A história da O.T.O. e das fraternidades que lhe estão ligadas é a história dos seus protagonistas, e começa com a de Karl Kellner (1851-1905) e Theodor Reuss (1855-1923). Reuss, um maçom anglo-germânico, considerado por historiadores e maçons como um burlão, importou a organização maçônica marginal de origem francesa, o “Antigo e Primitivo Rito de Memphis e Mizraim” (MM), de Inglaterra para a Alemanha em 1902. Por essa altura a organização Alemã não tinha ainda um nome definido, mas foi declarado que a sua fundação foi feita com a carta de autorização Cerneau de Harry J. Seymour em 21 de Julho de 1862.
O homem que teve a ideia de um círculo privado que usaria magia sexual sob linhas Tântricas em 1865 foi o industrial Carl Kellner. Kellner não pertencia a ordem nenhuma, tinha apenas alguns amigos com os quais trabalhava em magia sexual e com quase toda a certeza, Kellner nem nunca ouviu e muito menos usou o termo “O.T.O.”. Depois de Reuss entrar em cena, ele (Reuss) considerou que era boa ideia introduzir a magia sexual numa ordem e escolheu o rito de Memphis-Mizraim. Depois da morte de Kellner em 1905, Reuss inventou um novo termo para um grupo interno que trabalharia com esta orientação: a Ordem dos Templários do Oriente. Como resultado, a O.T.O., de Reuss era constituída por membros de MM, mas isto apenas no princípio (1*). Reuss e o seu auto proclamado herdeiro, Aleister Crowley (1975-1947), sempre consideraram a O.T.O, e MM ligadas. Por exemplo, os graus 90*-95* que eram equivalentes ao IX* da O.T.O. [isto é substanciado pelo documento “Sinopse dos Graus” na sua cópia manuscrita do ritual do IV* da O.T.O. , facsimile em “How to make your own McO.T.O.”].
As seguintes ordens e igrejas estiveram associadas com o fenômeno O.T.O. antes da Segunda Guerra Mundial:
“Fraternitas Saturni” (FS). Foi estabelecida pelo livreiro Eugen Grosche (1888-1864) em 1926 na Alemanha. Esta foi a primeira ordem a ser fundada baseada na religião filosófica de Thelema, criada por Crowley ( a “Lei do Novo Eon”).
“Fraternitas Rosicruciana Antiqua” (FRA), foi criada pelo aventureiro Alemão Arnoldo Krumm-Heller (1879-1949) em 1927 na América do Sul.
A “Order dos Illuminati” (OI); cuja afinidade com a O.T.O. foi estabelecida apenas no virar do século pelos seus re-fundadores, Theodor Reuss e o actor Leopold Engel (1858-1931).
A misteriosa Igreja Gnóstica Católica, a “Ecclesia Gnostica Catholica” (ECG), cujo contacto com a O.T.O, por um dos seus numerosos ramos é apenas digna de nota de 1908 a 1920.
Far-se-á ainda menção da “Pansophia” de Heinrich Traenker (1880- 1956), mas é omitida a ordem criada por Crowley, a “Astrum Argenteum” (A:.A:.). Traenker, livreiro de profissão, foi um personagem muito activo no desenvolvimento da Teosofia, antes de começar o seu próprio grupo. Reuss deu-lhe uma autorização de X* em 1921 e colaborou com este e com Spencer Lewis (AMORC) na continuação da O.T.O. depois de Reuss expulsar Crowley em 1921.
