sábado, 19 de dezembro de 2015

Annie Besant-O Homem E Os Seus Corpos Parte 2



O CORPO ASTRAL OU CORPO DE DESEJOS

Estudamos o corpo físico do homem, tanto nas suas partes visíveis, como nas invisíveis, e compreendemos que o homem - a entidade viva, consciente - quando se acha no estado de vigília, vivendo no mundo físico, só pode exprimir o seu conhecimento e manifestar o seu poder por intermédio do seu corpo físico. O grau de perfeição ou de imperfeição da sua expressão no plano físico depende do grau de perfeição ou de imperfeição do desenvolvimento do seu corpo. Enquanto o homem funcionar no mundo inferior, o corpo constituirá o seu limite, formando em volta dêle um verdadeiro círculo de defesa. Tudo quanto não puder ultrapassar êste círculo, não se poderá manifestar na terra. Calcule-se, pois, a importância que o corpo físico toma aos olhos do homem que se acha em plena evolução. Dá-se o mesmo caso quando o homem, destituído do corpo físico, funciona noutra região do universo, no plano astral ou mundo astral; nesse plano também só lhe é permitido exprimir tanto poder ou conhecimento quanto o seu corpo astral lhe consente. Êste constitui, por assim dizer, um veículo e uma limitação. O homem é mais do que os seus corpos; possui muita coisa que é incapaz de manifestar tanto no plano físico, como no plano astral; mas o pouco que êle consegue exprimir pode considerar-se como o homem nessa região especial do universo. A manifestação do seu Eu neste mundo astral acha-se limitada pelo seu corpo astral. E quando passarmos ao estudo dos mundos superiores, veremos que quanto mais o homem se fôr desenvolvendo na sua evolução, mais poder terá o seu Eu de se exprimir, e mais perfeitos e elevados se irão tornando os veículos da consciência.
Antes de penetrarmos mais avante nestes terrenos relativamente desconhecidos à maioria das pessoas, bom será lembrarmos aos nossos leitores que de modo nenhum pretendemos mostrar uma ciência infalível ou um poder de observação inigualável. Os erros de observação ou de interpretação cometem-se com a mesma facilidade nos planos mais elevados, como no plano físico: nunca se deve perder de vista esta possibilidade. É claro, à medida que o conhecimento e a prática forem aumentando, ir-se-ão eliminando gradualmente êstes erros. A autora é uma simples estudante e, como tal, suscetível de cometer erros que mais tarde terão de ser corrigidos; mas êstes erros não dirão respeito senão aos detalhes; os princípios gerais e as conclusões principais, êsses permanecerão intactos.
Antes de mais nada, é mister compreender claramente a significação das palavras "mundo astral" ou "plano astral". O mundo astral constitui uma região definida do universo, que rodeia e penetra o mundo físico, conservando-se contudo imperceptível aos nossos meios vulgares de observação, por ser composto duma substância de ordem diferente. Se pegarmos no último átomo físico e o desagregarmos, desaparecerá êste sob o ponto de vista físico; porém descobrimos que se compõe de numerosas partículas da qualidade mais grosseira da substância astral, isto é, da matéria sólida do mundo astral.
Já nos referimos aos sete estados inferiores da matéria física: os estados sólido, líquido,gasoso e quatro etéricos, reunidas nesta classificação as inúmeras combinações que formam o mundo físico. Do mesmo modo existem sete estados inferiores de matéria astral, correspondentes aos sete estados da matéria física, que por sua vez abrangem as inúmeras combinações que de modo idêntico formam o mundo astral. Todos os átomos físicos têm invólucros astrais; a matéria astral forma assim o que nós chamaríamos a matriz da matéria física que nela se acha engastada.
A matéria astral serve de veículo a Jiva, a Vida Una que tudo anima; graças à matéria astral as correntes de Jiva envolvem, sustentam e alimentam tôdas as partículas de matéria física, e produzem, não só o que vulgarmente se chama fôrças vitais, mas também tôdas as energias elétricas, magnéticas e químicas, a atração, a coesão, a repulsão com outras fôrças análogas. Tudo isto constitui diferenciações múltiplas da Vida Una, em cujo seio os universos flutuam como os peixes no Oceano. Jiva passa do mundo astral, que penetra intimamente no mundo físico, para o éter dêste último, transformando-o no veículo que transmite tôdas estas fôrças aos estados inferiores do plano físico, onde finalmente se manifesta a sua ação. Se graças a um esfôrço de imaginação suprimíssemos de repente o mundo físico, encontraríamos uma reprodução perfeita dêle na substância astral,e se supuséssemos tôda a humanidade dotada de faculdades ativas astrais, veríamos que, ao princípio, os homens e as mulheres não se aperceberiam da mudança sobrevinda em volta dêles. As pessoas "mortas" , quando despertam nas regiões inferiores do mundo astral, acham-se freqüentemente nesse estado, julgando que ainda vivem no mundo físico.
Como entre nós é rara a pessoa que já tenha adquirido visão astral, é mister insistir na realidade relativa do mundo astral, que é, afinal, uma parte do universo fenomenal, e na necessidade de o ver com o olhar mental, à falta de visão astral. O mundo astral é tão real como o mundo físico; é mesmo mais real porque se acha menos afastado da Realidade Una. Os seus fenômenos são tão acessíveis ao observador competente, como os fenômenos do plano físico. No mundo físico um homem cego não pode ver os objetos físicos,e existem mesmo muitas coisas que só com a ajuda de aparelhos, microscópios, espectroscópios,conseguem ser observadas; no mundo astral acontece exatamente o mesmo.
As pessoas astralmente cegas não vêem nada e há muita coisa que escapa à visão astral vulgar, ou seja à clarividência. Contudo muitas pessoas poderiam, no presente estado de evolução, desenvolver os sentidos astrais, e realmente há algumas que os desenvolvem  até certo ponto, tornando-se assim suscetíveis de receber as vibrações mais sutis do plano astral. Essas pessoas podem evidentemente ser induzidas a erro, como as crianças quando principiam a fazer uso dos sentidos físicos, mas êstes erros vão sendo eliminados à medida que adquirem uma experiência mais vasta; em pouco tempo conseguem ver e ouvir com a mesma nitidez no plano astral como no plano físico. É preferível não forçar êste desenvolvimento por meios artificiais porque o mundo físico é mais que suficiente para quem não tenha adquirido um certo grau de energia espiritual; as visões, os sons e os fenômenos gerais do plano astral podem perturbar e mesmo alarmar os incautos. Mas lá virá finalmente um dia em que o homem atinge aquêle estado mais avançado, e a sua consciência, gradualmente desperta, verá manifestar-se, em tôda a sua realidade relativa à parte astral do mundo invisível.
Para obter êste desiderato, não basta possuir um corpo astral, pois todos nós o possuímos; o que é importante é ter um corpo astral perfeitamente organizado e em estado de funcionar livremente, e uma consciência que se habitue a agir dentro dêsse corpo, pois não deve de modo nenhum agir só através dêle sôbre o corpo físico. Todos trabalham constantemente através do corpo astral; bem poucos trabalham nêle, separando-se do corpo físico. Sem a ação geral por intermédio do corpo astral, não poderia existir uma ligação entre o mundo externo e a inteligência do homem, uma ligação entre as impressões recebidas pelos sentidos físicos e a percepção delas pela inteligência. A impressão transforma-se em sensação ao chegar ao corpo astral e só então é percebida pela inteligência.
O corpo astral, onde se acham os centros da sensação, é muitas vêzes denominado o homem astral, do mesmo modo como poderíamos designar o corpo físico por homem físico; porém, na realidade, é só um veículo, um estôjo, como diriam os vedantinos,no qual o homem funciona e por intermédio do qual atinge o veículo mais grosseiro, ou seja o corpo físico, e é por êle atingido.
Quanto à sua constituição, o corpo astral compõe-se de sete estados inferiores de matéria astral e cada um dêstes estados se pode decompor em materiais mais grosseiros ou mais sutis. É fácil imaginarmos o homem num corpo astral bem formado; tiremos-lhes o corpo físico e vê-lo-emos surgir numa forma luminosa e sutil, constituindo uma cópia exata do primeiro corpo visível à visão clarividente, embora seja invisível ao olhar profano.
Disse: "um corpo astral bem formado", porque o homem pouco evoluído apresenta, quando visto no seu corpo astral, um aspecto extremamente incoerente. Os contornos são indefinidos, os materiais de que é composto estão inertes e mal colocados e, se o separarem do corpo, constituirá somente uma nuvem ilusória e indefinida, absolutamente incapaz de agir como um veículo independente; na realidade, é mais pròpriamente um fragmento de matéria astral do que um corpo astral organizado; constitui uma massa de proto-plasma astral, de aspecto amibóide. Um corpo astral bem conformado dá a entender que o homem alcançou um nível razoável de cultura intelectual ou de desenvolvimento espiritual, e portanto pelo aspecto do corpo astral depreende-se o progresso feito pelo seu dono. A nitidez dos seus contornos, a luminosidade dos seus materiais e a perfeição da sua organização permitem-nos avaliar o estado de evolução atingido pelo Ego que dêle faz uso. 
Nota: O têrmo "astral", estrelado, não é dos mais felizes, mas tem-se feito tão largo uso dêle durante tantos séculos para indicar a matéria imediatamente superior à matéria física, que seria agora difícil desalojá-lo. Os primeiros observadores escolheram-no provàvelmente devido à aparência luminosa da matéria astral, quando comparada com a física. Para melhor compreensão do assunto, aconselha-se a leitura do manual O Plano Astral, de C. W. Leadbeater.
E agora ocupemo-nos da questão do aperfeiçoamento, que nos interessa a todos igualmente.
Será bom lembrarmo-nos de que o aperfeiçoamento do corpo astral se baseia,por um lado, na purificação do corpo físico, e por outro, na purificação e no desenvolvimento do espírito. O corpo astral é especialmente sensível às impressões do pensamento,porque a matéria astral responde mais prontamente aos impulsos do mundo mental do que a matéria física. Quando consideramos o mundo astral, vemo-lo repleto de formas variáveis; distinguirmos as "formas de pensamento", isto é, formas compostas de essência elemental e animadas por um pensamento; notamos também quantidades consideráveis desta essência elemental, da qual emergem constantemente formas e imagens que nela tornam a desaparecer. Se observarmos cuidadosamente, veremos perpassar correntes de pensamento por esta matéria astral; os pensamentos fortes arranjam invólucros de matéria astral e persistem durante muito tempo, como verdadeiras entidades, ao passo que os pensamentos fracos revestem apenas uma forma vaga que em breve se esvai novamente. O mundo astral acha-se portanto eternamente submetido a mudanças causadas pelos impulsos do pensamento, e o corpo astral do homem, composto dessa mesma matéria, também se apressa a responder à impressão dos pensamentos, vibrando em uníssono com todos os pensamentos que o assaltam, quer dimanem do exterior, das mentes dos outros homens, quer brotem do íntimo da sua própria mente. Estudemos a influência produzida no corpo astral por estas impressões externas e internas. Vemo-lo penetrando o corpo físico e envolvendo-o em tôdas as direções, semelhante a uma nuvem coloria. As côres variam segundo a natureza do homem, segundo a sua natureza inferior, animal, passional, e a parte que envolve exteriormente o corpo físico é designada sob o nome de aura kâmica, visto pertencer ao Kâma ou corpo de desejo, vulgarmente chamado o corpo astral do homem.
Por ser o corpo astral o veículo da consciência kâmica do homem, constitui a sede de tôdas as paixões, de todos os desejos animais; é o centro dos sentidos, donde, como já dissemos, brotam tôdas as sensações. Ao contacto dos pensamentos, vibra e muda constantemente de côr; se o homem se encoleriza, são dardejados raios vermelhos; se se sente apaixonado, as irradiações tingem-se de uma côr-de-rosa suave. Se os pensamentos do homem são nobres e elevados, necessitam de matéria astral sutil para lhes corresponder;a ação dêstes pensamentos sôbre o corpo astral manifesta-se então pela eliminação das partículas grosseiras e espêssas de cada subplano e pela aquisição de elementos mais delicados. O corpo astral dum homem cujos pensamentos são baixos e animais, é grosseiro, espêsso, escuro, às vêzes opaco a ponto de se distinguir dificilmente o contôrno do corpo físico; ao passo que o corpo astral do homem evoluído é sutil, claro, luminoso e brilhante, constituindo um objeto de peregrina formosura. Neste caso, as paixões inferiores foram dominadas e a ação selecionadora da mente acabou por purificar a matéria astral. Portanto depreende-se daqui que os pensamentos nobres purificam o corpo astral, mesmo quando não se trabalha conscientemente para êsse fim. Além disso, devemo-nos lembrar que êste trabalho íntimo exerce uma influência poderosa sôbre os pensamentos do exterior que o corpo astral atrai. Um corpo ao qual o possuidor permite responder habitualmente aos pensamentos malignos, atua como um ímã sôbre tôdas as formas de pensamentos semelhantes que vagueiam no ambiente. O mesmo não sucede ao corpo astral puro que, pelo contrário, atua sôbre êsses pensamentos com uma energia repulsiva, e só atrai as formas de pensamentos de natureza idêntica à sua. 

