sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Irmandade dos Filósofos Desconhecidos


A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, inserida no Movimento Martinista e continuadora dos trabalhos da Ordem Martinista original, tais como estabelecidos por Papus e Chaboseau, é uma associação de natureza iniciática e iluminista – um centro superior de estudos herméticos. Naturalmente, como martinistas, a nossa escola perpetua uma corrente particular de misticismo cristão ou hermetismo cristão.


É depositária e perpetuadora de uma visão particular da Tradição de Mistérios do Ocidente, costumeiramente denominada Escola Francesa (mas a ela não limitada), cujas origens remontam ao Renascimento da Philosophia Occulta, impulsionado por Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant), e ao Roseiral dos Magos do Século XIX. Ela se organiza em completa consonância com a adaptação papusiana do Movimento Martinista, vale dizer, pela união íntima do sistema de Louis-Claude de Saint-Martin, no qual Iniciadores criam novos Iniciadores, desenvolvem a Ordem e amparam os novos Irmãos pela ação individual, ao sistema de Jean-Baptiste Willermoz, que preserva a regência de um centro constituído hierarquicamente.


A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, no processo de admissão dos candidatos que batem às suas portas, não faz qualquer distinção de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social e credo religioso. Não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma, quer materialista, quer religioso, deixa-os inteiramente livres em suas ações. Além disso, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos ignora a exclusão de membros pelo não pagamento de cotizações e não se ocupa nem de política, nem de religião, uma vez que seus estatutos proíbem terminantemente tais discussões.

No momento, contamos com grupos ativos nas cidades de:


São Paulo (SP)

Rio de Janeiro(RJ)

Porto Alegre (RS)

Curitiba (PR)

Florianópolis (SC)

Belo Horizonte (MG)

Cachoeira do Sul (RS)

Feira de Santana (BA)

Recife (PE)

Natal (RN)

Belém (PA)


Declaração de Princípios

A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, inserida no Movimento Martinista e continuadora dos trabalhos da Ordem Martinista original, tais como estabelecidos por Papus e Chaboseau, é uma associação de natureza iniciática e iluminista – um centro superior de estudos herméticos – voltada a ancorar, preservar e perpetuar as linhagens iniciáticas e os depósitos tradicionais confiados ao seu primeiro G::M:: e fundador. A seguinte declaração de princípios, por conseguinte, é o desdobramento e a expressão dos propósitos que o animaram a criar o grupo, em 2011, e ainda sustentam o seu trabalho na Senda da Iniciação, de sorte que todos os Iniciadores da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos devem a ela aderir sem reservas:


1) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, no processo de admissão dos candidatos que batem às suas portas, não faz qualquer distinção de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social e credo religioso.


2) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é depositária e perpetuadora de uma visão particular da Tradição de Mistérios do Ocidente, costumeiramente denominada Escola Francesa (mas a ela não limitada), cujas origens remontam ao Renascimento da Philosophia Occulta impulsionado por Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant) e ao Roseiral dos Magos do Século XIX. Ela se organiza em completa consonância com a adaptação papusiana do Movimento Martinista, vale dizer, pela união íntima do sistema de Louis-Claude de Saint-Martin, no qual Iniciadores criam novos Iniciadores, desenvolvem a Ordem e amparam os novos Irmãos pela ação individual, ao sistema de Jean-Baptiste Willermoz, que preserva a regência de um centro constituído hierarquicamente


3) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos visa à esmerada e rigorosa formação cultural de seus membros, a fim de lhes permitir transitar livremente pelas mais altas indagações de natureza filosófica e esotérica. Em seu aspecto de academia Iluminista, encontra sua origem em um plano supra-humano e esforça-se por desenvolver a espiritualidade de seus membros pelo estudo do Mundo Invisível e de suas Leis, pelo exercício do devotamento místico e da assistência intelectual, bem como pela criação, em cada espírito, de uma fé cada vez mais sólida, baseada na atitude observativa e empírica e na ciência. Espera-se, assim, que seus membros sempre tenham em mente as altas expectativas neles depositadas por seus professores e, sobretudo, pelo Iniciador, bem como levem tal propósito em consideração ao formular convite de ingresso a novos candidatos, lembrando-se, nessa oportunidade, que se a Iniciação esparge suas luzes para todos, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos aspira à formação de uma elite no seio do esoterismo tradicional.


4) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é, a um só tempo, contemplativa e operativa, mística e mágica. Seu curriculum é estruturado no trivium hermeticum – alquimia, astrologia e teurgia -, secundado por ciências tais como filosofia, psicologia, mitologia, religiões comparadas, cabala, angelologia, magia, adivinhação, psicurgia, magnetismo e outros grandes temas das Tradições Esotéricas do Oriente e do Ocidente. Conforme preconizado por seus fundadores, tal é o caráter da Ordem Martinista, muito embora se compreenda ser impossível encontrá-lo integramente em cada um dos membros da Ordem, pois cada Iniciado representa uma adaptação particular dos seus objetivos gerais.


5) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos veicula uma proposta clássica, uma orientação tradicionalista e, como meta última, a Santa Gnose, velada e revelada no Arcanum Secundum do Liber T.


6) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, reconhecendo nos membros da Fraternidade dos Irmãos Iluminados da Rosa-Cruz a fonte conhecida das sociedades que conservam a Iniciação Hermética, encontra-se submetida ao espírito das regras descritas na Fama fraternitatis Rosae Crucis, cuja leitura e estudo são obrigatórios aos membros, e, em conformidade com o espírito do primeiro Supremo Conselho da Ordem Martinista, perpetua a tradição Rosa-Cruz em seu círculo mais íntimo. Nada obstante, considera a Tradição por ela perpetuada completa em si mesma, de sorte a manter-se vinculada por laços de irmandade às demais Tradições conhecidas por seus membros.


7) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos é permeada misticamente pelo espírito da Cavalaria clássica e imorredoura, perpetuada no coração dos Mistérios do Ocidente.


8) A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos declara que, para todos os fins, IHShVH (יהשוה) é compreendido como o Mistério Inefável da Encarnação do Verbo. A sua associação a qualquer personalidade histórica é matéria de foro íntimo, vez que a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos define-se não propriamente como uma associação cristã, mas, sobretudo, como crestã (do grego, Chrestos). Não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma, quer materialista, quer religioso, deixa-lhes inteiramente livres em suas ações. Dentro do espírito papusiano, a Ordem Martinista deve ignorar a exclusão de membros pelo não pagamento de cotizações e não se ocupa, nem de política, nem de religião, uma vez que seus estatutos proíbem terminantemente essas atividades.


Formação iniciática

A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos visa à esmerada e rigorosa formação cultural de seus membros, a fim de lhes permitir transitar livremente pelas mais altas indagações de natureza filosófica e esotérica. Em seu aspecto de academia Iluminista, encontra sua origem em um plano supra-humano e esforça-se por desenvolver a espiritualidade de seus membros pelo estudo do Mundo Invisível e de suas Leis, pelo exercício do devotamento místico e da assistência intelectual, bem como pela criação, em cada espírito, de uma fé cada vez mais sólida, baseada na atitude observativa e empírica, bem como na ciência. Espera-se, assim, que seus membros sempre tenham em mente as altas expectativas neles depositadas por seus professores e, sobretudo, pelo seu Iniciador, bem como levem tal propósito em consideração ao formular convite de ingresso a novos candidatos, lembrando, nessa oportunidade, que se a Iniciação esparge suas luzes para todos, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos aspira à formação de uma elite no seio do esoterismo tradicional.


A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, a um só tempo, contemplativa e operativa, mística e mágica. Seu curriculum é estruturado no trivium hermeticum – alquimia, astrologia e teurgia -, secundado por ciências tais como filosofia, psicologia, mitologia, religiões comparadas, cabala, angelologia, magia natural, adivinhação, psicurgia, magnetismo e outros grandes temas das Tradições Esotéricas do Oriente e do Ocidente. Conforme preconizado por seus fundadores, tal é o caráter da Ordem Martinista, muito embora se compreenda a impossibilidade de encontrá-lo integramente em cada um dos membros da Ordem, pois cada Iniciado representa uma adaptação particular dos seus objetivos gerais.


Mas, qual é a base de nosso processo iniciático? Um ritual de nossa Ordem assim explica:


“Encerra a filosofia de nosso Venerável Mestre, baseada especialmente nas teorias dos Egípcios, sintetizadas por Pitágoras e sua Escola. Contém, em seu simbolismo, a Chave que abre o mundo dos Espíritos e que não está cerrado; segredo inefável, incomunicável e unicamente compreensível ao verdadeiro Adepto. Este trabalho não profana a santidade do Véu de Ísis por imprudentes revelações. Aquele que é digno e está versado na História do Hermetismo, em suas doutrinas e em seus ritos, em suas cerimônias e hieróglifos, poderá penetrar na secreta, porém real, significação do pequeno número de símbolos oferecidos à meditação do Homem de Desejo.”