Introdução à história
Continua a ser duvidoso se Reuss construíu O.T.O. de uma forma próxima da ideia de Karl Kellner quando este morreu em 1905. Mas sob a autoridade de Reuss, o conceito da O.T.O. foi estruturado de uma forma definitiva em 10 graus, dos quais o VIII* e o IX*, divergindo das linhas maçónicas, praticava magia sexual. O X* representava o líder administrativo para cada país. A aparição controversa de Aleister Crowley em 1910-12 (neste último ano, foi-lhe dada uma autorização para a sua própria loja da O.T.O, mas limitada à Inglaterra e Irlanda) diferenciou, pelo menos os diferentes grupos da O.T.O.: a aceitação da “Lei de Thelema” nos rituais. Uma das questões principais que estão actualmente em disputa é qual dos diferentes grupos da O.T.O. é o genuíno. Os rituais de iniciação da O.T.O. reescritos por Crowley entre 1917 e 1942 NUNCA foram usados por Theodor Reuss. Todas as outras lojas da altura desenvolveram os seus próprios rituais. Existem razões para acreditar que mesmo Reuss não tencionava que a O.T.O. fosse um veículo de Thelema. [ver “Eine Leben fuer die Rose”.]. Apesar disso, Crowley tinha escrito no seu diário “Proclamei-me OHO” (OHO = Outer Head of the Order = Cabeça Visível da Ordem = Líder mundial da O.T.O; autoridade que lhe seria concedida apenas por nomeação directa do seu antecessor ou por votação directa de todos os X*).
Na Alemanha, em 1922, Heinrich Traenker e o seu secretário Karl Germer, estabeleceram a “Pansophia”, já definida em 1921 por Traenker e a sua mulher, mas agora financiada por Germer, um homem de negócios.
Reuss morreu em 1923 sem nomear o seu sucessor. Provavelmente pretendia que o seu herdeiro fosse o negociante suíço Hans Rudolph Hilfiker (1882-1955), que foi Grão Mestre da loja “Libertas et Fraternitas” fundada em 1917 em Zurique. Mas este verdadeiro maçon manteve-se isolado de outros grupos devido à má reputação de Crowley e Reuss. Como Crowley admitiu numa carta de 1924 para Heinrich Traenker, Reuss nunca o escolheu como seu sucessor. Reuss viu-se livre de Crowley em 1921 e fez ligações á organização de Spencer Lewis (AMORC) e à FRA de Arnoldo Krumm-Heller
Em 1926, depois de Crowley visitar Traenker e Germer, o secretário da Pansophia, Eugen Grosche, rompeu com o círculo interno da Pansophia e fundou a Fraternitas Saturni, alegadamente com cerca de 60 ex-membros da O.T.O.. A FS tornou-se a primeira ordem fundada sobre a Lei de Thelema. A O.T.O. dirigida por Traenker, que faz apenas tímidas referèncias a Thelema, ficou praticamente inactiva (2*).
Assim, a O.T.O. restante de Reuss em Monte Veritá e o seu ramo em Zurique ficou o único grupo da O.T.O. na Europa, se não no mundo, se exceptuarmos as tentativas Crowley de usar a sua ala da O.T.O. na América para obter dinheiro fácil e como um meio de publicar os seus escritos
O padeiro suíço e ex-comunista Herman Joseph Metzger (1919-1990) foi iniciado em 1943 em Davos (Suíça) por Alice Sprengel (1871-1947) de Monte Veritá, e os seus feitos merecem um pouco mais de atenção.
Não nos devemos esquecer que, depois da morte de Crowley em 1947, o seu sucessor conhecido na altura nos Estados Unidos, Karl Germer (1885-1962) não recrutou quaisquer membros, e a O.T.O. suíça, pode mesmo ser considerada a única O.T.O. activa no mundo. Para mais, Metzger foi capaz de provar que a sua O.T.O. era originária de um dos ramos de Reuss, um facto que lhe daria autoridade sobre toda e qualquer sucursal da O.T.O. proveniente de Crowley.
Comparações: O que é que aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial?
A O.T.O. e a Fraternitas Saturni
Durante o seu exílio nos anos 30, Eugen Grosche trabalhou várias vezes com o grupo de Reuss que tinha resistido em Ticion (na parte da Suíça que fala Italiano). Metzger entrou em contacto com ele em 1950, e, em consequência disso, Grosche cedeu toda a sua autoridade sobre a FS fora da Alemanha a Metzger, que viajava muito pela Europa. Como posuía um visto para os territórios alemães ocupados pelos Aliados, Metzger serviu como um mensageiro conveniente para várias organizações. Viajou pela Ordem dos Illuminati, tomou conta da FS, e visitou vários Thelemitas na Europa, por exemplo Frederich Mellinger (1890-1970). Este último, chegou a ser o director activo do teatro expressionista alemão. Era um espiritualista e foi Secretário de Crowley em Inglaterra, agindo na Segunda Guerra mundial em benefício de Germer examinando todos os possíveis candidatos para a O.T.O. de Crowley na Europa.
