sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Irmandade dos Filósofos Desconhecidos


A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, inserida no Movimento Martinista e continuadora dos trabalhos da Ordem Martinista original, tais como estabelecidos por Papus e Chaboseau, é uma associação de natureza iniciática e iluminista – um centro superior de estudos herméticos. Naturalmente, como martinistas, a nossa escola perpetua uma corrente particular de misticismo cristão ou hermetismo cristão.


É depositária e perpetuadora de uma visão particular da Tradição de Mistérios do Ocidente, costumeiramente denominada Escola Francesa (mas a ela não limitada), cujas origens remontam ao Renascimento da Philosophia Occulta, impulsionado por Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant), e ao Roseiral dos Magos do Século XIX. Ela se organiza em completa consonância com a adaptação papusiana do Movimento Martinista, vale dizer, pela união íntima do sistema de Louis-Claude de Saint-Martin, no qual Iniciadores criam novos Iniciadores, desenvolvem a Ordem e amparam os novos Irmãos pela ação individual, ao sistema de Jean-Baptiste Willermoz, que preserva a regência de um centro constituído hierarquicamente.


A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, no processo de admissão dos candidatos que batem às suas portas, não faz qualquer distinção de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social e credo religioso. Não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma, quer materialista, quer religioso, deixa-os inteiramente livres em suas ações. Além disso, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos ignora a exclusão de membros pelo não pagamento de cotizações e não se ocupa nem de política, nem de religião, uma vez que seus estatutos proíbem terminantemente tais discussões.

No momento, contamos com grupos ativos nas cidades de:


São Paulo (SP)

Rio de Janeiro(RJ)

Porto Alegre (RS)

Curitiba (PR)

Florianópolis (SC)

Belo Horizonte (MG)

Cachoeira do Sul (RS)

Feira de Santana (BA)

Recife (PE)

Natal (RN)

Belém (PA)


Declaração de Princípios

A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, inserida no Movimento Martinista e continuadora dos trabalhos da Ordem Martinista original, tais como estabelecidos por Papus e Chaboseau, é uma associação de natureza iniciática e iluminista – um centro superior de estudos herméticos – voltada a ancorar, preservar e perpetuar as linhagens iniciáticas e os depósitos tradicionais confiados ao seu primeiro G::M:: e fundador. A seguinte declaração de princípios, por conseguinte, é o desdobramento e a expressão dos propósitos que o animaram a criar o grupo, em 2011, e ainda sustentam o seu trabalho na Senda da Iniciação, de sorte que todos os Iniciadores da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos devem a ela aderir sem reservas:


1) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, no processo de admissão dos candidatos que batem às suas portas, não faz qualquer distinção de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social e credo religioso.


2) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é depositária e perpetuadora de uma visão particular da Tradição de Mistérios do Ocidente, costumeiramente denominada Escola Francesa (mas a ela não limitada), cujas origens remontam ao Renascimento da Philosophia Occulta impulsionado por Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant) e ao Roseiral dos Magos do Século XIX. Ela se organiza em completa consonância com a adaptação papusiana do Movimento Martinista, vale dizer, pela união íntima do sistema de Louis-Claude de Saint-Martin, no qual Iniciadores criam novos Iniciadores, desenvolvem a Ordem e amparam os novos Irmãos pela ação individual, ao sistema de Jean-Baptiste Willermoz, que preserva a regência de um centro constituído hierarquicamente


3) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos visa à esmerada e rigorosa formação cultural de seus membros, a fim de lhes permitir transitar livremente pelas mais altas indagações de natureza filosófica e esotérica. Em seu aspecto de academia Iluminista, encontra sua origem em um plano supra-humano e esforça-se por desenvolver a espiritualidade de seus membros pelo estudo do Mundo Invisível e de suas Leis, pelo exercício do devotamento místico e da assistência intelectual, bem como pela criação, em cada espírito, de uma fé cada vez mais sólida, baseada na atitude observativa e empírica e na ciência. Espera-se, assim, que seus membros sempre tenham em mente as altas expectativas neles depositadas por seus professores e, sobretudo, pelo Iniciador, bem como levem tal propósito em consideração ao formular convite de ingresso a novos candidatos, lembrando-se, nessa oportunidade, que se a Iniciação esparge suas luzes para todos, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos aspira à formação de uma elite no seio do esoterismo tradicional.


4) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é, a um só tempo, contemplativa e operativa, mística e mágica. Seu curriculum é estruturado no trivium hermeticum – alquimia, astrologia e teurgia -, secundado por ciências tais como filosofia, psicologia, mitologia, religiões comparadas, cabala, angelologia, magia, adivinhação, psicurgia, magnetismo e outros grandes temas das Tradições Esotéricas do Oriente e do Ocidente. Conforme preconizado por seus fundadores, tal é o caráter da Ordem Martinista, muito embora se compreenda ser impossível encontrá-lo integramente em cada um dos membros da Ordem, pois cada Iniciado representa uma adaptação particular dos seus objetivos gerais.


5) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos veicula uma proposta clássica, uma orientação tradicionalista e, como meta última, a Santa Gnose, velada e revelada no Arcanum Secundum do Liber T.


6) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, reconhecendo nos membros da Fraternidade dos Irmãos Iluminados da Rosa-Cruz a fonte conhecida das sociedades que conservam a Iniciação Hermética, encontra-se submetida ao espírito das regras descritas na Fama fraternitatis Rosae Crucis, cuja leitura e estudo são obrigatórios aos membros, e, em conformidade com o espírito do primeiro Supremo Conselho da Ordem Martinista, perpetua a tradição Rosa-Cruz em seu círculo mais íntimo. Nada obstante, considera a Tradição por ela perpetuada completa em si mesma, de sorte a manter-se vinculada por laços de irmandade às demais Tradições conhecidas por seus membros.


7) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é permeada misticamente pelo espírito da Cavalaria clássica e imorredoura, perpetuada no coração dos Mistérios do Ocidente.


8) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos declara que, para todos os fins, IHShVH (יהשוה) é compreendido como o Mistério Inefável da Encarnação do Verbo. A sua associação a qualquer personalidade histórica é matéria de foro íntimo, vez que a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos define-se não propriamente como uma associação cristã, mas, sobretudo, como crestã (do grego, Chrestos). Não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma, quer materialista, quer religioso, deixa-lhes inteiramente livres em suas ações. Dentro do espírito papusiano, a Ordem Martinista deve ignorar a exclusão de membros pelo não pagamento de cotizações e não se ocupa, nem de política, nem de religião, uma vez que seus estatutos proíbem terminantemente essas atividades.


Formação iniciática

A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos visa à esmerada e rigorosa formação cultural de seus membros, a fim de lhes permitir transitar livremente pelas mais altas indagações de natureza filosófica e esotérica. Em seu aspecto de academia Iluminista, encontra sua origem em um plano supra-humano e esforça-se por desenvolver a espiritualidade de seus membros pelo estudo do Mundo Invisível e de suas Leis, pelo exercício do devotamento místico e da assistência intelectual, bem como pela criação, em cada espírito, de uma fé cada vez mais sólida, baseada na atitude observativa e empírica, bem como na ciência. Espera-se, assim, que seus membros sempre tenham em mente as altas expectativas neles depositadas por seus professores e, sobretudo, pelo seu Iniciador, bem como levem tal propósito em consideração ao formular convite de ingresso a novos candidatos, lembrando, nessa oportunidade, que se a Iniciação esparge suas luzes para todos, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos aspira à formação de uma elite no seio do esoterismo tradicional.


A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, a um só tempo, contemplativa e operativa, mística e mágica. Seu curriculum é estruturado no trivium hermeticum – alquimia, astrologia e teurgia -, secundado por ciências tais como filosofia, psicologia, mitologia, religiões comparadas, cabala, angelologia, magia natural, adivinhação, psicurgia, magnetismo e outros grandes temas das Tradições Esotéricas do Oriente e do Ocidente. Conforme preconizado por seus fundadores, tal é o caráter da Ordem Martinista, muito embora se compreenda a impossibilidade de encontrá-lo integramente em cada um dos membros da Ordem, pois cada Iniciado representa uma adaptação particular dos seus objetivos gerais.


Mas, qual é a base de nosso processo iniciático? Um ritual de nossa Ordem assim explica:


“Encerra a filosofia de nosso Venerável Mestre, baseada especialmente nas teorias dos Egípcios, sintetizadas por Pitágoras e sua Escola. Contém, em seu simbolismo, a Chave que abre o mundo dos Espíritos e que não está cerrado; segredo inefável, incomunicável e unicamente compreensível ao verdadeiro Adepto. Este trabalho não profana a santidade do Véu de Ísis por imprudentes revelações. Aquele que é digno e está versado na História do Hermetismo, em suas doutrinas e em seus ritos, em suas cerimônias e hieróglifos, poderá penetrar na secreta, porém real, significação do pequeno número de símbolos oferecidos à meditação do Homem de Desejo.”


Também é válido citar um curto excerto da obra de Valentim Tomberg, o qual descreve brevemente como se dá o processo iniciático dentro da Filosofia Hermética:


“O Iniciado sabe como atingir o saber, isto é, sabe pedir, procurar a resposta e por em ação os meios apropriados para chegar a ela. Assim, a Filosofia Hermética não ensina o que é necessário crer a respeito de Deus, do homem e da natureza, mas ensina como pedir, buscar e bater para se chegar à experiência mística, às luzes gnósticas e ao efeito mágico daquilo que se procura saber sobre Deus, o homem e a natureza. A Filosofia Hermética não é composta da Cabala, da Astrologia, da Magia e da Alquimia. Esses quatro ramos nasceram do tronco e vivem dele, mas não o constituem. O tronco é a unidade manifestada da Mística, da Gnose e da Magia Sagrada. Sobre ele não existem teorias, mas experiências, inclusive a experiência intelectual dos arcanos e dos símbolos. A experiência mística é a sua raiz, a experiência gnóstica da revelação a sua seiva e a experiência prática da Magia Sagrada a sua madeira. Por isso o seu ensinamento – ou o ‘corpo’ da tradição – consiste em exercícios espirituais e todos os seus arcanos são exercícios espirituais práticos cujo fim é despertar camadas cada vez mais profundas da consciência. As ciências ocultas são, pois, derivadas da Filosofia Hermética pela via da intelectualização. Por isso não se deveria considerar os símbolos como expressões alegóricas das teorias ou dos conceitos dessas ciências. Porque a verdade é o contrário: as doutrinas das ciências ocultas é que são derivadas dos símbolos e devem ser consideradas como expressões intelectualmente ‘alegóricas’ dos símbolos do Esoterismo Hermético.”