Também é válido citar um curto excerto da obra de Valentim Tomberg, o qual descreve brevemente como se dá o processo iniciático dentro da Filosofia Hermética:


“O Iniciado sabe como atingir o saber, isto é, sabe pedir, procurar a resposta e por em ação os meios apropriados para chegar a ela. Assim, a Filosofia Hermética não ensina o que é necessário crer a respeito de Deus, do homem e da natureza, mas ensina como pedir, buscar e bater para se chegar à experiência mística, às luzes gnósticas e ao efeito mágico daquilo que se procura saber sobre Deus, o homem e a natureza. A Filosofia Hermética não é composta da Cabala, da Astrologia, da Magia e da Alquimia. Esses quatro ramos nasceram do tronco e vivem dele, mas não o constituem. O tronco é a unidade manifestada da Mística, da Gnose e da Magia Sagrada. Sobre ele não existem teorias, mas experiências, inclusive a experiência intelectual dos arcanos e dos símbolos. A experiência mística é a sua raiz, a experiência gnóstica da revelação a sua seiva e a experiência prática da Magia Sagrada a sua madeira. Por isso o seu ensinamento – ou o ‘corpo’ da tradição – consiste em exercícios espirituais e todos os seus arcanos são exercícios espirituais práticos cujo fim é despertar camadas cada vez mais profundas da consciência. As ciências ocultas são, pois, derivadas da Filosofia Hermética pela via da intelectualização. Por isso não se deveria considerar os símbolos como expressões alegóricas das teorias ou dos conceitos dessas ciências. Porque a verdade é o contrário: as doutrinas das ciências ocultas é que são derivadas dos símbolos e devem ser consideradas como expressões intelectualmente ‘alegóricas’ dos símbolos do Esoterismo Hermético.”


Em suma, somos uma escola de Alto Hermetismo que prefere a qualidade à quantidade. A Iniciação é o resultado de um ensinamento dependente de um desenvolvimento que parte de uma formação pessoal muito peculiar. Ela é gradual e dá-se conforme as capacidades e possibilidades daquele que pretende seguir as etapas do seu treinamento antes de chegar aos Graus Superiores. Este é o sentimento que podemos extrair de parte do célebre discurso pronunciado por Stanislas de Guaita e que encontramos no seu clássico “No Umbral do Mistério”:


“Fizemos-te iniciar: o papel dos iniciadores deve limitar-se aqui. Se chegares por ti mesmo à inteligência dos Arcanos merecerás o título de Adepto; mas, vê bem; seria em vão que os mais sábios Mestres quisessem revelar-te as supremas fórmulas da Ciência e do Poder mágico. A Verdade Oculta não poderá ser transmitida em um discurso: cada um deve evocá-la, criá-la e desenvolvê-la em si. És Iniciado: aquele que outros colocaram no caminho; esforça-te em chegar a Adepto, aquele que conquista a Ciência por si mesmo; em uma palavra: o Filho de suas obras.”


O discurso de Stanislas de Guaita, cuja extensão impossibilita a sua transcrição integral, merece estudo e reflexão. Nele, é desenvolvida a seguinte doutrina: a Iniciação é, certamente, o resultado de um ensinamento, porém há em seu transcurso um intenso trabalho de formação pessoal. Sem dedicação, empenho e muita disciplina, nenhum progresso é possível. São pilares em que se alicerçam todo e qualquer resultado efetivo no campo do ocultismo prático e, a respeito deles, não há ponderações mais esclarecedoras do que aquelas de Israel Regardie:


“Ao longo dos anos, tenho sido indagado sempre e sempre sobre quais são as mais importantes qualidades que um estudante deve possuir ao aproximar-se da Grande Obra. Além de uma inteligência normal e de estabilidade emocional, eu considero duas outras qualidades como essenciais ao sucesso. Elas são mais bem sintetizadas na seguinte citação.


NADA NO MUNDO PODE SUBSTITUIR-SE À PERSISTÊNCIA.

O TALENTO NÃO PODE; NADA É MAIS COMUM DO QUE HOMENS MAL SUCEDIDOS COM TALENTO.

O GÊNIO NÃO PODE; O GÊNIO NÃO RECONHECIDO É QUASE UM PROVÉRBIO.

A EDUCAÇÃO NÃO PODE; O MUNDO É CHEIO DE INSTRUÍDOS FRACASSADOS.

