segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Chamado do Sangue



O Chamado do Sangue
Despertando a Herança do Sangue-bruxo
por Leonard Dewar
Era Vulgaris MMXII

Esta é uma invocação que tem como objetivo acordar o sangue do praticante, revelando pelos sonhos e sinais, ao longo da prática, segredos e mistérios aprendidos pelos seus antepassados.
Quem praticá-lo deverá fazer um “Grimorio da Noite”, a fim de anotar tudo o que receber pelo mundo onírico, seja avisos, símbolos, conhecimentos e até mesmo o que parecer sem sentido ou desconexo.
Este Ritual deverá ser realizado por 99 noites consecutivas, ininterruptas, sendo que a cada 30 dias uma vela deverá ser usada, sendo a Branca representando a Luz, os poderes do dia e do Sol; a Preta representando a Escuridão, os poderes da Noite e da Lua e, por último a vermelha, o Fogo, representando o sangue e o espírito ancestral, os conhecimentos do próprio andarilho e de seus antepassados, a cor da Arte. A ordem das velas é de escolha do andarilho, pois o caminho de cada um é de própria responsabilidade, assim como as conseqüências. Quando completar um ciclo com cada vela, deve o Andarilho usar as três velas, fazendo assim, as últimas nove noites com três velas: a Negra á sua esquerda, a Branca á sua direita e a vermelha entre ambas, de frente ao feiticeiro. Dessa forma ele completará o ciclo dos 99 dias, realizando o noventa vezes nove, cujo resultado é o sagrado nome de Qayn.
Caso perca um dia e não consiga fazer sua prática, volte do início, até que você complete seus 99 dias ininterruptos.
Se tiveres um olhar atento, verás que o número nove e seus múltiplos estão ligados á Lillith e às suas formas, que se encerram em si mesmas, pois ela é a mãe do Sangue-bruxo, a primeira mulher de toda a criação. Porém, não se deixe enganar pelas aparências, Andarilho, pois desde já os trate não somente como seus ancestrais, mas também, como algo que está além de nossa compreensão; pois os mistérios que rondam essas histórias não são de natureza acolhedora: você estará invocando um poder tanto sagrado quanto profano. Eles são os poderes que aquecem e ensinam, que queimam e destroem; o fogo que transforma para ambos os lados e a lâmina afiada que traz a morte: seus caminhos não podem ser previstos. Lembre-se que as dores que passaram e o que tiveram de fazer não somente lhes trouxe a glória da rebelião contra a mentira sedutora, mas a maldição da Verdade que tanto liberta quanto envenena. E essa maldição é compartilhada por todos os seus filhos, por toda a sua linhagem.
Portanto, Andarilho, é isso que estás prestes a invocar: a história e a Herança de seu próprio sangue, com todas as bênçãos e maldições, glórias e tragédias.
Faça este chamado com orgulho, vontade e honra, mas nunca envolto em soberba ou vaidade:

Cavaleiro da meia-noite das bruxas,
Tu, que corres com a montaria marcada com a Estrela na fronte,
Que caminhas sobre o fogo da rebelião,
Escute o nosso Chamado!
Tu, que tens o rosto oculto pelo mistério da noite
e a imagem refletida pela luz do dia,
Que é ameaçador para os filhos do barro e sedutor para os filhos do fogo,
Venha ao nosso encontro!
Senhor que guarda o segredo ancestral,
Serpente flamejante que adormece em nossas almas:
Venha a nós com o olhar do Djinn do deserto com olhos de brasas,
E nos traga os conhecimentos secretos!
Cavalo e cavaleiro,
A Mão que semeia vulcões que rasgam a terra,
O sopro que incendeia nossas Almas,
Em tua graça, profano e sagrado se tornam um,
Assim como era no início e como será no final.
Á tua imagem e semelhança se torna o meu fogo
Assim como os espíritos daqueles que andam O Caminho sob tua Luz;
Tu és a vida na morte e a morte na vida,
Tu és a Sombra sem forma que dança na luz,
A Luz flamejante que dança nas sombras,
O morto que fala com os vivos e o vivo que fala com os mortos!
Guardião dos mistérios da morte,
Senhor dos mistérios da vida,
Acorde a serpente do sangue
E escute o nosso chamado!
Abra-nos os portais da nossa herança,
E deixe-nos vislumbrar o poder oculto,
A memória ancestral que dorme em nossas almas.
Conheces as dores da raça exilada,
O peso da herança maldita,
A glória de toda a magia,
O poder indomável do sangue!
Serpente de chamas que dorme em nossas veias,
Cavalo com crina e com casco de fogo,
Dragão indomável com chifre esmeralda,
Nós lhe chamamos para o despertar!
Mostre-me a revelação do sangue,
Dê-me a semente e a foice do verdadeiro tornar-se,
Que minha alma acenda e que nada limite minha chama!
Nem vivos ou mortos,
Nem eu próprio ou meus medos mais secretos!
Que ela queime a tudo o que não for digno,
E que transforme o que for impuro em digno de Honra e de Orgulho,
Mesmo que meu coração se parta em tristeza e minha alma se cubra de cinzas!
Mestre Caim, Tu, Filho do fogo,
Que mataste o profano do barro!
Que com Ela – a mãe do sangue-bruxo – deram origem a nossa raça!
Que junto á Ela fazes a Direção Oculta,
Que está nos mistérios das oito direções sagradas!
Tu, que caminhastes pelas terras sombrias de Nod,
Que nos livraste do licor da mentira!
Que nos envenenaste com a Verdade libertadora!
Ouça meu chamado!
Atenda a minha oração!
Olhai para os vossos descendentes!
Nós lhe chamamos em nome do nosso sangue!
  
Repetir a oração Oitenta e Uma vezes, no sagrado Nove vezes Nove:

Mestre Qayn, Assassino primeiro, desperte o poder do meu sangue,
Que eu mergulhe nos poderes e mistérios de minha Alma,
Que a chama esmeraldina ascenda resplandecente em minha fronte!

Quando terminar, encerrar com a seguinte oração:

Cavaleiro da meia-noite das bruxas!
 Pelos sete regentes do céu e do inferno,
Pelos poderes do alto e de baixo e tudo entre eles!
Pelo sangue ancestral,
Nós lhe pedimos que esteja sempre conosco.
Que possamos escutar o sussurro dos mortos,
Entender as mensagens dos ventos,
E despertar os segredos do sangue.
Que todos os poderes se encontrem na Direção Oculta,
no centro das oito direções!
Amém, Amém, Amém.


Oração aos Antepassados – Uma Invocação Luciferiana da Nona Direção


“Por tudo o que é valioso,O sangue em minhas mãos:É o sangue de divindades”
Quando teu sangue sussurrar ao teu ouvido, com uma voz que te lembrará do som do rastejar de uma serpente;
Quando o vento lhe trouxer tais sussurros como se os trouxesse do Abismo;
Quando sentires que esse Abismo, seja qual for tua máscara, reside em teu sangue e espírito pelo antigo pacto;
Quando aceitares a ideia de que o teu sangue é o mesmo dos Deuses Antigos e das forças caóticas e primitivas anteriores aos mesmos;
E finalmente, quando for capaz de sentir, sem precisar emitir palavra alguma, que o silêncio e o poder, assim como tua maldição e tua sabedoria, são tua herança e tua Marca na linhagem de Qayin e dos Anjos Caídos;
Será o dia em que teu mundo irá ruir e, teu entendimento, mesmo trazendo a sua vista todas as mentiras, lhe trará a visão da face da Luz, das Trevas e dos Caminhos.
Será quando entenderá tua origem e teus mistérios.
E será quando estará mais próximo da Chama das Eras que brilha entre os chifres sagrados de Azazel.
Chame pelos teus ancestrais com o orgulho de todos os seus feitos que adormecem em teu próprio sangue e espírito.

Oração aos Antepassados

Das Profundezas de meu ser,
Eu invoco a fagulha do fogo primordial,
A Chama das Eras que brilha entre os chifres sagrados de Azazel!
Eu invoco aquele que é desconhecido!
A sombra obscura, a metade sombria.
O que possui o rosto ocultado pela escuridão da noite
e a imagem refletida pela luz do dia.
Aquele cuja Luz brilha na escuridão mais profunda.
O Ferreiro divino e infernal,
O fogo negro sob a alcunha de Tubal-Qayin!
Cuja descendência forjou o prego que nunca esfria!
Eu chamo pelos pais do fogo e sangue!
Cuja chama ardente e indomável vive eternamente!
A serpente flamejante que adormece em minhas veias!
O beijo lascivo da mãe que açoita!
Aquela da casa de Samael!
Pois Eu sou Ele! E Eu sou Ela!
A máscara das possibilidades,
E o véu que esconde o segredo!
Aquele cuja palavra não pode ser escrita.
Eu sou a forja e o metal retorcido de TUBALO-LÚCIFER,
Aquele que pelo fogo vive em eterna transformação!
Eu sou a foice purificadora de QAYIN!
Aquele que alimenta a terra com o verdadeiro sacrifício!
Eu sou o sangue ancestral e de poder implacável de NAAMAH-LILITH!
A Serpente-Dragão que a tudo devora!
Pois eu invoco e evoco a mim mesmo!
Pois eu sou aqueles que já se foram!
E toda sua glória e seu poder também pertencem a mim!
Pois Eu sou a Luz e Eu sou as Trevas!
Eu sou tudo o que ha entre eles!
Eu sou Ele, e Eu sou Ela!
Portador da Luz, Portador da Noite, Portador dos caminhos,
Aquele que é fogo e transgressão!
Que minha alma ascenda como a Chama das Eras que brilha entre os
chifres sagrados de Azazel!

LUCIFER! NOCTIFER! CRUCIFER!

Conceitos Draconianos


Incontável é o número de histórias que ouvimos falar sobre esses seres de imenso poder e imponência. Inúmeras são suas formas e seus poderes, sempre temidos e fascinantes. Assim sempre foi e sempre será a figura do Dragão, seja como símbolo, como criatura, como Deuses ou Demônios: os Dragões estão vivos em inúmeros planos de existência e de manifestações: Imaginários, religiosos, físicos e simbólicos. Portanto, a proposta deste texto é tentar mostrar um pouco mais sobre tais criaturas, baseando-se em variados povos e culturas, de épocas diferentes e inclusive no que ainda existe tanto nas religiões mais novas quanto na crença e na fé de outros grupos, bem como a importância de sua figura e de seu imenso poder que nos remete á verdadeira Sabedoria, finalizando com sua ligação extremamente importante na Magia e na Bruxaria em si.

Um dos mitos mais antigos conhecidos é o do gênesis dos povos da Mesopotâmia, que incluía a criação dos Deuses, do mundo e dos humanos(2). Nesse mito, podemos resumir que havia uma poderosa Deusa chamada Tiamat, cuja forma remete-nos a um Dragão(3).Ela era a Deusa dos oceanos e das águas salgadas, do Caos e das trevas. Ela era a mãe dos Deuses junto com seu marido Apsu, que era o Deus criador, senhor das águas doces, lagos e rios. Na história do Enuma Elish (4), Tiamat e Apsu tiveram filhos e netos, porém, seus filhos eram tumultuosos e barulhentos e Apsu decide mata-los. Seu filho Ea/Enki antecipa-se e mata Apsu, seu pai. Tiamat se enfurece e cria onze monstros poderosos para liderar seu exército de criaturas terríveis e seus filhos e netos se preparam para lutar contra sua mãe. Tiamat cria Kingu e o torna seu esposo, dando-lhe as tábuas do destino e colocando-o a frente de teu exército. Ea/Enki tenta lutar contra Tiamat, mas é derrotado, assim também acontece com Anu/An. No final, Marduque (filho de Ninhursag com seu irmão Enki), conseguiu capturar Kingu e matar Tiamat, ganhando o título de Reis dos Deuses e homenageado pelos mesmos. Após matar Tiamat, Ele cortou seu corpo em dois, fazendo de uma metade a terra e da outra metade o firmamento e de sua saliva ele cria a chuva. Nota-se nesse momento uma certa semelhança de quando o Deus Odin, junto com seus irmãos Vé e Vili matam o gigante Ymir e despedaçam seu corpo, usando suas partes para a criação do mundo. De qualquer forma, o poder e a proporção de Tiamat contido no mito, bem como na dificuldade dos Deuses em derrotarem sua mãe, assim como o mundo que conhecemos ser na verdade seu próprio corpo, nos dá uma gama ilimitada de ferramentas e de poderes a ser explorado. Não apenas isso, quando os Deuses desejam criar os humanos (para fazerem os trabalhos mais pesados), eles decidem matar Kingu e usar seu sangue misturado a terra (que é o corpo de Tiamat) para concretizarem tal criação, nos remetendo a uma ideia de que nós somos descendentes dos Deuses Antigos e que em nosso sangue corre o sangue de Kingu, assim como o de Tiamat.