Nota: Está idéia de separar a "aura" do homem, como se fôsse uma coisa diferente dêle, pode induzir a êrro, embora seja perfeitamente natural sob o ponto de vista da observação. A "aura" consiste, segundo a linguagem vulgar, numa nuvem que envolve o corpo; na verdade o homem vive em vários planos, envergando em cada um a veste adequada a êsse plano. Tôdas as vestes penetram umas nas outras; a mais pequena, a mais humilde delas tôdas, chama-se "o corpo", e a substância mista das outras é denominada "aura" quando se estende para além dêsse corpo. Portanto, a aura kâmica é simplesmente a parte do corpo kâmico que se estende para além do corpo físico.

Como já acima dissemos, o corpo astral apóia-se em parte no corpo físico, ressentindo-se da pureza ou da impureza dêste. Já vimos que os sólidos, os líquidos, os gases e as diversas espécies de éter de que o corpo físico se compõe, podem ser grosseiros ou requintados, densos ou sutis. Por sua vez, a natureza destas substâncias influencia a natureza dos seus invólucros astrais correspondentes. Se, devido à nossa indiferença pelo físico, edificarmos partículas sólidas e impuras no corpo grosseiro, é certo atrairmos os elementos impuros correspondentes ao "sólido" astral, como doravante lhe chamaremos.
Se, pelo contrário, edificarmos no nosso corpo grosseiro partículas sólidas puras,atrairemos o que existe de mais puro no elemento sólido astral correspondente. Portanto a purificação do corpo físico que consiste na alimentação pura, excluindo tudo quanto possa corromper o organismo, como já o sangue dos animais, o álcool e outras coisas impuras e degradantes, não só serve para aperfeiçoar o nosso veículo físico da consciência corno também nos ajuda a purificar o veículo astral e a extrair do mundo astral materiais mais sutis e mais delicados para sua construção. Os efeitos desta operação, além de serem muito importantes no que diz respeito à vida presente sôbre a terra, também se repercutem, como veremos mais tarde, no nôvo estado que se segue à morte, quando vivermos no mundo astral, e no corpo que envergaremos na nossa próxima vida sôbre a terra.
E não ficamos por aqui: certas qualidades de alimento atraem para o corpo astral certas entidades malignas pertencentes ao mundo astral, pois é preciso que se note que não só temos de nos haver com a matéria astral, mas também com o que chamamos elementais dessa região. São entidades de natureza diferente, mais ou menos vis, que existem nesse plano, engendradas pelos pensamentos dos homens; além disso, também há no mundo astral homens depravados, enclausurados nos seus corpos astrais e conhecidos sob o nome de elementares. Os elementares são atraídos para as pessoas cujos corpos astrais contenham matéria de natureza idêntica à sua, e os elementares procuram naturalmente aquêles que praticam os mesmos vícios a que êles se entregavam durante a vida terrestre. Tôda e qualquer pessoa dotada de visão astral vê, ao passar pelas ruas de Londres, hordas de elementais repugnantes aglomerados em volta das lojas de carniceiros, ao passo que os elementares preferem freqüentar as cervejarias e os cafés, a fim de absorverem as emanações impuras dos licores, sempre à espreita de qualquer ocasião para se insinuarem nos corpos dos próprios consumidores. Êstes sêres são atraídos por todos quantos edificam os seus corpos com êstes materiais; parte da sua vida astral passa-se neste ambiente. E assim sucede em cada estado do plano astral; à medida que purificamos o físico, vamos atraindo a matéria astral de pureza correspondente.
É evidente que as possibilidades do corpo astral dependem muito da natureza dos materiais que nêle edificamos. Quanto mais purificamos os corpos, mais sutis se tornam, até que por fim cessam de responder aos impulsos baixos, e principiam a responder às influências mais elevadas do mundo astral. Fabricamos assim um instrumento que, embora pela sua natureza seja sensível às influências exteriores, perde gradualmente o poder de responder às vibrações inferiores e principia a responder às mais elevadas. 
Resumindo:é um instrumento cuja afinação só lhes permite vibrar com as notas mais altas. Do mesmo modo como conseguimos que uma corda produza uma vibração simpática, graças ao nosso cuidado em escolher o seu diâmetro, o seu comprimento e a sua tensão, assim também podemos afinar os nossos corpos astrais para que produzam vibrações simpáticas em uníssono com as nobres harmonias que por vêzes ressoam no nosso ambiente.Não se trata duma simples questão de especulação ou teoria, mas sim dum fato científico.
Pode-se afinar o corpo astral do mesmo modo como neste mundo se afina uma corda musical. A lei de causa e efeito é exatamente a mesma cá e lá; portanto apelemos para a lei, baseemo-nos na lei e poderemos contar com ela. O que necessitamos sobretudo é conhecimento e vontade de pôr em prática o conhecimento. Para principiar, podemos fazer experiências com êste conhecimento, tratá-lo como uma simples hipótese, em concordância com fatos passados no mundo inferior cuja existência conhecemos; mais tarde,à medida que purificarmos o corpo astral, a hipótese ir-se-á transformando em conhecimento.
Constituirá um assunto de observação direta, que nos permitirá verificar as teorias que previamente havíamos aceito como sendo só hipóteses provisórias.
Portanto, as nossas possibilidades de conhecer o mundo astral a fundo e de aí nos tornarmos realmente úteis, dependem, antes de mais nada, dêste processo de purificação. Existem métodos definidos de ioga, que ajudam a desenvolver os sentidos astrais dum modo racional e saudável, porém não vale a pena tentar ensinar êstes métodos a quem não tenha primeiro empregado êstes simples meios preparatórios de purificação.
Em geral, tôda a gente está ansiosa por experimentar qualquer nôvo método extraordinário de progredir, mas é trabalho perdido ensinar a ioga a pessoas que nem ao menos querem praticar êstes estados preparatórios na sua vida quotidiana. Suponhamos que principiássemos a ensinar qualquer forma simples de ioga a uma pessoa qualquer, sem preparação alguma; o nosso discípulo mergulharia nesse estudo com entusiasmo, porque era uma coisa nova, fora do vulgar, e esperaria colhêr resultados rápidos; mas antes de passar um ano, sentir-se-ia cansado daquela tensão regular, introduzida na sua vida quotidiana,e desconsolado pela ausência dum efeito imediato. Pouco habituado a um esfôrço persistente, continuado inviariàvelmente dia após dia, o estudante sucumbiria e renunciaria a tôda e qualquer prática. O engôdo da novidade desapareceria para dar lugar à saciedade.

