domingo, 6 de junho de 2021

Caminhos Qliphothicos de Sitra Achra

 


Azerate, El Acher Aur She-Ain Bo Machshavah, Melech ha-Tehomoth, Thaumithan Gibor, Theli ha-Kadmoni, Nachash Akalaton va-Nachash Bariach, Liftoach Qliphoth
Tu que guarda o segredo da Luz Negra
Venha e brilhe com a coroa serpentina ardente
Imponha a sombra da Morte sobre mim
Para destruir as Centelhas Sagradas e a Chama da Divindade
Ó serpentes da Deidade Irrefletida, Ó dragões do Outro Lado
Envenenem as águas do esquecimento com o veneno de Samael
Despertando e libertando espíritos da servidão do Demiurgo
Para que possamos destruir os grilhões da tirania cósmica!
Conceda-me o silêncio da razão
Deixe-me experimentar a divina inexistência
Para superar a crueldade do destino cósmico
E no Sitra Achra restaurar a pureza de Ain
Azerate! Unam-se a mim agora!
Digam em silêncio as palavras de sua sabedoria
Me guiem pelos caminhos Qliphoticos de Sitra Achra
Para abraçar o Caos e a Não-Existência Transcendental!


Satanismo na Terra Brasilis

Muito tem se falado aqui no Brasil sobre Satanismo,mas na verdade como uma ordem mágika realmente organizada teve início no fatídico ano de 1997 com Daecon Paulo que logo mais veio usar o moto  Lord Ahriman com a Igreja de Lúcifer “I.D.L.”.


O posicionamento da IDL acercava-se das obras de LaVey (fundador de The Church of Satan) e de Crowley. LaVey estruturou o Satanismo moderno, como doutrina. Crowley abriu os segredos das ordens iniciáticas ao grande público. Utiliza, também, de todos os conhecimentos mágickos para a formação do mago, como Qabalah, Tarot, Astrologia etc.


Mas também temos muitas seitas Satânicas aqui, com direcionamento com o ponto de vista de Satã como opositor de Cristo, e/ou como forças antagônicas do bem e mal no popular  praticantes de “ Magia Negra”.O Brasil como no resto do mundo existem vários tipos de Satanistas, Existem quatro significados básicos que são usados para descrever alguns grupos de Satanismo, a saber: Satanismo Religioso, Satanismo gótico, Satanismo filosófico e o Satanismo Moderno “Satanismo de La Vey”.


Satanismo da Terra Brasilis” é idêntico a nós brasileiros,é uma grande miscigenação de egrégoras e assim nos tornamos acho eu  mais avançados que os satanistas da própria CoS.


Sim,tenho certeza cada um de nós tivemos experiências mágickas além do satanismo empregado por Lavey,absorveremos vários conceitos sendo eles:Thelemicos,Caóticos,Xamânicos e etc.


Mas é certo que todos nós buscamos o Eu-Supremo,Augoeides,Lam,SAG e etc.Todos esses citados é a exaltação do nosso Self-Satanico , é a evolução e o caminho que nós magistas sempre buscamos.Eu como um simples praticante de magia venho me aperfeiçoando com a passar dos anos e experiências mágickas , fiz parte de outras ordens, cometi erros e acertos mas mesmo assim tenho a essência satânica bem forte ainda dentro de mim.


Aqui segue algumas Ordens Satânicas no Brasil:


Adluas. – Base em Minas Gerais

Grotto of Baal – Base em Rio Grande do Sul

I.D.L. – Base Rio de Janeiro

Capella Morghon – Base Santa Catarina

Fraternitas Templi Satanis. – Base Rio de Janeiro

Templo de Satã. – Base em São Paulo

Ordo Avrora Lvciferis. – Base em São Paulo

Catedral Negra – Base Oculta


Hoje procuro estudar e me aperfeiçoar, grupos ocultistas ainda é muito descriminando aqui no Brasil, logo que somo um país colonizado e brutalmente catequizado pelos jesuítas, tendo nossa verdadeira cultura dizimada pelos crististas, sem contar com as crendices populares que sacrificamos pessoas, animais entre outras sandices.Sim tenho orgulho de me auto-intitular Satanista, ser um homem livre das garras da ignorância e dos dogmas que acorrentam a evolução do homem, Crowley quando falou: A palavra pecado é restrição…


Como um Satanista  à quase 20 anos vejo hoje uma facilidade maior a textos e teses sobre o tema citado graças aos avanços tecnológicos  e principalmente a internet, antes tudo era mais difícil para se obter, lembro-me que a primeira vez que li a Bíblia Satânica em português 1998 versão traduzida por Lord Ahriman e esse mesmo sendo a pessoa que indiretamente ser o que sou hoje, atualmente temos muitos sites especializados em ocultismo e aqui quero agradecer o Projeto e o Site Morte Súbita pelo pioneirismo aqui no Brasil e Lord Ahriman pela sua visão além do seu tempo e seus pupilos “ Beto Pataca, Morbitvs, Obito que destilaram aqui no Brasil o Satanismo Moderno e causando uma verdadeira Revolução Satânica e a cada dia que se passa angariam mais almas para o inferno venho aqui agradece-los, logo que esse pequeno texto foi diretamente e indiretamente  impulsionado por essa causa nobre.


“Que o sangue derramado de outrora pela maldita cruz romana, vire um rio de veneno onde todos os crististas arrebatados pelo medo da presença do Logos se afoguem e sumam no cosmo.”

A Origem do Shemhamforash


 

A Origem do Shemhamforash

 

Desde que Anton Szandor LaVey formalizou na Bíblia Satânica a liturgia satânica básica com as cerimônias de Compaixão, Luxúria e Destruição, seus rituais satânicos foram sempre encerrados com uma misteriosa assinatura na qual os participantes entoam a palavra Shehamforash. Entender o sentido por trás desta palavra é, portanto essencial para o Satanista que não quiser limitar-se a uma ritualística superficial, e será recompensador para aqueles que entendem que o maniqueísmo é um obstáculo para o livre-pensamento.


“Shemhamforash,” é uma corruptela de Hashem Hameforash, a transliteração para as palavras hebraicas que significam “O Nome Explícito”, mais especificamente o nome oculto do deus hebreu. O fato de LaVey usar esse nome nos rituais satânicos é intrigante. A resposta mais comum é que uma vez que este seria o nome “secreto” de Deus, citá-lo em um contexto satânico seria a maior  de todas as blasfêmias. Contudo esta é uma visão bastante limitada da questão.


A verdade é que, como muito da cultura judaica, esta expressão se tornou alvo de muita confusão e suspeitas com o advento da Cristandade durante a Idade das Trevas. Já no ano de 240, São Cipriano, bispo de Cartago escreveu emblematicamente: “O diabo é o pai dos judeus”, mas foi só depois que Santo Agostinho concluiu em sua obra que os judeus carregariam eternamente a culpa pela morte de Jesus que a grande onda de diabolização começou. Durante toda a idade média quando os cristãos reinavam o povo judeu ficou conhecido como os verdadeiros praticantes das artes negras assassinos do salvador que realizavam os mais hediondos rituais. As ruas judias eram vistas com medo e apreensão e a histeria chegava ao ridículo de se acreditar que os judeus usavam kepah e chapéus para esconder seus chifres e capas para esconder seus rabos. Quem quer que admitisse ser judeu era fortemente repelido ou dependendo da época executado e quem quer que escondesse isso era acusado de se fingir cristão só para profanar a missa. Mezuzzá e Tefilins tornaram-se sinônimos de uma identidade satânica. Da mesma forma em meados de 1500, a expressão “Shemhamforash”, antes parte exclusiva da cultura judaica migrou para o imaginário cristão como uma palavra maldita usada durante as Missas Negras.


