sábado, 19 de outubro de 2024

Elus Cohen

 

A “ORDEM MARTINISTA DOS FILÓSOFOS DESCONHECIDOS  é constituída de dois Círculos:

a) O Círculo Externo para estudos esotéricos, que é uma escola de ensino para os primeiros dois graus que se encontram em uma “Loja de Instrução”;

b) O Círculo Interno dos SSII que se encontram em um “Capítulo” ou “Grande Capítulo” e cuja vontade é de fazer parte desta comunidade eleita chamada “Santuário Interior”, “Sociedade dos Eleitos” ou a “Igreja interior” (D’Eckhartshausen e Lopoukhine), que está consciente do caráter universal e central do esoterismo e para o qual “a posse presente de Deus, de Jesus Cristo em nós, é o centro para o qual todos os mistérios, como os raios de um círculo, o foco.” (D’Eckhartshausen: A Nuvem sobre o Santuário).

O Martinismo é uma Cavalaria Cristã ouse preferir, uma cavalaria linha de aperfeiçoamento individual e coletiva. Assim, deve tender a ser composta apenas por perfeitos servidores e sucessores dos Mestres reais do movimento.

Esta questiona todos os membros para um padrão de comportamento livremente aceito por todos, num espírito de devoção e uma disciplina sem a qual todo o trabalho coletivo seria impossível. Maior tolerância, ou melhor, mais amplo espírito de compreensão é, portanto, necessária.

Nós então pedimos que medite sobre seu pedido e para descobrir as razões mais profundas da mesma, de acordo com estas indicações, antes de tomar quaisquer medidas adicionais.

NOSSA LOJA DA ORDEM DOS CAVALEIROS MAÇONS- ELUS COHEN DO UNIVERSO

Esta Loja só inicia os membros das lojas de linhagens que estão sob proteção da Igreja Gnóstica Rosa Cruz que já atingiram o 3º grau de qualquer uma das unidades iiciáticas.

 Martinez de Pasquallys – Um pouco de história

O nome completo era Jacques de Livron Joachin de la Tour de la Casa Martinez de Pasqually. Nasceu em Grenoble, França, em 1727. Seu pai tinha uma patente maçônica emitida por Charles Stuart, Rei da Escócia, Irlanda e Inglaterra, fechada em 20 de maio de 1738, outorgando-lhe o cargo de Grande Mestre Delegado, com autoridade para levantar templos para a glória do Grande Arquiteto do Universo, e para transmitir a referida Carta Patente a seu filho maior. A patente e os poderes foram transmitidos depois de sua morte a seu filho que tinha 28 anos. Martinez foi um grande homem que tentou durante toda a sua vida, infundir a espiritualidade à Maçonaria

Pasqually deu a sua sociedade o nome de “Ordem” que já portava a dos Franco-Maçons. A Ordem dos Elus Cohen se apresenta então ao Neófito como um sistema de Franco-Maçonaria Escocesa, depositaria da verdadeira tradição secreta. Tomam emprestado da Ordem Maçônica seus símbolos e uma boa parte de seu ritual, para sob um “véu”, apresentado voluntariamente de forma transparente, debulhando nos primeiros Graus, afim de por a prova as disposições dos recrutados as doutrinas expostas na Reintegração, da que seus cadernos tomaram emprestado seu vocabulário místico, ainda que os Graus superiores tinham como principal objetivo as Operações, servindo-se do novo iniciado e dos adeptos escolhidos que posteriormente seriam admitidos nos Grau supremo e secreto: ao Grau de Réau-Croix.

Martinez trabalhou durante toda sua vida na criação de um grande movimento espiritualista dentro do marco da Maçonaria. Quando pôde organizar este movimento como Ordem, não maçônica no sentido estrito da palavra, mas composta, exclusivamente, por Maçons, deu-lhe o nome de: “Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus-Cohen do Universo”.

Já dissemos que antes de fundar a Ordem dos Elus-Cohen, Pasquallys havia trabalhado dentro do marco da Maçonaria. Assim, em 1754, fundou em Montpellier o capítulo maçônico “Os Juízes Escoceses”. Entre 1755 e 1760 viaja por toda a França, recrutando seguidores para seu próprio sistema. Em 1760, estava em Toulouse onde foi recebido nas Lojas Unidas de São João. Depois, no mesmo ano, foi recebido na Loja “Josué de Foix” onde iniciou vários maçons e formou o capítulo chamado “O Templo Cohen”.

Em 1761 estava em Bourdeaux onde, graças a sua Patente Stuart e com a recomendação do Conde de Maillial d’Alzac, do Marquês de Lescourt e dos irmãos d’Auberton, foi recebido na Loja “La Française”.

Naquela época a Grande Loja da França não reconhecia os “Altos Graus”. Os maçons visitantes foram, portanto, recebidos na forma de Loja Azul nos Templos dos Elus-Cohen (o termo Loja Azul se refere aos três primeiros Graus Simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre, que constituíam a Primeira Classe dos Elus-Cohen, sob o nome de Maçonaria de São João).

    A Segunda Classe, a dos Graus de Portal, era ainda externamente maçônica, mas continha pontos de uma doutrina secreta subjacente.

    A Terceira Classe, formada pelos Graus do Templo, constituía os Altos Graus da Ordem. Utilizava “artilugios” e simbologia maçônica, mas o catecismo estava baseado na Doutrina Geral de Pasquallys. No grau de Grande Arquiteto, idêntico ao do Cavaleiro do Oriente, o membro praticava uma purificação física mediante uma dieta sob a qual se abstinha de alguns tipos de carnes e órgãos de certos animais, algumas gorduras etc. Esta dieta que era altamente seletiva e que não há o que confundir com o estrito vegetarianismo, era similar à dieta dos Levitas, prescrita no Antigo Testamento. O “Grande Arquiteto” realizava “operações” dirigidas a expulsar os Poderes da Escuridão que invadiram a Aura da Terra. Colaborava também em espírito com as operações especiais que realizava o Grão-Mestre, Pasquallys. Esse grau de Grande Arquiteto constituía, na prática, o grau de Aprendiz Réaux-Croix.

O Grau Superior de Templo, o de Comendador do Oriente ou Grande Eleito de Zorobabel, é um grau passivo no qual o membro não realiza nenhuma operação. É um período de repouso antes da ordenação na Ordem Sagrada de Réau-Croix. O ensinamento se baseia na lenda de Zorobabel e nele se menciona a Ponte misteriosa que deve ser cruzada pelo candidato aos Mistérios. A palavra Réau-Croix não deve ser confundida com “Rose-Croix” e não tem nada que ver com “rosacruz”.

No grau secreto de Réau-Croix, o iniciado é posto em contato com o Mundo do Mais Além (as Esferas dos Poderes Celestiais) mediante a Alta Magia, ou Teurgia. Evoca os Poderes Celestiais na Aura da Terra. Manifestações auditivas e visuais capacitam ao Réau-Croix avaliar sua própria evolução (e a de outros evocadores) e ver se ele (ou eles) foi reintegrado em seus poderes original.

O grau secreto “desconhecido” de Grande Réau-Croix se supunha que era a permissão para a Prova Suprema da Ordem, a nunca alcançada “operação final” que era a evocação de “Cristo Glorioso”, o Reparador, Adam Kadmon Reintegrado.

Tenhamos em conta que os Graus de Portal estavam separados dos Graus Simbólicos pelo Grau de Grande Eleito ou Mestre Particular. Este foi o que seria conhecido como “grau de vingança” no qual os votos de segredo são renovados em uma cerimônia realizada para ter o poder mágico de dar castigo ao que renuncie à sua obrigação.

Antes de sua morte, Martinez de Pasquallys havia nomeado como seu sucessor a seu primo Armand Cagnet de Lestère, Secretário Geral do Exército em Port-au-Prince, Haiti. Esse Irmão tinha pouquíssimo tempo para dedicar-se à Ordem e somente podia supervisionar os Templos Cohen de Port-au-Prince e Léogane em Haiti. Ocorreram divisões entre os Templos na Europa. A.C. de Lèstere morreu em 1778 depois de haver transmitido seus poderes ao V.P.M. Sebastian de las Casas. Este novo Grão-Mestre não intentou reconciliar os diferentes ramos dos Elus-Cohen nem unificar o Rito. Pouco a pouco, os Templos Elus-Cohen foram se fechando.

 A Doutrina continuou sendo transmitida, sem embargo, de pessoa a pessoa ou dentro dos “Areópago” Cabalísticos compostos por nove membros. Em 1806, “operações” seguiam sendo feitas nas datas de equinócios. Um dos últimos representantes diretos dos Elus-Cohen foi o Venerável Mestre Destigny que morreu em 1868. Muitos dos discípulos de Martinez se distinguiram por seus escritos, tais como o Barão d’Holbach, que escreveu “O Sistema da Natureza”, o erudito hebreu e cabalista Duchanteau que é o autor do “Calendário Mágico”; Jacques Cazotte, famoso autor do “Demônio Enamorado”; Bacon de la Chevalerie; Jean Baptiste Willermoz que desempenhou um papel muito importante na Maçonaria; e o célebre “Filósofo Desconhecido” Louis-Claude de Saint-Martin.