Em suma, somos uma escola de Alto Hermetismo que prefere a qualidade à quantidade. A Iniciação é o resultado de um ensinamento dependente de um desenvolvimento que parte de uma formação pessoal muito peculiar. Ela é gradual e dá-se conforme as capacidades e possibilidades daquele que pretende seguir as etapas do seu treinamento antes de chegar aos Graus Superiores. Este é o sentimento que podemos extrair de parte do célebre discurso pronunciado por Stanislas de Guaita e que encontramos no seu clássico “No Umbral do Mistério”:


“Fizemos-te iniciar: o papel dos iniciadores deve limitar-se aqui. Se chegares por ti mesmo à inteligência dos Arcanos merecerás o título de Adepto; mas, vê bem; seria em vão que os mais sábios Mestres quisessem revelar-te as supremas fórmulas da Ciência e do Poder mágico. A Verdade Oculta não poderá ser transmitida em um discurso: cada um deve evocá-la, criá-la e desenvolvê-la em si. És Iniciado: aquele que outros colocaram no caminho; esforça-te em chegar a Adepto, aquele que conquista a Ciência por si mesmo; em uma palavra: o Filho de suas obras.”


O discurso de Stanislas de Guaita, cuja extensão impossibilita a sua transcrição integral, merece estudo e reflexão. Nele, é desenvolvida a seguinte doutrina: a Iniciação é, certamente, o resultado de um ensinamento, porém há em seu transcurso um intenso trabalho de formação pessoal. Sem dedicação, empenho e muita disciplina, nenhum progresso é possível. São pilares em que se alicerçam todo e qualquer resultado efetivo no campo do ocultismo prático e, a respeito deles, não há ponderações mais esclarecedoras do que aquelas de Israel Regardie:


“Ao longo dos anos, tenho sido indagado sempre e sempre sobre quais são as mais importantes qualidades que um estudante deve possuir ao aproximar-se da Grande Obra. Além de uma inteligência normal e de estabilidade emocional, eu considero duas outras qualidades como essenciais ao sucesso. Elas são mais bem sintetizadas na seguinte citação.


NADA NO MUNDO PODE SUBSTITUIR-SE À PERSISTÊNCIA.

O TALENTO NÃO PODE; NADA É MAIS COMUM DO QUE HOMENS MAL SUCEDIDOS COM TALENTO.

O GÊNIO NÃO PODE; O GÊNIO NÃO RECONHECIDO É QUASE UM PROVÉRBIO.

A EDUCAÇÃO NÃO PODE; O MUNDO É CHEIO DE INSTRUÍDOS FRACASSADOS.

PERSISTÊNCIA E DETERMINAÇÃO, POR SI SÓS, SÃO ONIPOTENTES.


O martinismo


O que vem a ser, propriamente, o Martinismo?


De um modo muito sintético e despretensioso, podemos definir a Ordem Martinista, também conhecida como “Sociedade dos Filósofos Desconhecidos”, como um corpo iniciático de cunho hermético fundado no final do século XIX, em Paris, pelo médico Gerard Encausse, mais conhecido no meio ocultista por Papus.


Detentor de uma linhagem iniciática que remontava aos círculos místicos criados pelo Marquês Louis-Claude de Saint-Martin, grande teósofo e místico do século XVIII, e associado a Pierre Augustin Chaboseau, possuidor do mesmo legado tradicional, mas por outra via sucessória, Papus fundou uma ordem que, a par de estudar a doutrina e carregar o legado iniciático de Louis-Claude de Saint-Martin, também conhecido como o Filósofo Desconhecido, representou um papel único e fundamental no renascimento ocultista europeu, mais particularmente francês, que já fora iniciado, alguns anos antes, por Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant).


Em poucos anos, dezenas de lojas martinistas espalharam-se pela Europa e pelas Américas, difundindo o trivium hermeticum até hoje componente do curriculum martinista: a astrologia, a alquimia e a teurgia. Isso, sem falar nos estudos tradicionais de religiões comparadas, mitologia clássica, cabala, numerologia, angelologia e outras tantas frentes das assim chamadas ciências ocultas.


Mas qual seria a origem do legado místico de Louis-Claude de Saint-Martin?


Acreditamos ser bastante informar, nesta apresentação meramente introdutória, que o sistema iniciático do Filósofo Desconhecido conta com duas fontes distintas: as operações teúrgicas, vale dizer, de Alta Magia cerimonial, preconizadas pelo seu mestre, Dom Martinez de Pasqually, criador do corpo maçônico conhecido como “Ordem dos Cavaleiros Elus-Cohen do Universo”, e a refinada doutrina mística do teósofo alemão Jacob Boehme, chamado de “Príncipe dos Filósofos Divinos”. Melhor explicando, descontente com as complicadíssimas operações teúrgicas ensinadas por seu mestre, Saint-Martin optou por uma via mística de caráter interno, conhecida por Via Cardíaca, fortemente influenciada pela obra de Boehme.


Outro dos alunos de Pasqually, o comerciante e maçom Jean-Baptiste Willermoz, após o falecimento de seu mestre, optou por organizar as doutrinas do martinezismo no seio da maçonaria regular, dando origem ao Rito Escocês Retificado.


Em sendo assim, podemos dizer, sem receio de erro, que a “Sociedade dos Filósofos Desconhecidos” ou “Ordem Martinista de Papus”, além de se traduzir numa escola autêntica e tradicional da Via Cardíaca, conta com elementos da Via Operativa de Pasqually, encontrando-se estruturada em rituais profundamente simbólicos inspirados em Willermoz, muito embora não seja um rito maçônico e nem pretenda sê-lo.


A filiação à Ordem Martinista é buscada, sobretudo, pela instrução que leva bastante longe o estudante sincero e que compreende o estudo aprofundado das ciências simbólicas e herméticas.


A Ordem Martinista compreende três graus: Associado, Iniciado e Superior Desconhecido (S.I.), conferidos de acordo com rituais que procuram dar a quem os recebe uma ajuda poderosa.


O Martinismo é uma cavalaria, ou por outra, é uma tendência ou corrente cavalheiresca que persegue o aperfeiçoamento individual e coletivo. É necessário, portanto, que o Martinismo, em todas as terras, esteja formado por servidores dedicados e sucessores dos verdadeiros Mestres dessa corrente iniciática, os Superiores Desconhecidos, elos inquebrantáveis da nossa cadeia iniciática.


Bê-a-Bá Martinista

Bê-á-bá Martinista: não entre sem ler!


O Martinismo é uma escola iniciática de misticismo cristão.


Essa definição é clássica, conhecida, mas vem sendo esquecida, dados os vários mal-entendidos que temos notados junto a alguns que manifestam o desejo de se unir a nós.


Assim, preparamos um esclarecimento a esse respeito, em forma de perguntas e respostas, a fim de clarificar em que consiste a nossa escola tradicional.


1) O Martinismo é cristão?

Sim, porque cristãos são os ensinamentos dos principais mestres da nossa corrente iniciática: Martinez de Pasqually, Jean-Baptiste Willermoz e Louis-Claude de Saint-Martin.


2) Eu preciso ser cristão para ser martinista?

Não. Aliás, há martinistas pertencentes a várias denominações religiosas e mesmo há aqueles que não pertencem a nenhuma delas.


3) Eu preciso gostar do cristianismo para ser martinista?

Não necessariamente, mas você deve saber que terá de estudar vários temas ligados ao cristianismo. O que não é permitido entre nós é ter ódio ou ressentimento pelo cristianismo ou por qualquer religião. Os Iniciados martinistas compreendem perfeitamente a profundidade desse ponto que proíbe a intolerância entre nós.


4) A filosofia do Martinismo é a mesma filosofia de alguma igreja ou denominação cristã?

Não. Aliás, o cristianismo não é uma filosofia religiosa necessariamente ligada a essa ou àquela igreja. Cristianismo não é sinônimo de catolicismo, de protestantismo ou de neopentecostalismo.


5) Mas no site de vocês não há seções para duas igrejas: ECASI e EGAL?

Sim, são igrejas irmanadas à nossa ordem, com as quais temos as melhores relações. Mas o Martinismo não se confunde com elas, nem é preciso fazer parte delas só porque se é martinista.


6) Posso ser ligado formalmente a alguma associação, instituição, ordem, fraternidade ou igreja que se coloque frontalmente contra o cristianismo?

Não. Se somos contra qualquer tipo de intolerância e sectarismo, somos igualmente contrários a quaisquer agrupamentos humanos que propaguem a intolerância e o sectarismo seja contra ao cristianismo, seja contra qualquer outra denominação religiosa.


+ In Cruce Salus +


O presente Positio Philosophorum tem como objetivo o posicionamento público da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos quanto aos seus princípios éticos inamovíveis e inderrogáveis.


“A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, no processo de admissão dos candidatos que batem às suas portas, não faz qualquer distinção de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social e credo religioso.” (Art.1º da Declaração de Princípios)


No que tange os temas apontados no parágrafo anterior, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos assume o Paradoxo da Tolerância, conforme enunciado pelo filósofo Karl Popper, como relevante bússola a apontar para os seus ideais. Isso porque não basta deixar de fazer tais distinções antifraternas e preconceituosas unicamente no momento do processo de afiliação. Entendemos ser necessário manter atenta vigilância para que tais distinções separatistas não existam no seio da Ordem e, por consequência lógica, não entendemos que seja possível alguém estar verdadeiramente afinado com os propósitos gerais da Ordem caso trate a outrem com distinção em razão de seu sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social ou credo religioso. Sempre que nos deparamos com tal situação no nosso meio, o membro é advertido, recordado do compromisso assumido no momento da sua afiliação e, caso prossiga nessa linha de conduta, é convidado a se retirar.


O mencionado paradoxo busca responder ao seguinte questionamento: uma sociedade tolerante deve tolerar a intolerância?  A resposta é NÃO. Trata-se, realmente, de um paradoxo, mas a tolerância ilimitada pode levar ao desaparecimento da própria tolerância. Quando a tolerância é estendida aos intolerantes, os tolerantes acabam sendo destruídos e a tolerância segue essa mesma sina, juntamente com eles. Esse processo é muito bem ilustrado na emersão de projetos políticos e sociais, quaisquer que sejam, alicerçados em discursos de ódio contra minorias identitárias. Desse modo, Popper conclui que todo movimento que pregue a intolerância e a perseguição deve ser considerado ilegal. Por mais paradoxal que seja, defender a tolerância exige não tolerar o intolerante.


O Caminho Martinista é uma senda formada por sínteses: Caminhos Místico e Operativo, Esoterismos do Ocidente e do Oriente, Vias Seca e Úmida, Peregrinação Solitária e Cavalaria do Altruísmo, Coração e Intelecto, Matéria e Espírito, Trabalho e Oração. Consoante os ensinamentos transmitidos pelos símbolos que nos são revelados na Iniciação, reconhecemos uma Unidade Maior subjacente à multiplicidade aparente e o olhar do martinista é desde o início orientado para ela, para o Centro que, no homem, encontra no coração a sua maior representação. O martinista, nesse contexto, é um Buscador dessa Verdade e, ao mesmo tempo, um Cavaleiro do Altruísmo, dedicado ao “combate ao mal oriundo da insensatez e da ignorância” e à defesa de quem está sendo oprimido ou precisando de auxílio.