Nos mitos nórdicos temos a história do Dragão Fafnir e de como o seu sangue tornou Siegfried imortal em todo o lugar em que tocara seu corpo e de como após beber o seu sangue, Siegfried podia entender a linguagem dos pássaros e, após comer seu coração, Ele ganhou o dom da Sabedoria.

Também há o Dragão Níðhöggr que rói as raízes de Yggdrasil (5), com o intuito de destruí-la. Níðhöggr significa “Devorador de Cadáveres” e no Ragnarök(6) ele irá subir para Midgard e trará os mortos para batalha.

Não poderíamos esquecer de Jörmungandr, a terrível serpente-dragão que envolve o mundo, cujos movimentos de seu corpo causam os maremotos e as ondas gigantes. Jörmungandr é filho de Loki com a giganta Angrboda e irmão de Fenrisulfr(7) e da Deusa do submundo Hel. Jörmungandr lutará contra o Deus Thórr e será morto pelo mesmo, que após dar nove passos, cairá morto pelo seu veneno.

Nos mitos gregos nós temos exemplos de Dragões tanto como Deuses quanto guardiões. Na História de Cadmo e da fundação da cidade de Tebas, o herói mata um Dragão que protegia um bosque sagrado que era tido como um filho de Ares e, após mata-lo, segue o conselho de Athena e semeia os dentes do Dragão na terra, o que gerou diversos guerreiros fortemente armados e de aspecto ameaçador. Seguindo mais um conselho de Atena, Cadmo lança uma pedra sem ser visto em um dos guerreiros e eles começam a brigar e a matar uns aos outros. No final da luta, restaram apenas 5 guerreiros, ou sparti (8) e esses ajudaram Cadmo na construção de Tebas e se tornaram também os ancestrais das famílias Nobres da cidade.

Nos mesmos mitos, temos também o Dragão Ladão, que possuía cem cabeças e que cada um de suas cabeças falava uma língua. Longe de ser uma besta, Ladão era filho do poderoso Titã Tiphon e possuía além de força, muita inteligência e fora escolhido pela Deusa Hera para guardar os Frutos Dourados da vida eterna. Ladão fora morto por Hercules que depois arremessou seus restos para o céu formando a constelação de Draco.

O Próprio Tiphon, dado como um Deus poderoso e caótico ao ponto de todos os Deuses o temerem, era tão grande que sua cabeça tocava os astros celestes e suas mãos iam do Oriente ao Ocidente. Suas asas abertas podiam tapar o Sol, acima de seus ombros possuía cabeças de Dragões, 50 de cada ombro, fazendo-se 100 cabeças. De sua boca cuspia fogo em torrentes, e lançava rochas incandescentes aos céus.
Saltando para o México, temos a famosa serpente alada Quetzalcóatl, cultuada pelos antigos Astecas e ainda pelos seus descendentes nos dias de hoje. Quetzalcóatl significa “Serpente Emplumada” e era visto como um Deus benévolo que representava a Luz, os ventos e a Sabedoria.

No Brasil temos o Boitatá, que era visto como uma serpente gigante feita de fogo que protegia as florestas e os campos contra incendiários, ateando fogo nos mesmos.

Também há a lenda do Dragão de Wawel, na Polônia, onde seria a atual Cracóvia, onde o príncipe de Krak, não sabendo como se livrar do poderoso e imenso Dragão que apareceu em suas terras, oferece a mão da princesa Wanda e metade do Reino a quem derrotasse o Dragão. Após vários falharem na missão, um jovem sapateiro apresenta uma ideia que não só da certo, como lhe garante a mão da princesa e metade do Reino. A gruta em que o Dragão dormia existe até hoje e virou um local turístico com uma estátua de dragão em sua entrada.

Até mesmo na bíblia encontramos referências a Dragões, sendo uma deles a seguinte descrição:

“1 “Você consegue pescar com anzol o leviatã ou prender sua língua com uma corda?
2 Consegue fazer passar um cordão pelo seu nariz ou atravessar seu queixo com um gancho?
3 Pensa que ele vai lhe implorar misericórdia e lhe vai falar palavras amáveis?
4 Acha que ele vai fazer acordo com você, para que você o tenha como escravo pelo resto da vida?
5 Acaso você consegue fazer dele um bichinho de estimação, como se ele fosse um passarinho, ou pôr-lhe uma coleira para as suas filhas?
6 Poderão os negociantes vendê-lo? Ou reparti-lo entre os comerciantes?
7 Você consegue encher de arpões o seu couro, e de lanças de pesca a sua cabeça?
8 Se puser a mão nele, a luta ficará em sua memória, e nunca mais você tornará a fazê-lo.
9 Esperar vencê-lo é ilusão; só vê-lo já é assustador.” (9)

Ainda:

“12 “Não deixarei de falar de seus membros, de sua força e de seu porte gracioso.
13 Quem consegue arrancar sua capa externa? Quem se aproximaria dele com uma rédea?
14 Quem ousa abrir as portas de sua boca, cercada com seus dentes temíveis?
15 Suas costas possuem fileiras de escudos firmemente unidos;
16 cada um está tão junto do outro que nem o ar passa entre eles;
17 estão tão interligados, que é impossível separá-los.
18 Seu forte sopro atira lampejos de luz; seus olhos são como os raios da alvorada.
19 Tições saem da sua boca; fagulhas de fogo estalam.
20 Das suas narinas sai fumaça como de panela fervente sobre fogueira de juncos.
21 Seu sopro faz o carvão pegar fogo, e da sua boca saltam chamas.
22 Tanta força reside em seu pescoço que o terror vai adiante dele.
23 As dobras da sua carne são fortemente unidas; são tão firmes que não se movem.
24 Seu peito é duro como pedra, rijo como a pedra inferior do moinho.
25 Quando ele se ergue, os poderosos se apavoram; fogem com medo dos seus golpes.
26 A espada que o atinge não lhe faz nada, nem a lança nem a flecha nem o dardo.
27 Ferro ele trata como palha, e bronze como madeira podre.
28 As flechas não o afugentam, as pedras das fundas são como cisco para ele.
29 O bastão lhe parece fiapo de palha; o brandir da grande lança o faz rir.
30 Seu ventre é como caco denteado, e deixa rastro na lama como o trilho de debulhar.
31 Ele faz as profundezas se agitarem como caldeirão fervente, e revolve o mar como pote de unguento.
32 Deixa atrás de si um rastro cintilante; como se fossem os cabelos brancos do abismo.
33 Nada na terra se equipara a ele; criatura destemida!
34 Com desdém olha todos os altivos; reina soberano sobre todos os orgulhosos”.” (10)

O mais interessante é ter na bíblia uma descrição tão poderosa da figura do Dragão, que no texto acima é referido como Leviathan ou um Dragão Marinho.

Visto que a Igreja condena e repudia a imagem do Dragão, podemos observar mais coisas, inclusive inerentes as tradições católicas, como por exemplo Santa Marta, cujo mito nos conta que após ressuscitar um jovem que morrera afogado, fora procurada pelos moradores de Tarascon para ajudar-lhes com um Dragão que estava assolando os habitantes da região. Santa Marta voltou com o Dragão atado no seu próprio cinto e o levou para a cidade, manso como se fosse um cordeiro. E até os dias de hoje, todos os anos, há uma grande festa para homenagear a Santa Marta, cuja imagem atravessa as ruas em cima de um Dragão. Uma de suas imagens contém um Dragão enrolado em suas pernas, como se fosse manso e protetor.

Não só na cidade de Tarascon, na França, persiste a festa, mas também em algumas cidades da Espanha, como Granada, Andalucía e Barcelona.
A imagem do Dragão não somente está contida em diversos povos que não tiveram contato uns com os outros e também separados por Eras completamente diferentes, mas em culturas tão diversas que o Oriente em si está repleto de Dragões.

Os Símbolos mais comuns são desde Forças poderosas e incontroláveis quanto de Ordem, Ancestralidade e Tradição. Dragões possuem um forte simbolismo ligado a Sabedoria e ao Poder em todos os seus sentidos.

Até esta parte qualquer leitor pode encontrar referências simples e até similares sem trabalho algum. É a partir deste ponto, após ter citado algumas das mais conhecidas caracterizações dos Dragões, que o assunto começa a ser abordado de uma forma mais interessante e ligado tanto a Bruxaria quanto aos poderes de alguns grupos e de pontos de vista variados.
Tal Poder não poderia ser ignorado nem pelos religiosos e muito menos pelas bruxas de todas as Eras ou ainda por aqueles que realmente enxergam e entendem o poder em várias de suas formas.

Não é difícil achar textos ou rituais onde se encontrem citações ou ainda visões de Dragões como Deuses ou formas para certas entidades, ou ainda, Dragões como formas de magia ou representação de poderes.

Algumas pessoas acabam se deparando com alguns grupos com visões mais abertas para os Dragões, como os praticantes de Magia Draconiana, cujo escopo de rituais e crenças lhe coloca como um Caminho único dentro do Caminho da Mão Esquerda, ou “Left Hand Path” como acaba sendo mais conhecido.

Diferente daqueles que acham que praticam ou que trilham um Caminho Draconiano, mas na verdade apenas substituem alguns de seus apetrechos rituais por Dragões levianamente (como elementos por Dragões, Deuses por Dragões e etc) e continuam fazendo o mesmo ritual que sempre realizaram apenas mudando as aparências; o Verdadeiro praticante da Magia Draconiana não somente enxerga além, como também acaba mudando sua própria visão sobre a figura dos Dragões e de seu papel no universo. Ele sabe que os poderes possuem máscaras e que o Dragão é uma das mais poderosas e que personificam o Poder absoluto, assim como a liberdade e a Sabedoria. Além disso, assim como a Apoteose da Serpente seria o Dragão, nossa Apoteose seria o Divino, o que no final, é exatamente a mesma coisa, pois Dragões também podem ser Deuses.

No ‘Rito do Fogo de Tubalcaim’( 11) há uma passagem em que é dito na oração:

“Tu és Ele: Reis dos Dragões da Sabedoria, teus ministros que são os demônios formados do fogo: Shemyaza, Armaros, Baraqijel, Kokabel, Ezeqeel, Araqiel, Shamsiel, Sariel.”

Temos ainda, um chamado cedido por Andrew Chumbley a um dos livros de Michael Howard, “O chamado de um amante ao anjo da linhagem das Bruxas”(12),sendo que na primeira parte há duas menções ao nosso tema na Arte Real:

“Ó Az’ra-Lumial! Alma angélica do mestre Caim! Iniciador do Mistério Draconiano, aquele que abre os portões à Vereda Tortuosa!”

E também:

“Ó Az’ra-Lumial, ascendei como a Gnose, a Mente do Céu: O Grande Dragão de sete cabeças, coroado e vitorioso!”

