sexta-feira, 27 de julho de 2018

Biografia Papus


Introdução 
Nesse ultimo dia 25 de outubro de 2011, fizeram-se 95 anos da transição do ilustre mestre Dr. Gérard Encausse conhecido nos meios ocultistas pelo nome iniciático de Papus (1). Rendendo saudosa homenagem a pessoa que outrora foi, um dos grandes magistas, e propagador das ciências esotéricas que o mundo já teve, apresentamos um simples resumo de sua vida e obra. Deixo evidenciado que tal conteúdo trata-se de uma síntese de biografias escritas por verdadeiros estudiosos da vida de Papus e do martinismo. Não alego a minha autoria tal empreitada, a única coisa que arrisco apresentar (e que considero pobre diante da magnitude de outros escritos), é uma proposta em sequencia dinâmica, de relatos atribuídos a vida desse ilustre mestre/irmão, por achar que os mesmos são fonte de referência a cultura esotérica e a seu desenvolvimento até os dias de hoje.

I - Nascimento 

Gérard Anaclet Vincent Encausse, esse era o nome de batismo do celebre Medico, Cirurgião, Químico, Alquimista, Alopata, Homeopata, Hipnólogo, Taumaturgo, Astrólogo, Quiromante, Cabalista, Maçon, Martinista, Rosa+cruz, Hermétista, e etc. que atendia pelo pseudônimo de Papus. O Doutor Encausse nasceu às sete horas da manha do dia 13 de julho de 1865 em La Coruña, uma cidade da comunidade autônoma da Galiza e capital da província do mesmo nome, localizada no noroeste da Espanha; região onde Pedro o cruel desposou Branca de Bourbon, e onde morreu Cristóvão Colombo. 
Sol em câncer, ascendente em leão, e lua em capricórnio; Gerad veio a demostrar com o tempo um dinamismo típico de um ser que com trígono de fogo entre o ascendente, júpiter e netuno, era tendenciosamente inspirado e criativo para as ciências do espirito. Filho do químico Frances Louis Encausse, e da Senhora Irene Perez, originaria da província de Valladolid na Espanha, de descendência Cigana. Foi devido a essas raízes familiares que muitos atribuíram ao menino Encausse uma predisposição as ciências alquímicas e advinhatórias.

II – Juventude, formação, e atuação

Devido a questões financeiras e tendo como intuito uma boa educação para seu filho, o Senhor Louis Encausse com sua esposa e filho no ano de 1869 foram estabelecer residência em Paris no badalado bairro de Montmartre. Os Encausse’s residiram em muitos lugares do popular bairro Boêmio de Paris, mas de acordo com alguns registros a ultima rua em que fixaram residência foi na casa 16 da Rua Rodier. Montmartre, um dos bairros mais antigos da “Cidade Luz”; em seus primórdios destinava-se a ser um lugar de culto, consagrado à figura de São Dionísio; com o passar dos tempos já no inicio de 1860, após o bairro ser oficialmente ligado a cidade, e ser fortemente influenciado pelo movimento Romancista de época, o mesmo se tornou um ponto de encontro das mais variadas personalidades. Importantes artistas; intelectuais; Pintores como Monet, Van Gogh, e Renoir frequentaram o lugar contribuindo com o clima multicultural de Paris. Alem das mais simbólicas figuras ligadas ao Ocultismo; Alquimia; a mística poética; e a consagrada literatura francesa; tais como Victor Hugo, Alexandre Dumas, Gustave Flaubert, e Júlio Verne(2). 
Nesse clima efervescente, o jovem Papus foi ter seus primeiros passos educacionais no Colégio Rollin (hoje conhecido como liceu Jacques Decour, onde também estudou o pintor Manet). No ano de 1877 no dia 26 de abril Iniciou-se ao grau da Primeira Eucaristia(3) na igreja de Saint-Pierre de Montmartre, nesse mesmo ano obteve seu certificado de estudos primários; já em junho de 1881 recebeu o certificado de estudos de gramática, e aos 17 anos, dotado de boas referencias matriculou-se na Faculdade de Medicina de Paris, ligada a uma das mais antigas e importantes instituições de ensino da Europa (a Universidade de Paris fundada no século XI). Na faculdade foi bem sucedido em um concurso do externato e se tornou chefe de laboratório do Dr. Luys, o rival de Charcot. E recebeu a medalha de bronze da assistência publica em 1889, atuando como externo nos hospitais Parisienses. Nunca abandonou o exercício da medicina, sendo nomeado oficial de saúde em 1891. No serviço militar foi regularmente atuante até o ano de 1889, e durante a primeira guerra mundial militou como capitão-médico das tropas francesas. 
No dia 07 de junho de 1894, foi reconhecido quando defendeu sua tese a ‘Anatomia Filosófica e Suas Divisões’, e consagrado catedraticamente como Doutor em Medicina. Após, assinando enquanto Doutor Gerard Encausse publica a obra ‘Compêndio de Fisiologia Sintética’. Igualmente muito elogiada nos meios acadêmicos. Em seguida, viajou por diversos países do mundo (Bélgica, Inglaterra, Holanda, Espanha, Rússia, Alemanha), praticando regularmente a medicina, e expondo suas teses. Seu Compêndio de Fisiologia Sintética foi muito bem aceito nesses países, e o jovem Doutor foi considerado por seus contemporâneos como um médico excelente. 
Estudou e praticou a alopatia, a homeopatia, o magnetismo e a hipnose, realizando curas consideradas extraordinárias por seus biógrafos. Afirmavam que Papus, para efetuar o diagnóstico, observava em primeiro lugar o corpo astral do doente, depois o curava misteriosamente, apelando à força vital-mãe, fonte de equilíbrio. Ele classificava as doenças como sendo advindas do Corpo, do Astral e do Espírito. Assim, Papus praticava seguidamente a Medicina Oculta, e realizava diagnósticos agindo pelos dons da clarividência e de clariaudiência. Um caso tido por extraordinário e comentado por Edmundo Cardilo na Introdução a edição brasileira do seu ‘Tratado Elementar de Ciências Ocultas (Traitê Élementaire de Science Occulte)’ publicado pela Editora Três,1973; foi a da contemplação do retrato de uma bela mulher, misteriosa e elegante, que se encontrava no atelier de seu amigo pintor e místico Guillonnet(4). Papus, antes mesmo de perguntar pela identidade daquela dama toda de negro, pressentiu que ela causaria luto e ruínas. Depois, após um momento de concentração, concluiu que ela padeceria tragicamente. Para o espanto de seu amigo Guillonet, a profecia de Papus cumpriu-se pouco tempo depois. No dia 15 de outubro de 1917 os franceses fuzilaram a famosa agente H-25, da polícia secreta de Berlim, conhecida pelo pseudônimo de Mata-Hari, cujo retrato Papus Analisara. 
Muitos casos extraordinários são atribuídos a sua pessoa, mas para não nos alongarmos enfadonhamente em suposições, deixemos a maioria dessas estórias para suas varias biografias. Pois a principal proposta desse texto é relatar de forma simples a vida histórica, seus trabalhos, escritos, e como o mestre contribuiu para com a senda iniciática. 

III– O Envolvimento com o Oculto

Durante sua juventude, enquanto muitos de seus contemporâneos, e amigos de curso se preocupavam com questões políticas, o jovem aprendiz de medicina, destinava-se nas horas vagas ao estudo do Oculto, e a seus aspectos caracterizados nas temáticas do hermetismo, da alquimia, cabalah, magia, fenômenos espíritas, e etc. Se pudéssemos viajar em corpo físico para o passado, seria comum encontrarmos em tardes de verão ou outono na Biblioteca Nacional de Paris ou na do Arsenal, um jovem robusto com tez dotada de traços marcantes (maçãs do rosto arredondadas; olhos puxados, negros jabuticaba; cabelos crespos e finos), compenetrado em livros relacionados à alquimia, cabalah, e magia. O jovem Gérad passava dedicadamente muitas horas tomando notas dos principais manuscritos e documentos zelosamente guardados por séculos nessas preciosas bibliotecas. 

IV- Via iniciática, o codinome Papus 

Ainda com 17 anos em 1882, segundo relatos do mesmo, e de seu filho (Dr. Philippe Encausse), o jovem Encausse conhece a figura misteriosa de Henri Delaage; ocultista advindo de uma linhagem iniciática estruturada nas bases teosóficas dos escritos e trabalhos de Louis Claude de Saint-Martin – “O filosofo Desconhecido”. Delaage, ao reconhecer a seriedade do estudante de medicina, e prevendo a própria transição, lhe confere a iniciação na Sociedade dos Filósofos Desconhecidos. Essa ordem teria sido fundada por Louis Claude de Saint-Martin no século XVIII, na França, e sua doutrina era influenciada pelos ideais de seu mestre Martinez de Pasqually e pela senda cardíaca revelada pelo o místico alemão Jacob Boehme (de forma póstuma, através de seus escritos). 
Alguns pesquisadores (dentre eles Jean-Claude Frère em sua obra ‘Vida e Mistérios dos Rosa+cruzes’, ed. Pensamento, SP.1986) defendem que foi a partir dessa iniciação e após uma reflexão profunda a respeito da tradução realizada por Levi de uma versão do ‘Nuctemeron’ de Apolônio de Thiana que o medico Encausse adotou o pseudônimo de Papus(1), nome atribuído a uma entidade espiritual (gênio, anjo, espírito, Daimon) ligada à medicina, a cura e a terapia. Um Gênio curador da(s) primeira(s) hora(s). 


V – O Ressurgimento do Martinismo 

Em 1882, Augustin Chaboseau, homem de linhagem Bretã, poliglota dotado de uma extraordinária memória, Doutor em Letras, e na época bibliotecário do Museu Guinet, em companhia dos místicos, Jean Moréas, e Charles Maurras, conheceram Papus, e através de ideais em comum (Politica, Ocultismo, Magia, Ciências Herméticas, etc.), desenvolve-se uma cordial amizade que se perpetuava através de um costume de almoçarem juntos todas as terças feiras num pequeno restaurante da Rive Gauche, que ficava a margem esquerda do Rio Sena. Foi justamente nesse cenário, falando de tudo e de todos, que por acaso (?)(5), Papus e Chaboseau descobriram serem ambos herdeiros legítimos da tradição doutrinária de Louis Claude de Saint-Martin. Empreendedor dos ideais esotéricos, Papus ao constatar tal fato em comum com Chaboseau, receando que essa tradição se perdesse com o tempo (fato que já vinha ocorrendo com muitas vertentes esotéricas), resolveu fundar uma Ordem Iniciática, que seria uma reestruturação da tradição de Louis Claude de Saint-Martin. O sistema doutrinário instituido por L.C. Saint-Martin na Sociedade dos Filósofos Desconhecidos, devido a sua pessoa, em reestruturação no século XIX ficou conhecido e denominado por Martinismo. Segundo os anais da tradição de Saint-Martin, havia um elo, ou melhor, um vácuo na linhagem de Papus, pois pela seqüência, existia um mistério em relação à pessoa que teria iniciado o Dr.Encausse, Henri Delaage, que morreu 1882, após conferir a livre iniciação a Papus. Assim em 1888, Augustin Chaboseau (que seria um membro do Conselho Supremo original da Sociedade dos Filósofos Desconhecidos) e o Dr. Encausse (Papus) trocaram Iniciações pessoais para consolidar a sucessão. 
Então, a Ordem Martinista reorganizada por Papus, Chaboseau e seus companheiros, fundada durante o período de 1882-91, se constituiu inicialmente de 02 linhagens espirituais advindas de Saint Martin: 
Linhagem 01: (Supostamente conferida a Papus pela iniciação herdada por Henri Deelage). 
1.Louis-Claude Saint Martin (1743-1803) 
2. Jean-Antoine Chaptal (morto em 1832) 
3. X (? - Suposto Iniciador de Henri Deelage) 
4. Henri Delaage (morreu 1882) 
5. Dr. Gérard Encausse 
Linhagem 02: (Conferida a Augustin Chaboseau pela iniciação herdada por Amélie de Boisse-Mortemart, prima de seu pai). 
1. Louis-Claude de Saint Martin (1743-1803) 
2. Abbe de la Noue (morreu 1820) 
3. J. Antoine-Marie Hennequin (morreu 1851) 
4. Adolphe Desbarolles (morto em 1880) 
5. Henri la de Touche (Paul-Hyacinthe de Nouel de la Touche) (morto em 1851) 
6. A marquesa de Amélie de Mortemart Boisse (neta de Henri de la Touche o iniciador de Honoré de Balzac no martinismo). 
7. Pierre Augustin Chaboseau . 
Em sua essência o Martinismo é uma Ordem iniciática e uma escola de cavalheirismo moral, com base essencialmente na mística judaico-cristã. Aberta tanto a homens quanto a mulheres, e que de acordo com as máximas de seus ensinamentos a Ordem está ligada a uma via que tem raízes na Tradição Primordial, numa época em que o ser humano tinha o privilégio de comungar livremente com a Divindade, sem intermediações. 
Então, após ser iniciado na tradição do Martinismo, com apenas 17 anos, Gérard passou a destacar-se nos meios ocultistas por sua postura seria, e dedicada, voltada apara a conquista das chaves do autoconhecimento e da Iniciação. Nesse meio, tornou-se uma referência em matéria de martinismo; seus escritos compõem uma fonte preciosa de informação para todos aqueles que se interessam pela Tradição.


VI- Ordens, Grupos, Sociedades, e Fraternidades. 

Alem da Ordem Martinista reestruturada entre os anos de 1882 a 1901, o celebre medico da primeira hora integrou, fundou, e coordenou muitos grupos, e instituições de cunho místico/ocultista. Segue abaixo um resumo de algumas dessas associações e sua ligação com as mesmas.