Em 1951 a O.T.O. de Reuss, sob a direcção de Metzger, juntou-se com a de Crowley, gerida por Germer. Isto é substancido pelas assinaturas conjuntas de Mellinger e Crowley no documento de aceitação de Metzger (3*). Pouco depois Mellinger abandonaria todos os contactos com qualquer O.T.O. para trabalhar com os Teosofistas Alemães, e assim esteve desde 1960 até à sua morte em 1970.
Desiludido com Metzger, Grosche associou-se em 1950 com a Loja da O.T.O. de Crowley dirigida por Kenneth Grant em Inglaterra. Grant tinha sido nomeado Líder da Ordo Templi Orientis por Crowley em 1947. Os contactos de Grosche com Grant enfureceram Germer (o líder americano da O.T.O. de Crowley) de tal forma que Grant foi expulso [?!] em 1955 da O.T.O. maçónica de Crowley (4*). No entanto Grant e a sua O.T.O. “Tiphoniana”, desse momento em diante, concederam graus da O.T.O. sem rituais de iniciação. Quando Grosche morreu em 1964, Metzger tentou, em vão, tomar conta da FS, vendo-se como a “loja mãe” de todas as organizações orientadas pela Lei de Thelema.
A O.T.O. e a Fraternitas Rosicruciana Antiqua (FRA)
Arnoldo Krumm-Heller recebeu uma autorização de Reuss em 1908 e fundou a sua FRA em 1927. A FRA estava sobretudo activa na América Latina, mas tinha também ramificações em Espanha, Alemanha e Austria. Quando Krumm-Heller se encontrou com Crowley e Germer na Alemanha em 1930, alguns rituais tinham referências Thelemicas (5*). Krumm-Heller também se tornou um (“verdadeiro”) Bispo Gnostico em 1939, mas após a sua morte em 1949 a FRA dividiu-se em numerosos grupos. Em 1963, Metzger tentou, mais uma vez em vão, fazer com que esses grupos se submetessem à sua autoridade.
Apesar disso, actualmente diversos grupos FRA estão ligados ou a Metzger ou à O.T.O.A.
A O.T.O. e a Ordem dos Illuminati (OI)
No virar do século, Reuss e Leopold Engel tentaram, sem grande sucesso, fazer reviver a OI, fundada por Adam Weishaupt no século XVIII. Ainda assim, alguns grupos de Engel sobreviveram às duas guerras mundiais e aceitaram a presidência de Metzger em 1963. Metzger considerava a OI como uma base de trabalho para a sua compilação de ordens (O.T.O. e F.R.A) e rapidamente integrou a Ecclesia Gnostica Catholica nos altos graus da sua OI.
A O.T.O. e a Ecclesia Gnostica Catholica (EGC)
As Igrejas Gnósticas francesas, que também sofreram numerosas divisões, foi estabelecida em 1890 e tentou usar os mesmos moldes eclesiásticos de sucessão apostólica. Mas nem Reuss nem Crowley receberam qualquer sucessão válida. Reuss rentou fazer a Missa Gnóstica de Crowley a “religião oficial dos maçons” em 1920; Crowley usou apenas uma vez a sua qualidade de Líder da O.T.O. para fazer do Teósofo Inglês William Bernard Crow o líder da sua Igreja Gnóstica em 1944. Mas em nenhuma parte na constituição da O.T.O. se afirma que a Cabeça Visível da Ordem (OHO) deveria estar relacionada com a chefia de qualquer igreja.
Metzger recebeu uma consagração válida pois estava na linha de sucessão de Krumm-Heller, que tinha uma verdadeira sucessão apostólica.
