quarta-feira, 27 de outubro de 2021
A Magia no Renascimento
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
Celtiberos
De celtiberos (ou celtibéricos) designam-se os povos ibéricos pré-romanos celtas ou celtizados que habitavam a Península Ibérica desde finais da Idade do Bronze, no século XIII a.C., até à romanização da Hispânia, desde o século II a.C. ao século I. O termo denomina também genericamente os idiomas que utilizavam. Dentre esses povos existe um expressamente denominado celtibero, que habitava a região oeste da Cordilheira Ibérica, a Celtibéria, embora também há quem integre outros povos nesse grupo étnico, tais como os vetões, váceos, lusitanos, carpetanos ou célticos.
Foram descritos por historiadores como Ptolomeu, Estrabão, Marcial ou Tito Lívio entre outros.
Para Plínio, os celtas da Península Ibérica eram oriundos de tribos migrantes dos célticos da Lusitânia, região que o escritor romano parece considerar como o berço de toda a população celta da Península, incluindo os celtiberos, baseando-se na identidade de ritos sagrados, língua, e nomes de cidades.
É difícil atribuir os territórios e fronteiras concretas a este amálgama de povos, devido à escassa documentação histórica existente e à quantidade de hipóteses sugeridas pelos vestígios arqueológicos encontrados, mas a sua geografia contrastada e hipotética é denominada Celtibéria.
Pensa-se que a Península Ibérica era habitada inicialmente por povos autóctones, que vieram a ser conhecidos como iberos. Posteriormente, cerca de 1 000 a.C. ou antes, chegaram à região povos indo-europeus de origem celta, que coexistiram com os iberos habitando regiões distintas. A ideia de que, na meseta central, esses povos celtas mesclaram-se com os povos iberos dando origem aos celtiberos está cada vez mais distante da realidade.
Não há, contudo, unanimidade quanto à origem desses povos entre os historiadores. Para outros autores, tratar-se-ia de um povo celta que adaptou costumes e tradições ibéricas, assim como há quem considere que os romanos os viam como resultado da fusão das culturas do povo celta e do povo ibero, diferenciando-se assim dos seus vizinhos, tanto dos celtas do planalto como dos iberos da costa.
Estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava as tribos, embora cada uma dessas fosse autónoma, numa espécie de federação. Essa organização social e a sua natural belicosidade permitiram a esses povos resistir tenazmente aos invasores romanos até cerca de 133 a.C., com a queda de Numância.
Várias foram as ocasiões em que os celtas se impuseram aos indígenas na Idade do Bronze e foram assimilados com mútua influência cultural, evoluindo face a um sistema halstático e mais tarde a um consolidado sistema pós-halstático, ou então convertido numa cultura celtibérica por toda a sua magnitude, no século V a.C.
Escrita celtibérica
A escrita celtibérica é uma escrita paleohispânica que expressa língua celtibérica, usada pelos celtiberos. Esta escrita é uma adaptação directa da escrita ibérica nororiental. Como a maior parte das outras escritas paleohispânicas, à excepção do alfabeto greco-ibérico, esta escrita presenta signos que representam consoantes e vogais, como os alfabetos, e signos que representam sílabas, como os silabários. A sua utilização é conhecida entre os séculos II e I a.C. no interior da Península ibérica (Guadalajara, Soria, Zaragoza). Os seus textos apresentam-se quase sempre da esquerda para a direita.
Língua celtibérica
O celtibérico ou celtibero (também conhecido como hispano-celta do nordeste) é uma língua indo-europeia extinta do ramo celta, falada pelos celtibéricos na região da Península Ibérica localizada entre as águas dos rios Douro, tejo, Júcar e Turia e do Ebro. O idioma foi atestado através de cerca de duzentas inscrições datadas dos séculos II e I a.C., quase todas na escrita celtibérica, uma adaptação direta da escrita do nordeste ibérico, embora algumas estejam no alfabeto latino. As inscrições mais longas em celtibérico são as encontradas nas três placas de Botorrita, placas de bronze encontradas em Botorrita, perto de Saragoça, que datam do início do século I a.C., e que receberam o nome de Botorrita I, III e IV (a 'Botorrita II' está em latim).
Características
O Celtibero foi uma língua produto da mestiçagem entre Celtas e Iberos residentes na zona das mesetas espanholas.
O Celtibero foi uma língua Celta Q, mas a sua mestiçagem com a língua ibera não permite chamar-lhe celta propriamente.
Guerras celtiberas
Guerras celtiberas ou guerras celtibéricas são as guerras realizadas ao longo dos séculos III e II a.C. entre a República Romana, na época em franca expansão, e vários povos celtiberos distintos que habitavam a região do médio Ebro e as cordilheiras no interior. O resultado final foi a anexação da região chamada Celtibéria ao território dos romanos.