Quando Roma foi vítima de um terremoto na Sexta-Feira da Paixão no ano de 1021, os judeus foram presos e acusados de terem furado uma hóstia com um prego. De fogueia em fogueira, a lista de acusações é interminável. Até o reformador Lutero não ficou livre do medo dos judeus. Em 1543 escreveu seu próprio manifesto “Sobre os Judeus e Suas Mentiras”, onde propunha a destruição e o incêndio de todas as sinagogas que segundo o Pai da Igreja João Crisótomo eram lugares de blasfêmia, asilos do diabo e castelos de Satanás.


Como se isso não bastasse séculos mais tarde Shemhamforash foi o título de um texto cabalista sobre invocações e ataques mágicos a inimigos que foi utilizado como parte do famoso grimório intitulado “O Sexto e Sétimo livros de Moises” e cuja mera posse já era um bom motivo para ser condenado a queimar para sempre no inferno cristão.  Foi provavelmente neste livro que Anton LaVey conheceu a expressão e decidiu que seria uma apropriada “palavra de poder” para o ritualismo satânico.


No grimório em questão, assim como em outros livros posteriores, Shemhamforash aparece como uma referência aos 72 nomes ocultos de IHVH. Utilizando estes 72 nomes tudo seria possível aos homens. No Sêfer HaRaziel (Livro de Raziel), supostamente o mais antigo livro de cabala, temos instruções precisas sobre o uso mágico e meditativo de cada um destes nomes. Conta à lenda que este livro foi escrito por Adam (Adão) ditado por um anjo e passado então de mão em mão por todos os patriarcas até Shlomó (Salomão) que com eles subjugou a terra, os homens e os deuses.  E ainda, os 72 nomes teriam sido usados na própria criação por JHVH e que se entoados de uma certa maneira poderiam causar também a completa destruição de tudo o que existe.


Segundo Aleister Crowley esta afirmação pode ser entendida como a dos hindus, que dizem que a efetiva pronunciação do nome de Shiva irá acordar este deus e isso destruiria o universo. Em “Magick in Theory and Practice” Crowley alerta que para alguns isso pode parecer “maligno” e “opressor’, mas que não é este o caso. Diz ele: “A mente normal é como uma vela em um quarto escuro. Abrir as janelas e a luz do sol fará invisível a chama da vela.” . A vela não diminui seu brilho, tão pouco deixa de queimar, mas enfrenta agora uma realidade muito maior do que a que estava acostumada e sua luz se confunde com a luz do sol. Semelhantemente Shemhamforash daria aos homens a Visão de Pã e a pequenez anterior já não teria mais nenhum sentido.


Para alguns estes nomes seriam os nomes de 72 anjos a serviço de Deus, outros ainda podem supor também que haja uma relação com os 72 demônios goéticos. Mas nenhuma destas duas abordagens poderiam satisfazer um cético como LaVey. Por isso, talvez a perspectiva mais adequada e proveitosa seja a de encarar cada um dos nomes como sendo apenas 72 perfectivas, ou ainda 72 ângulos de uma mesma essência.  Se fizermos isso não haverá mais diferenças entre Hostes Angélicas e Hordas Infernais, uma vez que todas estariam submetidas ao mesmo “Nome Explícito”. Curiosamente 72 tem o mesmo valor numérico que 666, ambos somam 9, o número satãnico por excelência, o número do ego.


Agora, por mais racionalista que LaVey tenha sido, é inegável que ele foi um grande conhecedor da Qaballa e assim como fez com as chaves enoquianas tinha uma abordagem bem própria do significado oculto do Torah. Os 72 nomes invocados com Shemhamforash são retirados alguns versículos do Sêfer Shemot, (Livro de Êxodo 14:19-21). Cada um dos 3 versículos contém exatamente 72 letras e eles são a base para a construção dos 72 nomes, cada um deles com 3 letras. O primeiro nome é formado pela primeira letra do primeiro versículo, a última letra do segundo e a primeira do terceiro. Este padrão, frente-trás-frente é seguido até a formação das 72 tríades.


Os três versos são:


“E moveu-se o anjo de Elohim, o que andava diante do acampamento de Israel, e foi para atrás deles; e moveu-se a coluna de nuvem defronte deles. E pôs-se atrás deles.

E pôs-se entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel; e foi para estes nuvem como escuridão e para aqueles iluminava a noite; e não se aproximaram um do outro toda a noite

E estendeu Mosheh sua mão sobre o mar e levou IHVH o mar com um forte vento oriental, toda a noite e fez o mar terra seca e foram divididas as águas.”


Significado do Shemhamforash

 

Um breve estudo destes versículos feito sem os pressupostos de bondade e salvação geralmente usados para ler as escrituras, pode ser bastante esclarecedor. Voltemos então ao Sefer Shemot 14:19-21


“E moveu-se o anjo de Elohim, o que andava diante do acampamento de Israel, e foi para atrás deles; e moveu-se a coluna de nuvem defronte deles. E pôs-se atrás deles.”


Uma mudança drástica de posicionamento. Uma grande inversão acontece. O Anjo de Deus e a coluna que estavam à frente colocam-se agora na retaguarda. Seres humanos marcham na frente e o próprio símbolo de deus se põe atrás. Bastante claro e objetivo.


“E pôs-se entre o acampamento dos egípcios e o acampamento de Israel; e foi para estes nuvem como escuridão e para aqueles iluminava a noite; e não se aproximaram um do outro toda a noite.”


Enquanto os egípcios enxergavam escuridão e trevas os hebreus conseguiam ver iluminação. Uma mesma fonte é portanto luz para uns e escuridão para outros. Nada mais precisa ser dito aqui.


“E estendeu Mosheh sua mão sobre o mar e levou IHVH o mar com um forte vento oriental, toda a noite e fez o mar terra seca e foram divididas as águas.”


No terceiro e último versículo lemos que IHVH fez do mar terra seca após um sinal de Mosheh. O último ato de liberdade, foi cumprido por IHVH e iniciado por um ser humano.


Dividir o mar é até hoje entendido como um sinal de libertação de quem era escravo no Egito. Shemhamforash então lembra quem o entoa de que ele não é escravo, mas um homem livre. É interessante notar que IHVH não abriu sozinho o mar, mas antes, ordenou que Mosheh participasse do milagre. Pouco antes destes versículos lemos em 14:15 que quando invocado na frente ao Mar Vermelho IHVH retruca para Mosheh:


“Que clamas a Mim? Fala aos filhos de Israel que marchem.”


O Deus de Israel condena as reclamações lamuriosas do povo e exige esforço e trabalho humano para que resultados sejam atingidos. Quão diferente não é isso do judaísmo Pós Paulo de Tarso. Como deus supremo IHVH não teria problemas em transportar automaticamente todo o povo do Egito para o Monte Sinai e não teria problemas em fazer os Egípcios se perderem ou mesmo morrerem sem ter que sair do Egito. Mas não é desta forma que a nos conta a Torah. Ao invés disso ele diz a Mosheh em 14:16:


”Levanta tua vara e estende a tua mão sobre o mar e fende-o.”. Deus ordena que o próprio Mosheh fenda o mar.