 Antes que a Ordem dos Elus-Cohen perdesse sua vitalidade, dois eminentes membros preservaram a doutrina original: o primeiro, Jean-Baptiste Willermoz, integrando-a com alguns Ritos da Maçonaria; o outro, Louis Claude de Saint-Martin, incorporando-a um sistema modificado de filosofia perpetuado por iniciações pessoais.

A Prática Cohen e a Teurgia Martinista


Toda vez que a civilização se encaminha para o nadir do materialismo e da mais estreita racionalidade, o Mysterium Magnum golpeia-nos com vultos históricos que, mesmo não nos deixando quaisquer pistas e informações de si mesmos, de seu passado ou paradeiro, não obstante nos arrancam o senso de conhecimento e controle da realidade, impondo um rastro de mistério que obriga a confessarmos quão pouco sabemos dos mistérios entre o Céu e a Terra.


Joachim delaTour Martinez de Pasqually é um destes vultos da História. Português, Espanhol? Judeu, Católico, Cátaro? Pouco se sabe de sua origem, ou das correntes das quais recebeu suas práticas. Seu legado, contudo, permanece uma das maiores marcas e enigmas da Tradição Ocidental. Por ele, um teólogo católico (Franz Von Baader) encontrou a profunda confirmação de sua fé. O mais reacionário conservador ultramontano (Joseph de Maistre) iniciou-se na maçonaria apesar da excomunhão. Através dele, um abade abandonou a igreja para tornar-se o mais radical defensor de seu sistema (Abbé Fournié). E também o contrário – convenceu um mero escritor de ficções fantásticas da absoluta realidade da Metafísica (Jacques Cazotte). Por M.Pasqually caíram fascinados: Balzac, Guaita, Josephin, Lévi, Papus, entre outros gigantes da Tradição. Por isso, escrevo este artigo para compartilhar convosco algo de sua doutrina e práticas, e da forma como foram transformadas por Saint-Martin. Nosso artigo de maneira alguma resume a doutrina do martinismo-martinezismo, e muito menos representa a pluralidade de interpretações e considerações acerca do mesmo. Tendo isto claro, declaramos que nossa intenção não é de forma alguma dar o assunto por encerrado, mas levantá-lo para aprofundar o debate.


Martinez de Pasqually

Apesar de geralmente tomarmos a maçonaria atual por uma ordem tradicional com um sistema coerente, nem sempre foi assim. Desde a medievalidade, as guildas de artesãos vinham recebendo e auxiliando refugiados das mais diversas naturezas – pensadores, alquimistas, templários – e, ao longo do tempo, as corporações operativas absorveram a bagagem e tradição de diversas correntes culturais e filosóficas, de forma que as antigas associações de artistas e pedreiros foram lentamente se transformando em algo completamente novo, abandonando o antigo ofício pela prática especulativa e filosófica que culminaria em focos da Renascença, do Humanismo, da Alquimia, do Iluminismo e do Livre-Pensamento.


Se, por um lado, enxergamos nisso uma riquíssima bagagem cultural coletivamente construída, por outro, foram as posteriores reuniões, como o Convento de Wilhelmsbad e a Convenção de Lyon que deram (de maneira anacrônica) à Tradição Maçônica uma coerência e integridade que os próprios maçons, em sua época, não conheceram. Ser um maçom em pleno séc.XVIII, por exemplo, significava estar simultaneamente cercado de ideais libertários (Rousseau) e conservadores (Burke), céticos (Voltaire) e místicos (Cagliostro), onde o culto à Razão e ao Espírito se entrelaçava de maneira por vezes conflituosa, e forças de interesse político se misturavam com a simbologia dos pedreiros e a filosofia alquímica – tudo isso meio a referências herméticas, ritos de cavalaria e juramentos de vingança templária contra o Antigo Regime.


Podemos dizer, de certa forma, que pairava uma sombra sobre a verdadeira essência ou finalidade original da Ordem, que em alguns países já começava a ser infiltrada e manipulada por grupos conspiratórios de interesse político e econômico. É neste cenário que Joachim delaTour, vulgo Martinez de Pasqually, apresenta-se às Lojas francesas com um sistema filosófico e metafísico envolto em aspectos pitagóricos e operativos que desencadeia um alvoroço nas potências francesas. Suas práticas, teúrgicas e ritualísticas, restauravam o significado perdido da simbologia e dividiam opiniões. Conquistou, dos que presenciaram os resultados de suas operações, a lealdade e fidelidade para o início de um complexo trabalho cerimonial de uma das mais sérias e reservadas fraternidades iniciáticas da História – a Ordem dos Cavaleiros Maçons Elus Cohen. Atraiu igualmente o ódio dos materialistas conspiradores e revolucionários, que colocaram em cheque sua iniciação e foram rebatidos com uma patente maçônica emitida pelo próprio Charles Stuart – Rei da Escócia, Irlanda e Inglaterra – no nome de seu pai. Diante disso, recebeu o reconhecimento do Oriente da França para abrir Templos e dar início aos trabalhos de sua Maçonaria Espiritual.


O Sistema

O que Martinez de Pasqually realmente estava fazendo era desvelar aos maçons a filosofia teúrgica propagada por suas próprias simbologias e alegorias, aos poucos perdida pelos membros da instituição. Para Pasqually, a instituição maçônica não é senão a face externa de uma gnose universal que a transcende e engloba. Por isso, o legado Martinezista é também interpretado como uma espécie de Restauração – porque estes ensinamentos não deixavam de ser essencialmente os mesmos da Escola Pitagórica e da Tradição Cátara (como bem coloca o historiador maçônico Robert Ambelain em "História e Doutrina") que haviam se tornado alheios aos irmãos que, sem profundidade filosófica e inclinação espiritual (como infelizmente ainda ocorre), tinham sua simbologia e ritualística transmitida adiante por mero costume e hábito, como se sua mera perpetuação fosse um fim em si, em vez de buscarem o entendimento profundo daqueles códigos velados do Renascimento Espiritual.


Pasqually falava da Queda, da Reintegração e do caminho a ser percorrido pelo homem para a Restauração de seu Estatuto – a plena posse de suas faculdades, virtudes e direitos originais – que consiste em Ser um Mago. Para este mestre, a porta para a Prevaricação ou para a Regeneração era uma única e mesma – a Magia – e não temos escolha. O destino do homem, quer queira ou não, é estar em relação com o Mundo dos Espíritos, porque estamos sempre seguindo uma de suas duas únicas vias – agravando nossa queda ou engendrando nossa reintegração. Não cogitemos aqui o significado tão deturpado que o termo “Magia” evoca em uma primeira vista, como a barganha com entidades e as simpatias da Baixa Magia. Ser um Mago, para Pasqually, não é impor seu desejo egoico ao mundo natural mas, pelo contrário, agir como Causa Segunda mediante a mais ardente submissão à Causa Primeira: o Verdadeiro Mago é aquele que governa o inferior servindo à Causalidade do Plano Superior – ele vence o Astral e coloca os demônios em seus devidos lugares. Para Martinez, o Arquétipo do Homem, o Adão Primordial, é ser um reflexo do Logos, emanado para conduzir a astralidade conforme a Vontade do Verbo.


Para vosso esclarecimento, esboçamos algo de sua cosmogonia.


A Causa Primeira é o Deus Puro Incognoscível, o Fogo Incriado que emana, a partir de si, Causas Segundas à sua imagem e semelhança (como rios que partem da mesma nascente, ou chispas que se desprendem de um fogaréu). Estas essências permanecem livres para se apartarem, individualizando-se, ou permanecerem absortas na grande orquestra da Harmonia Universal. A hierarquia angélica, observada por este ponto, não é senão uma comunhão de Vontades voltadas para o Alto – a grande orquestra de espíritos virginais (que não caíram) recebendo e transmitindo abaixo e adiante a Luz do Uno de acordo com suas próprias gradações e postos, agindo como um só Corpo da mesma maneira que o oceano, apesar de uno, é composto de inúmeras gotículas. Quaisquer semelhanças com a Cabala Cristã não é mera coincidência.


Deus é bom porque é Deus ou o é por ser bom? Nem uma coisa e nem a outra. Deus e a Lei Divina são uma única e mesma coisa, a Fonte Una de todo o Amor, Vontade, Sabedoria e Atividade. As almas que não se entregam como Causa Segunda (como músicos da orquestra regida pelo Uno) tornam-se, elas mesmas, Causas Primeiras (como se abandonassem o maestro para criar suas próprias melodias) e assim ingressam no caminho amargo da Individuação. Este conjunto de seres no caminho da Individualização obrigatoriamente se apartam da comunhão divina, como que por uma consequência fatal de Leis rígidas e imutáveis (daí a Queda dos Espíritos Lucíferos, a qual pretendemos ainda esclarecer).


Da mesma forma que um músico que contrariasse a harmonia de sua sinfonia veria seu instrumento soando de maneira dissonante e desafinada, a emanação do Ego como Causa Primeira (em vez de como Causa Segunda guiada pela Sabedoria Celeste) aparta imediatamente da realidade divina como uma Lei Inexorável. Isso se dá porque a Vida Angélica é um eterno receber e doar movendo-se em uníssono em torno do Eixo Central (o Fogo do Uno com sua infinita Luz-Vida-Amor).