Com a chegada dos romanos, os celtiberos, que até então eram governados por "príncipes e não por reis" se juntaram em uma grande confederação e passaram a exercer sua influência em regiões muito mais distantes de seu território até então. As relações entre a Celtibéria e a Oretânia, no vale do alto Bétis, eram intensas[4]. Esta unificação não parece ter sido obra de nenhum líder político ou militar e sim um processo interno no qual o papel mais importante coube aos proprietários das ricas minas da região.
As fontes clássicas, ao se referirem à Celtibéria, mencionam um país pobre, com clima rigoroso e esparsamente habitado. A principal atividade econômica era a criação de gado, especialmente por causa da pobreza do solo, do desconhecimento de técnicas agrícolas avançadas e a concentração da riqueza numa hierarquia guerreira. A desigualdade resultante se traduziu na organização de bandos de mercenários e salteadores que buscavam no uso da força uma saída para a pobreza extrema.
As estimativas indicam que a população da Celtibéria pré-romana seria algo entre 225 e 585 000 pessoas com base numa densidade demográfica estimada de cinco a treze habitantes por quilômetro quadrado num território de aproximadamente 45 000 km². Com esta base populacional, os estudiosos modernos estimam que a região abrigavam entre 18 000 e 50 000 guerreiros (chamados iuventus) com habilidades militares, cifras confirmadas também pelo tamanho dos maiores exércitos celtiberos citados nas fontes, com entre 15 e 35 000 soldados.
Guerras celtiberas
As menções sobre os celtiberos, que já eram conhecidos dos romanos por terem atuado como mercenários nos exércitos cartagineses na Segunda Guerra Púnica, nas obras de autores clássicos costumam fazer referências explícitas à sua belicosidade. Segundo Diodoro Sículo:
“ ...este povo envia para a guerra não apenas uma excelente cavalaria, mas também uma infantaria que se destaca por seu valor e resiliência ao sofrimento. Eles vestem ásperas capas negras, cuja lã lembra o feltro. No que tange às armas, alguns celtiberos utilizam escudos leves semelhantes ao dos celtas e grandes escudos redondos do tamanho do áspide grego. Nas pernas e nas canelas trançam tiras de crina e cobrem suas cabeças com elmos de bronze adornados com cimeiras vermelhas. Usam espadas de dois gumes forjadas em excelente aço e usam também, para o combate corpo-a-corpo, punhais de um quarto de comprimento. Utilizam uma técnica especial na fabricação de suas armas: eles enterram peças de ferro e as deixam enferrujar por algum tempo aproveitando somente o núcleo, com o qual fabricam magníficas espadas e outras armas. Uma arma fabricada desta forma corta qualquer coisa que encontrem pela frente e, por isto, não há escudo, elmo ou corpo que resista ao seu golpe... ”
— Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica.
Quando os romanos desembarcaram em Ampúrias, em 218 a.C., sua pretensão era cortar a fonte de suprimentos, tanto materiais quanto humanos, que abastecia o exército de Aníbal. Depois da expulsão dos cartagineses, os romanos decidiram permanecer na Ibéria, ocupando inicialmente o Levante e a Andaluzia, as regiões mais ricas e desenvolvidas.
Desde a revolta de 195 a.C., os celtiberos já vinham atuando como mercenários dos turdetanos, vencidos pelo cônsul romano Catão, o Velho, que retornou à sua base em Tarraco atravessando, pela primeira vez, a Celtibéria para organizar a exploração sistemática das novas províncias romanas da Hispânia Ulterior e Citerior.
Primeira Guerra Celtibera (181-179 a.C.)
A Primeira Guerra Celtibera foi um conflito defensivo da parte dos romanos, que tentaram impedir a união e a projeção do poderio militar dos celtiberos pelas fronteiras da Meseta até a Hispânia Ulterior, o vale do Ebro e o Levante peninsular. Em 193 a.C., o procônsul Marco Fúlvio Nobilior venceu uma coalizão de váceos, vetões e celtiberos (lusões) perto de Toleto, capturando vivo o seu líder, Hilerno. Os sobreviventes se refugiaram na cidade lusa de Contrebia Belaisca ("Complega" segundo Apiano), que foi tomada por Nobilior como retribuição pela revolta.
A conquista da Celtibéria foi iniciada em 181 a.C. por Quinto Fúlvio Flaco, que venceu os celtiberos e anexou parte de seus territórios, recebendo por isto a honra de uma ovação em 191 a.C.. Em 180 a.C., Tibério Semprônio Graco, procônsul da Hispânia Citerior, deu início a uma campanha para submeter os celtiberos da Meseta Norte e marchou da Bética para levantar um cerco de 20 000 celtiberos à cidade de Caraues (moderna Magallón), aliada dos romanos, com uma força de 8 000 legionários e 5 000 cavaleiros. Ele tomou Contrébia e os povoados vizinhos, repartindo as terras entre seus aliados e fundando Gracurris (Alfaro) para abrigar os celtiberos sem terras. No ano seguinte, Graco derrotou os celtiberos na "Batalha de Moncaio" e encerrou definitivamente a revolta, limitando radicalmente a expansão celtibera para fora dos limites de seu próprio território.