Grady McMurtry (1818 -1985), estudante de Crowley, recebeu algumas cartas do seu mestre em 1946, enquanto McMurtry estava na Califórnia. Nestas cartas, Crowley dirigia-se a McMurtry como “Caliph”, um termo nunca usado em qualquer contexto relacionado com a O.T.O., nem nos escritos de Reuss ou Crowley; era baseado meramente em “Calif” a abreviatura postal da Califórnia na altura. Mais de 20 anos após a morte de Crowley, McMurtry interpretou essa designação como designando-o OHO e patriarca da igreja de Crowley. A ECG deste “Califado” nunca recebeu qualquer linha de sucessão válida, quer eclesiástica quer da O.T.O.. Obviamente, este grupo da O.T.O. re-escreveu a constituição em 1987 após a morte de McMurtry. Desde então o “califado” designa-se de O.T.O. International.
A luta pela liderança
Depois da morte de Germer em 1962, houve 4 concorrentes para a liderança da O.T.O. de Crowley-Germer. De acordo com o testamento de Germer, a decisão final seria tomada pela sua viúva e Mellinger. A primeira escolha de Sascha Germer foi o brasileiro Marcelo Ramos Motta (1931-1987), da FRA. Mas depois descobriu que, de facto, o favorito do seu marido era Metzger. Assim, em 1963 Metzger proclamou-se OHO e foi aceite por alguns membros americanos da O.T.O. de Crowley.
Foi apenas em 1969 que McMurtry começou a envidar esforços para ser o Líder da O.T.O. e reclamou para si os copyrights do Tarot de Crowley. Isto levantou a especial indignação de Motta que se sentiu excluído. Kenneth Grant, tal como Metzger, Motta e McMurtry, pode reclamar a autoridade de uma carta (ou nota no diário de Crowley) de um falecido líder da O.T.O., que implicaria que ele poderia ter sido escolhido para o alto cargo. Grant ascendeu ao lugar de OHO em 1970 com a ajuda do executor literário de Crowley, John Symonds.
Em 1969 houve uma ruptura com o grupo de Metzger e assim um outro grupo independente da O.T.O. emergiu na Alemanha com o seu próprio OHO.
No fim de Março de 1998 veio à luz um documento que prova que Crowley nomeou Grant como o OHO da sua O.T.O.
Descrição dos grupos
Fraternitas Saturni
Dentro desta fraternidade, a opinião vigente era a de que a influência do Novo Eon exigia a adaptação permanente dos ensinamentos de Crowley aos últimos desenvolvimentos. Desta forma os rituais de Saturno transformaram-se num mistura peculiar de magia medieval, astrologia com uma pitada de Thelema. Com o passar do tempo, e especialmente após a morte de Grosche em 1964, este facto provocou várias rupturas e, desde 1980 um grupo derivado, a Ordo Saturni, foi sendo mais e mais atraído para o esquema de Crowley. A magia sexual era outrora discutida livremente dentro da FS, mas não como o seu tema principal. A FS era suposto ter a sua própria Egrégora, que agora cederia os seus poderes à organização filiada, a Ordo Saturni. Alguns membros do ramo alemão do “Califado” também são membros desta ordem, portanto cedendo as suas energias de magia sexual para essa Egrégora (6*)
Pansophia
Em 1921, o Grande Mestre Alemão da O.T.O. de Reuss, Heirich Traenker, fundou uma organização chamada Pansophia que publicou escritos rosacruzes importantes bem como os primeiros trabalhos de Crowley. Krumm-Heller e Reuss usaram o termo “Pansophia” no seu papel de carta e nos selos. Quando Reuss morreu em 1923 sem nomear um sucessor, a constituição da O.T.O., exigia que os restantes membros do Décimo Grau deveriam eleger o próximo OHO. Havia apenas 8 X*, Dois deles, Traenker e o Grão Mestre Americano C.R.J. Stansfeld Jones (Frater Achad, 1886-1950, que também tinha uma autorização de Reuss), elegeram Crowley (também ele X*) como “Um Salvador do Mundo” (em vez de OHO) sobre os seus ramos da O.T.O. (?) em 1925. Ambos retiraram os seus votos rapidamente.