Necropsia da Moral Talmúdica

 

Portanto vemos sem dificuldades que os versículos invocados em Shemhamforash são bastante esclarecedores. A visão igrejeira do deus monoteísta é claramente negada e podemos começar a traçar uma fina costura entre o Satanismo de hoje e os Hebreus ancestrais. Não é segredo que LaVey era ele mesmo descendente de judeus e um entusiasta do moderno estado de Israel. E em alguns capítulos de seu último livro “Satan Speaks!” ele explica que o judaísmo foi, querendo ou não, muitíssimo influenciado pelo cristianismo mas segundo suas próprias palavras:


 “Não há mais uma tendência de permanecer “bom”. Isso era para aqueles velhos e humildes judeus do Talmud. Que nunca tiveram a intenção de fazer barulho e desesperadamente tentaram ser aceitos em uma comunidade não-judia”


Este tempo acabou, não é mais preciso prender-se a metafísica e moralidade da cristandade. Alguns poucos já reconhecem novamente que o Deus e o Diabo da mitologia hebraica são uma só e mesma coisa em todos os sentidos que e transparece como um  deus tribal, que tem como reino a Terra, e cuja aliança contém promessas e castigos terrenos.


Curiosamente, quando Mosheh (Moisés) pergunta diante da sarça ardente o nome de Deus, este dá a imortal resposta as traduzida como “Eu sou o que sou”, no sentido de que “Eu crio o meu ser.” é o Próprio nome IHVH compõem os verbos ‘foi’ (HIH), ‘é’ (HVH) e ‘será’ (IHIH). Não exige, portanto nenhum esforço relacionar isso tudo com a palavra Xeper (“Kheffer”), que como ensina o Templo de Set, é a palavra da Era de Set, ou da Nova Era Satânica. Xeper, significa “Eu Tenho Vindo a Ser” ou ainda “Eu Tenho Criado a Mim Mesmo”, refletindo o Self e a natureza veneradora da consciência que caracteriza nossa religião.


Na Doutrina Secreta, Blavatsky nos lembra que segundo a interpretação correta do capítulo IV do Sepher Bereshit (Livro de Gênesis) Caim é idêntico a IHVH e que conforme os ensinamentos rabínicos “Caim é filho de Eva e Samael, o demônio que tomou o lugar de Adão. Vê-se então claramente uma profunda relação de identidade entre Satã, Jehovah e a espécie humana ou (Jah-Hova, Macho e Fêmea).  Talvez por isso em toda Torah o Eterno mostre um comportamento extremamente  humano, cultivando ciúmes (e não precisaria ser ciumento se não houvessem outros deuses), amando, odiando, se vingando, se arrependendo, fazendo amizades, mentindo, e até mesmo tentando ao erro como fez a Serpente do Éden. Serpente que aliás esta largamente identificada com Jeová e o povo judeu até a funesta reforma religiosa iniciada por Ezequias e completada por Josías.


É bem distinta a realidade judaica antes e depois da época dos Reis. E o processo que começou com a crise da monarquia seguiu com o extermínio de Israel, o surgimento do cristianismo e por fim a completa inversão de valores descrita por Nietzsche. Numa referência ao Shemhamforash é como se os próprios judeus voltassem para trás da coluna de nuvens e retornassem correndo para a escravidão nas mãos do faraó.


Em, “O Anticristo” Nietzsche explica que primitivamente, sobretudo na época dos Reis, Israel encontrava-se perante tudo em relação justa, ou seja natural. O seu IHVH era a expressão do sentimento de poder, do prazer e da esperança em si mesmos: dele se esperavam a vitória e a salvação, com ele se confiava na natureza e em que ela daria o que é necessário ao povo – principalmente a chuva. IHVH é o deus de Israel e, por conseguinte, o deus da justiça:lógica de todo povo que possui o pode e a consciência tranqüila. É no culto solene que se manifestam estes dois aspectos da afirmação própria de um povo: mostra-se agradecido pelos grandes destinos que o elevaram a dominação, sente gratidão a regularidade do ciclo das estações e por qualquer êxito na criação  dos animais e na agricultura.


Mas com a morte de Shlomó a luta de poder entre as tribos determinou a divisão da monarquia em dois reinos, Judá ao Sul e Israel ao Norte. Este cenário conturbado assistiu uma profunda decadência religiosa. Ezequias e Josías marcaram definitivamente o fim da era dos reis e guerras e iniciou um período de profetas e profecias. Eles promoveram a “purificação” do Templo, retirando de lá os objetos referentes a deuses menores como Baal e Dagon deixados pelos reis e sacerdotes predecessores. Não só isso como também, novamente segundo Blavatsky todos os símbolos que representavam o Deus Grande ou Supremo de todas as nações passaram a receber o estigma demoníaco.


O antigo Deus estava enfraquecido e nada mais podia fazer e os profetas trataram de modificar a noção de IHVH. A destruição de Israel em 721 foi o auge da atividade profética, que viam no extermínio do Templo, castigo de um deus ofendido. Voltando a Nietzsche “Com desprezo ímpar por toda a tradição, afrontando toda a realidade histórica, transcreveram em sentido religioso o seu próprio passado nacional, isto é, fizeram dele um estúpido mecanismo de salvação: a ofensa contra IHVH merece punição; o amor a IHVH merece recompensa.”. Enfraquecidos pela divisão política e religiosa não demorou para os estados hebreus serem atacado pela Assíria e depois disso dominado sucessivamente até a esperada Era Messiânica, quando então seriam livres por um Rei casa e da família de Davi.


Por um Judaísmo Satânico

 

O judeu do futuro deverá abandonar o papel de sofredor. Tendo passado por uma infinidade de perseguições pelo fogo da inquisição e pelo sufoco do holocausto a comunidade judaica começa a entender que a Era Messiânica não vai chegar. Pelo menos não da maneira como eles esperavam. Dois mil anos profecias, sonhos, lamurias e orações durante a diáspora não adiantaram em nada para fazer os judeus retornarem a Terra Santa.


Da mesma forma que Mosheh teve que fender ele mesmo o mar para ser livre, Israel só ressurgiu como nação quando algumas pessoas tiveram a determinação de agir, marchar e combater para atingir seus objetivos. Quando relembraram as palavras do Torah: “Que clamas a Mim? Fala aos filhos de Israel que marchem.”


Essa é a única Era Messiânica que se pode esperar, é a Nova Era Satânica que vem para livrar os judeus de toda essa carga de escravidão moral e metafísica com o qual se acorrentou nos últimos milênios. É no mínimo interessante constatar que foi justamente em 1966, o ano de formação da Igreja de Satã e promulgação da “Nova Era Satânica” que tivemos a primeira resposta militar contra o terrorismo árabe que levaria Israel a guerrear e se fortalecer contra seus vizinhos na famosa Guerra dos Seis Dias.


Isso tudo abre largas margens para que os judeus se integrem ao Satanismo, não tanto como uma nova forma de judaísmo, mas com um resgate da antiga forma de ser judeu. As mitsvót deixam a antiga e errônea tradução de ‘mandamentos’ para retomar o sentido original da palavra; ‘conexões’. O homem então se reconhece como o seu próprio Redentor e a unidade com IHVH é retomada. E mais do que isso, todo e qualquer evento humano que traga a liberdade passa a possuir um significado messiânico.