PERSISTÊNCIA E DETERMINAÇÃO, POR SI SÓS, SÃO ONIPOTENTES.


O martinismo


O que vem a ser, propriamente, o Martinismo?


De um modo muito sintético e despretensioso, podemos definir a Ordem Martinista, também conhecida como “Sociedade dos Filósofos Desconhecidos”, como um corpo iniciático de cunho hermético fundado no final do século XIX, em Paris, pelo médico Gerard Encausse, mais conhecido no meio ocultista por Papus.


Detentor de uma linhagem iniciática que remontava aos círculos místicos criados pelo Marquês Louis-Claude de Saint-Martin, grande teósofo e místico do século XVIII, e associado a Pierre Augustin Chaboseau, possuidor do mesmo legado tradicional, mas por outra via sucessória, Papus fundou uma ordem que, a par de estudar a doutrina e carregar o legado iniciático de Louis-Claude de Saint-Martin, também conhecido como o Filósofo Desconhecido, representou um papel único e fundamental no renascimento ocultista europeu, mais particularmente francês, que já fora iniciado, alguns anos antes, por Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant).


Em poucos anos, dezenas de lojas martinistas espalharam-se pela Europa e pelas Américas, difundindo o trivium hermeticum até hoje componente do curriculum martinista: a astrologia, a alquimia e a teurgia. Isso, sem falar nos estudos tradicionais de religiões comparadas, mitologia clássica, cabala, numerologia, angelologia e outras tantas frentes das assim chamadas ciências ocultas.


Mas qual seria a origem do legado místico de Louis-Claude de Saint-Martin?


Acreditamos ser bastante informar, nesta apresentação meramente introdutória, que o sistema iniciático do Filósofo Desconhecido conta com duas fontes distintas: as operações teúrgicas, vale dizer, de Alta Magia cerimonial, preconizadas pelo seu mestre, Dom Martinez de Pasqually, criador do corpo maçônico conhecido como “Ordem dos Cavaleiros Elus-Cohen do Universo”, e a refinada doutrina mística do teósofo alemão Jacob Boehme, chamado de “Príncipe dos Filósofos Divinos”. Melhor explicando, descontente com as complicadíssimas operações teúrgicas ensinadas por seu mestre, Saint-Martin optou por uma via mística de caráter interno, conhecida por Via Cardíaca, fortemente influenciada pela obra de Boehme.


Outro dos alunos de Pasqually, o comerciante e maçom Jean-Baptiste Willermoz, após o falecimento de seu mestre, optou por organizar as doutrinas do martinezismo no seio da maçonaria regular, dando origem ao Rito Escocês Retificado.


Em sendo assim, podemos dizer, sem receio de erro, que a “Sociedade dos Filósofos Desconhecidos” ou “Ordem Martinista de Papus”, além de se traduzir numa escola autêntica e tradicional da Via Cardíaca, conta com elementos da Via Operativa de Pasqually, encontrando-se estruturada em rituais profundamente simbólicos inspirados em Willermoz, muito embora não seja um rito maçônico e nem pretenda sê-lo.


A filiação à Ordem Martinista é buscada, sobretudo, pela instrução que leva bastante longe o estudante sincero e que compreende o estudo aprofundado das ciências simbólicas e herméticas.


A Ordem Martinista compreende três graus: Associado, Iniciado e Superior Desconhecido (S.I.), conferidos de acordo com rituais que procuram dar a quem os recebe uma ajuda poderosa.


O Martinismo é uma cavalaria, ou por outra, é uma tendência ou corrente cavalheiresca que persegue o aperfeiçoamento individual e coletivo. É necessário, portanto, que o Martinismo, em todas as terras, esteja formado por servidores dedicados e sucessores dos verdadeiros Mestres dessa corrente iniciática, os Superiores Desconhecidos, elos inquebrantáveis da nossa cadeia iniciática.


Bê-a-Bá Martinista

Bê-á-bá Martinista: não entre sem ler!


O Martinismo é uma escola iniciática de misticismo cristão.


Essa definição é clássica, conhecida, mas vem sendo esquecida, dados os vários mal-entendidos que temos notados junto a alguns que manifestam o desejo de se unir a nós.


Assim, preparamos um esclarecimento a esse respeito, em forma de perguntas e respostas, a fim de clarificar em que consiste a nossa escola tradicional.


1) O Martinismo é cristão?

