e utilizar de certos métodos, a ideia veiculada pela shikantaza é a de que o zazen não deve ser praticado perguntando-se sobre a prática, ou esperando obter-se qualquer benefício, mas simplesmente sentando-se.

Shikantaza, portanto, não possui qualquer técnica separada da atitude mental própria à prática do zazen. Consiste em se separar, no sentido de deixar as sensações e pensamentos emergirem até que desapareçam, sem tentar prolongá-los nem eliminá-los. Desta forma, os pensamentos desaparecem por si mesmos, pelo fato de que o meditante não busca nada em particular.

O shikantaza aponta para a consumação da prática: o despertar da natureza búdica presente em cada um, cuja manifestação era entravada pelo apego, inclusive apego pela própria prática.

Sete Fatores da Iluminação



Os Sete fatores da iluminação ou Bojjanga (bodhi /iluminação + anga /fatores) são descritos pelo Buda como fatores que levam à iluminação quando desenvolvidos. É um conceito presente em várias partes do cânon em páli, listados como:

Atenção plena (sati)
Investigação dos fenômenos (dhamma-vicaya)
Energia (viriya)
Êxtase (piti)
Tranquilidade (passaddhi)
Concentração (samadhi)
Equanimidade (upekkha)

Kammatthana



kammatthana é um termo em páli que significa "base de trabalho" ou "lugar de trabalho". Refere-se a objetos de meditação, existindo tradicionalmente 40 objetos de meditação prescritos pelo Buda de acordo com o Visuddhimagga. A contemplação de um kammatthana específico pode ser adequada para opor-se a contaminações (Kilesas) específicas, ou se adequarem mais a personalidade de um meditador do que de outro.

Os quarenta objetos

De acordo com o Vishuddhimagga são prescritos pelo Buda:

Dez Kasinas

Terra
Água
Fogo
Ar/Vento
Azul/Verde
Amarelo
Vermelho
Branco
Espaço fechado
Luz brilhante

Dez Asuba

Cadáver inchado
Cadáver descolorido, azul
Cadáver apodrecendo
Cadáver estourado
Cadáver roído
Cadáver desmembrado
Cadáver com as partes separadas e dispersas
Cadáver ensanguentado
Cadáver devorado por vermes
Esqueleto

Dez Anussati

As primeiras três são das qualidades das três joias:

Buddha
Dhamma
Sangha
As três seguintes são contemplações das virtudes de:

Sila (Moralidade)
Generosidade
Os grandes atributos dos Devas
E Contemplação do:

Corpo
Morte
Respiração
Paz (Nibbana)

Quatro Brahma-vihara

Amor incondicional (Metta)
Compaixão (Karuna)
Alegria pelo sucesso alheio (Mudita)
Equanimidade (upekkha)

Quatro estados sem forma (arūpajhānas)

Espaço infinito
Consciência infinita
Nada infinito
Estado da 'nem percepção, nem não-percepção'

Objetos de meditação e temperamentos

Todos os objetos acima podem ser usados para suprimir os cinco obstáculos, permitindo conquistar sabedoria. Qualquer um pode usar um objeto de meditação específico como antídoto, como por exemplo meditar em asuba para contrapor à luxúria.

Os comentários do cânon recomendam alguns objetos de acordo com a personalidade:

Cobiçoso: Asuba ou partes do corpo
Raivoso: Brahma-viharas

Iludido: Plena atenção na respiração

Confiante: Os seis primeiros Anussati
Inteligente: Recordação da morte ou paz, percepção da repulsa na comida, ou a análise dos quatro elementos
Especulativo: Plena atenção na respiração
As seis kasinas não relacionadas a cor servem para todos os temperamentos.

Dzogchen



De acordo com o Budismo Tibetano e Bön, Dzogchen (Tib.: Rdzogs chen; Sâns.: Mahāsaṅdhi ou Atiyoga) é o estado primordial ou condição natural, e também um corpo de ensinamentos e práticas meditativas com o objetivo de realizar tal condição. Dzogchen, ou "Grande Perfeição", é um ensinamento central da escola Nyingma também praticado por adeptos de outras escolas do Budismo Tibetano. Segundo a literatura Dzogchen, este é o mais alto e definitivo caminho rumo à iluminação.

Da perspectiva de Dzogchen, é dito que a natureza última de todos os seres sencientes é pura, abrangente, primordialmente límpida e naturalmente clara além do tempo. Esta clareza intrínseca não possui forma própria e ainda é capaz de perceber, experienciando, refletindo, ou expressando em toda a sua forma. A analogia que os mestres Dzogchen fazem é que a natureza de um ser é como um espelho que reflete com completa abertura mas não é afetado pelas imagens refletidas, ou como uma bola de cristal que reflete a cor do material em que é colocada sem, no entanto, ser alterada. A sabedoria que emerge ao reconhecer essa claridade semelhante ao espelho (que não pode ser encontrada pela busca ou identificada) é o que no Dzogchen se refere como rigpa.

Há um consenso bastante amplo em meio aos lamas das tradições Nyingma e Sarma que o fim do estado de Dzogchen e Mahamudra são o mesmo. Os ensinamentos Madhyamaka sobre a vacuidade são fundamentais e completamente compatíveis com as práticas de Dzogchen. A essência do Mahamudra é vista como sendo a mesma que o Dzogchen, exceto que o primeiro não inclui thödgal.