Em tempos como os atuais, ressoamos com as palavras de Paulo Freire: “nós somos divergentes, mas nós temos um campo antagônico a enfrentar”. No contexto da Tradição da Ordem Martinista, tais ideias e palavras poderiam ser traduzidas do seguinte modo: em nosso seio, há espaço para a divergência, seja ela política, religiosa etc. No nosso seio, há espaço para a multiplicidade das singularidades humanas, afinal, é a partir da multiplicidade que perceberemos a Luz da Unidade. Em nosso seio, contudo, NÃO há e NÃO deve haver espaço para aquilo que constrange a dignidade humana, apequena o ser humano, incentiva o ódio, a intolerância, a violência e o preconceito. Noutras palavras, NÃO há e NÃO deve haver espaço para aquilo que esfacela a multiplicidade. O campo antagônico à Unidade Maior e ao seu reconhecimento na multiplicidade é onde travamos o nosso “Bom Combate”. A Verdade emana de fontes diversas, não podendo haver qualquer forma de exclusivismo quanto à sua posse. O martinista não deve se inclinar ao moralismo ou a uma postura dogmatizante, mas deve permanecer sempre um humilde buscador da Verdade e, ao mesmo tempo, velar pela senda da Unidade.


O moralismo e a subversão dos ensinamentos de compaixão das grandes correntes religiosas entristecem o coração do iniciado que neles reconhece o perverso fruto da ignorância. Como compreender, por exemplo, o cristão que endossa a apologia à tortura e à violência? O caminho martinista, por sua vez, está alicerçado na prática cardíaca e interior, que define o sentido de toda uma expressão exterior na vida do iniciado. Trata-se de um compromisso ético-moral do iniciado de transpor os ditames teóricos e, com disciplina e afinco, levá-los à realização em prol da Reintegração de TODOS os Seres. Tal qual o voto do Bodhisatva no Budismo Mahayana, que não descansará enquanto toda a humanidade tenha atingido a liberação definitiva, um martinista deve se empenhar para que toda a humanidade se reintegre ao seu estado primitivo de glória.


Não é difícil compreender, portanto, o quão distante desse ideal se encontra a sanha por legitimar diversas violências, sejam elas dirigidas contra negros, homossexuais, mulheres, não-cristãos e até mesmo contra a natureza, o saber científico, a saúde e o patrimônio ecológico, pois produz danos irreversíveis à sociedade e a toda a realidade ao nosso entorno. Conforme a reflexão da historiadora Karen Armstrong, tais violências, cada vez mais presentes nas redes e nas mídias, encontram sua origem na defesa de um “deus pessoal” que, na verdade, é um reflexo míope e distorcido das crenças, desejos, preconceitos e temores de um grupo de seguidores. Nessa configuração, tal “divindade” representa os pensamentos e as projeções daquilo que seus criadores amam, acreditam e odeiam, movimentando-se o grupo pelas veredas de um discurso pernicioso que vê o diferente e a diversidade como inimigos a serem combatidos, derrotados e aniquilados. De igual forma, a distopia da “divindade” ameaça a vida e a própria civilidade ao chancelar a disseminação do discurso odioso na sociedade sob a justificativa de um “ordenamento divino” que validaria os mais diversos atos criminosos. O Caminho, conforme compreendido pela Tradição Martinista, definitivamente não é esse.


Frise-se que, neste Positio Philosophorum, não estamos defendendo ou criticando este ou aquele ideário partidário. Pouco nos importa que nossos membros se inclinem politicamente para a esquerda ou para a direita, para o socialismo ou para o liberalismo. Estamos a tratar dos princípios pétreos subjacentes à dignidade de todo e qualquer ser humano, os quais lamentavelmente vem sendo mais e mais esquecidos contemporaneamente, onde os matizes saturninos da Era de Aquário, ainda incipientes, vêm trazendo à tona doutrinas e ideias contrárias à dignidade e à fraternidade humana.


Noutro artigo da nossa Declaração de Princípios, lemos informações relevantes para este Positio Philosophorum:


“Não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma, quer materialista, quer religioso, deixa-lhes inteiramente livres em suas ações. Dentro do espírito papusiano, a Ordem Martinista deve ignorar a exclusão de membros pelo não pagamento de cotizações e não se ocupa, nem de política, nem de religião, uma vez que seus estatutos proíbem terminantemente essas atividades.” (Art.8º da Declaração de Princípios)


Ainda que não se ocupe de religião, nem tampouco de política, no sentido de sectarismo religioso e de partidarismo político, a Ordem Martinista perpetua uma Tradição e um modo de vida que engloba valores e princípios éticos que lhe são próprios. Eles estão presentes nos ritos iniciáticos, nas instruções, nos catecismos e nos muitos outros documentos que compõem o nosso depósito tradicional, dentre os quais destacamos a “Declaração de Princípios da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos”, o “Código da Cavalaria Iniciática” e o “Grande Juramento do Círculo dos Filósofos Desconhecidos”. Deles, os dois primeiros, a Declaração (Declaração de Princípios – IFD (filosofosdesconhecidos.com.br)) e o Código (A Guarda da Cavalaria Iniciática – IFD (filosofosdesconhecidos.com.br)) são públicos e estão inteiramente publicados neste domínio. Quanto ao “Código da Cavalaria Iniciática”, destaque-se que uma das Ordens a adotá-lo é justamente a Ordem Rosacruciana que repousa no seio da Ordem Martinista – a Ordem dos Irmãos Iluminados da Rosa+Cruz. O “Grande Juramento”, por sua vez, é uma síntese dos juramentos e compromissos assumidos por cada Irmão Martinista no transcurso dos Graus da Ordem e, para conservar o sigilo inerente a esse aspecto do Caminho da Iniciação, ainda que completamente consoante com o presente Positio Philosophorum, ele será mantido sob o manto.


Aliás, talvez nem todos saibam que, entre os fundadores da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, havia irmãos negros e não cristãos, que alguns dos principais dirigentes da Ordem são homossexuais e que dentre os cargos e ofícios mais elevados da nossa organização encontram-se muitas mulheres. Seria, assim, o cúmulo da contradição e mesmo da hipocrisia que não nos manifestássemos contra ideias que promovem o racismo, a intolerância religiosa, a homofobia e a misoginia.


Hannah Arendt, que foi chamada para assistir ao julgamento de Adolf Eichmann, um dos responsáveis pelos crimes humanitários e pelo genocídio cometido pelos nazistas, escreveu a respeito da Banalidade do Mal – o mal banal do indivíduo. No julgamento, Eichmann jamais se responsabilizou pelos crimes cometidos, mas se justificou com o argumento de que seguia ordens, o governo e as leis do Estado, de modo a acreditar em sua inocência. A conclusão de Arendt foi a de que o mal praticado por Eichmann não era um mal demoníaco, mas constante, que fazia parte do dia a dia dos oficiais nazistas como instrumento de trabalho. Nesse contexto, definiu-se que a banalidade do mal é um mal em si mesmo, cuja prática foi tornada comum (tal como aquele responsável pelo assassinato de Constant Chevillon, nosso Mestre do Passado, martirizado no transcurso da ocupação nazista na França). Arendt também afirmava que o uso do argumento de que Eichmann lançou mão para se justificar levaria à ascensão de regimes totalitários e à banalização da razão e da coerência do ser humano.


Em um momento como o atual, quando o mal novamente se banaliza de maneira generalizada pela sociedade, a direção da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos sente-se no dever de se posicionar a favor da coerência. Em consonância com o pensamento de Arendt, apostamos na liberdade de cada indivíduo quanto a tomar as suas próprias decisões e, como martinistas, velamos para que elas sejam alicerçadas na reflexão e na racionalidade que visa ao interesse comum e ao bem da coletividade. Desse modo, ainda que permaneçamos apartidários, opomo-nos e seguiremos nos opondo a qualquer manifestação política ou social que esteja a favor de um regime que oprima o ser humano em razão de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, condição social ou credo religioso. A ética, o respeito e a virtude devem orientar o caminho do iniciado e devemos sempre nos lembrar de extratos como os que seguem:


“Devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, encontrando, na Imitação de Cristo, uma importante chave para a elevação da alma.” (Art. 1º do Código da Cavalaria Iniciática)


“Devemos assumir responsabilidade por nossas ações, preservar a pureza de propósito em cada um de nossos atos, observar a prudência e nos conservar coerentes para com nossos votos e solenes compromissos.” (Art. 9º do Código da Cavalaria Iniciática)


“Devemos defender a liberdade, reconhecendo a fagulha divina presente em cada um dos seres, conservando a tolerância e a paciência, e promover a justiça para com os fracos e oprimidos.” (Art. 12º do Código da Cavalaria Iniciática)


“Devemos combater a ignorância e o mal que dela se origina, viabilizando o acesso ao conhecimento, incentivando o cultivo da sabedoria e fortalecendo o enfrentamento do obscurantismo, da alienação e da manipulação da mente fraca.” (Art. 14º do Código da Cavalaria Iniciática)


Sâr Appolonius, PR+C                                    Sâr Pelicanus, PR+C


        Grão-Mestre                                          Grão-Mestre Adjunto



Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos

Em 2011, Sâr Fabre d’Olivet (aka Sâr Apollonius), fundou a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos com o intuito declarado de criar o melhor material martinista teórico e prático que lhe fosse possível.


De 2011 a 2013, Sâr Fabre d’Olivet trabalhou sozinho nessa empreitada até que a Providência fez seus caminhos se cruzarem com os de Sâr Pelicanus, que à época já se preparava para trazer a British Martinist Order (BMO) para o Brasil.


E foi assim que ambos, desde então, uniram seus esforços na criação de material de estudo e de práticas para todos os três graus da Ordem Martinista, bem como rituais e operações teúrgicas a serem realizados em templos martinistas. Esse conjunto de escritos é o que se decidiu nomear de Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos (SIFD), o qual inicialmente foi usado na BMO e na IFD.


Ademais, mesmo depois do desligamento de Sâr Pelicanus e de Sâr Fabre d’Olivet da BMO, o Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos (SIFD) continuou a ser desenvolvido, crescendo em quantidade e qualidade. Hoje, estão autorizadas a usarem o Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos (SIFD) a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos (IFD), a Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada (OMR+CD) e outros grupos martinistas internacionais aos quais ambas essas organizações se encontram irmanadas.


Outras vias tradicionais

Àqueles verdadeiramente dedicados à Iniciação perpetuada pela Tradição Esotérica Ocidental, após anos de formação marcada pelo estudo teórico aprofundado de textos tradicionais e pela prática disciplina de exercícios espirituais, abrimos as portas a outras vias tais como o Rosacrucianismo, o Pitagorismo e outras fraternidades autênticas e tradicionais, cujos nomes não se costuma enunciar ao grande público.


A via cavalheiresca

Os nobres cavaleiros, utilizando as suas belas armaduras e portando as suas espadas, tornaram-se figuras célebres em diversas histórias e mesmo em contos épicos medievais. Até hoje, cada um tem a sua imagem do que seria a Cavalaria na Idade Média. Era de se esperar, assim, que os grandes místicos e esoteristas do passado também incorporassem essa imagem à Tradição Esotérica Ocidental.