Não há como emanar sua própria melodia, ou ousar mover-se em seu próprio ritmo, sem com isso dissonar e distanciar-se fundamentalmente da Música das Esferas. Talvez você pergunte – mas e se o indivíduo, ainda que separado, aprender a abrir-se voluntariamente para a Orientação Superior, unindo Ego e Mônada em uma Verdadeira Vontade guiada pela Sabedoria Celeste, para colocar-se deliberadamente em marcha com a Sinfonia Una? Este insight maravilhoso antecede algo do caminho a ser percorrido pelo Novo Homem para sua Regeneração, assunto que retomaremos após tratarmos devidamente das implicações da Queda. Por hora, voltemos à individualização das centelhas.


Estes seres precisam ser de alguma forma religados, reintegrados ao Seio da Divindade – mas não podem fazê-lo pois, por terem modificado profundamente sua natureza (antes um puro doar, uma Força Centrífuga agora interiorizada como Ego Centrípeto), o mesmo e único Fogo Divino que é, nos Anjos, fonte Doce de Luz e Amor, neles atuaria de maneira corretora e purificadora, como um remédio amargo, tornando-se um Fogo Ímpio de Angústia e Cólera. Inferno e o Paraíso não seriam senão o mesmo e único Seio da Divindade, experimentado de acordo com o estado daquele que o adentra. Poderíamos exemplificar isto com a situação de alguém que, isolado em um quarto escuro, subitamente fitasse uma chama de vela – sua visão será ofuscada e, sua retina, queimada – só que esta agressiva reação não se deve à natureza própria da luz, senão à condição daquele que com ela entra em contato.


Como a própria comunhão com a divindade se tornaria, para estes seres, um Mundo Tenebroso de Angústia e Cólera, fez-se necessário que fossem levados à mais profunda separação da Vida Divina. Para isso, o Universo não-divino, material, regido pela Astralidade e pelos Elementos, foi delimitado para dar livre-manifestação aos entes individuados, servindo-lhes de escola de experiências para seu aperfeiçoamento moral e espiritual, bem como lançando entre eles e o Mundo Luminoso um “fio de ariadne”, uma “escada de Jacó” – ponte para a Religação e Reintegração dos Seres. Para o Martinismo, bem como para o Catarismo e para a Gnose Cristã, este é o entendimento espiritual acerca da origem do Mundo Criado, a relação desta Região Dialética com a trajetória da alma, seu encarceramento, suas lutas e sofrimentos para o aperfeiçoamento e sua final vitória sobre as paixões e retorno à Luz – o Drama da Vida, representado nos Arcanos e nos Mistérios.


As Operações Cohen

Dentro deste esboço de esquema teogônico, o homem cumpre um duplo-papel fundamental. Se o Verbo comunica sua Vontade, Amor, Sabedoria e Atividade diretamente à Hierarquia, aos Serafins, Arcanjos, Anjos, e assim sucessivamente de séfira em séfira, então a Reintegração dos Espíritos Lucíferos (separados e individualizados) também demandaria, por sua vez, a emanação de uma nova hierarquia, situada entre os anjos e os entes caídos apartados, capaz de entrar em comunhão com os primeiros para reestabelecer e religar estes últimos. Assim diz-se que o Arquétipo do Homem é colocado espiritualmente no Centro da Criação, como Ponte entre estes mundos cingidos. O Adão Primordial, em seu envolvimento com os espíritos lucíferos, passa também sua própria queda, de forma que o homem individual traz consigo uma constituição Tripla, por ser ligado, por Três Princípios, a estas Três Realidades – ligado às estrelas e aos elementos, segundo o corpo; ligado à Sophia Celeste (A Sabedoria Divina) e ao Mundo da Luz, segundo à fagulha divina em si; e, por fim, ligado à região das trevas, ao Mundo Tenebroso e ao Astral através de seu Desejo e Imaginação. Por isso, o homem sempre é um mago, quer queira ou não, porque está em relação permanente com estes três mundos e realidades, quer o faça responsável e conscientemente, quer simplesmente siga sendo inconscientemente dirigido pelo Invisível, influenciando-o e sendo por este influenciado.


Em sua obra Tratado de Reintegração dos Seres, nosso mestre diz, com suas próprias palavras, que “O mau pensamento se chama espiritualmente mau intelecto, assim como o engendramento do bom pensamento se chama bom intelecto. É por estas espécies de intelectos que os espíritos bons e maus se comunicam com o homem e lhe fazem reter uma impressão qualquer, conforme ele usa do seu livre-arbítrio para rejeitar ou aceitar o mal ou o bem, à sua vontade. Os maus pensamentos são engendrados pelo mau espírito, assim como os bons pensamentos são engendrados pelo bom espírito; cabe ao homem rejeitar uns e aceitar outros.”


Levando isso em consideração, entendemos que a Teurgia Operativa de Pasqually consistia em entrar em relação consciente com a Hierarquia, pois que já estamos, todo o tempo, em relação semiconsciente com o Mundo dos Espíritos através de nossos pensamentos, intenções e afinidades. Sobre isso, seu discípulo Cohen Louis-Claude de Saint-Martin diz: “As faculdades da alma podem estender-se para fora da pessoa e comunicar-se. Abrimos e fechamos as portas de nossa alma segundo nossa vontade, através de nossos desejos, nossa imaginação, o trabalho interno mais ou menos negligenciado, nossa boa ou má conduta etc.”.


Tendo entendido isso, podemos tratar da grande confusão que permeia o uso do termo “Martinismo”, que é por vezes utilizado como referência ao ensinamento de Pasqually, por vezes ao de seu discípulo Saint-Martin e, de fato, os ensinamentos de Martinez de Pasqually e Louis-Claude de Saint-Martin não diferem essencialmente em sua metafísica, cosmogonia e objetivo final, senão nos métodos para a realização da Grande Obra.


Martinez de Pasqually orientava seus discípulos a práticas de natureza ritualística e cerimonial que evocavam ativamente a influência celeste, exorcizavam a influência demoníaca e, principalmente, se destinavam a abrir um canal para o Invisível, que tomava a forma de comunicações, fagulhas, chispas, sigilos, entre outras manifestações sensíveis e aparições luminosas que reafirmavam no adepto sua fé e confirmavam seu progresso na senda da Reintegração. Os discípulos de Pasqually eram orientados a uma vida rigorosamente disciplinada, se abstendo de todos os vícios e paixões, com orações regulares e uma devoção incessante às operações.


Os Elus Cohen entravam limpos e banhados em seus oratórios; removiam todos os objetos metálicos; traçavam com giz círculos concêntricos com os nomes divinos e angélicos; posicionavam as velas de cera nos pontos cardeais; incensavam o ambiente e realizavam suas complexas prostrações e invocações ao Alto, bem como o exorcismo ritualístico da influência astral inferior. Com o tempo, Louis-Claude de Saint-Martin, um dos principais discípulos de Pasqually, percebia a grande dificuldade que muitos iniciados tinham em provocar as manifestações visíveis, e que, movidos tão fortemente pelas aparições e práticas externas, deixavam de atentar para o principal: cultivar em si a pureza e a regeneração interior necessária para a comunhão com a Vida Angélica – o que era justamente a meta principal e original.


Isso levou Louis-Claude a criticar sua antiga escola por estar “mais preocupada com a Ciência dos Espíritos do que com a da Alma”. Com o tempo, Saint-Martin sustentou a posição de que as manifestações astrais, o psiquismo e os transes alterados de consciência seriam contraprodutivos, levando o candidato à fascinação pela experiência e a desviar-se da Via Interior. Para Louis-Claude, se pudermos unir-nos à Vida Angélica em Amor, Vontade, Sabedoria e Atividade, hemos de receber dela, em seu próprio tempo, as intuições, inspirações e comunicações que sejam propícias à nossa Regeneração.


Saint-Martin encontrou, na obra de GICHTEL e BOEHME uma Via Interior para o mesmo objetivo de seu antigo mestre. Seu novo método substitui a magia operativa exterior pela alquimia cardíaca da teurgia interior – através da Leitura, da Meditação, da Oração e da Contemplação, abrimos nossos canais espirituais longe do perigo da fascinação astral e das manifestações sensíveis. Se o que mais importava, desde o início, era a purificação e regeneração individual do adepto, então isto explicava a cada vez maior dificuldade dos discípulos de Pasqually em obter os resultados do mestre por conta própria. Em uma carta para seu amigo Barão de Kircheberger (disponível no site da SCA), Saint-Martin diz que seu antigo mestre “possuía a chave ativa de tudo o que nosso caro Boehme expõe em suas teorias, mas não nos acreditava em condições de sermos portadores dessas altas verdades”. Dito de outra forma, não considerando seus discípulos prontos para ingressar no conhecimento de primeira mão, Martinez havia lhes legado um sistema para que, não podendo ascender às regiões divinas, pudessem ao menos fazê-la descer sobre eles em manifestações, comunicações e influências por meio de uma rígida disciplina sacerdotal. Entretanto, quando deixados por conta própria, os Elus Cohen dificilmente obtinham o mesmo sucesso do que quando acompanhados de seu líder em suas operações. Louis-Claude percebeu, então, que de nada adiantavam as práticas externas se não estivermos interiormente em comunhão íntima com a influência do Alto. E, pelo contrário, se pudermos abrir, em nosso íntimo, os canais diretos para a livre transmissão destes dons e comunicações, então as operações cerimoniais já se fazem desnecessárias – será que realmente precisávamos de tudo aquilo para chegar a Deus? Em suas palavras: “A Unidade não se encontra nas associações; ela só se encontra em nossa junção individual com Deus.”. Para o Filósofo Desconhecido, com suas próprias palavras em O NOVO HOMEM, devemos desejar ardentemente o conhecimento e comunicação de nosso anjo particular, porque só então “a atividade divina poderá se comunicar com o nosso interior”. “O coração do homem é o amor; o anjo é o recipiente da Luz Divina”. Para nossa Regeneração, devemos selar em nós um “casamento real com o nosso ser divino”, e “nenhum casamento é comparável à esse” - estabelecer esta conexão é a mais simples e importante meta da Verdadeira Magia Divina. Conhecê-la-eis pelos seus frutos.