1. Sociedade Teosófica - ST 

Entre os anos de 1887/1888 Papus conheceu Gaboriau, o diretor da revista ‘Le Lótus Rouge’, órgão informativo e de divulgação da Sociedade Teosófica (fundada em Nova York por Helena Pretovna Blavatsky entre 1875). Gaboriau o introduziu na Sociedade Teosófica da França, em sua entrada, Papus contribui a pedidos, com a produção da revista. Sendo uma de suas primeiras colaborações esotéricas para periódicos, o autor chegou a publicar uma tradução do Sepher Yetzirah (O livro da Criação). Foi através de sua ligação com a S.T da França que Papus travou contato direto com H.P. Blavatsky (um dos encontros é relatado na obra ‘Tratado elementar de Ciências ocultas, Livro II, Cap. VIII’, “a personalidade de Jesus existiu na terra?”). Sabe-se que Papus e outros ocultistas Franceses se retiraram da S.T.F por muitos motivos, sendo um dos mais citados a sua aversão contra o espírito exclusivamente oriental dessa sociedade iniciática. No ano de 1893, na introdução de seu ‘Tratado Elementar de Magia Pratica’, encontramos declarações diretas a respeito da S.T. (Sociedade Teosófica): 

“Sociedade Teosófica, associação sem tradição, como também sem doutrina sintética, da qual todos os escritores franceses apresentaram-se a sair por todas as portas possíveis.”– (Tratado Elementar de Magia Pratica, Ed, Pensamento).

Mesmo com a sua saída, o bom medico não desmereceu a utilidade das Bases Teosóficas.


2.Ordem Kabbalistica da Rosa+Cruz – OKR+C 

Em 1884 o Marquês Stanislas de Guaita recebeu a transmissão da corrente hermética da Rosa+Cruz possivelmente passada pelo místico Firmin Boissin, que segundo alguns era comendador da Ordem Rosacruz do Templo, ramificação descendente do Colegiado Rosacruz de Toulouse. A OKR+C e seus ensinamentos foram estruturados através da missão de despertar a Ordem 111 anos depois do nascimento da Fraternidade da Rosa+Cruz Dourada Alemã desde suas origens, em 1777. Então, em 1887 foi oficialmente fundada a Ordem Kabbalística da Rosa+Cruz. A OKR+C era regida pelo Conselho Supremo dos Doze (seis dos quais deviam manter-se desconhecidos), dividida em três câmaras: a câmara de direção, a câmara de justiça e a câmara de administração. Havia, além disso, uma câmara dogmática, uma câmara estética (dirigida por Josephim Péladan), e uma câmara de propaganda (animada e dirigida por Papus). De acordo com alguns dados históricos, a sistemática da OKR+C era moldado em parceria com as bases da Ordem Martinista. Após a morte de Guaita no ano de 1897, Papus e Barlet viriam a liderar a OKR+C.


3.Grupo independente de Estudos Esotéricos – GIDEE e Escola Hermética 

Em 1889, juntamente com alguns amigos de círculo místico, o Dr. Encausse fundou o Grupo Independente de Estudos Esotéricos (GlDEE), transformado mais tarde em Escola Hermética, destinada a divulgar a espiritualidade, e combater o materialismo. 
Eis abaixo o programa do G.I.D.E.E. : 
1 – Dar a conhecer, tanto quanto possível, as principais informações da ciência oculta; 
2- Formar membros instruídos por todas as sociedades de Ocultismo: Rosa+Cruz, Martinismo, Franco-Maçonaria; 
3- Estudar os fenômenos tidos por para-normais, magnetismo e da magia teórica e pratica. 
O GIDEE teve sua primeiras atividades na rua Rochechouart, e depois foram transferidas para um apartamento à rua de La Tour d’Auvergne. 
Papus criou as revistas ‘A Iniciação’ e ‘Véu de Isis’, órgãos de divulgação do Ocultismo, que propagava as ações e bases da Ordem Martinista e da Ordem kabbalistica da Rosa+cruz.


4.Sociedade Alquímica da França – SAF 

Em 1896, o químico, alquimista e ocultista François Jollivet Castelot, integrante da Ordem Martinista, juntamente com Papus, em comunhão com os ideais de outros irmãos estudantes da sagrada arte da transmutação, fundam a Sociedade Alquímica da França. Segundo os vestígios a respeito dessa fraternidade, suas bases advêm de uma tradição influenciada pela alquimia dos rosa+cruzes. Apesar de o nome fazer referencia a uma fraternidade local (França), pesquisas levam a associados de vários lugares do mundo. Há menção de que o ocultista e martinista Antônio Olívio Rodrigues(6), iniciado pelo Dr. Horácio de Carvalho, que era, por sua vez, iniciado de Papus, foi afiliado ou ligado a Sociedade Alquímica.


5.Fraternitas Thesauri Lucis - FTL 

Segundo registros dos arquivos da Ordem Martinista, em 1897, Papus, Marc Haven e Paul Sédir tinham em mãos documentos referente a um sistema iniciático misterioso, com bases na tradição cristã da Rosa+Cruz. Apesar de ter sido organizada por Papus, quem assumiu a direção da Fraternitas Thesauri Lucis foi Sedir. Pouco se sabe a respeito dessa organização, e de seus demais membros. Erick Sablé em seu ‘Dicionário Rosa+cruz’- (Ed. Madras) afirma que a iniciação conferida pela F.T.L era essencialmente cristica. 


6.Igreja Gnóstica 

No ano de 1893 Papus foi consagrado Bispo Gnóstico por Jules-Doinel que refundou a Igreja Gnóstica em 1890. Juntamente com outros Integrantes da Igreja, entre eles o martinista e sucessor de Doinel, Jean Bricaud, consagraram vários sacerdotes da tradição gnóstica, e por meio dessa via surgiram diversos ramos da tradição gnóstica que atuam até os dias de hoje.


7.Order of the Golden Dawn (Ordem da Aurora Dourada) 

Fundada na Inglaterra em 1888 pelo maçon e rosacruz W. Win Westcott (Magus Supremo da Ordem Rosacruz da Inglaterra), e dirigida pelo místico ocultista Samuel L. MacGregor Mathers; a Ordem da Aurora Dourada foi considerada uma das maiores ordens que trabalhou com magia operativa no ocidente. Tendo como membros ilustres: Oscar Wilde, Bram Stoker, o premio nobel William Butler Yeats e vários outros. Papus foi membro da Golden Dawn, fazendo parte do Templo de Ahathoor de Paris (Fundada em 1894). 


8.Ordo Templi Orientis - O.T.O. , e o Rito de Memphis e Misraim 

Fontes afirmam que Theodor Reuss, um dos principais fundadores da O.T.O, contatou o Dr. Encausse em 1901, e que este lhe nomeou inspetor especial da Ordem Martinista na Alemanha, bem antes da fundação da Ordo em 1906. Mas foi precisamente em 1908, que Reuss conferiu a Papus os graus 33º, 90º, 96º do Rito de Memphis –Misraim(7). Há suposições sobre a possibilidade de o líder da O.T.O ter lhe dado na mesma oportunidade, o Xº O.T.O. , atribuindo-lhe assim, a representação da ordem na França. 


9.Maçonaria Mista 

Frequentou (não sabe-se ao certo se foi regularmente associado) a Loja Maçônica Droit Humain (Direitos Humanos), de origem mista ou feminina, onde também foi iniciada entre 1900 e 1901 a famosa teosofa e ativista Annie Besant; 


10.Tradição do Voudou Gnóstico 

Pesquisadores afirmam que Papus esteve no Haiti realizando visitas a lojas martinistas que ali funcionavam, e que também adquiriu conhecimento dos saberes antigos do Voudou Gnóstico; segundo alguns, ele tendo carta patente da O.T.O nomeou para representante para o Haiti e às Ilhas Francesas o seu amigo e Franco-Maçon Lucien-François Jean-Maine, que fazendo uso das bases da tradição antiga da Gnose Voudou fundou em 1922 a La Couleuvre Noire (A serpente/Cobra Negra), uma ordem de Voudou Gnóstico independente, mas que tinha estreita ligação com a O.T.O.A (Ordo Templi Orientis Antiqua) ordem estruturada por Jean-Maine no Haiti após autorização dada por Papus ao mesmo. 


11.Círculo dos Irmãos iluminados da Rosa-Cruz 

Reestruturada e dirigida juntamente com Jollivet Castellot. 


13.Escola de Magnetismo de Lyon 

Fundada por Papus tendo Mestre Philippe de Lyon como seu Diretor. 


14.Suddha Dharma 

Na introdução ao ‘Tratado Elementar de Magia Pratica’, o autor refere-se ao movimento teosófico como algo sem tradição e crítica o caráter exclusivamente oriental da instituição fundada por H.P.Blavatsky; No mesmo texto ele faz menção aos resultados da magia pratica, alegando que os efeitos mais consistentes que podiam levar esse termo (magia pratica), obtiveram por meio de uma fonte oriental. 
“Confessamos, pois, com toda a franqueza, que as poucas práticas sérias que tivemos oportunidade de experimentar e de verificar, nos foram transmitidas por uma sociedade oriental da qual somos membros do menor grau.”- (Tratado Elementar de Magia Pratica, Ed, Pensamento). 
Levando-se em conta tal declaração, alguns pesquisadores afirmam que Papus foi integrante de um circulo esotérico da milenar Escola de Sabedoria Suddha Dharma Mandalam, depositária da essência dos ensinamentos das tradições antigas. 


15.Associação Mística Ocidental - AMO+PAX 

Fundada originalmente em Montevidéu Uruguai, sob a direção do Mestre Philippe e orientação de Papus, a organização se tornou um fórum de varias correntes espirituais, dentre elas estavam: 
o Ordem Martinista; 
o Ordem Kabbalística da Rosa+cruz; 
o Sociedade de Essênios; 
o Suddha Dharma Mandalam; 
o Rito Egípcio de Osíris; 
o Ramakrishna Ashram; 
o Kriya Yoga; 
o Sarva Yoga Ashram ou Ordem dos Sarva Swâmis; 
o Comunidade Sufi; 
o Satyagraha Ashrama; 
o Maitreya Mahasangah; 
o Departamento do Verbo; 
o Zen Boddhi Dharma; 
o Igreja Expectante (adentrou ao fórum após sua fundação em 17 de agosto de 1919, na cidade de Buenos Aires, pelo martinista Alberto Raymond Costet de Maschevillepor, conhecido nos meios iniciáticos por Cedaior).


VII – Mestres 

Papus teve como mestre Intelectual o Marquês Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre (autor de o Arqueômetro, e um dos reveladores da teoria da Sinarquia) e como mestre espiritual, como o próprio afirmava, o mestre Philippe de Lyon (Nizier Anthelme Philippe). Mestre Philippe era a figura mais cativante, entre os grandes mestres simbólicos do Ocultismo do século XIX. Era uma pessoa simples, de média estatura, que acumulava inúmeras atividades relacionadas com a iniciação, medicina e sessões de orações e de curas. Ainda lhe sobrava tempo para confeccionar seus próprios instrumentos de trabalho, bem como os utensílios utilizados em seu laboratório. Dormia pouco, mas jamais mostrava-se cansado; e comumente era visto jogando bola de gude com as crianças em plena praça publica na cidade de Lyon. Papus também se intitulava discípulo de Fabre d´Olivet, Saint Martin, Jacob Böehme, e de Eliphas Levi cujas obras sabia praticamente de cor, em especial o ‘Dogma e Ritual da Alta Magia’, e o ‘Grande Arcano’. Sobre Levi, vale esclarecer um fato interessante, que para aqueles que conhecem pouco a história da tradição esotérica é motivo de confusão. Na introdução à 1ª edição brasileira da obra ‘A Golden Dawn’ do mago Israel Regardie, publicada pela editora Madras, especificamente na pagina XVIII da introdução, no tópico “Eliphas Levi”, no começo do segundo paragrafo, vemos o seguinte:


“Embora saibamos que os estudos de Levi começaram no mosteiro, a data de sua iniciação, propriamente dita, ainda é duvidosa. Sabe-se que ele colaborou e foi amigo do famoso iniciador, o mago Papus”- (Wagner Veneziani na introdução a edição Brasileira do livro A Golden Dawn, Israel Regardie; Ed. Madras; SP, 2008).

Tal colocação e outras que foram expostas na introdução brasileira da obra demostram equívocos históricos. A respeito de Papus e Levi, vemos que não foi possível eles terem trocados informações consistentes sobre a tradição, já que o Sr. Alphonse (Levi) veio a falecer em 1875, época em que Papus com apenas 10 anos de idade ainda estava no Colégio Rollin. O Doutor Encausse considerava Levi como um de seus mestres esotéricos, tanto que em 1886 ele tentou conhecer o autor do proclamado ‘Dogma’; enviou-lhe cartas expondo sua grande admiração; mas as correspondências não tiveram respostas, até descobrir por irmãos que conheceram pessoalmente o mestre, que ele havia feito a passagem desde o ano de 1875.