Os mistérios sexuais da Pansophia eram comunicados apenas por palavra de boca por Traenker (7*). Referências Thelemicas são encontradas apenas nos ensinamentos mais internos do grupo (8*). A Pansophia acabou com a morte de Traenker em 1956.
A O.T.O. de Metzger
Alguns dos primitivos rituais de Reuss de carácter marcadamente maçônico foram utilizados na Suíça até aos dias de hoje, apesar dos Suíços nunca terem tido rituais de Reuss além do Terceiro Grau; outras iniciações saltavam diretamente para o grau IX* (9*) Após a morte de Germer em 1962, o que representava o desaparecimento da pessoa que tinha o controle da O.T.O. Thelemica, Metzger misturou a sua Ordem dos Illuminati com a O.T.O. de Crowley, que continuou assim activa até ao presente sob as linhas de Reuss. Na Suíça, até onde se sabe, o único ritual a ser realizado é a Missa Gnóstica de Crowley (mas esta é realizada regularmente desde os anos 50).
Metzger propagou Thelema apenas para receber os favores de Germer. Desta forma Germer considerava Metzger como o seu sucessor conforme o escreveu numa carta e foi confirmado pela viúva de Germer (10*).
Metzger renunciou a qualquer tipo de magia sexual. Apesar de ter morrido em 1990 e os critérios de entrada serem muito severos (em contraste com a brandura do “Califado”). Esta O.T.O., geralmente conhecida como a Ordem dos Illuminati é bastante próspera.
A Sociedade O.T.O. de Motta nos Estados Unidos e no Brasil
Motta escolheu os seus membros de acordo com os critérios da Astrum Argenteum (em que alguns estudantes selecionados devem aprender de cor alguns escritos de Crowley), ao invés do preceito “A Lei é para Todos” como era usada na O.T.O. de Crowley. Desta forma a S.O.T.O. nunca teve mais do que um punhado de membros (11*). Depois da publicação dos rituais de iniciação da O.T.O. de Crowley em 1973 por Francis King, Motta começou a criar os seus próprios, pois acreditava no perigo da sua desecração. Por outro lado, o grupo que, a partir de 1977, se passou a designar de “Califado” só então é que os veio a possuir.
O “Califado”
Referindo-se a duas cartas de Crowley, a partir de 1977, McMurtry começou a promover uma recém fundada Loja Agape numa Grande Loja. Como em todas as O.T.O.s próximas da maçonaria, os graus foram no princípio conferidos ao acaso. McMurtry esteve nas boas graças de Crowley durante algum tempo, mas de facto tinha nomeado Mellinger, depois de McMurtry como um outro sucessor possível. Depois de Germer e outros membros da segunda Loja Agape americana (dissolvida em 1953) o terem abandonado, McMurtry viu-se livre de Motta, bem como de Metzger e Kenneth Grant. Motta fez figura ridícula com ações judiciais paranoicas, enquanto que os outros dois nunca foram mencionados no tribunal como membros da O.T.O.. Apesar dos factos históricos, um pequeno tribunal americano aceitou o “califado” como o possuidor da O.T.O. americana e dos Copyrights de Crowley, mas que têm validade apenas dentro de alguns estados americanos (Nono circuito de apelação).
De uma forma geral os mistérios sexuais são supostos terem caído de novo na obscuridade. No entanto este grupo da O.T.O. é aquele que interpreta todos os escritos de Crowley como o fulcro da sua organização e “substanciou” a sua posição por intermédio de acções judiciais. McMurtry foi sucedido, em 1985, por William Breeze, um discípulo Canadiano de Grant e de Michael P. Bertiaux. Existem razões para acreditar que a eleição de Breeze não teria a aprovação de McMurtry (12*). Breeze intitula-se “Sua Sagrada Majestade”
O.T.O. Tifoniana
O secretário de Crowley, Kenneth Grant (n. 1923) dispensou a estrutura maçônica da O.T.O. de Crowley. Grant foi nomeado por Aleister Crowley o “meu sucessor como Cabeça Visível da Ordo Templi Orientis”, em 1947. Não estando ao corrente dessa nomeação, chegou a ser expulso da O.T.O. de Crowley por Germer em 1955. Daí em diante, Metzger também cortou os seus contatos com Grant.