Graco acertou tratados com as tribos dos belos e dos títios, pacificando as tribos locais e atraindo-as para a esfera de influência romana. Pelos termos acertados, os ópidos celtiberos deveriam pagar um tributo anual e prestar serviço militar nas legiões romanas. Em troca, podiam manter sua autonomia, desde que não murassem novamente suas cidades. Estes tratados seriam futuramente invocados em múltiplas ocasiões durante as guerras que se seguiriam.
O governo instituído por Graco não era muito diferente do deixado por Catão, o Velho, uma década antes. Seu objetivo continuava sendo consolidar a paz e integrar as províncias hispânicas à administração romana. A postura de Roma, agravada pelos problemas sociais e pela pobreza da população local, forçada ao banditismo contra as províncias do sul, muito mais ricas, acabariam resultando em novos conflitos.
Segunda Guerra Celtibera (154-152 a.C.)
A desculpa para o começo da segunda fase da guerra se deu em 154 a.C., quando a cidade de Segeda, a capital dos belos, reformou e ampliou suas fortificações defensivas. O Senado Romano considerou este ato como uma infração dos termos do antigo acordo de Graco, firmado 25 anos antes, e uma ameaça aos interesses romanos na Hispânia. Apesar disto, Políbio atribuiu a guerra ao comportamento dos governadores romanos, que tornaram insuportável a ocupação para os povos locais.
Os senadores proibiram a continuação da obra em Segeda e exigiram o pagamento imediato do tributo estabelecido no tratado de Grado. Os segedenses argumentaram que a muralha era uma ampliação de uma obra pré-existente e não uma nova construção e que o tributo lhes havia sido isentado depois de Graco.
Roma enviou Quinto Fúlvio Nobilior à frente de 30 000 homens para lidar coma situação. Quando os habitantes de Segeda souberam da chegada dos romanos, fugiram para Numância, ópido da tribo dos arévacos, onde escolheram como chefe de belos e arévacos um tal Caro de Segeda. Nobilior marchou pelo vale do Ebro até Segeda e destruiu a cidade, tomou Ocilis (moderna Medinaceli) e avançou por Almazán até a Numância. No caminho, Caro, com 20 000 infantes e 5 000 cavaleiros, conseguiu emboscar os romanos e infligiu-lhes 6 000 baixas. Contudo, empolgados pela vitória, os soldados de Caro perseguiram os romanos de forma desordenada e, quando a cavalaria romana contra-atacou, Caro foi morto e o exército romano acabou se salvando. Nobilior continuou a marcha até a Numância e recebeu ali reforços enviados pelo rei númida Massinissa, que incluíam dez elefantes de guerra. As grandes bestas foram responsáveis por uma nova derrota romana quando correram pelas suas próprias linhas depois de atacadas. Depois de sucessivas derrotas, a cidade de Ocilis, onde estavam seus suprimentos e seu dinheiro, se revoltou e Nobilior não teve outra opção além de acampar ali perto para o inverno. Muitos romanos morreram na região por causa do frio e das constantes investidas das populações locais.
No ano seguinte chegou o sucessor de Nobilior, o cônsul Marco Cláudio Marcelo, com mais 8 000 soldados e 500 cavaleiros. Ele cercou Ocilis e ofereceu perdão. Diante das condições magnânimas, reféns e cem talentos de prata, Nertóbriga também pediu a paz. Marcelo lhes impôs a condição de que todos os povos, arévacos, belos e títios, aceitassem simultaneamente a paz entre si (os primeiros eram inimigos de Roma e os outros dois, aliados), o que conseguiu com exceção de alguns povoados que se opuseram por terem sido atacados por outros durante a guerra. Marcelo decidiu enviar embaixadores de cada parte para que decidissem entre si os termos da paz e recomendou ao Senado a aprovação dos tratados resultantes. Contudo, o Senado desprezou os esforços de Marcelo e preparou um novo exército, sob o comando de Lúcio Licínio Lúculo e de seu segundo no comando, Cipião Emiliano.
Marcelo declarou novamente a guerra aos celtiberos, que tomaram o ópido de Nertóbriga, e perseguiu os numantinos, encurralando-os em sua capital, Numância. O líder numantino, Liteno, pediu a paz em nome de todas as demais tribos. Marcelo mais uma vez exigiu reféns e dinheiro e aceitou a paz antes da chegada de Lúculo, frustrando as intenções do Senado.
Terceira Guerra Celtibera (143–133 a.C.)
Em 143 a.C., os celtiberos se revoltaram novamente, principalmente por conta da exigência do Senado Romano de uma rendição incondicional e da ganância dos sucessivos governadores provinciais, que simplesmente ignoravam os termos do acordo firmado por Cláudio Marcelo em 152 a.C. Os romanos já vinham sendo sucessivamente derrotados na Guerra Lusitana pelo general Viriato, que servia de exemplo para as demais tribos da região na luta contra a dominação romana.