VIII- Duelo a favor de um irmão 

No ano de 1893, Papus travou um duelo com Jules Blois, que tinha desacatado fortemente a Stanislas de Guaita (a respeito do caso do Padre Vintras, da Igreja do Carmelo(8) e a missa negra com hóstias em sangue, divulgadas e condenadas por Eliphas Levi). Fato curioso é que, uma lenda fantasiosa se deu o cabimento por meio desse duelo, eis então como se segue: Quando Jules Blois dirigia-se em um fiacre para o Pré Catelan (Paris) local designado para o combate que ocorreria às 11 horas da manhã, os cavalos assustaram-se com a aparição súbita de um vulto e empinaram-se, derrubando por terra Jules Blois e sua comitiva. Assim, o adversário de Papus chegou em sua presença com dor de cabeça e cambaleante. O duelo começou, sem muito entusiasmo, Papus procurando, dizem seus biógrafos, não ferir gravemente seu opositor. Este recebeu um pequeno ferimento no ombro e a luta teve fim. O Doutor por sua vez, cumpriu com a obrigação de médico, socorrendo seu oponente. Esse duelo gerou cogitações fantásticas, uns alegavam que o vulto que assustou os cavalos tratava-se de um fantasma que morava com Guaita em seu castelo de Alteville, um fiel amigo do Marques que também veio defendê-lo, e que segundo a introdução da obra ‘No Umbral dos Mistérios’: 

”Conta-nos Paul Adam, que o fantasma costumava aparecer quando estávamos à mesa; um dia, um dos presentes levantou-se e lhe ofereceu uma costela de ovelha; o fantasma, ofendido, nunca mais apareceu.” 
”Os jantares no castelo de Alteville costumavam prolongar-se noite adentro com agradáveis conversações. E o fantasma adquiriu, com o tempo, grande reputação. Muitos afirmavam conhecê-lo e diziam que lhe faltava um pé, e que o outro pé parecia um pilão de madeira.” 
“Essa lenda, por bizarra que possa parecer, tem o mérito de salientar a atmosfera de mistério que imperava na residência campestre de Guaita” -(No Umbral dos Mistérios, Trad. Sociedade das ciências Antigas).



XIX- Casamento 

Em 23 de fevereiro do ano de 1895, veio a casar na Igreja de Notre Dame d`Auteuil com a viúva Mathilde Inard d`Argence, neta da condessa de Freudstein. Afirmam que houve uma assembleia de magos vindos de vários cantos do mundo para prestigiar a cerimonia e felicitar os noivos. 
Uma passagem interessante que marca a vida desse casal e sua ligação com a tradição é que, Papus, logo quando conheceu Mathilde, percebeu que a jovem viúva tinha um grande interesse pelas ciências esotéricas, e especial admiração por um mago que atendia pelo nome de Philippe; o Dr. Encausse, após realizar alguns rituais de proteção, crendo que o dito mago foco da atenção de sua noiva podia ser um inimigo, veio a constatar que tratava-se do humilde mas não menos celebre Philippe de Lyon, que se tornou um de seus principais mestres na senda. 
A admiração do casal para com o grande taumaturgo de Lyon fora tanta que, Papus e Mathilde deram a seu primogênito o nome do mestre que se tornou também padrinho do garoto que nasceu em 02 de janeiro de 1906 (Philippe Encausse). 


X- Escritos e Obras 

Em 1887, aos 22 anos, escreveu sua primeira obra, denominada O ‘Ocultismo Contemporâneo’. No ano seguinte surgiu se ‘Tratado Elementar de Ciências Ocultas’, que rapidamente alcançou grande sucesso em vários países e proporcionou a seu autor grande liderança no meio ocultista parisiense. Uma obra em que se acham resumidos com clareza, agrupados e sintetizados os dados primordiais do Esoterismo. No mesmo ano (1888) traduz e publica para a revista ‘Lotus’, veiculo de divulgação da Sociedade Teosófica da França o ‘Sepher Yetsirah’ (Livro da Criação). Nos anos seguintes surgem os escritos sobre a ‘Pedra Filosofal’. 
Os livros principais foram publicados em sua juventude, como o ‘Tratado Elementar de Ciências Oculta’ (23 anos, em 1888), o ‘Tarot dos Boêmios’ (24 anos,1889), o ‘Tratado Metódico de Ciência Oculta’ (26 anos em 1891, tido como um dos mais extensos trabalhos do autor, contendo quase mil paginas), ‘A Cabala’ (27 anos,1892), o ‘Tratado Elementar de Magia Prática’ (28 anos, em 1893). 
Para seus companheiros de adeptado, suas obras principais foram o ‘Tarot dos Boêmios’, o ‘Tratado Metódico de Ciência Oculta’ e o ‘Tratado Elementar de Magia Prática’. 

“São Três, dos mais belos livros e dos mais fundamentais para o estudo do Ocultismo aparecidos após os de Eliphas Levi, Louis Lucas e Saint-Yves d´Alveydre" - (Stanislas de Guaita em No Umbral do Mistério). 

XI - Rússia 

Em 1896 o Czar Nicolau II, e a Czarina Alexandra estiveram em Paris; Papus, através de fontes confiáveis sabia que o movimento martinista da época de San Martin era vivo em São Petersburgo e mantido pela corte do Czar. Sendo assim, Encausse enviou ao casal real uma mensagem em nome dos espiritualistas franceses desejando-lhes boas vindas; e identificando-se como medico presidente do conselho da Ordem Martinista, e delegado geral da Ordem Kabbalistica da Rosa+cruz. Tal iniciativa agradou o Czar, e gerou mais interesses por parte de Papus pelas correntes martinistas esotéricas da Russia que foram estabelecidas através do próprio Saint-Martin. 
Na Russia o Martinismo desde seus primórdios, contava com membros da aristocracia. Saint-Martin tinha iniciado o embaixador russo em Londres, príncipe Simeon Worontzor; o príncipe Alexis Barisowitz Galitzin, iniciado no ano de 1780; o príncipe Alexander Barisowitz Kurakin e os Condes Norkov e Vasily Nikolaievich Zinoviev; e o Professor Universitário Ivan G. Schwartz. 
Varias lojas martinistas funcionavam sob um regime de discrição, e desde o século 18 até o inicio do Século 19 a classe martinista Russa foi composta por membros da família real, sábios, membros do alto clero ortodoxo, escritores, aristocratas, militantes, artistas etc. O próprio Czar era grão mestre da loja Cruz e Estrelas que operava em Tsarskoie-Sélo no Palácio Imperial. 
Sabendo das atividades martinistas na Rússia, Papus empreendeu sua primeira visita à corte em 1901, e foi apresentado oficialmente ao Czar. O Doutor, através de referencias, teve a oportunidade de examinar e cuidar da saúde da família real; e com exímio argumento a respeito da reestruturação do Circulo dos Filósofos Desconhecidos na França, rapidamente teve o apoio para estabelecer uma loja da sua linhagem martinista em São Petersburgo, onde o Czar assumiu a presidência dos Superiores Incógnitos. Na corte ele conheceu o monge Grigoriy Rasputin, que tinha a preferencia da Czarina Alexandra e de outros da aristocracia devido a suposta cura que promoveu ao jovem Alexei Romanov, filho do Czar, que sofria de um tipo de Hemofilia. Segudo fontes, Rasputin teve um confronto com Papus, uma batalha mágica lendária. No mesmo ano o Dr. voltou a França para providenciar alguns documentos e processos tanto de cunho profissional como iniciático, em seguida, ele retorna à Rússia, dessa vez trouxe consigo mestre Philippe de Lyon; Dizem que houve uma segunda batalha contra Rasputin; mas que esse bateu em retirada pois não podia com Encausse e o seu amado mestre. E através de Papus a família Imperial tomou conhecimento de seu amigo e mentor espiritual, tido com sincero Cristão a qual foi dado o status e honras pelo Czar Russo, e que manteve contato com a corte imperial até sua morte em 1905. 
Devido a derrota, uns afirmam que Rasputin influenciou a direção da loja Cruz e Estrelas, fazendo com que em assembleia decretassem uma norma impeditiva para o Cazer Nicolau II e a Czarina; proibindo-os de assistir às sessões martinistas na loja. Além de argumentos aos quais desconhecemos no momento, citam que os martinistas russos só concordaram com a norma devido ao fato de considerarem a ordem reestruturada por Papus um linhagem herética, e apócrifa. Para apaziguar e assegurar o harmonioso desenvolvimento do martinismo no reino de Nicolau II, Papus foi reiniciado na tradição de Saint-Martin pelos russos, recebendo outra corrente iniciática. Isso ocorreu no Soberano Capítulo Apolônio de Thiana de São Petesburgo, dirigido pelo F.’.D.’. Gregory Otthovich von Mebes(9)(Irm.’. GOM), nascido na Suécia, radicado e naturalizado Russo. Este não somente reiniciou Papus na tradição dos S.'.I.'., sendo que também estabeleceu um grupo martinista da recém ordem criada pelo medico da primeira hora. Apos esses eventos, algumas lojas do Martinismo Papuziano foram instaladas e ganharam popularidade no meio místico esotérico. 
Textos afirmam que em 1905 na presença do casal Imperial, o magista evocou o espírito do pai do Czar, Alexander III que ofereceu conselhos práticos sobre como lidar com a crise política. Tanto Papus e Mestre Philippe tiveram um papel importante no reinado Russo. Foram conselheiros da família real, e ótimos diplomatas em se tratando de ciências esotéricas. Inclusive, dizem que o Czar foi prevenido pelos dois magistas a respeito de uma conspiração internacional que desejava a dominação mundial, e que o império Russo era um dos poucos capazes de impedir a conspiração desses Irmãos da Sombra. Também avisou ao Czar para se preparar para vinda da guerra com a Alemanha, que estava sendo engendrada por forças sinistras em Berlim.


XII- Iº Guerra Mundial, Morte 

Em 1914 voluntariamente se ofereceu para servir na I Guerra Mundial. E como capitão-médico foi para o front; provavelmente em setembro do mesmo ano, ao cuidar de doentes em um forte na cidade-subúrbio de Aubervilliers ao norte de Paris, o Doutor foi exposto a gasés, e sofreu intoxicação; como recomendação do comando militar, após cerca de nove meses de árduo serviço o general Encausse foi enviado para casa; e dispensado de trabalhos que o levassem para o campo de batalha. Ao chegar, descobriu que tinha desenvolvido um tipo de hemoptise, resultante de uma tuberculose pulmonar, que segundo dados foi contraída numa ambulância que atuava nos campos da grande guerra. Seus biógrafos mais convencionais confirmam ser essa a causa de sua transição para os planos superiores. Há outros relatos que atribuem sua morte a um ataque magico. E que, inclusive, o próprio Doutor teve a visão de sua morte. Coincidentemente nesse período ele terminava seu estudo ‘Para onde vai os nossos mortos’; onde deixou a seguinte colocação: 

“Saberei em breve se minhas ideias são justas ou não”. 

Segundo declarações feitas por seu filho, Dr. Philippe Encausse: 

“Quinze dias antes de morrer, Papus foi vítima de um feitiço que segundo ele mesmo afirmou ‘foi um belo trabalho’. Durante a noite alguém espetara alfinetes na porta de entrada de nossa residência (na bulevar de Clichy, em Montmartre), Habilmente distribuídos, eles formavam uma cruz e um caixão. Após ter admirado esse ‘trabalho’, meu pai comentou: ‘A pessoa deverá voltar duas vezes, mas eu terei partido antes disso. Não tenho permissão para me defender.’ – Entretanto ele desenhou um triângulo...Na semana seguinte, tornamos a encontrar os alfinetes. Durante esses oitos dias, o estado físico de Papus piorara...Ele não quis provocar um ‘contragolpe’, pois isto teria sido contrário à moral crística.”-(J.C. Frère, Vida e mistérios dos Rosa+Cruzes; Ed. Pensamento, SP, 1983) 

Se houve ou não um ataque contra o Doutor por parte de seus supostos inimigos(10), não encontramos mais provas além de suas colocações , das de seus parentes e amigos. De qualquer forma deixemos as palavras do mestre Martinista surtir mais efeitos do que essas suposições: 

“Mesmo quando um mago negro consegue fazer algum tipo de mal, não chegará a usufruir da sua obra de ódio, pois ele é sempre a sua primeira vítima.” – (Tratado Elementar de Magia Pratica, SP, Ed. Pensamento); 

No dia 25 de outubro Papus foi ao hospital de Charité (hospital da caridade, onde foi chefe de clínica), consultar seu amigo de longa data o Professor Sergent; ao se dirigir para determinada sala, Papus tossiu e expeliu sangue, seguidamente caiu nas escadas principais do hospital. Foi levado rapidamente para uma enfermaria, mas já era tarde, tinha feito a grande passagem; vencido aparentemente pela tuberculose. Seu filho ainda relata: 

“Essa morte repentina impediu meu pai de contar aos seus companheiros habituais que minha mãe o esperava num carro estacionado em frente à porta do hospital. Dali telefonaram, enviaram mensagens para nossa casa, mas tudo em vão, pois nela não havia ninguém. 
“A condessa de Béarn, médium extraordinária e amiga fiel, foi a primeira a ser avisada... Uma hora depois de ele ter falecido, inesperadamente ela viu seu amigo Papus em sua própria casa, o qual com uma expressão preocupadíssima, disse-lhe: ‘Não sei o que acaba de me acontecer... Caí, e revistaram-me. É preciso prevenir com toda urgência a minha esposa. Conto contigo. ’- Assim falando, desapareceu...”-(J.C. Frère, Vida e mistérios dos Rosa+Cruzes; Ed. Pensamento, SP, 1983). 

Então, em 25 de outubro de 1916, com apenas 51 anos de idade falece o grande e bondoso Papus, o medico da primeira hora. Seu velório correu na Igreja de Nossa Senhora de Loreto. Seu ataúde foi decorado com fitas vermelhas, azuis, e brancas, muitas pessoas invadiram o recinto para se despedirem do celebre medico ocultista. Durante o ritual de velamento, um acontecimento estranho tomou o momento em que seu caixão estava sendo transportado; um fragmento da mão da escultura de um anjo, pertencente à faixada de uma das sepulturas caiu em cima da coroa de flores colocada por Philippe sobre o esquife do caixão. Era o dedo de um anjo, ou como atribuiu alguns, a saudações de um anjo. Seu corpo repousa no cemitério de Père Lachaise em Paris, na divisão 93. 