Quando uma pessoa não pode ou não quer cumprir o dever relativamente simples e fácil de purificar os seus corpos físico e astral, pelo sacrifício momentâneo de certos maus hábitos na comida e na bebida, não deve perder tempo a procurar processos mais difíceis que a atraem pela novidade, mas que em breve ela abandonaria como um fardo insuportável.
Todo aquêle que não tiver praticado durante algum tempo êstes meios simples e humildes, não deve sequer pensar nos outros métodos especiais; só quando tiverem principiado a purificação, verão surgir novas possibilidades. O discípulo sentir-se-á gradualmente invadido pelo conhecimento, o seu olhar tornar-se-á mais penetrante, saberá distinguir as vibrações às quais responderá prontamente, o que lhe teria sido impossível fazer no tempo da sua cegueira e ignorância. Mais tarde ou mais cedo, segundo o carma do seu passado, ser-lhe-á dado fazer esta experiência; como uma criança que sente um grande prazer em ler, depois de ter vencido as dificuldades do alfabeto, assim também se apresentarão ao conhecimento do estudante possibilidades com que nunca sonhara nos dias da sua mocidade descuidada. Estender-se-ão ante êle novas perspectivas de conhecimento;um universo mais vasto desenrolar-se-á ante o seu olhar maravilhado.
Se agora estudarmos por momentos as funções do corpo astral durante o sono e no estado de vigília, poderemos apreciar dum modo fácil e rápido as suas funções como veículo da consciência separada do corpo. Se observarmos uma pessoa, primeiro adormecida, depois acordada, notaremos uma mudança muito pronunciada no corpo astral; quando está acordada, as atividades astrais (côres variáveis, etc.), manifestam-se dentro do corpo físico e na sua imediata proximidade; mas quanto está adormecida, produz-se uma separação, em resultado da qual vemos o corpo físico, isto é, o corpo grosseiro e o duplo etérico jazendo no leito, ao passo que o corpo astral se vê pairando na atmosfera por cima dêles. Fàcilmente reconhecemos se a evolução da pessoa que estudamos é medíocre,pelo aspecto de seu corpo astral, que se apresenta como uma nuvem informe, como já dissemos algures. Neste caso, o corpo astral não se pode afastar do seu corpo físico;como veículo da consciência, é absolutamente inútil; o homem que encerra acha-se num estado muito vago de sonho, visto não estar habituado a agir independentemente do corpo físico; pode mesmo dizer-se que está quase adormecido, por lhe faltar o intermediário usual do seu trabalho, achando-se, portanto, impossibilitado de receber impressões definidas do mundo astral, e de se exprimir nìtidamente através do seu corpo astral, tão mal organizado. As formas de pensamento que passam, podem influenciar os centros de sensação contidos nesse corpo astral, e é possível que êle responda aos estímulos que excitam a sua natureza inferior; contudo, para quem observa, o aspecto geral é tudo quanto há de mais sonolento e vago porque o corpo astral não possui nenhuma atividade definida,e contenta-se em pairar indolentemente, sem consistência, sôbre a forma física adormecida.
Se sobreviesse qualquer coisa que ameaçasse afastá-lo do seu companheiro físico, êste despertaria e o corpo astral apressar-se-ia a penetrar nêle novamente. Porém, se observarmos uma pessoa muito mais desenvolvida, isto é, uma pessoa já habituada a funcionar no mundo astral e a servir-se do corpo astral para êsse fim, veremos o corpo físico adormecer e o corpo astral surgir com o aspecto do próprio homem em plena consciência;os contornos dêsse corpo astral são perfeitamente nítidos e bem organizados, constituindo a reprodução exata do homem. E o homem pode servir-se dêle como dum veículo - um veículo mil vêzes mais conveniente que o corpo físico. O homem sente-se bem acordado e desenvolve muito mais atividade, trabalha com maior esmêro, com maior poder de compreensão do que quando se achava enclausurado no veículo físico mais grosseiro; além disso, pode-se mover livremente e transportar-se a grandes distâncias com a maior rapidez, sem com isso perturbar o corpo adormecido sôbre o leito.
Se essa pessoa ainda não tiver aprendido a estabelecer uma ligação entre seus veículos físico e astral, se se produzir uma descontinuidade na consciência quando, no momento de adormecer, o corpo astral o abandona, nesse caso o homem, quando volta ao seu veículo grosseiro, não consegue gravar no cérebro físico o conhecimento daquilo com que se ocupou durante a sua ausência, embora estivesse bem acordado e consciente no plano astral.
Nestas condições, a consciência no "estado de vigília" - segundo a expressão vulgarmente empregada para designar a forma mais limitada da nossa consciência - não partilhará das experiências do homem no mundo astral, embora êle as conheça perfeitamente;o organismo físico porém é demasiado espêsso para poder receber estas impressões.
Por vêzes, quando o corpo físico desperta, sente vagamente que se passou qualquer coisa de que não se pode lembrar nìtidamente; contudo, basta esta sensação para mostrar que a consciência funcionou no mundo astral independentemente do corpo físico, embora o cérebro não se ache em estado de coligir as mais pequenas recordações do ocorrido.
Noutras ocasiões, quando o corpo astral regressa ao corpo físico, homem consegue impressionar momentâneamente o duplo etérico e o corpo grosseiro, de modo que ao despertarem,êstes têm uma recordação nítida duma experiência adquirida no mundo astral;mas esta recordação desvanece-se ràpidamente e debalde nos esforçamos por retê-la;cada esfôrço que para isso empregamos só serve para afastar ainda mais a recordação,porque dá origem a fortes vibrações no cérebro físico que sobrepujam as vibrações sutis do cérebro astral. Há também casos em que o homem consegue gravar um nôvo conhecimento no cérebro físico, sem se recordar onde nem como adquiriu êsse conhecimento; quando isto sucede, as idéias surgem na consciência no estado de vigília, como se fôssem engendradas espontâneamente; a solução dum problema até ali ignorado apresentar-se-á subitamente ao cérebro, assuntos em que reinava a mais absoluta confusão se tornam compreensíveis; isto constitui um sintoma de progresso, pois mostra que o corpo astral se acha bem organizado, desenvolvendo uma grande atividade no mundo astral, embora o corpo físico evidencie uma receptividade ainda muito parcial. Finalmente há ocasiões em que o homem consegue fazer vibrar o cérebro físico em uníssono com o astral, e daí resulta o que nós consideramos um sonho muito nítido, conexo e coerente, um sonho que é por vêzes dado gozar à maior parte das pessoas que pensam. Nesse sonho o homem sente-se mais vivo do que no "estado de vigília" e pode mesmo adquirir  reconhecimento que o ajudará na sua vida física. Tudo isto constitui estados de progressos que indicam a evolução e a organização cada vez mais perfeita do corpo astral.
Mas, por outro lado, é mister compreendermos que as pessoas que obtêm progressos rápidos e verdadeiros na espiritualidade podem ter uma ação ativa e útil no mundo astral sem contudo gravarem no cérebro, quando regressam, a mínima recordação do trabalho que as ocupou. Contudo a sua consciência inferior vai-se sentindo gradualmente iluminada e invadida pelo conhecimento da verdade espiritual. Há uma coisa que pode servir de estímulo a todos os estudantes e na qual podem depositar tôda a confiança, embora a sua memória física não registre nenhuma experiência supra-física: à medida que aprendemos a trabalhar cada vez mais em prol dos outros; à medida que tentamos ser cada vez mais úteis para o mundo; à medida que a nossa devoção pelos Irmãos Mais Velhos da humanidade se torne mais forte e mais firme e que procuremos sinceramente realizar com perfeição a pequena parte que nos cabe na Sua grande obra, desenvolveremos inevitàvelmente êsse corpo astral e êsse poder de funcionar nêle que nos torna uns servos mais úteis. Quer conservemos ou não a memória física, é certo que abandonamos as nossas prisões físicas quando o corpo físico se acha profundamente adormecido e que desenvolvemos a nossa atividade no mundo astral dispensando auxílio e consolação a pessoas que de outra maneira nos seria impossível alcançar. Esta evolução continua ininterruptamente nos homens cujos pensamentos são puros e elevados e cujo único desejo é servir. Pode-se dar o caso de trabalharem durante anos e anos no mundo astral sem gravar a recordação dêsse trabalho na sua consciência inferior; podem exercer para bem do Universo podêres que ultrapassam tudo quanto êles se julgam capazes de fazer. Um belo dia, porém, quando o Carma o permitir, êsses homens obterão a consciência absoluta, ininterrupta que circula livremente entre o mundo físico e o mundo astral; chegará finalmente a ocasião de construir a ponte que permite à memória passar sem esfôrço dum mundo para o outro, de modo que o homem, ao regressar da sua labuta no mundo astral, poderá envergar a sua veste física, sem por um momento sequer perder a consciência.
Tal é a certeza permitida a todos os que escolhem uma vida de serviços altruístas. Serlhes-á dado adquirir um dia esta consciência ininterrupta, e daí em diante a vida para êles já não constará de dias de trabalho cuja recordação permanece intacta, intercalados de noites de esquecimento absoluto. Pelo contrário, a vida formará um todo contínuo em que o homem faz uso do corpo astral para o seu trabalho no mundo astral, enquanto o corpo físico jaz imóvel, gozando do repouso que lhe é necessário. Além disso, conservará inteira a cadeia dos pensamentos; sentir-se-á plenamente consciente ao abandonar o corpo físico, mesmo no próprio momento em que dêle emerge; continuará consciente da vida vivida fora do corpo físico, e saberá quando a êle regressa para de nôvo o envergar. E assim, enquanto as semanas e os anos vão passando, o homem conservará a consciência infatigável da existência do Ego individual, que lhe mostra o físico como sendo sòmente uma veste que pode despir e vestir a seu bel-prazer, e não um instrumento necessário ao seu pensamento e à sua vida. Saberá que o corpo físico, longe de ser necessário, torna pela sua ausência a vide muito mais ativa e o pensamento muito mais livre. 
Chegado a êste estado, o homem principia a compreender muito melhor o mundo e a sua própria vida no mundo; já percebe o que o espera, já atinge melhor as possibilidades da humanidade superior, vai vendo gradualmente que depois de ter adquirido a consciência física, e a consciência astral, outros estados de consciência ainda mais elevados se lhe oferecem; estados que pode conquistar um após outro, e que lhe permitirão tornar-se ativo em planos cada vez mais sublimes, percorrer mundos mais vastos, exercer podêres mais amplos, na qualidade de servo dos Santos Sêres, a fim de auxiliar e beneficiar a humanidade. Nessa altura, o homem começa a avaliar a vida física pelo seu justo valor; não se deixa perturbar pelo que acontece no mundo físico, como lhe sucedia antes de conhecer a outra vida mais completa, mais rica; mesmo a própria morte o deixa indiferente, quer se trate dêle próprio ou daqueles que pretende auxiliar. A vida terrestre retoma aos seus olhos o seu verdadeiro lugar, como sendo a parte mais insignificante da atividade humana; para êle não tornará a ser tão sombria como antes, porque a luz das regiões superiores vem iluminar os seus sítios mais recônditos.
Abandonemos agora o estudo das funções e possibilidades do corpo astral para considerar certos fenômenos com êle relacionados. O corpo astral, separado do corpo físico,pode-se mostrar a outras pessoas, durante a vida terrestre ou depois. A pessoa que exerce um domínio absoluto sôbre o corpo astral pode, é claro, abandonar o corpo físico quando lhe apetecer, para ir visitar um amigo. Se êste amigo fôr clarividente, isto é, se possuir visão astral, ser-lhe-á possível ver o corpo astral que o visita; se não fôr clarividente,o visitante pode densificar ligeiramente o seu veículo, incorporando partículas de matéria física existente na atmosfera que o envolve; consegue assim "materializar-se" o suficiente para se tornar visível à vista física. É dêste modo que se explicam as aparições de amigos a distância, fenômeno êste que é mais vulgar do que muita gente supõe, porque muitas pessoas tímidas não contam as experiências que lhes sucedem, com receio de serem ridicularizadas e apontadas de supersticiosas. Felizmente êsse receio vai diminuindo,e se todos tivessem o bom senso e a coragem de dizer aquilo que sabem ser verdadeiro,em breve teríamos uma quantidade de testemunhos acêrca de aparições de pessoas,cujos corpos físicos se acham muito afastados dos lugares onde os seus corpos astrais se mostram. Dado um certo número de circunstâncias, êstes corpos podem ser vistos, sem necessitar de materialização, por pessoas que normalmente não exercem a visão astral. Se uma pessoa tem o seu sistema nervoso num estado de hipertensão extrema,se o seu corpo físico não gozar de saúde, se a corrente de vitalidade se achar diminuída,nesse caso a atividade nervosa que tanto depende do duplo etérico pode ser estimulada e tornar o homem momentaneamente clarividente. Uma mãe sabe, por exemplo, que o filho se acha doente, em perigo de vida, numa terra estranha; a inquietação que a tortura pode torná-la sensível às vibrações astrais, especialmente durante a noite quando o grau de vitalidade é menor; nestas condições, é possível que veja o filho, se êste pensar nela e se o seu corpo se achar no estado de inconsciência que lhe permita visitá- la astralmente. Estas visitas ainda se tornam mais freqüentes logo após a morte da pessoa, quando acaba de se libertar do corpo físico e sobretudo quando o moribundo sente um forte desejo de ver um ente muito querido, ou no caso de não ter podido comunicar alguma coisa muito importante antes de ser surpreendido pela morte. Se continuarmos a observar o corpo astral após a morte, veremos introduzir-se uma modificação no seu aspecto, depois de se ter desembaraçado no duplo etérico e do corpo grosseiro. Enquanto o corpo astral se acha unido ao corpo físico, os estados inferiores da matéria astral, mais grosseiros e mais sutis, estão todos misturados entre si. Mas após a morte tudo é submetido a uma remodelação; as partículas dos diferentes estados inferiores separam-se umas das outras e colocam-se segundo a ordem das suas respectivas densidades, de modo que o corpo astral toma o aspecto de uma estratificação, ou antes, de uma série de invólucros concêntricos, dos quais o mais denso fica situado exteriormente. Isto mostra-nos novamente a importância da purificação do corpo astral durante a nossa vida terrestre, pois vemos que depois da morte não pode percorrer livremente o mundo astral. Êsse mundo contém sete subplanos e o homem acha-se encerrado no plano que corresponde à sua casca exterior. Quando êste invólucro exterior se desagrega, o homem eleva-se até ao subplano imediato e assim vai seguindo de um para outro. Um homem com tendências animais e vis contém forçosamente no seu corpo astral uma grande porção de matéria astral da qualidade mais grosseira e espêssa. Isto obriga-o a permanecer na região mais baixa do Kâmaloka; enquanto esta casca se não desagrega suficientemente, o homem tem de se submeter ao cativeiro nessa seção do mundo astral, sofrendo tôdas as atribulações que aí abundam. Quando esta casca exterior se desagregou o bastante para permitir a evasão do homem, êste apressa-se a passar para o nível seguinte do mundo astral, ou antes, talvez seja mais exato dizer que se torna suscetível de entrar em contato com as vibrações do subplano seguinte da matéria astral, o que a êle lhe dá a impressão de ter passado para uma região diferente. Depois se conserva aí até que a casca do sexto subplano se desagrega por sua vez, permitindo a passagem para o quinto subplano. A estada em cada subplano corresponde à fôrça das partículas da sua natureza representada no corpo astral pela quantidade de matéria pertencente a êste subplano. Portanto, quanto maior fôr a quantidade de elementos grosseiros, mais se prolongará a estada nos níveis inferiores do Kâmaloka. E do mesmo modo, quanto mais nos libertarmos dêsses elementos, mais rápida será a nossa estada nessas regiões para além da morte. Mesmo não conseguindo eliminar completamente os materiais mais grosseiros (pois a sua extirpação radical é difícil e leva tempo), é possível, durante a vida terrestre, afastar a consciência das paixões vis com tanta persistência que a matéria que serve para lhes dar expressão não poderá funcionar ativamente como um veículo da consciência; empregando uma analogia física, diremos que fica atrofiada! Neste caso, embora o homem se veja retido por um curto espaço de tempo nos níveis inferiores, passa-lo-á a dormir sossegadamente,sem sentir as coisas desagradáveis inerentes a êsses planos. A sua consciência tendo deixado de buscar uma expressão em qualquer dessas espécies de matéria, não se exteriorizará para entrar em contacto com os objetos do mundo astral que dela se compõem.
Quem tenha purificado o corpo astral de modo a conservar apenas os elementos mais sutís e mais puros de cada subplano (elementos que passariam para o subplano imediatamente superior se progredissem mais um ponto), passará rápidamente pelo Kâmaloka.
Entre dois estados consecutivos de matéria existe o que se convencionou chamar um  ponto crítico; por exemplo, o gêlo pode ser levado a um ponto tal em que o mínimo aumento de calor o transformará em líquido; a água pode ser elevada a um ponto em que um pequeno aumento de calor a transformará em vapor. E do mesmo modo, a matéria astral pode ser elevada em cada um dos seus estados a um tal grau de subtileza que tôda a purificação adicional a transformará no estado seguinte. Se isto tiver sucedido em todos os estados inferiores da matéria no mundo astral, se ela tiver sido purificada até atingir o último grau de delicadeza, então o homem atravessará o Kâmaloka com uma rapidez inconcebível, alando-se, livre de algemas, às mais puras regiões.
Ainda resta ocuparmo-nos de mais um assunto relativamente à purificação do corpo astral, por meio de processos físicos e mentais, isto é: a influência dessa purificação sôbre o nôvo corpo astral, que se formará no tempo devido para servir de instrumento ao homem na sua próxima encarnação. Quando o homem deixa o Kâmaloka a fim de entrar no Devachan, não pode fazer-se acompanhar de formas-pensamentos malígnas. No plano devacânico não pode existir matéria astral e a matéria devacânica não pode responder às vibrações grosseiras das paixões e dos desejos vis... Portanto, quando o homem se liberta finalmente dos restos do corpo astral, só pode conservar uns gérmens latentes ou sejam tendências que, se forem alimentadas, se manifestam no mundo astral sob a forma de paixões e desejos malígnos. Êstes acompanham-no e subsistem em estado latente tôda a sua vida devacânica. Quando o homem regressa pronto para nascer novamente, traz ainda estas tendências que agora arremessa para fora; estas atraem do mundo astral, graças a uma espécie de afinidade magnética, os materiais apropriados à sua manifestação,e revestem matéria astral idêntica à sua própria natureza, formando assim parte integrante do corpo astral do homem para a encarnação que se está preparando. Assim,não só vivemos agora num corpo astral, como estamos fabricando o tipo do futuro corpo astral que teremos na nossa próxima vida, o que constitui mais uma razão para purificarmos o mais possível o corpo astral atual, utilizando o conhecimento que já possuímos, a fim de assegurar o nosso progresso futuro.
Tôdas as nossas vidas se acham encadeadas umas às outras, e portanto, nenhuma se pode separar nem das que a precedem, nem das que se lhe seguem. Na realidade, só temos uma vida na qual o que nós chamamos vidas não são senão dias. Uma vida nova nunca se assemelha a uma fôlha em branco onde vamos inscrever uma história absolutamente nova; não faremos mais, em cada vida, do que inscrever um nôvo capítulo que vai continuar a desenvolver o velho enrêdo. É-nos igualmente impossível libertarmo-nos das responsabilidades cármicas duma vida precedente, como de nos desembaraçarmos dormindo das dívidas contraídas durante o dia; se contrairmos uma dívida hoje, não nos veremos livres dela amanhã; a exigência da dívida será apresentada inexoràvelmente até que a paguemos. A vida do homem é uma coisa contínua, ininterrupta; as vidas terrestres acham-se encadeadas umas às outras e não isoladas. Os processos de purificação e desenvolvimento também são contínuos e devem prosseguir durante sucessivas vidas terrestres. Lá virá um dia em que todos teremos de principiar o trabalho; lá virá um dia em que todos nos saciaremos das sensações da natureza inferior, em que nos saciaremos do jugo animal e da tirania dos sentidos. Quando tiver atingido essa fase da sua existência, o homem revoltar-se-á contra a sujeição, e, num rasgo de energia, decidir-se-á a arrancar os grilhões do seu cativeiro. E, na verdade, por que razão devemos prolongar a nossa escravidão, quando só depende de nós o libertar-nos? Nenhuma mão, a não ser a nossa,nos pode prender, e nenhuma mão, a não ser a nossa, nos pode pôr em liberdade. Temos o nosso livre arbítrio, e já que um dia nos devemos reunir todos num mundo mais elevado, por que motivo não principiarmos já a arrancar os grilhões da escravidão; por que não reclamarmos a nossa origem, que é uma origem divina? O homem começa a desprender-se dos laços que o entravam, principia a entrever a sua liberdade, quando se resolve a pôr a natureza inferior a serviço da natureza superior; quando se decide a edificar corpos mais sutís no plano da consciência física; quando, numa palavra, procura atingir essas possibilidades sublimes que lhe pertencem por direito divino e que apenas são obscurecidas pelo animal dentro do qual êle vive. 