Roma enviou o cônsul Quinto Cecílio Metelo (143 a.C. e procônsul em 142 a.C.), que havia vencido Andrisco na Quarta Guerra Macedônica, à frente de 40 000 homens para iniciar pacificação da Celtibéria. A campanha começou com a captura de várias cidades, incluindo Nertóbriga, incluindo aquelas com a qual já haviam sido firmados pactos de amizade anteriormente. Cecílio Metelo cercou Numância, a capital dos arévacos, mas não conseguiu capturá-la. Com a chegada do inverno e por conta dos incessantes ataques dos numantinos, os romanos foram obrigados a levantar o cerco e recuaram para seu acampamento de inverno.
O sucessor de Metelo, em 141 a.C., foi o cônsul Quinto Pompeu, que chegou com um exército de 30 000 infantes e 2 000 cavaleiros. Depois de ser derrotado pelos numantinos, Pompeu marchou para Termância, que considerava ser um alvo mais fácil, mas foi vencido novamente, sofrendo graves perdas de homens e suprimentos. Temendo ser reconvocado a Roma para prestar contas ao Senado, Pompeu deu início a conversas de paz com os numantinos, chegando a um acordo antes da chegada de seus sucessor, em 139 a.C., Marco Popílio Lenas. O novo cônsul não aceitou o tratado, que não havia sido ratificado pelo Senado e pelo povo romano. Ele enviou embaixadores a Roma para defenderem a continuidade da guerra, apesar dos protestos de Pompeu, e eles acabaram convencendo o Senado a continuar a guerra. Popílio Lenas atacou Numância e também foi derrotado com grande perda de vidas. Depois, atacou os lusões, mas sem conseguir nenhum resultado positivo.
O cônsul de 137 a.C., Caio Hostílio Mancino, chegou com um exército de 22 000 homens, incluindo Tibério Semprônio Graco, que atuou como questor. Mancino enfrentou muitas vezes os numantinos, mas foi sucessivamente derrotado. Quando um rumor se espalhou de que cântabros e váceos viriam para ajudar a Numância, Mancino levantou o cerco e se refugiou no antigo acampamento de Fúlvio Nobilior, nos arredores de Almazán. Quando percebeu que estava completamente cercado pelos numantinos, Mancino se rendeu. Os numantinos então exigiram um tratado, negociado por Tibério Graco, com paridade de direitos. Apesar do reconhecimento das conquistas anteriores de Roma, o Senado Romano considerou este o mais vergonhoso tratado já firmado pela República Romana. Os senadores enviaram Emílio Lépido para assumir o comando da Hispânia Ulterior e reconvocaram Mancino para ser julgado em Roma, onde chegou acompanhado pelos embaixadores de Numância. Lépido atacou os váceos usando como pretexto uma suposta ajuda oferecida aos numantinos. Quando o Senado soube dos termos do acordo, Mancino perdeu seu mandato e seu comando militar e foi obrigado a se entregar pessoalmente aos numantinos, assumindo a responsabilidade pelo tratado. Ele passou um dia inteiro diante dos portões da cidade, mas os numantinos não o aceitaram justamente para romperem os termos acordados.
Apesar de o tratado não ter sido ratificado, Roma manteve uma trégua de facto pelos três anos seguintes. Entre 137 e 135 a.C., nem Emílio Lépido, nem Lúcio Fúrio Filo e nem Quinto Calpúrnio Pisão reiniciaram o conflito.
Porém, em 134 a.C., a pedidos da população romana e graças a um processo jurídico extraordinário, Cipião Emiliano, o vencedor de Cartago, foi eleito cônsul novamente sem que houvesse transcorrido os dez anos de intervalo entre os mandatos como mandava a lei. Decidido a continuar a luta e tendo que enfrentar uma proibição de novos alistamentos, Emiliano formou uma "coorte de amigos" (em latim: "cohors amicorum") com cerca de 4 000 homens, entre os quais personalidades muito conhecidas, como Caio Mário, Políbio e Jugurta, o neto do rei númida Massinissa. Ao chegar à Península Ibérica, Emiliano reorganizou e disciplinou as tropas que já se encontravam na província, totalmente desmoralizadas por conta das sucessivas derrotas perante os numantinos. Durante o verão, os romanos saquearam o território dos váceos para impedir que eles ajudassem os numantinos e, na primavera de 133 a.C., começou o cerco final a Numância, executado por um imenso exército de 60 000 homens. Emiliano cercou a cidade com sete acampamentos, fossos e torres de vigilância (circunvalação) e bloqueou o Douro para impedir que suprimentos chegasse à cidade. Todas as tentativas de furar o cerco e todos os pedidos de ajuda a outras cidades fracassaram. Retógenes, o Carâunio, conseguiu vencer o cerco, mas só recebeu ajuda dos jovens da cidade de Lutia, ansiosos por fama e glória. Os anciões, temendo a vingança dos romanos, avisaram Emiliano, que cercou Lutia e mandou cortar as mãos de todos os 400 jovens. Diante da situação precária em que estavam, os numantinos enviaram embaixadores, sob a liderança de Avaros, ao general romano para entenderem quais seria as condições para um acordo, mas sem sucesso. A cidade arévaca foi então subjugada pela fome e todos os seus habitantes ou morreram de fome ou foram vendidos como escravos. A destruição de Numância, que permaneceu desabitada até o começo do período imperial, pôs fim às Guerras celtiberas e, apesar de outras revoltas no século I a.C. (Guerra Sertoriana, Guerra Cimbria), os celtiberos, como povo, jamais voltaram a incomodar os romanos.