No Umbral do Mistério, Stanislas de Guaita escreve que Papus: 

"Jovem médico dos mais eruditos e fecundos, converteu-se em dupla personalidade: conquistou a notoriedade sob dois nomes diferentes. Suas obras de anatomia e de fisiologia receberam apenas a subscri-ção de Gérard Encausse. Seus Tratados de magia arvoram um outro nome". 
"Cabeça enciclopédia e pena infatigável, saudemos este jovem iniciado que disfarça ou, diríamos, que desfigura o lastimável pseudônimo de Papus. É mister, seguramente, que os seus livros testemunhem uma superioridade assaz transcendente, para que se possa perdoar sua etiqueta! Fato é que os amadores de teosofia pronunciam o nome de Papus sem esboçar qualquer sorriso mas, isto sim, com admiração e apreço. 
"Imitemos esse Iniciador, disse-nos Sedir, que desejou não ser mais do que um amigo para nós e que foi bastante forte ao ponto de nos esconder suas dores e seus desgostos sob um perpétuo sorriso. Enxuguemos nossas lágrimas; elas o reteriam nas sombras; regozijemo-nos, como ele próprio há três dias o fez, por rever finalmente face à face o Todo Pode-roso Terapeuta, o autêntico Pastor das Almas, o Amigo Eterno, o Bem Amado de quem ele foi Eterno, o Bem Amado de quem ele foi o fiel servidor". 
"Digamos, juntos a Gérard Encausse, um até logo vibrante; demos a ele, por nossas boas vontades doravante indefectíveis, a única recompensa digna de tão longas penas que ele suportou por nós" – (Discurso de Paul Sédir junto ao túmulo de Papus, na ocasião de seu enterro).


XIII- Lista alfabética das principais publicações de Papus no original francês: 
01 - ABC Illustré D´Occultisme, Dorbon, 1922 (6º ed.); 
02 - l´Almanach de la Chance por 1905 (id.,até 1910); 
03 - L´Almanach du Magiste, de 1895 a 1899; 
04 - Revista L´Initiation (artigos, de 1891 a 1914); 
05 - Revista Le Voile d´Isis (artigos, de 1891 a 1909); 
06 - Les Arts Divinatoires. Chamuel, 1895; 
07 - La Cabbale, Chacornac, 1903 (3º ed.); 
08 - Ce que deviennent nos morts. La Sirene, 1918. 
09 - Ce que doit savoir un maitre Maçon. Ficher, 1910. 
10 - Comment on lit dans les mains. Ollendorff, 1902 (2º ed.) 
11 - La Magie et l´Hypnose. Chamuel,1897. 
12 - L´Occultisme contemporain. Carré, 1901.13 - Premiers Eléments de Lecture de la Langue Hébraique. Dorbon 1913 
14 - Qu´est-ce que l´Occultisme? Chamuel, 1892. 
15 - La Réincarnation. Dorbon, 1912. 
16 - La Science des Mages. Chamuel,1892. 
17 - La Science des Nombres. Chacornac, 1934. 
18 - Le Tarot des Bohémiens. Carré, 1889. 
19 - Le Tarot Divinatoire. Libr. Hermetique, 1909. 
20 - Traité Elémentaire de Magie Pratique. Chamuel, 1893. 
21 - Traité Elémentaire d´Occultisme et d´Astrologie. Dangles, 1936. 
22 - Traité Elementaire de Science Occulte. Carré, 1888. 
23 - Traité Méthodique de Magie Pratique. Chacornac, 1924. 
24 - Traité Méthodique de Science Occulte. Carré, 1891.


XIV - Lista dos Escritos de Papus traduzidos e publicadas em língua portuguesa 
Abc do Ocultismo. Ed. Martins Fontes (trad. da S.C.A); 
O ocultismo. Ed.Madras/ Ed. Esfinge (Portugal); 
Como ler a mão. Ed. Gnosis; 
A Cabala. Ed. Pensamento/Ed. Martins Fontes (trad. S.C.A); 
O que deve saber um Mestre Maçom. Ed. Pensamento; 
A Franco-Maçonaria e o Martinismo. Ed. Madras; 
Taroth dos boêmios. Ed. Ícone/ Ed. Martins Fontes (trad. S.C.A); 
Taroth Advinhatório. Ed. Pensamento; 
Reencarnação. Ed. Pensamento; 
Tratado Elementar de Magia Prática. Ed. Pensamento; 
Tratado Elementar de Ciências Ocultas -Volume I & II. Ed. Três (coleção Planeta nº 8 & 9, 1973); 
Os Raios Invisíveis – O astral das coisas. Ed. Gnosis; 
O Que acontece com nossos mortos. Ed. Hermanubis Martinista.


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(1)- O Nome Papus comumente é pronunciado como Papi devido a sua fonética em francês, mas se fossemos levar em conta a origem de seu nome, ele seria expressado como Papus, advindo do grego do qual descende os escritos do Nuctemeron de Apolônio de Thiana. Até hoje existem duvidas a respeito de como era referendado o Dr. Encausse; Alguns defendem que os dois termos eram comumente aplicados; 
(2) – Vale ressaltar que algumas dessas ilustres personalidades frequentaram Montrematre em épocas e períodos diferentes; mas que de alguma forma contribuíram para com o clima magico do bairro, e também foram influenciados pelo mesmo; 
(3)- Sua primeira comunhão na Igreja Católica Apostólica Romana; 
(4)- Octave Denis Victor Guillonnet, (1872 - 1967), também conhecido como o ODV Guillonnet, foi um grande pintor francês, que segundo fontes era da ordem Cabbalistica da Rosa+cruz ; elaborou em conjunto com Papus as figuras das laminas do taroth advinhátorio que foram utilizados para explicar as imagens do Taroth dos Boêmios ; 
(5) - Será que podemos realmente crer que tal ocorrido era um mero acaso da coincidência?; 
(6)– Irm.’. AOR, como era conhecido nos meios oculistas, foi afiliada a Ordem Martinista, OKR+C, e Suddha Dharma. Fundou o Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento, juntamente com a Editora Pensamento no Brasil, no ano de 1909; 
(7)- Os ritos de Memphis & Misraim supostamente remontam seu inicio aos primórdios da civilização. Advindos de fontes da Índia, Egito, e até mesmo da tradição Caldeu-hebraica, que perpetuavam os saberes dos antigos mistérios. Seus fundadores originais no ocidente seriam os Cavaleiros da Palestina, e os Irmãos da Rosa-Cruz do Oriente. Esses dois ritos maçônicos se tornaram uma única Obediência (Memphis-Misraim), quando foram reunidos em 1881, por Giuseppe Garibaldi, o seu primeiro Grão-Mestre. Em 1902, Theodor Reuss estabeleceu o Santuário Soberano de Memphis-Misraïm na Alemanha e em 1913, após a morte de Yarker (ultimo Grão-Mestre antes de Reuss), ele se tornou o Chefe Internacional do Rito. Reuss, ao criar juntamente com karl Kellner, e Franz Hartmann, a O.T.O. (Ordo Templi Orientis) em 1906, englobou o Rito de Memphis-Misraim a sua estrutura iniciática, isso em versão limitada, onde somente os graus de caráter essencialmente esotéricos estavam incorporados a suas bases. E que, para obter uma carta patente para estabelecer um ramo do O.T.O. o seu representante teria que ter recebido o Xº da O.T.O. 
(8) – A Igreja (seita) do Carmelo foi fundada por Pierre Eugène Michel Vintras (1807-1875), que ficou conhecido como Padre Vintras, ou pelo nome angélico de Strathanael; Sua base dogmática foi exposta por Eliphas Levi na obra ‘História da Magia’, em que era feita menção a realização de uma missa negra, em que a comunhão dos fieis eram realizadas com hóstias embebidas de sangue, e por meio de orgias sexuais. Com a Transição de Vintras no ano de 1875, o teólogo Joseph-Antoine Boullan (1824-1893) assumiu o comando da Ordem do Carmelo, que a dirigiu, até sua morte. Boullan era um fanático atraído pelas aparições marianas e pelas profecias apocalípticas, declarando-se, inclusive, a reencarnação de João, o Batista. A inspiração mística da Igreja fundada por Vintras vem de sua ideologia Naundorfistas. O Naundorfismo por sua vez refere-se aos ideais de Charles Guillaume Naundorff (1785-1845) — o Rei Perdido e Delfim da França, que segundo Vintras e muitos outros místicos do século XIX , o consideravam, além disso e por isso, depositário das chaves esotéricas do Cristianismo Gnóstico; e que também é citado na ‘História da Magia’ de Levi. Vintras foi condenado a cinco anos de prisão em 20 de Agosto de 1842 por fraude e charlatanismo, de onde saiu ileso em 25 de Março de 1848. Na prisão criou a Ordem dos Cavaleiros da Virgem Maria e escreveu um ritual em honra a Melquisedek, inspirado, segundo declaração do próprio, por um ser angelical. Prosseguiu com as ordenações de Sacerdotes de sua linhagem gnóstica, que acabaram se constituindo nos alicerces e nas colunas da Ordem do Carmelo. Em 08 de Novembro de 1843, o Papa Gregório XVI, condenou oficialmente a Igreja (Ordem) Vintrasiana. 
(9) - Gregory Otthovich von Mebes (Irm.’. GOM) ou G. O Mebes, foi o autor da obra publicada pele editora pensamento: ‘Os Arcanos Maiores do Taroth’, tida como um clássico entre os meios marinistas e ocultistas. 
(10) – Alguns afirmam que além de Rasputin e de seus comparsas, Papus teve outros inimigos; nos quais encontravam-se a igreja do Carmelo; E uma célula descendente dos polêmicos Illuminates da Baviera, sociedade originalmente fundada 1776 pelo professor Adam Weishaupt (falecido em 1830). Acreditava-se que a inimizade ocorreu devido ao fato de que alguns incautos confundirem a essência Illuminsita do martismo com a organização da Baviera. Eis oque diz a obra Martinesismo, Willermosismo, Martinismo e Franco Maçonaria de autoria de Papus a respeito de tal assunto: 
“Não se deve confundir os iluminados alemães, discípulos de Weishaupt, niveladores encarniçados, com o "discípulo virtuoso de Saint-Martin, que não professa somente o cristianismo, mas que só trabalha para elevar-se às mais sublimes alturas desta lei Divina".- (Retirado dos escritos do diplomata escritor, JOSEPH DE MAISTRE, - Les Soirées ... (XIº Entretien), citado por Saturninus).


REFERÊNCIAS


PAPUS. Tratado Elementar de Ciências Ocultas. vol. I & II. Ed. Três; 
______Tratado Elementar de Magia Pratica. Ed.Pensamento; 
______Martinesismo, Willermosismo, Martinismo e Franco Maçonaria. Trad. S.C.A; 
PLANETA Nº 24, Revista. O mago das ciências ocultas. Ed. Três; 
FRÈRE, Jean-Claude. Vida e mistérios dos Rosa+cruzes. Ed. Pensamento; 
SABLÈ, Erick. Dicionário dos Rosa-cruzes. Ed. Madras; 
GUAITA, Stanislas de. No Umbral dos Mistérios. Ed. Martins Fontes; 
________________O Templo de Satã. Vol I & II. Ed. Três; 

Hermanubis Martinista- http://www.hermanubis.com.br/biografias/biopapus.htm 
AMO+PAX - http://orobas.blogspot.com 
Sociedade das Ciências Antigas - http://www.sca.org.br/ 
O martinismo Russo - http://rosacruzes.blogspot.com/2009/09/o-martinismo-russo.html 
Ocultura - http://www.ocultura.org.br/index.php/Papus 

terça-feira, 24 de julho de 2018

EXPLICARE CONATUR


Uma cópia de Moonchild (novela de Aleister Crowley, escrita em 1917) da primeira edição de 1929 pela antiga Mandrake Press,  e que já foi vendido, pertenceu a Kenneth Grant. Várias anotações se encerram nas páginas do livro. Uma dessas anotações, chamou atenção, entre os pesquisadores e interessados na Corrente Hermética. Foi uma anotação com caligrafia estilizada, característica de Aleister Crowley em algumas de suas cartas a Illyarum (Steffi Grant). Na mesma, Crowley coloca alguns dos motes relacionados algumas ordens mágicas. 