A partir daí, vemos o nascimento de uma forma de Cavalaria Moral, colocando a prática das virtudes e o aprimoramento individual como ideais acima de qualquer espécie de combate físico. Dentre as representações simbólicas mais conhecidas para desenvolver essa ideia há aquela da busca do Santo Graal.


Mesmo antes dos contos épicos dos trovadores, já poderíamos observar o desenvolvimento dos ideais da Cavalaria Espiritual. O historiador Henry Corbin desenvolve o tema e pontua que tal Cavalaria está presente em todas as três religiões abraâmicas, chegando mesmo a traçar paralelos com os Fravartis do Zoroastrismo, seres que receberam a missão de restabelecer a harmonia do mundo já nos primeiros instantes da Criação, pontuando, por analogia, que essa é a natureza essencial do próprio Homem Primordial. Tal Cavalaria liga o iniciado a essa corrente integrada pelos Eleitos e Grandes Iniciados que se empenham, desde os primórdios da humanidade, para o advento do Alvorecer, que trará novamente a Luz ao mundo e religará o homem ao Pai Celestial.


Desde o século XVII (e principalmente o XVIII), surgiram correntes tradicionais, históricas ou simbólicas, baseadas nos ideais da Cavalaria. Atenção especial foi dada à Ordem dos Cavaleiros Templários nesse processo, mas a ligação a essa organização é evocada por símbolos e alegorias, e não necessariamente por uma causalidade histórica cronológica.


Espera-se daquele que ingressa em uma via cavaleiresca que, simbolicamente, desenvolva em si mesmo as condições morais e espirituais que lhe permitirão, de fato, ser um Cavaleiro, cuja busca será o Santo Graal, misteriosamente guardado pela Milícia Celeste.


Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes

 

A Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes, cuja tradução para o português é Igreja Católica Apostólica de São João, comumente chamada de Igreja Católica Joanita, é uma igreja autocéfala continuadora da Sucessão da Catédra Apostólica de São Pedro e da Cátedra Apostólica de Antioquia da Síria, fazendo-se continuadora do carisma da Igreja Joanita dos Cristãos Primitivos e da Igreja Vétero-Católica, assim como da principal derivação do vétero-catolicismo, a Igreja Católica Liberal.

Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes – E.C.A. S✠ I✠

Catecismo da Seção Exotérica – 1ª etapa

A ECASI EM PERGUNTAS E RESPOSTAS

1) O que significa a sigla ECASI?

Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes, cuja tradução para o português é Igreja Católica Apostólica de São João. Contudo, informalmente, ela costuma ser chamada de Igreja Católica Joanita.

2) O que é a Igreja Católica Joanita?

É uma igreja autocéfala erigida, em 2017, por seus dois Patriarcas e Arcebispos fundadores. Muito embora esses Patriarcas e Arcebispos fundadores detenham inúmeras sucessões apostólicas válidas e regulares, sendo a ECASI, assim, continuadora da Sucessão da Catédra Apostólica de São Pedro e da Cátedra Apostólica de Antioquia da Síria, ela se faz continuadora do carisma da Igreja Joanita dos Cristãos Primitivos e da Igreja Vétero-Católica, assim como da principal derivação do vétero-catolicismo, a Igreja Católica Liberal.

3) O que é uma Igreja Autocéfala?

Em poucas palavras, é uma igreja independente, embora erigida segundo rigoroso respeito à Tradição dos Primeiros Padres e às normas de Direito Canônico.

Uma igreja autocéfala não se reporta a nenhuma autoridade superior à própria hierarquia estabelecida em seu seio. A ECASI herdou essa organização das igrejas ortodoxas orientais.

Nos primeiros séculos, a condição de autocefalia de uma igreja foi promulgada por cânones dos primeiros concílios ecumênicos. Isso se refere ao desenvolvimento do modelo de pentarquia, no qual a organização eclesiástica deveria ser governada por cinco patriarcas, cada qual vinculado a uma vereda da tradição episcopal existente no Império Romano: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Posteriormente, em 685, a Igreja do Líbano, depositária de relevante tradição que diretamente influenciou ramos específicos do esoterismo cristão, também recebeu a autocefalia. Ela constituía parte da Igreja de Antioquia, da mesma forma que a Igreja de Chipre, que também recebeu a autocefalia. Destaca-se que um passo a menos da autocefalia é a autonomia. Nesse último caso, o Bispo de mais alto escalão de uma igreja, ainda que conserve a auto-governança de sua Igreja, é aprovado e ordenado pelo primaz da Igreja-mãe.

A respeito de sua organização, a ECASI é autocéfala, tendo recebido sua autocefalia de um patriarcado tradicional e regularmente estabelecido.  Por sua vez, cada Província é autônoma (não autocéfala). A “Província de Nossa Senhora de Rocamadour” é a Província Primaz da ECASI e é dirigida pelo Patriarca Primus e Arcebispo Primaz. Tratando-se da Província Primaz, ela jamais é dissolvida, sendo herdada pelo Patriarca Primus Adjutor e Arcebispo Primaz Adjutor no momento da morte do Patriarca Primus e Arcebispo Primaz que o antecedeu ou na hipótese da sua renúncia ao ofício. Os Pontífices da ECASI formam o “Grande Colégio Patriarcal”, a “Assembleia dos Patriarcas e Arcebispos”, único e autêntico órgão dirigente das Arquidioceses, Dioceses, Paróquias e Oratórios. Com exceção da Província Primaz, as Províncias, Arquidioceses, Dioceses, Paróquias e Oratórios permanecem ativas apenas enquanto seus respectivos Pontífices, Arcebispos, Bispos e Sacerdotes permanecem vivos. Quando um Pontífice morre, sua Província é diluída, cabendo aos Patriarca Primus/Arcebispo Primaz e Patriarca Primus Adjutor/Arcebispo Primaz Adjutor a prerrogativa de instaurar novas Províncias. Torna-se evidente, portanto, a razão de serem consideradas autônomas, e não autocéfalas.

4) A Igreja Católica Joanita, então, opõe-se à Igreja Católica Apostólica Romana e, por conseguinte, ao Papa?

Não, de forma alguma!

A Ecclesia é a Corpo do Cristo, que é a sua Cabeça, a Jerusalém Celeste[1] e a Esposa Imaculada do Cordeiro.[2] Não há duas ou mais igrejas, mas uma só Igreja, exatamente como declarado no Credo: “Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica” (Credo in unam sanctam catholicam et apostolican Ecclesiam).

5) Essa ideia, contudo, não seria absolutamente contrária à ortodoxia dogmática da Igreja Católica Apostólica Romana?

Não exatamente. Sobretudo, não depois de São João Paulo II ter promulgado o “Catecismo da Igreja Católica” como reflexo necessário do carisma que o Espírito Santo derramou na Ecclesia por ocasião do Concílio Vaticano II.

No § 791 do Catecismo da Igreja Católica, lemos que “a unidade do Corpo não anula a diversidade dos membros. Na edificação do Corpo de Cristo, existe diversidade de membros e funções. É o mesmo Espírito que distribui os seus vários dons, segundo a sua riqueza e as necessidades dos ministérios para utilidade da Igreja. A unidade do Corpo Místico produz e estimula a caridade entre os fiéis: ‘Daí que, se algum membro padece, todos os membros sofrem juntamente; e se algum membro recebe honras, todos se alegram’. Em suma, a unidade do Corpo Místico triunfa sobre todas as divisões humanas: ‘Todos vós que fostes batizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; porque todos vós sois um só, em Cristo Jesus.”[3]

6) Mas como pode a Igreja, tão fragmentada, ser considerada una?

É São Bernardo de Clairvaux, nosso padroeiro, quem nos explica:

“Cristo, mediador único, constitui e continuamente sustenta sobre a terra, como um todo visível, a sua Igreja santa, comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde em todos a verdade e a graça.  É próprio da Igreja ser simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na ação e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina; mas de tal forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a ação à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos.”[4]

7) Poderia dar o exemplo de algum outro santo cujo ensino seja idêntico a este de São Bernardo?

Certamente! São Clemente de Alexandria, a propósito da uniciddade da Igreja, assim se pronunciou:

“Que admirável mistério! Há um só Pai do universo, um só Logos do universo e também um só Espírito Santo, idêntico em toda a parte; e há também uma só mãe Virgem, à qual me apraz chamar Igreja.”[5]

8) Se é assim, como devemos entender a Igreja Católica Joanita no seio da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica?

Ela é uma expressão particular do Mistério da Ecclesia, mas unida plenamente a esse mesmo Mistério, que é o Mistério do Cristo e de sua Esposa. O Cristo e a Igreja são o Cristo integral, pleno, absoluto (Christus totus). A Igreja é una com o Cristo numa união hipostática, isto é, que corresponde misteriosamente a uma única pessoa, embora formada por duas naturezas distintas.

Santo Agostinho assim se exprimia a respeito desse Sacrossanto Mistério:

“Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só, formado de muitos (…). Quer seja a Cabeça que fale, quer sejam os membros, é Cristo que fala: fala desempenhando o papel de Cabeça (ex persona capitis), ou, então, desempenhando o papel do Corpo (ex persona corporis). Conforme ao que está escrito: ‘Serão os dois uma só carne. É esse um grande mistério; digo-o em relação a Cristo e à Igreja’ (Ef 5, 31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: ‘Já não são dois, mas uma só carne’ (Mt 19, 6). Como vedes, temos, de algum modo, duas pessoas diferentes; no entanto, tornam-se uma só na união esponsal (…) ‘Diz-se ‘Esposo’ enquanto Cabeça e ‘Esposa’ enquanto Corpo».[6]

9) Mas se a Igreja é una, por que há essa diversidade de expressões particulares do Mistério da Ecclesia?

Em resposta, recorramos uma vez mais ao “Catecismo da Igreja Católica (Romana), a fim de evidenciar o quanto a Igreja Católica Joanita é concorde com a ortodoxia ensinada pelos Primeiros Padres:

“Desde a origem, no entanto, esta Igreja apresenta-se com uma grande diversidade, proveniente ao mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem. Na unidade do povo de Deus, juntam-se as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma diversidade de dons, de cargos, de condições e de modos de vida. «No seio da comunhão da Igreja existem legitimamente Igrejas particulares, que gozam das suas tradições próprias» (271). A grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. No entanto, o pecado e o peso das suas consequências ameaçam constantemente o dom da unidade. Também o Apóstolo se viu na necessidade de exortar a que se guardasse «a unidade do Espírito pelo vínculo da paz» (Ef 4, 3).” [7]

“A Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis que, unidas aos seus pastores, recebem, também elas, no Novo Testamento, o nome de Igrejas […]. Nelas, os fiéis são reunidos pela pregação do Evangelho de Cristo e é celebrado o mistério da Ceia do Senhor […]. Nestas comunidades, ainda que muitas vezes pequenas e pobres ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se constitui a Igreja una, santa, católica e apostólica.”[8]

9) Isso quer dizer que a Igreja Católica Romana reconhece como expressões particulares da Igreja Una as igrejas autocéfalas?