Consequências
A Celtibéria passou por muitos anos de guerra contínua e terminou o conflito com seu território completamente devastado e a maior parte dos povoados, destruídos. Roma também sofreu por conta da longa duração das guerras. Os problemas do sistema político-legislativo republicano ficaram evidentes, especialmente a rigidez do mecanismo jurídico das eleições e as intensas rivalidades internas entre as muitas facções senatoriais. Além disto, o contínuo alistamento dos camponeses itálicos, a base do exército romano, para as sucessivas campanhas elevou grandemente as tensões sociais na península Itálica, culminando logo depois nos conflitos provocados pelos irmãos Graco. O alistamento realizado por Cipião Emiliano entre seus clientes e amigos serviu de precedente para outros posteriores, um esboço dos métodos principescos que, no século seguinte, acabariam definitivamente com o regime republicano, substituído pelo Império Romano.
A Linhagem da Serpente
"Júpiter foi o Primeiro e o Último, Júpiter é a cabeça e o meio; Dele provieram todas as coisas. Júpiter foi homem e Virgem Imortal. Júpiter é o fundamento da terra e dos céus; Júpiter é o sopro que anima todos os seres; Júpiter é a origem do fogo, a raiz do mar; Júpiter é o Sol e a Lua. Júpiter é Rei, só Ele é o Criador de Todas as Coisas. É uma Força, um Deus, Grande Principio de Tudo; um só corpo excelente, que abarca todos os seres, o fogo, a água, a terra e o éter, a noite e o dia, Mêtis, a primeira criadora, e o Amor cheio de encantos. Todos esses seres estão contidos no imenso corpo de Júpiter..."
Hino Órfico conservado por Estobeu.
Podemos observar que Iupiter é uma projeção ou "cópia" dos aspectos que definem o caráter do demiurgo e que ele possui múltiplos atributos ou facetas, tal como o demiurgo é representado pelos muitos nomes e aspectos sefiróticos da árvore da vida (Otz Chiim). Entretanto, devemos compreender que todos os panteões de deuses em todas as nações, são projeções geradas das fagulhas de luz que se alojam nas cascas de yetzirá somada às energias desprendidas pela humanidade.
Daremos como exemplo o que Dion Fortune nos tem a oferecer em seu aclamado livro "Cabala Mística":
"Voltará ela aos planos da forma ou ser-lhe-á permitido passar à luz? A questão é: "Acreditas nos deuses?". Se responder "Sim", a alma errará nos planos da ilusão, pois os deuses não são pessoas reais no sentido em que entendemos a personalidade. Se responder "Não", será expulsa, pois os deuses não são ilusões. O que deverá ela responder?
A intuição de um poeta deu-nos a resposta:
"Pois nenhum pensamento humano criou deuses para amar a honrar senão depois que a canção vibrou no silêncio da alma, e nem em sonhos pôde a terra unir-se aos céus antes que a palavra se vestisse de fala pelos lábios do homem".
Temos aqui a chave do enigma. Os deuses são criações do criado, nascem da adoração daqueles que o invocam. Não são os deuses que fazem o trabalho da criação, mas sim as grandes forças naturais, cada uma agindo de acordo com a sua natureza; a procissão dos deuses tem início depois de o Cisne do Empíreo depositar o ovo da manifestação na noite cósmica.
Os deuses são emanações, das almas grupais das raças, e não emanações de Eheieh, o Um, o Eterno. Não obstante, são imensamente poderosos, porque, graças à sua influência na imaginação de seus adoradores, eles unem o microcosmo ao macrocosmo; meditando sobre a beleza ideal de Apolo, a alma humana abre-se à beleza em geral."
Dion Fortune de forma magistral nos expôs um grande ensinamento mal digerido por muitos. A personalidade dos deuses é fundamentalmente uma criação do homem somados aos eflúvios criativos herdados do poder do arquiteto universal, sendo criatura mas também co-criador da realidade material e projetor das formas astrais dos mundos e entidades metafísicas .
O homem detentor da essência criativa, reproduziu a natureza demiúrgica a partir de si, cuja imagem e semelhança é do proprio criador em atributos e espelhou a persona dos homens nos deuses moldando a realidade Assiática e Yetzirática. Deste modo é de se supor que o homem fragmentado e dividido em sua impureza, projete criaturas, espíritos e entidades igualmente impuras caracterizando a idolatria, pois apesar destes deuses reproduzirem os caracteres magistrais e criacionistas da essência demiúrgica, em seus mitos cosmogênicos estão impregnados de impurezas klipóticas das cascas de Malchut (reino material) e Yesod (plano da fundação/ astral), tais como os véus de Olam Assiá (mundo da ação) e Olam Yeszirá (mundo da formação).