 

Annie Besant-O Homem E Os Seus Corpos Parte 1


PREFÁCIO

Poucas palavras bastam para a apresentação dêste pequeno volume. É o nono e último duma série de manuais publicada para satisfazer o desejo daqueles que reclamam uma exposição simples e clara das doutrinas teosóficas. Muita gente se tem queixado de que a nossa literatura é ao mesmo tempo muito obstrusa, demasiado técnica e bastante cara para a grande maioria dos leitores. Estamos esperançados em que esta nova série,correspondendo a uma verdadeira necessidade, preencherá essa lacuna. A Teosofia não é só para os sábios e eruditos; é para todos. É possível que dentre aquêles que nestes pequenos volumes elementares bebêram as primeiras idéias das suas doutrinas, surjam alguns que sejam levados por elas a penetrar mais fundo nos seus aspectos científicos,religiosos e filosóficos, encarando os problemas teosóficos com o zêlo de Investigador e com o ardor do neófito. Mas não foi só para o investigador, ávido de conhecimento, para quem não há dificuldades iniciais que o amedrontem, que se escreveram, mas sim para todos os indivíduos, de ambos os sexos, que mergulhados na labuta diária das suas ocupações,procurem assimilar algumas das grandes verdades que tornam a vida mais fácil de viver e a morte mais fácil de encarar. Escritos pelos servos dos Mestres, que são os Irmãos Primogênitos da nossa raça, o seu objetivo não pode ser senão servir os nossos semelhantes. 

INTRODUÇÃO

Reina uma tão grande confusão entre o ser consciente e os seus veículos, isto é, entre o homem e os trajes que o revestem, que se torna necessário apresentar aos estudantes de Teosofia uma exposição clara e simples dos fatos tais como os conhecemos. Na altura a que chegamos em nossos estudos, há muitas coisas que antes se nos afiguravam vagas e ininteligíveis e que agora se tornaram definidas e claras como água; muitos ensinamentos que antes aceitávamos a título de teoria, presentemente se transformaram para nós em fatos de conhecimento direto. Daí a possibilidade de classificar determinados fatos de modo definido, fatos êstes que podem ser submetidos a repetidos exames, à medida que os novos estudantes vão desenvolvendo o seu poder de observação; e assim podemos falar dêsses fatos com a mesma certeza com que o físico trata de outros fenô-menos observados e classificados. Porém, se o físico por vêzes erra, o mesmo pode acontecer ao metafísico, à medida que o conhecimento se expande. Não podemos nem queremos apresentar-nos como autoridade no assunto, com direito a impor as nossas idéias; somos apenas um estudante que quer transmitir a outros estudantes as suas pró-prias investigações, os conhecimentos adquiridos, mais ou menos imperfeitamente, e as investigações resultantes das observações de discípulos, observações restringidas, é claro, àquilo que as suas limitadas faculdades lhes permitem.
Ao iniciarmos o nosso estudo, é mister que o leitor do Ocidente modifique o ponto de vista sob o qual se habituou a encarar a si mesmo; é mister que se esforce por fazer uma distinção nítida e clara entre o homem e os corpos que êste habita. Habituamo-nos demais a identificar-nos com os trajes externos que envergamos, e não podemos resistir a deixar de considerar os nossos corpos como nós mesmos. Ora, é absolutamente necessário, para atingirmos a verdadeira concepção do nosso assunto, que abandonemos êste ponto de vista e cessemos de nos identificar com os invólucros que só revestimos por algum tempo para pouco depois nos despojarmos dêles. Identificar-nos com êstes corpos, cuja existência é passageira, seria uma loucura equivalente a confundir-nos com o nosso vestuário; não dependemos dêle - o seu valor acha-se proporcionado à sua utilidade.
O erro que tanta vez se comete e que consiste em confundir o nosso ser consciente,ou seja o nosso Ego, com os veículos em que êle momentâneamente funciona, só pode ser desculpado pelo fato da consciência em estado de vigília e, até um certo ponto,a consciência em estado de sonho, viverem e trabalharem no corpo, sem que o homem vulgar conheça a sua existência à parte. 
Contudo podemos obter uma compreensão intelectual das verdadeiras condições, assim como nos é permitido habituarmo-nos a considerar o nosso Ego como o dono dos seus veículos. Com o tempo e experiência, nos convencemos da realidade dêste fato,quando tivermos aprendido a separar o nosso Ego dos seus corpos e a sair do nosso veí- culo físico, quando adquirirmos a certeza de que não dependemos dêle, quando soubermos enfim que fora dêste existe para nós uma consciência muito mais ampla e completa.
Depois de obtermos êste resultado, é claro que nunca mais identificaremos o nosso Ego com os nossos corpos; nunca mais cometeremos o êrro de imaginar que a nossa personalidade é o invólucro que envergamos. A clara compreensão intelectual acha-se ao alcance de todos nós; podemos portanto proceder à distinção habitual entre o Ego, isto é, o homem, e os seus corpos; basta isto para nos libertarmos da ilusão que envolve a maioria das pessoas; basta isto para modificarmos a nossa atitude para com a vida e o mundo,elevando-nos a uma região mais serena, onde não existem as mudanças e as contingências da "vida mortal", nem as contrariedades mesquinhas que, dia a dia, afligem desmesuradamente a consciência encarnada. Sentiremos assim as verdadeiras proporções entre as coisas sujeitas a mudanças constantes e as que são relativamente permanentes, e sentiremos a diferença enorme que reina entre o náufrago em luta com as ondas, prestes a afundar-se, e o homem que desafia impunemente o fragor da tempestade, no abrigo inacessível dum rochedo.
Quando falo do homem, refiro-me ao Ego, vivo, consciente, pensador, isto é, à individualidade; e os corpos a que tenho aludido são os vários invólucros nos quais êste Ego é encerrado; cada um dêstes invólucros permite ao Ego funcionar numa certa região do universo. Um homem que deseje viajar por terra, pelo mar ou pelo espaço, fará uso dum carro, dum navio ou dum avião; porém êstes veículos em nada alteram a sua identidade.
Do mesmo modo o Ego, o homem verdadeiro, conserva a sua identidade, seja qual fôr o corpo em que estiver funcionando; e do mesmo modo como o carro, o navio e o avião variam na qualidade do material e na sua construção, segundo o elemento a que são destinados,assim também cada corpo varia segundo o meio onde deve agir.
A densidade da sua substância, a duração da sua vida, as faculdades de que são dotados dependem do papel que os corpos têm de preencher; mas há uma coisa em que todos têm do comum em relação ao Homem: todos êles são transitórios, todos são seus instrumentos, seus servos, gastando-se e renovando-se segundo a sua natureza; devemse adaptar ao homem, às suas diferentes necessidades, ao seu poder sempre crescente.Estudá-los-emos um por um, principiando pelo menos elevado; em seguida trataremos do homem, o ser que atua através de todos êstes corpos. 

O CORPO FÍSICO

Sob a denominação de "corpo físico" devem incluir-se os dois princípios inferiores do homem, que na linguagem teosófica chamamos Sthula-Sharita e Linga Sharita. Ambos funcionam no plano físico; ambos são compostos de matéria física e formados para um período de vida física, e ambos são abandonados pelo homem físico quando morre e desintegram no mundo físico quando o homem segue para o astral.
Outra razão que nos leva a classificar êstes dois princípios sob o nome de corpo físico ou veículo físico, é porque sempre usamos um ou outro dêstes trajes físicos, enquanto vivemos no mundo físico, ou antes, plano físico, como é costume chamar-lhe; ambos pertencem a êste plano devido à matéria de que são formados e pelo mesmo motivo nunca podem sair dêle. A consciência que nêles trabalha acha-se escravizada pelas suas limitações físicas e sujeita às leis ordinárias de espaço e tempo. Embora sejam parcialmente separáveis, é raro estarem separados durante a vida terrestre. De resto, essa separação não é para aconselhar, pois constitui sempre um sinal de doença ou de constituição mal equilibrada.
Segundo os materiais de que são compostos, subdividem-se em: corpo grosseiro e duplo etérico, dos quais o último é a reprodução exata, partícula por partícula, do corpo visível; é igualmente o intermediário que põe em movimento tôdas as correntes elétricas e vitais das quais depende a atividade do corpo. Êste Duplo Etérico tem sido denominado até agora "Linga Sharira", porém, há várias razões para cessar o uso dêsse têrmo. "Linga Sharira" teve, desde tempos imemoriais, uma significação muito diferente, quando empregado pelos livros hindus; e êste desvio arbitrário do seu verdadeiro sentido tem dado lugar a grandes confusões entre os estudantes ocidentais e orientais da literatura hinduista. À falta doutros motivos bastaria êste para nos levar a renunciar ao uso impróprio do têrmo.
E mesmo, é preferível empregar nomes fàcilmente compreensíveis para classificar as subdivisões da constituição humana, pois certas denominações da terminologia sânscrita constituem um verdadeiro obstáculo para os principiantes. Além disso, a expressão duplo etérico define exatamente a natureza e a constituição da parte mais sutil do corpo físico, sendo portanto significativa e fácil de reter, condição esta a que todos os nomes deviam obedecer; é "etérico", por ser constituído por éter, e é "duplo" por ser uma reprodução exata do corpo grosseiro - a sua sombra, por assim dizer.
Ora, a matéria física tem sete subdivisões, que se distinguem umas das outras, e que, tôdas elas, dentro dos seus limites, mostram uma grande variedade de combinações. 
As subdivisões são: o sólido, o líquido, o gasoso e o etérico; êste último, por sua vez, possui quatro condições que se distinguem entre si tão nitidamente como os líquidos se diferenciam dos sólidos e dos gasosos. São êstes os sete estados da matéria física; qualquer porção desta matéria é suscetível de passar para um dêstes estados, mas, nas condições normais de temperatura e de pressão, a matéria adota um dos sete estados como condição relativamente permanente, como por exemplo, o ouro que vulgarmente é sólido,a água que vulgarmente é líquida e o cloro que vulgarmente é gasoso. O corpo físico do homem é composto de matéria nestes sete estados - o corpo grosseiro consiste de sólidos, líquidos e gases, e o duplo etérico, das quatro subdivisões do éter, conhecidas respectivamente sob as denominações de Éter I, Éter II, Éter III e Éter IV.
As pessoas às quais se expõem as mais elevadas verdades teosóficas, queixam-se constantemente de ser tudo isto demasiado vago, e perguntam: "Por onde devemos principiar?"