As ideias de Grant derivam largamente da proclamação de Jones/Achad do “Eon de Maat”, que fez com que Crowley “expulsasse” Jones (que tinha colaborado com o supra-citado Heinrich Traenker) uma vez que Crowley era o profeta do “Eon de Horus”; dos ensinamentos de Grosche sobre Saturno/Set e da escola de Bertiaux que focava sexo e Vudu. A magia sexual é discutida muito abertamente.
Ordo Templi Orientis Antiqua
Em 1921, a O.T.O.A., um alegado “rebento” da O.T.O. francesa (com origem em Reuss) foi extendido para 16 graus. Com o passar do tempo a O.T.O.A. foi absorvendo diferentes sucessões gnósticas, uma linha de Memphis-Mizraim, consagrações episcopais, e o Décimo-Primeiro Grau de magia homosexual. O seu mais importante expoente e ponto de convergência é o americano Michael Paul Bertiaux (nascido em 1935), que tinha sido anteriormente um teosofista associado com o espiritualista Henry Smith. O sistema de Bertiaux funciona exclusivamente a um nível mágico e não maçônico e a magia sexual é encarada como um foco importante nesta organização orientada pelo Vudu. Em tempos, Bertiaux trabalhou em conjunto com a O.T.O. de Kenneth Grant.
© P.R. Koenig, July 1998 — Tradução Portuguesa: Andre Falcão
Edição: AShTarot Cognatus
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ANOTAÇÕES:
1. Apesar de ser certo que Kellner usou magia sexual, não se sabe se ele recebeu algum desses graus de MM. A única evidência aparece no jornal “Oriflamme” do qual um conjunto quase completo existe na biblioteca maçónica da Grande Loja de Inglaterra em Londres. Reuss afirma que Kellner era membro da Loja Humanitas em Neuheusl. Esta loja foi fundada em 9 de Março de 1871 sob a constituição da Grande Loja da Hungria. Foi a primeira e a mais respeitada das chamadas “Grenz-Logen” estabelecidas em 1870 na Austria. Esta Loja existe agora em Viena sob constituição Austríaca.
Uma grande parte da “Oriflamme” está reproduzida no livro de P.R. Koenig “Der Grosse Theodor Reuss Reader
3. Veja o livro de P.R. Koenig: “Das Beste von Heinrich Traenker” (Muenchen 1996)
3. Facsimile no meu “Materialien zum O.T.O.”, Muenchen 1994
4. Esta é, por acaso, a razão que Grant dá numa carta datada de 11 de Agosto de 1987. Parece que nem Germer nem Grant alguma vez souberam que Grant tinha sido nomeado o sucessor de Crowley (OHO) por este.
5. Fascimiles em: “Materialien zum O.T.O.”, “Ein Leben fuer die Rose”
6. Mais sobre a FS em “Das O.T.O. Phaenomen”, “Ein Leben fuer die Rose” e em “In Nomine Demiurgi Saturni”
7. Algumas em: “Ein Leben fuer die Rose”
8. Algumas em: “Das Beste von Heinrich Traenker” Muenchen 1996), Ver nota 2
9. É muito duvidoso que alguns dos grupos O.T.O. de Crowley tivessem quaisquer rituais mais elevados que o III* em 1973, quando foram publicados por Francis King no seu “The Secret Rituals of the O.T.O.” (Londres 1973)
10. Facsimile em “Materialien zum O.T.O.” Muenchen 1994, p.141, 142
11. O número dos estudantes americanos seleccionados deve ter sido à volta de seis, mas este valor não é certo. A S.O.T.O. brasileira alegadamente tinha 30 membros, de acordo com as transcrições do julgamento “McMurtry et alii vs Motta”, California 16 Maio 1985, p. 741
12. Numa carta oficial, McMurtry ordenou que nem Phyllis McMurtry/Seckler, Helen Parsons Smith, K.G.D. nem Lon Milo DuQuette tinham poder para nomear alguém para o lugar de “Caliph”