Ainda podemos citar mais uma passagem:

“Sobre o centro cósmico do céu gira a constelação de Draco, o Dragão.  Na Pérsia, era o Dragão-serpente Azhadaha, identificado como a Serpente Negra da Luz, Azazil-Ebas, chefe dos Inri ou Anjos Caídos. A Grande Estrela Dragão enrolada sobre uma árvore eixo dos mundos é emblemática da serpente da sabedoria enrolada sobre a cruz de Tau, o selo da Arte dos Sábios. A Grande Serpente, Draconis Azhadaha, é significantemente chamada também de Thyphonis Statio ou a Estação de Typhon ou Seth. No planisfério egípcio reproduzido em Oedipus Aegytiacus de Athanasius Kircher (1652), Typhon é mostrado como um Dragão escamado escarlate e verde e é equiparado com o deus mais antigo. Esse esquema de cores verde e vermelho retrata a tradição Luciferiana.” (13)
Além das anotações possíveis e dos bons debates que poderiam vir advindos de alguns desses pontos sobre a figura do Dragão nos ritos de Poder, podemos ainda acrescentar as Sábias palavras de Andrew Chumbley em um de seus Grimórios da Arte:

“O Caminho em si é personificado sob a forma de uma besta a qual tipifica sua natureza tortuosa e sempre-mutável – a Serpente, e então, em sua mitológica apoteose, o Dragão: Aquele que envolve o Grande Ano. O Grande Dragão é o símbolo do Arcanum central. Shaitan e Lilith representam a natureza bifurcada ou dupla implícita em sua identificação. Eles são as serpentes gêmeas (Ob e Od – a Serpente Negra e a Vermelha) ou os aspectos gêmeos do Poder Ofídico. Ele, o transmissor do sagrado veneno, o qual desperta o Oraculo; e Ela, a absoluta da Revelação.” (14)

Não há como negar o poder dos Dragões na Bruxaria e de seu poderoso simbolismo que, se colocado sobre a direção “correta”, causa admiração ou temor ao coração dos que escutam seus nomes. Dessa forma, quando falamos em Dragões, a primeira imagem que vem para a maioria das pessoas são as de Dragões populares dos filmes e livros de fantasia. Quando mencionamos ou comparamos a figura do Dragão como uma das formas de Shaitan ou de Lúcifer, sua imagem passa a ser considerada ‘monstruosa’ e ‘intimidadora’ para aqueles que ainda permanecem na ignorância do ‘homem do barro’, que ainda temem o poder Real do Fogo e de sua sabedoria. São nesses termos em que a Magia e a transformação possuem a chance de se tornarem algo mais: quando se dá a direção correta para ativar seus sentidos e expandir a sua compreensão.

O Dragão é um símbolo poderoso e diversas linhas de Poder fazem uso de sua forma e de seus valores, como por exemplo, o ‘Temple of the Ascending Flame’ e a ‘Ordo Draconis et Atri Adamantis’, mais conhecida como ‘Dragon Rouge’, são Ordens que focam na Magia Draconiana, incluindo uma variedade de práticas e o uso de máscaras para o Dragão.
Muitos exercícios possuem como objetivo alcançar técnicas que envolvem fogo e meditações para elevar seus sentidos, despertar a Kundalini ou a Serpente-Dragão, visualizações de situações e entidades, tomar a forma de Dragões ou de algum híbrido durante visualizações e viagens oníricas ou astrais, bem como a de ter acesso a tais poderes e símbolos relativos aos mesmos. Todo esse poder e glória devem ser levados para o seu dia-a-dia e cada vez mais, que assim como em inúmeros Caminhos da Bruxaria e da Magia em si, tornar-se o Dragão numa analogia sob a perspectiva de uma Apoteose, como se voltássemos a nos aproximar de nossa natureza Original, como de nossa mãe Tiamat, que foi o Dragão do Caos e das trevas, a geradora dos Deuses; e nosso Pai Kingu, cujo corpo e sangue foram matéria prima para nossa criação: no final, caminhamos cada vez mais para nos tornarmos Deuses ou, simplesmente, voltarmos a ser exatamente aquilo que já somos, o que normalmente é entendido por apenas alguns indivíduos.

Ambos os Caminhos são parte do que chamamos de LHP (Left Hand Path) ou o Caminho da Mão Esquerda, pois não há como seguir o Caminho do Dragão ou da Magia Draconiana por outra forma, já que seus símbolos, além de muito variados, também implicam em trilhar e ousar por Caminhos mais tortuosos e de práticas mais sombrias e agressivas com o ideal e meta de uma Apoteose, o que no caso, também incluiria a capacidade de tomar a forma espiritual e onírica de um poderoso Dragão.

Outra analogia bem comum é a associação de Lilith com um Dragão, assim como a do mestre Qayin. É natural que suas comparações sejam feitas dessa forma, uma vez que suas naturezas não apenas mutáveis, mas poderosas em meio as suas ordálias, tenham lhes trazido tanta sabedoria e poder. O Dragão, como um arquétipo do Poder Absoluto e Ancestral, seja como Criador e gerador ou como Guardião e Sábio, ainda perdura tanto nesses personagens quanto em inúmeros outros, seja como comparações diretas ou apenas ilustrações de seus poderes e características.

De qualquer forma, um dos primeiros passos das pessoas comuns seria o de desvincular os Dragões das Fantasias modernas e tentar compreender o seu valor Oculto e Magicko. Não apenas pelas associações de grupos ou escritores, mas pelo temor e fascínio que causavam em cada época e em cada povo, seja como criaturas Poderosas ou como Deuses de outrora.

Só a partir dessa mudança é que se torna possível o contato com o poder Real da Magia Draconiana de forma mais direta.

Não é de se surpreender que muitos Bruxos e praticantes de magia usam Dragões em seus chamados ou símbolos, como fonte de inspiração e poder, assim como o fizeram símbolos de todo o mundo, incluindo brasões de famílias e personagens inspiradores de inúmeras histórias, como o famigerado “Drácula” e o Dragão como símbolo de seu Poder; ou ainda a bandeira do País de Gales, onde jaz, até hoje, um poderoso Dragão Vermelho com um fundo Branco e Verde.

Finalizo com uma frase de Andrew Chumbley, retirado de um de seus Grimórios da Arte sem Nome, na qual possui inúmeras analogias e sabedorias para aqueles que possuem olhos para ver:

“Tornou-se Eu o Dragão de sete Cabeças, o Pai e o Filho das Serpentes Gêmeas da Vida e da Morte.”
Notas:

(1) Jó 30:29;

(2) Como parece ser mais aceito, tomo como mais antigo a criação do mundo na Mesopotâmia do que na bíblia, já que a bíblia em si além de não ter sua suposta idade comprovada tudo indica que a mesma fora influenciada por povos mais antigos, como aqueles que faziam parte dos povos da Mesopotâmia;

(3) Embora seja totalmente popular a visão de Tiamat como um Dragão, há apenas indícios de suas formas;

(4) Enuma Elish é o mito de criação babilônico. Foi descoberto por Austen Henry Layard em 1849 (em forma fragmentada) nas ruínas da Biblioteca de Assurbanípal em Nínive (Mossul, Iraque), e publicado por George Smith em 1876. Essa versão data do século 7 ac, mas provavelmente teve origem na Idade do Bronze ou  no período Cassita, em torno do século 18 – 16 ac), tornando-o muito mais antigo que a bíblia;

(5) É a Árvore dos Mundos. Midgard, literalmente “terra média”, é o nosso mundo e se localize bem no meio da árvore;

(6) Traduzido literalmente como “Crepúsculo dos Deuses”, que representaria o fim do mundo, dos Deuses e dos humanos, numa batalha feroz e caótico onde tudo no final é devorado pelo fogo;

(7) Mais conhecido como Lobo Fenris;

(8) “Semeados”;

(9) Jó 41:1-9

(10) Jó 41:12-34

(11) Os Pilares de Tubalcaim, Apêndice IV, pág 288, Nigel Jackson e Michael Howard, Editora Madras;

(12) O Livro dos Anjos Caídos, pág 149-150, Michael Howard, Editora Madras;

(13) Os Pilares de Tubalcaim, pág 268, Nigel Jackson e Michael Howard, Editora Madras;

(14) Andrew Chumbley, Qutub, pag 46, Xoanon;

(15) Andrew chumbley, azoetia, pág 312, xoanon.

Nigromancia


A palavra Nigromancia provém do latim e essa por sua vez de Necromancia, “nekrós” (morto) e “mantéia” (previsão, adivinhação), um termo de origem grega que significa literalmente adivinhação através da evocação dos espíritos dos mortos. Seu surgimento encontra-se em meio às práticas religiosas das civilizações e povos da antiguidade tal como assírios, babilônicos, egípcios, gregos, romanos e etruscos. O geógrafo e historiador grego Strabo faz referência à Necromancia como a principal forma de adivinhação entre os persas.

Na antiguidade clássica havia muito interesse em Necromancia - a consulta dos mortos para adivinhação. Tanto os sacerdotes egípcios quanto os magos persas deveriam ser especialistas em Necromancia, e os papiros mágicos greco-egípcios certamente confirmam que a comunicação com os mortos fazia parte do repertório de um mago egípcio. O Necromanteion era um antigo templo dedicado ao deus do submundo, Hades, e sua consorte, a deusa Perséfone. Os antigos gregos acreditavam que enquanto os corpos dos mortos decaíam na terra, suas almas seriam libertadas e viajariam para o Mundo Inferior através de fissuras na terra. Dizia-se que os espíritos dos mortos possuíam habilidades que os vivos não tinham, incluindo o poder de predizer o futuro. Os templos foram, portanto, erguidos em lugares considerados como entradas para o submundo para praticar a Necromancia (comunicação com os mortos) e receber profecias. As pessoas podiam buscar conhecimento dos mortos dormindo em tumbas, visitando oráculos e tentando reanimar cadáveres e crânios.

Um dos casos mais famosos de Necromancia é o da denominada "Bruxa de Endor", descrito na Bíblia, em Samuel 1;28, onde essa convoca o espírito de Samuel na presença do rei Saul. O episódio bíblico foi amplamente aceito durante muito tempo como evidência irrefutável da existência da prática da bruxaria. Outro episódio exemplar de Necromancia encontrado na Bíblia está em Deuteronômio 18;9-12, onde os Israelitas são advertidos a evitar a censurável prática do Cananeus, de previsão do futuro por meio da evocação dos mortos.

Durante a Idade Média o termo Necromancia foi derivando para Nigromancia (nigro=negro), que é a antiga forma italiana e francesa, e passou a se referir ao conceito mais generalizado de conjuração de demônios. A mudança foi teológica, a crença cristã medieval afirmava ser impossível que os mortos, ou qualquer outro espírito intermediário (como gênios, elementais etc.), entrassem em contato e se comunicassem com os vivos e que seria mais razoável supor que os espíritos que acudiam as conjurações do nigromante fossem demônios disfarçados. Afinal somente Deus poderia chamar almas para à Terra na vida após a morte, e qualquer adivinhação deve basear-se no poder demoníaco, o que impedia a prática da Necromancia no sentido literal.

Assim doravante Necromancia seria conhecida como Nigromancia e passou a designar um tipo de Magia Cerimonial onde resultados maravilhosos são alcançados devido a invocação de espíritos malignos (isto é demônios); embora isso não significasse que seus praticantes também não convocassem outros tipos de espíritos.

De fato, ainda que a maioria dos espíritos convocados pelos nigromantes medievais fosse explicitamente demoníaca, a Nigromancia também invocava santos, anjos, gênios da natureza e (é claro) a alma dos mortos. Aliás, a distinção entre as almas inquietas dos mortos, demônios e espíritos elementais sempre foi distorcida nos textos nigromânticos, na melhor das hipóteses.

Em geral magos cerimoniais da Idade Média e Renascimento praticavam formas baixas e altas de Nigromancia. Suas operações envolviam círculos mágicos, rituais de exorcismos, consagrações talismânicas, adivinhações, conjuração de espíritos (anjos, deuses, fantasmas, elementais, demônios etc), simpatias ocultas e cristalomancia ritual. Tudo isso funcionava dentro de um contexto místico da Teurgia judaica-cristã cujos ritos abundam de referências textuais da Bíblia, o uso de salmos e litanias, observação de ciclos lunares, palavras de poder e magia astral derivada de fontes árabes. Alguns desses elementos remontam ao paganismo greco-romano ou germânico, enquanto o exorcismo vem do mesmo culto cristão, embora enxertado da tradição judaica. Quanto à magia astral essa alcança a Europa Ocidental por meio do mundo árabe, juntamente com a disseminação de imagens astrológicas, círculos ou espelhos com incenso, mirra ou outras substâncias.