Muito embora alguns de seus prelados ainda tenham uma compreensão estreita desse Mistério, é a própria Igreja Católica Romana quem o diz em seu Catecismo oficial:

“As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma de entre elas: a Igreja Romana, ‘que preside à caridade’. ‘Com esta Igreja, mais excelente por causa da sua origem, deve necessariamente estar de acordo toda a Igreja, isto é, os fiéis de toda a parte’. ‘Desde que o Verbo Encarnado desceu até nós, todas as Igrejas cristãs de todo o mundo tiveram e têm a grande Igreja que vive aqui (em Roma) como única base e fundamento, porque, segundo as próprias promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela’.”[9]

10) Ainda assim, esse trecho do Catecismo Igreja Católica Romana afirma que ela é “mais excelente por causa da sua origem”. Isso não seria contrário a essa ideia de unidade da Ecclesia?

Não. Por Igreja Romana, aqui, se quer distinguir a Igreja confiada por Jesus a São Pedro, primeiro Bispo de Roma: “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (tu es Petrus et super hanc petram ædificabo ecclesiam meam et portæ inferi non prævalebunt adversum eam).[10]

Isso quer dizer que a Igreja “mais excelente por causa da sua origem” é aquela herdeira da Sucessão Apostólica de São Pedro. Ora, tanto a Igreja Católica Apostólica Romana, quanto a Igreja Católica Apostólica Joanita são herdeiras dessa mesma sucessão da Cátedra de São Pedro.

É o que se encontra muito claramente expresso no § 862 do “Catecismo da Igreja Católica”:

“Do mesmo modo que o encargo confiado pelo Senhor singularmente a Pedro, o primeiro dos Apóstolos, e destinado a ser transmitido aos seus sucessores, é um múnus permanente, assim também é permanente o múnus confiado aos Apóstolos de serem pastores da Igreja, múnus cuja perenidade a ordem sagrada dos bispos deve garantir». Por isso, a Igreja ensina que, «em virtude da sua instituição divina, os bispos sucedem aos Apóstolos como pastores da Igreja, de modo que quem os ouve, ouve a Cristo e quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo.”

11) Se a Igreja herdeira da Sucessão dos Apóstolos é “mais excelente por causa da sua origem”, isso quer dizer que as igrejas e comunidades cristãs não detentoras dessa herança apostólica seriam menos excelentes?

Do ponto de vista sobrenatural, sim. Isso, contudo, não quer dizer que elas sejam piores ou inferiores às expressões particulares da Ecclesia que detêm a Sucessão Apostólica.

O que queremos dizer é que elas contam com menos (ou com nenhum) sinais visíveis da Graça de Deus, isto é, seus Sacramentos, que só podem ser administrados por sacerdotes igualmente detentores da Sucessão Apostólica. Afinal, “os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo derrama a graça de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja que é o seu Corpo. A Igreja possui, pois, e comunica a graça invisível que significa: e é neste sentido analógico que é chamada ‘sacramento’.”[11]

Novamente, recorramos ao “Catecismo da Igreja Católica” para bem precisar o papel dessas outras expressões particulares da Ecclesia, que também a integram e a compõem:

“Todos os homens são chamados (…) à unidade católica do povo de Deus; de vários modos a ela pertencem, ou para ela estão ordenados, tanto os fiéis católicos como os outros que também acreditam em Cristo e, finalmente, todos os homens sem excepção, que a graça de Deus chama à salvação.”[12]

12) Se o sucessor direto de Jesus foi São Pedro e se os Papas são seus sucessores, a Igreja Católica Joanita submete-se ao Papa?

Não. De acordo com a Tradição das Igreja Orientais, autocéfalas por natureza, o Papa, o Bispo de Roma, é primus inter pares, primeiro entre iguais. Isso quer dizer que, embora mereça máximo respeito de toda a Cristandade, por ser o sucessor de Pedro no governo e no magistério da Igreja, não estamos obrigados a obedecê-lo incontinenti.

Ainda assim, ouvimos com todo respeito e piedade seu Magistério Pastoral e a ele nos vinculamos em Cristo, a menos que seus pronunciamentos divirjam dos cânones da Igreja Católica Joanita. Ainda assim, nessa hipótese, sempre se tratará tão somente de uma divergência fraterna, em espírito cristão, que em nada afeta o nosso respeito pelo seu Ofício Pastoral.

Catecismo ECASI 0.2
Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes – E.C.A. S✠ I✠

Catecismo da Seção Exotérica – 1ª etapa

A ECASI E O SEU CARISMA: O ESOTERISMO CRISTÃO

1) Se a Igreja é una, por que então foi criada a Igreja Católica Joanita?

O Espírito Santo, ao longo da história, tem suscitado carismas à Cristandade. A ECASI foi fundada, pois, em resposta a um carisma muito especial e muito particular suscitado pelo Espírito Santo aos seus Fundadores.

Ainda assim, esse carisma especial e particular que justifica a sua existência não faz da Igreja Católica Joanita uma comunidade separada, mas um membro plenamente integrada ao Corpo da Igreja, cuja Cabeça é o Cristo.

Afinal, ensina-nos o “Catecismo da Igreja Católica” que “o Espírito de Cristo serve-Se destas Igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação, cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica. Todos estes bens provêm de Cristo e a Ele conduzem e por si mesmos reclamam ‘a unidade católica’.”[1]

2) O que é carisma?

Carisma (do grego kharisma, χαρίσμα, favor, dom divino) é um dom especial do Espírito Santo concedido a alguém para o bem dos homens, para as necessidades do mundo e em particular para a edificação da Igreja, a cujo Magistério compete o seu discernimento.[2]

Como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, “a Igreja é o Templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas.”[3]

3) Com isso, deve-se concluir que os carismas suscitados pelo Espírito Santo devem ser acolhidos pela Igreja?

Sem dúvida alguma. Nesta questão, recorreremos novamente ao “Catecismo da Igreja Católica”, pois nele está expressa, de maneira muito clara, a voz da Tradição:

“Na comunhão dos santos desenvolveram-se, ao longo da história das Igrejas, diversas espiritualidades. O carisma pessoal duma testemunha do amor de Deus pelos homens pode ter sido transmitido, como o espírito de Elias o foi a Eliseu e a João Baptista, para que haja discípulos que partilhem desse espírito. Uma espiritualidade está também na confluência doutras correntes, litúrgicas e teológicas, e testemunha a inculturação da fé num determinado meio humano e na respectiva história. As espiritualidades cristãs participam na tradição viva da oração e são guias indispensáveis para os fiéis. Refletem, na sua rica diversidade, a pura e única luz do Espírito Santo.”[4]

Justamente por isso, “os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. De fato, eles são uma maravilhosa riqueza de graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo; desde que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas.”[5]

“O eterno Pai, que pelo libérrimo e insondável desígnio da sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu elevar os homens participação da vida divina», para a qual a todos convida em seu Filho: ‘E, aos que crêem em Cristo, decidiu convocá-los na santa Igreja’. Esta ‘família de Deus’ constituiu-se e realizou-se gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai: de fato, a Igreja ‘prefigurada já desde o princípio do mundo e admiravelmente preparada na história do povo de Israel e na antiga Aliança, foi constituída no fim dos tempos, e manifestada pela efusão do Espírito Santo, e será gloriosamente consumada no fim dos séculos’.”[6]

4) O Espírito Santo suscita seus carismas apenas aos sacerdotes ou também aos leigos?

Como ensina a Doutrina Católica, “na comunhão da Igreja, o Espírito Santo ‘distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as ordens’ para a edificação da Igreja. Ora, em cada um se manifestam os dons do Espírito, para o bem comum (1 Cor 12, 7).”[7] Dessa maneira, “os leigos também podem sentir-se ou serem chamados a colaborar com os pastores no serviço da comunidade eclesial, trabalhando pelo crescimento e vida da mesma, exercendo ministérios muito variados, segundo a graça e os carismas que ao Senhor aprouver comunicar-lhes.”[8]

Suscitados, pois, pela Graça do Espírito Santo, que sopra onde quer,[9] todo e qualquer cristão pode ser veículo dessa Graça particular, que chamamos de carisma.

5) O que é a Graça? Qual a relação dela com os carismas?

A Doutrina da Igreja ensina-nos que “a graça é, antes de tudo e principalmente, o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas também compreende os dons que o Espírito nos dá, para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar na salvação dos outros e no crescimento do corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. São as graças sacramentais, dons próprios dos diferentes sacramentos. São, além disso, as graças especiais, também chamadas «carismas», segundo o termo grego empregado por São Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Qualquer que seja o seu carácter, por vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas estão ordenados para a graça santificante e têm por finalidade o bem comum da Igreja. Estão ao serviço da caridade que edifica a Igreja.”[10]

Tudo podemos só e somente só por obra da Graça. Sem ela, sequer creríamos em Deus, dada a nossa natureza maculada, embora de origem divina, resultado do veneno da Queda Primordial. Por conseguinte, os carismas suscitados pela Graça do Espírito Santo revestem-se da mesma santidade e, com espírito de santidade, devem ser acolhidos pela Cristandade.

6) Qual é o carisma da Igreja Católica Joanita?

O carisma da Igreja Católica Joanita é a difusão do Esoterismo Cristão preservado no Exoterismo Cristão. O Exoterismo Cristão pode ser comparado a um belíssimo e finíssimo relicário no qual se encontra uma pérola de raríssima beleza, o Esoterismo Cristão. Noutras palavras, sem descuidar da Ortodoxia, molde necessário a estabelecer limites essencias a preservar a pureza e a integridade dessa joia inadjetivável, o magistério da Igreja Católica Joanita volta-se a evidenciar a essência esotérica do Mistério Cristão e, desse modo, transformar as almas, prestando-se ao papel salvífico precípuo da Revelação Cristã.

Pode-se dizer que, ao passo que o Exoterismo Cristão concerne à Igreja de Pedro, o Esoterismo Cristão diz respeito à Igreja de João.

7) Há então duas Igrejas, a Igreja de Pedro e a Igreja de João?

Esta é uma pergunta fundamental, cuja resposta inexata tem levado a uma interpretação simplista e distorcida do Mistério da Duas Igrejas. Afinal, se a Igreja é sempre Una, as duas Igrejas, de Pedro e de João, subsistem amalgamadas de maneira indissociável, em união hipostática, isto é, suas duas naturezas manifestam-se no mesmo ente.

Contudo, conforme a metáfora anteriormente proposta, poucos abriram esse relicário que oculta a pérola, fixando-se apenas no exoterismo. Essa foi justamente a razão pela qual o Santo Espírito suscitou o carisma da Igreja Católica Joanita. Ainda assim, há uma só Igreja e não duas. Se Pedro é a cabeça, João é o coração. Num corpo perfeitamente sadio, cabeça e coração funcionam em uníssono, um dependendo do outro (muito embora, em casos de morte cerebral, o coração possa continuar vivo quando o cérebro já se encontra morto, o que abre margem a se refletir sobre um outro mistério sutil…).

De todo modo, dada a precisão do seu magistério, a Igreja Católica Joanita se servirá do pensamento de Valentim Tomberg, um irmão em Cristo cuja obra foi fundamental para que o Santo Espírito suscitasse seu carisma especial e particular.