Qual deve ser o ponto de partida se quisermos instruir-nos a nós próprios, se quisermos provar a verdade das asserções já feitas? De que meios nos devemos servir? Numa palavra, qual é o alfabeto desta linguagem que os teosofistas empregam com tanta volubilidade?Como devemos nós proceder, simples homens e mulheres do mundo, a fim de compreendermos e verificarmos nós mesmos êstes assuntos, em vez de nos contentarmos com as experiências daqueles que declaram já saber tudo? Tentarei responder a esta pergunta nas páginas seguintes, fazendo por mostrar aos que são realmente sinceros, quais as primeiras medidas práticas a tomar. É claro que estas medidas devem aplicar-se a uma vida, cuja regiões moral, intelectual e espiritual serão igualmente submetidas a uma educação sistemática; pois é evidente que o tratamento exclusivo do corpo não basta para tornar o homem um visionário ou um santo. Por outro lado, o nosso dever é, indubitàvelmente, submeter o corpo a uma certa preparação, visto que êle constitui um instrumento indispensável para nos orientarmos em direção ao verdadeiro Caminho. Se nos ocuparmos somente do corpo, nunca alcançaremos as alturas a que aspiramos, mas também, se o votarmos ao desprêzo, do mesmo modo nos será impossível galgar essas alturas. Os corpos em que o homem tem de viver e trabalhar são os seus instrumentos.
Devemos compreender, antes de mais nada, que nós não fomos feitos para o corpo, mas sim o corpo para nós; devemos utilizar-nos dêle, mas não devemos, de modo nenhum, prestar-nos a servi-lo. O corpo é um instrumento que tem de ser purificado, aperfeiçoado, moldado numa forma própria e constituído pelos elementos mais aptos a torná-lo o instrumento dos mais sublimes desígnios do homem no plano físico. Tudo quanto se fizer com êsse objetivo em vista, deve ser alvo de maior interêsse e incitamento; do mesmo modo se deve evitar tudo quanto lhe fôr contrário. Os desejos que o corpo manifesta, os hábitos que contraiu no passado, nada disso tem importância; o corpo é nosso servo, deve submeter-se aos nossos desejos; se lhe permitimos que se apodere das rédeas, se nos deixamos guiar por êle, em vez de o governarmos nós, então está tudo perdido; o fim que nos propúnhamos atingir, o objetivo da vida inteira acha-se invertido e tôda a espécie de progresso se torna inteiramente impossível. É êste o ponto de partida para todo aquêle  que fôr sincero. A própria natureza do corpo físico faz dêle uma coisa fácil de se transformar num servo ou num instrumento. Possui certas particularidades que nos ajuda a desenvolvê-lo, a guiá-lo e a amoldá-lo, segundo o nosso desejo. Uma dessas particularidades consiste na sua prontidão em seguir uma certa linha de conduta, logo que a ela tenha sido habituado, trabalhando para isso com o mesmo afã e o mesmo gôsto com que antes se dedicara a outra tarefa muito diferente. Se o corpo adquiriu qualquer mau hábito, oporá indubitàvelmente uma resistência tenaz a tôdas as tentativas para modificar êsse hábito; porém, se o forçarmos a ceder, se fôr vencido o obstáculo com que nos embarga o caminho, se o homem obrigar a agir segundo o seu desejo, não tardará muito que o corpo se conforme espontâneamente a um nôvo hábito que o homem lhe imponha, enveredando para bom o caminho com a mesma complacência com que enveredara para o mau.
Ocupemo-nos agora do corpo denso, que podemos chamar, dum modo geral, a parte visível do corpo físico, embora os elementos gasosos não sejam visíveis ao olhar físico destreinado. Constitui o traje mais exterior do homem, a sua manifestação menos elevada,a expressão mais limitada e mais imperfeita do Ego.

