segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Conceitos Draconianos


Incontável é o número de histórias que ouvimos falar sobre esses seres de imenso poder e imponência. Inúmeras são suas formas e seus poderes, sempre temidos e fascinantes. Assim sempre foi e sempre será a figura do Dragão, seja como símbolo, como criatura, como Deuses ou Demônios: os Dragões estão vivos em inúmeros planos de existência e de manifestações: Imaginários, religiosos, físicos e simbólicos. Portanto, a proposta deste texto é tentar mostrar um pouco mais sobre tais criaturas, baseando-se em variados povos e culturas, de épocas diferentes e inclusive no que ainda existe tanto nas religiões mais novas quanto na crença e na fé de outros grupos, bem como a importância de sua figura e de seu imenso poder que nos remete á verdadeira Sabedoria, finalizando com sua ligação extremamente importante na Magia e na Bruxaria em si.

Um dos mitos mais antigos conhecidos é o do gênesis dos povos da Mesopotâmia, que incluía a criação dos Deuses, do mundo e dos humanos(2). Nesse mito, podemos resumir que havia uma poderosa Deusa chamada Tiamat, cuja forma remete-nos a um Dragão(3).Ela era a Deusa dos oceanos e das águas salgadas, do Caos e das trevas. Ela era a mãe dos Deuses junto com seu marido Apsu, que era o Deus criador, senhor das águas doces, lagos e rios. Na história do Enuma Elish (4), Tiamat e Apsu tiveram filhos e netos, porém, seus filhos eram tumultuosos e barulhentos e Apsu decide mata-los. Seu filho Ea/Enki antecipa-se e mata Apsu, seu pai. Tiamat se enfurece e cria onze monstros poderosos para liderar seu exército de criaturas terríveis e seus filhos e netos se preparam para lutar contra sua mãe. Tiamat cria Kingu e o torna seu esposo, dando-lhe as tábuas do destino e colocando-o a frente de teu exército. Ea/Enki tenta lutar contra Tiamat, mas é derrotado, assim também acontece com Anu/An. No final, Marduque (filho de Ninhursag com seu irmão Enki), conseguiu capturar Kingu e matar Tiamat, ganhando o título de Reis dos Deuses e homenageado pelos mesmos. Após matar Tiamat, Ele cortou seu corpo em dois, fazendo de uma metade a terra e da outra metade o firmamento e de sua saliva ele cria a chuva. Nota-se nesse momento uma certa semelhança de quando o Deus Odin, junto com seus irmãos Vé e Vili matam o gigante Ymir e despedaçam seu corpo, usando suas partes para a criação do mundo. De qualquer forma, o poder e a proporção de Tiamat contido no mito, bem como na dificuldade dos Deuses em derrotarem sua mãe, assim como o mundo que conhecemos ser na verdade seu próprio corpo, nos dá uma gama ilimitada de ferramentas e de poderes a ser explorado. Não apenas isso, quando os Deuses desejam criar os humanos (para fazerem os trabalhos mais pesados), eles decidem matar Kingu e usar seu sangue misturado a terra (que é o corpo de Tiamat) para concretizarem tal criação, nos remetendo a uma ideia de que nós somos descendentes dos Deuses Antigos e que em nosso sangue corre o sangue de Kingu, assim como o de Tiamat.

Nos mitos nórdicos temos a história do Dragão Fafnir e de como o seu sangue tornou Siegfried imortal em todo o lugar em que tocara seu corpo e de como após beber o seu sangue, Siegfried podia entender a linguagem dos pássaros e, após comer seu coração, Ele ganhou o dom da Sabedoria.

Também há o Dragão Níðhöggr que rói as raízes de Yggdrasil (5), com o intuito de destruí-la. Níðhöggr significa “Devorador de Cadáveres” e no Ragnarök(6) ele irá subir para Midgard e trará os mortos para batalha.

Não poderíamos esquecer de Jörmungandr, a terrível serpente-dragão que envolve o mundo, cujos movimentos de seu corpo causam os maremotos e as ondas gigantes. Jörmungandr é filho de Loki com a giganta Angrboda e irmão de Fenrisulfr(7) e da Deusa do submundo Hel. Jörmungandr lutará contra o Deus Thórr e será morto pelo mesmo, que após dar nove passos, cairá morto pelo seu veneno.