Isso é claro não é para todos. É esperado que por muito tempo a maior parte do povo judeu permaneça vivendo de lendas e tentando parecer ‘bom’.  O Sentido original da palavra Messias (Mashiach) é referente a aquele que recebe unção material como sinal e expressão de uma tarefa especial. Não é uma identificação para as massas mas sim um título para Reis e Sacerdotes capazes de entoar com propriedade o Shemhamforash. Palavras esta que contam as lendas semitas estavam inscritas no cajado de Mosheh. O mesmo cajado que mais tarde se transformou em Serpente na frente ao Faraó.


Se Satanismo pode ser definido como a releitura de antigos estigmas, então certamente os judeus têm muito o que reler. Por exemplo, o Sabbath, dia de sagrado dos hebreus foi depois do Livro “Malleus maleficarum”, do século XV, transformado no imaginário popular numa verdadeira reunião de demônios e bruxas, com direito a danças obscenas, caldeirões, blasfêmias e deliciosas criancinhas não batizadas para o jantar. O Sabbath descrito no Malleus incluía é claro o obsceno beijo ritual do traseiro do Diabo. Oras, mas se o Diabo é um reflexo inverso de IHVH, beijar seu traseiro é também beijar a face de Deus.


Essa nova postura já transparece no moderno símbolo de judaísmo, a Estrela de Davi. Note que este símbolo gráfico não era usado nem pelos hebreus da época talmúdica nem pelos hebreus da diáspora, mas foi somente adotado oficialmente no começo do século XX quando foi proposto pelos Primeiro Congresso Sionistas, em Bruxelas. E o que é esta estrela hexagonal senão a estrela de uma nova manhã? O hexagrama cósmico é formada por dois triângulos superpostos e entrelaçados indicando a união do divino e do humano, do sagrado e do profano e os dois abismos que refletem um ao outro. Um novo sinal para uma nova era.


O Assunto é extenso e daria para se escrever vários livros resgatando a união entre IHVH, Satã e os judeus. Hoje, o satanismo retoma Diabo como o ser das trevas que se faz anjo de luz, e Deus como um ser da luz que se oculta nas trevas. Um Deus que trabalha sob muitas formas, que queima como sarça ardente e colunas de fogo, que luta fisicamente com Jacó e que fala e age por meio de enviados angelicais incluindo é claro um anjo belíssimo que não precisamos sequer citar o nome aqui.


Assim, não parece mais insana a afirmação de LaVey em Satan Speaks!, de que os Satanistas tenham afinidades tanto com certos elementos do Judaísmo como com alguns aspectos do Nazismo. As antigas lendas devem ser reconhecidas como lendas e o passado reconhecido como passado. A narrativa ancestral não precisa ser abandonada, ela simplesmente troca de pele como um ofídio, deixa de ser fé cega em absurdos e renasce no Satanismo como mitologia, simbologia, história e cultura de um povo, que abandonou o deserto niilista e fincou profundamente os pés no chão da Terra Prometida. Já o judaísmo sempre foi uma religião que soube se refazer e se transformar durante as mudanças dos séculos. Está na hora de se transformar outra vez.

sábado, 8 de maio de 2021

Tinturas Astrais


1. Em nosso trabalho de transmutação metálica, temos que elaborar tinturas astrais para trabalhar na Grande Obra.


2. Quatro partes de água metálica e duas partes de terra de sol vermelho constituem a tintura-mãe da alquimia.


3. Põe-se tudo em um recipiente, se solidifica e se desagrega três vezes.


4. Essa é a tintura-mãe da alquimia porque com essa tintura elaboramos todas as sete tinturas da alquimia sexual.


5. A água metálica é o sêmen; a terra de sol vermelho são os nossos órgãos sexuais e o sol de enxofre é o Kundalini que temos de despertar praticando Magia Sexual com a esposa.


6. Logicamente temos de solidificar três vezes, uma vez que somos um trio de corpo, alma e espírito.


7. Com uma onça uma medida de tintura de sol podemos tingir de sol mil onças.


8. Com uma onça de tintura de mercúrio podemos tingir o corpo de mercúrio, etc.


9. Com a tintura lunar podemos transmutar o corpo vital em metal perfeito.


10. Com a tintura de mercúrio podemos transmutar em metal de perfeição o nosso corpo búddhico.


11. Com a tintura de Vênus podemos transmutar nosso veículo da vontade em corpo de perfeição.


12. Com a tintura solar podemos transmutar em metal perfeito nosso corpo astral ou Crestos Cósmico.


13. Com a tintura de Saturno podemos transmutar em metal perfeito nosso corpo mental.


14. Com a tintura de Marte transmutamos em metal de perfeição a Alma-Consciência do nosso corpo físico e damos a todos os nossos metais a fortaleza do ferro.


15. Porém a tintura de ouro nos unirá com o Uno, com a Lei, com o Pai.


16. Nossos sete corpos estão influenciados por sete planetas.


17. Nossas sete serpentes sintetizam toda a sabedoria dos sete Cosmocratores.


18. Cada um dos nossos sete corpos deve sintetizar toda a perfeição de cada um dos sete Cosmocratores.


19. Temos de trabalhar com a nossa bendita pedra na retorta de nosso laboratório sexual até obter a Fênix dos filósofos.


20. Eis como nós, depois de termos morrido, ressuscitamos como a ave Fênix da filosofia.


21. Cada um de nós, no fundo, é uma estrela. Depois de termos trabalhado com as tinturas astrais até transmutar todos os nossos sete corpos em veículos de perfeição, regressamos ao seio do Pai.


22. Os sete seres ordenadores, os sete Logos Planetários do nosso sistema solar, no amanhecer da vida se expandiram como se expandem as chamas, e de sua expansão resultaram milhões de partículas divinas evoluindo através do Mahanvantara.


23. Cada partícula divina deve se realizar como Mestre de transmutações metálicas e voltar ao Pai.


24. Toda chispa tem de regressar à chama de onde saiu, porém conservando sua individualidade.


25. O Livro dos Mortos diz: “Olha, o Deus de um rosto está comigo. Salve, ó sete seres ordenadores, que sustentais a balança na noite do juízo do Utchat, que decapitais e degolais, que com violência vos apoderais dos corações e rasgais os peitos, que perpetrais matanças no Lago de Fogo, vos conheço e sei vossos nomes. Avanço até vós, portanto, avançai para mim! Pois viveis em mim e viverei em vós. Dai-me vigor com o que tendes em vossas mãos, isto é, com o bastão de mando que vossas destras empunham. Ordenai vida para mim com vossas frases, ano após ano, conferi-me miríades de anos sobre meus anos de existência, multidões de meses de existências e inúmeras noites sobre minhas noites de existência. Concedei-me que surja e brilhe em minha estátua, ar para meu nariz e poder para minhas pupilas a fim de que vejam os seres divinos que moram no horizonte, o dia do cômputo equitativo dos pecados e da maldade (Capítulo LXXVIII)”.


26. O Deus de um Rosto que está em nós é o Íntimo.


27. Os sete ordenadores sustentam a balança do juízo, decapitam e degolam os alquimistas para realizá-los como Mestres de transmutações metálicas.


28. Cada vez que uma das nossas sete serpentes sobe das vértebras do pescoço à cabeça, passamos pelo simbólico degolamento de João Batista.