Sim, porque cristãos são os ensinamentos dos principais mestres da nossa corrente iniciática: Martinez de Pasqually, Jean-Baptiste Willermoz e Louis-Claude de Saint-Martin.


2) Eu preciso ser cristão para ser martinista?

Não. Aliás, há martinistas pertencentes a várias denominações religiosas e mesmo há aqueles que não pertencem a nenhuma delas.


3) Eu preciso gostar do cristianismo para ser martinista?

Não necessariamente, mas você deve saber que terá de estudar vários temas ligados ao cristianismo. O que não é permitido entre nós é ter ódio ou ressentimento pelo cristianismo ou por qualquer religião. Os Iniciados martinistas compreendem perfeitamente a profundidade desse ponto que proíbe a intolerância entre nós.


4) A filosofia do Martinismo é a mesma filosofia de alguma igreja ou denominação cristã?

Não. Aliás, o cristianismo não é uma filosofia religiosa necessariamente ligada a essa ou àquela igreja. Cristianismo não é sinônimo de catolicismo, de protestantismo ou de neopentecostalismo.


5) Mas no site de vocês não há seções para duas igrejas: ECASI e EGAL?

Sim, são igrejas irmanadas à nossa ordem, com as quais temos as melhores relações. Mas o Martinismo não se confunde com elas, nem é preciso fazer parte delas só porque se é martinista.


6) Posso ser ligado formalmente a alguma associação, instituição, ordem, fraternidade ou igreja que se coloque frontalmente contra o cristianismo?

Não. Se somos contra qualquer tipo de intolerância e sectarismo, somos igualmente contrários a quaisquer agrupamentos humanos que propaguem a intolerância e o sectarismo seja contra ao cristianismo, seja contra qualquer outra denominação religiosa.


+ In Cruce Salus +


O presente Positio Philosophorum tem como objetivo o posicionamento público da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos quanto aos seus princípios éticos inamovíveis e inderrogáveis.


“A Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, no processo de admissão dos candidatos que batem às suas portas, não faz qualquer distinção de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social e credo religioso.” (Art.1º da Declaração de Princípios)


No que tange os temas apontados no parágrafo anterior, a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos assume o Paradoxo da Tolerância, conforme enunciado pelo filósofo Karl Popper, como relevante bússola a apontar para os seus ideais. Isso porque não basta deixar de fazer tais distinções antifraternas e preconceituosas unicamente no momento do processo de afiliação. Entendemos ser necessário manter atenta vigilância para que tais distinções separatistas não existam no seio da Ordem e, por consequência lógica, não entendemos que seja possível alguém estar verdadeiramente afinado com os propósitos gerais da Ordem caso trate a outrem com distinção em razão de seu sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, raça, condição social ou credo religioso. Sempre que nos deparamos com tal situação no nosso meio, o membro é advertido, recordado do compromisso assumido no momento da sua afiliação e, caso prossiga nessa linha de conduta, é convidado a se retirar.


O mencionado paradoxo busca responder ao seguinte questionamento: uma sociedade tolerante deve tolerar a intolerância?  A resposta é NÃO. Trata-se, realmente, de um paradoxo, mas a tolerância ilimitada pode levar ao desaparecimento da própria tolerância. Quando a tolerância é estendida aos intolerantes, os tolerantes acabam sendo destruídos e a tolerância segue essa mesma sina, juntamente com eles. Esse processo é muito bem ilustrado na emersão de projetos políticos e sociais, quaisquer que sejam, alicerçados em discursos de ódio contra minorias identitárias. Desse modo, Popper conclui que todo movimento que pregue a intolerância e a perseguição deve ser considerado ilegal. Por mais paradoxal que seja, defender a tolerância exige não tolerar o intolerante.


O Caminho Martinista é uma senda formada por sínteses: Caminhos Místico e Operativo, Esoterismos do Ocidente e do Oriente, Vias Seca e Úmida, Peregrinação Solitária e Cavalaria do Altruísmo, Coração e Intelecto, Matéria e Espírito, Trabalho e Oração. Consoante os ensinamentos transmitidos pelos símbolos que nos são revelados na Iniciação, reconhecemos uma Unidade Maior subjacente à multiplicidade aparente e o olhar do martinista é desde o início orientado para ela, para o Centro que, no homem, encontra no coração a sua maior representação. O martinista, nesse contexto, é um Buscador dessa Verdade e, ao mesmo tempo, um Cavaleiro do Altruísmo, dedicado ao “combate ao mal oriundo da insensatez e da ignorância” e à defesa de quem está sendo oprimido ou precisando de auxílio.