Para se aprofundar e entender efetivamente o caminho proposto e percorrido por S.Martin e Jacob Boehme, recomendamos a leitura do livro A SENDA DO HOMEM CELESTE, pela Editora Polar, no qual um dos maiores discípulos de Jacob Boehme (e primeiro editor de suas obras), Georg Gichtel – chamado “Nosso General Gichtel” por Louis-Claude – relata as etapas e experiências de seu próprio processo de Regeneração, das Trevas à união com a Divina Sophia, passando do Fogo da Cólera divina à Luz Doce da Vida Angélica.


Quanto à história da Ordem dos Cohen, recomendamos o livro ENSINAMENTOS SECRETOS DE MARTINEZ DE PASQUALLY, de Franz von Baader, publicado pela Editora Madras. Após suas poucas décadas de atividade, a situação da Ordem Interna tornou-se cada vez mais difícil pois, constantemente ocupado com assuntos de família, Martinez instruía seus alunos à distância por cartas, não mais podendo acompanhar pessoalmente seu progresso, e após seu falecimento em Santo Domingo houve cada vez maior dificuldade dos adeptos em realizar rigorosamente os procedimentos e disciplinas das operações martinezistas. Para piorar, os ânimos sociais se exaltavam no ambiente político, e a perseguição revolucionária levou à dissolução da Ordem, que teve poucos documentos preservados por membros individuais e isolados.


Para os que desejam conhecer os testemunhos e relatos em primeira pessoa de um membro da Elus Cohen original de Martinez, recomendamos o livro “Ce que nous avons été, ce que nous sommes et ce que nous deviendrons” do abade Fournié, que com muita felicidade encontramos disponível gratuitamente no Google Books.


Referências Bibliográficas

FOURNIÉ, Pierre. Ce que nous avons été, ce que nous sommes et ce que nous deviendrons.

GICHTEL. J. G. Theosophia Practica.

WAITE. Edward. The Unknown Philosopher.

BAADER, Franz Von. Ensinamentos Secretos de Martinez de Pasqually.

SAINT-MARTIN, Louis-Claude de. NOVO HOMEM.

SCA. Cartas de Louis-Claude de Saint-Martin.

BÖHME, Jakob. AURORA.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Origem da Rosacruz Lobulada


Muitos estudantes Rosacruzes, principalmente de AMORC, que usa este símbolo em seu emblema oficial, desejam saber qual a origem da Rosacruz Lobulada. Entende-se por Rosacruz Lobulada a Cruz Lobulada, ou Cruz Oficial de São Lázaro, com uma Rosa Mística, natural ou estilizada, em seu centro. Para os Rosacruzes, esta Rosa representa a personalidade do ser animado desabrochada no Plano da Manifestação – que tanto pode ser o Material ou em nível acima. É interessante notar que a Fraternidade Rosacruz (Max Heindel) não tem um emblema com uma única Rosa no centro da Cruz, mas seus membros expressam o mesmo pensamento, dizendo em sua saudação: “Que as Rosas floreçam sobre a tua Cruz”. Se analisarmos esta saudação veremos que esses Rosacruzes propõem que além do próprio desenvolvimento espiritual de cada um de seus membros se faça o do próximo por extensão. A Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA) igualmente tem em seu emblema várias Rosas sobre a Cruz e não apenas uma. A Rosacruz Lobulada original , produzida pelo misticismo cristão, tem apenas uma única Rosa em seu centro.


A origem da Rosacruz Lobulada sempre representou um desafio para a maioria dos Rosacruzes, inclusive com o advento da globalização da mídia. Mesmo depois que a Internet facilitou a comunicação entre os Rosacruzes e viabilizou o acesso instantâneo a bancos de dados contendo registros até então restritos aos guardiães de alfarrábios, nada de concreto parece ter sido encontrado com relação ao esclarecimento daquela indagação.


Entretanto, uma data pode ser fixada com precisão para o advento público deste símbolo, a Rosacruz Lobulada: o ano de 1432, que antecede em quase dois séculos o surgimento dos primeiros Manifestos Oficiais Rosacruzes, como a Fama Fraternitatis. Foi naquele ano de 1432 que um renomado (e misterioso) artista plástico, Jean van Eyck o pintou repetidas vezes – oito delas visíveis, sendo sete perfeitamente – na Estola Sagrada do “Anônimo sobre o Trono” (ou seja, nada mais nada menos que o próprio Dominus Deus Sabaoth, o Padre Eterno – Padre no duplo sentido de Pai e Sacerdote, promanador do Cristo Cósmico, Rei e Sacerdote). Na foto à esquerda, detalhe da Estola, vê-se uma das Rosacruzes Lobuladas.


O painel do “Anônimo sobre o Trono” é a peça central, ao alto, do famoso “Polyptyque de l’Agneau” (Poliptico do Cordeiro), que aparece nesta foto. Poliptico, para quem não sabe, é um quadro – sobre tela ou sobre madeira – composto por diversas partes, as quais tanto se somam visualmente, produzindo uma ampla e total cena pictórica, como funcionam separademente. esta importantíssima obra de arte gerada pela Igreja de Roma é, na verdade, uma refinada alegoria mística de transcendental significado, mas capaz de ser corretamente digerida e absorvida por iniciados que tenham grau. Mostra ela o Poder e Glória, o Sacrifício e a Guerra, a Arte e a Comunicação, a Inocência e a Renúncia, a Profecia e o Emblema, a Mãe Coroada de 12 Estrelas e o Padre Eterno com o Símbolo da Evolução dissipando as trevas, justamente a Rosacruz Lobulada.


Contudo, a peça de sustentação (1) dessa iconografia pictórico-iniciática como um todo, o Poliptico, é “A Adoração ao Cordeiro” (Apocalipse 7, 2-12), vista na foto ao lado. A atmosfera deste painel é litúrgica e se desenvolve sobre um jardim de plantas sagradas, feéricamente iluminado por uma irradiação mística sobre o Cordeiro, vinda das esferas superiores. É um Reino do Silêncio perfeito, encastelado no momento que precede o Tantum Ergo. Os partícipes da cena mostram-se transfigurados ante o Cristo Cósmico que jorra sangue no Graal.


A própria origem do Poliptico é misteriosa, apesar da atribuição oficial de autoria a Jean van Eyck, pois na verdade não se sabe com precisão se foi pintado por ele, por seu irmão (?) Hubert van Eyck ou pelos dois, a quatro mãos ou por ideação de um e execução de outro. Os doadores (mecenas) do Poliptico, que se fizeram representar em painéis complementares, como era de uso, foram Josse Vijot e sua mulher Isabelle Borluut, que aparecem em atitude de oração (foto à direita).


Discorrer sobre o Poliptico e seus segredos místicos encheria páginas. Para os Rosacruzes, o importante é saber que o símbolo da Rosacruz Lobulada aparece como emblema sacerdotal do Deus Único e Impessoal, Onisciente e Onipresente: Dominus Deus Sabaoth (Deus Forte, Senhor das Armas).


Cabe aqui lembrar a referência que é feita no dístico sob a Cruz dos Cavaleiros de Cristo:


D FORTIS ADONAI SABAOT V EM IHC XP AGLA 

Yod-He-Shin-Vav-He e Maria Madalena


Como vimos no artigo anterior, Yeshua nunca foi o pobrezinho coitadinho nascido de uma virgem e de um carpinteiro que a Igreja Católica fez as pessoas acreditarem durante a Idade Média, nem nasceu em uma manjedoura porque não havia vagas nos hotéis de Belém por causa do recenseamento, e muito menos três reis perdidos no deserto entregavam presentes para qualquer moleque nascido em estábulos que encontrassem pela frente.


Paramos a narrativa quando Yeshua é levado por seus pais para ser educado no Egito; mais precisamente nas Pirâmides do Cairo, e lá permanece estudando. A Bíblia nos dá um hiato de quase 30 anos…


O que aconteceu neste período?