29. Os sete Gênios planetários se apoderam dos corações rasgam os peitos para libertar as almas do submundo e para levá-las ao lugar da luz.


30. Os sete Logos perpetram matanças no Lago de Fogo.


31. Há que se morrer para viver. Há que se morrer para o imundo para se viver para o Pai. No magistério do fogo morremos e ressuscitamos como a Ave Fênix da Alquimia Sexual.


32. Os Deuses imortais nos dão vigor com o bastão de mando que empunham em sua destra.


33. Esse bastão é a nossa coluna espinhal, a nossa vara de bambu com sete nós, por onde sobem as sete ardentes cobras.


34. Com os Elixires Branco e Vermelho adquirimos o Elixir da Longa Vida e ainda que estejamos encarnados em nossa estátua, isto é, em nosso corpo físico, os mundos internos se abrem e podemos ver a esses jovens seres divinos que moram no horizonte e que levam os livros das contas do mundo.


35. Com as tinturas astrais voltamos ao seio do Pai a ouvir palavras inefáveis.


36. Todo o poder está encerrado na sabedoria da serpente.


37. O Livro dos Mortos diz o seguinte: “Sou a serpente Sat, dilatada em anos. Faleço e nasço a cada dia. Sou a Serpente Sat que mora nos confins da Terra. Morro, renasço, me renovo e chego à juventude todos os dias”. (Capítulo de metamorfosear-se na serpente Sat).


38. A tintura lunar é de cor violácea. A tintura de mercúrio é amarela. A tintura de Vênus é cor de anil. A tintura solar, dourada e de um azul intenso. A tintura de Marte é vermelha. A tintura de Júpiter é azul e púrpura. A tintura de Saturno é verde, cinza e negra.


39. O alquimista tem de elaborar as sete tinturas para transmutar todos seus metais.


Invocação - Qayin Mortífier



Eu invoco o espírito do poderoso esqueleto 
Eu invoco a morte canhota 
Salve senhor da morte 
Hail ao senhor da morte 
Eu invoco aquele que ara os campos de ossos 
Eu convoco aquele que rega a morte acre com o sangue dos vivos 
Salve qayin mortífier 
Hail qayin o portador da morte 
Eu invoco o mestre de todos os cemitérios 
Eu invoco aquele que traz morte aos vivos 
E a vida aos mortos salve senhor dos cemitérios 
Hail ao senhor da foice sangrenta 
Eu invoco o rei de golgota 
Eu invoco aquele que atravessa a vida com os poderes libertadores da morte 
Salve o senhor da cruz negra 
Hail ao senhor da cruz negra

A Historia da Goecia

 


De forma geral, todos os conceitos reunidos na demonologia ao longo do tempo influenciaram de alguma forma o surgimento da Goécia enquanto prática mágica cerimonial, e os grimórios que tratam de demônios, como o Ars Goetia, já surgem em um período de grande influência cristã.

DEMONIZAÇÃO

Para os cristãos, a magia dos outros povos era arte do demônio, e os deuses dos outros povos foram considerados como demônios. Algumas cerimônias de batismo incluíam a renúncia aos deuses pagãos que o fiel seguia anteriormente, descrevendo-os como deuses falsos do inferno. Em uma abjuração batismal germânica, lê-se por exemplo “eu renuncio às obras e às palavras do demônio, e a Thor e a Odin e a Saxnot, e a todos os seres maléficos em sua companhia”.

Junto com os relatos de abjuração a falsos deuses, surgiram nos anos 1500 muitos grimórios de magia divina. Os objetivos dos feitiços descritos nestes grimórios eram idênticos aos do grimório de uma bruxa, com a ligeira diferença de usarem sempre caracteres hebraicos, palavras em latim e símbolos divinos permitidos pela igreja, como cruzes (principalmente a de Amalfi ou de Malta). O poder de Deus era usado para os mesmos objetivos antes delegados a outros deuses, daemons e demônios. A profusão de intelectuais que publicavam livros neste sentido só não foi maior que a profusão de rituais que surgiram no meio do povo. A magia folclórica era, muitas vezes, atribuída a Santos, para que pudesse ser aceita pela igreja.

Autor importante da época, Cornelius Agrippa foi um mestre de filosofia e magia que escreveu em 1510 um livro importante para a história do ocultismo, chamado De Occulta Philosophia. Neste livro, Agrippa descreve métodos de Magia Natural e Magia Celestial, que seriam muito superiores à dita Magia Negra, Nigromancia ou Necromancia. Os métodos descritos utilizavam a ajuda de Deus para causar amor e ódio, fazer chover ou trovejar, confundir exércitos e descobrir ladrões. Porém, após alguns anos sem conseguir obter êxito em suas práticas, Agrippa escreveu em 1526 a “Proposição sobre a Incerteza e a Vaidade das Ciências e Artes”, onde afirmava não acreditar mais em magia, somente na Palavra de Deus.

O demônio continuou sendo “enganado” pela sagacidade humana, como nos antigos contos, mas agora em um arcabouço ritualístico auxiliado pelos poderes de Deus. Alguns soldados engoliam papéis onde tinham escrito “Diabo me ajude, a ti dou meu corpo e alma” para que pudessem ficar à prova de balas, e outras pessoas faziam oferendas a demônios em encruzilhadas. A realização de pactos só era frequente porque havia a crença popular de que, no momento em que o demônio viesse buscar sua parte, a alma poderia ser salva por Jesus ou Nossa Senhora, ou uma Remissão de Pecados feita por padres no leito de morte.

Além dos pactos realizados de propósito, que usavam o poder de Deus como forma de lhes conferir aceitação da igreja, outros pactos foram forjados pela própria igreja com o simples intuito de perseguir seus inimigos. Este é o caso de Urban Grandier, um padre acusado de molestar freiras em um convento projetando-se astralmente em seus aposentos nos anos 1600. No julgamento, foi apresentado um contrato supostamente escrito (de forma espelhada) por Grandier, assinado por seis demônios e autenticado por BaalBerith, secretário do inferno.

ARS GOETIA

É exatamente neste cenário com profusão de ideias e mescla de conceitos que nasce o Lemegeton. No que toca especificamente ao livro Ars Goetia (compilado com a forma e o nome atuais), este seria um grimório que ensina ao magista como usar a autoridade do Deus Cristão para comandar os deuses de outras culturas. Estes deuses, por sua vez, são chamados no livro de deuses menores, Daemons ou demônios.

As primeiras citações ao Ars Goetia e outros livros do Lemegeton de que se tem notícia são dos anos 1310 (por Pedro de Albano) e 1508 (por Trithemius), e mesmo que as invocações sejam antigas os demônios descritos podem ter sido alterados em anos posteriores. Outros traços da Goécia se encontram em manuscritos dos reinados de Eduardo IV (1461–1483), Henrique VII (1485–1509) e da Rainha Elizabeth I (1558–1603), auxiliada por John Dee. Os 72 demônios da Goécia em si começam a ser encontrados no Livro de Abramelin (1427) e no Libre des Espritz (1400), além do Codex Latinus Monacensis (1500). Versões completas do Lemegeton como o conhecemos hoje só começaram a ser encontradas nos anos 1500 nas bibliotecas de Trithemius, e contribuíram para sua obra Steganographia, de 1508. Outros livros que citam os espíritos e métodos da Goécia são, por exemplo, os Três Livros de Filosofia Oculta e o Quarto Livro de Filosofia Oculta, de Agrippa (1486–1533), além do Praestigiis Daemonum e Pseudomonarchia Daemonum de Weyer (1515–1588).