Os motes citados na ordem em que aparecem no verso do livro, são os seguintes:

Aossic Magister IX° IBA
Ilyaos Imperator 
X° 33° 90° 97°  אטטא
Το Μεγα Σαβάζιος  9°=2▫ A∴A∴
Fra ♋ na Gnose XI° O.T.O.
Mahaprayogi Sri Vamacharya 3ª Ordem Tântrica


EXPLICARE CONATUR

Aossic era o mote de KG na sua primeira Ordem criada, chamada I.B.A. & IX° era o seu grau na mesma. 
Ilyaos como Imperator na I.B.A.  (IBA significa Illyarum Bel Aossic. Em hebraico significa Ele Virá). IBA = 13 cuja inversão torna-se 31, uma amalgama entre LA & AL. Uma Corrente Criativa abriu uma nova perspectiva que é totalmente oposta ainda que complementar, a Kaliyuga, a Era da Ignorância. Do seu Coração-Centro, isto é, da Corrente Criativa, surgem feixes de TRANSFORMAÇÃO, que são emanados em direção ao interior da Consciência, mesmo que a grande maioria não tenha a percepção dessa intrusão.
O ATU de A Morte é uma excelente representação dessa Emanação tão bem vinda para o planeta. Existe uma energia de grandes proporções que mescla o YOD & GIMEL, onde a Secreta Semente penetra no Óvulo que o ventre da Divina Deusa sustenta. Quando fecundado, é lançado a Palavra que transforma, e as pessoas não estão preparadas de maneira consciente para essa vinda. O que surge é o medo da mudança, porque esta é inevitável. Portanto, A Morte nesse ciclo de tempo, tipifica a Mudança, mas uma Mudança dividida em três fases: Escorpião, Serpente e Águia. Três níveis de entendimento, e três transformações intra conscientiam até alcançar a forma final que está latente na Semente de Achamot ou Sofia, no Ovo Órfico ou Celestial. 
Nos estratos mais sutis, A Morte baila a dança da Mudança, da intermitente onda de transformação que se manifesta nos quatro planos da existência: material, mental, emocional e espiritual; o 5°: Está Tudo No Ovo.
X° 33° 90° 97° ATTA  - Graus maçônicos, como O.T.O., R.E.A.A. e Ritos de Memphis e Misraïm.
To Mega Sabacsius (pronuncia-se Savázius), O Grande ou Mega Savázius. Esse era uma espécie de Deus Pai Celestial dos antigos frígios e trácios que tinham em comum a língua indo-européia. A partícula ios é um derivativo da palavra proto-indo-européia Dyēus, que é precursora do Latim Deus e do Grego Ζεύς. Há uma relevante anotação de que Sabázius é cognato ao deus grego Ζαγρεύς (Zagreus).  Crowley identificava claramente o Dionísio Zagreus no ATU Zero, cuja Fórmula é Oz + He. O regente desta Fórmula é MZL sendo uma influência muito sutil vinda de Atziluth. 
9°=2▫ A∴A∴ indica os graus da Ordem de Crowley baseada nos graus da antiga The Hermetic Order of the Golden Dawn, onde o mesmo não foi tecnicamente uma criação sua [1]
Como cada valor numérico indica uma emanação da Árvore da Vida, poderia ser dito que há total interação entre os arithmos. No caso acima, o 9 é o subconsciente não mais instável ou ocultado pela persona, mas iluminado pela Estabilidade de Chokmah, cujo fruto do conhecimento foi dado ao Andarilho, e assim, ocorre sua redenção. Isso é apresentado pelo 2, cuja emanação de Chokmah, permite que o Conhecimento seja constantemente disponível ao subconsciente. Se fosse ao contrário (2°=9▫), representaria uma "busca" do subconsciente pela sua percepção do Todo, de que a ilusão faz parte do processo de destilação da mente, e que somente a Mudança permitirá que alcance o Conhecimento Puro, que dê base e estabilidade as forças lunares em constante ebulição emocional. 
Frater "Cancer" ou "Caranguejo" é governado pela Lua, a "Medida do Tempo". A Lua é a encarnação do subconsciente no plano físico, por isso ela é chamada na Tradição Hermética de A Criança dos Filhos do Poderoso, porque a Semente como persona, se manifesta na Terra (corpo físico). Por isso, sua Inteligência é chamada de Inteligência Física, uma vez que seus raios prateados criam o fluxo e refluxo no campo magnético  do nosso planeta. A saber que todo ser humano possui ao menos 70% de água + sais minerais que são produzidos pela Terra, o nosso eletro-magnetismo pessoal (aura + campo de luz + corpo de luz) são também alterados por sua presença lunar. Assim o Iniciado precisa lidar com seus aspectos não apenas da persona, mas com forças do seu subconsciente. Essas quando neutralizadas, se desvanecem, e assim o nosso eletro-magnetismo se ajusta ao meio ambiente em que se vive. A Medida do Tempo é o processo de lunação, pois em toda quinzena seus raios se fundem na psiquê humana para que todos possam Sonhar na Espreita e Espreitar no Sonho (vide Don Juan), e assim participar de suas conexões com outros mundos, e interagir com outros seres... a resumir, é necessário que o emocional esteja estável e em harmonia com as forças do subconsciente para que a consciência do Andarilho esteja com fortíssimo senso de discriminação & discernimento, por isso seu Caminho é o fluxo e refluxo de Netzach a Malkuth e vice versa. 
Contudo, ela precisa ter uma origem, eis o Portal para Achamot, A Sacerdotisa da Estrela ou Lua de Prata, como mostra no toucado da Mulher mais "fria" que existe entre as Células do Tarô. Uma frieza divina que está além da compreensão social em que a humanidade atual se baseia. Mas a Lua também é o Sol, o disco entre duas crescentes são ambos na verdade. "Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Embora para ele seja a alada chama secreta, e para ela a curvada luz estelar." (AL, I - 16)
A Lua em seu aspecto mais sutil na Fórmula IHVH está em Atziluth, o YOD, a abadia de Dis. Na Escala ou Percepção do REI, que se desenvolve com a Iniciação, sua cor é o crisom, conhecida como malva. Malva é uma das cores de Binah ou Sofia na mesma Escala citada, e isso indica uma região extra-terra, isto quer dizer, além do plano fenomenal, das aparências, e a Lua de Yesod quando elevada a sua Mãe LUA ou AL + U (Vav) que fixa o mundo Supernal na Cruz de Luz ou LUX, ela não é mais citrina, mas malva.  Esse é considerado o crepúsculo das aparências e o nascer da Realidade (REAL + IDADE). A partir daí, a consciência não é medida pelo tempo, nem compartimentada para codificar o mundo (Malkuth), mas se torna imersa nos Æons, no tempo sem tempo, na simultaneidade dos eventos e seus padrões; o Æon Sem Palavra. 
Supremo Yogui Sri Vamacharya que é diretamente relacionado a escola tântrica Vamachara que é usualmente chamada de Caminho da Mão Esquerda. Muito puerilmente a falar, essa escola tântrica coloca o corpo humano que é em si mesmo um microcosmo, em direta relação mágica com o Cosmo, o macrocosmo. O Yantra é a própria Deusa Encarnada ou o Deus Encarnado (Shakti & Shakta) em sua totalidade inerente. Essa é a Ideia do Ponto do Ser, a Consciência de quem é você em sua Essência. 

Nota: 

[1] Como é dito nos corredores herméticos, os manuscritos foram entregues de Kenneth Mackenzie, um erudito maçônico, ao Rev. AFA Woodford, que, por sua vez, passou para o Dr. Westcott. Em 1887, diz-se que Westcott teria conseguido descodificá-los.

O Caminho



"LAM é a palavra Tibetana para Caminho ou Vereda, e LAMA é Aquele que Caminha, o título específico dos Deuses do Egito, O Que Trilha o Caminho, na fraseologia Budista. Seu valor numérico é 71, o número deste livro".
Crowley fez um trocadilho com as palavras Way & Path. Quando juntas formam Pathway ou Senda. Para nós Lamatronikos, que usamos a tecnologia de LAM, todo aquele que trilha a Senda é um Andarilho.  

segunda-feira, 23 de julho de 2018

A Sabedoria Estelar


Kenneth Grant (1924-2011) foi um dos mais notáveis magistas do século XX. Bem conhecido como o último estudante de Aleister Crowley em meados dos anos 1940, ele passou a desenvolver sua própria interpretação de Thelema e levou a Grande Obra através de portais Yuggothianos e em direção de novas dimensões inteiramente estelares. No entanto, apesar de sua sólida obra, ele freqüentemente recebeu críticas e (sinto eu, injustamente) ganhou uma reputação de ser incompreensível ou coisa pior. Este equívoco tem manchado a percepção de seus escritos, e talvez tenha contribuído para que se tenha deles uma compreensão mais lenta do que merecem, como um corpo altamente perspicaz de trabalho que forma um complexo e entrelaçado comentário sobre numerosos assuntos esotéricos.
Pelo final de sua longa carreira de escritor, Kenneth Grant havia escrito uma prateleira inteira de livros, mais notavelmente as Trilogias Tifonianas, que construiu sobre a radiação do background oculto deixado para trás por ordens como a Ordem Hermética da Aurora Dourada e luminares como Aleister Crowley, Jack Parsons e Dion Fortune. Estendendo sua Gnose Tifoniana, ele permitiu que conceitos como o tráfico com entidades, gnose sexual e uma inteira tradição do lado noturno (1) para infiltrar-se em seus romances que eram muitas vezes trabalhos mais curtos apresentando uma conexão sideral (2) à sua própria pessoa, criando assim uma estranha simetria onde Kenneth Grant caminhava dentro de sua própria ficção, e os seres e energias, e de fato o sentido de outro que ele evocou sangrar de volta de sua prosa em nossa realidade. Como muitos de seus leitores notarão, há uma qualidade sonhadora, desconcertante na ficção Grantiana onde a fronteira entre fato e fantasia se dissolve em uma constrangedora narrativa onde alguém é capturado entre as associações e o firmamento da história.
Isso tudo é parte de sua magia, e uma das razões por que seus livros são freqüentemente descritos não tanto como sendo sobre magia, mas como objetos mágicos em seu próprio direito. Este é o real valor deles, como Grant envolveu magia na própria estrutura lingüística de seu texto, tornando isto um ponto de partida para outras realidades. Eu tenho certamente encontrado isto por mim mesmo, e lendo seu trabalho tarde da noite, sou muitas vezes levado a um sentido de devaneio que se transforma facilmente em estados mais profundos de consciência meditativa. Na verdade, muitas vezes as Trilogias Tifonianas parecem transmutar e refletir aos leitores exatamente o que estes precisam ler naquele momento em particular para promover o seu desenvolvimento mágico.
Kenneth Grant não escreveu para iniciantes, e ninguém encontrará rituais estabelecidos, tais como o Ritual Menor do Pentagrama ou do Pilar do Meio dentro de seus livros, antes é esperado a ponderar sobre as informações e considerações dadas e designadas pelo seu próprio caminho através dos mistérios que ele tão tentadoramente desvenda. Seu estilo de escrita é único, e muito diferente da precisão de fórmulas que encontramos com Aleister Crowley. Grant alicerçou os Thelemitas de forma que muitos sentem que essa consolidação depreciou o espírito daquilo que Crowley tentava atingir. No entanto, em contraste com isso, muitas pessoas sentem que Kenneth Grant, seguindo suas próprias estrelas (não aquelas de Aleister Crowley) abriu novas portas para a compreensão, exploração e mistério. Além disso, alguns dos trabalhos de Grant são notavelmente prescientes quanto aos efeitos sobre a consciência humana a partir do universo em geral. Por exemplo seu comentário sobre OVNIs em Outer Gateways (3) referentes e construidos sobre idéias sugeridas por Arthur Machen, emThe Great God Pan (4) e John Keel em livros tais como The Mothman Prophecies (5), e descreve um modelo de componentes não práticos de OVNIs a partir da perspectiva esotérica, uma visão que só recentemente está realmente se tornando mais proeminente.

Transmissões Telepáticas de Yuggoth

Uma das áreas mais problemáticas dentro do corpo de escritos de Grant é a que se conecta ao mito de Cthulhu de H.P. Lovecraft. Sabemos que de fato que HP Lovecraft produziu este mito, semeando-o tanto com entidades encontradas em mitologia (como Dagon), quanto com aquelas que ele inventou (como Yog-Sothoth ou Hastur, o indescritível). Além disso Lovecraft era um materialista ardente, que em suas cartas frequentemente comentava que tudo foi inventado, usando nomes como o Necronomicon ou Abdul Alhazred simplesmente porque ele gostava do som dessas palavra. Finalmente, uma varredura da literatura mostra que não há referências confiáveis ​​ao Necronomicon ou a composição das entidades antes das histórias de Lovecraft serem publicadas.
A fim de adicionar autenticidade a suas histórias Lovecraft criou uma história ficcional do Necronomicon que referenciou personagens históricos reais como John Dee e Olaus Wormius, um esquema que 'se tornou viral' conforme outros autores continuaram adicionando ao mito em anos subseqüentes. É notável que, ainda recentemente, depois do assunto ter sido desmerecido à morte e excelentes livros sobre o assunto, como Os Arquivos Necronomicon (6) apareceram – que claramente apresentam de forma bem referenciados os fatos do caso – ainda existem pessoas que aceitam a literal verdade da confecção blasfema de H.P. Lovecraft.
Como, então, devemos unificar estes fatos com o conhecimento que Kenneth Grant mencionou o Necronomicon ao longo de sua obra desde o início? Grant era um verdadeiro estudioso e muito bom leitor, como a lista de referências no final de seus livros testemunham, assim podemos estar certos de que ele estava ciente da mundana não-história do Necronomicon e que – no nosso nível, pelo menos – é tudo ficção. Na verdade ele reconhece que Lovecraft inventou o Necronomicon no capítulo inicial de Outer Gateways. Nas palavras de Grant:
"Uma série de textos arcanos que reivindicam proveniência não-terrestre são de importância suprema na esfera do ocultismo criativo. Talvez o mais misterioso e, certamente, o mais sinistro seja o Necronomicon, a primeira menção em que aparece é na ficção do escritor HP Lovecraft da Nova Inglaterra. Disse ter sido escrito por um árabe louco chamado Al Hazred, o Necronomicon de fato existe em um plano acessível para aqueles que, conscientemente, como Crowley, ou inconscientemente, como Lovecraft, conseguiram penetrar. "
Este parágrafo sucintamente resume tudo o que Kenneth Grant tem a dizer sobre o Necronomicon. Ele deixa claro que H.P. Lovecraft produziu, e igualmente claro que ele acredita que o trabalho de Lovecraft tenha sido entusiasmado* a partir de um nível mais profundo de realidade. Na verdade, o Necronomicon, como um grimório primordial; é uma fonte de inspiração atravessando toda a obra inicial de Grant, começando com O Renascer da Magia (7) onde Grant enumera uma série de correspondências entre a coletânea dos Mitos de Lovecraft e Thelema.
Desde então Grant contribuiu para o número de conexões usando gematria (8) com nomes e palavras encontradas em outras tradições, sobretudo em O Livro da Lei de Aleister Crowley. Isso incluiu a conexão de palavras que têm uma semelhança lingüística ou gemátrica a terminologia encontrada no Mito como "Set-Hulu" ou "Tutulu" – uma palavra ouvida por Crowley, enquanto em vidência dos Æthyrs Enoquianos no deserto do Saara em 1909, com o poeta Victor Neuberg (9) – o que Grant relaciona com Cthulhu. Ao longo dos volumes posteriores, Grant faz referências ao Necronomicon da mesma maneira que faz referências a outras fontes tradicionais, tais como Gnóstica, Hebraica e Sânscrita. Este tema continua durante todas as Trilogias, porém, sinto que atinge seu clímax no erudito "Hecate’s Fountain" onde Grant fala de rituais para invocar Cthulhu e é aqui que encontramos a comparação mencionada entre O Livro da Lei e o Necronomicon.
Mas, voltando à questão de saber se o mito é literalmente real, podemos melhor responder comparando-o a outras antigas tradições "aceitas" da humanidade. Todos os mitos, religiões e práticas espirituais começam com um místico contato com o inefável e a construção de um elo. Então talvez nós precisemos olhar para o próprio H.P. Lovecraft. Apesar de um materialista e cético externamente, Grant sugere que Lovecraft pode ter sido um vidente inconsciente que poderia perceber padrões mais profundos da realidade, apesar de ser leigo à sua verdadeira natureza, ele, então, foge com medo. Certamente um monte de contos de Lovecraft originado em sonhos, e alguns contos foram quase exatas recontagens de seus sonhos, o que mostra que sua origem não era de sua consciência regular do lado diurno, mas no mínimo uma fonte inconsciente separada do seu materialismo em vigília. No entanto, mesmo que Lovecraft tenha conscientemente produzido o mito, isso não quebra a validade de conexão de Kenneth Grant a ele. Grant reconheceu os padrões familiares místicos que Cthulhu e os Grandes Antigos se enquadram e teceu a sua prática em torno disto. Todos os mitos e religiões começaram de forma semelhante, e, neste sentido o mito é tão real e válido como qualquer outra mitologia e religião, apesar do nosso inconsciente coletivo reprimido.
Talvez possamos entender mais essa idéia se considerarmos um contador de histórias de ficção que está criando um novo personagem serial killer para um romance. Ele usaria certos padrões e arquétipos em sua criação do personagem com sua origem no comportamento de reais assassinos em série. Tal qual nosso serial killer virtual é um símbolo para o espírito de assassinatos em série que está subjacente à loucura em todos os que encontramos (ou esperemos que não) em nosso mundo. Assim, em certo sentido, um ficcional Hannibal Lector, devidamente realizado, é tão real como Jack, o Estripador, e Ted Bundy.**