Antes de continuarmos, precisamos explicar algumas coisas que os leitores estavam confundindo:


A primeira é “Se Yeshua é tão fodão quanto os ocultistas falam, porque ele não soltou bolas de fogo pelos olhos e raios elétricos pelo traseiro e matou todos os romanos?”.


A resposta para isso é obvia. Yeshua é um humano como qualquer outro. Ele come, dorme, vai no banheiro e solta puns como eu ou você. Seu “poder” vem de sua iluminação e de seu conhecimento e do “ser Crístico” que foi despertado nele, assim como Buda, Krishna, Salomão, Davi, Moisés ou os Faraós. Claro que os conhecimentos alquímicos, astrológicos e místicos que possuía fazem com que Jesus fosse um ser humano muito superior aos demais, tanto física quanto mentalmente… Um Mestre de bondade, caridade e iluminação, mas não o torna um super-homem. Cinco soldados com espadas dariam cabo dele com a mesma facilidade com que dariam cabo do Dalai Lama.


Quando Yeshua nasceu, os romanos já dominavam Jerusalém desde 63 a.C., e Herodes já estava no poder desde 37 a.C.


Quando os romanos substituíram os selêucidas no papel de grande potência regional, eles concederam ao rei Hasmoneu Hircano II autoridade limitada, sob o controle do governador romano sediado em Damasco. Os judeus eram hostis ao novo regime e os anos seguintes testemunharam muitas insurreições. Uma última tentativa de reconquistar a antiga glória da dinastia dos Hasmoneus foi feita por Matatias Antígono, cuja derrota e morte trouxe fim ao governo dos Hasmoneus (40 a.C.); o país tornou-se, então, uma província do Império Romano.


Em 37 a.C., Herodes, genro de Hircano II, foi nomeado Rei da Judéia pelos romanos. Foi-lhe concedida autonomia quase ilimitada nos assuntos internos do país, e ele se tornou um dos mais poderosos monarcas da região oriental do Império Romano. Grande admirador da cultura greco-romana, Herodes lançou-se a um audacioso programa de construções, que incluía as cidades de Cesaréia e Sebástia e as fortalezas em Heródio e Masada.


Dez anos após a morte de Herodes (4 a.C.), a Judéia caiu sob a administração romana direta. À proporção que aumentava a opressão romana à vida judaica, crescia a insatisfação, que se manifestava por violência esporádica, até que rompeu uma revolta total em 66 d.C. As forças romanas, lideradas por Tito, superiores em número e armamento, arrasaram finalmente Jerusalém (70 d.C.) e posteriormente derrotaram o último baluarte judeu em Massada (73 d.C.), mas falarei sobre isso mais para a frente.


Portanto, estas Ordens das quais estamos discutindo (Pitagóricas, Essênias, etc.), das quais Yossef e Maria faziam parte, já precisavam se manter “secretas” desde o Tempo de Pitágoras.


A conexão de Yeshua com a Ordem Pitagórica e com os ensinamentos orientais é simples de ser demonstrada. O nome Yeshua representa “Aquele que vem do fogo de Deus” ou, como mais tarde a Igreja colocou, “O Filho de Deus”, representando um sacerdote solar.


Cabalisticamente, Deus é representado pelas letras hebraicas Yod- Heh-Vav-Heh ou o tetragrama YHVH que simbolizam os 4 elementos e toda a Árvore da Vida. Estas letras são dispostas em um quadrado ou uma cruz. O alfabeto hebraico não possui vogais, e o nome de Deus precisava ser passado apenas oralmente de Iniciado para Iniciado. Quando surgia nos textos, os sacerdotes precisavam oculta-lo e usavam outras palavras para designá-lo. Eis o verdadeiro significado do mandamento “Não tomarás o nome de Deus em vão”.


A letra SHIN representa o espírito purificador. O fogo celestial que remove o Impuro (tanto que, como veremos mais adiante, ela representa o Arcano do Julgamento no tarot). Da evolução do quatro vem o número cinco, o pentagrama sagrado dos Pitagóricos, representado pela união dos 4 elementos mais o espírito (SHIN). Note que são os MESMOS elementos utilizados na bruxaria, no xamanismo, nas Ordens Egípcias, na wicca e na magia celta.


O pentagrama será, então, representado pelas letras Yod-Heh-Shin- Vav-Heh, ou YHSVH ou Yeshua. Este título já havia sido usado por


Rama, Krishna, Hermes, Orfeu, Buda e outros líderes iluminados do passado.


A Infância de Jesus

De sua infância até seus 30 anos, Jesus viajou por muitos lugares, conhecendo a Índia, a Bretanha e boa parte da África. Sabia falar várias línguas, incluindo o grego, aramaico e o latim. Conhecia astrologia, alquimia, matemática, medicina, tantra, kabbalah e geometria sagrada, além das leis e políticas tanto dos judeus quanto dos gentios.


De toda a sua infância, a Igreja deixou escapar apenas um episódio ocorrido aos 12 anos, quando Jesus discute leis com os sábios e rabinos mais inteligentes de Jerusalém (Lucas 2:42-50). Todo o restante foi destruído, já que seria embaraçoso para a Igreja ter de explicar onde o Avatar estava aprendendo tudo o que sabia. A versão oficial é que foi a “inteligência divina”, mas a verdade é muito mais óbvia e simples: Yeshua sabia tudo aquilo porque estudou. Conhecimento não vem de “graças dos céus”, mas de estudo e trabalho.


Jesus e Maria Madalena

Depois da febre Dan Brown, na qual a Opus Dei e todas as facções possíveis e imaginárias da Igreja tentaram abafar, criticar ou ridicularizar, sem sucesso, o mundo inteiro ficou sabendo do casamento de Jesus e Maria de Magdala. Foi um belo chute no saco da hipocrisia clerical e muita gente se sentiu finalmente vingada vendo os bispos e pastores desesperados pensando em como varrer tudo isso para debaixo do tapete sem a ajuda das fogueiras da Inquisição.


Para entender como este casamento aconteceu, precisamos passar por algumas explicações. A primeira é o fato de Jesus ser chamado de Rabbi (Rabino, ou Mestre) por todo o Novo Testamento. O titulo de Rabbi é passado de iniciado para iniciado desde Moisés, através de um ritual chamado Semicha (“ordenamento”). No período do Antigo


Testamento, de acordo com o Judaísmo, para se tornar Rabbi, uma pessoa precisa obrigatoriamente preencher três requisitos:


– Ser um homem;

– Ter conhecimento profundo da Torah e das Leis judaicas; 3 – Ser

Com isso, sabemos que Yeshua, por ser um líder religioso considerado um Rabbi por seus discípulos, era obrigatoriamente CASADO (não importando com quem) ou NUNCA poderia ter recebido este título. Além disso, naqueles tempos, qualquer líder religioso que estivesse na casa dos 30 anos e ainda fosse solteiro certamente seria considerado algo completamente fora dos padrões e digno de nota.


Sabemos, então, que Yeshua era casado… Mas com quem? Que mulher poderia ser digna do Mestre Carpinteiro?


A resposta é uma sacerdotisa vestal chamada Maria de Magdala, irmã de Lázaro e Marta. Assim como Yeshua, ela foi educada e preparada desde criança para ser a companheira do Avatar. Tinha grandes conhecimentos das artes lunares, divinatórias, dança e magia sexual, além de conhecimentos de astrologia, geometria, medicina e matemática. Assim como Maria, mãe de Yeshua, Maria de Magdala também era considerada uma “virgem”.


Lázaro, o irmão de Maria Madalena, é o sacerdote iniciado pelo próprio Yeshua. A bíblia cita isso como a “Ressurreição de Lázaro”, mas claramente percebemos que se trata de uma Iniciação Egípcia, lidando com a morte e renascimento do Sol. Lázaro era um iniciado muito importante em sua época, membro de uma das famílias mais ricas da Betânia, assim como os outros apóstolos também eram pessoas influentes. Passou três dias confinados em uma caverna (o templo religioso mais importante para os Essênios), sendo resgatado do Reino dos Mortos simbólico no terceiro dia por Yeshua.


Vamos ver o que a Bíblia fala de Maria Madalena…

Segundo o Novo Testamento, Jesus de Nazaré expulsou dela sete demônios, argumento bastante para ela pôr fé nele como o predito Messias  (Cristo).  (Lucas  8:2;  11:26;  Marcos  16:9).  Esteve  presente  na crucificação, juntamente com Maria, mãe de Jesus, e outras mulheres (Mateus 27:56; Marcos 15:40; Lucas 23:49; João 19.25); e do funeral (Mateus 27:61; Marcos 15.47; Lucas 23:55).


Do Calvário, voltou a Jerusalém para comprar e preparar, com outros crentes, certos perfumes, a fim de poder preparar o corpo de Jesus como era costume funerário, quando o dia de Sábado tivesse passado. Todo o dia de Sábado ela se conservou na cidade – e no dia seguinte, de manhã muito cedo “quando ainda estava escuro”, indo ao sepulcro, achou-o vazio, e recebeu de um anjo a notícia de que Jesus Nazareno tinha ressuscitado e devia informar disso aos apóstolos (Mateus 28:1-10; Marcos 16:1-5,10,11; Lucas 24:1-10; João 20:1,2;compare com João 20:11-18).