Nos mitos gregos nós temos exemplos de Dragões tanto como Deuses quanto guardiões. Na História de Cadmo e da fundação da cidade de Tebas, o herói mata um Dragão que protegia um bosque sagrado que era tido como um filho de Ares e, após mata-lo, segue o conselho de Athena e semeia os dentes do Dragão na terra, o que gerou diversos guerreiros fortemente armados e de aspecto ameaçador. Seguindo mais um conselho de Atena, Cadmo lança uma pedra sem ser visto em um dos guerreiros e eles começam a brigar e a matar uns aos outros. No final da luta, restaram apenas 5 guerreiros, ou sparti (8) e esses ajudaram Cadmo na construção de Tebas e se tornaram também os ancestrais das famílias Nobres da cidade.

Nos mesmos mitos, temos também o Dragão Ladão, que possuía cem cabeças e que cada um de suas cabeças falava uma língua. Longe de ser uma besta, Ladão era filho do poderoso Titã Tiphon e possuía além de força, muita inteligência e fora escolhido pela Deusa Hera para guardar os Frutos Dourados da vida eterna. Ladão fora morto por Hercules que depois arremessou seus restos para o céu formando a constelação de Draco.

O Próprio Tiphon, dado como um Deus poderoso e caótico ao ponto de todos os Deuses o temerem, era tão grande que sua cabeça tocava os astros celestes e suas mãos iam do Oriente ao Ocidente. Suas asas abertas podiam tapar o Sol, acima de seus ombros possuía cabeças de Dragões, 50 de cada ombro, fazendo-se 100 cabeças. De sua boca cuspia fogo em torrentes, e lançava rochas incandescentes aos céus.
Saltando para o México, temos a famosa serpente alada Quetzalcóatl, cultuada pelos antigos Astecas e ainda pelos seus descendentes nos dias de hoje. Quetzalcóatl significa “Serpente Emplumada” e era visto como um Deus benévolo que representava a Luz, os ventos e a Sabedoria.

No Brasil temos o Boitatá, que era visto como uma serpente gigante feita de fogo que protegia as florestas e os campos contra incendiários, ateando fogo nos mesmos.

Também há a lenda do Dragão de Wawel, na Polônia, onde seria a atual Cracóvia, onde o príncipe de Krak, não sabendo como se livrar do poderoso e imenso Dragão que apareceu em suas terras, oferece a mão da princesa Wanda e metade do Reino a quem derrotasse o Dragão. Após vários falharem na missão, um jovem sapateiro apresenta uma ideia que não só da certo, como lhe garante a mão da princesa e metade do Reino. A gruta em que o Dragão dormia existe até hoje e virou um local turístico com uma estátua de dragão em sua entrada.

Até mesmo na bíblia encontramos referências a Dragões, sendo uma deles a seguinte descrição:

“1 “Você consegue pescar com anzol o leviatã ou prender sua língua com uma corda?
2 Consegue fazer passar um cordão pelo seu nariz ou atravessar seu queixo com um gancho?
3 Pensa que ele vai lhe implorar misericórdia e lhe vai falar palavras amáveis?
4 Acha que ele vai fazer acordo com você, para que você o tenha como escravo pelo resto da vida?
5 Acaso você consegue fazer dele um bichinho de estimação, como se ele fosse um passarinho, ou pôr-lhe uma coleira para as suas filhas?
6 Poderão os negociantes vendê-lo? Ou reparti-lo entre os comerciantes?
7 Você consegue encher de arpões o seu couro, e de lanças de pesca a sua cabeça?
8 Se puser a mão nele, a luta ficará em sua memória, e nunca mais você tornará a fazê-lo.
9 Esperar vencê-lo é ilusão; só vê-lo já é assustador.” (9)

Ainda:

“12 “Não deixarei de falar de seus membros, de sua força e de seu porte gracioso.
13 Quem consegue arrancar sua capa externa? Quem se aproximaria dele com uma rédea?
14 Quem ousa abrir as portas de sua boca, cercada com seus dentes temíveis?
15 Suas costas possuem fileiras de escudos firmemente unidos;
16 cada um está tão junto do outro que nem o ar passa entre eles;
17 estão tão interligados, que é impossível separá-los.
18 Seu forte sopro atira lampejos de luz; seus olhos são como os raios da alvorada.
19 Tições saem da sua boca; fagulhas de fogo estalam.
20 Das suas narinas sai fumaça como de panela fervente sobre fogueira de juncos.
21 Seu sopro faz o carvão pegar fogo, e da sua boca saltam chamas.
22 Tanta força reside em seu pescoço que o terror vai adiante dele.
23 As dobras da sua carne são fortemente unidas; são tão firmes que não se movem.
24 Seu peito é duro como pedra, rijo como a pedra inferior do moinho.
25 Quando ele se ergue, os poderosos se apavoram; fogem com medo dos seus golpes.
26 A espada que o atinge não lhe faz nada, nem a lança nem a flecha nem o dardo.
27 Ferro ele trata como palha, e bronze como madeira podre.
28 As flechas não o afugentam, as pedras das fundas são como cisco para ele.
29 O bastão lhe parece fiapo de palha; o brandir da grande lança o faz rir.
30 Seu ventre é como caco denteado, e deixa rastro na lama como o trilho de debulhar.
31 Ele faz as profundezas se agitarem como caldeirão fervente, e revolve o mar como pote de unguento.
32 Deixa atrás de si um rastro cintilante; como se fossem os cabelos brancos do abismo.
33 Nada na terra se equipara a ele; criatura destemida!
34 Com desdém olha todos os altivos; reina soberano sobre todos os orgulhosos”.” (10)