O círculo como um catalisador de poder remonta à antiga magia judaica e sua principal função era concentrar o poder do mago sobre os espíritos. Parece, então, que o propósito de proteger o mago dos espíritos é uma derivação, menos presente nos manuais mágicos medievais, embora seja o mais difundido por seus detratores e pela literatura. A magia judaica incluí a magia salomônica que analisaremos mais abaixo. A caracterização esotérica de Salomão tornou-se popular em algumas correntes literárias da antiguidade tardia derivadas do Judaísmo e Cristianismo.

Historicamente falando a Magia Salomônica deriva de uma tradição hermética-secreta transmitida desde Alexandria no Egito (século VII) através dos grimórios gregos de Bizantio (a Hygromanteia) aos manuscritos em latim da Clavicula Salomonis, e sua encarnação inglesa como a Chave de Salomão.

Os textos mágicos salomônicos dizem terem sido escritos por Salomão que o transmitiu para os seus sacerdotes. A tradição afirma que Salomão recebeu a revelação do conteúdo de seus textos diretamente de Deus. Rituais mágicos nessa tradição incluem orações aos anjos e instruções para o uso de círculos mágicos e sacrifícios para conjurar espíritos utilizando selos e instrumentos mágicos confeccionados por seus praticantes.

Por sua vez os textos ocultos árabes tiveram origem em fontes persas e, finalmente, indianas e, possivelmente, na comunidade sabeana de adoradores de estrelas em Ḥarrān, no norte da Mesopotâmia. Um ramo intelectual dos sabeanos foi estabelecido em Bagdá no século IX e incluía Thābit ibn Qurra, autor de vários textos mágicos de imagens traduzidos para o latim.

O conceito do mal

Além da doutrina e do ritual da Igreja Católica, a Nigromancia também se apoiava na Magia Neoplatônica (Teurgia), Islâmica e Judaica, que tinha conceitos diferentes dos demônios. É natural que os nigromantes incorporassem conceitos não-cristãos que pareciam mais úteis para sua arte.

O conceito do mal absoluto encarnado na figura do diabo nem sempre era prevalecente entre os adeptos da Nigromancia. Isto porque existia também a crença nos espíritos neutros, cuja existência as autoridades da Igreja negavam veementemente. A ideia de espíritos neutros veio essencialmente de uma demonologia alternativa baseada na crença greco-romana em daimones que são “seres do mundo espiritual” mais ligados ao ambiente terrestre que ao espiritual propriamente dito e podiam ser tanto maléficos como benéficos. Neste caso, o daemon grego se aproxima ao conceito de Gênio (Djin Árabe) pois são tanto bons como maus (indiferentes) e podem assumir as mais diversas formas.

Nos versos Áureos, tradicionalmente atribuídos a Pitágoras (522-497 a.C), a palavra (daemon) se encaixava numa hierarquia de poderes, possivelmente humanos, que deveriam ser louvados normalmente. Os antigos gregos entendiam os daemones como espíritos intermediários entre a humanidade e os deuses superiores, que podem exercer uma influência benéfica ou maléfica sobre o destino humano. Esses espíritos passaram a ocupar uma posição intermediária na hierarquia sobrenatural; posição esta, às vezes, um pouco parecida com a de um Deus menor e considerada capaz de intervir em todo aspecto da atividade humana, se assim quisesse ou fosse compelida a fazer. A crença popular considerava-os como espíritos guardiões e o próprio Sócrates, por exemplo, afirmava ser inspirado por um daimon pessoal.

De forma semelhante também existe um tipo de magia árabe, e provavelmente proveniente da tradição babilônica, que consiste na utilização dos djins (gênios) que não eram inteiramente bons nem inteiramente maus, em que se bem se parecem com a humanidade, pois são capazes de realizar qualquer tarefa a que sejam compelidos. Existem, é verdade, bons e maus gênios, machos e fêmeas. Aqueles a quem a tradição diz terem sido aprisionados por Salomão num vaso de bronze e atirados no mar eram quase todos maus. Mas alguns eram bons, e outros, indefinidos.

A associação da Magia com o mal, e com os demônios em particular, teve seu início no fim da Antigüidade, período no qual a cristandade iniciou um longo processo de demonização da Magia. A Magia passou a ser vista como obra exclusiva de demônios perversos e os magos e feiticeiros como seus servos. Entretanto, os pagãos não tinham horror à Magia, pois não associavam com o Diabo (ou com seus equivalentes pagãos – Seth, Ariman e outros). A crença em hordas de demônios perversos pode ser considerada uma reinterpretação da Magia Pagã pela nova religião (Cristianismo). Posteriormente, Miguel Psellos (século XI), de Constantinopla, criou uma "hierarquia demoníaca", de influência neoplatônica; a distribuição das hostes dos caídos se espelha no Paganismo (DAIMONS). Então, teremos os demônios sendo distribuídos pelos elementos (inclusive o Éter).

Quando o Cristianismo alcançou o poder com o imperador Constantino, a Magia assumiu rapidamente a natureza cristã. No início a Igreja não era contra a prática da Magia, mas com o tempo terminou colocando-a sob a jurisdição do Diabo. Para a Igreja, o poder da Magia se originava nos “demônios”, que eram, aos olhos dos primeiros padres cristãos, simples espíritos do mal chefiados por Satã. Essa noção do mal absoluto encarnado em uma figura satânica era estranho as crenças e as práticas gregas, egípcias e babilônicas, países tidos como intimamente ligados às origens da Magia. Para os pagãos todos os deuses tinham um lado bom e outro mau, sendo que ambos eram necessários ao equilíbrio natural.

Assim o conceito primitivo da palavra daemon afasta-se do atual conceito de demônio maligno da tradição cristã. Na verdade não havia uma posição dualista clara entre daemones bons e maus. Essa teoria permaneceu influente no início da cristandade, mas na Idade Média os demônios maus haviam substituído decisivamente os daemones ambivalentes, pelo menos no mundo cristão. A partir de então o conceito de ambivalência do termo daemon foi abolido e a palavra passou a ter o sentido de espírito do mal e, consequentemente, de demônio maligno. Uma figura que jamais contribuiria para o bem do homem, mas era isto sim, seu mais horrível inimigo. De agora em diante, as pessoas que buscavam ajuda espiritual segundo os antigos costumes, e através de Daemom, passaram a ser vistas como fatalmente iludidas, e suas práticas como a pior espécie de Magia.
Magia Hermética & Magia Salomônica

Atualmente, duas grandes correntes de magia medieval culta são freqüentemente distinguidas: Magia Salomônica, a arte de invocar e controlar espíritos por meio da aplicação de certas fórmulas descritas nos grimórios, e Magia Hermética das traduções grega e árabe-latina, que é baseada na invocação de imagens astrais (talismãs). Essas duas tendências podem ser identificadas com a divisão entre os dois personagens míticos (ou seja Salomão e Hermes) aos quais muitos textos apócrifos, de um e de outro, foram atribuídos."

No entanto, tal distinção torna-se turva quando vamos às fontes, já que em muitos escritos de Magia Salomônica as imagens astrais desempenham um papel crucial, enquanto os rituais não estão ausentes de muitos textos de Magia Hermética (também chamada de 'magia astral' para incluir obras não atribuídas especificamente a Hermes), já que suas operações também são dirigidas a seres sobrenaturais associados às estrelas. Além disso, os poderes espirituais dos textos mágicos talismânicos nem sempre se manifestam como entidades e, quando o fazem, as entidades nem sempre se decompõem perfeitamente em anjos e demônios como na Magia Salomônica.

Nós também encontramos vários livros e manuscritos de magia, nos quais ambos os gêneros se mesclam pois as liturgias mágicas são adaptáveis ​​a múltiplos usos, assim como as liturgias católicas normais. Além do mais embora as cosmologias da Magia Salomônica e Hermética aparecem superficialmente diferente eles muitas vezes se complementam. Os textos mágicos herméticos apresentam o universo como integrado por um teia harmoniosa de conexões entre os mundos celestial e físico e descrevem como o praticante deve reunir coisas com naturezas correspondentes em seu ritual - espíritos, nomes, imagens, orações, horários, locais e materiais - para que a energia possa ser transferida dos corpos superiores para os inferiores e ser intensificado pela harmonia de todas as partes do corpo. Já o praticante da Magia Salomônica deve dominar os espíritos através do conhecimento de seus nomes, que ele costumava conjurar para estarem presentes e obedecê-lo. Mas ambos herméticos e textos salomônicos enfatizaram que o sucesso das operações mágicas dependia da vontade de Deus.

Estudantes modernos de ocultismo muitas vezes criticam o sistema de Magia Salomônica por considerá-lo “sujo e pesado” além de, na maioria das vezes, focado em questões puramente materiais, algo indigno de atenção para um verdadeiro estudioso da “elevada” filosofia Hermética. Entretanto o Hermetismo foi o veículo, desde a antiguidade, de um sistema de Magia Astral que muitas vezes foi considerada mais deplorável porque as orações, invocações e fumigações oferecidas aos espíritos planetários pareciam expressar um culto à idolatria planetária. Isso não era aceito pela Igreja que alertava aos seus fiéis que não deveriam adorar qualquer coisa ou pessoa além do único e Supremo Deus Trino.

Embora os textos mágicos medievais não incentivassem explicitamente o mago a adorar os planetas, não é difícil ver como essa suspeita surgiu. Por exemplo, o Picatrix fornece orações mágicas aos planetas e descreve quais animais são apropriados para sacrificar a eles. O sacrifício ritual de um animal antes de invocar os Espíritos de um planeta também faz parte das instruções para falar com os Espíritos de Mercúrio em um texto mágico produzido na corte de Alfonso X, o Livro de Astromagia (Livro de Magia Astral, c.1280 -1). Na imagem que acompanha as instruções para obter um anel mágico desses espíritos, o praticante se ajoelha ao lado de uma cabra que ele sacrificou e recebe um anel mágico de um anjo que é acompanhado por um cavalo. Um compartimento menor à esquerda da imagem maior representa Mercúrio como um homem montado em um pavão e o signo do zodíaco Leão, sob o qual a oração e o sacrifício foram feitos.

Os Livros Negros

Os livros com que os nigromantes estudavam, e se formavam, receberam o nome de grimórios ou “livros negros”. São livros de fórmulas mágicas, feitiços e rituais usados pelos antigos feiticeiros. Vários são conhecidos como o Livro da Magia Sagrada de Abra-Melin, O Grimório do Papa Honório (ou Liber Iuratus ), A Clavícula de Salomão, O Picatrix, O Livro de São Cipriano, Liber Razielis, Lemegeton (ou Pequena Chave de Salomão) etc. A origem desta “literatura” é, com efeito, ancestral, e se tem notícias da mesma desde a Alta Idade Média. A origem dos primeiros livros contendo ritos nigromânticos é meio obscura e até duvidosa. Até hoje ninguém conseguiu provas que confirmem que eles foram escritos na época que dizem terem sido, e pelas pessoas que os supostamente os assinam. Nesse rol de autores encontramos o mítico Rei Salomão, o Mago Abramellin, o Papa Honório e São Cipriano. Eles provavelmente são reminicências de manuscritos, ou até mesmo de outros livros, e de tradições orais que tem suas raízes na antiguidade tardia.

Os objetivos perseguidos pelos grimórios são basicamente influenciar as mentes, inclinações e os desejos dos outros (sejam eles pessoas, animais ou espíritos para que faça ou pare de fazer algo), atuar ou agir sobre a natureza física das pessoas e animais para fazer o bem ou o mal, influenciar os elementos do tempo ou alterar estados e eventos incertos e, finalmente, criar ilusões, descobrir segredos ou “ver” fatos do passado, presente ou futuro. A ambigüidade, flexibilidade e utilidade variada de tais “livros negros” contribuem para o seu interesse ainda nos dias de hoje.