Em tempos como os atuais, ressoamos com as palavras de Paulo Freire: “nós somos divergentes, mas nós temos um campo antagônico a enfrentar”. No contexto da Tradição da Ordem Martinista, tais ideias e palavras poderiam ser traduzidas do seguinte modo: em nosso seio, há espaço para a divergência, seja ela política, religiosa etc. No nosso seio, há espaço para a multiplicidade das singularidades humanas, afinal, é a partir da multiplicidade que perceberemos a Luz da Unidade. Em nosso seio, contudo, NÃO há e NÃO deve haver espaço para aquilo que constrange a dignidade humana, apequena o ser humano, incentiva o ódio, a intolerância, a violência e o preconceito. Noutras palavras, NÃO há e NÃO deve haver espaço para aquilo que esfacela a multiplicidade. O campo antagônico à Unidade Maior e ao seu reconhecimento na multiplicidade é onde travamos o nosso “Bom Combate”. A Verdade emana de fontes diversas, não podendo haver qualquer forma de exclusivismo quanto à sua posse. O martinista não deve se inclinar ao moralismo ou a uma postura dogmatizante, mas deve permanecer sempre um humilde buscador da Verdade e, ao mesmo tempo, velar pela senda da Unidade.


O moralismo e a subversão dos ensinamentos de compaixão das grandes correntes religiosas entristecem o coração do iniciado que neles reconhece o perverso fruto da ignorância. Como compreender, por exemplo, o cristão que endossa a apologia à tortura e à violência? O caminho martinista, por sua vez, está alicerçado na prática cardíaca e interior, que define o sentido de toda uma expressão exterior na vida do iniciado. Trata-se de um compromisso ético-moral do iniciado de transpor os ditames teóricos e, com disciplina e afinco, levá-los à realização em prol da Reintegração de TODOS os Seres. Tal qual o voto do Bodhisatva no Budismo Mahayana, que não descansará enquanto toda a humanidade tenha atingido a liberação definitiva, um martinista deve se empenhar para que toda a humanidade se reintegre ao seu estado primitivo de glória.


Não é difícil compreender, portanto, o quão distante desse ideal se encontra a sanha por legitimar diversas violências, sejam elas dirigidas contra negros, homossexuais, mulheres, não-cristãos e até mesmo contra a natureza, o saber científico, a saúde e o patrimônio ecológico, pois produz danos irreversíveis à sociedade e a toda a realidade ao nosso entorno. Conforme a reflexão da historiadora Karen Armstrong, tais violências, cada vez mais presentes nas redes e nas mídias, encontram sua origem na defesa de um “deus pessoal” que, na verdade, é um reflexo míope e distorcido das crenças, desejos, preconceitos e temores de um grupo de seguidores. Nessa configuração, tal “divindade” representa os pensamentos e as projeções daquilo que seus criadores amam, acreditam e odeiam, movimentando-se o grupo pelas veredas de um discurso pernicioso que vê o diferente e a diversidade como inimigos a serem combatidos, derrotados e aniquilados. De igual forma, a distopia da “divindade” ameaça a vida e a própria civilidade ao chancelar a disseminação do discurso odioso na sociedade sob a justificativa de um “ordenamento divino” que validaria os mais diversos atos criminosos. O Caminho, conforme compreendido pela Tradição Martinista, definitivamente não é esse.


Frise-se que, neste Positio Philosophorum, não estamos defendendo ou criticando este ou aquele ideário partidário. Pouco nos importa que nossos membros se inclinem politicamente para a esquerda ou para a direita, para o socialismo ou para o liberalismo. Estamos a tratar dos princípios pétreos subjacentes à dignidade de todo e qualquer ser humano, os quais lamentavelmente vem sendo mais e mais esquecidos contemporaneamente, onde os matizes saturninos da Era de Aquário, ainda incipientes, vêm trazendo à tona doutrinas e ideias contrárias à dignidade e à fraternidade humana.