O mais interessante é ter na bíblia uma descrição tão poderosa da figura do Dragão, que no texto acima é referido como Leviathan ou um Dragão Marinho.

Visto que a Igreja condena e repudia a imagem do Dragão, podemos observar mais coisas, inclusive inerentes as tradições católicas, como por exemplo Santa Marta, cujo mito nos conta que após ressuscitar um jovem que morrera afogado, fora procurada pelos moradores de Tarascon para ajudar-lhes com um Dragão que estava assolando os habitantes da região. Santa Marta voltou com o Dragão atado no seu próprio cinto e o levou para a cidade, manso como se fosse um cordeiro. E até os dias de hoje, todos os anos, há uma grande festa para homenagear a Santa Marta, cuja imagem atravessa as ruas em cima de um Dragão. Uma de suas imagens contém um Dragão enrolado em suas pernas, como se fosse manso e protetor.

Não só na cidade de Tarascon, na França, persiste a festa, mas também em algumas cidades da Espanha, como Granada, Andalucía e Barcelona.
A imagem do Dragão não somente está contida em diversos povos que não tiveram contato uns com os outros e também separados por Eras completamente diferentes, mas em culturas tão diversas que o Oriente em si está repleto de Dragões.

Os Símbolos mais comuns são desde Forças poderosas e incontroláveis quanto de Ordem, Ancestralidade e Tradição. Dragões possuem um forte simbolismo ligado a Sabedoria e ao Poder em todos os seus sentidos.

Até esta parte qualquer leitor pode encontrar referências simples e até similares sem trabalho algum. É a partir deste ponto, após ter citado algumas das mais conhecidas caracterizações dos Dragões, que o assunto começa a ser abordado de uma forma mais interessante e ligado tanto a Bruxaria quanto aos poderes de alguns grupos e de pontos de vista variados.
Tal Poder não poderia ser ignorado nem pelos religiosos e muito menos pelas bruxas de todas as Eras ou ainda por aqueles que realmente enxergam e entendem o poder em várias de suas formas.

Não é difícil achar textos ou rituais onde se encontrem citações ou ainda visões de Dragões como Deuses ou formas para certas entidades, ou ainda, Dragões como formas de magia ou representação de poderes.

Algumas pessoas acabam se deparando com alguns grupos com visões mais abertas para os Dragões, como os praticantes de Magia Draconiana, cujo escopo de rituais e crenças lhe coloca como um Caminho único dentro do Caminho da Mão Esquerda, ou “Left Hand Path” como acaba sendo mais conhecido.

Diferente daqueles que acham que praticam ou que trilham um Caminho Draconiano, mas na verdade apenas substituem alguns de seus apetrechos rituais por Dragões levianamente (como elementos por Dragões, Deuses por Dragões e etc) e continuam fazendo o mesmo ritual que sempre realizaram apenas mudando as aparências; o Verdadeiro praticante da Magia Draconiana não somente enxerga além, como também acaba mudando sua própria visão sobre a figura dos Dragões e de seu papel no universo. Ele sabe que os poderes possuem máscaras e que o Dragão é uma das mais poderosas e que personificam o Poder absoluto, assim como a liberdade e a Sabedoria. Além disso, assim como a Apoteose da Serpente seria o Dragão, nossa Apoteose seria o Divino, o que no final, é exatamente a mesma coisa, pois Dragões também podem ser Deuses.

No ‘Rito do Fogo de Tubalcaim’( 11) há uma passagem em que é dito na oração:

“Tu és Ele: Reis dos Dragões da Sabedoria, teus ministros que são os demônios formados do fogo: Shemyaza, Armaros, Baraqijel, Kokabel, Ezeqeel, Araqiel, Shamsiel, Sariel.”