O CORPO DENSO. – É, forçoso ocuparmo-nos longamente da constituição do corpo, a fim de compreendermos a maneira de nos assenhorearmos dêle para o purificar e educar.
Em primeiro lugar tomemos em consideração duas espécies de funções, das quais umas se acham submetidas à vontade, sendo as outras, pelo contrário, geralmente independentes.
Ambas funcionam por meio de vários sistemas nervosos. Um dêles é o "Grande Simpático", como vulgarmente lhe chamam; é composto dos nervos involuntários e preside às funções do corpo, estando encarregado de manter a vida habitual, isto é: a contração e expansão dos pulmões, as pulsações do coração, os movimentos do aparelho digestivo, etc. Em tempos remotos, durante o longo passado de evolução física, quando os nossos corpos se achavam em pleno processo de desenvolvimento, êste sistema obedecia à autoridade do animal em cujo poder se encontrava. Porém, a pouco e pouco principiou a trabalhar automàticamente, emancipou-se do poderio da vontade, tornou-se quase independente e continuou a desempenhar tôdas as funções vitais normais do corpo. Enquanto o homem goza de saúde, estas funções passam-lhe despercebidas; sabe que respira quando qualquer opressão lhe corta momentâneamente a respiração; sabe que o coração trabalha, quando as pulsações são violentas e irregulares; mas se tudo funcionar normalmente, não dá por nada. Contudo pode-se subjugar o sistema nervoso simpático pela vontade, graças a uma prática demorada e dolorosa; há uma classe de iogues na Índia – chamados da Hata-Ioga – que desenvolve extraordinàriamente êste poder, com o fim de estimular as faculdades psíquicas inferiores. Estas faculdades podem-se desenvolver só pela ação direta do corpo físico, pondo completamente de parte a evolução espiritual, moral ou intelectual. O hata-iogue habitua-se a reprimir a respiração, a ponto de a suspender por largo espaço de tempo; aprende a regular as pulsações do coração segundo a sua vontade, acelerando ou retardando a circulação e produzindo assim um estado de êxtase que tem por resultado libertar o corpo astral. Esta prática não é para aconselhar; mas em todo o caso serve de lição às nações ocidentais, que tão fàcilmente reconhecem  o jugo imperioso do corpo, para que fiquem sabendo que o homem pode dominar inteiramente essas funções, automáticas no estado normal, e que milhares de homens se submetem de livre vontade a uma disciplina demorada e dolorosíssima, a fim de se libertarem da prisão do carpo físico, conseguindo viver, embora a animação do corpo esteja suspensa.
Esta prática é, na verdade, pouco recomendável, mas, pelo menos, os homens que a seguem tomam-se a si mesmos a sério e deixam de ser, por algum tempo, escravos dos sentidos.
Em segundo lugar, temos o sistema nervoso voluntário, muito mais importante relativamente aos nossos desígnios mentais. É o grande sistema que serve de instrumento ao pensamento, graças ao qual nos movemos e experimentamos sensações no plano físico.
É constituído pelo áxis cerebrospinal – o cérebro e a medula – do qual se ramificam para tôdas as partes do corpo filamentos de substância nervosa. Êstes filamentos são os nervos motores e sensitivos; os primeiros dirigem-se do centro para a periferia e os segundos da periferia para o centro. Os filamentos nervosos afluem de tôdas as partes do corpo,juntam-se em feixes e vão em seguida unir-se à medula espinal cuja substância fibrosa externa é por êles constituída. Daí continuam a sua marcha ascensional a fim de se expandirem e ramificarem ao cérebro, centro de tôdas as sensações e de todos os movimentos intencionais, submetidos ao domínio da vontade. Tal é o sistema graças ao qual o homem exprime a sua vontade e a sua consciência; é lícito pois dizer que estas faculdades residem no cérebro. O homem não pode fazer nada no plano físico sem se servir do cérebro e do sistema nervoso; se êstes aparelhos se danificam, logo o homem se vê na impossibilidade de se exprimir com método. É justamente neste fato que o materialismo baseia a sua conhecida objeção: o pensamento depende da atividade cerebral e varia com esta atividade. Realmente, se, como os materialistas, nos ocuparmos só do plano físico, temos de concordar que o pensamento e a atividade cerebral variam conjuntamente; é mister empregarmos fôrças de outro plano, do plano astral, para demonstrar que o pensamento não resulta da atividade nervosa.
O homem, cujo cérebro sofria a influência perniciosa duma doença, dum acidente ou duma droga qualquer, já não pode exprimir sistemàticamente o seu pensamento no plano físico.
O materialista também nos mostrará que certas enfermidades produzem um efeito especial no pensamento. Há, por exemplo, uma doença muito rara, a afasia, que destrói determinada parte do tecido cerebral, perto do ouvido, o que resulta na perda total da memória das palavras. Se se fizer uma pergunta a uma pessoa que sofra desta doença, não se obterá resposta, porque isso lhe é totalmente impossível; se se lhe perguntar como se chama, conservar-se-á muda; porém se se lhe pronunciar o nome, logo mostrará que o reconhece; se se lhe fizer qualquer leitura, dará sinais da aprovação ou dissentimento; consegue portanto pensar, mas não consegue falar. Parece que aquela parte do cérebro que desapareceu estava ligada à memória física das palavras e devido à sua falta, o homem, no plano físico, perde a memória das palavras, e emudece, embora simultâ- neamente conserve o poder de pensar e a faculdade de concordar com qualquer proposta que lhe fazem, ou, não lhe agradando, de mostrar o seu dissentimento. É claro que o argumento materialista cai por terra, assim que o homem se liberta do seu instrumento cheio de imperfeições; então é-lhe permitido manifestar o seu poder, para logo o perder novamente, quando só tiver à sua disposição os meios físicos de expressão. Seja como fôr, a importância desta discussão, relativamente às nossas pesquisas atuais, não consiste no valor, maior ou menor do homem se ver limitado, na sua expressão sôbre o plano físico, pelas faculdades do seu instrumento físico – instrumento que é suscetível de ser influenciado pelos agentes físicos. Se, como acabamos de ver, êstes agentes o podem prejudicar, também é certo que o poderão aperfeiçoar. Esta consideração terá para nós uma importância capital.
Como tôdas as outras partes do corpo, êstes sistemas nervosos são constituídos por células, pequeninos corpos, bem definidos, formados por uma substância interna rodeada duma parede externa, visíveis ao microscópio e modificados segundo as suas diversas funções; estas células, por sua vez, compõem-se de pequenas moléculas, as quais são formadas de átomos. Cada um dêstes átomos constitui para o químico a última partícula indivisível dum elemento químico. Êstes átomos químicos combinam-se de inúmeras maneiras para formar os gases, os líquidos e os sólidos do corpo denso. Para o teósofo, cada átomo químico constitui um ser vivo, capaz de viver uma vida independente e cada combinação dêstes átomos num ser mais complexo constitui novamente um ser vivo. Cada célula tem também vida própria e todos êstes átomos químicos, tôdas estas moléculas e células se ligam para formar um "todo" orgânico, um corpo, que serve de veículo a uma forma muito mais elevada de consciência, um estado, enfim, que êstes sêres rudimentares nunca conheceram nas suas existências separadas. Ora, as partículas de que êstes corpos se compõem andam em constante vaivém, visto serem agregados de átomos químicos tão minúsculos que não são visíveis a ôlho nu, embora muitos se possam distinguir ao microscópio. Uma gôta de sangue, vista ao microscópio, aparece-nos animada duma vida cheia de intensidade. É um pequeno mundo de corpúsculos vivos, brancos e vermelhos. Os brancos assemelham-se muito, pela sua estrutura e atividade, a amebas vulgares. Acompanhando certas doenças vêem-se micróbios, bacilos de várias espécies.
Os sábios dizem-nos que existem em nossos corpos micróbios amigos e inimigos: uns prejudicam-nos, outros precipitam-se sôbre êsses e exterminam-nos, devorando vorazmente todos os nocivos intrusos, e tôda a matéria afetada. Há micróbios vindos do exterior que nos assaltam e devastam os nossos corpos com todos os horrores da doença; há outros, porém, que velam pela nossa saúde, e assim, por êste processo renovam-se incessantemente os materiais que constituem o nosso traje corpóreo. Fazem parte do nosso corpo por algum tempo, depois abandonam-no para entrar noutros corpos, dando lugar a uma troca contínua, a um constante vaivém.
A grande maioria da humanidade quase desconhece êstes fatos, ou, se os conhece, não lhes liga importância. E contudo, é nestes fatos que se baseia a possibilidade da purificação do corpo denso, tornando-o assim um veículo mais digno do seu dono. O homem vulgar dá tôda a liberdade ao corpo para se edificar ao acaso, com a ajuda dos materiais de que dispõe; a natureza dêsses materiais é-lhe indiferente; se correspondem aos seus desejos está satisfeito e não lhe importa saber se constituem uma morada pura e nobre para o "Ego", que é o homem verdadeiro e cuja vida é eterna. Não exerce nenhuma vigilância sôbre estas partículas errantes; nem as escolhe, nem as rejeita; procede como qualquer pedreiro negligente que lança mão de tôda a casta de sucata para edificar a sua casa; tudo serve a êsse pedreiro: farrapos de lã, lama, aparas, areia, pregos, imundícies de tôda a qualidade. Numa palavra, o homem vulgar edifica o seu corpo sem a mais pequena noção do que está fazendo. Depreende-se portanto que a purificação do corpo grosseiro deve consistir num processo de seleção das partículas que deixarem entrar na sua constituição; o homem deve introduzir nêle, sob a forma de alimento, os elementos constituintes mais puros que conseguir obter, rejeitando simultâneamente tudo quanto fôr impuro e grosseiro.
O homem sabe que as partículas que entraram na composição do seu corpo, durante o tempo em que viveu indiferente, desaparecerão gradualmente no espaço de sete anos (processo que pode ser consideràvelmente acelerado) e portanto resolve-se a nunca mais admitir a entrada de elementos impuros.
À medida que aumenta o número de elementos puros, vai-se formando no seu corpo um exército de defensores que se encarregam de destruir tôdas as partículas nocivas que o atacam, vindas do exterior, ou que nêle penetram sem o seu consentimento. E, pelo exercício duma vontade ativa de conservar a pureza do corpo, ainda mais a protegerá, pois essa vontade atuando como uma fôrça magnética, afasta implacàvelmente todas as criaturas imundas que de bom grado lá entrariam, e defende-o assim contra tôdas as incursões, a que estará sujeito enquanto viver numa atmosfera impregnada de todo o tipo de vicissitudes e impurezas.
O primeiro passo que o homem dá para a prática da ioga, consiste nesta purificação do corpo, neste desejo de o tornar um instrumento digno de Ego. Deve dar êsse passo na vida presente ou em qualquer outra vida, antes de fazer gravemente a seguinte pergunta:
"De que maneira poderei eu próprio verificar as verdades da Teosofia?" Tôda a verificação pessoal de fatos superfísicos depende da completa sujeição do corpo humano ao seu soberano, o homem; êste é que deve proceder à verificação, porém êsse trabalho é-lhe impossível enquanto o corpo fôr impuro ou lhe servir de prisão. Há homens que adquiriram noutras vidas mais disciplinadas certas faculdades psíquicas parcialmente desenvolvidas,que agora se manifestam, apesar das circunstâncias desfavoráveis; pois bem, essas faculdades de nada lhe servirão enquanto residir no corpo físico, se êsse corpo fôr impuro, porque, nesse estado deformará o exercício das faculdades obtido por seu intermédio, tornando tôdas as informações pouco dignas de confiança.
Suponhamos agora que o homem se decida deliberadamente a ter um corpo puro. De duas uma: ou se aproveita da circunstância de o seu corpo sofrer uma mudança completa em sete anos ou prefere seguir o atalho mais curto e difícil que ocasiona uma mudança mais rápida. Em qualquer dos casos deve principiar a escolher imediatamente os materiais com os quais o nôvo corpo puro será construído, e uma das primeiras coisas em que deve pensar é na dieta. Tratará logo de excluir do seu alimento tôdas as coisas que ameaçam fornecer ao corpo partículas impuras e corruptas. Abolirá o álcool e todo o licor de que êle faça parte, visto introduzir no corpo físico micróbios extremamente impuros, verdadeiros produtos de decomposição. Êstes micróbios, além de nocivos, só por si, também se tornam perigosíssimos pelo fato de atraírem para o corpo de que fazem parte, certos habitantes fisicamente invisíveis do plano imediatamente superior, cuja irrupção no corpo seria imensamente desvantajosa. Os que se embriagam, privados pela morte dos seus corpos físicos, não podendo portanto satisfazer a sêde intolerável e inextinguível que os devora, pairam constantemente sôbre os lugares onde se vendem bebidas, envolvendo com os seus olhares sequiosos as pessoas que bebem, e fazendo o possível por penetrar nos corpos das mesmas, a fim de partilharem do prazer baixo e vil que constitui a sua paixão. Se as mulheres habituadas a todos os requintes da delicadeza pudessem ver as criaturas repugnantes que as bafejam com o seu hálito imundo quando sentem prazer embeber, nunca mais cederiam a essa tentação que as põe em contato com sêres absolutamente repelentes, elementais malignos, pensamentos de ébrios revestidos de essência elemental. E, simultâneamente, o corpo físico atrai outras partículas grosseiras, expelidas de corpos de ébrios e de debochados, que andam errantes na atmosfera e que prontamente se infiltram no corpo, tornando-o ainda mais vil e mais grosseiro. Se repararmos nas pessoas que se acham constantemente ocupadas com a manipulação do álcool, fabricando e vendendo vinhos, cervejas e tôda a espécie de licores impuros, veremos fisicamente, que os corpos dessas pessoas se tornaram grosseiros e degradados. Por exemplo,o cervejeiro ou o taberneiro (para não falarmos das pessoas de tôdas as classes sociais que cometem excessos de bebida) mostra claramente o que acontece a todos quantos introduzem êsses elementos perniciosos no corpo. Quanto maior número de partículas absorvem, mais grosseiro êste se lhes vai tornando. E acontece o mesmo a quem se alimenta de carne de mamíferos, de pássaros, de reptis e de peixes, assim como todos os crustáceos e moluscos que se nutrem de cadáveres. Como poderão os corpos assim alimentados ser delicados, sensíveis, bem equilibrados, perfeitamente saudáveis?
Como poderão possuir a fôrça e a sutileza do aço temperado que todo o homem necessita para realizar um trabalho superior? Será preciso enfatizar novamente a lição prática encerrada nos corpos que vivem nesses meios? Observemos o magarefe e o carniceiro.
Os seus corpos parecem porventura instrumentos apropriados para um trabalho de pensamentos elevados ou para a meditação de sublimes verdades espirituais? 
E contudo, êsses corpos constituem só o produto consumado das mesmas fôrças que atuam proporcionalmente em tôdas as pessoas a que êles fornecem carnes impuras. O homem que dedica tôda a sua atenção, todos os seus cuidados ao corpo físico, nunca obterá vida espiritual. Mas não há razão nenhuma para se submeter a um corpo impuro. Não há razão nenhuma para permitir que os seus podêres, quer sejam grandes ou pequenos, se deixem tolher, entravar pela imperfeição forçada de semelhante instrumento. 
No nosso caminho surge, porém, uma dificuldade que não é para desdenhar. Embora tratemos do corpo com mil cuidados, embora nos recusemos deliberadamente a torná-lo impuro, a nossa vida decorre entre pessoas descuidadas, que em geral desconhecem em absoluto êstes fatos da Natureza. Numa cidade como Londres, ou mesmo em qualquer outra cidade do Ocidente, não podemos passar por uma rua sem que a nossa delicadeza seja ofendida a cada passo. Quanto mais aperfeiçoamos o corpo, mais sutis se tornam os sentidos físicos e portanto maior é o nosso sofrimento, devido precisamente ao caráter grosseiro animal, que impregna a nossa atual civilização. Ao passarmos pelas ruas de grande movimento ou por essas vielas onde a pobreza reina, encontramos a cada passo cervejarias, cujos eflúvios alcoólicos é impossível evitar, assim como açougues e matadouros cujo espetáculo é absolutamente repugnante. De resto, mesmo as ruas que se dizem "respeitáveis" não fazem exceção à regra. É certo que, à medida que a civilização fôr progredindo, várias alterações serão introduzidas, e entre elas a centralização de tôdas essas coisas imundas em bairros especiais, onde só os seus apreciadores as irão procurar. Enquanto aguardamos êsses tempos melhores, vamos respirando e introduzindo no nosso corpo as partículas que dimanam dêsses lugares malditos; contudo, se o corpo fôr puro, não há perigo de germinarem; acontece o mesmo que a um corpo normalmente são que oferece resistência aos micróbios que o invadem. Além disso, existem, como já vimos, exércitos de criaturas vivas que trabalham incessantemente por conservar o sangue puro. Êstes verdadeiros guardas do corpo precipitam-se sôbre tôda e qualquer partícula venenosa que ouse penetrar na cidade dum corpo puro, e exterminam-na sem piedade. Nós é que devemos decidir se preferimos possuir êstes defensores da vida ou se antes desejamos povoar o sangue de piratas que destroem e saqueiam tudo quanto é bom. Se nos recusarmos resolutamente a introduzir elementos impuros no corpo, mais inexpugnáveis nos tornaremos contra os ataques exteriores.
Já aludimos ao automatismo do corpo, que é um escravo do hábito, particularidade esta de que nos podemos aproveitar. Pois bem, se um teósofo, ao dirigir-se a um aspirante desejoso de praticar a ioga, e de ser admitido nos planos superiores da existência, lhe dissesse o seguinte: "Deves principiar imediatamente a purificar o corpo antes de praticar a ioga, pois a verdadeira ioga é tão perigosa para um corpo impuro e indisciplinado, como um fósforo a arder num barril de pólvora"; se, repetimos, o teósofo assim falasse ao aspirante, êste provàvelmente lhe mostraria receio de que a sua saúde sofresse um grande abalo em virtude de semelhante sistema. Ora, para dizer a verdade, o corpo acaba por não se importar com o que lhe dão, contanto que lhe conservem a saúde; em pouco tempo se habitua a qualquer forma de alimento puro e nutritivo. Justamente na sua qualidade de criatura automática, o corpo submete-se prontamente aos desejos do seu dono e não insiste demasiado para obter as coisas que constantemente lhe recusam. Se não prestarem atenção aos seus pedidos de alimentos ordinários e rançosos, não tardará muito que mostre repugnância por êsses mesmos alimentos, antes tão apreciados. Um paladar moderadamente natural mostra aversão pela caça e veação que já se encontram naquele estado de decomposição que os franceses denominam "faisandé"; do mesmo modo um gôsto puro se revolta contra roda a casta de alimentos grosseiros. É claro que se um homem se habituou a alimentar o corpo com coisas imundas, o corpo acaba por exigi-las imperiosamente e o homem sente-se tentado a ceder-lhe; porém, se o homem fôr forte, se não lhe der importância demasiada, se seguir o seu próprio impulso e não o impulso do corpo, talvez fique surpreendido ao descobrir que o corpo lhe obedece e se submete docilmente às suas ordens. Habituar-se-á em pouco tempo a preferir as coisas que o homem lhe dá, mostrando predileção pelos alimentos limpos e repugnância pela comida impura. A fôrça do hábito tanto pode servir de auxílio, como de obstáculo; o corpo apressa-se a ceder quando compreende que o homem é o seu senhor e que está irrevogàvelmente decidido a não permitir que um simples instrumento destinado ao seu serviço o desvie do objetivo que se propôs atingir. Na realidade, não é o corpo, mas sim o Kâma, a natureza do desejo, que é principalmente responsável por todos os desvarios. O corpo adulto acostumou-se a exigir coisas especiais, mas se repararmos numa criança, veremos que o seu corpo não pede espontâneamente as coisas que causam um prazer tão grosseiro aos corpos adultos. A não ser que obedeça à influência nefasta duma hereditariedade perversa, o corpo da criança mostra em geral repugnância pela carne e pelo vinho; são as pessoas adultas que a obrigam a comer carne, são os pais que lhe oferecem um gole de vinho à sobremesa, dizendo-lhe que é para parecer um "homenzinho"; e assim conseguem que a criança, levada pelo seu instinto de imitação e em obediência às ordens dos pais, enverede por mau caminho e adquira êsses hábitos tão perniciosos. Depois, é claro, formam-se gostos impuros, despertam os velhos desejos kâmicos, que podiam ter sido extirpados, e o corpo habituar-se-á gradualmente a exigir as coisas com que o alimentavam. Pois bem, a despeito de todos êstes maus antecedentes, experimentai modificar o corpo, expurgai-o das partículas que só cobiçam impurezas, e vereis como o corpo começará a alterar os seus hábitos, acabando por se revoltar contra o próprio cheiro das coisas que antes tanto apreciava. A grande dificuldade na questão de reforma encontra-se no Kâma e não no corpo. Não vos quereis corrigir, porque se o quisésseis, não vos seria difícil consegui-lo. Dizeis a vós mesmos: "AfinaI, talvez não tenha grande importância; não possuo qualidades psíquicas e ainda estou muito atrasado; o melhor é continuar como antes." Nunca poderemos progredir se não tentarmos atingir as alturas sublimes que se encontram ao nosso alcance, e se permitirmos que a natureza passional intervenha na nossa evolução.
Não vos cansais de dizer: "Como gostaria de possuir a visão astral e de viajar em corpo astral!" mas quando se trata de tomar uma resolução enérgica contra os maus hábitos, preferis um bom jantar. Se oferecessem um premio de um milhão de libras a quem renunciasse durante um ano a todo o alimento impuro, não haveria ninguém que não vencesse tôdas as dificuldades, conseguindo viver sem ingerir nem carne, nem vinho. Porém, quando se lhe oferecem unicamente os tesouros inestimáveis da vida superior, tôdas as dificuldades que se apresentam são absolutamente invencíveis. Se os homens na realidade desejassem o que só fingem desejar, quantas mudanças nos seria dado ver! Mas não; fingem apenas e fingem tão bem, que por fim se convencem da sinceridade das suas intenções e, durante milhares de anos, vêm viver vida após vida sôbre a terra, sem obter o mínimo progresso. Um belo dia, numa das suas vidas, principiam finalmente a admirar- se de se verem sempre no mesmo lugar, ao passo que um outro só no curto período daquela vida avançou com uma rapidez extraordinária, deixando-os a êles muito para trás.
O homem sincero, que é persistente e não perde de vista o seu objetivo, pode dirigir a sua evolução, ao passo que o homem que finge unicamente, está condenado a andar à nora durante uma infinidade de vidas futuras.
Seja como fôr, é nesta purificação do corpo que jaz, senão tôda, pelo menos a parte essencial da preparação para a prática da ioga. E agora deixemos o corpo grosseiro, o veículo inferior da consciência, para nos ocuparmos do duplo etérico.