Maria Madalena foi a primeira testemunha ocular da sua ressurreição e foi quem foi usada para anunciar aos apóstolos a ressurreição de Cristo (Mateus 27:55-56; Marcos 15:40-41; Lucas 23:49;João 19:25).


Ela também aparece como a pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lucas 7:36-39) e como a mulher que derrama óleo perfumado sobre sua cabeça (Mateus 26:6-7), mas a “versão oficial” em nenhum momento afirma que essas mulheres eram a Madalena. Para a Igreja Católica, eram 3 mulheres distintas.


Agora vamos explicar cada uma destas passagens:


Bodas de Caná


Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus; e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento.


E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho.


Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.


Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.


Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas.


Ordenou-lhe Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima.


Então lhes disse: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E eles o fizeram.


Quando o mestre-sala provou a água tornada em vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água, chamou o mestre-sala ao noivo e lhe disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.


Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.


– João 2: 1,11


 As Bodas de Caná é a passagem do Novo Testamento que narra o Casamento de Jesus com Maria Madalena (e não a Santa Ceia, como Dan Brown afirma).


A versão “oficial” não fala de quem é o casamento; mas, pelo bom senso, veremos que não faz muito sentido a versão do papa:


Imagine que você convidou Jesus e seus amigos para sua festa de casamento e, de repente, a mãe dele começa a dar ordens e palpites para os seus serviçais… Não tem muita lógica, não é mesmo? E, se é Jesus quem transforma água em vinho, porque o mestre-sala vai agradecer ao noivo? A resposta é óbvia.


Basta conhecer um pouco de cultura judaica para saber que, em um casamento judeu, e mais especificamente o casamento dinástico, a ÚNICA pessoa que pode dar ordens para os serviçais é a mãe do noivo, que é a pessoa responsável pela organização da festa… E tudo faz muito mais sentido agora. Já transformar água em vinho certamente não seria uma grande dificuldade para um Avatar.


O Ritual Sagrado da Unção com Nardo

Como já vimos, as regras do matrimônio dinástico não eram banais. Parâmetros explicitamente definidos ditavam um estilo de vida celibatário, exceto para a procriação em intervalos regulares.


Um período extenso de noivado era seguido por um Primeiro Casamento em setembro, depois do qual a relação física era permitida em dezembro. Se ocorresse a concepção, havia então uma cerimônia do Segundo Casamento em março para legalizar o matrimônio.


Durante esse período de espera, e até o Segundo Casamento, com ou sem gravidez, a noiva era considerada, segundo a lei, uma almah (“jovem mulher” ou, como erroneamente citada, “virgem”).


Entre os livros mais pitorescos da bíblia está o Cântico dos Cânticos


– uma série de cantigas de amor entre uma noiva soberana e seu noivo. O Cântico identifica a poção simbólica dos esponsais com o unguento aromático chamado nardo. Era o mesmo bálsamo caro que foi usado por Maria de Betânia para ungir a cabeça de Jesus na casa de Lázaro (Simão Zelote) e um incidente semelhante (narrado em Lucas 7:37-38) havia ocorrido algum tempo antes, quando uma mulher ungiu os pés de Jesus com unguento, limpando-os depois com os próprios cabelos.


João 11:1-2 também menciona esse evento anterior, explicando depois como o ritual de ungir os pés de Jesus foi realizado novamente pela mesma mulher, em Betânia. Quando Jesus estava sentado à mesa, Maria pegou “uma libra de bálsamo puro de nardo, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo” (João 12:3).


No Cântico dos Cânticos (1:12) há o refrão nupcial: “Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume”. Maria não só ungiu a cabeça de Jesus na casa de Simão (Mateus 26:6-7 e Marcos 14:3), mas também ungiu-lhe os pés e os enxugou depois com os cabelos em março de 33 d.C. Dois anos e meio antes, em setembro de 30 d.C., ela tinha realizado o mesmo ritual três meses depois das bodas de Caná.


Em ambas as ocasiões, a unção foi feita enquanto Jesus se sentava à mesa (como define o Cântico dos Cânticos). Era uma alusão ao antigo rito no qual uma noiva real preparava a mesa para o seu noivo. Realizar o rito com nardo era maneira de expressar privilégio de uma noiva messiânica, e tal rito só se realizava nas cerimônias do Primeiro e do Segundo Casamento. Somente como esposa de Jesus e sacerdotisa com direitos próprios, Maria poderia ter ungido-lhe a cabeça e os pés com unguento sagrado.


Então, cheque mate, papa.


Este rito também é narrado no Salmo 23, um dos meus favoritos (só perde para o Salmo 133):


O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.


Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranquilas.


Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.


Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.


Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.


Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.


O Salmo 23 descreve Deus, na imagem masculina/feminina da época, como pastor e noiva. Da noiva, o salmo diz “Prepara-me uma mesa… Unge-me a cabeça com óleo”.


De acordo com o rito do Hieros Gamos da antiga Mesopotâmia (a terra de Noé e Abraão), a grande deusa, Inana, tomou como noivo o pastor Dumuzi (ou Tammuz), e foi a partir dessa união que o conceito da Sekiná e YHVH evoluiu em Caná por meio das divindades intermediárias Asera e El Eloim.


No Egito, a unção do rei era o dever privilegiado das irmãs/noivas semidivinas dos faraós. Gordura de crocodilo era a substância usada na unção, pois era associada à destreza sexual, e o crocodilo sagrado dos egípcios era o Messeh (que corresponde ao termo hebraico Messias: “Ungido”). Na antiga Mesopotâmia, o intrépido animal real (um dragão de quatro pernas) era chamado de MushUs.


Era preferível que os faraós desposassem suas irmãs (especialmente suas meio irmãs maternas com outros pais) porque a verdadeira herança dinástica era passada pela linha feminina.


Alternativamente, primeiros de primeiro grau maternos também eram considerados. Os reis de Judá não adotavam essa medida como prática geral, mas consideram a linha feminina um meio de transferir realeza e outras posições hereditárias de influência (mesmo hoje, o judeu verdadeiro é aquele nascido de mãe judia). Davi obteve sua realeza, por exemplo, casando-se com Micol, filha do rei Saul. Muito tempo depois, Herodes, o Grande, ganhou seu status real desposando Mariane da casa real sacerdotal.


Assim como os homens que eram designados para várias posições patriarcais assumiam nomes que representavam seus ancestrais – como Isaac, Jacó e José – também as mulheres seguiam sua genealogia e escalão. Seus títulos nominais incluíam Raquel, Rebeca e Sara. As esposas das linhas masculinas de Zadoque e Davi tinham o posto de Elisheba (Elizabeth, ou Isabel) e Miriam (Maria), respectivamente. Por isso a mãe de João Batista é chamada de Isabel e a de Jesus, Maria, nos Evangelhos. Essas mulheres passaram pela cerimônia de seu Segundo Casamento só quando estavam com três meses de gravidez, quando a noiva deixava de ser uma almah e se tomava uma mãe designada.


Ou seja: Através destas passagens bíblicas, sabemos que, além de casada com Jesus, Maria Madalena teve filhos com ele.


Os Sete Demônios

“Expulsou sete demônios” é uma expressão simbólica esotérica e representa que Jesus e Maria Madalena realizaram os rituais sagrados de magia sexual (os sete demônios representam os sete chakras despertos nos rituais sexuais, como eu já havia explicado em colunas anteriores). Estas alegorias são descritas várias vezes na Bíblia, especialmente no Apocalipse, quando se fala de “Sete Igrejas” e “Sete Selos” que precisam ser “rompidos”. Isto nada mais é do que o ser humano desenvolvendo sua energia kundalini e explorando todo o seu potencial divino, aflorando e abrindo os sete chakras.


Maria Madalena foi a principal discípula de Jesus e sua grande companheira. Em lugar algum da Bíblia ela é referida como uma “prostituta” embora eu já tenha conversado com vocês a respeito de como a Igreja Católica (e evangélica) trata as sacerdotisas das outras religiões.


A primeira citação oficial da Igreja a respeito da “prostituta Maria Madalena” foi feita pelo papa Gregório I em 591 d.C., para coibir o culto a Maria Madalena (Notre Damme) no Sul da França (falarei sobre o herege “Culto à Virgem Negra” mais tarde).


Maria Madalena é a figura feminina mais sagrada para os Templários e todas as catedrais chamadas de “Notre Damme” na França construídas pelos Templários foram dedicadas a ela (inclusive a Notre Damme de Paris, que mereceria um artigo só para ela de tanto simbolismo oculto que possui).


Santa Maria Madalena, a prostituta arrependida, foi canonizada em 886 e transformada em Santa pela Igreja Ortodoxa, que dizia que suas relíquias estavam em Constantinopla. De acordo com a versão oficial, Madalena e Maria (mãe de Jesus) foram até o Éfeso onde passaram o restante de suas vidas e seus ossos foram levados para Constantinopla após sua morte… Mas a inconveniente tradição francesa insistia que Maria Madalena, sua filha Sara (Santa Sara Kali), Lázaro e outros companheiros aportaram em Marseille, vindos do Egito, e se juntaram aos nobres que ali viviam, continuando uma dinastia de reis-pescadores que mais tarde daria origem aos Merovíngios.