Temos ainda, um chamado cedido por Andrew Chumbley a um dos livros de Michael Howard, “O chamado de um amante ao anjo da linhagem das Bruxas”(12),sendo que na primeira parte há duas menções ao nosso tema na Arte Real:

“Ó Az’ra-Lumial! Alma angélica do mestre Caim! Iniciador do Mistério Draconiano, aquele que abre os portões à Vereda Tortuosa!”

E também:

“Ó Az’ra-Lumial, ascendei como a Gnose, a Mente do Céu: O Grande Dragão de sete cabeças, coroado e vitorioso!”

Ainda podemos citar mais uma passagem:

“Sobre o centro cósmico do céu gira a constelação de Draco, o Dragão.  Na Pérsia, era o Dragão-serpente Azhadaha, identificado como a Serpente Negra da Luz, Azazil-Ebas, chefe dos Inri ou Anjos Caídos. A Grande Estrela Dragão enrolada sobre uma árvore eixo dos mundos é emblemática da serpente da sabedoria enrolada sobre a cruz de Tau, o selo da Arte dos Sábios. A Grande Serpente, Draconis Azhadaha, é significantemente chamada também de Thyphonis Statio ou a Estação de Typhon ou Seth. No planisfério egípcio reproduzido em Oedipus Aegytiacus de Athanasius Kircher (1652), Typhon é mostrado como um Dragão escamado escarlate e verde e é equiparado com o deus mais antigo. Esse esquema de cores verde e vermelho retrata a tradição Luciferiana.” (13)
Além das anotações possíveis e dos bons debates que poderiam vir advindos de alguns desses pontos sobre a figura do Dragão nos ritos de Poder, podemos ainda acrescentar as Sábias palavras de Andrew Chumbley em um de seus Grimórios da Arte:

“O Caminho em si é personificado sob a forma de uma besta a qual tipifica sua natureza tortuosa e sempre-mutável – a Serpente, e então, em sua mitológica apoteose, o Dragão: Aquele que envolve o Grande Ano. O Grande Dragão é o símbolo do Arcanum central. Shaitan e Lilith representam a natureza bifurcada ou dupla implícita em sua identificação. Eles são as serpentes gêmeas (Ob e Od – a Serpente Negra e a Vermelha) ou os aspectos gêmeos do Poder Ofídico. Ele, o transmissor do sagrado veneno, o qual desperta o Oraculo; e Ela, a absoluta da Revelação.” (14)

Não há como negar o poder dos Dragões na Bruxaria e de seu poderoso simbolismo que, se colocado sobre a direção “correta”, causa admiração ou temor ao coração dos que escutam seus nomes. Dessa forma, quando falamos em Dragões, a primeira imagem que vem para a maioria das pessoas são as de Dragões populares dos filmes e livros de fantasia. Quando mencionamos ou comparamos a figura do Dragão como uma das formas de Shaitan ou de Lúcifer, sua imagem passa a ser considerada ‘monstruosa’ e ‘intimidadora’ para aqueles que ainda permanecem na ignorância do ‘homem do barro’, que ainda temem o poder Real do Fogo e de sua sabedoria. São nesses termos em que a Magia e a transformação possuem a chance de se tornarem algo mais: quando se dá a direção correta para ativar seus sentidos e expandir a sua compreensão.

O Dragão é um símbolo poderoso e diversas linhas de Poder fazem uso de sua forma e de seus valores, como por exemplo, o ‘Temple of the Ascending Flame’ e a ‘Ordo Draconis et Atri Adamantis’, mais conhecida como ‘Dragon Rouge’, são Ordens que focam na Magia Draconiana, incluindo uma variedade de práticas e o uso de máscaras para o Dragão.
Muitos exercícios possuem como objetivo alcançar técnicas que envolvem fogo e meditações para elevar seus sentidos, despertar a Kundalini ou a Serpente-Dragão, visualizações de situações e entidades, tomar a forma de Dragões ou de algum híbrido durante visualizações e viagens oníricas ou astrais, bem como a de ter acesso a tais poderes e símbolos relativos aos mesmos. Todo esse poder e glória devem ser levados para o seu dia-a-dia e cada vez mais, que assim como em inúmeros Caminhos da Bruxaria e da Magia em si, tornar-se o Dragão numa analogia sob a perspectiva de uma Apoteose, como se voltássemos a nos aproximar de nossa natureza Original, como de nossa mãe Tiamat, que foi o Dragão do Caos e das trevas, a geradora dos Deuses; e nosso Pai Kingu, cujo corpo e sangue foram matéria prima para nossa criação: no final, caminhamos cada vez mais para nos tornarmos Deuses ou, simplesmente, voltarmos a ser exatamente aquilo que já somos, o que normalmente é entendido por apenas alguns indivíduos.