LIVROS E GRIMÓRIOS

Em 1597, Reginald Scot teve um de seus livros, A Descoberta da Magia, refutado pelo livro Daemonologie do Rei James I, sendo perseguido por tentar dar uma roupagem menos maléfica aos Daemons e à bruxaria.

Outro fato importante neste sentido foi que em 1818, na França, o demonologista Jacques Auguste Simon Collin de Plancy publicou o seu Dictionnaire Infernal, contendo a descrição de 69 entidades e outras informações sobre magia e ocultismo. O autor se converteu ao cristianismo, e em 1863 foi lançada a sexta edição do Dictionnaire, com descrições mais pejorativas sobre cada entidade, e denominando-as de demônios.

Este livro conta com diversas ilustrações, muitas delas com caráter vexatório, que acabaram se tornando as imagens pelas quais estas entidades são mais conhecidas atualmente. Estes fatos podem ter influenciado fortemente na transformação dos espíritos em demônios, além de conferirem a roupagem cristã encontrada hoje no Lemegeton como um todo.

ALEISTER CROWLEY E OUTROS

Ao longo dos tempos, Blaise de Vignère (1523–1596), Dr John Dee (1527–1608), Elias Ashmole (1617–1692), Ebenezer Sibley (1752–1799), Frederick Hockley (1808–1885), Henry Dawson Lea (1843), MacGregor Mathers (1854–1918) e Aleister Crowley (1875–1947) foram alguns dos ocultistas que fizeram cópias e traduções dos grimórios, permitindo que fossem conhecidos nos dias atuais.

Portanto, é de se esperar grande influência das noções religiosas e mágicas que prevaleciam na época sobre as práticas descritas nos livros. Dentre os conceitos importantes, destaca-se que a magia divina seria distinta da magia negra, pois os nomes de Deus supostamente conferem validação e ampliam o poder e a importância das práticas. Os demônios poderiam prover favores aos humanos, e a sagacidade humana seria capaz de minimizar o preço a ser pago. Entre estes favores, encontram-se alguns relacionados a forças da natureza, a aspectos psicológicos, a guerras, tentações e doenças. Os nomes de Deus também teriam um papel importante para prover os resultados, ou obrigar os demônios a cooperarem. Além disso, os simbolismos de escrita divina, entre eles formas geométricas, signos astrológicos e cruzes, têm importante papel no desenho dos selos, para canalização das energias.


A Historia dos Anjos

 


Ao longo da história, os conceitos de “bem”, “mal”, “deuses”, “anjos” e “demônios” muito se modificaram, variando entre regiões, culturas e vertentes mágicas, religiosas e científicas.

De forma geral, todos estes conceitos ao influenciaram de alguma forma o surgimento da Angeologia enquanto prática mágica cerimonial, e os grimórios que tratam de anjos, como os Cinco Livros de Mistério, já surgem em um período de grande influência cristã.

INTERMEDIÁRIOS ENTRE A TERRA E O CÉU

Os anjos teriam um papel importante como intermediários entre deuses e seres humanos, sendo seus mensageiros, mas também exercendo tarefas importantes na manutenção da Ordem e no funcionamento do Universo. Podem ir e vir entre os planos, trazem mensagens importantes aos profetas, levam profetas para verem os céus quando necessário, e guardam as entradas para os planos superiores e seus mistérios.

Como é de se esperar, em mitologias onde os deuses interagem diretamente com os seres humanos (ou onde os deuses são de fatos reis encarnados na Terra), encontram-se menos entidades com papeis similares aos de anjos; por outro lado, em cosmologias com maior distanciamento entre deuses e humanos, os seres similares a anjos têm atuação deveras importante, e são responsáveis por este contato divino. Muitas vezes os mensageiros falam como seu próprio mandante, e estão ali realmente representando o emissor da mensagem, sendo tratados como o próprio deus que os enviou, ou podem ficar encarregados de guardar os portais, e não se chega ao deus sem passar por eles.

GOLFO DA GUINÉ

No continente africano, onde a humanidade surgiu segundo a maioria das teorias científicas atualmente aceitas, não há vertentes locais com seres considerados exatamente como “anjos”. No Golfo da Guiné, o papel de guardião de portais e mensageiro é atribuído pelos povos Yoruba a Exu e aos seus arautos chamados de forma geral de Exus. Na Angola e Congo, estas atividades são muitas vezes atribuídas a Aluvaia e Pambu Njila (que tem relação com a corruptela mais recente “pomba-gira”). 

Encontram-se diversos exemplos na mitologia Africana de histórias sobre como Exu conseguiu o papel de guardião das portas de entrada e saída, e de como se deu o seu direito de receber alimentos primeiramente em todos os rituais. Estas explicações vão desde o seu papel como condutor universal de energias até estratégias de mostrar a fartura e benevolência de um deus ou rei pela suntuosidade de seu mensageiro ou guardião. 

Também pode ser observado que suas mensagens são bem diretas e sinceras; é preciso interpretá-las com exatidão, pois tudo que for plantado será colhido posteriormente pelo interlocutor. Observa-se um papel de “entregar as consequências” de atos individuais.

EGITO

No Egito, diversos seres têm o papel de mensageiros e guardiães. Os principais seres que possuem esta atuação podem ser derivados de algumas entidades do livro AmDuat, tendo participação importante na jornada de Rá pelo submundo desde o pôr do Sol até seu nascimento no dia seguinte. 

Assim como em vertentes anteriores, estes seres não possuem critérios de moralidade fixos, e seguem apenas a sua natureza e as suas funções cosmológicas. Porém alguns destes seres estariam mais alinhados com uma preservação da justiça e da verdade Maat, enquanto outros seriam mais representantes dos poderes caóticos Isfet. 

Suas formas podem ser diversas, desde escaravelhos até espíritos segurando facas, e que pelas suas descrições podemos entender um pouco melhor seu papel como guardiães universais. Eram muitas vezes desenhados nos sarcófagos para proteger o corpo de influências indesejadas.

LEVANTE

Na região do Levante, por volta de 2.500 AC, existem classes de seres que são descritas em conjunto com os deuses principais, porém parecem ter uma personalidade “coletiva” mais do que personalidades individuais. São seres com atuação importante, e que formam coletivos dependendo da sua função, por exemplo Anunakis (filhos de Anu e Ki, “deuses maiores”), Igigi (“deuses menores” que vigiam o mundo), Sebitti (juízes do submundo), Deuses em pé de Ekur (associados à germinação de plantas), Deuses sentados de Ekur (associados aos enterros e à putrefação). 

Apenas alguns de seus nomes são descritos na mitologia, permitindo entender que possuem maior importância do que todos os outros que não são citados. Por outro lado, aqueles que se encontram na mesma classe de seres, mesmo que não tenham seu nome citado, poderiam ser entendidos muito mais como divindades do que como meros “mensageiros”. Sendo assim, os limites entre deuses e seres auxiliares não ficam tão claros. 

Ao longo dos ciclos de morte e reprodução, deuses e demônios passaram a ter um caráter menos generalista e mais especializado. Antes, os grandes deuses e demônios eram criadores e destruidores de todo o universo por meio de todas as graças e elementos nocivos. Agora, cada um deles representava uma força primordial ou um aspecto divino. Cada companheiro de Marduk tinha uma função específica na tarefa de promover a civilização, e cada classe de mensageiros ou guardiães teria uma atuação especializada.