Noutro artigo da nossa Declaração de Princípios, lemos informações relevantes para este Positio Philosophorum:


“Não exigindo nenhum juramento de obediência passiva de seus membros e não lhes impondo nenhum dogma, quer materialista, quer religioso, deixa-lhes inteiramente livres em suas ações. Dentro do espírito papusiano, a Ordem Martinista deve ignorar a exclusão de membros pelo não pagamento de cotizações e não se ocupa, nem de política, nem de religião, uma vez que seus estatutos proíbem terminantemente essas atividades.” (Art.8º da Declaração de Princípios)


Ainda que não se ocupe de religião, nem tampouco de política, no sentido de sectarismo religioso e de partidarismo político, a Ordem Martinista perpetua uma Tradição e um modo de vida que engloba valores e princípios éticos que lhe são próprios. Eles estão presentes nos ritos iniciáticos, nas instruções, nos catecismos e nos muitos outros documentos que compõem o nosso depósito tradicional, dentre os quais destacamos a “Declaração de Princípios da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos”, o “Código da Cavalaria Iniciática” e o “Grande Juramento do Círculo dos Filósofos Desconhecidos”. Deles, os dois primeiros, a Declaração (Declaração de Princípios – IFD (filosofosdesconhecidos.com.br)) e o Código (A Guarda da Cavalaria Iniciática – IFD (filosofosdesconhecidos.com.br)) são públicos e estão inteiramente publicados neste domínio. Quanto ao “Código da Cavalaria Iniciática”, destaque-se que uma das Ordens a adotá-lo é justamente a Ordem Rosacruciana que repousa no seio da Ordem Martinista – a Ordem dos Irmãos Iluminados da Rosa+Cruz. O “Grande Juramento”, por sua vez, é uma síntese dos juramentos e compromissos assumidos por cada Irmão Martinista no transcurso dos Graus da Ordem e, para conservar o sigilo inerente a esse aspecto do Caminho da Iniciação, ainda que completamente consoante com o presente Positio Philosophorum, ele será mantido sob o manto.


Aliás, talvez nem todos saibam que, entre os fundadores da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos, havia irmãos negros e não cristãos, que alguns dos principais dirigentes da Ordem são homossexuais e que dentre os cargos e ofícios mais elevados da nossa organização encontram-se muitas mulheres. Seria, assim, o cúmulo da contradição e mesmo da hipocrisia que não nos manifestássemos contra ideias que promovem o racismo, a intolerância religiosa, a homofobia e a misoginia.


Hannah Arendt, que foi chamada para assistir ao julgamento de Adolf Eichmann, um dos responsáveis pelos crimes humanitários e pelo genocídio cometido pelos nazistas, escreveu a respeito da Banalidade do Mal – o mal banal do indivíduo. No julgamento, Eichmann jamais se responsabilizou pelos crimes cometidos, mas se justificou com o argumento de que seguia ordens, o governo e as leis do Estado, de modo a acreditar em sua inocência. A conclusão de Arendt foi a de que o mal praticado por Eichmann não era um mal demoníaco, mas constante, que fazia parte do dia a dia dos oficiais nazistas como instrumento de trabalho. Nesse contexto, definiu-se que a banalidade do mal é um mal em si mesmo, cuja prática foi tornada comum (tal como aquele responsável pelo assassinato de Constant Chevillon, nosso Mestre do Passado, martirizado no transcurso da ocupação nazista na França). Arendt também afirmava que o uso do argumento de que Eichmann lançou mão para se justificar levaria à ascensão de regimes totalitários e à banalização da razão e da coerência do ser humano.


Em um momento como o atual, quando o mal novamente se banaliza de maneira generalizada pela sociedade, a direção da Irmandade dos Filósofos Desconhecidos sente-se no dever de se posicionar a favor da coerência. Em consonância com o pensamento de Arendt, apostamos na liberdade de cada indivíduo quanto a tomar as suas próprias decisões e, como martinistas, velamos para que elas sejam alicerçadas na reflexão e na racionalidade que visa ao interesse comum e ao bem da coletividade. Desse modo, ainda que permaneçamos apartidários, opomo-nos e seguiremos nos opondo a qualquer manifestação política ou social que esteja a favor de um regime que oprima o ser humano em razão de sexo, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, condição social ou credo religioso. A ética, o respeito e a virtude devem orientar o caminho do iniciado e devemos sempre nos lembrar de extratos como os que seguem:


“Devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, encontrando, na Imitação de Cristo, uma importante chave para a elevação da alma.” (Art. 1º do Código da Cavalaria Iniciática)


“Devemos assumir responsabilidade por nossas ações, preservar a pureza de propósito em cada um de nossos atos, observar a prudência e nos conservar coerentes para com nossos votos e solenes compromissos.” (Art. 9º do Código da Cavalaria Iniciática)


“Devemos defender a liberdade, reconhecendo a fagulha divina presente em cada um dos seres, conservando a tolerância e a paciência, e promover a justiça para com os fracos e oprimidos.” (Art. 12º do Código da Cavalaria Iniciática)