Ambos os Caminhos são parte do que chamamos de LHP (Left Hand Path) ou o Caminho da Mão Esquerda, pois não há como seguir o Caminho do Dragão ou da Magia Draconiana por outra forma, já que seus símbolos, além de muito variados, também implicam em trilhar e ousar por Caminhos mais tortuosos e de práticas mais sombrias e agressivas com o ideal e meta de uma Apoteose, o que no caso, também incluiria a capacidade de tomar a forma espiritual e onírica de um poderoso Dragão.

Outra analogia bem comum é a associação de Lilith com um Dragão, assim como a do mestre Qayin. É natural que suas comparações sejam feitas dessa forma, uma vez que suas naturezas não apenas mutáveis, mas poderosas em meio as suas ordálias, tenham lhes trazido tanta sabedoria e poder. O Dragão, como um arquétipo do Poder Absoluto e Ancestral, seja como Criador e gerador ou como Guardião e Sábio, ainda perdura tanto nesses personagens quanto em inúmeros outros, seja como comparações diretas ou apenas ilustrações de seus poderes e características.

De qualquer forma, um dos primeiros passos das pessoas comuns seria o de desvincular os Dragões das Fantasias modernas e tentar compreender o seu valor Oculto e Magicko. Não apenas pelas associações de grupos ou escritores, mas pelo temor e fascínio que causavam em cada época e em cada povo, seja como criaturas Poderosas ou como Deuses de outrora.

Só a partir dessa mudança é que se torna possível o contato com o poder Real da Magia Draconiana de forma mais direta.

Não é de se surpreender que muitos Bruxos e praticantes de magia usam Dragões em seus chamados ou símbolos, como fonte de inspiração e poder, assim como o fizeram símbolos de todo o mundo, incluindo brasões de famílias e personagens inspiradores de inúmeras histórias, como o famigerado “Drácula” e o Dragão como símbolo de seu Poder; ou ainda a bandeira do País de Gales, onde jaz, até hoje, um poderoso Dragão Vermelho com um fundo Branco e Verde.

Finalizo com uma frase de Andrew Chumbley, retirado de um de seus Grimórios da Arte sem Nome, na qual possui inúmeras analogias e sabedorias para aqueles que possuem olhos para ver:

“Tornou-se Eu o Dragão de sete Cabeças, o Pai e o Filho das Serpentes Gêmeas da Vida e da Morte.”
Notas:

(1) Jó 30:29;

(2) Como parece ser mais aceito, tomo como mais antigo a criação do mundo na Mesopotâmia do que na bíblia, já que a bíblia em si além de não ter sua suposta idade comprovada tudo indica que a mesma fora influenciada por povos mais antigos, como aqueles que faziam parte dos povos da Mesopotâmia;

(3) Embora seja totalmente popular a visão de Tiamat como um Dragão, há apenas indícios de suas formas;

(4) Enuma Elish é o mito de criação babilônico. Foi descoberto por Austen Henry Layard em 1849 (em forma fragmentada) nas ruínas da Biblioteca de Assurbanípal em Nínive (Mossul, Iraque), e publicado por George Smith em 1876. Essa versão data do século 7 ac, mas provavelmente teve origem na Idade do Bronze ou  no período Cassita, em torno do século 18 – 16 ac), tornando-o muito mais antigo que a bíblia;

(5) É a Árvore dos Mundos. Midgard, literalmente “terra média”, é o nosso mundo e se localize bem no meio da árvore;

(6) Traduzido literalmente como “Crepúsculo dos Deuses”, que representaria o fim do mundo, dos Deuses e dos humanos, numa batalha feroz e caótico onde tudo no final é devorado pelo fogo;

(7) Mais conhecido como Lobo Fenris;

(8) “Semeados”;

(9) Jó 41:1-9

(10) Jó 41:12-34

(11) Os Pilares de Tubalcaim, Apêndice IV, pág 288, Nigel Jackson e Michael Howard, Editora Madras;

(12) O Livro dos Anjos Caídos, pág 149-150, Michael Howard, Editora Madras;

(13) Os Pilares de Tubalcaim, pág 268, Nigel Jackson e Michael Howard, Editora Madras;

(14) Andrew Chumbley, Qutub, pag 46, Xoanon;

(15) Andrew chumbley, azoetia, pág 312, xoanon.