Nomenclatura e Etimologia

A palavra Dzogchen pode ser traduzida de variadas maneiras como Grande Perfeição, Grande Completude e Completude Total. Estes termos também transmitem a ideia de que a nossa natureza tem muitas qualidade que a tornam perfeita. Entre essas qualidades se encontram a indestrutibilidade, pureza incorruptível, abertura não-discriminativa, clareza perfeita, profunda simplicidade, presença que tudo permeia e igualdade entre todos os seres (por exemplo, a qualidade, quantidade e funcionalidade dessa consciência é exatamente a mesma em todos os seres do universo). Diz-se que as impressionantes qualidades pessoais do Buda plenamente iluminado são derivadas do fato de que ele estava totalmente alinhado com esta pré-existente natureza primordial. Descrições de um buda onisciente se referem à sua natureza última. O termo tibetano dzogchen às vezes é entendido como uma interpretação do sânscrito mahāsandhi, e também costuma ser usado para se referir ao termo sânscrito atiyoga (yoga primordial).

O termo dzogchen também designa a prática e o corpo de ensinamentos cujo objetivo é ajudar a reconhecer o estado de Dzogchen, adquirir confiança nisso e desenvolver a capacidade de manter este estado continuamente.

Em seu livro Mipham's beacon of certainty: illuminating the view of Dzogchen, the Great Perfection, John Pettit esclarece os vários usos e implicações do termo "Dzogchen" que muitas vezes são confundidos:

"Grande Perfeição" variadamente refere-se aos textos (āgama, lung) e instruções orais (upadeśa, man ngag) que indicam a natureza da sabedoria iluminada (rdzogs chen gyi gzhung dang man ngag), a convenção verbal desses textos (rdzogs chen gyi chos skad), os yogis que meditam de acordo com estes textos e instruções (rdzogs chen gyi rnal 'byor pa), um famoso monastério onde a Grande Perfeição foi praticada por monges e yogis (rdzogs chen dgon sde), e o sistema filosófico (siddhānta, grub mtha') ou visão (darśana, lta ba) da Grande Perfeição. —

Maha Ati

Maha Ati é um termo cunhado por Chögyam Trungpa, um mestre das linhagens Kagyu e Nyingma do Budismo Tibetano Vajrayana. Ele geralmente preferia introduzir aos seus alunos os termos em Sânscrito ao invés de Tibetano e sentia que "Maha Ati" era o equivalente mais próximo para "Dzogpa Chenpo", embora reconhecesse que era uma escolha pouco ortodoxa.

Vipassana



Vipassanā (Pāli) ou vipaśyanā (em sânscrito: विपश्यना; em chinês: 觀 guān; em tibetano: ལྷག་མཐོང་, lhaktong; Wyl. lhag mthong) na tradição Budista significa insight na natureza da realidade, esta marcada pelas três característica da existência.

A dualidade samatha/vipassana é normalmente usada para discernir dois aspectos da meditação budista, respectivamente concentração-tranquilidade e investigação.

Vipassana também pode ser usado para referenciar as escolas Theravada de meditação que adotam esse aspecto como predominante na prática budista, como por exemplo, Mahasi Sayadaw e S. N. Goenka.

Meditação

Vipassana pode ser desenvolvido de várias maneiras, através de contemplações, introspecção, observação de sensações, observação analítica etc. Sempre tendo como meta o insight. As práticas podem variar entre as escolas e professores sendo, por exemplo, uma variante comum o grau de concentração necessário, que pode variar entre atenção simples (bare attention) à prática dos Jhanas.

Está presente tanto no Theravada quanto no Mahayana, embora o termo seja mais associado com o Theravada enquanto no Mahayana este aspecto está embutido em práticas como o Zazen e o Dzogchen.

Modernidade

Houve popularização crescente de meditações Vipassana nas últimas décadas. Alguns métodos em destaque são:

Mahasi Sayadaw

Popularizado pelo monge Birmanês Mahasi Sayadaw, coloca ênfase na concentração no momento presente e observação dos fenômenos.[5] Há ênfase na prática de retiros intensos e longos.

S.N. Goenka

Popularizado por S. N. Goenka, na linhagem de Sayagyi U Ba Khin e Ledi Sayadaw. Os centros fundados por Goenka se espalharam amplamente pelo mundo. A técnica tem como base anapanasati (meditação na respiração) e observação das sensações do corpo.

Pa Auk Sayadaw

Baseado no Visuddhimagga, o método de Pa Auk promove o desenvolvimento dos quatro Jhanas. O insight vem através da observação dos quatro elementos (terra, água, fogo e ar) através das sensações de solidez, fluidez, calor e movimento.

Tradição Tailandesa das florestas

Uma tradição monástica que influenciou amplamente o movimento moderno de meditação. Possui ênfase no uso de Kammathanas, sem uma técnica específica rígida. Propõe um balanço equilibrado entre samatha e vipassana, onde "Sabedoria desenvolve Samadhi e Samadhi desenvolve Sabedoria". Um dos mais proeminentes professores foi Ajahn Chah.

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