O DUPLO ETÉRICO. – A Física moderna pretende que tôdas as modificações que se produzem no corpo, quer seja nos músculos, nas células ou nos nervos, são acompanhadas por uma ação elétrica. Ora esta afirmação tem visos de verdade, mesmo quando diga respeito às alterações químicas que se dão continuamente. Têm-se obtido amplas provas disto graças a observações cuidadosamente feitas com galvanômetros delicadíssimos. De cada vez que se produz uma ação elétrica, é absolutamente certa a presença do éter. 
A existência de uma corrente constitui portanto uma prova da presença dêste éter que penetra e envolve os corpos; nenhuma partícula de matéria física se acha em contato com outra partícula; tôdas elas estão suspensas num campo de éter. Os homens de Ciência do Ocidente aceitam apenas como hipótese necessária aquilo que o discípulo enfronhado na Ciência oriental constata ser um fato observado e fácil de verificar; porque, na realidade, o éter é tão visível como uma cadeira ou uma mesa, mas só para quem possua o condão de o ver. Como já dissemos, o éter existe em quatro estados, dos quais o mais sutil é formado pelos últimos átomos físicos - não se trata do chamado átomo químico que, na realidade, é um corpo complexo - mas sim do último átomo do plano físico cuja decomposição dará substância astral.
O duplo etérico compõe-se destas quatro espécies de éter que penetram todos os constituintes sólidos, líquidos e gasosos do corpo grosseiro, rodeando cada partícula com um invólucro etérico e apresentando assim um duplicado exato da forma mais grosseira.
Êste duplo etérico é perfeitamente visível à vista educada para êsse fim. Tem uma côr roxo-acinzentada, e a sua textura é fina ou grosseira, conforme fôr a do corpo denso. As quatro espécies de éter fazem parte dêle, do mesmo modo como os sólidos, os líquidos e os gases fazem parte do corpo denso; além disso formam combinações mais sutis ou mais espêssas, absolutamente como acontece com os constituintes mais grosseiros. É importante observarmos que o corpo denso e o seu duplo etérico variam simultâneamente em qualidade. Portanto, quando o aspirante quer purificar o seu corpo denso, deliberada e conscientemente, o duplo etérico purifica-se também, sem que êle tenha a menor consciência disso e sem que para isso desenvolva o menor esfôrço.

Nota:Quando se examinam os corpos inferiores do homem por meio da visão astral, vêem-se o duplo etérico (Linga-Sharîra) e o corpo astral (corpo kâmico), penetrando-se reciprocamente, ao mesmo tempo que penetram no corpo denso. Daqui resultou em tempos certa confusão, que deu lugar a empregarem os nomes Linga Sharîra e corpo astral como sinônimos, servindo êste último também para designar o corpo kâmico ou "corpo de desejo”. Esta terminologia assaz indistinta tem causado muitas perplexidades, porque as funções do corpo kâmico, denominado corpo astral, foram muitas vêzes atribuídas ao duplo etérico, que erradamente chamavam corpo astral. O estudante, é claro,sentia-se incapaz de se libertar sòzinho desta emaranhada rêde de aparentes contradições. Graças a observações cuidadosamente feitas sôbre a formação dêstes dois corpos, é-nos permitido dizer definitivamente que o duplo etérico só se compõe de espécies físicas de éter, e quando se exterioriza, não pode abandonar o plano físico, nem afastar-se do seu duplicado grosseiro. Além disso, é construído segundo o modêlo fornecido pelos Senhores do Carma; em vez de ser trazido pelo Ego, espera-o à nascença, já munido do corpo físico. Quanto ao corpo astral ou kâmico, o "corpo de desejo", compõe-se Unicamente de matéria astral; quando se separa do corpo físico, pode percorrer livremente o plano astral e nesse plano constitui o veiculo apropriado do Ego. O Ego faz-se acompanhar dêle, quando volta a reencarnar-se. Devido a estas circunstâncias e a fim de evitar confusões, achamos preferível denominar o primeiro dos corpos: duplo etérico e o segundo:corpo astral. 

É graças ao duplo etérico que a fôrça vital, Prana, percorre os nervos do corpo, permitindo-lhes que transmitam fôrça motriz e sensibilidade às impressões externas. Os podêres do pensamento, do movimento e da sensibilidade não residem na substância nervosa física ou etérica; constituem atividades do Ego, que operam nos seus corpos mais internos, e a sua expressão no plano físico torna-se possível graças ao "sôpro de vida" que percorre os filamentos nervosos e envolve as células nervosas. Porque Prana, o "sôpro de vida", é a energia ativa do Ego, segundo nos dizem os ensinamentos de Shri Sankarâ- chârya, As funções do duplo etérico consistem em servir de intermediário físico para a manifestação desta energia. É êste o motivo por que muitas vêzes o denominam na nossa literatura "veículo de Prana".
Será bom notar que o duplo etérico mostra uma sensibilidade mui particular pelas substâncias voláteis que entram na composição das bebidas alcoólicas.

FENÔMENOS RELATIVOS AO CORPO FÍSICO. – Quando uma pessoa "adormece", o Ego abandona sutilmente o corpo físico, deixando-o entregue ao sono reparador, que lhe faz recuperar as fôrças para o trabalho do dia seguinte. O corpo denso e o seu duplo etérico ficam pois à mercê das suas próprias tendências e das influências que infalivelmente atraem a si pela sua constituição e pelos seus hábitos. Formam-se correntes de formaspensamentos dimanando do mundo astral, duma natureza congruente com as formaspensamentos criadas ou abrigadas pelo Ego na vida diária; estas correntes atravessam os cérebros denso e etérico e, confundindo-se com as repetições automáticas das vibrações engendradas pelo Ego no estado de vigília, causam os sonhos entrecortados e caóticos que sobrevêm a quase tôda a gente.
Estas imagens sem conexão são instrutivas, pois mostram o trabalho do corpo físico quando entregue a si próprio; êste só consegue reproduzir fragmentos das vibrações passadas, absolutamente destituídas de ordem ou coerência; adapta-os uns aos outros, conforme vêm surgindo, sem se importar com o todo grotesco e absurdo que daí resulta; o cérebro físico contenta-se com uma fantasmagoria caleidoscópica de formas e côres, que nem ao menos possui a regularidade das lentes do caleidoscópio. Olhados desta forma, o  cérebro denso e o etérico, vê-se à primeira vista não serem de modo nenhum os criadores do pensamento, mas sim os seus instrumentos, e para demonstrar basta ver o desconexo das suas criações, quando entregues a si próprios.
Durante o sono, o Ego pensador abandona êstes dois corpos, ou antes, êste corpo com as suas duas partes juntas, uma visível e outra invisível, deixando-as uma com a outra. Quando sobrevém a morte, também o abandona, desta vez definitivamente, mas agora arrastando consigo o duplo etérico que, ao separar-se do corpo, lhe rouba o sôpro de vida e o inibe para sempre de funcionar como um "todo" orgânico. Em seguida o Ego liberta-se por sua vez do duplo etérico, pois, como já sabemos, êste não pode passar para o plano astral, e deixa-o entregue ao processo de desintegração em companhia do sócio que fielmente o acompanhou tôda a vida. Êste duplo etérico aparece às vêzes às pessoas conhecidas e amigas imediatamente após a morte, mas nunca a grande distáncia do cadáver. Além disso mostra-se, é claro, pouco consciente, não falando e contentando-se com a "manifestação" da sua presença. Por sua substância física, é relativamente fácil vê-lo; basta uma ligeira tensão do sistema nervoso para conceder à vista o grau de acuidade necessária para o distinguir. É ainda ao duplo etérico que se devem as aparições de espectros nos cemitérios, pois costuma pousar sôbre o túmulo onde jaz o seu companheiro físico e torna-se mais visível do que os corpos astrais, pela razão já acima mencionada. Como se vê, mesmo na morte só um espaço insignificante separa estas duas partes do corpo físico.
No homem normal esta separação só se dá por ocasião da morte, mas certas pessoas anormais pertencentes à classe dos "médiuns" são sujeitas, mesmo em vida, a uma divisão parcial do corpo físico. Constitui isto um fenômeno perigoso, que produz uma grande fadiga a graves perturbações nervosas, mas que felizmente é bastante raro. Quando o duplo etérico se exterioriza, tem de se dividir a si mesmo em duas partes; não se pode separar completamente do corpo grosseiro sem causar a morte dêste, visto que a sua presença é necessária para a circulação das correntes do "sôpro da vida". Mesmo a separação parcial do duplo etérico é suficiente para mergulhar o corpo denso num estado letárgico, suspendendo quase por completo as atividades vitais; à reunião das partes separadas segue-se uma extraordinária prostração, e enquanto o estado normal se não restabelece em absoluto, o médium corre perigo de morte. Em geral, os fenômenos que se dão em presença dos médiuns não se relacionam com esta exteriorização do duplo etérico; contudo, há casos que se têm distinguido pelo caráter muito especial das materializações produzidas, e que mostram essa particularidade. Mr. Eglinton, segundo me disseram, apresentava em alto grau êste curioso fenômeno de separação física; via-se o seu duplo etérico escoando-se pelo lado esquerdo, ao passo que o corpo denso se contraía visivelmente.
Observou-se o mesmo fenômeno com Mr. Husk, cujo corpo denso diminuiu a tal ponto que nem enchia a roupa. Uma das vêzes, o corpo de Mr. Eglinton ficou tão reduzido que uma forma materializada pegou nêle e o aproximou das pessoas presentes, a fim de o examinarem. Constitui êste um dos casos raros em que o médium e a forma materializada tenham sido ambos visíveis, com iluminação suficiente para poderem ser examina-dos, A redução do médium parece indicar o deslocamento duma parte da substância grosseira "ponderável" do corpo (provàvelmente uma parte dos elementos líquidos). Contudo, ao meu conhecimento direto ainda não chegaram nenhumas observações feitas a êste respeito, o que me impossibilita de fazer afirmações categóricas. O que é certo é que esta exteriorização parcial do duplo etérico tem como conseqüências graves perturbações nervosas a que nenhuma pessoa sensata se deve arriscar, caso tenha a infelicidade de ter propensão para isso.
Acabamos de estudar sucessivamente a parte densa e a parte etérica do corpo físico,dêsse vestuário que o Ego deve usar para realizar o seu trabalho no plano físico, dessa morada que tanto se pode prestar a ser o seu atelier para o trabalho físico, como o seu cárcere de que só a morte possui a chave. Já sabemos o que devemos possuir e o que podemos tentar obter gradualmente, isto é, um corpo perfeitamente forte e saudável, ao mesmo tempo aperfeiçoado, sensível e dotado duma organização delicada. Uma das primeiras condições é ser saudável; no Oriente não se pode ser admitido como discípulo, quando se não é saudável, pois tudo quanto é doentio no corpo torna-o impróprio a servir de instrumento ao Ego; além disso, perturba e deforma tanto as impressões recebidas de fora como as impulsões dimanadas de dentro. As atividades do Ego ficam entravadas quando o seu instrumento se acha fatigado ou forçado pela falta de saúde. Devemos portanto construir um corpo saudável, aperfeiçoado, sensível, com uma organização delicada,que repila automàticamente tôdas as influências malignas, que acolha espontâneamente tudo quanto fôr bom. Para construir, devemos escolher em volta de nós tôdas as coisas que sirvam para êsse fim; trabalharemos com paciência e persistência, pois já sabemos que essa tarefa só pode ser levada a cabo gradualmente, sem pressas.
Quando os nossos esforços principiarem a lograr algum êxito, sentiremos nascer em nós tôda a espécie de podêres de percepção que antes não possuíamos. Ver-nos-emos dotados duma extrema sensibilidade auditiva e visual; ser-nos-á dado ouvir harmonias mais belas, mais profundas, ver cambiantes mais suaves, mais delicados. O pintor educa a vista a fim de ver sutilezas de côr invisíveis ao olhar profano; o músico educa o ouvido a fim de distinguir tonalidades tenuíssimas que o ouvido vulgar é incapaz de atingir; do mesmo modo nós podemos educar os nossos corpos a fim de os tornar sensíveis a essas vibrações mais delicadas, que os homens vulgares desconhecem em absoluto. É claro que não faltarão as impressões desagradáveis, porque o mundo em que vivemos sofre a influência grosseira e bestializadora da humanidade que nêle reside; mas por outro lado ser-nos-ão reveladas belezas que nos compensarão amplamente de tôdas as dificuldades que se nos apresentam e que devemos vencer. Esta labuta constante não deve obedecer ao propósito de possuirmos êstes corpos para satisfazer a nossa vaidade ou o nosso prazer; devemos possuí-los, sim, para os empregar em serviços mais vastos, em dedicações mais poderosas. Transformá-los-emos em instrumentos mais efetivos para auxiliar o progresso da humanidade, e portanto mais adequados para cooperar na tarefa de ativar a evolução humana; tarefa que pertence aos nossos grandes Mestres e para a qual nós temos o insigne privilégio de contribuir. 
Até agora, nesta primeira parte do nosso estudo, temo-nos ocupado unicamente do plano físico; devemo-nos porém convencer que êste estudo também tem certa importância, pois o veículo mais humilde da nossa consciência necessita a nossa atenção e recompensar-nos-á pelo nosso cuidado. As nossas cidades, o nosso país, tornar-se-ão melhores,mais limpos, mais belos, quando êste conhecimento se tiver generalizado, quando fôr aceito, não só como uma probabilidade intelectualmente admitida, mas como uma lei a aplicar-se à vida quotidiana. 