Mesmo se especializando cada vez mais, ainda não havia na Suméria, Acádia e Caldeia uma ideia de dualismo, com um Deus ou anjo específico correspondendo a cada Demônio. Embora houvesse heróis divinos, esperava-se que cada demônio assassinasse seu gêmeo. Estátuas da versão “benéfica” do demônio eram usadas para proteger-se contra a versão “maléfica” do mesmo. O Mas bom deveria combater o Mas mau, o Lamma bom combateria o Lamma mau, e o mesmo ocorria para Utuqs, Alapi e Nergalli.

YÁZIDIS

Os Yázidis são um grupo étnico existente pelo menos desde 1500 Antes de Cristo e que vive na região onde ficava a Mesopotâmia, tendo migrado para diversos outros países na forma de grupos menores. Sua religião, o Yazidismo, possui variantes locais, mas os conceitos básicos se mantêm e hoje incorporam diversos aspectos do Zoroastrismo e associações com o Islamismo (mesmo sendo supostamente anterior a estas vertentes). 

A principal crença do Yazidismo é a de que Deus haveria criado sete arcanjos nos sete dias da semana, que ficariam responsáveis por moldar o mundo e fornecer ao homem as partes de seu coro. Seu mestre é Melek Taus, o Pavão Cósmico, que incorpora o bem e o mal e não teria aceitado se curvar perante os humanos, mesmo tendo fornecido a eles o sopro da vida, ou a alma. Melek Taus também ensinou 72 línguas aos 72 filhos e às 72 filhas de Adão, que posteriormente fundaram os povos da Terra.

PÉRSIA

O Zoroastrismo foi fundado na Pérsia por Zoroastro ou Zaratustra por volta do ano 1400 Antes de Cristo, e engloba diversas associações e aprimoramento, principalmente indo-iranianos, desde então. Tem como principal mote a existência de um Deus benéfico chamado Ahura Mazda ou Ormuz, e um Deus maléfico chamado Angra Mainyu ou Ariman. Estes deuses não influenciam diretamente no Cosmos, e para isso contam com a ação de divindades específicas que incorporam suas diversas facetas.

No Zoroastrismo, os Amesha Spentas ou Amahraspands são os seres celestiais de maior poder, presidindo sobre aspectos gerais da natureza ou setores amplos da divisão energética do Cosmos; seriam análogos aos arcanjos.

Os Fravashis ou Arda Fravash seriam análogos a anjos-da-guarda, existindo individualmente para cada pessoa e presidindo sobre sua alma. É mencionado que após a morte os seres-humanos de boa índole se tornariam um só com seus Fravashis, como manifestação de sua Verdadeira Vontade ou Eu Superior. Protegem todos os seres humanos e animais da divindade maligna Druj, e geralmente são apresentados como um rei com asas e cauda de pássaro no lugar das pernas, sobreposto por um disco ou laço dourado.

Já os Yazatas ou Yazads são anjos mais gerais que regem aspectos da natureza, virtudes humanas ou elementos mentais e espirituais. Os Persas prestavam culto aos principais Yazads, que seriam os do sol, da lua e das estrelas, e geralmente seus nomes são simplesmente variações dos nomes dos aspectos que regem. Podem ter gênero feminino ou masculino dependendo das energias regidas, passivas ou ativas.

ISRAEL

Por volta de 600 AC, estima-se que tenha começado o processo de consolidação de textos que desembocou no livro do Êxodo, presente na Torá e também na Bíblia. Este livro conta a história da fuga dos hebreus do Egito, e esta narrativa foi utilizada posteriormente para montar instruções ritualísticas e também listas de anjos na Cabala. Em diversos outros livros sagrados judaicos de 600 a 200 AC também aparecem anjos com funções importantes, como Gabriel no livro de Daniel e Raphael no Livro de Tobit.
Segundo a Bíblia, Êxodo 14:19-21:

“E o anjo de Deus, que ia diante do exército de Israel, se retirou, e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles.

E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era trevas para aqueles, e para estes clareava a noite; de maneira que em toda a noite não se aproximou um do outro.

Então Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o Senhor fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas”.

Estes três versos narram o momento mais importante da fuga de Moisés e seus seguidores através do Mar Vermelho, que só foi possível mediante o apoio do poder de Deus, livrando os homens justos de seus inimigos. Cada um destes versos possui 72 sílabas na versão hebraica da bíblia, e selecionando-se uma de cada verso é possível obter os 72 nomes correspondentes aos anjos cabalísticos, também chamados espíritos benignos ou Shemhamphorash.

Cada um dos Shemhamphorash de número “N” tem seu nome formado pela sílaba “N” do versículo 19, a sílaba “73 menos N” do versículo 20, e a sílaba “N” do versículo 21. Ou seja, devem ser analisados os três versículos, em sua versão hebraica, percorrendo-se o primeiro e o terceiro na direção direta, e o segundo na direção inversa.

Os Shemhamphorash possuem graus zodiacais e signos associados a si, e de forma geral fazem parte de algum coro maior. A partir dos 12 nomes de Deus, que são formados por conjuntos de 3 dentre as 4 sílabas do Tetragrammaton, também é possível chegar em seus 72 nomes, apenas realizando-se aliterações internas. Assim, cada grupo de 6 anjos estaria contido em um dos 12 nomes “principais” de Deus. 

Na teoria Cabalística diz-se também que, no momento que a Torre de Babel foi destruída por Deus em punição à soberba dos homens, os trabalhadores foram divididos em 72 nações (algumas já não existentes em nosso tempo). Cada anjo, então, passou a se manifestar como uma faceta de Deus, adquirindo um “nome divino” ou um “santo nome” de Deus, e sendo adorado por um dos povos que se estabeleceram.

ORIENTE MÉDIO

Por volta do ano 600, quando teria vivido Maomé, começa a se delinear o que viria a ser chamado posteriormente de Islamismo, a partir das informações sobre os planos espirituais reveladas a Maomé por intermédio do arcanjo Gabriel (Jibril).
No Islamismo, os anjos podem ser entendidos como seres criados a partir da luz (enquanto os djinns são criados a partir do fogo e os humanos a partir da terra), mas também como representantes de conceitos abstratos e aspectos da mente humana. Possuem funções importantes no funcionamento do Cosmos, tanto relacionadas à exaltação dos merecedores quanto à punição dos ímpios. Outros anjos específicos podem ser criados a partir de outros elementos, como os anjos Hamalat al’Arsh que carregam o trono de Allah, os anjos-gêmeos de gelo e fogo Habib vistos por Maomé, e o anjo de fogo Iblis, responsável por punir os humanos no inferno.

A cosmologia islâmica também traz para dentro de sua estrutura alguns seres da mitologia Persa, os Peris, e os transforma em agentes mensageiros benevolentes. Eles teriam a aparência de belas mulheres com asas, aparecendo para dar recados aos humanos ou para alertar àqueles que estão fazendo algum mal ao ambiente.

CRISTIANISMO

De 500 AC até 500 DC, surgiu uma profusão de textos escritos sob inspiração divina que buscavam explicar os mistérios do universo e da divindade, com ou sem citações a seu filho humano. Os diferentes movimentos gnósticos, judaicos e proto-cristãos tinham suas formas próprias de ver o mundo, que muitas vezes se chocavam e contradiziam.