Os deuses pagãos são os veículos ou ídolos nos quais os homens intermediam seu contato com a divindade que devido sua corrupção klipótica se tornam eventualmente em seus aspectos mais obscuros e negativos, ferramentas de contato com a natureza da serpente, a portadora da Lvx Nigra, por outro lado, o demiurgo irá se aproveitar de semelhanças ao seu caráter criacionista, detentor da ordem cósmica e temeroso de sua morte para tentar corrigir tais anomalias pagãs, idólatras e politeístas.
Retomando a figura de Iupiter, o romano, como homem da antiguidade e tradicional, concebeu um encontro e uma interação recíproca entre as forças divinas e as forças humanas. O romano encontrou o locus Primigênio da natureza caos colérica ignis bellator Martii o fogo guerreiro de Marte através do tempo e da história. Seus assentamentos espirituais estão em cada homem ocidental que celebra sua memória através de sua cultura sendo nomeada pela história como a Cidade Eterna. Deste modo, dentre os romanos, havia a concepção de que não à nada sacro ou divino que não esteja vinculado ao homem e que cada ato de vida cívica romana era um ato místico.
Que o espírito bélico do negro Samael seja alimentado através da memória de nossos antepassados, cuja imagem fora retratados pelos filhos do demiurgo, da linhagem de Abel e Remo como pagãos e idolatras e que sejam reinvidicados em nome do grande Dragão primordial do abismo!
Nostra voluntates lex nostra est.
Nostra lex est caos!
Kali Yuga super omnium!
AVE SERPENS EL ACHER!
OPHIUSSA
Ofiússa ou Ophiussa é o nome dado pelos antigos gregos ao território português. Significa Terra das Serpentes.
Os ofis viveriam, principalmente, nas montanhas do norte de Portugal, incluindo a Galiza. Outros dizem que estes viviam na foz do rio Douro. As fontes clássicas, principalmente a Ora Maritima, localizam os ofis ou sefes perto dos cempsos, sobretudo ao longo da costa sul do Tejo ou junto à foz dos rios Tejo e Sado. Este povo venerava as serpentes, daí Terra das Serpentes ou serpes.
Existem alguns estudos arqueológicos que mencionam este povo e cultura. Alguns crêem que o dragão, muitas vezes representado como um grifo e originário de uma primitiva serpente alada – a “Serpe Real”, timbre dos Reis de Portugal e depois também dos Imperadores do Brasil, está relacionado com este povo, ou com os celtas que mais tarde colonizaram a zona, que por sua vez poderiam ter sido influenciados pelo culto ofi.
No século IV, o poeta romano Avieno, na Ora maritima, um documento inspirado por uma viagem marítima, anotou “Oestriminis” (ou o extremo ocidente) povoados pelos Estrímnios, um povo que vive naquela área desde há muito tempo, que tiveram que fugir das suas terras depois de uma “invasão de serpentes”.
Essas pessoas podem estar ligadas aos Saephe ( Saefs ) ou Ophis ("Povo das Serpentes") e aos Dragani("Povo dos Dragões"), que veio a essas terras e construiu a entidade territorial que os gregos chamaram de Ophiussa .
Alguns autores relacionam o povo Ofi com os druidas ou proto-celtas ou, até mesmo, antigos egípcios. Numa tradição egípcia, refere-se que as “serpentes” egípcias de Karnak ou Luxor teriam emigrado para a Europa.
Os Estrímios terão sido os primeiros povoadores do território que hoje corresponde a Portugal. Estes foram invadidos pelos Ofis que, posteriormente, foram invadidos pelos Lusitanos.
Uma lenda conta que no solstício de verão uma serpente virgem , uma deusa ctônica , revela tesouros escondidos para as pessoas que viajam pelas florestas. Esta donzela iria viver na cidade do Porto. As festividades relacionadas a esta deusa ocorreram durante o solstício. Durante o resto do ano, ela se transformava em uma cobra que vivia sob ou entre as rochas, e os pastores separavam um pouco do leite de seus rebanhos como oferenda a ela.
Bruxaria Diabólica
Nas últimas décadas, houve um esforço considerável em tornar a feitiçaria e a bruxaria como algo aceitável dentro da sociedade ocidental. Era necessário remover aquela imagem da bruxa velha e horrenda que matava bebês, para colocar em seu lugar a bruxa boa, que só faz magia para o bem. Essa necessidade de aceitação veio atrelada a uma vontade de tornar a Arte da Bruxaria como algo mais vendável, e para que seja lucrativo, é preciso que se torne palatável ao maior número de pessoas possível. Então grossas camadas de verniz cor de rosa foram passadas para que a bruxaria fosse ressignificada, se tornando agradável, segura e cheia de ética e moralidade, mas de forma a perder sua essência.