“Devemos combater a ignorância e o mal que dela se origina, viabilizando o acesso ao conhecimento, incentivando o cultivo da sabedoria e fortalecendo o enfrentamento do obscurantismo, da alienação e da manipulação da mente fraca.” (Art. 14º do Código da Cavalaria Iniciática)


Sâr Appolonius, PR+C                                    Sâr Pelicanus, PR+C


        Grão-Mestre                                          Grão-Mestre Adjunto



Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos

Em 2011, Sâr Fabre d’Olivet (aka Sâr Apollonius), fundou a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos com o intuito declarado de criar o melhor material martinista teórico e prático que lhe fosse possível.


De 2011 a 2013, Sâr Fabre d’Olivet trabalhou sozinho nessa empreitada até que a Providência fez seus caminhos se cruzarem com os de Sâr Pelicanus, que à época já se preparava para trazer a British Martinist Order (BMO) para o Brasil.


E foi assim que ambos, desde então, uniram seus esforços na criação de material de estudo e de práticas para todos os três graus da Ordem Martinista, bem como rituais e operações teúrgicas a serem realizados em templos martinistas. Esse conjunto de escritos é o que se decidiu nomear de Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos (SIFD), o qual inicialmente foi usado na BMO e na IFD.


Ademais, mesmo depois do desligamento de Sâr Pelicanus e de Sâr Fabre d’Olivet da BMO, o Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos (SIFD) continuou a ser desenvolvido, crescendo em quantidade e qualidade. Hoje, estão autorizadas a usarem o Sistema Iniciático dos Filósofos Desconhecidos (SIFD) a Irmandade dos Filósofos Desconhecidos (IFD), a Ordem Martinista da Rosa+Cruz Dourada (OMR+CD) e outros grupos martinistas internacionais aos quais ambas essas organizações se encontram irmanadas.


Outras vias tradicionais

Àqueles verdadeiramente dedicados à Iniciação perpetuada pela Tradição Esotérica Ocidental, após anos de formação marcada pelo estudo teórico aprofundado de textos tradicionais e pela prática disciplina de exercícios espirituais, abrimos as portas a outras vias tais como o Rosacrucianismo, o Pitagorismo e outras fraternidades autênticas e tradicionais, cujos nomes não se costuma enunciar ao grande público.


A via cavalheiresca

Os nobres cavaleiros, utilizando as suas belas armaduras e portando as suas espadas, tornaram-se figuras célebres em diversas histórias e mesmo em contos épicos medievais. Até hoje, cada um tem a sua imagem do que seria a Cavalaria na Idade Média. Era de se esperar, assim, que os grandes místicos e esoteristas do passado também incorporassem essa imagem à Tradição Esotérica Ocidental.


A partir daí, vemos o nascimento de uma forma de Cavalaria Moral, colocando a prática das virtudes e o aprimoramento individual como ideais acima de qualquer espécie de combate físico. Dentre as representações simbólicas mais conhecidas para desenvolver essa ideia há aquela da busca do Santo Graal.


Mesmo antes dos contos épicos dos trovadores, já poderíamos observar o desenvolvimento dos ideais da Cavalaria Espiritual. O historiador Henry Corbin desenvolve o tema e pontua que tal Cavalaria está presente em todas as três religiões abraâmicas, chegando mesmo a traçar paralelos com os Fravartis do Zoroastrismo, seres que receberam a missão de restabelecer a harmonia do mundo já nos primeiros instantes da Criação, pontuando, por analogia, que essa é a natureza essencial do próprio Homem Primordial. Tal Cavalaria liga o iniciado a essa corrente integrada pelos Eleitos e Grandes Iniciados que se empenham, desde os primórdios da humanidade, para o advento do Alvorecer, que trará novamente a Luz ao mundo e religará o homem ao Pai Celestial.


Desde o século XVII (e principalmente o XVIII), surgiram correntes tradicionais, históricas ou simbólicas, baseadas nos ideais da Cavalaria. Atenção especial foi dada à Ordem dos Cavaleiros Templários nesse processo, mas a ligação a essa organização é evocada por símbolos e alegorias, e não necessariamente por uma causalidade histórica cronológica.


Espera-se daquele que ingressa em uma via cavaleiresca que, simbolicamente, desenvolva em si mesmo as condições morais e espirituais que lhe permitirão, de fato, ser um Cavaleiro, cuja busca será o Santo Graal, misteriosamente guardado pela Milícia Celeste.