O apelo dos textos mágicos, sem dúvida, residia na acessibilidade de suas cosmologias. Considerando que, para os teólogos medievais, o conhecimento preciso dos reinos e espíritos celestes, e dos meios para os humanos aproveitarem seu poder, era inapropriado e perigoso, expressando o que estava além do alcance dos homens e do Universo cristão, bem mais limitado. Já os textos mágicos povoavam o Universo com uma série de espíritos nomeados, com papéis cosmológicos particulares e habitações espaciais e temporais. Embora se acreditasse que existia um grande número de anjos - Agostinho havia postado um anjo para todas as coisas visíveis no mundo - a maioria desses anjos era deliberadamente sem nome nas principais fontes religiosas. Mas nos textos mágicos os espíritos eram designados ao ar, ventos, mar, terra e fogo, e aos corpos celestes de vários céus e partes dos céus. Da mesma forma, os dias, horas e estações do ano e seus nomes, características e poderes foram descritos para que o praticante de Magia pudesse usar esse conhecimento para chamar os espíritos, ou ordená-los a ajudá-lo. Por exemplo, Ascymor, um anjo de Marte, aparece em vários textos mágicos com origens principalmente judaicas que foram compilados sob o patrocínio de Alfonso X, rei de Castela. Ele era um anjo útil para invocar quando alguém queria inspirar amor e paixão entre duas pessoas, obter graça e amor de todos os homens ou falar com a lua e as estrelas, os mortos e os demônios.

Salomão, o Nigromante

Ainda que a maior parte dos grimórios remonte ao fim da Idade Média e início do Renascimento nós sabemos pela análise de seus conteúdos que as informações neles contidas são muito mais antigas. É o caso de uma série de textos mágicos que, dizem, representam a Magia Salomônica ou que “foram escritos” pelo Rei Salomão. O mais famoso é conhecido como “A Chave Maior de Salomão” ou “Clavícula de Salomão”.

A Magia de Salomão está intimamente ligada a Magia hebraica e babilonesa. Alguns estudiosos acreditam que o sistema originou-se com os judeus no período denominado de “Cativeiro da Babilônia” e após alcançar a Idade Média sofreu um processo de sincretismo cristão da doutrina de anjos e demônios. Uma das inúmeras edições da Chave nos diz como este livro foi enterrado com Salomão em seu túmulo e depois levado para a Babilônia por um príncipe desse país. “Todas as coisas criadas devem obedecer aos seus segredos”.

Salomão era famoso pela sua grande sabedoria e pelas lendas que contam que ele controlava vastas ordens de espíritos e Djînn. Provas circunstanciais demonstram que a Chave de Salomão realmente existiu, em uma forma ou outra, desde a antiguidade mais remota. Segundo os historiadores do assunto, e ao contrário do que seu título sugere, este livro não foi escrito pelo Rei Salomão. Supõe-se que Salomão tenha nascido em 1033 anos antes de Cristo. A maioria dos manuscritos originais é em francês e latim e datam dos séculos XVI e XVII d.C, entretanto há uma versão em grego do século XV d.C.

Mas precisamos recuar muito mais no tempo, em busca de provas de que a Chave ou algo muito parecido com ela, exista provavelmente há mais de dois mil anos. O historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, conta como um exorcista chamado Eleazar expulsa na frente do imperador Vespasiano os demônios que possuíam um homem:

“meteu no nariz do possesso um anel que levava dentro uma das raízes prescritas por Salomão. Logo que o homem respirou o perfume, expulsou o demônio pelo nariz. O homem, então, desmoronou e o exorcista adjurou o demônio para nunca mais voltar. Invocava para isso o nome de Salomão e recitava os encantamentos que ele prescrevera.”

Antiguidade Tardia (cerca de 284—750).

Mesmo no fim da Antiguidade Clássica existiu um manuscrito de magia semelhante à Chave denominado“o Testamento de Salomão”, um antigo manuscrito pseudepigráfico, escrito em grego, atribuído supostamente ao Rei Salomão, no qual ele discorre sobre os demônios que teria subjugado com o poder de um anel dado pelo arcanjo Miguel e colocado a serviço da construção do grande Templo dedicado a Jeová. A datação do texto é incerta, mas provavelmente foi escrito entre os séculos I e III d.C.

Segundo esta obra, através de artes mágicas (ou milagres, ou o que lhe queiram chamar) o Rei Salomão capturou diversos demônios, com os quais construiu o famoso Templo de Jerusalém. A versão grega do Testamento de Salomão provavelmente foi escrita no Séc. 300-400 d.C., mas deve ser o resultado de várias traduções, tendo sua origem no mundo judaico. Com toda certeza, já existia e era conhecido no tempo de Jesus, mesmo que posteriormente tenha sofrido acréscimos cristãos.

O pesquisador Charlton Mc Cown afirma que as fórmulas e receitas mágicas do Testamento de Salomão o associam aos papiros mágicos gregos (PGM) que analisaremos depois. Ele identificou as principais idéias desse documento; isto é, demonologia, astrologia, angeologia, magia e medicina. Em outro documento conhecido como “Sabedoria de Salomão”, composto no primeiro século a.C, Salomão é retratado como o maior ocultista de sua época: estudou astrologia, magia das plantas, demonologia, adivinhação, mas também physika, ciência natural.

Os nigromantes medievais praticavam a Magia Salomônica com objetivo de dominar os demônios que, segundo lenda, haviam participado da construção do Templo de Salomão. Ainda que a maioria das pessoas acredite que a Magia Salomônica trabalhe exclusivamente com demônios estes estavam sempre subordinados aos anjos e, muitas vezes, o contato com os anjos era procurado diretamente. Textos conjurando anjos são geralmente orientados para a busca de conhecimento, seja local (por exemplo, recuperação de bens roubados), global (por exemplo, as artes liberais e filosofia), ou simplesmente busca do êxtase e da profecia.

O estudo das correntes de transmissão dos textos manuscritos de Magia Salomônica coloca problemas específicos, principalmente devido à destruição que afetou os primeiros manuscritos. Sabemos hoje que essa forma de magia é muito antiga, mesmo se os famosos manuscritos citados são do século XI ou mais tarde ainda. A Tradição Mágica Salomônica foi transmitida ao Ocidente Latino por gregos, judeus, árabes, bizantinos - o que estabelece suas raízes na antiguidade tardia e mesmo além.

Nigromancia Greco-Romana

Estudiosos ocultistas apontam para o fato que a origem mais remota do nigromante medieval pode ser rastreada até seu equivalente no mundo antigo. Falamos dos sacerdotes escribas dos papiros mágicos gregos (Papyri Graecae Magicae) do Egito helenístico, o produto de uma longa tradição transmitida através de várias civilizações antigas. Esses feiticeiros profissionais do mundo greco-romano tinham a fama de possuírem visão profética e de serem capazes de afetar a realidade por intermédio de sua compreensão do mundo dos daemons.

No mundo antigo, a maioria das pessoas olhava para o universo e o via habitado por seres invisíveis que, embora transcendentes no sentido da impossibilidade, via de regra, de não serem vistos ou tocados, sua presença interferia no mundo e na vida visível dos humanos. Segundo Elaine Pagels, os antigos egípcios, gregos e romanos imaginavam deuses, deusas e seres espirituais de diversos tipos, enquanto alguns judeus e cristãos, monoteístas ostensivos, falavam cada vez mais em anjos, mensageiros celestiais de Deus, e alguns até em anjos decaídos.

O repertório da magia antiga era uma mescla de diferentes culturas e incluía fórmulas persas, egípcias e hebraicas. As fórmulas desses papiros atende a todo tipo de desejo humano: cura de doenças, adquirir riquezas, poder e fama, ter sucesso no amor, descobrir um ladrão, ser aceito na corte, desvelar o futuro, separar casais, prejudicar e até mesmo matar um inimigo.

Na verdade, muitos dos chamados papiros mágicos não são mais que textos religiosos pagãos, não sendo possível separar rituais de “magia” daquilo que pode ser denominado “religião”, em um contexto antigo. Nos papiros mágicos a cultura da magia fundia-se quase que totalmente com a prática religiosa comum pois, como observa Gager, o mundo antigo era “povoado” com todos os tipos de seres sobrenaturais de diferentes ordens, e a maioria dos homens não teria pensado em dividir nas categorias “religioso” e “mágico”. O sincretismo religioso helenístico dos papiros mágicos incluía invocações a deuses gregos, como Toth (também identificado como Hermes); Osíris (governante do mundo subterrâneo) e Set (normalmente identificado com o grego Tífon); deuses e poderes judaicos, como Iao (=Yahweh como Jeová), Adonai e querubins; outras deidades do Oriente Próximo, como Isthar, da Babilônia.

As fórmulas e rituais dos receituários de magia greco-egípcia parecem derivar de antigos cultos esquecidos ou deliberadamente abolidos que chegaram a Magna Graecia ainda no período pré-histórico via Tessália, local que reza a lenda ocorreu a batalha entre os Titãs e os Deuses Olímpicos. Um antigo comentário de Eurípedes fala dos feiticeiros da Tessália (goetes), chamados de “condutores de espíritos” (psychagogoi), cuja habilidade consiste em ser capaz de enviar espíritos para atacar pessoas e também mandá-los de volta aos túmulos. Os tessalianos herdaram a Magia dos Persas. Devemos nos lembrar que os persas invadiram a Babilônia e dominaram todo o território da Mesopotâmia, portanto eram herdeiros da magia dos caldeus, povo semita de origem árabe, que ocupou o território correspondente à Mesopotâmia meridional.

Com a desintegração do Império Romano do Ocidente no século V (em 476 d.C) a Nigromancia Greco-Romana, ganhou uma sobre-vida no Império Bizantino que foi a continuação do Império Romano na Antiguidade Tardia e Idade Média.

A Magia Astral ou Magia Hermética tem raízes neoplatônica e árabe sendo desenvolvida pelos magos renascentistas Giovanni Pico della Mirandola e Marsilio Ficino e tornou-se popular no norte da Europa, principalmente Inglaterra, por Heinrich Cornelius Agrippa. Esse estilo de Magia era fortemente influenciado pela corrente literária proveniente de Bizâncio. O domínio bizantino era efetivamente a parte oriental do Império Romano centrada em Bizâncio (Constantinopla, Istambul moderna) que se separou do Ocidente latino em 364 dC. Seus legados intelectuais ajudaram a estabelecer as bases para a Renascença italiana: foi a queda de Constantinopla, em 1453, que libertou uma maré de estudiosos da leitura grega para a Europa Ocidental, particularmente Veneza. Com eles veio muito do conhecimento mágico e hermético que os gregos, por sua vez, herdaram dos egípcios. A Chave de Salomão (original) foi um desses textos.

Diário Mágico

Frater Aussik-Aiwass, 718 U X° O.T.O.
&
Soror Tanith Potnia Therion, 789 U IX° O.T.O.

Doc. 011 – 2005 e.v.

04-8/02/2005 e.v.

Loja Shaitan-Aiwaz

Nu-Isis Templum O.T.O.

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Lembro-me de que eu deveria ter anotado o trabalho ritual que fiz com Frater O.R.I., 280 U na última segunda feira. Fora uma operação em que trabalhamos com Yesod. Consagramos um sigilo (primeiro pantáculo da Lua) para que sirva de portal para o aterramento de nossa vontade: todigavomimu! Trabalho exclusivamente cerimonial, e trabalhamos exclusivamente a metodologia qabalística cerimonial.

Ainda, na quarta feira, eu e Soror Tanith,[1] 789 U fizemos um trabalho com o Tarot. Em duas consultas que fiz onde utilizava os Arcanos Maiores como representação pessoal e os menores como manifestações de minhas inquietações. Esta consulta me sugeriu o trabalho em dois caminhos da Árvore da Vida, p e x.

5 de Fevereiro – Sábado:

[718]

5:00 a.m. Prática meditativa com o Caminho de p. O aroma do Templo era absinto e o ambiente era iluminado apenas pela luz da vela da mesa de trabalho. 718 e 789 sentaram frente à mesa para começarem a meditação.

Após um período de adaptação do corpo em ásana, 718 começou a visualizar a letra p enquanto vibrava mentalmente o mantra pé.

De alguma maneira 718 não conseguia acessar àquele caminho, mas ao contrário, enquanto vibrava omantra via a letra pulsar em sua frente emitindo rajadas brilhantes de luz vermelha tracejada e negro e esmeralda que, por coincidência, são as cores atribuídas ao caminho de p na Escala de Cor da ‘Filha’ em 777. Enquanto a luz pulsava e invadia sua aura, ele recebia informações importantes a respeito da Operação que seria realizada as 22:00 com os Túneis de Seth, exatamente o Caminho oposto a este, i.e. o 27° Caminho, Túnel ou kala, Parfaxitas.