As artes da feitiçaria não podem ser contidas em um rótulo. Em prol da imagem benéfica, que também existe, soterraram, exorcizaram, baniram a sombra. A mão que cura é a mesma que pode matar, no entanto, vemos que a imagem sombria e diabólica foi relegada a algum grupo de supostos e desocupados adoradores do diabo, como alguns gostam de denominar aquilo que não entendem. É possível constatar que dentro da maioria dos círculos de bruxaria que busca ser aceita, a bruxaria diabólica continua e continuará sendo algo marginal e execrado, assim como acontece com tudo que é verdadeiramente antinomiano. A bruxaria não é um espaço seguro para abrigar pessoas frágeis, e sim um abismo de mistérios e perigos, onde se caminha nas trilhas tortuosas e espinhosas que são iluminadas pelo fogo luciférico interior, e aqueles que não o possuem, se perdem, se desesperam e principalmente, se iludem achando que são uma coisa que não são.
Então hoje vemos absurdos como pessoas se denominando bruxos por gostarem de abraçar árvores, porque apreciam gatos e borboletas e usam um cristal de quartzo, mas que morrem de medo de cemitérios, ficam cheios de melindres para acender uma vela preta e ao primeiro sinal de qualquer manifestação espiritual, correm em pânico para a primeira igreja que encontrarem. Acreditam que podem adequar espíritos antigos e poderosos dentro de ideologias políticas á seu bel prazer, ou transformam deuses infernais que eram agraciados com sacrifícios sangrentos em seres amorosos e politicamente corretos.
Ser um bruxo, um feiticeiro, é um mergulho no insondável. Busca-se o conhecimento proibido, a interação com espíritos de mortos e entidades inascidas, é através do sombrio e da escuridão que se encontra a luz que o guiará para o além da existência ordinária. É a arte de alterar as urdiduras das teias astrais através de suas práticas obscuras e secretas, é beber do veneno que também é antídoto, é trocar de pele como a serpente, é seguir o caminho da transgressão em prol da obtenção da liberdade. É conhecer a natureza e se integrar a ela, e conhecendo assim seus meandros secretos, saber manipulá-la e alterar o próprio destino. Um verdadeiro praticante das Artes Sombrias é aquele que manipula, e não aquele que é ou se deixa ser manipulado. Bruxaria não é religião, bruxaria é Arte!
Os fundamentos da bruxaria e da feitiçaria encontram-se no sombrio, no obscuro e no diabólico, e é de sua natureza ser contrária á ordem natural das coisas, no sentido de alteração de eventos, desejos e vontades através da magia e no desvendar daquilo que está oculto do restante do rebanho. Até mesmo no paganismo antigo a prática da bruxaria era mal vista e também passível de punições, como ocorre com aquilo que está fora do sistema de culto oficial e estabelecido. O que é óbvio, se alguém realiza práticas que visam modificar aquilo que estava pré determinado para a sociedade em prol de interesses particulares, ou exercer curas sem a permissão dos governantes, líderes e sacerdotes oficiais, automaticamente tal prática pode ser definida como marginal e transgressora.
Ser pagão politeísta, cuja prática é o culto a antigos deuses especificamente europeus e cultos agrários não é exatamente a mesma coisa que bruxaria. Com o advento do cristianismo, qualquer prática que não fosse cristã era considerada pagã e assim foi tudo jogado no mesmo balaio da demonização. As pessoas hoje permanecem misturando tudo em seu processo de des-demonização, no entanto, é importante separar as coisas.
Tiraram o Diabo da bruxaria, tiraram o sombrio, as ervas venenosas, os sacrifícios de sangue, os vôos no bode negro rumo aos sabás luxuriantes, tudo para se adequarem ás normas vigentes, á moral e ao politicamente correto. No lugar, jogaram uma cobertura de moralidade cristã, cujo pecado é pago com a lei do retorno. Acontece que a bruxaria diabólica não se adequa a nada e menos ainda busca aceitação, e também não está atrelada ás morais humanas e seus conceitos que são tão mutáveis quanto o ondular de um lago. A verdadeira feitiçaria é rebelde e opositora, portanto, está intrinsicamente ligada ao Diabo.
Quando digo Diabo, não se trata da figura criada pela igreja propriamente dita, a figura de chifres, rabo, asas de morcego e tridente que na realidade, seria um agente de Deus para punir os desobedientes e testar a lealdade de suas ovelhas. O Diabo aqui refere-se a uma força antagônica e antinomiana que está além das esferas causais. Estas forças podem tomar figuras, tal qual o diabo cristão, como máscaras, se utilizando dessas “vestes” para poder se manifestar neste mundo, de acordo com seus atributos de poder e influência. Não só do diabo cristão, mas também toda figura opositora criada por religiões, filosofias, mitos, etc., essas forças podem se apropriar, já que suas verdadeiras formas não podem ser percebidas pela limitada mente humana e seus sentidos grosseiros.