Diz-nos Tomberg, a propósito das Igrejas de Pedro e de João, que “na Alemanha, na França e em outros países muitos preconizam a doutrina chamada das ‘duas igrejas’, a igreja de Pedro e a igreja de João, ou das ‘duas épocas’, a época de Pedro e a época de João. Sabes também que essa doutrina ensina o fim – mais ou menos próximo – da igreja de Pedro, ou do papado, seu símbolo visível, a ser substituído pelo espírito de João, o discípulo amado do Mestre, aquele que, inclinado sobre seu peito, ouviu as batidas de seu coração. Assim a igreja ‘exotérica’ de Pedro daria lugar à igreja ‘esotérica de João’, que seria a da liberdade perfeita.

“Ora, João, que se submeteu voluntariamente a Pedro como chefe e príncipe dos apóstolos, não foi seu sucessor depois de sua morte, embora tenha sobrevivido a ele por muitos anos. O discípulo amado, que ouviu as batidas do coração do Mestre, é e será sempre o representante e o guardião desse coração – e como tal não foi, não é e jamais será o chefe ou a cabeça da Igreja. Porque como o coração não é chamado a substituir a cabeça, do mesmo modo João não é chamado a suceder a Pedro. O coração conserva bem a vida e a alma, mas é a cabeça que toma as decisões e que dirige e escolhe os meios para a execução das tarefas do organismo todo – cabeça, coração e membros.

A missão de João consiste em conservar a vida e a alma da Igreja – em viver até a segunda vinda do Senhor. Por isso João nunca pretendeu e nunca pretenderá ter a função diretiva do corpo da Igreja. Ele vivifica esse corpo, mas não dirige suas ações.”[11]

8) Há evidências nas Escrituras de que o Cristianismo conteria um aspecto esotérico?

Há inúmeras! Jesus muitas vezes se expressava em parábolas, cujo significado somente explicitava a seus discípulos. Por exemplo, temos as misteriosas palavras do Senhor no Evangelho segundo São Mateus (Mt 13:11-17): “porque a vós é dado compreender os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não. Ao que tem se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem, será tirado até mesmo o que tem. Eis por que lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías: Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis, porque o coração deste povo se endureceu: taparam os seus ouvidos e fecharam os seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se convertam e eu os sare (Is 6,9s). Mas, quanto a vós, bem-aventurados os vossos olhos, porque veem! Ditosos os vossos ouvidos, porque ouvem! Eu vos declaro, em verdade: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram”

Nos Evangelhos segundo São Marcos e São Lucas, respectivamente, essas palavras se repetem: “a vós é revelado o mistério do Reino de Deus, mas aos que são de fora tudo se lhes propõe em parábolas” (Mc 4:11) e “a vós é concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala por parábolas; de forma que vendo não vejam, e ouvindo não entendam” (Lc 8:10).

As epístolas de São Paulo são igualmente pródigas de menções ao Esoterismo confiado a poucos dentre os cristão, não porque a maioria não merecesse tais ensinamentos, mas pelo fato de ainda não estar preparada para os absorver: “não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não vos gabeis de vossa sabedoria: esta cegueira de uma parte de Israel só durará até que haja entrado a totalidade dos pagãos” (Rm 11:25); “àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu Evangelho, na pregação de Jesus Cristo – conforme a revelação do mis­tério, guardado em segredo durante séculos” (Rm 16:25); “pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória” (1 Cor 2:7); “que os homens nos conside­rem, pois, como simples ope­rários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1 Cor 4:1); “mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada” (1 Cor 13:2); “foi por revelação que me foi manifestado o mistério que acabo de esboçar; “lendo-me, podereis entender a compreensão que me foi concedida do mistério cristão” (Ef 3: 3-4); “esse mistério é grande, quero dizer, com referên­cia a Cristo e à Igreja” (Ef 5:32); “mistério este que esteve escondido desde a origem às gerações (passadas), mas que agora foi manifestado aos seus santos, a estes quis Deus dar a conhecer a riqueza e glória deste mistério entre os gentios: Cristo em vós, esperança da glória!” (Col 1:26-27); “Tudo sofro para que os seus corações sejam reconfortados e que, es­treitamente unidos pela caridade, sejam enriquecidos de uma plenitude de inteligência, para conhecerem o mistério de Deus, isto é, Cristo,” (Col 2:2).

Merece destaque, dentre as palavras de São Paulo, o seguinte trecho da sua Epístola aos Hebreus, onde o Apóstolo deixa muito claro que tinha um ensinamento aberto para as massas e um ensinamento reservado àqueles preparados para recebê-lo: “ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da Palavra de Deus; e vos tornastes tais, que precisais de leite em vez de alimento sólido! Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma doutrina profunda, porque é ainda criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal” (HB 5:12-14).

9) Ao longo da história, o Esoterismo Cristão foi ensinado e perpetuado ou se manteve oculto, fechado, até que a Igreja Católica Joanita fosse fundada e viesse a revelá-lo?

De forma alguma. O Esoterismo Cristão sempre se manteve vivo e presente na vida da Igreja, embora não tão explicitamente quanto o seu aspecto Exotérico. Para mencionarmos apenas alguns místicos cristãos que perpetuaram essa herança esotérica, podemos citar Orígenes, Clemente de Alexandria, São João Crisóstomo, Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Bernardo de Clairvaux, Santa Hidegarda de Bingen, São João da Cruz, Santa Teresa d’Ávila, São Luis Maria Grignion de Montfort, Beata Ana Catarina Emmerich. Há, ainda, alguns verdadeiros esoteristas cristãis que não foram reconhecidos, pela Igreja Católica Romana, como estando em plena comunhão com ela, como Mestre Eckart, Jacob Boehme e Jan van Ruysbroeck, mas por nós são considerados igualmente santos.

10) A existência de uma face exotérica e outra face esotérica é exclusiva do Cristianismo?

Não. Essas duas faces, como os lados de uma mesma moeda, são inerentes a todas as religiões reveladas.

O Hinduísmo tem seus aspectos exotéricos, suas leis e rituais religiosos, e seu aspecto iniciático ou místico, perpetuado, por exemplo, pelo Yoga e pelas escolas tântricas, num riquíssimo veio esotérico e metafísico que é denominado, por alguns, como Brahmavidya, Sabedoria Divina.

O Budismo conta com aspectos exotéricos e esotéricos, estes últimos preservados nas escolas Mahayana e, sobretudo, Vajrayana. Particularmente no que concerne ao Budismo, o seu aspecto exotérico tem sido chamado, algumas vezes, de “Doutrina do Olho”, e seu aspecto esotérico, de “Doutrina do Coração”. Helena Petrovna Blavatsky, em seu clássico tratado de Budismo Esotérico “A Voz do Silêncio”, dá o seguinte conselho ao discípulo da Sabedoria Eterna: “Aprende contudo a separar o conhecimento mental da sabedoria da Alma, a doutrina do ‘Olho’ da doutrina do ‘Coração’.”

No Judaísmo, há a religião ortodoxa e a sua dimensão mística e esotérica, a Cabala, assim como no Islamismo há também a Shari’ia, isto é, a religião e a lei exotéricas, ao passo que o Sufismo preserva e difunde o seu aspecto esotérico.

11) Como se relaciona o Esoterismo Cristão a São João?

São João Batista anunciou a vinda do Verbo e São João Evangelista é o guardião do Verbo até a Sua segunda vinda.

São João Evangelista, particularmente, era o discípulo que Jesus amava[12] e, na última ceia, manteve-se com o rosto encostado no peito de Jesus.[13] Por fim, na cruz, Jesus entregou Maria Santíssima a São João.[14]

Ora, ao se dizer que São João era o discípulo que Jesus mais amava, atribui-se grande intimidade à relação entre ambos, sendo de se pressupor que ao discípulo mais amado, o Senhor revelou mistérios não tão livremente compartilhados com os demais. Além disso, ao se recostar no peito de Jesus, São João ouviu as batidas do Seu coração, sendo que o coração sempre foi o símbolo por excelência do conhecimento esotérico (aliás, o coração físico também está guardado no centro do corpo, protegido pelos ossos que formam a caixa torácica, numa maravilhosa alusão anatômica e simbólica da relação do esoterismo e do exoterismo). Convém notar, ainda, que, na “Ladainha do Sagrado Coração de Jesus” invoca-se “Cor Jesu, Rex et centrum omnium cordium” (“Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações”). Finalmente, o Senhor confiou a São João a Sua mãe, Nossa Senhora, igualada, no Apocalipse, à própria Igreja Católica[15] e à Arca da Aliança do Antigo Testamento.[16]

O coração de Jesus, o aspecto velado e esotérico da Sua mensagem, foi guardado no relicário que era o ventre de Maria durante a gestação, mas ela é novamente identificada a um relicário ao ser associada à Arca da Aliança. Assim, não somente João era íntimo de Jesus, deitou no seu peito, ouvindo as batidas do Seu coração, isto é, os seus ensinamentos esotéricos, como a João foi confiado o relicário que guardou o Sagrado Coração de Jesus, isto é, seus mistérios, e que era ela mesma a Arca da Aliança: Maria.

Fica evidente, pois, que Jesus entregou a João a essência mística da Sua mensagem, ao passo que entregou a organização e o governo da Sua Igreja a Pedro. Pedra e Coração, Exoterismo e Esoterismo.

12) Por que a Igreja Católica Joanita sempre se refere ao Esoterismo Cristão e não ao Cristianismo Esotérico? Não seriam expressões sinôminas, que expressam a mesma ideia?

Porque a Igreja Católica Joanita perpetua o Esoterismo Cristão, que não é exatamente o mesmo que Cristianismo Esotérico. Embora de um ponto de vista estritamente linguístico ambas as expressão, de fato, expressem a mesma ideia, fato é que Cristianismo Esotérico tornou-se expressão consagrada no seio da Sociedade Teosófica moderna, isto é, pós-falecimento de Blavatsky. Ademais, posteriormente, essa mesma expressão vem sendo usada por toda a sorte de doutrinas da Nova Era que não necessariamente ostentam uma natureza tradicional.

