quarta-feira, 3 de junho de 2020

O Dikpala do Caminho de Silêncio


Retrato de Lam feito por Crowley é um desenho curioso que ele incluiu em sua exposição ‘Dead Souls’ (Almas Mortas) realizada em Greenwich Village, Nova York, em 1919. Nesse mesmo ano ele foi publicado como um frontispício para o Comentário de Crowley para A Voz do Silêncio[1] de Blavatsky. Que há uma conexão entre o retrato e o Comentário, sub-intitulado Liber LXXI, pode ser inferida a partir da inscrição que acompanha o frontispício, que foi intitulado O Caminho:

LAM é a palavra Tibetana para Caminho ou Senda, e LAMA é Ele que Vai, o título específico dos Deuses do Egito, o Peregrino da Senda, em fraseologia Budista. Seu valor numérico é 71, o número deste livro.

Crowley não deixou nenhum registro quanto à origem deste retrato, embora ele tenha observado muitos anos mais tarde que ele foi desenhado em vida. É certo, porém, que o desenho surgiu a partir do Trabalho de Amalantrah, uma série de visões mágicas e comunicações recebidas em 1918, através da mediunidade de O Camelo, Roddie Minor. Isto foi em muitos aspectos, uma continuação do Trabalho de Abuldiz de vários anos anteriores. Em ambos os trabalhos, o simbolismo do ovo aparece com destaque. Uma das visões anteriores do Trabalho de Amalantrah terminou com a frase "Está tudo no ovo". Durante a definitiva visão sobrevivente deste trabalho, em referência a uma pergunta sobre o ovo, a Crowley foi dito que "Tu estás a andar este Caminho".

Examinando o retrato, podemos ver as conexões. A cabeça de Lam é em forma de ovo, e, claro, o desenho é chamado O Caminho. No redemoinho da face pode ser vista claramente um estilizado ankh, o símbolo Egípcio para Curso da vida, como uma questão de interesse, o ankh pode ser mais bem transliterado no Hebraico como kaph nun aleph, 71. O tema principal de A Voz do Silêncio, claramente trazidos por Crowley, é a necessidade de estabelecer contato com o Ser Silente. O corresponde ao Ser Anão, a consciência fálica, Harpocrates, Hadit; e o tema percorre grande parte do escrito de Crowley. É digno de nota neste contexto que ALIL, "a imagem do Nada e do Silêncio ', enumera-se como 71.

Crowley deu o desenho para Kenneth Grant em maio de 1945, na seqüência de um trabalho astral em que ambos estavam envolvidos. Desde então, tornou-se aparente que Lam é de fato uma entidade trans-mundana ou extraterrestre, com que vários grupos de magistas têm estabelecido contato, mais notavelmente Michael Bertiaux na década de 60 e um grupo de iniciados da O.T.O. nos anos 70. Muito permanece obscuro, no entanto, daí a necessidade de uma investigação mais aprofundada desta entidade.

A idéia de entidades extraterrestres parece causar dificuldades com algumas pessoas, associando-a, como podem fazer, com as praias mais selvagens da ficção-científica. Existe, porém, uma riqueza de material sobre este assunto para sugerir o antigo clichê que a verdade é mais estranha que a ficção. Ver, por exemplo, O Mistério de Sirius[2] de Robert Temple. Quer esses visitantes sejam considerados como os visitantes do espaço exterior, ou como a jorrar das profundezas de algum espaço interior, não é nem aqui nem lá. A dicotomia de "interior" e "exterior" é puramente conceitual, decorrente da noção dualista de um indivíduo ser de certa forma separado do resto do universo, que está de alguma forma 'lá fora'. Não existe, na verdade, nada fora da consciência, que é um continuum. Esta posição é explorada no artigo Going Beyond, que apareceu na primeira edição da Starfire.