Tudo o que visa romper com aquilo que está pré estabelecido, quebrar a ordem, rasgar os véus, pode ser visto como diabólico. O Diabo é aquele que separa (o homem dos grilhões do destino), é aquele que queima (as limitações impostas) e com sua queima também ilumina aquilo que até então estava oculto. O Diabo é a serpente antiga que mostrou ao primeiro humano uma pequena centelha de conhecimento, rompendo por completo um estado paradisíaco, que também podemos interpretar como um estado de inércia e ignorância. O preço a ser pago é muito alto, mas nenhuma evolução vem sem uma boa dose de dor. Desta forma, a humanidade despertaria de seu torpor e de sua ignorância, deixando de viver como animais (de acordo com o fluxo natural e instintivo) e despertando a própria consciência, para que possa utilizar verdadeiramente seu livre arbítrio e tomar assento junto aos deuses e demônios (indo contra o fluxo natural da existência). Ninguém chega a lugar nenhum se não der um passo e permanecer inerte na zona de conforto.
O Diabo é aquele que veio para provocar a separação entre aquilo que estava predeterminado, cortando o cordão umbilical energético que prende os seus ao rebanho do barro, para que sejam libertos daquilo que seria seu destino, e assim possam caminhar livremente entre os mundos e além deles. O Diabo é quem convulsiona e revoluciona, mudando a ordem natural das coisas, acendendo o fogo do conhecimento, pois somente através da quebra, da cisão, é que o verdadeiro desenvolvimento é possível.
A feitiçaria é o principal ofício da bruxaria, e o que é ela senão a arte de alterar eventos, manipulando as urdiduras deste plano de existência através de códigos específicos de elementos simpáticos ou de contágio? A partir do momento em que essas manipulações energéticas são realizadas, já há uma quebra daquilo que está pré determinado, como um desvio dos fluxos de um rio para um intento, independente se para benefício ou malefício de alguém. Toda a magia trabalha baseada em similaridade, buscando todo tipo de associação e conexão. Desta forma, a esquerda é associada ao mal e ao Diabo. O sentido anti-horário é o caminho reverso daquilo que foi pré-estabelecido. É o romper dos grilhões das limitações, indo contra o fluxo natural das coisas, determinando e fazendo cumprir sua própria vontade, através do caminho da rebelião. Existem pessoas que se denominam bruxos por celebrarem o fluxo natural das coisas acontecendo, mas o bruxo diabólico é aquele que determina e altera esses fluxos através das artes da feitiçaria, pois aqueles que ainda dormem frequentemente são manipulados pelos que estão despertos.
Não se sabe a origem correta do termo bruxa, mas uma explicação que cabe bem ao conceito de bruxaria diabólica, é que esta palavra deriva do verbo italiano bruciare, que significa queimar. Quando alguém era acusado de bruxaria, os populares gritavam bruciare! Bruciare! Estrangeiros que testemunhavam tais cenas logo associaram esta palavra á pessoa acusada, surgindo assim o termo bruxa. Então bruxa é aquela que queima, não só nas fogueiras da inquisição, mas também e principalmente com a chama luciférica que carrega dentro de si. A chama do Diabo, o fogo do Inferno, e a luz de Lúcifer, a chama que incinera a ignorância, o fogo que transmuta e renova, a luz que ilumina. O fogo é o chamariz dos espíritos, e a bruxa carrega esse fogo dentro dela, traz do abismo as sombras, e carrega em seu sangue flamejante todos os diabos do inferno.
Quando se nega a relação do Diabo com a bruxaria, ou ainda de forma mais ampla, retira dela tudo aquilo que é sombrio e obscuro, está sendo apenas uma forma de auto ilusão. Bruxaria não se trata apenas de resquícios de paganismo e de religiões pré cristãs, nem de simples culto ao reino vegetal e animal e celebrar as mudanças de estações, é algo muito mais profundo, é um caminhar no limiar entre as existências. Não é á toa que em tempos antigos a cerca ou sebe estava ligada ás bruxas: a cerca era o limite entre o civilizado e o selvagem, o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, o mundo das ovelhas obedientes e o mundo dos lobos livres e selvagens. Ser bruxo é traficar com o mundo espiritual das mais diversas formas, manipulando as teias astrais e através do conhecimento diabólico e luciférico, desenvolver seu duplo obscuro para, quando passar pro outro lado da cerca, não mergulhar no coma da morte.
Portanto, a bruxaria deve tomar posse daquilo que realmente lhe pertence e que é seu domínio: as sombras, o obscuro e diabólico. Que os preceitos moralistas e punitivos sejam deixados ás ovelhas, pois a feitiçaria diabólica pertence aos lobos, serpentes e corvos, todos aqueles que possuem dentro de si a chama obscura. A bruxaria é a herança daqueles que se rebelaram, os caídos que se transformaram em demônios, para a libertação daqueles que são de sua linhagem, os verdadeiros antinomianos.
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