Naquele momento histórico da Sociedade Teosófica, Sua Excelência Reverendíssima Charles Webster Leadbeater e Annie Besant acreditavam que o jovem Jiddu Krishnamurti seria o novo Messias e manifestaria a segunda vinda do Cristo. Uma vez que os cristãos tradicionais (assim como os muçulmanos) sempre creram que Jesus Cristo retornará no fim dos tempos, seria impossível que Krishnamurti fosse o novo Cristo, sendo necessário separar-se as figuras de Jesus e do Cristo. Para tanto, Sua Excelência Reverendíssima Charles Webster Leadbeater tomou por base o Nestorianismo, uma heresia propagada no século V por Nestório, Bispo de Constantinopla, à qual nenhuma das igrejas de então aderiu, que sustentava que Jesus, tão somente humano, fora tomado por Deus Pai no momento do seu batismo no Rio Jordão. A adaptação teosófica dessa ideia consistiu em se entender Jesus como um homem, um alto iniciado, que, na ocasião do batismo, foi tomado completamente pelo Cristo, visto não como Deus, mas como um ser de altíssima evolução espiritual chamado Maitreya. Essa visão produziu frutos, embora um pouco diferentes, no pensamento de Rudolf Steiner e de Édouard Schuré por exemplo

A Igreja Católica Joanita, contudo, não adota essa visão. Afinal, sendo ela depositária do Esoterismo Cristão guardado no seio do Exoterismo Cristão, ela proclama que Jesus Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus pelo mistério da união hipostática, isto é, em Jesus convivem, perfeita e indissocialmente, o homem e Deus, assim como ambas as vontades, a vontade humana e a vontade divina. Aliás, não fosse assim, não poderíamos proclamar Maria Santíssima Theotokos (Portadora de Deus ou Mãe de Deus), tampouco Sede de Sabedoria (Sedes Sapientiae), pois ela teria sido tão somente a mãe de um ser humano, por mais avantajada espiritualmente fosse a sua alma.

Acresça-se que a assim chamada Escola Francesa da Tradição Esotérica Ocidental costuma partilhar desse mesmo entendimento tradicional, como se pode constatar no “Tratado das Duas Naturezas” de Jean-Baptiste Willermoz.

13) Para se estar unido ao carisma da Igreja Católica Joanita, é essencial crer na união hipostática entre o homem e Deus na pessoa de Jesus Cristo?

Não. A Igreja Católica Joanita conta com pouquíssimos dogmas de fé e esse definitivamente não é um deles. O relacionamento de cada ser humano com o Cristo é único e íntimo, assim como é única e íntima a interpretação que cada qual dá a esse Mistério Insondável.

14) De que maneira a Igreja Católica Joanita ensina o Esoterismo Cristão àqueles a ela vinculados num mesmo carisma?

Mediante um ensinamento sempre progressivo, partindo de uma etapa aberta, exotérica, e aprofundando-a em etapas semiabertas, mesotéricas e etapas reservadas, esotéricas. Ainda assim, a sua tarefa é mostrar o Esoterismo Cristão perfeitamente oculto, em sua inteireza, no âmago das Sagradas Escrituras e no pensamento dos santos e místicos cristãos, ocidetais e orientais, que floresceram na Ecclesia ao longo da Sua história.

Catecismo ECASI 1.1
Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes – E.C.A. S✠ I✠

Catecismo da Seção Exotérica – 1ª etapa

QUAL É A FINALIDADE DA EXISTÊNCIA HUMANA?

1) Por que o ser humano foi criado? Qual é a finalidade da existência humana?

Deus criou os seres humanos para, por meio do Seu amor por nós e do nosso amor por Ele, unirmo-nos a Ele na suprema felicidade da Glória Eterna. A finalidade da existência humana, portanto, é unir-se a Deus, o Sumo Bem (Summum Bonum).

2) O que é o bem?

O bem é tudo aquilo que aproxima o ser humano da felicidade. O mal é tudo aquilo que afasta o ser humano da felicidade. Logo, se Deus é o Sumo Bem, a união da alma humana com Ele é um estado de Suprema Felicidade, absolutamente incompreensível e inimaginável às nossas mentes limitadas.

3) Mas o bem e a felicidade não são noções subjetivas? Não é verdade que o que é bom para alguém, pode não ser bom a outrem? Ou que aquilo que faz uma pessoa feliz, não traz felicidade a uma outra?

O bem e a felicidade aqui mencionados são objetivos. Aquilo que é nutritivo a um ser humano será igualmente nutritivo a toda a humanidade, assim como aquilo que é venenoso a um ser humano será igualmente venenoso a toda a humanidade. O Sumo Bem, que é Deus, e a Suprema Felicidade advinda da união do ser humano individual com Ele são, pois, objetivos. Na verdade, nada há mais objetivo do que a objetividade absoluta da bondade Divina e da Felicidade a Ela inerente.

4) Mas por qual razão Deus já não nos criou assim perfeitamente unidos a Ele?

“Deus é amor” (1 João 4:8). O amor pressupõe o amante (aquele que ama) e o amado (aquele que recebe o amor). Assim, em sendo Deus puro amor, Ele quis espelhar esse amor no outro, a fim de que amasse e fosse amado. O ser humano, portanto, realiza a natureza mais essencial de Deus, permitindo-se ser amado por Deus e amando a Deus. Atingida essa meta máxima da natureza humana, o amante, o amado e o amor tornam-se um. “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 João 4:16).

O amor, ademais, para ser digno desse nome, precisa nascer e florescer, pois um amor imposto já não é amor. É por isso que nós, seres humanos, devemos aprender a amar a Deus e a crescermos nesse amor incessantemente, sempre mais e mais. Afinal, se o objeto do nosso amor (Deus) é infinito, o crescimento do nosso amor por Ele jamais poderá ter um limite.

Diferentemente de toda a criação divina, o ser humano é um vir a ser, um projeto, uma tarefa. Um animal é o que é, não precisando de mais nada para expressar a sua natureza segundo a Ordem Divina. Já o ser humano, porque criado para amar a Deus, está num constante processo de devir, isto é, de permitir que esse amor nasça, floresça e desabroche em seu coração.

Essa é a Rosa Mística dos Adeptos da Rosa+Cruz, que se saúdam uns aos outros desejando que a Rosa do Puro Amor desabroche na Cruz da sua humanidade. Esse desabrochar glorioso, fruto da Luz e do Calor do Summum Bonum, tal qual os raios do sol, que é o Seu símbolo fenomênico por excelência, vem acompanhado do indescritível e inebriante perfume da Suprema Felicidade, a Paz Profunda daqueles que, se fazendo Desconhecidos e Silenciosos ante a turba decaída, refletem em suas faces, tal qual Moisés (Êxodo 34:29), a Luz Primordial e entoam cânticos de louvor, bradando: Pax profunda omnibus hominibus bonae voluntatis!

5) Isso quer dizer que, quando da união da alma humana com Deus, ela perde a sua individualidade?

Não. O amor pressupõe uma dualidade sempre presente entre o amante e o amado. A visão beatífica ou o encontro face a face com Deus é um mistério caracterizado pela união mística do amante e do amado, o Casamento Místico do Cordeiro. Mas, nesse mistério, sempre haverá dualidade substancial e não unidade ontológica.

6) Como pode o ser humano amar a Deus?

Conhecendo-o, pois ninguém ama aquilo que desconhece.

7) Como se pode conhecer a Deus?

Deus, porque Absoluto, é incognoscível, só podendo ser conhecido quando se revela.

“Deus não é um objeto e não é também o objeto do conhecimento. Ele é a fonte da Graça que ilumina e revela. Ele não pode ser conhecido, mas pode revelar-se.” (Valentin Tomberg)

8) E quando Deus se revela?

Ele já se revelou, fazendo-se carne em Nosso Senhor Jesus Cristo. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1:14)”. Et verbum caro factum est.

9) Mas como é possível amar a Deus na figura do seu Verbo humanado, Nosso Senhor Jesus Cristo?

Pela fé nessa revelação. Pela fé no Mistério da Encarnação do Verbo. A experiência da fé leva ao conhecimento do Deus invisível, oculto, que nos ama imensamente.

10) Mas, afinal, o que é efetivamente amar a Deus na pessoa de Jesus Cristo?

Deus mesmo nô-la dá: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15).

11) Mas somos capazes de realmente obedecermos os mandamentos de Deus?

Não. A nossa natureza humana, maculada pelo veneno da Queda, não é capaz de realmente obedecer a Lei de Deus. É fraca e frágil. Somos orgulhosos, egoístas, concupiscentes e mesquinhos, entre outros vícios inerentes a todo e qualquer ser humano.

12) Não há, pois, esperança para a humanidade?

Sem dúvida que há. A Graça de Deus é que nos motiva a cumprir seus mandamentos, que nos dá força para tanto e que nos dá suporte para perserverarmos nesse intento.

Sem Deus, nada podemos. Absolutamente nada. Nem mesmo crer Nele ou ter a inspiração de suplicarmos o Seu auxílio.

13) E como podemos receber a Graça?

Pelos Sacramentos e pela Oração.

Os Sacramentos, símbolos visíveis da Graça, conferem-Na a nós por virtude própria (ex opere operato).

A oração permite-nos impetrar a Graça junto à misericóridia divina.

14) Seja pelos Sacramentos, seja pela oração, Deus nos dá a Graça ele mesmo?

Não. Obviamente, poderia fazê-lo, mas quis eleger uma intermediária para realçar a grandeza da sua mais perfeita criatura: Maria Santíssima, Nossa Senhora, Medianeira de toda a Graça.

*** Conclusão: “O ser humano foi criado para conhecer e amar a Deus.”

Espiritualidade Prática 1.1
Ecclesia Catholica Apostolica Sancti Iohannes – E.C.A. S✠ I✠

Catecismo da Seção Exotérica – 1ª etapa

ESPIRITUALIDADE PRÁTICA:

O SINAL DA CRUZ

1) Por que os católicos fazem o Sinal da Cruz?

O Sinal da Cruz remonta aos primórdios da Igreja. Acredita-se que essa prática teria se iniciado ainda no período apostólico, mas a primeira menção escrita a ela foi feita por Tertuliano, no século III: “Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, lavamo-nos e iniciamos as refeições, quando vamos nos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persegnamo-nos a testa com o sinal da cruz” (De Corona Militis). Outro registro, também do século III, é atribuído a Santo Hipólito de Roma, que exortava os cristãos a fazerem o Sinal da Cruz em todas as ocasiões, pois é o sinal da Paixão de Cristo, que repele todo o mal.

Quando fazemos o Sinal da Cruz afirmamos três verdades fundamentais de fé cristã: (I) a Unidade e a Trindade de Deus; (II) a Encarnação do Verbo e (III) o Sacríficio da Cruz, para a restauração da ordem perdida (o Mistério do Gólgota).

2) Como se faz o Sinal da Cruz?

Segundo o Rito Latino, com os dedos da mão direita estendidos e unidos, toca-se a testa, o peito (ou o abdômen), o ombro esquerdo e o ombro direito, dizendo: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amem.” (“in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Amem.”)

3) Fazer o Sinal da Cruz é o mesmo que se persignar?

Não. Consoante o costume muito difundido há séculos na Península Ibérica, persignar-se consiste em, antes de se executar o Sinal da Cruz, fazer três cruzes, com o polegar direito, sobre a testa, os lábios e o peito, dizendo: “pelo Sinal da Santa Cruz, livra-nos Deus, nosso Senhor, dos nossos inimigos” (“per signum crucis de inimicis nostris libera nos Deus noster”). Segue-se à persignação o Sinal da Cruz, como ensinado acima.

4) Os católicos orientais seguem esse mesmo costume?

Não. Os católicos orientais (ortodoxos) unem os três primeiros dedos da mão direita e dobram os dois últimos sobre a palma. Tocam, assim, a testa, o peito (ou o abdômen), o ombro direito e o ombro esquerdo, dizendo: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amem.”