Os movimentos que saíram vitoriosos e que angariaram mais seguidores acabaram escolhendo os textos que fariam parte de seu cânon (a Bíblia), em relação ao velho e principalmente ao novo testamentos. São Jerônimo, no ano 500, cunhou o termo “apócrifo” para denominar os textos que supostamente não haviam sido escritos por inspiração divina, e que portanto ficaram de fora da Bíblia, mesmo que muitos deles não tenham contradições e sejam inclusive complementares aos livros escolhidos. 

Com base na Bíblia, muitos foram os livros escritos para expandir as explicações sobre como o universo funcionava, e sobre como funcionariam as hierarquias celestes, bem como os seres que ali viviam. O livro De Coelesti Hierarchia, publicado no século 5º pelo teólogo e filósofo Pseudo-Dionísio o Aeropagita, ou São Dionísio, descreve as Três Ordens e os Nove Coros de anjos; alguns livros posteriores definem ainda um líder angelical que rege cada Coro.

PRIMEIRA ORDEM

A Ordem mais próxima de Deus. Dela fazem parte os Serafins, os Querubins e os Tronos (ou Rodas).

Serafins: Keter – Plano Divino / Criador / Coroa
São os guardiões diante do trono de Deus, também conhecidos como “espíritos de fogo”. Geralmente retratados com seis asas e envoltos em chamas vermelhas e douradas, eles regem os céus e constantemente professam louvores a Deus. A graça de Deus flui através dos serafins para os anjos inferiores, dissipando as trevas e purificando o universo. Os Serafins são a mais alta ordem de anjos. Lúcifer teria feito parte desta Ordem, da qual era o anjo mais brilhante, antes de sua queda. São liderados por Metatron.

Querubins: Chokmah – Sabedoria / Revelação
Tendo o mesmo radical de Grifo, Kherub (asas), são uma classe de anjos representados como bebês com asas azuis, ou cabeças com asas. Originalmente, os querubins eram retratados com penas de pavão para simbolizar por meio dos múltiplos olhos seu caráter onisciente. São os cocheiros de Deus e portadores de seu trono. Na Bíblia, têm a função de guardar o caminho até a árvore da vida, no Éden. São liderados por Raziel.

Tronos: Binah – Compreensão / Razão
Também chamados de Rodas, são retratados como rodas aladas dentro de anéis, com as bordas cobertas de olhos, ou então como anéis concêntricos dispostos em diferentes planos formando um globo tridimensional. Eles suportam o Trono de Deus e decidem como as decisões de Deus devem ser manifestadas. Sua missão é trazer julgamentos para cada pessoa e também para a sociedade como um todo. São liderados por Tsaphkiel.

SEGUNDA ORDEM

Os sacerdotes e príncipes das cortes dos céus. Abarca os Domínios (ou Dominações), as Virtudes e os Poderes (Potências ou Potestades).

Domínios: Chesed – Misericórdia / Graça / Amor de Deus
Estes são os anjos que trazem os ensinamentos da intuição. São responsáveis por manifestar o poder e o domínio de Deus. Aparecem na forma humana usando uma coroa tríplice, e são representados com cetros e espadas para simbolizar o poder dado sobre toda a criação e a capacidade de decidir o que precisa ser feito para cumprir as necessidades de Deus. Também regulam os deveres dos anjos inferiores para garantir que o universo continue funcionando como deveria. Podem segurar uma cruz para simbolizar o equilíbrio entre as forças ativa e passiva. São liderados por Tsadkiel.

Virtudes: Geburah – Julgamento / Força / Determinação
São os anjos dos milagres, encorajamento e bênçãos, sendo representados como seres brilhantes de luz. Se envolvem sempre que as pessoas estão lutando com sua fé ou duvidando de si mesmas. Possuem quatro asas de penas azuis e usam uma armadura de guerra cintilante. Podem ser representados com cetros, lanças, machados, espadas e/ou escudos. Trabalham junto aos tronos para conceder graças e recompensas àqueles que superaram as dificuldades em suas vidas físicas. São liderados por Raphael.

Poderes: Tipharet – Simetria / Equilíbrio / Compaixão
Os Poderes têm a função de impedir que os anjos caídos dominem o mundo, mantendo o universo em equilíbrio. Também regem o poder do intelecto e da razão em assuntos como matemática, geometria, astronomia e outras ciências exatas, protegendo professores e educadores. São liderados por Camael.

TERCEIRA ORDEM

Aqueles que ministram para os humanos em nome de seus superiores. São os Príncipes (ou Principados), os Arcanjos e os Anjos.

Príncipes: Netzach – Contemplação / Iniciativa / Persistência
São protetores das religiões, e também funcionam como anjos de guarda das cidades, nações e governantes. Proveem forças aos povos para se manterem firmes e fiéis à sua nação. Vigiam as nações e tentam inspirar seus líderes a tomarem decisões sábias. São por vezes retratados vestindo roupas de soldados e sandálias, geralmente na forma humana. São liderados por Haniel.

Arcanjos: Hod – Rendição / Sinceridade / Firmeza
São os anjos “chefes”, e levam as mensagens de Deus para os humanos, também comandando os exércitos de anjos em constante batalha contra os “Filhos das Trevas”. Cuidam dos assuntos da humanidade e agem como anjos da guarda dos líderes dos movimentos mundiais. São os anjos que ficam a postos ao redor do trono de Deus, prontos para cumprir os decretos divinos principais sobre os humanos. São liderados por Mikael.

De acordo com o livro do Apocalipse, há sete arcanjos que estão na presença de Deus, mas apenas quatro são mencionados no Antigo Testamento: Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel. Na crença judaico-cristã, os outros três seriam Raguel, Jophiel e Chamuel. Porém, segundo outras fontes poderiam ser três dentre Ariel, Azrael, Camael, Haniel, Jeremiel, Metatron, Raziel, Sandalphon e Zadkiel. Cabe ressaltar que estes arcanjos também são citados, em outras fontes, como líderes de Ordens superiores. 

Anjos: Yesod – Fundação / Memória / Conhecimento
Seres celestes mais próximos aos humanos, são os intermediários entre Deus e os mortais para as funções mais corriqueiras. Lidam com os aspectos da vida cotidiana e atuam como veículo direto para informações, conhecimento e comunicações entre Deus e a humanidade, e vice-versa. Cada humano teria um anjo associado a si, ao nascer. Esses anjos são vistos com corpos humanos, asas e várias vestimentas diferentes, dependendo das tradições e da biblioteca simbólica do humano ao qual foram designados. São liderados por Gabriel.

EUROPA

Por volta de 480 DC, o Cristianismo se espalhou por toda a Europa. Os conceitos de angeologia estavam sendo definidos nos tratados que vinham sendo escritos, porém a demonologia evoluía constantemente e muito mais rápido. Isto porque, em cada nova região a ser dominada, a Igreja precisou criar um novo rol de demônios, que eram precisamente os deuses de cada povo que seriam paulatinamente apagados.

Além de transferir os poderes dos deuses antigos para Deus e seus anjos, a Igreja também começou a criar um conjunto de histórias sobre seres humanos que conseguiram a sua ascensão, se tornando santos. Sendo assim, a angeologia cristã em si permaneceu relativamente fixa, enquanto a lista de demônios e de santos só aumentava ao longo do tempo, em cada local por onde a Igreja passava.


Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...