Comentários Rosacruzes sobre o Batismo de Jesus


Evangelho Segundo Marcos 9-11 : O Batismo de Jesus – o Véu de Nephesch

O batismo, a purificação da matéria, nos revela um novo cenário, uma nova perspectiva da vida. Ao mesmo tempo em que o batismo é um início, ele também é um término, é a morte do nosso antigo eu. Aquele “eu” que veio da matéria, percebeu a existência para além da própria matéria e aceitou de bom grado a sua morte, pois sabia que existia um recomeço. E, ao recomeçar para além do Véu de Nephesch, demonstra o seu luto para quem foi, pois, apesar da sua aparente inferioridade, foi o responsável pelo nascimento deste novo ramo, deste novo “eu”.


Assim, entendemos que todo nascimento é, também, uma morte. A morte do antigo, que não deve ser esquecida, mas que também não deve ser revivida. A lembrança proveniente deste luto, é a fixação, em nossa mente, de maneira indelével do caminho que trilhamos. Não há tristeza pelo que foi, mas a felicidade pelo o que se é, pois o Filho é o herdeiro que deve continuar a obra do Pai.


(9) Aconteceu, naqueles dias, que Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão.


Diferentemente do Evangelho segundo Mateus, que diz de maneira geral que Jesus estava vindo da região da Galileia[1]; e de Lucas, que não faz menção a isso; encontramos uma localização geográfica específica neste versículo indicando de onde Jesus estava vindo para ser batizado por João, de Nazaré na Galileia.


A região da Galileia fica ao norte das terras do Reino de Israel e, mesmo na época da formação do Reino, a região continuou contando com a presença de outras nações (goyim –  גוײם)[2] e o próprio Salomão doou 20 (vinte) cidades a Hiram, de Tiro[3]. Posteriormente, a região ainda foi conquistada pelos Assírios[4]. E, com a conquista Romana, muitos judeus voltaram à região. Contudo, a Galileia aqui representa uma região de muitas nações e as terras do norte.


Jeremias 1 : 14


“E Yahweh me disse: Do Norte derramar-se-á a desgraça sobre todos os habitantes da terra”.


Jeremias 1 : 16-17


“Pronunciarei contra eles os meus julgamentos, por toda a sua maldade: porque eles me abandonaram, queimaram incenso a deuses estrangeiros e prostraram-se diante da obra de suas mãos. Mas tu cingirás tua cintura, levantar-te-ás e lhes dirás tudo o que eu te ordenar. Não tenhas medo deles, para que eu não te faça ter medo deles.”


As passagens do Livro de Jeremias nos apontam a referência simbólica do norte, local de muitas nações e de adoradores de deuses que não são Yahweh. Eles são muitos e levam suas vidas afastadas dos mandamentos de Yahweh, por isso, representam a vida na matéria[5], identificada com a poeira que recobre a superfície do Abismo. Uma vida controlada por Nephesch (נפש). Sabedor disso, Yahweh ordena que o profeta Jeremias circunde o seu ventre, tanto simbolizando a sua aliança com Yahweh, quanto fazendo com que os desígnios baixos sejam comprimidos e não consigam dominar o ventre, região representada pela letra [mãe] Mem (מ). Também nos cabe destacar que a presença da letra Mem iniciando e terminando a palavra hebraica Maim (מים), que significa água[6].


Desta forma, a região da Galileia representa o local de nossos eus inferiores, de comportamento animalizado, contrários ao cumprimento dos mandamentos, de identificação com a matéria bruta. Porém, nesta região, existe uma pequena cidade, Nazaré, de onde o versículo aponta como sendo de onde Jesus vinha para o batismo.


Ao observarmos o nome da cidade em hebraico, encontramos a raiz netser (נצר)[7] que significa “broto”, “renovo”[8]. Ou seja, a cidade de Nazaré simboliza, dentro da região da Galileia, o local do surgimento de algo novo, algo diferente do que é a normalidade na conduta da região. Este local simbólico é o “broto”, o “novo ramo” indicado pelo profeta Isaías, de onde o Ungido surgirá:


Isaías 11 : 1


“Um ramo sairá do tronco de Jessé[9], um rebento brotará de suas raízes. Sobre ele repousará o espírito de Yahweh, espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Yahweh: no temor de Yahweh estará a sua inspiração. Ele não julgará segundo a aparência. Ele não dará sentença apenas por ouvir dizer. Antes, julgará os fracos com justiça, com equidade pronunciará sentença em favor dos pobres da terra. Ele ferirá a terra com o bastão da sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. A justiça será o cinto dos seus lombos e a fidelidade, o cinto de sua cintura[10].


Ou seja, da experiência na matéria, surgirá aquele que possui a compreensão do que é o Bem[11] e, por isso, realizará a obra de Yahweh. Este ensinamento também é encontrado em uma das cartas de Paulo:


Gálatas 4 : 1-5


“Ora, eu digo: enquanto o herdeiro é menor, embora dono de tudo, em nada difere de escravo. Ele fica debaixo de tutores e curadores até a data estabelecida pelo pai. Assim também nós quando éramos menores estávamos reduzidos à condição de escravos, debaixo dos elementos do mundo. Quando, porém, chegou à plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial.”


Compreendendo os aspectos simbólicos contidos no versículo, ratificamos entendimentos já apresentados em outros versículos no sentido de que Jesus ainda não era o Cristo até a época do batismo. Mas, uma partícula da criação que estava passando pelo seu processo de depuração no mundo material, pois, segundo o próprio texto evangélico, foi em Nazaré, na Galileia, que Jesus passou boa parte da sua jornada inicial.


Lucas 2 : 39-40


“Terminando de fazer tudo conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. E o menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.”


Lucas 4 : 16


“Ele foi a Nazara, onde fora criado, e, segundo seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para fazer a leitura.”


Desta forma, entendemos que, após período experimentando as questões associadas à matéria, um “renovo” surge em nós e nos conduz até a o “Véu de Nephesch“, guardado por João Batista, para que possamos atravessar o véu e descortinarmos a existência material, encontrando o que está oculto para olhos que não estão habituados a ver o que é real.


Jeremias 5 : 21


“Ouvi isto, povo insensato e sem coração[12]! Eles têm olhos mas não veem, têm ouvidos mas não ouvem.”


Assim, realizada a sua jornada em Nephesch, Jesus é submetido ao processo de batismo e se coloca apto a compreender que, para além de Nephesch, existe algo, Ruach.


(10) E, logo ao subir da água, ele viu os céus se rasgando e o Espírito, como uma pomba, descer até ele,


Enquanto no versículo anterior apenas temos a indicação de que Jesus foi submetido ao processo de purificação, por intermédio do batismo, no versículo em análise, apenas encontramos os eventos decorrentes do término do processo de batismo.


Essa ausência de informações não indica que o processo não seja conhecido, apenas denota que, para a finalidade do Evangelho segundo Marcos, esse momento pode ser ignorado, pois ele visa apresentar o Evangelho de Cristo. Em outras palavras, o processo de batismo é anterior ao período das ações de Cristo e, por isso, apenas é mencionado, brevemente, como indicativo da sua ocorrência, afastando a ideia de que Jesus nasceu pronto para manifestar o Cristo.


Finalizada a fase do batismo, o versículo nos apresenta simbolicamente o seu fenômeno. Ultrapassado o Véu de Nephesch, adentramos em um novo mundo. Deixando as águas [Mem (מ)], o mundo associado ao elemento ar [Aleph (א)] se revela, os Céus[13].


E, apesar de essa purificação ser um fenômeno que deve ser buscado, ela carrega em si uma morte. A morte do antigo, para que dê lugar ao novo. Quando o céu se rasga, entendemos isso, pois ele, para receber aquele que passou pelo Véu, coloca-se em luto.


No luto judaico, no momento no qual se tem conhecimento do falecimento de um parente próximo[14], há tradição da keriá, de se rasgar suas vestes no sentido vertical, do colarinho até a região do coração.


Gênesis 37 : 33-34


“Ele olhou e disse: ‘É a túnica de meu filho! Um animal feroz o devorou. José foi despedaçado!’ Jacó rasgou suas vestes, cingiu sua cintura com o pano de saco e fez luto por seu filho durante muito tempo.”


Na transcrita passagem, além de se verificar a prática da keriá, percebemos que Jacó (Israel) entra em estado de luto pela [aparente] morte de José. “Israel amava mais a José do que a todos os seus outros filhos, porque ele era o filho de sua velhice, e mandou fazer-lhe uma túnica adornada[15]” (Gênesis 37:3). O mesmo ato é praticado por Davi, quando toma conhecimento da morte de Saul (2 Samuel 1:11), e por Jó, quando sabe da morte de seus filhos (Jó 1:20). Inclusive, pelo fato de Jó ter realizado a keriá em pé, é que a sua prática deve ser realizada na mesma posição, o que nos remete ao processo de saída das águas. A keriá indica a morte do antigo Jesus e o seu renascimento como um novo Jesus, purificado das coisas da matéria.