5) Por que os católicos orientais unem os três primeiros dedos da mão direita, deixando os dois últimos dobrados sobre a palma?

Ao unirem os três primeiros dedos da mão direita, estão simbolizando a Santíssima Trindade: um só Deus em três pessoas. Ao dobrarem os dedos anular e mínimo sobre a palma da mão, estão aludindo, simbolicamente, às duas naturezas de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

6) Por que os católicos orientais tocam primeiramente o ombro direito?

Há mais de uma razão.

Os católicos orientais realçam a sua devoção à Santíssima Trindade, levando a mão à cabeça (em referência ao Pai), depois ao peito (o Pai enviou o Filho ao mundo, onde nasceu, padeceu, foi crucificado, morto e sepultado, ressurgiu do mortos, subiu aos céus) e, então, levando a mão ao ombro direito (o Filho está sentado à direita do Pai) e, por último, levando a mão ao ombro esquerdo (o Filho retornará para julgar os vivos e os mortos).

Os católicos orientais fazem o Sinal da Cruz da direita para a esquerda também para espelhar as ações do sacerdote quando ele dá a bênção aos fieis. O sacerdote, voltado para os fiéis, abençoa da esquerda para a direita e, desse modo, eles fazem o Sinal da Cruz em si mesmos da direita para a esquerda.

Uma outra razão se deve ao fato de Nosso Senhor Jesus Cristo separar os “lobos” das “ovelhas” de seu rebanho, dispondo estas últimas, simbolicamente, à sua direita. De igual maneira, o altar, a iconostase,[1] a assembleia dos fiéis e a própria igreja são incensados primeiramente do lado direito.

7) Por que os católicos do rito latino fazem o Sinal da Cruz com os cinco dedos da mão direita estendidos e primeiramente tocam o ombro esquerdo?

Ao unirem os cinco dedos da mão, realçam, simbolicamente, as cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ao tocarem primeiramente o ombro esquerdo, simbolizam a restauração da natureza humana decaída (simbolicamente alocada à esquerda) pelo sacrifício da Cruz, o Mistério do Gólgota (simbolicamente alocado à direita, pois o Filho está à direita do Pai). Trata-se, pois, de um sinal que realça a restauração do gênero humano à ordem da Graça e a devolução dos dons sobrenaturais perdidos por Adão quando da Queda mediante o Preciocíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (vertido das suas cinco chagas)

7) Devo fazer o Sinal da Cruz na forma latina ou na forma oriental?

Ambos são igualmente válidos e plenos de sentido teológico e místico. Fique à vontade, portanto, para optar pela forma que fala mais diretamente ao seu coração.

8) Quando devo fazer o Sinal da Cruz ou me persignar?

Sempre que desejar, mas sobretudo ao se deitar à noite e ao se levantar pela manhã. No século V, São Gaudêncio de Bréscia assim se pronunciou a respeito do Sinal da Cruz: “Esteja a Palavra de Deus e o sinal da cruz no coração, na boca e na fronte. Em meio à comida, em meio à bebida, em meio às conversas, nas abluções, nos leitos, nas entradas, nas saídas, na alegria, na tristeza”.

[1] Divisória ou biombo que separa a nave, onde ficam os fiéis, do santuário, reservado aos sacerdotes.

Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada


A Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada é uma Ordem Martinista tradicional, com uma herança direta e uma linhagem oriundas de uma Tradição Martinista bem estabelecida, que conservou e reintegrou as miríades de linhagens das correntes díspares da Ordem Martinista Universal. Estamos trabalhando ativamente na promoção da cooperação e do apoio entre os Martinistas de todo o mundo que compartilham de nossa convicção de que, para o benefício da humanidade, a reintegração deve ocorrer em todos os níveis, inclusive entre as diversas Ordens que compõem a Ordem Martinista Universal. Agora, apresentamo-nos ao mundo para prestar serviço a qualquer buscador genuíno da Verdade Arcana.


A Tradição Martinista surgiu na França do século XVIII, durante um período de significativa expansão da investigação filosófica e esotérica. Tudo começou como um sistema de pensamento filosófico. Algumas histórias, entretanto, traçam as raízes da Tradição Martinista para ainda mais longe, no Rosacrucianismo do século XVII e em Constantinopla, no século XI. De todo modo, o termo Martinismo não foi empregado antes do século XIX e é um termo coletivo para o movimento como um todo. O Martinismo baseia-se na obra e nos escritos de Louis-Claude de Saint-Martin.


O primeiro livro de Saint-Martin, "Dos erros e da verdade", foi publicado em 1775 sob o pseudônimo de "O Filósofo Desconhecido". Saint-Martin foi fortemente influenciado pelas obras de Jacob Boehme e traduziu muitas de suas obras do alemão para o francês. Após a morte de Saint-Martin, seus discípulos continuaram a transmissão da iniciação, espalhando a doutrina do Filósofo Desconhecido e estabelecendo iniciados por toda a Europa e Rússia.


No final de 1880, dois estudantes de medicina conheceram-se e descobriram que haviam recebido a iniciação martinista de Saint-Martin através de duas linhas de transmissão diferentes. Eles eram o Dr. Gerard Encausse, também conhecido como Papus (1865 - 1916), e Pierre-Augustin Chaboseau (1868 - 1946). Trabalhando juntos e compartilhando iniciações, eles consolidaram essas duas linhas. Assim, nasceu a Ordem Martinista como a conhecemos hoje.


O atual Movimento Martinista não possui um órgão de governo abrangente, mas é formado por várias Ordens separadas e independentes. Todas se baseiam no trabalho e na filosofia de Louis Claude de Saint-Martin. Todas enfocam o conceito da origem divina do homem e a importância de que ele recupere esse estado através da orientação espiritual, da iluminação, do trabalho e dos estudo pessoais. Cada uma possui sua própria perspectiva e concentra-se em meios próprios para a consecução de seus objetivos.


Nossa História

 

Nossa Ordem deriva diretamente da Ordre Martiniste et Synarchique de Victor Blanchard.


Nossa liderança possui linhagens válidas de transmissão oriundas de todas as Correntes Martinistas conhecidas que se separaram da Ordre Martiniste de Papus (Gerard Encausse), bem como das linhagens russas mais diretas da filiação de Louis-Claude de Saint-Martin. Assim, reintegramos as linhagens díspares que o ego individual permitiu divergir e buscamos ativamente devolver a unidade da Ordem Martinista Universal.


Desse modo, temos tratados de amizade e concordatas com outras Ordens Martinistas altamente respeitáveis e desejamos fazer uma ponte entre desacordos pessoais anteriores e diferenças históricas de opinião, a fim de reconciliar os Martinistas dispersos para a continuidade da Grande Obra, unidos em espírito e direção.


​Onde Estamos

 

Nossa Ordem possui Heptadas em todo o Canadá, no Brasil, bem como unidades em formação no Reino Unido, na Europa e na Australásia.


O acesso à nossa Ordem é um assunto privado entre o Aspirante e a Ordem. Nenhuma busca genuína será ignorada, nem tratada sem o respeito que merece.

 

Por favor, caso deseje seguir o caminho de estudo do Caminho Martinista do Coração e sinta que nossa Ordem trará benefícios a você, não hesite em entrar em contato conosco através dos links abaixo.


Se não pudermos ajudar, teremos o maior prazer em encaminhá-lo para outras Ordens Martinistas altamente respeitáveis que podem operar em sua região geográfica específica.


Iniciação Tradicional


A Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada oferece apenas as iniciações mais puras e tradicionais do Caminho Martinista, e apenas pessoalmente. Nenhum curso por correspondência está disponível.


Nossas Heptadas na América do Norte e do Sul e na Europa permitem-nos oferecer acesso aos aspirantes, se geograficamente razoável para eles.


Aqueles que desejam seguir o Caminho do Coração, mas que não têm um grupo a uma distância razoável, podem se unir pessoalmente a um grupo mais distante existente e, posteriormente, serem orientados ao longo do curso através de assistência on-line.


Como em qualquer Ordem Martinista genuína, nenhuma taxa é cobrada pela associação, iniciação ou instrução.


A base da Iniciação Martinista


Um documento tradicional assim a explica:


Ela encerra a filosofia de nosso Venerável Mestre, baseada especialmente nas teorias dos Egípcios, sintetizadas por Pitágoras e sua Escola. Contém, em seu simbolismo, a Chave que abre o mundo dos Espíritos e que não está cerrado; segredo inefável, incomunicável e unicamente compreensível ao verdadeiro Adepto. Este trabalho não profana a santidade do Véu de Ísis por imprudentes revelações. Aquele que é digno e está versado na História do Hermetismo, em suas doutrinas e em seus ritos, em suas cerimônias e hieróglifos, poderá penetrar na secreta, porém real, significação do pequeno número de símbolos oferecidos à meditação do Homem de Desejo.


A Ordem, enfim, é uma escola de Alto Hermetismo e seus ensinamentos, sem negligenciar os demais temas do amplo currículo já mencionado, estão principalmente calcados na mística cristã e na kabbalah. Seu caminho se abre a poucos – muito cuidadosamente escolhidos –, sendo-nos preferível a qualidade à quantidade. A Iniciação Martinista é o resultado de um ensinamento e de uma prática e há em seu desenvolvimento uma parte imensa de formação pessoal. A Iniciação é gradual e se dá conforme as capacidades e possibilidades daquele que pretende seguir as etapas do seu treinamento antes de chegar aos graus superiores. Este é o sentimento que podemos extrair do célebre discurso pronunciado por Stanislas de Guaita:


Fizemos-te iniciar: o papel dos iniciadores deve limitar-se aqui. Se chegares por ti mesmo à inteligência dos Arcanos, merecerás o título de Adepto; mas, vê bem; seria em vão que os mais sábios Mestres quisessem revelar-te as supremas fórmulas da Ciência e do Poder mágico. A Verdade Oculta não poderá ser transmitida em um discurso: cada um deve evocá-la, criá-la e desenvolvê-la em si. És Iniciado: aquele que outros colocaram no caminho; esforça-te em chegar a Adepto, aquele que conquista a Ciência por si mesmo; em uma palavra: o Filho de suas obras.


O discurso de Stanislas de Guaita, que não podemos aqui transcrever inteiramente, merece estudo e reflexão. Ele desenvolve a seguinte doutrina: a Iniciação é, certamente, o resultado de um ensinamento e de um treinamento, porém, há em seu transcurso um intenso trabalho de formação pessoal capaz de tornar cada aspirante iniciável para aquela Iniciação Maior através da qual “entra-se no Coração de Deus e se faz entrar o Coração de Deus em nós para aí fazer um casamento indissolúvel”.


Nossa Organização Estendida

A Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada opera sob a égide de um Grande Priorado de Estudos Herméticos, uma sociedade sem fins lucrativos registrada federalmente no Canadá.

Nosso Priorado é um conservador de muitas Tradições iniciáticas e esotéricas, para o benefício de nossos membros e para a preservação de Tradições e Ordens que, de outra forma, poderiam desaparecer e se perder para sempre.


Candidatura

A Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada responde questionamentos acerca do procedimento de Afiliação a homens e mulheres sérios.