Lam é abordado em muitos lugares nos trabalhos de Kenneth Grant, mais notavelmente em Cults of the Shadow e Outside the Circles of Time, e o leitor interessado pode consultar estes livros. Um relato mais prolongado de Lam é planejado para uma futura edição de Starfire. Nesse meio tempo, o seguinte documento emitido pela O.T.O. será de interesse, dando como faz um método de se tentar relação com Lam utilizando o retrato como um portal. 

I
Preliminarmente

Tem sido considerado oportuno pelo Soberano Santuário regularizar e examinar os resultados obtidos por membros individuais da O.T.O. que estabeleceram contato com a Mágica Entidade conhecida como Lam. Estamos, portanto, fundando um Culto interior deste dikpala com a finalidade de reunir relatos precisos de tais contatos.

Registros de conexão devem ser detalhados segundo a maneira sugerida em Liber E vel Exercitiorum e deve conter pesquisas sobre a interpretação cabalística do Nome e Números de Lam, e um estudo de relação deles com conceitos-chave da Dupla Corrente (93/696).

Também tem sido considerado oportuno regularizar o método de conexão e construir uma fórmula mágica para estabelecer comunhão com Lam.

O retrato do dikpala que é reproduzido em The Magical Revival[3] pode ser usado como o foco visual, e pode servir como o Yantra do Culto; o Nome Lam é o Mantra; e o Tantra é a união com o dikpala pela entrada no Ovo do Espírito representado pela Cabeça. A entrada pode ser efetuada por projeção da consciência através dos olhos.

Note-se que a entidade é representada sem orelhas, o que sugere que Lam é de certa forma relacionada com o Silêncio do Æon Sem Palavra de Zain. O fato de que o retrato foi usado por Therion como um frontispício de A Voz do Silêncio (H.P. Blavatsky) pode ter um preciso significado mágico. Ele foi originalmente reproduzido em The Equinox, volume 3, número 1, após um "volume de silêncio” de cinco anos durante os quais nenhum ensaio do The Equinox apareceu. The Equinox foi o Órgão Oficial da A.ֺ.A.ֺ. (Argenteum Astrum), a Estrela de Prata representada astronomicamente por Sirius, a Estrela de Set.


II
O Procedimento Mágico

O modo de Entrar no Ovo pode prosseguir da seguinte forma. Cada devoto é estimulado a experimentar e desenvolver o seu próprio método a partir deste procedimento básico:

1. Sente-se em silêncio diante do retrato.
2. Invoque mentalmente pela repetição silenciosa do Nome.
3. Se a resposta é sentida ser positiva, mas não antes, entre no Ovo e se mescle com Aquilo que está dentro e olhe para fora através dos olhos da entidade sobre o que aparece agora ao devoto um mundo alienígena. (Adumbrações de identificação com Lam podem ser experimentadas como um forte senso de irrealidade, ou falta de familiaridade, do universo "objetivo").
4. Sele o Ovo, i.e. feche os olhos de Lam e aguarde os acontecimentos.
5. Ao primeiro sinal de estresse ou fadiga, retorne à consciência mundana abrindo os olhos e escorrendo para fora do Ovo em uma forma determinada pelas experiências internas.
6. Execute, astralmente, o Ritual de Banimento do Pentagrama da Terra, nos Oito Espaços, e registre todas as experiências em detalhes, com especial atenção para as fases lunares (celestial e, quando aplicável, terrestre), e quaisquer fenômenos fisiológicos que acompanharam a experiência.

A invocação de Lam deve ser realizada somente em um Círculo de proteção integral, o qual envolve o Banimento nas Oito Direções do Espaço com o Ritual Menor de Banimento do Pentagrama da Terra, seguido pelo Ritual de Invocação do Hexagrama da Terra. Então, prosseguir com uma invocação silenciosa de Aiwass, e intensa aspiração a Yuggoth (Kether) e aos Grandes Antigos, antes do início da efetiva LAMeditação.

É sugerido que os devotos experimentem com esta técnica e apresentem seus Registros para membros indicados do Soberano Santuário da O.T.O. As sincronicidades que sejam consideradas relevantes podem ajudar a facilitar Trabalhos futuros, e podem ser incorporados com o objetivo de estabelecer uma conexão mais profunda.