Até este momento 718 ainda não havia idealizado a Operação Mágica que seria realizada. Segundo as informações recebidas por Aussik,[2] ele deveria erguer um Altar principal para Parfaxitas no Templo. Este Altar seria a ‘Pedra’ ou ‘Palavra’ de Parfaxitas, uma vez que se relaciona com p, que significa ‘boca’.

O título Yetzirárico deste caminho que liga Hod a Netzach é ‘A Inteligência Ativa ou Excitante’. Sua atribuição astrológica é 5 e por esta razão este Caminho repete as atribuições vibratórias de Geburah, é claro, em um plano menos espiritual. Horus, o Senhor da Dupla Baqueta, Mentu, o Deus da Guerra Egípcio, Ares e Marte, dentre tantos outros, são atribuídos a este Caminho. Àqueles magistas que sob a luz da Árvore da Vida adentram aos Palácios de Ferro do Caminho de p são recebidos com honras pelas Valkírias, donzelas armadas que transitem a Vontade e os Pensamentos de carnificina dos campos de batalha de Odín, o Deus da Guerra.

Frater Aussik-Aiwass, 718 U e Soror Tanith Potnia Therion, 789 U


Passes do Transe Ofidiano

O simbolismo da ‘Boca’ e da ‘Torre’ são de importante significância, pois se relacionam com o Aeon de Maat; IPSOS é a fórmula da ‘Torre’, o Falo em erupção e a ejaculação (via meato, a ‘boca’ de baixo) da Palavra do Aeon de Maat, a Palavra que se estende do ‘fim da terra’ (Maat = 442 = APMI ARTz = ‘o fim da terra’). A Terra está sob o domínio do Príncipe do Ar (i.e. Shaitan), mas os espaços além estão sob o domínio do Senhor do Aethyr, o Abutre. Assim, nos Túneis de Seth, essa é a ‘Boca do Abutre’.

Frater Aussik tem por metodologia de trabalho sempre fazer uma interpretação sexual dos mistérios porque acredita que a verdadeira iniciação está atrelada a magick-sexual e que a verdadeira prática da Bruxaria, do Vodu e da Magick em geral somente é plenamente eficaz quando ocorre a utilização de algum método sexual.

O Simbolismo da ‘Torre’ e da ‘Boca’ estão conectados com a emissão da Palavra-Vontade e é através da ‘boca’ que a magick se manifesta efetivamente como Palavra.

Entretanto, este Caminho nos indica uma certa disciplina. Frater ADN BN Aiwass, [3] 525 U nos diz em sua monografia da Sociedade Thelêmica de Estudos que “Como palavra, Peh significa boca, um orifício relacionado com a ingestão de alimentos e com a emissão da fala. No primeiro caso, podemos inferir que é através da função desse devastador Caminho que as energias superiores são transmitidas para a Personalidade. Além do mais, enquanto o alimento espiritual entra no sistema, através da sua boca simbólica, a fala também passa por ela rumo ao exterior.”

Este simbolismo, quando interpretado sob a luz do Soberano Santuário da O.T.O. identifica o processo de emissão da Palavra conectado ao Aeon de Maat com um de seus principais totens, o Abutre que chora, Mu.

Uma das atribuições mais notórias do Caminho de p na frente da Árvore da Vida é que ele está Consagrado a Operações de Ira e Vingança. Assim, ele se conecta a Heróis como Hércules, Aquiles e Alexandre o Grande; todos relacionados à natureza marcial.

Isso nos remete a uma profunda descoberta relacionada a este Caminho, o domínio do medo, uma dasnidanas mais nocivas ao caminho espiritual. Os personagens históricos acima citados têm em suas míticas façanhas, relatadas através dos tempos, lutado contra seus mais íntimos medos com tamanha paixão a fim de atingir seus sonhos e suas causas. O próprio Alexandre disse: “vençam seus medos e vencerão a morte”.

Um dos títulos conectados a este Caminho é “O Senhor das Hostes do Poderoso”, um dos atributos dos Reis da O.T.O. que, ao atingirem seu reinado como “Reis da Terra”, carregam em sua Coroa a ‘Marca da Besta’ U, i.e. o X° Grau da Ordo Templi Orientis. Este atributo dado aos “Reis da Terra” concerne a Falange de Ancestrais e Mestres Anciões que compõem seu Exército Espiritual. A Iniciação no X° O.T.O. é a Consagração do Adepto como o Comandante de uma Grande Legião de Seres Espirituais que o acompanham em grandes campanhas nas suas batalhas iniciáticas.

Por isso é comum vermos os relatos de Adeptos neste Grau passarem por experiências iniciáticas acompanhados de inúmeros ancestrais espirituais.

O coração do Sigilo de Nodens[4] é idêntico a Marca da Besta: U a fusão do ‘O’ e o ‘X’ que produz o flash do raio. Nodens é o Deus das Profundezas ou Abismo, microcosmicamente idêntico ao inconsciente. Ele reina sobre o Abismo controlando e limitando seus raios. “Brilho rápido e ascendente do raio das profundezas” descreve o ato envolvido no estabelecimento do Assento. O Assento de Pedra é Isis,[5] e sobre esta fundação a Deusa é estabelecida regulando os céus, a terra e as profundezas abaixo da terra. Em outras palavras, a Deusa que garante todos os desejos é invocada pela união do ‘X’ e do ‘O’ (o Falo e a Kteis), o Assento sendo o veículo de seu poder. Isis é, portanto o seu veículo, pois Isis carrega o fogo de Nodens nos limites de seu ventre, e o veículo dela no macrocosmo é o planeta transplutoniano conhecido na tradição oculta também como Isis.

[789]

Ao iniciar a prática de p, comecei visualizado a Carta da Torre e os elementos que compunham este Caminho. Vi-me montada em um cavalo percorrendo um túnel de cores esmeralda e vermelho rajado de preto que parecia um turbilhão, e junto a mim havia um lobo correndo. Quando o túnel parou de girar vi Guardiões vestidos de armaduras vermelhas e lanças em punho, enfileirados em uma única coluna. Cavalguei até Netzach para sentir sua energia e depois até Hod.
[Comento de 718]

Soror 789 identificou-se com as energias marciais deste Caminho. O curioso é ver que um lobo a seguia. Neste lado da Árvore, os animais típicos são o urso e o lobo. Nota-se cabalmente que o lodo que a seguia era um atavismo que posteriormente, na Operação Parfaxitas, seria trago a tona.

Montada sobre um cavalo denota a natureza marcial latente em 789, uma vívida representação de uma Valkíria. O simbolismo da Valkíria ainda pode ser expresso pela Babalon que cavalga a Besta, uma vez que este é o condutor das energias marciais aéreas.

[718]

22:00 718 & Tanith, assim que finalizaram as práticas do dia, arranjaram o Templo para o trabalho comParfaxitas. No centro do Templo havia o Altar de Parfaxitas; cinco colunas consagradas circundavam o Templo na forma de um pentagrama, a figura geométrica deste Túnel ou kala 27°.

Nós começamos o Ritual às 22:00. Consagramos a S\N\ e começamos a B\o Templo com o Rubi Estrela. O Sacerdote notara que fora incrivelmente difícil realizar este Ritual. A Limpeza no ambiente foi muito profunda porque o trabalho qliphótico exige um bom B\.

Fizeram as circumbulações canalizando mais energia, força e poder. O Nu-Isis Templum O.T.O. tem uma série de invocações e evocações entre as etapas do Ritual, e cada um destes pontos forma à estrutura esquelética do Ritual.

Após a abertura dos portais utilizando os hexagramas nas oito dimensões do espaço, deu-se início o trabalho com o 27° Túnel.

Parfaxitas soma 450, o número de ThN, ‘Dragão’. Ele é a raiz de Leviathan. Tan, a fêmea Thanith, é o Grande Dragão das Profundezas que se manifesta na terra como Babalon, a Sacerdotisa especialmente consagrada ao Trabalho da Corrente Draconiana.

A fórmula de Parfaxitas é a do VIII°(+) O.T.O., que comporta a assunção astral de formas animais para reificação de energias atávicas. No Culto da Serpente Negra esta fórmula é chamada de Mystère Lycanthropique, descrita como O Mistério do Templo Vermelho da Magia Atlantida que envolve a mágica transformação em homens-animais pela magick sexual.

Esta operação na O.T.O. envolve o trabalho sexual solitário onde o magista veste-se com máscaras animalescas consoantes com a natureza do atavismo que ele pretende recriar. Alguns magistas da atualidade, assim como os mais remotos xamãs, vestem-se completamente com formas animalescas e bestiais para que a assunção astral ganhe mais substância. No momento da emissão da semente a forma-divina é projetada além da aura do magista e é nutrida por sua energia. Ela é reificada no plano astral e às vezes no etérico onde ela se une sexualmente com uma entidade similar projetada pela Sacerdotisa que trabalha no mesmo rito. O sucesso de uma operação dessas é raro, mas nos casos em que as entidades agem de acordo com seu objetivo existencial, o resultado deste congresso é a geração de um muito poderoso vórtice de energia nos planos astrais de consciência. Isso permite que entidades, energias super-humanas de atavismos primevos, sejam atraídas por este vórtice para se manifestarem na consciência do magista.

O Túnel de Parfaxitas é habitado por criaturas híbridas que são o resultado de operações praticadas imperfeitamente desta natureza. Os animais associados com este raio são a coruja, o lobo e o abutre, daí Mystère Lycanthropique. Gigantescos Ciclopes, aberrações solitárias e isoladas, habitam este Túnel destruindo qualquer presença estranha.

O número de Parfaxitas – 450 – é o de KShPIM, que significa ‘encantamentos’, ‘bruxaria’, ‘feitiçaria’; e de PShO, ‘transgressão’, que neste contexto denota o cruzamento o mundo astral ou espiritual.

O sigilo de Parfaxitas mostra uma fortaleza (Torre) com uma porta e duas janelas (olhos) superpostos acima das letras SUE, que somam 71, o número de LAM. A fortaleza é magicamente protegida pelas letras MVNDVSD (170). O número 71 é ALIL, ‘nada’, ‘uma aparição’, ou ‘imagem’ mostrando assim a natureza astral (e não física) da fórmula de Parfaxitas. Também é o número de ChZVN, ‘visão’ e AIMK, ‘o terror’ e o ‘silêncio’. Por outro lado, 170 é ativo e é o número de MQL, ‘baqueta’ ou ‘báculo’, i.e. o falo do magista. Uma indicação peculiar é que também é o número de NPIL, Nephilim, ‘gigante’, a mítica designação para deus ou ser extraterrestre; uma palavra derivada do Egípcio Nepr, ‘um deus’. Estes dois números portanto denotam a fórmula do VIII°(+) O.T.O., que envolve o uso da Torrente de Silêncio e da Torre de Shaitan (i.e. a baqueta), que em isolamento conjura as imagens ou visões do Vazio.

Aussik chegara ao Túnel acompanhado de suas Legiões de Guerreiros Ancestrais, previamente invocados por ele enquanto adentrava em Daäth. Montava seu cavalo negro com olhos escarlates:Aster. Ele vestia uma armadura negra brilhante. Em seu peito o Lamen da O.T.O. estava estampado na cor de esmeralda adornado com lírios e orquídeas também na cor esmeralda. Vestia uma capa escarlate. Empunhava a espada que Nodens utilizou para moldar o Trono da Deusa; O Assento de Pedra, o Trono, o foco da Deusa cuja fórmula é Nu-Isis. Esta espada é forjada de matéria estelar cuja fórmula é Ixaxaar, a ‘Pedra 60’ ou ‘Selo Negro’ completamente situada acima do Golfo das Terras dos Neteru onde se esconde o reflexo terrestre da Corrente Ofidiana. De sua cabeça dois robustos cornos saiam e entre eles, a Marca da Besta estava estampada. Suas legiões empunhavam as Bandeiras exibindo o Sigilo Nu-Isis.

Tanith ali não se encontrava. Isso era um impedimento a seus objetivos.

Tudo é pó e cinzas. O chão, que percebe-se ser esmeralda, está completamente deteriorado. Era o mundo vermelho, mas seu céu era negro. Aussik e suas Legiões cavalgam por muito tempo sem nunca parar.