Dando uma caminhada no Lado Noturno

A partir daqui talvez pudéssemos perguntar por que alguém iria querer encontrar entidades do lado nortuno como Cthulhu. Acredito que o trabalho de Grant ganhou uma reputação injusta ganhou por ser excessivamnete sombria, e que talvez essa reputação se deve aos ocultistas "nova era”*** sem entender que o Universo (e nós mesmos por extensão) é composto por ambas, luz e trevas. É vital explorar essas energias cuidadosamente (e com segurança), uma vez que em certo nível elas estão aí fora e são desagradáveis, mas elas também estão dentro de nós e são potenciais. Lembre-se da idéias de Freud sobre a necessidade de se expressar, e então assimilar as repressões; em um sentido mágico isto é o por que se enfrenta a escuridão, para vir à luz renascido como uma energia saudável ao invés de deixá-la como uma sombria bomba de tempo reprimida pronta para explodir. Muito trabalhos de Grant aqui são realmente uma visão perspicaz no conceito Teosófico do Habitante do Umbral – e ocultistas sérios não trabalham com o lado sombrio para prejudicar, mas sim para regenerar suas próprias repressões mais escuras na luz de um amor próprio.
O mais alto grau em ocultismo, de acordo com a Ordem Hermética da Aurora Dourada, é "Ipsissimus", que significa "alguém auto-completo em si mesmo": alguém que tem curado e absorvido todas as suas fraturas, suas peças quebradas, todos os seus demônios pessoais em um ser perfeito no conhecimento de sua (unificada) verdadeira vontade. Isto é mais potente e cura muito mais do que meditar sobre golfinhos e unicórnios, e eu sinto que entender "sombrio" como sendo arrepiante e assustador é perder totalmente as ideias nos escritos de Kenneth Grant, que na realidade mostra ser ele um dos mais sensatos ocultistas por aí. A esse respeito, os mitos servem perfeitamente como um veículo para essas idéias.

Aleister Crowley encontra Drácula e a Múmia

O estranho, a ficção sobrenatural, foi muito importante para Kenneth Grant, e seu uso do mito Lovecraftiano mostra claramente que ele viu isto como um recipiente capaz de transmitir profundas idéias esotéricas. Muitos ocultistas testemunham que a novela oculta muitas vezes serve como uma melhor transportadora de idéias que o livro de ocultismo, e Grant mesmo abraçou este conceito. Por exemplo, a novela Gamaliel (10) de Grant, mostra claramente como ele entendeu o conceito oculto de vampirismo, ao contrário do um tanto estereotipado Europeu Oriental em um 'dinner jacket' e um sorriso de Bela Lugosi. Grant (em The Magical Revival) delineia o vampirismo de volta ao Egito antigo, fazendo referência as práticas de magia negra projetadas para manter a parte terrestre da alma (o ka) a serviço de um necromante (utilizando este sujeitado ka como um familiar), embora a prática original fosse para proteger as tumbas dos mortos. Este é um tema também explorado por Dion Fortune em The Demon Lover (11), não obstante Fortune se aproxima de forma ligeiramente diferente, dado que o seu "vampiro" fictício não foi devidamente morto em primeiro lugar!
Nas Trilogias Tifonianas vemos o vampirismo exposto como uma transação de energia com um nível mais profundo que pode levar a uma diminuição de vitalidade, de vida e do ser, com ambos, o hospedeiro e o vampiro, trocando alguma coisa – geralmente resultando napersistência do vampiro e a diminuição do hospedeiro.
Tanto Aleister Crowley quanto Austin Osman Spare mergulharam seus dedos no assunto do Vampirismo em seus escritos; Grant, no entanto, pulou na piscina, de roupa e tudo. Na verdade, o assunto é central para um tema encontrado em todo o trabalho de Grant, a idéia de "gnose estelar". Um dos tópicos históricos que Grant explora é o da Rainha SobekNoferu, que historicamente governou o Egito durante quatro anos, no final da XIIº Dinastia, direcionando o Egito para o fim do período do Médio Reinado. Sabemos muito pouco sobre a SobekNoferu histórica, no entanto o seu nome (que significa "Amada de Sobek") sugere uma ligação com o deus Egípcio crocodilo Sobek.
Esta conexão faz parte do mito original da tradição Tifoniana, que olha para a antiguidade e para as práticas religiosas iniciais conectando a humanidade com nossas Deusas. Dion Fortune em Sacerdotisa da Lua (12) aludiu a uma tradição semelhante, e a idéia de civilizações anteriores ao Egito na região do Nilo é ainda algo considerado hoje controverso através da investigação de pessoas como John Anthony West e Robert Schoch**** e seus revisados encontros da Grande Esfinge. Grant viu SobekNoferu como uma restauradora que trouxe esta tradição a partir da mais remota antiguidade para a antiguidade mais próxima:
"O oráculo é ThERA (13), Rainha das Sete Estrelas que reinou na XIIIª Dinastia como Rainha Sebek-nefer-Ra. Foi ela que trouxe de um passado indefinidamente mais antigo, anterior mesmo ao Egito, a original Gnose Tifoniana."(14)
A interpretação da Jóia das Sete Estrelas de Bram Stoker pela “Casa de Horror Hammer”em Sangue no Sarcófago da Múmia exala pura elegância Cinquentista com a seminua Valerie Leon como a (des)mumificada e ainda vital e altamente sexy cadáver de Tera (15) sobrevivendo através dos séculos para reviver nos tempos modernos; uma pegada mais moderna e ocultista sobre o conto de Bram Stoker, e mais fiel ao legado sideral de Grant e Austin Osman Spare e, talvez ,capturando alguns dos ambientes de Nu-Isis em que Kenneth Grant estava mergulhado na década de 1960. Na minha opinião este é o filme mais Tifoniano já feito; embora ligeiramente menos preciso (em um nível arqueológico) do que outros filmes de história (16), mas pode facilmente deslizar para uma situação de assistir ao filme, onde o erudito Kenneth Grant sai das sombras para explicar a narrativa (na verdade, ele praticamente o faz nos primeiros volumes de suas Trilogias).
Eu acho que parte da importância para Kenneth Grant em relação a Rainha Sobek-Nefer-Ra é que ela é do sexo feminino. Aleister Crowley, enquanto brilhante em seu caminho, era um iconoclasta que moveu adiante o ocultismo nos difíceis anos de formação do século XX. No entanto, ele era basicamente um cavalheiro Vitoriano, com, sinto eu, algumas tendências misóginas que persistiram em seu ensino. É claro a partir de seus escritos que ele via suas mulheres escarlates como subserviente ao seu trabalho e que todas elas tinham funções dentro de seu caminho. De fato uma das razões pelas quais eu não acho que Aleister Crowley teve muita influência sobre Gerald Gardner durante a formação do movimento Wicca é que Crowley certamente não era do tipo de se submeter a uma Sacerdotisa; tudo o que há a partir de Gardner.
Kenneth Grant, porém, é muito mais equilibrado em seus escritos, e evitando as armadilhas de Crowley e Gardner, dá mérito igual a ambos os mistérios, masculino e feminino, em sua obra, reconhecendo que ambos os sexos adicionam em seus próprios caminhos para a iniciação e o avanço da corrente mágica. No trabalho de Kenneth Grant lemos sobre esoterismo tanto numa perspectiva masculina quanto numa perspectiva feminina e temas importantes como Kalas são introduzidos e desenvolvidos.

O Crepúsculo entre Ficção e Fato

Experiências estranhas movem inteiramente o trabalho de Kenneth Grant como parte de um entrelace mais profundo com conexões providas dessas ocorrências. Estas muitas vezes começam como estranhos eventos que são descritos e, depois, desenvolvidos em livros posteriores, muitas vezes crescendo de forma tangencial, como Grant atribui essas manifestações de diferentes conceitos.
Uma vez que tal fio diz respeito à estátua de Mefistófeles (carinhosamente apelidado de "Mephi" por Grant) que primeiro encontramos mencionado em Hecates's Fountain como uma estátua que Kenneth comprou no empório de Busche, em Chancery Lane, um estabelecimento que parece ter florescido antes da Segunda Guerra Mundial. Esta estátua parece ter tido uma vida própria, aparentemente seguindo Grant até em casa em vez de ser adquirido de forma mais tradicional, com Grant achando um pouco mais tarde, e ao tentar devolver a estátua descobre que o empório tinha fechado (17). Um pouco mais tarde, em Hecate's Fountain (18) descobrimos que Mephi encontra seu caminho em um rito de Oolak (um dos Grandes Antigos do sistema de Grant) da Nu-Isis e serve para aterrar os poderes levantados no rito. Mephi em seguida, aparece misteriosamente na Novela Against the Light como uma ilustração na capa, bem como sendo referido no livro em que Grant nos dá um relato da compra da estátua. Tudo isso pode soar um pouco estranho e improvável, no entanto coisas estranhas como esta acontecem aos ocultistas, e alguns objetos entusiasmados com presença parecem, muitas vezes, ter uma finalidade própria. Eu sinto que os relatos de Mephi, em todos os livros de Kenneth Grant, representam estranhos acontecimentos que realmente ocorreram enquanto ele era dono da estátua.
Minha novela favorita de Kenneth Grant é Against the Light, a qual eu sinto ser uma jóia absoluta (é importante notar que o "Contra"- Against no original - do título significa próximo a, como se com um amante, e certamente não oposto ou sugerindo diabólica magia negra). Against the Light é tecido através de fios do próprio passado de Grant; como é observado, ele menciona o negociante em Charing Cross Road, em Londres, de quem obteve a sua estátua de Mefistófeles; há referências ao (talvez fictício) Grimório Grantino, personagens fictícios de vários contos estranhos, como Helen Vaughan e uma constante indefinição de ficção e realidade. Isso tudo é para o bem, uma vez que nos deixa todos querendo saber o que realmente é a realidade. Talvez a verdade seja que é tudo ficção; tudo verdade. Talvez nossas próprias vidas sejam tudo ficção, tudo verdade. A nebulosidade limítrofe é onde o magista, o artista e o poeta tudo aguenta dentro de suas próprias cadências – e é claro que Grant era tudo isso, e perfeitamente confortável nesta zona de penumbra.
O notável escritor e mago Alan Moore escreveu uma divertida e erudita crítica (19) deste livro, que eu entendo Kenneth Grant ter gostado muito. Em sua crítica Moore descreve o valor e o poder dos romances de Grant como emergindo de seu lugar único entre fato e ficção. Aqui, emoldurado em ficção, vemos magia despejar em nossa dimensão infundindo tudo o que toca. Grant é simultaneamente, extremamente brincalhão ainda que mortalmente sério. Oolak (mencionado acima) é uma forma de Conde Orlok de Nosferatu (20). Mais uma vez, como a conexão Lovecraftiana através da qual Grant explorou o vampirismo em ritual desses nódulos ficcionais podem servir como entradas para as energias que sustentam a sua existência. Grant dá algumas dicas em seu trabalho sobre exatamente como ele trabalhava, e para entender mais disso, precisamos ler as entrelinhas e nos envolver em alguma especulação. Nós lemos alguns relatos fantásticos nos livros, como o seguinte de Hecate’s Fountain, o que dá o maior número de relatos das práticas que a loja Nu-Isis executou. Mais maravilhosamente lemos na página 53 da edição da Skoob:
"O salão estava preparado para exibir a vastidão nevada daquele abominável platô situado em regiões astrais que coincidem terrestrialmente com certas regiões da Ásia Central não precisamente especificado por Al Hazred. As paredes e o chão eram brancos, e brancos eram os sete caixões arrumados sobre cavaletes diante de um altar deslumbrantemente branco onde montes de neve brilhavam e traçou sobre as pistas de gelo suaves de três pirâmides ... "(21)
Claramente precisamos ler descrições como esta com um olhar atento e perceber que Grant não está falando de alguma decoração em um quarto de hóspedes no andar de cima! Embora possa ter havido alguma decoração física no local de trabalho (dado os talentos artísticos de Kenneth e Steffi Grant), é duvidoso que um espaço para trabalho mágico seja tão grande. Um outro indício, porém, é sugerida a seguinte relato:
"O salão da loja foi preparado para a realização de um tipo de feitiçaria licantrópica e necromântica associada com dois específicos túneis de Set. Imagine, portanto, uma miniatura completa da versão mais complexa das cavernas de Dashwood com – em lugar das várias grutas providas para flerte sensual – uma série de celas em forma de concha, como vórtices petrificados, projetados com o único propósito de atrair em suas circunvoluções as energias ocultas de Yuggoth, e focalizando através delas os kalas de Nu Isis, representados por uma gigantesca vesica em forma de prisma. A decoração foi sobrenatural ao extremo, as iluminações engenhosamente arranjadas a conferir um sinistro e cambiante jogo de luz e sombra combinados com audíveis imagens sugestivas de águas impetuosas e assobios de ventos astrais; uma atmosfera completamente estranha criada por poucos toques hábeis e de suprema qualidade artística.”(22)
Observe o uso de palavras e frases como imagine e ventos astrais. Tal terminologia é sugestiva de que essas configurações foram imaginadas na mente dos participantes do trabalho. Isso não é tão estranho quanto seria de se esperar, uma vez que as habilidades em visualização são cruciais para trabalho oculto, e está dentro dos olhos mentais em que o fenômeno é visto. Estamos todos familiarizados com a idéia de um palácio da memória, onde um edifício é visualmente perpetrado de memória como uma coleção de pontos de ancoragem que prendem objetos específicos em seu locus. Exatamente a mesma coisa está acontecendo aqui e Grant, enquanto escrevendo de uma forma evocativa, está, acredito eu, descrevendo como os participantes da Loja Nu-Isis começariam seu trabalho através da criação de um "espaço visual" interno como um local mental, pronto para contactar as entidades que estavam sujeitas ao ritual em andamento.