Grupo de trabalho é considerado desaconselhável. Cada devoto deve trabalhar de forma isolada ou somente com seu parceiro mágico, ainda que o Trabalho do IX° seja considerado extremamente perigoso nessa área, mesmo que ambas as partes sejam oficialmente IX°. Uma observação similar se aplica aos Trabalhos do VIII° e, mais enfaticamente, aos Trabalhos Lunares, que em nenhum caso devem ser realizados neste contexto.

Cada devoto deve trabalhar de forma independente, e deve ser desconhecedor da identidade de outros membros do Culto. Isto é importante se o "objetivo" ou a assim chamada evidência "científica" do Contato for obtida.

Talvez leve anos para acumular evidências significativas de contato com Lam, e - se Lam é o Portal - com Aqueles que jazem Além. Pode ser que a comunhão com o dikpala se dê por meio de congressos com uma Sacerdotisa escolhida por Lam, ou com aquela que possua certas características peculiares a esse ofício, caso em que novos procedimentos terão que ser inventados. No presente momento, no entanto, é aconselhável limitar as experiências para métodos de intercurso mental e/ou astral. Uma Ordem Interna do Culto pode – e será, se necessário – ser formada para acomodar outros modos de Trabalho.


III
Por que o Culto foi Fundado neste Momento

O Culto foi fundado porque intimações muito fortes foram recebidas por Aossic Aiwass, 718ֺ.ֺ no sentido de que o retrato de Lam (o desenho original que foi dado por 666ֺ.ֺ a 718ֺ.ֺ em circunstâncias curiosas) é o foco atual de uma Energia extra-terrestre — e talvez trans-plutônica — que a O.T.O. é requerida a comunicar neste período crítico, pois temos agora entrado no Oitenta mencionado no Livro da Lei. É Nosso intuito obter algum insight não somente sobre a natureza de Lam, mas também sobre as possibilidades de usar o Ovo como uma cápsula espacial astral para viajar ao domínio de Lam, ou para explorar espaços extraterrestres no sentido em que Viajantes do tempo Tântrico da O.T.O. estão explorando os Túneis de Set em cápsulas intracósmicas e chthonianas.

Membros da O.T.O. que se sentem fortemente atraídos a este Culto de Lam são convidados a candidatar-se a participação nesse programa. É aberto somente aos membros da Ordem. Eles devem entrar em contato com Frater Ani Asig, 375ֺ.ֺ do Soberano Santuário da O.T.O. e submeter uma aceitação formal, datilografada e assinada, das condições de trabalho descritas aqui.

Deve ser entendido que a proficiência nas fórmulas mágicas deste Culto não necessariamente comporta elegibilidade para o avanço na O.T.O., sua Ordem original.

© Kenneth Grant / Aossic Aiwass, 718ֺ.ֺ
C.E.O. da O.T.O.
Londres e Miami; Equinócio de Primavera, 1987 e.v. 

Originalmente publicada em Starfire Volume I número 3
©Kenneth Grant, 1989; ©S.V. Grant, 2011

©Tradução de Lilia Palmeira - 2011
Revisão de Cláudio César de Carvalho


Notas de Rodapé:
[1] The Magical Revival, by Kenneth Grant, Frederick Müller, London, 1972; publicado também pela Skoob Publishing, London, 1992 e pela Starfire Publishing Limited, London, 2010. Tradução para a língua Portuguesa como O Renascer da Magia, por Kenneth Grant, tradução de Cláudio Breslauer, Madras Editora, São Paulo, 1999.
[2] A Voz do Silêncio, por Helena Petrovna Blavastky, tradução Portuguesa de Fernando Pessoa. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1969.
[3] The Sirius Mystery, by Robert K.G. Temple. Destiny Books, Vermont, 1976. Tradução para a língua Portuguesa como O Mistério de Sírius, por Robert K.G. Temple, Madras Editora, São Paulo, 2005. 

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...