Em função deste processo de morte e renascimento, o Espírito se manifesta. Apesar de, costumeiramente, ser traduzida como Espírito, a palavra utilizada no versículo é Pneuma, em grego, numa referência a palavra hebraica Ruach ou Ruah (רוח). Esta palavra está associada a uma série de atributos capazes de colocar a manifestação em movimento, ou seja, é o poder pelo qual Yahweh age.


Gênesis 6 : 3


“Yahweh disse: ‘meu Espírito[16] [Ruach] não permanecerá no homem, pois ele é carne; não viverá mais que cento e vinte anos”.


A transcrita passagem nos mostra que o próprio Espírito (Ruach) é limitado no tempo, pois, simbolicamente, dura 3 (três) ciclos de 40 (quarenta) anos, o que equivale ao período de 120 (cento e vinte) anos[17]. Importante destacar que o número 3 (três) é representado pela letra Gimel (ג), que carrega em si o significado de ser as portas do paraíso. Enquanto o número 40 (quarenta) é representado pela letra Mem (מ), que significa a Água e os seus caminhos, transparecendo a ideia de maturação. Assim, existem 3 (três) períodos de maturação e, após cada um deles, um portal (um véu) é atravessado e um novo mundo se revela. No final destes 3 (três) ciclos, há o Véu do Abismo para o Atziluth (Mundo Arquetípico), local para onde o Ruach (Espírito) não vai[18], posto que ele é uma expressão de Yahweh para se manifestar a partir do segundo mundo (Briah)[19].


Com o batismo, Jesus atravessou o primeiro véu. Por isso, Ruach (Espírito), simbolicamente, manifesta-se como uma pomba[20] visando conferir se as “águas” haviam secado em Jesus.


Gênesis 8:8-12


“[Noé] Soltou então a pomba que estava com ele, para ver se tinham diminuído as águas da superfície do solo. A pomba, não encontrando um lugar onde pousar as patas, voltou para ele na arca, porque havia água sobre a superfície da terra; ele estendeu a mão, pegou-a e a fez entrar para junto dele na arca. Ele esperou ainda outros sete dias e soltou de novo a pomba fora da arca. A pomba voltou para ele ao entardecer, e eis que ela trazia, no bico, um ramo novo de oliveira! Assim, Noé ficou sabendo que as águas tinham escoado da superfície da terra. Ele esperou ainda outros sete dias e soltou a pomba que não mais voltou para ele.”


A pomba, a presença de Ruach, desce até Jesus simbolizando que ele se encontra seco, livre das águas (מ).


(11) e uma voz veio dos céus: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”.


Uma vez que foi constatado que Jesus se encontrava sem águas, pois conseguiu ultrapassar o primeiro véu, Yahweh reconhece nele a sua filiação, isto é, aquele que é digno de ser o herdeiro de sua obra e, consequentemente, aquele que deve continuá-la.


Gálatas 4 : 1-5


“Ora, eu digo: enquanto o herdeiro é menor, embora dono de tudo, em nada difere de escravo. Ele fica debaixo de tutores e curadores até a data estabelecida pelo pai. Assim também nós quando éramos menores estávamos reduzidos à condição de escravos, debaixo dos elementos do mundo. Quando, porém, chegou à plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial.”


Após reconhecer a potencialidade da adoção filial em Jesus, Yahweh indica mais um ato: “em ti me comprazo”.


A expressão comprazo, além de indicar satisfação, numa alusão ao Gênesis, no qual Yahweh experimentava a criação e via que era Boa, também significa a ação de ser condescendente e indulgente. Ou seja, Yahweh vê que Jesus está pronto para ser julgado e, consequentemente, habilitado a ter o seu trabalho apreciado.


Isaías 42:1


“Eis o meu servo que eu sustento, o meu eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu Espírito, ele trará o direito às nações.”


Neste ponto, há um forte indicativo de que Jesus está apto a se tornar o eleito de Yahweh[21], mas, para isso, deverá ser posto à prova, testado.


 


Notas


[1] Mateus 3:13 “Nesse tempo, veio Jesus da Galileia ao Jordão até João, a fim de ser batizado por ele”.


[2] Juízes 1:30-33 e Juízes 4:2.


[3] 1 Reis 9:11.


[4] 2 Reis 15:29.


[5] Marcos 5 : 9 : “E perguntou-lhe: ‘Qual é o teu nome?’ Respondeu: ‘Legião é meu nome, porque somos muitos’.”


[6] Enquanto a letra Mem (מ) transmite o simbolismo da água e os seus caminhos, a letra Yod (י), no centro da palavra, indica a “centelha divina”, que anima e dá forma à água. O valor numérico da palavra Maim é de 90 (noventa), que equivale ao valor da letra Tzaddi (צ), que significa “anzol”, algo que te fisga para cima e, por isso, é associada a ideia de ascensão ao plano superior. Ou seja, na água existe algo que pode te fisgar para um plano superior.


[7] Fazendo uso da guematria, percebemos com que cerne da palavra, composta pelas letras Num (נ) e Tsadi (צ), nos dá a informação de que algo atingiu uma meta, um desabrochar (desta ideia surge o atributo divino Netzach – נצח – costumeiramente traduzido como vitória), enquanto o Tsadi central transparece a ideia de uma capacidade, que está oculta e é vinculada à luz, capaz de direcionar a matéria em direção a um objetivo.


[8] A mesma raiz também é a base para a palavra Netzach (נצח), vitória, um dos atributos divinos.


[9] Jessé é o pai de Davi e representa a décima terceira geração desde Abraão (Mateus 1:1-6). Realizando a redução guemátrica (1 + 3 = 4), encontramos, dentre outras coisas, que Jessé é representado pela letra Dalet (ד), que é a chave para o portal. Enquanto Davi é representado pela letra He (ה), que é a passagem pelo portal.


[10] Mais uma vez encontramos a referência ao cinto na cintura como simbolismo da fidelidade aos desígnios de Yahweh.


[11] Importante destacar que, durante o processo criativo (cosmogenia) realizado por ELOHIM no Gênesis, este fenômeno da experimentação e compreensão ocorre rotineiramente. Ele sempre age e, depois, “vê que era bom”, ou seja, apenas por intermédio da experimentação, da ação, é que se pode constatar o que é bom e o que não é.


[12] Importante destacarmos que, enquanto, atualmente, o coração é a sede simbólica das emoções, dentro da cultura judaica antiga, o coração é a sede do pensamento, onde se cria o raciocínio. Enquanto a emoção está ligada à alma (Nephesch).


[13] Apesar de o versículo em análise não ter sido escrito em hebraico, é importante destacarmos que a expressão comumente traduzida como céus (השמים), em hebraico, significa tanto o firmamento celeste, quanto a ideia de um paraíso visível. Gênesis 1:1-8.


[14] Apesar de o luto ser um sentimento amplo e que podemos sentir pelas mais variadas pessoas e situações, dentro do judaísmo, existem obrigações litúrgicas decorrentes do falecimento de algumas pessoas, como no caso dos pais.


[15] A predileção de Jacó por José, como o próprio versículo indica, decorre do fato de que José é fruto da maturidade de Jacó. Não no sentido de idade cronológica, mas de maturidade espiritual. Ao longo da vida, Jacó teve vários frutos, todos de acordo com o estágio no qual se encontrava. Assim, quando José nasce, ele é o fruto de um momento de maior consciência por parte de Jacó.


[16] Em várias traduções para o português e para outros idiomas, encontramos a expressão “Sopro” no lugar de Espírito, para transmitir a ideia de algo que coloca a forma em movimento, o Aleph (א).


[17] 120 (cento e vinte) anos é a mesma idade simbólica alcançada por Moshé antes de sua morte.


[18] João 3:3 “Jesus lhe respondeu: ‘Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus”.


[19] Aqui cabe destacar que, dentro da Tradição, há o entendimento de que, para além do corpo material, o que costumeiramente se chama de alma humana tem 5 (cinco) níveis, que são, do mais “afastado para o mais próximo a Yahweh:


– Nephesch, que é a “alma animal”, associada à vida material, à vida no Quarto Mundo (Assiah);


– Ruach, que seria o vento, o Espírito, a “alma divina”, associada à vida no Terceiro (Yetzirah) e no Segundo Mundo (Briah), isto é, aos mundos entre o Véu de Nephesch e o Véu do Abismo;


– Neshamá, que literalmente é o “sopro divino”, é a Respiração, a “alma superior”;


– Chiah, que é a essência vivente; e


– Yechidah, a essência única, que é considerada, por alguns, como o ponto de contato entre a alma humana e a própria essência de Yahweh.


[20] Apesar de, atualmente, o pombo ser um animal associado à sujeira, o pombo e a pomba, assim como a rolinha, são aves que são Cashrut, posto que não se encontram na lista de aves que não podem ser consumidas na Torá (Levítico 11:13-19).


[21] Mateus 22:14 “Com efeito, muitos são chamados, mas poucos os escolhidos”. Esta passagem também nos remete ao simbolismo de João Batista, que se alimenta de gafanhotos e mel. Nossos eus inferiores são chamados, mas ao serem mastigados (ש), se tornam em um número menor e, consequentemente, se tornam aptos a serem eleitos.

Jacques Bergier - Melquisedeque

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