Quando se deparam com a Torre de Parfaxitas no horizonte encontram um exército formado por lobisomens hostis – deformações do Abismo, corujas assassinas e gigantescos Ciclopes acompanhados por uma horda de abutres carniceiros. A batalha começara. Uma verdadeira carnificina ocorrera. Com a espada de Nodens ele se dirigia em direção a Torre de Parfaxitas (a única ali) se defrontando com lobisomens que o atacavam ferozmente. Suas Legiões atacavam os terríveis Ciclopes como um grande tufão estelar.

A Torre ainda estava muito longe!

O caminho acima deste Túnel é consagrado a Ira e a Vingança, traços marciais que caracterizam a natureza da corrente que – no Túnel abaixo – é interpretada na forma de atavismos primevos.

Aussik precisava projetar a besta que estava gerando. Mas quando o fora fazer sentira grandes dores na nuca e uma terrível falta de respiração. Perdeu a consciência por alguns instantes, acabara de entrar em um transe. Tudo foi muito rápido, mas quando sua consciência voltou a Makkuth, todas as suas costelas doíam. Neste transe ele fora projetado ao céu deste Túnel e jogado para fora. Não conseguira projetar a Besta, falhou!

6 de Fevereiro – Domingo:

[718]

20:00 O Trabalho Mágico da noite anterior forma em demasia pesado. O Sacerdote acordou com dores nas costelas e pontas dos dedos. As dores na cabeça o deixavam tonto e com mal estar durante todo o dia. Uma sensação de morbidez acometia não somente ele, mas Soror 789.

Cabe fazer aqui um interessante comentário sobre o Lamen da O.T.O. estampado no peito de Aussik. Isso normalmente não ocorre porque ele sempre se apresenta com seu selo pessoal.

Um dos totens de Ta-Urt é a Pomba. Ela aparece no Lamen da O.T.O. como o pássaro Draconiano do Sangue. A vesica é um Portal Venusiano – d – cujo número é 4. O Olho no Triangulo ou Pirâmide do Espírito é 370. A Pomba, o Espírito Santo, denota o elemento Ar e a letra a, 1. O Cálice ou Graal é representado pela letra j, 8; e o y nele é a secreta semente ou bindu no coração do yantra é 10. Sua numeração total é 393. Este é o número de Aussik. O ‘ausente’ ou 4 oculto é o Círculo Venusiano no coração do sigilo de Aussik:

Este sigilo é carregado de grandes significados na Gnosis Draconiana. Descrevê-los aqui seria sair do objetivo destas anotações, contudo seria interessante enfatizar que 393 é menor que 666 (Choronzon-Shugal) por 237, o número de AVR GNVZ, a ‘Luz Oculta’ e também de ARBO, que significa ‘quatro’ neste caso da ‘Luz Oculta’ do Portal (d) no coração do sigilo de Aussik. Ainda, 393 é menor que 718 por 325, o número místico de Marte, o veículo planetário de Ra-Hoor-Khuit e das energias concernentes ao caminho de p e Parfaxitas.

Estas considerações comprovam a natureza da Operação e seus resultados; os elementos venusianos e marciais estão presentes neste Caminho nos dois lados da Árvore. Apenas elementos de característica marciais podem fazer a ligação entre Hod e Netzach, pois a Iluminação tem sua origem nas fontes ocultas de poder que aterrorizam a mente do ignorante.

O Sacerdote não tem problemas com as energias marciais nesta densidade da Árvore da Vida, mas quanto ao seu reverso, elas são para ele muito mais aterrorizantes.

A Sacerdotisa não se sentira à vontade durante o Ritual e assim não conseguiu se projetar além deDaäth. Falhou!

7 de Fevereiro – Segunda Feira:

[718]

20:00 O Sacerdote adentrou para fazer novamente suas práticas mágicas com Parfaxitas. O Templo se encontrava “aberto” desde o último Ritual. Entretanto, desta vez ele entrou sozinho. Isso ocorreu porque os trabalhos de Ira e Vingança somente são reais neste Túnel no sentido de purgação, o ‘sangue da vida’. 789 fará esta prática no seu próximo período lunar.

Após a consagração da S\N\ 718 sentou-se frente o Altar de Parfaxitas. Ao seu redor as colunas consagradas a este trabalho flamejavam. Ele começou sua meditação concentrando-se no sigilo deParfaxitas.

Ao adentrar em Daäth se protegendo com o Sinal de Proteção, foi sugado. Literalmente é isso que ocorre. Daäth funciona como um grande buraco nego que suga os magistas que ali tentam explorar para as mais recônditas distâncias espaciais. Àqueles que não possuem o devido treinamento nessa área são sugados e se perdem nos golfos do abismo.

Um dos perigos mais eminentes de se praticar o VIII°(+) O.T.O. é que se o magista não tiver uma firme concentração e deixar vagar sua mente na hora da prática, estará gerando e dando forma a vampiros mortais que aterrorizarão seus sonhos até o fim de sua jornada. Tais vampiros povoam a mente do magista enquanto ele viver! O resultado é aparente, sua transformação em uma abominação.

Para elucidar o que na frente há por vir, é pertinente que façamos uma pausa em nosso estudo no intuito de relatar um notório caso ocorrido nos limites da O.T.O. O que se segue é um extrato de um diário mágico do Sacerdote de Março de 2004 e.v.:

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Em meados do ano de 2003 e.v, Victor Hugo de Castro Dutra, um membro da O.T.O., agora inativo, dirigia um pequeno grupo de estudos Thelêmicos filiado a O.T.O. Certa tarde, ele convidou-me para assistir uma das reuniões deste grupo. Eles estavam reunidos em um bairro distante do centro de Juiz de Fora.[6] Reuniam-se no terraço da casa de um dos membros do grupo.

Quando lá cheguei, conheci o então membro do grupo que se mostrou, na época, muito simpático. Ele logo se ofereceu para adentrar a O.T.O.

Com o passar do tempo ele conquistou a confiança dos líderes da Ordem que lhe ensinaram, ao longo de sua estadia, alguns mistérios da O.T.O.; por sorte, nem tantos, pois posteriormente ele se mostraria definitivamente inapto para os trabalhos da Ordem.

Ele recebera o VII° Grau estritamente honorário, significando assim que deveria concluir todas as etapas da ‘Pirâmide de Poder’ para de fato ser efetivado no Grau. Posteriormente, ele recebera também o VIII° & o IX°, também honorários. Com relação a sua evolução nos Graus da O.T.O., foi um erro, e o tempo nos mostrara como este erro foi fatal, deixarmos que ele adentrasse aos portais da Ordem. De fato ele nunca fez um diário, nunca entregou um relatório, e sempre falhou em seus mais simples ordálios.

Frater Ankh-f-n-Ammon-Ra, 193 U X° O.T.O.[7] sempre enfatizou que este membro, conhecido na Ordem como Tau Merkurius, 696[8] U, somente se aproximara da O.T.O. “para conseguir dinheiro e mulher” (sic). Nós deveríamos tê-lo escutado!

Citei na Lança de Seth vol. II, no. 3 o porque de seu afastamento da Ordem:

A adoração do fogo no coração do altar, mencionado nos Vedas e em outros textos religiosos, é o emblema do Fogo na zona de poder vaginal da suvasini. Este cakra tem uma função dual no tangente que pode receber e transmitir vibrações que destroem ou criam, de acordo com a influência atraída sobre ele. Esta é a razão pela qual há uma extrema gentileza com a suvasinino rito. Ela é coberta com flores e óleos frios adequados aos marmas para que permaneça fria e receptiva. Se está irritada, tanto física como mentalmente, ela chega a agitar-se e a vagina emite emanações venenosas; é por conseqüência extremamente perigoso ter contato com ela através de lábios ou língua.

Vem-me agora um caso ocorrido com Frater 696 U da O.T.O. que em um Templo seu, dedicado a um antigo sistema da Ordem, levou para seu Circulo Mágico uma mulher despreparada espiritualmente e magicamente para a práticas de ritos tântricos. Eu o havia advertido muitas vezes para que não o fizesse, pois ele não era um Adepto preparado para tais práticas, muito menos a mulher em questão. Pelo que me lembro, foi uma série de trabalhos. O resultado destes trabalhos foi seu considerável afastamento da O.T.O. e diversos problemas de saúde que o incapacitaram de viver normalmente por alguns meses. O beber dos fluídos venenosos é um cuidado que os Adeptos e verdadeiros Iniciados têm de tomar.

Eu nunca fiz uma análise mais apurada do assunto,[9] mas 696 foi aterrorizado pelos vampiros que gerou.

Quando o conhecemos ele se dedicara exclusivamente ao sistema proposto por Soror Nema e acreditava ser um Magister Templi da A\A\. Posteriormente, já não mais acreditando ser um M\T\, se auto-proclamou um Adeptus Minor alegando estar em completa comunhão com o seu Daemone. As condições de sua alegação são hilárias. Segundo os relatos de Victor Hugo de Castro Dutra, 696 dizia ter adquirido a “Conversação & a Consecução com o Sagrado Anjo Guardião em um dia de meditação comum. Eu estava fumando maconha e ele apareceu”.

Para os Adeptos, nenhuma palavra a mais sobre o assunto é necessária!

Voltando aos episódios ocorridos na O.T.O., 696 fora expelido da Ordem, seus documentos de Grau caçados, após se levantar contra o líder da O.T.O.

Naquela ocasião, ele era um bom ajudante, e nada mais. Seus vícios, alimentados por práticas equivocadas do Soberano Santuário gerando larvas e vampiros, faziam com que 696 ficasse perdido no mundo dos Qliphoth e lá, aterrorizado pelos habitantes do abismo, padece na sombra, vivendo em uma escura caverna habitada por gigantescas hienas que devoram sua carne. Está realmente em casa!

Os eventos que o levaram a ser expelido da O.T.O. formam uma cadeia de episódios. Ao se apaixonar por uma profana que somente lhe cedera a cama por intermédio mágico de uma singular pessoa que o ajudara, cavou sua cova. Quando a ajuda cessou, ela não mais lhe quis. Pronto! Novamente lá estava ele, atirado aos porcos da solidão sem ninguém para tirá-lo da pocilga! Por quanto tempo mais ele sofreria aquelas desilusões? Para que servia a O.T.O. se não podia dar a ele a mulher de seus sonhos? Para que servia a O.T.O. se não podia dar a ele o dinheiro necessário para viver? Onde estavam seus irmãos da Ordem quando mais necessitava? A resposta é simples: os irmãos estavam onde sempre estiveram, labutando na Grande Obra. Mulheres e dinheiro, conseqüências óbvias de um trabalho espiritual efetivo.

A O.T.O. provou a este Frater ser para ele uma escola de evolução! Não se importando com suas condições limitadas, o tratou como um verdadeiro Iniciado. Entretanto não faz parte das obrigações da O.T.O. para com seus afiliados servir de canal para aquisições egóicas de uma personalidade extraviada. 696 gerou, alimentou e fortaleceu suas frustrações internas. Sombras que o assombram e que não mais o deixam viver em paz. A conseqüência era óbvia: morder a mão que o alimentou!

Como dizia o Ritual Carbonário da Maçonaria: “Fidelidade com Amor; Coragem com Respeito; Perjúrio com Vingança”.

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Este extrato de diário ilustra como práticas mal formuladas dos mistérios que envolvem o Soberano Santuário da O.T.O. engendram formas decadentes de vida.

Aussik se encontrava novamente com suas Legiões frente à colina da Torre do Silêncio. Entre eles, um exército de abominações. Lobisomens montados em gigantescas hienas, abutres malignos, corujas assassinas e abelhas nocivas. Fora um confronto amargo. Aussik cavalgava contra hostes de sombras e em horas de grande desespero Legiões de Bruxas atingiam com suas flechas, raios do Vazio, as terríveis criaturas. Era o purgatório!

A Operação mostrou-se uma grande limpeza etérica. As sobras estavam sendo conquistadas. 718 transformava-se. Seu corpo aumentava. Já podia lutar contra gigantescos ciclopes que protegiam a Torre. Sua força era infinitamente maior. Quando se jogou às portas da Torre e adentrou no Castelo das Sombras foi sugado por um magnífico vórtice: a Torre o cuspia para o êxtase e lá ele escutou: RPSTOVAL. As asas dos abutres escondiam a Torre do Silêncio; as abelhas o carregavam e seu zumbido era uma deliciosa canção: IPSOS.