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

El Mantra Sonido Universal

Todo movimiento es coesencial al SONIDO. Donde quiera que exista el movimiento existe el sonido. El oído humano solo logra percibir un número limitado de vibraciones sonoras. Empero, por encima y por debajo de estas vibraciones que el oído registra, existen múltiples ondas sonoras que nadie alcanza a percibir. Los peces producen sonidos peculiares. Las hormigas se comunican entre sí por sonidos inaudibles para nuestra percepción física. Las ondas sonoras, al actuar sobre las aguas, producen movimientos de elevación y de presión. Las ondas sonoras al actuar sobre el aire, producen movimientos concéntricos, los átomos al girar alrededor de sus centros nucleares producen ciertos sonidos imperceptibles para el hombre. El fuego, el aire, el agua y la tierra, tienen sus notas musicales sonoras particulares”

La combinación fonética hecha con sabiduría produce los MANTRAMS. Un MANTRAM es una sabia combinación de letras cuyos sonidos determinan efectos espirituales, anímicos y también físicos. Antes de la TORRE DE BABEL, solo existía una lengua única, un lenguaje de oro, un idioma universal. Ese idioma tiene una Gramática Cósmica perfecta. Las letras de esa lengua de oro, están escritas en toda la naturaleza. Quien haya estudiado las Runas Nórdicas, y los caracteres hebreos, chinos y tibetanos podrán INTUIR ese Lenguaje Cómico con sus letras enigmáticas.

LAS VOCALES Y LAS FACULTADES DE LOS CHAKRAS

Las siete vocales de la naturaleza: I, E, O, U. A, M, S, resonaban antiguamente en el organismo humano. Cuando el hombre salió de las tierras de JINAS, se perdieron el ritmo y la armonía.
LA CLARIVIDENCIA se desarrolla con la vocal I.
LA CLARIAUDIENCIA, se desarrolla con la E.
LA INTUICIÓN, que desarrolla la Inspiración, con la vocal O.
PARA RECORDAR LAS VIDAS PASADAS, los Chakras pulmonares, se despiertan con la A, y hacen vibrar todos los centros internos las vocales M y S.

Estas vocales, combinadas sabiamente con determinadas consonantes, integran los MANTRAMS que facultan el despertar de todos los Chakras.

"Sensibiliza tus siete Iglesias con tu canto, oh discípulo, y no olvides que el Verbo abre las siete puertas de las siete iglesias de tu organismo". ¡Canta, discípulo, canta!

I           Clarividencia, nota SI.
E         Oído oculto, nota SOL.
O         Corazón, intuición, nota FA.
U         Plexo Solar, nota MI
A         Pulmones, vibra con la nota LA.

Una hora diaria de vocalización, cantando estas vocales, despierta todos los poderes internos.
VOCALIZACIÓN: La vocalización debe hacerse así: "Se prolonga el sonido de cada letra. La combinación CH. Abunda considerablemente en los mantrams hebreos y es de inmenso poder mágico".

La S está íntimamente relacionada con el FUEGO, y se vocaliza dándole una entonación especial: un sonido silbante, agudo, semejante a aquel que producen los frenos de aire comprimido de cualquier maquina.

Vale más una hora diaria de mantralización, que leer mil libros de teosofía oriental.

PRIMERA SERIE DE MANTRAMS:

CHIS   Clarividencia.                             I N   Clarividencia
CHES   Clariaudiencia.                          EN   Clariaudiencia
CHOS Intuición: chacra del corazón.    ON Intuición: chacra del corazón.
CHUS Telepatía: plexo solar.                UN Telepatía: plexo solar.
CHAS: Memoria de vidas pasadas.       AN   Memoria de vidas pasadas (pulmón).
 
VOCALIZACIÓN ESOTÉRICA:

Se vocaliza sosteniendo el sonido largamente en cada una, combinando la vocalización con el Pranayama, mentalmente. Se puede vocalizar en el siguiente orden: I..... E.... O..... U..... A..... M..... S..... Debe vocalizarse separadamente cada letra. En el pranayama los varones, iniciar por la fosa nasal derecha; En las damas se inicia por la fosa nasal izquierda.

La vocal I     despierta el chacra frontal y nos hace CLARIVIDENTES.
La vocal E   despierta el chacra tiroides y nos hace CLARIAUDIENTES.
La vocal O   despierta el chacra del corazón y nos hace INTUITIVOS.
La vocal U   despierta el Plexo Solar y nos hace TELEPÁTICOS.
La vocal A, despierta el chacra Pulmonar para recordar las pasadas EXISTENCIAS
                   


LA INICIACIÓN CÓSMICA SOLAR



La iniciación es tu propia vida intensamente vivida. si quieres la iniciación escríbela sobre una vara. El que tenga entendimiento que entienda porque aquí hay sabiduría.

La iniciación no se compra ni se vende. La Iniciación es algo muy íntimo del alma. El YO no recibe iniciaciones. Aquellos que dicen: Yo tengo tantas iniciaciones o tantos grados, son mentirosos y farsantes, porque el YO no recibe iniciaciones ni grados.

Existen nueve iniciaciones de Misterios Menores, y nueve iniciaciones de Misterios Mayores, es el Alma quien recibe las iniciaciones. Eso es demasiado íntimo, no se debe contar a nadie.

Todas las iniciaciones y grados que confieren escuelas del mundo físico, no tienen ningún valor en los Mundos Superiores. Los Maestros de la Logia Blanca sólo reconocen como verdaderas, las legítimas iniciaciones del Alma.

El discípulo puede subir las nueve arcadas, atravesar todas las nueve Iniciaciones de Misterios Menores sin haber trabajado en el Arcano A.Z.F. (la Magia Sexual); empero; es imposible entrar a los Misterios Mayores sin la Magia Sexual dl Arcano A.Z.F),

En Egipto todo aquel que llegaba a la NOVENA ESFERA, inevitablemente recibía de labios a oídos el secreto terrible del GRAN ARCANO (el Arcano más poderoso, el Arcano A.Z.F.)


“EL GUARDIÁN DEL UMBRAL”

La primera prueba que debe afrontar el candidato, es la prueba del Guardián del Umbral, Este es el reflejo del YO, del EGO. Muchos son los que fracasan en esta terrible prueba. El candidato invoca en los mundos internos al Guardián del Umbral; un espantoso huracán eléctrico precede a la terrible aparición.

La larva del Umbral está armada con terrible poder hipnótico. Realmente ese monstruo tiene la horrible fealdad de nuestros propios pecados, Es el espejo de nuestras propias maldades. La lucha es espantosa, cuerpo a cuerpo. Si el Guardián vence al candidato, este queda esclavizado del horrible monstruo.

Si el candidato sale victorioso, el monstruo del Umbral huye aterrorizado. Un sonido metálico estremece el Universo, el candidato es recibido en el salón de los niños. Esto nos recuerda aquella frase del Hierofante Jesús el Cristo: Hasta que seáis como niños, podréis entrar en el reino de los cielos.

En el salón de los niños es agasajado el candidato por todos los Santos Maestros. La alegría es inmensa porque un Ser humano ha entrado en la senda de la Iniciación. Todo el colegio de Iniciados (niños) felicitan al candidato. El candidato ha vencido al primer Guardián. Esta prueba se realiza en el Mundo Astral.


SEGUNDO GUARDIÁN

El Guardián del Umbral tiene un segundo aspecto, el Aspecto Mental. Debemos saber que todavía la mente del hombre no es humana; se halla en la etapa animal; cada cual tiene en el plano mental la fisonomía animal que le corresponde de acuerdo a su carácter; el astuto tiene cara de zorro; el pasionario parece un perro o un macho cabrío; etc.

El encuentro con el guardián del Umbral del plano mental, es todavía más horrible que en el plano astral. Es el guardián del mundo mental.

La lucha con el segundo Guardián suele ser muy horrible. El candidato debe invocar al segundo guardián en el plano mental. Este viene precedido de espantoso huracán eléctrico. Si el candidato sale victorioso, es recibido con muchos agasajos en el salón de los niños del plano mental. Si fracasa queda esclavizado por el horrible monstruo. En esta larva están personificados todos nuestros delitos mentales.


TERCER GUARDIÁN

El encuentro con el tercer guardián se realiza en el mundo de la voluntad. El demonio de la mala voluntad es el más terrible de los tres. La gente hace su voluntad personal; los Maestros de la Logia Blanca sólo hacen la voluntad del Padre, así en los cielos como en la tierra. Cuando aparece el guardián mundial, se escucha un sonido como de monedas que caen. Cuando el candidato sale Victorioso de la tercera prueba, es nuevamente agasajado en el salón de los niños. La música es inefable, la fiesta solemne.

Cuando el neófito es sometido a las pruebas sobre el guardián del Umbral, debe invocar al Cristo, esto es suficiente para vencer a la bestia.


EL SALÓN DEL FUEGO

Después que el candidato ha vencido en las tres pruebas básicas del guardián, entonces entra al salón de Fuego para purifican sus vehículos internos.


PRUEBAS DE FUEGO, AIRE, AGUA Y TIERRA

En el viejo Egipto de los Faraones esas cuatro pruebas se debían afrontar valerosamente en el mundo físico. Ahora el candidato debe pasar las cuatro pruebas en los mundos suprasensibles.

El neófito pasa las pruebas de los cuatro elementos de acuerdo como sea su comportamiento en el mundo físico.
1. PRUEBA DE FUEGO: Prueba la serenidad y la dulzura del candidato. Los Iracundos y los coléricos fracasan. El candidato se ve perseguido, insultado, injuriado, etc. Muchos son los que reaccionan violentamente y regresan al cuerpo físico fracasados. Los victoriosos son recibidos en el salón de los niños y agasajados con música deliciosa. Las llamas horrorizan a los débiles.

2. PRUEBA DE AIRE: Los que se desesperan por la pérdida de algo o de alguien; los que temen a la pobreza; los que no están quieren perder un Ser querido, fracasan en la prueba de aire. El candidato es lanzado al fondo de un precipicio. El débil grita y vuelve al cuerpo físico horrorizado. Los victoriosos son recibidos en el salón de los niños con fiestas y agasajos.

3. PRUEBA DEL AGUA: Los que no saben adaptarse a todas las variadas condiciones sociales de vida, los que no saben vivir entre pobres, los que después de naufragar en el océano de la vida rechazan la lucha y prefieren morir; esos, los débiles, fracasan inevitablemente en la prueba de agua. El candidato es lanzado al océano, o un río y cree ahogarse. Y los victoriosos son recibidos en el salón de los niños con fiestas cósmicas.

4. PRUEBA DE TIERRA: Nosotros tenemos que aprender a sacar partido de las peores adversidades, las cuales nos brindan las mejores oportunidades; debemos aprender a sonreír ante la adversidad, esa es la ley.

Aquellos que sucumben de dolor ante las adversidades de la existencia, no pueden pasar victoriosos la prueba de tierra. El candidato en los Mundos superiores se ve entre dos enormes montañas que se cierran amenazadoras. Si el candidato grita horrorizado, regresa al cuerpo físico fracasado; si es sereno, sale victorioso y es recibido en el salón de los niños.

Invocações e Evocações: Vozes Entre os Véus

Desde as eras mais remotas da humanidade, o ser humano buscou estabelecer contato com o invisível. As fogueiras dos xamãs, os altares dos ma...