Sobre Estranhas Marés

Um dos temas mais notáveis ​​no corpo de trabalho de Kenneth Grant é seu reconhecimento do trabalho de outros ocultistas, como eles se prolongam na corrente do trabalho mágico que ele descreve. O mais notável destes superstars foi, naturalmente, o artista ocultista Austin Osman Spare, que era um amigo próximo de Kenneth e Steffi Grant até sua morte em 1956. Vale bem a pena obter uma cópia do Zos Speaks (23) de Grant, que detalha a comunicação entre ele e Spare, bem como a publicação do grimório de Spare, The Book of Zos vel Thanatos. Muitas vezes se tem observado que sem Kenneth Grant continuamente a defender seu trabalho, haveria o perigo de que Spare tivesse sido esquecido atualmente. Certamente Spare, por ser um pouco recluso, tinha desaparecido da ribalta pública na época em que conheceu Kenneth Grant e seu retorno à proeminência só começou realmente em 1975, quando o livro de Grant, Images and Oracles of Austin Osman Spare (24) foi publicado. Percorremos um longo caminho desde as imagens monocromáticas encontradas neste livro quase quarentão, até os lindamente talismãnicos livros que as modernas editoras, como Starfire e Fulgur produzem hoje, em que podemos ver a arte gloriosa de Austin Spare pródigamente reproduzidas em cor de total alta definição.
Outro ocultista notável trazido a destaque pelo trabalho de Grant é Michael Bertiaux, cuja obra está recentemente experimentando um renascimento graças à reimpressão de seu famosíssimo obscuro e anteriormente inconseguível Voudon Gnostic Workbook (25). Temos também Nema (mencionada nas Trilogias como Soror Andahadna), cuja peça canalizada Liber Pennae Praenumbra lindamente evoca o melhor de Thelema, falando de um universo mágico muito maior do que nós, cheio de mistério e maravilha.
Em livros posteriores de Grant nós até mesmo vemos referência ao falecido Andrew D. Chumbley, cuja reinicialização da bruxaria tradicional em seu Azoëtia (26) remete a alguns dos temas desenvolvidos por Austin Spare em "The Witches Sabbath". Há muitas outras referências a ocultistas emergentes no trabalho de Grant, e não pode haver a mínima dúvida que seu apoio ajudou a trazer esses escritores à atenção de ocultistas e, em alguns casos, de um público mais amplo.
Os escritos de Kenneth Grant tem sido publicados desde a década de 1960, e até sua morte recente, tinha havido sempre um novo livro para aguardar ansiosamente. Alan Moore nota em sua crítica de Against the Light (27) “por que a maioria dos ocultistas que eu conheço, inclusive eu, têm mais ou menos tudo que Grant já tenha publicado descansando em suas prateleiras?” Apesar de sua morte, sua influência continua a crescer e estamos já vendo trabalhos de escritores enriquecidos pelas Trilogias Tifonianas movendo-se no lado diurno – por exemplo, o grupo experimental britânico English Heretic produziu um álbum chamado Tales of Nu-Isis Lodgee (28) que divertidamente coreografa os relatos em Hecate’s Fountain em música e a ficção fantástica encontrada na literatura e no cinema, como o filme original A Múmia (29), Fungos de Yuggoth de Lovecraft
(30) e Invasores de Corpos (31) que inspirou Grant.
Infelizmente o último título publicado foi o Grist to Whose Mill (32), o qual, ironicamente, foi o primeiro romance de Kenneth Grant, escrito no início de 1950, que só agora emergiu da escuridão à luz para publicação. É triste que não veremos mais os maravilhosos e mágicos livros de Kenneth Grant embora a sua obra deva viver e crescer em nossos corações, mentes e almas.
___________________

NOTAS:

(*)N.R. Perichoresis (pericorese) ou Interpenetração é um termo que surgiu na teologia cristã que aparece pela primeira vez em Gregório de Nazianzo. Do grego peri ("à volta") e chorein ("conter"). Kenneth Grant em Hecate's Fountain (pp. 17, cap.2), define o termo de maneira mais precisa comointerpenetração de dimensões.
1 Pertencente de informações, contatos e conceitos que se originam de "outro lugar" e entra na esfera da consciência humana através da inconsciência.
2 A palavra sideral é usada aqui para descrever como uma perspectiva particular é necessária quando se olha para alguns dos conceitos e caracteristicas que Grant descreve.
3 Kenneth Grant, Outer Gateways, Skoob books: London, 1994
4 Arthur Machen, The Great God Pan, John Lane, 1984. Em língua portuguesa – O Grande Deus Pã, Editora Saída de Emergência, 2007
5 John Keel, The Mothman Prophecies, Panther Books, 1975
6 Daniel Harms and John Wisdom Gonce, The Necronomicon Files, Red Wheel/Weiser, 2003
*N.T. - Entusiasmo (do grego en + theos, literalmente 'em Deus') originalmente significava inspiração ou possessão por uma entidade divina.
7 Kenneth Grant, The Magical Revival, Muller, 1972. No Brasil, Renascer da Magia - as Bases Metafísicas da Magia Sexual, Editora Madras, 1999.
8 Tecnicamente falando, gematria é o processo de atribuir números a palavras significativas e depois observar as palavras com o mesmo número para encontrar conexões significativas. Kenneth Grant expande isso com a gematria criativa que leva ainda mais longe as coisas, como veremos mais tarde.
9 É interessante esta sugestão que a palavra possa ser Enoquiana em natureza.
**N.T. - Theodore Robert Cowell, mais conhecido como Ted Bundy foi um dos mais temíveis assassinos em série da história dos EUA durante a década de 1970.
***N.T.- Fluffy-bunny no original; “Coelhinho felpudo”, ou Fluffbunny, é uma expressão pejorativa usada, inicialmente na Wicca e, posteriormente no Neopaganismo e Ocultismo em geral, para se referir aos 'adeptos' considerados superficiais ou caprichosos. Ele são aqueles que não gostam de elementos mais sombrios e enfatizam a bondade, luz, ecletismo, e elementos retirados do movimento da 'Nova Era', ou os que seguem o neo paganismo e/ou o ocultismo como um modismo.
10 Kenneth Grant, Gamaliel: The diary of a Vampire & Dance, Doll Dance, Starfire, 2003.
11 Embora a idéia de um vampiro como um fantasma faminto de força vital seja muito importante e surja freqüentemente no folclore e no ocultismo. No Brasil foi lançado como Paixão Diabólica – Editora Pensamento. 1988. 
12 Dion Fortune, Moon Magic, Red Wheel/Weiser, 2003. No Brasil, Sacerdotisa da Lua – Editora Pensamento. 1994.
****N.T. - John Anthony West é um egiptólogo americano, autor, professor, guia e um pioneiro na hipótese em geologia de erosão hídrica da Esfinge. Robert M. Schoch é professor associado de Ciências Naturais da Faculdade de Estudos Gerais da Universidade de Boston. Ph.D. em geologia e geofísica pela Universidade de Yale, ele é mais conhecido por seu argumento de que a Grande Esfinge de Gizé é muito mais antiga do que convencionalmente se pensa e que, possivelmente, algum tipo de catástrofe foi responsável por exterminar evidências de uma civilização muito mais antiga.
13 Tera. Ver de Bram Stoker - Jewel of the Seven Stars. No Brasil - A Jóia das Sete Estrelas, Europa-América,1997 .
14 Kenneth Grant, The Ninth Arch, Starfire Publishing, 2002, pp386
*****N.T. - Hammer Film Productions é uma companhia cinematográfica britânica especializada em filmes de terror.
15 .Em Stoker ela é chamada Tera como um trocadilho com Margaret, a protagonista do conto. Tera é, claro, as últimas quatro letras de Marg(aret).
16 Como Reencarnação (Awakening - 1980) e A Lenda da Múmia (Legend of the Mummy – 1997).
17 Encontramos com este conto ecos do conto de Aleister Crowley The Dream Circean que é em si mesmo uma releitura de um antigo conto sobre uma pessoa que visitando e sendo entretida dentro de uma casa, apenas para descobrir um pouco mais tarde que tinha sido abordada por anos.
18 Kenneth Grant, Hecate’s Fountain, Skoob, 1992
19 Alan Moore, Beyond our Ken, publicado na revista KAOS 14, Londres, Kaos-BabalonPress, 2002, p155- 162
20 Produzido por Enrico Dieckmann e estrelado por Max Schreck, Nosferatu, 1922.
21 Kenneth Grant, Hecate’s Fountain, Skoob Publishing, 1992, pp53
22 Kenneth Grant, Hecate’s Fountain, Skoob Publishing, 1992, pp10
23 Kenneth Grant, Zos Speaks, Fulgur Publishing, 1999.
24 Kenneth Grant, Images and Oracles of Austin Osman Spare, Muller, 1975.
25 Michael Bertiaux, The Voudon Gnostic Workbook, Red Wheel/Weiser, 2007
26 Andrew D. Chumbley, Azoëtia, Xoanon, 1992, 2002
27 Alan Moore, Beyond Our Ken, publicado na revista KAOS 14, Londres, Kaos-BabalonPress, 2002.
28 English Heretic, Tales of the New Isis Lodge, 2009. http://www.english-heretic.org.uk/
29 Universal Studios, A Múmia, 1932
30 HP Lovecraft, Fungi from Yuggoth. Em língua portuguesa – Os Fungos de Yuggoth - 36 sonetos produzidos entre 1929 a 1930.  Editora Nephelibata, 2011.
31 Vampiros de Almas (Body Snatchers), 1956.
32 Kenneth Grant, Grist to Whose Mill, Starfire Publishing, 2012

O Mundo Tifoniano de Kenneth Grant


Uma Entrevista com Michael Staley

Não há ninguém que trabalhe com o oculto com conotações mais estranhas que KennethGrant. Há décadas, no entanto, o famoso escritor britânico e discípulo de Aleister Crowley, têm vida solitária, longe dos holofotes.
Então, tentando entrar em contato com ele, me encontrei com seu braço direito e agora líder da Ordem Tifoniana, Michael Staley. O diálogo que se seguiu entre nós foi muito interessante, porque, pela primeira vez, uma revista grega teve acesso às profundezas da Tradição Tifoniana...
George Ioannidis  

Sr. Staley, em primeiro lugar você poderia nos contar brevemente como você chegou aoocultismo? O que exatamente o atraiu para este campo?

O mais longe que posso me lembrar na minha infância, é que sempre fui interessado em fantasmas e similares. Quando entrei em minha adolescência, instalou-se um interesse em Espiritualismo, pelo ocultismo e misticismo oriental, especialmente o Budismo. Lembro-me de ser  fascinado por Lobsang Rampa na época. Na década de 1960 eu me tornei cada vez mais consciente do nome de Aleister Crowley. Logo depois que houve uma explosão de interesse em Crowley com os hippies e a psicodelia. No início de 1970 me deparei com a obra de KennethGrant, e tornei-me extremamente interessado nela, a ponto de ingressar na O.T.O. Tifoniana.Embora eu me dedicasse ao trabalho de Kenneth Grant, foi somente alguns anos antes que começasse a entender o impulso do mesmo, um processo de assimilação auxiliado pelo meu trabalho mágico e místico, e por tornar-me editor de Grant em 1990.
Foi Kenneth Grant que me incentivou a lançar uma revista, Starfire, a primeira edição da qual foi publicada em 1986. Isto se transformou na Starfire Publishing, que é agora a minhaferramenta principal na propagação da Gnose Tifoniana.
Desde o início de 1990 eu tenho estado cada vez mais interessado ​​no trabalho de AustinOsman Spare  ̶  tanto a arte como a escrita.

Quando você encontrou Kenneth Grant pela primeira vez? Qual foi a sua impressão?