Quando o Sacerdote voltou do transe se encontrava nu, aos pés do Altar de Parfaxitas.

A Palavra do Aeon de Maat, segundo Soror Nema, é IPSOS, que significa ‘a mesma boca’. No ‘AL vel Legis’ (II: 76) há uma cifra criptógrafa que possui o mesmo valor que IPSOS. De fato, duas maneiras diferentes de se ler Ipsos produzem números equivalentes ao grupo de letras do AL: RPSTOVAL, que possui o valor qabalístico de 696 e 456, de acordo de como se lê a letra ‘S’, sendo s ou c. Similarmente, com Ipsos ocorre o mesmo. Portanto ambas as palavras são equivalentes. Ipsos, sendo a boca, é o órgão da Pronúncia da Palavra, da Alimentação, da Sucção e do Beber, i.e. não somente o órgão da pronúncia, mas também do recebimento da Palavra. Tendo toda fórmula aspectos micro e macrocosmicos, a fórmula RPSTOVAL é assim um processo especificamente fisiológico que envolve a boca (útero) em sua mais recôndita fase.

A boca como Maat, a Verdade, a Palavra; Mat, a Mãe; Maut, o Abutre, são atribuições implícitas no simbolismo da Torre. A erupção ou pronunciamento da Torre (falo) é a vibração da Palavra dentro dos espaços além da terra que estão ligados ao aethyr do Louco.

O Caminho do Louco (undécimo caminho) é uma secreta extensão do Caminho da Torre (Atu XVI) e a compreensão deste simbolismo é a chave para o Aeon de Maat que é resumido pelo número 27 (11+16). Eu já sugeri em meus escritos que RPSTOVAL se refere aos kalas psico-sexuais formulados pela interpenetração da polaridade sexual.

A interpenetração da vagina e do falo (i.e. a boca e a torre) é resumida sob a fórmula eroto-oral conhecida popularmente como sessenta e nove (69). Mas há aqui implicações que devem ser apresentadas. Os números 6 e 9 denotam o sol e a lua, Tiphereth e Yesod; e em termos dos 32kalas, 6 e 9 se referem a Leão e Peixes. As implicações importantes para ‘esta anotação’ (porque há inúmeras), é que 69 é a energia fálico-solar do Anjo derramando-se na boca, cálice ou útero da Lua para se unir ao kala q. O resultado desta mistura é o vinum sabbati, o Vinho do Sabbath das Bruxas que pode ser destilado, de acordo com antigos grimórios, “quando o final da Torre estiver obscuro (ou velado) pelas asas do abutre”.

Um peculiar choro sai da boca do abutre. Este peculiar choro ou palavra é notado por Crowley como Mu. Seu número é 46, a ‘chave dos mistérios’ e o número de Adão (homem). Mu é a semente masculina, mas ela também é a água (i.e. sangue) com o qual o homem se fez carne.

As visões de Soror Tanith e de outros Adeptos da O.T.O. concernente ao Abutre de Maat, as Abelhas de Sekhet, a Torre do Silêncio e a Serpente que vibra IPSOS podem ser percebidas na pintura do frontispício: O Abutre na Torre do Silêncio.

Demonstrei em Por dentro da Zona-Malva, vol. III, onde um profundo estudo sobre o Aeon de Maat foi feito (As Bases Draconianas dos Mistérios de Maat), que Liber Pennae Praenumbra compreende grande feição como o Oitavo Grau Draconiano, com os Mistérios de Lêng do Necronomicon, com os Mistérios de Maat expostos por Frater Achad e desenvolvidos por Nema e o Culto Lamal (Lam sendo o transmissor da Corrente-Aiwass do Universo ‘B’ (LA) para o Universo ‘A’ (AL) via o Aeon da Filha (Mâ). Estes traços não apenas dependem inteiramente da similaridade mágica das técnicas empregadas dos mistérios que expressam esta Corrente, mas também da linha de evolução tracejada por Crowley ao receber o ‘AL vel Legis’.

A fórmula da Missa de Maat – Ipsos (“pela mesma boca”) – se refere à boca que é o útero da Palavra e que reifica a Palavra. A Palavra ou Manifestação de Maat é sua Filha, Mâ, como a Palavra de Seth éLa. A letra ‘t’ é o agente Tau (Terra). Assim, Malat e Talam são os kalas gêmeos do Senhor das Abelhas que, carregados com o manta Hum é Ta Lam ou a encarnação da terra (Ta = terra) de Lam. Em outras palavras, é a completa manifestação de Lam (como Aivaz) na consciência física. VejaPsiconautas do Mundo dos Sonhos (‘Lança de Seth’ vol. IV, no. 2) por Frater Zivo Aivaz, 65 U.

Finalizando esta anotação, dando continuidade a explicação das conseqüências de práticas como aqui descritas, me lembro de um membro da O.T.O. que sigilizou um “desejo de realizar um espírito réptil”. Ele primeiro baniu de sua mente todas as idéias ou ‘espíritos’ e se concentrou em um sigilo. Enquanto o fazia utilizou mantras Tibetanos em conjunção com o VIII°(+) O.T.O. Após cair em um sonho magnético e voltar a Malkuth, ele nunca deixou de ser um réptil.

8 de Fevereiro – Terça Feira:

[789]

Antes de entrar no Caminho de p senti alguns seres limpando minha aura. Após isso uma cápsula de luz começou a se formar acima de minha cabeça e cresceu até envolver todo meu corpo. Após isso entrei no Caminho. Desta vez não montei um cavalo, de início nem o vi. Estava vestida com armadura vermelha carregava uma espada. Caminhava ao lado do lobo. Paço pelos seres marciais em posição de combate a procura da esfera. No céu passava uma espécie de águia como se vingasse. Quando chegava perto da esfera achei o cavalo e quando pulamos, eles entraram em minhas costas. Lá passei por uma iniciação (Netzach). Ai sair eles saíram de minhas costas e fomos à procura de Hod. Lá ocorreu quase a mesma coisa, mas minha iniciação não foi completa.

[Comento de 718]

Os comentários de 789 estão vagos e não fazem sentido no atual contexto. Suponho por ser a forma distinta que ela adotou para trabalhar magicamente. Todavia, o material acima descrito por ela comprovam seu período de estadia iniciática neste Caminho.

Netzach significa triunfo ou vitória. Sua natureza é a do amor e da força de atração; o poder de coesão no universo, unindo uma coisa à outra e atuando como a inteligência instintiva entre as criaturas vivas. O planeta Vênus, emblema do amor e da emoção, é atribuído pelos filósofos da magia a essaSephirah; da mesma maneira, a cor verde, tradicionalmente pertencente à Afrodite, como as forças pertencentes a essa Sephirah estão peculiarmente ligadas ao cultivo, à colheita e à agricultura tradicionalmente falando.

Em oposição a Netzach está Hod, esplendor ou glória, que é uma qualidade feminina repetindo as características de Chockmah num plano menos exaltado e sublime. Representa essencialmente uma qualidade mercurial das coisas – sempre fluindo, em metamorfose constante e fluxo contínuo, tendo sido denominada, acredito, “mudança na estabilidade”. Se 789 passava por tais iniciações é uma boa indicação de seu desenvolvimento na frente da Árvore.

Amor é a lei, amor sob vontade.

[1] Karen Kelly née Liguori, Grã-Sacerdotisa do Templo Nu-Isis. A raiz do nome, Than significa Dragão. O Dragão Draconiano das Profundezas, i.e. do Ar ou Espaço (Outer Ones), ou Água ou Plano Astral (Deep Ones). Ela representa a Dupla Corrente, Horus (93) + Maat (696), somando assim 789. Tanith representa a Corrente Draconiana ou Ofidiana. Como TNIT, ela equipare-se a 78, o número de Aiwass, o mensageiro ou Anjo de Hoor-paar-Kraat e com Mezla, ‘a influência provinda do além’ (i.e. além de Kether, Yuggoth). 789 é densamente carregado pela Gnosis Draconiana: IPSOS (696) + ALALLA (93); AIWASS (418) + ShAITAN (371); IPSOS (456) + IXAXAAR (333); IPSOS (456) + ChVRVNZVN (333). Finalmente, 789 = PTN, o monograma mágico da Alta Sacerdotisa da O.T.O. que tem no presente transmitido os mais poderosos complexos de energia mágica.

[2] Fernando Liguori, Frater Aussik-Aiwass, 718 U X°, O.H.O. da Ordo Templi Orientis. Aussik é o nome de um Great Old One, uma entidade extraterrestres que, junto a Aiwass, mantém uma ligação de dupla-via com a consciência mundana através da O.T.O. Este é o nome mágico do presente líder de Ordem. 718 é um número carregado na Qabalah Thêlemica-Draconiana sempre conectado ao nome Shaitan-Aiwass. Neste sentido, deve ser lembrado que 718 é QVRI OKIBISh, ‘a Rede da Aranha’. Satan, ShTN + ShTN = 718, uma expressão da Dupla Corrente; e ainda Z-AIN, o “Um-Olho-Espada”. 718 é conectado com a Estela da Revelação, que também é conhecida como Shiq-qutz Shomen, a ‘Abominação da Desolação’. É o glifo da fórmula Nu-Isis pois 718 = 7 + 1 + 8 = 16 (Sodashi), 1 + 6 = 7 (Seth). O número ‘1’ em 718 é o Falo de Osíris dividido por Seth (7) e Isis (8). Seth-Isis = Sothis.

[3] Antônio Pereira. O mote é o notariqon de Auxiliante Deus et Natura ben Aiwass, o que significa ‘Auxiliar de Deus e da Natureza Filho de Aiwass’. O nome está relacionado a Geburah e sua aplicabilidade mágica é ‘servir ao Aeon de Horus’. O número deste notariqon é 525, o número de IHVH TzABAVT, Senhor da Hostes, i.e, das Estrelas; um nome associado ao Planeta Vênus. 525 soma 12, O Homem Dependurado, o XII Atu de Thoth. Se relaciona a letra men e ao elemento Água representando o batismo, uma forma de morte. É o trabalho do Iniciado de se conscientizar de que é um ser cósmico e transferir esta compreensão para a sua realidade física, i.e. perceber a mesma não mais de um ponto de vista do senso comum.

[4] Nodens, Deus das Profundesas, também, nome mágico atribuído ao presente autor como Sacerdote do Nu-Isis Templum O.T.O. construído sob os auspícios da Loja Shaitan-Aiwaz em Março de 2004. O lócus de Nodens é Daäth.

[5] O nome Isis significa literalmente ‘o assento de pedra’. Veja o Atu II, a Alta Sacerdotisa. “Infinite Space & the Infinite Stars”. Frater Achaddefiniu este notariqon explanando melhor do que ninguém a natureza de Isis como a Suprema Zona de Poder Cósmica que, em conjunção com Nu, Nuit, constitui a Corrente Nu-Isis, irradiando sua influencia de espaços profundos transplutonianos.

[6] Este incidente ocorreu durante o estágio formativo de uma Loja da O.T.O. que eu fundei com o propósito de canalizar específicas influências mágicas de uma fonte transputoniana simbolizada por Nu-Isis.

[7] Alex Barbosa Elias, um dos fundadores do Nu-Isis Templum O.T.O. 193 indica as habilidades hipnóticas através do nome do feiticeiroAfricano e Asiático e encantador de Serpentes, conhecido como ESSASUA. A Serpente se refere especialmente à Corrente Draconianarepresentada pelo Dragão cujo zootipo é o Crocodilo. 193 é, ainda, QPVZ é a ‘Serpente que ejacula veneno’; LZNVNIM, ‘a fonte de magick da Mulher Escarlate que domina o Trabalho noturno. (Ver doc. 006-2005 O.T.O., “Os Reis da Terra”.)

[8] 696 enumera dua fórmula mágicas de importância fundamental: RPSTOVAL do Aeon de Horus e IPSOS do Aeon de Maat.

[9] Posteriormente fora escrita uma novela de 21 capítulo baseada nos fatos ocorridos com Frater 696.


Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...