Meu prazo Probatório para a entrada na Ordem Tifoniana foi concluído com êxito em janeiro de 1976, enquanto eu estava vivendo em um kibutz israelense. Em 1978 eu finalmente voltei de Israel, e encontrei Kenneth Grant pela primeira vez pouco depois. Naquela época, ele estava encontrando novos participantes para a Ordem como uma questão natural. Minhas impressões iniciais foram muito favoráveis​​, ele surgiu como um intenso, articulado,inteligente e muito empenhado Thelemita. No início de 1980 me tornei seu braço-direito na Ordem, uma posição que tem sido um trabalho árduo, mas muito gratificante, e, no curso do qual eu experimentei e aprendi muito.

Você pode nos dizer algo sobre suas características, seus hábitos e sua vida cotidiana?

Kenneth é muito perspicaz ao preservar sua privacidade, tanto quanto possível, então eu só posso falar de forma breve e geral. Ele é um homem de grande integridade e discernimento, e tornou-se cada vez mais recluso ao longo dos anos. Eu não sei muito sobre seus hábitos e sua vida diária.

Em poucas palavras, o que exatamente é a Tradição Tifoniana?

É comunhão com o que alguns têm chamado de "Lá Fora", sejam considerados como os confins do espaço para além do terrestre, ou as varreduras da consciência além da humana.Consciência é um continuum que abarca tudo, alcançando de forma muito mais ampla e profunda do que a consciência humana, que é relativamente superficial e transitória. A Tradição Tifoniana está interessada no encontro e exploração dessas profundezas. Como Crowley comentou em um pós escrito do capítulo 30 de Magick Without Tears:
Eu pensei em um bom plano para colocar minha posição fundamental por si só em um pós-escrito, para enquadrá-la. Minha observação do Universo me convence de que há seres de inteligência e poder de uma qualidade muito maior do que qualquer coisa que podemos conceber como o ser humano, que eles não estão necessariamente baseados nas estruturas cerebrais e nervosas que nós conhecemos, e que somente e única chance para a humanidade avançar como um todo é que os indivíduos façam contato com tais Seres.
Esse é, em minha opinião, um resumo muito bom da situação.
Os verbetes para a Tradição Tifoniana ou Draconiana nos Glossários dos volumes das Trilogias Tifonianas são bastante diversificados. Nenhum deles são definições estritamente falando, mas descrevem as diversas facetas da Tradição. É melhor tomar essas várias facetas e tentar intuir a base a partir das quais elas brotam.

De que forma a Ordem Tifoniana (O.T.) é diferente da O.T.O.?

Nos dias de Crowley a O.T.O. operava em lojas onde as iniciações eram conferidas no curso de cerimônias em grupo, que eram quase-maçônicas em natureza; tanto quanto eu sei, é também o mesmo modelo da moderna O.T.O.. Na Ordem Tifoniana, iniciações surgem no curso do trabalho mágico e da prática mística.
Quanto às semelhanças entre a moderna O.T.O. e a Ordem Tifoniana é que ambas derivam da O.T.O. de Crowley, e ambas têm como objetivo o estabelecimento da Lei de Thelema.

Quantas Lojas ativas da O.T.O. estão no mundo hoje? Há alguma na Grécia?

Atualmente, a Ordem Tifoniana não está organizada em lojas, mas é composta de membros individuais em vários países ao redor do mundo. Não temos quaisquer membros na Grécia no presente. Há uma loja em Londres, que atua há muitos anos, e que prossegue o trabalho com Lam em nível de grupo.

Qual você acha que seja o impacto geral de Grant para Thelema?

Nós vamos ser capazes de responder a essa pergunta melhor em 50 anos ou mais. Em minha opinião ele moveu Thelema para além dos limites de um culto de personalidade centrada em torno de Crowley. Quando The Magical Revival foi publicado em 1972, foi refrescante ler algo que não era simplesmente uma repetição de Crowley. Grant tinha feito mais evidente um alcance mais amplo e profundo de Thelema, e suas afinidades com outros trabalhos mágicos e místicos, tão bem como afinidades com atividades que não são consideradas ocultas ou mágicas.
O fundamental para o trabalho de Grant é a não-dualidade, uma percepção que sustenta tradições tais como Advaita, Sunyavada, e etc. Consciência é um continuum, no qual as entidades são agregações transitórias que não têm existências separadas, duradouras, pois elas são como ondas –agregações transitórias dentro de um corpo de água. Inspiração e criatividade têm suas origens aqui, no que alguns têm chamado de inconsciente coletivo, eque pode ser considerado imaginação cósmica.
Grant tem em minha opinião desenvolvido o trabalho de Crowley. É tarefa de um sucessor desenvolver o trabalho de seu antecessor. No curso desse desenvolvimento, alguns elementos do trabalho anteriormente exercido são abandonados; inversamente, outras vias de abordagem podem ter sido abertas. Desta forma, existe um corpo vivo de trabalho,perpetuamente reconstruído, que é passado de adepto para adepto.
Não há necessidade de cadeia formal de sucessão para que isso aconteça. Por exemplo, Crowley considerou a si mesmo estar continuando o trabalho de Blavatsky, embora eu duvide que muitos membros da Sociedade Teosófica teriam concordado.
Nem precisa esse re-desenvolvimento ser algo realizado somente por algumas pessoas ilustres.Nós todos nos aproveitamos de uma variedade de fontes e influências, transformando-as através de nossos trabalhos mágicos e místicos. Neste sentido, somos todos os sucessores de Crowley, Grant e Spare – para citar apenas três adeptos do ocultismo ocidental do século XX.Nós desenvolvemos os seus trabalhos e por sua vez os transmitimos aos outros. Trabalhando dentro de uma tradição, não somente extraímos desta tradição, mas contribuímos para ela também.

Alguns dos aspectos mais misteriosos na magia de Crowley são as figuras de LAM e Aiwass.O que você acredita que eles eram, e qual é a interpretação do Sr. Grant?

Existem algumas diferenças entre os dois, em minha opinião. Aiwass transmitiu O Livro da Lei a Crowley, e é minha opinião que a mesma inteligência estava na operação dos Trabalhos deAbuldiz e Amalantrah, havia também alguns trabalhos durante o período de Cefalu. Eu acredito que Aiwass e Inteligências são como que agregações maiores ou mais altas de consciência. O retrato de Lam parece ser uma quintessência do Trabalho de Amalantrah, e em particular do simbolismo do ovo, ao invés de uma Inteligência da ordem de Aiwass.
Por outro lado, acredito que a Inteligência se comunica conosco através de máscaras, e ambosLam e Aiwass são máscaras.
Sr. Grant escreveu algumas coisas muito interessantes sobre o fenômeno UFO. Ainda assim, se passaram 60 anos desde o primeiro contato de Kenneth A. Arnold, e ainda não temos nenhuma explicação real do que os OVNIs são... Quais são seus pensamentos hoje em dia para este assunto?

Estes não são, provavelmente, visitantes de uma galáxia a quatro bilhões de anos-luz em algum canto, mas intrusões em nossa consciência de outras dimensões de consciência, e nós interpretamos essas intrusões como externa. Eu não tenho discutido isso em qualquer extensão com Kenneth Grant, mas acredito que uma leitura das Trilogias Tifonianas vai levar para uma conclusão similar.

Nos livros de Grant há um monte de Yog “Sogothery”[1]! Qual é a relação da O.T. com o Mito de Cthulhu e Necronomicon atualmente?

A Ordem Tifoniana tem a muitos anos uma filiação formal com a Ordem Esotérica de Dagon. Sim, há um monte de Mito de Cthulhu no trabalho de Grant, mas há um grande mal-entendido sobre isso, muito disto deliberado. Nós não adoramos ou elevamos Cthulhu ou Yog-Sothoth ou qualquer uma das outras divindades do Mito. A posição inicial de Grant, tal como estabelecido no The Magical Revival, era que havia afinidades interessantes entre elementos de trabalho de Crowley e de Lovecraft. Mais tarde, podemos ver as perspectivas em desenvolvimento que essas divindades são máscaras de consciência. Finalmente, Grant expõe a sua compreensão do Mito de Cthulhu em uma passagem em Outer Gateways que vale a pena citar extensamente:
Como outros contos de fases inclassificáveis ​​da história da Terra, o Culto de Cthulhu sintetiza o subconsciente e as forças de fora da consciência terrestre. Pode-se dizer, de passagem, que a verdadeira criatividade só pode ocorrer quando essas forças são chamadas para inundar com a sua luz a rede mágica da mente. Para fins de explicação a mente pode ser vista como dividida em três salas, o edifício que as contém sendo o único princípio real ou permanente.Estas salas são:

1) Subconsciente, o estado de sonho;
2) Consciência Mundana, o estado de vigília;
3) Consciência Transcendental, velada ao não-iniciado pelo estado de sono.
Os compartimentos são também concebidos como sendo conectados com a casa que os contém, por uma série de conduítes ou túneis. A casa representa consciência trans-terrestre.As forças invocadas – Cthulhu, Yog-Sothoth, Azathoth, etc – são então entendidas, não como entidades malignas ou destrutivas, mas como as energias dinâmicas de consciência, as funções das quais são para afastar a ilusão da existência separada (as salas de nossa ilustração).

Você acredita que os Grandes Antigos são entidades reais ou algum tipo de arquétipo psicológico?

Eles são arquétipos, mas não no sentido de serem internos, aspectos psicológicos. Eles estão dentro do continuum de consciência e, portanto, nem externo, nem interno.
Lovecraft tinha uma constituição extraordinariamente sensível, e foi capaz de registrar movimentos dentro dessas faixas mais profundas da consciência. A maior parte destes registros foi feita no curso de seus sonhos vívidos, que ele usou como base de suas histórias.

É útil para um magista moderno trabalhar com o atual Necronomicon, ou você acha que é perigoso?

Eu acho que é útil se isso ajudar a lhe trazer a consciência da realidade – isto é, o continuum de consciência de que todos nós somos partes transitórias – mas não tão útil se perpetuar à ilusão de existência separada.

É certo que neste momento há mais de 30 versões diferentes (publicadas) do Necronomicon em todo o mundo! Qual deles você acha que é melhor para trabalhos realmente mágicos, e por quê?

Receio que não posso ajudá-lo com isso. Eu li apenas alguns deles. O Necronomicon não me interessa muito, para ser honesto, mas pelo que eu vi as várias versões são tentativas de pastiche, pedaços retirados daqui e dali.

Hoje em dia, a cultura Thelêmica parece estar muito forte e viva. Você acha que as idéias e filosofia de Aleister Crowley são mais necessárias hoje em dia do que antes?

Não, eu não penso assim. Com a diminuição nestes dias dos laços familiares e geográficos, mais pessoas estão se voltando para outros lugares em busca de significado e substância para suas vidas. Eu sinto que os tempos em que vivemos são mais receptivos a Thelema do que nos dias de Crowley, e o crescimento do interesse pelo misticismo Oriental é a vantagem de Thelema.
Thelema é freqüentemente considerada como glorificação da individualidade, sobre a base que “cada homem e cada mulher é uma estrela”, com vista para o fato de que as estrelas são partes integrantes de galáxias e nebulosas, suas órbitas se entrelaçando com as órbitas de outras estrelas. Mais uma vez, alguns podem achar que é paradoxal que Thelema esteja enraizada na tradição da não-dualidade, que tem uma profunda afinidade com o taoísmo.

Você já viajou para Grécia? Qual é a sua opinião sobre o nosso país, a mitologia grega e a nossa tradição mágica?

Eu fui para a Grécia apenas algumas vezes até agora, a caminho e na volta de Israel, em meados dos anos 1970. Ainda este ano, minha esposa e eu vamos viajar para Delfos. A religião Grega não é algo sobre o qual eu saiba muito, além dos Mistérios Eleusinos.

Você acha que há um futuro para o ocultismo ocidental? O que seus representantes modernos tem de fazer para que sobreviva e cresça ainda mais? Como você opera uma Ordem a fim de responder aos desafios do mundo moderno?

Sim, há um futuro para o ocultismo ocidental, e eu acho que o crescente interesse em estudos sobre a consciência vai levar a um maior interesse em Ocultismo em geral. Eu não acho que os seus representantes precisem fazer nada de especial. Eu não acho que existam desafios do mundo moderno para a Ordem Tifoniana; continuaremos com o nosso trabalho mágico e místico e nossos escritos.
Qual é a crença geral dos Britânicos para a magia? Infelizmente, aqui na Grécia todo tipo de magia é automaticamente considerado como Magia Negra e Malefício!
Não há realmente uma crença geral, embora a maioria das pessoas provavelmente seja cética. Dito isto, três dos ocultistas mais proeminentes do século XX – Crowley, Grant e Spare – eram Ingleses, então talvez nós sejamos uma nação excêntrica.

Na sua opinião, qual deve ser o objetivo da magia? Poderia ser a magia tão extravagante como é apresentada nos filmes? São os seus resultados perceptíveis apenas no nível astral ou são, na verdade, um processo psicodinâmico de auto-evolução?

No que diz respeito ao propósito: explorarmos a consciência, tornando-nos conscientes de nossa mais ampla identidade cósmica. Um dos aforismos de Spare diz que um místico é alguém que percebe que há mais deles mesmos do que eles estão conscientes. Eu acho que a magia apresentada em filmes é simplesmente fantasia. Eu gosto da frase “processo psicodinâmico de auto-evolução”, acho que isso seja mais preciso.

Se você pudesse recomendar três livros que constituem leituras essenciais para um iniciante interessado em aprender mais sobre a magia, quais seriam eles e por quê?

The Magical Revival de Kenneth Grant é um excelente levantamento de magia Thelêmica. The Confessions de Aleister Crowley é uma introdução animada e informativa da vida de Crowley e seu trabalho. O terceiro seria provavelmente Little Essays Toward Truth de Crowley. Eu suspeito que nenhum destes sejam realmente para iniciantes, mas acho que você tem que mergulhar a fundo.

Gostaria de partilhar conosco a mais estranha experiência paranormal que você já teve?

Em geral eu não tenho experiências paranormais. Há uma que fixa na minha memória, no entanto. Muitos anos atrás, eu estava realizando o ‘Reguli’ de Crowley ou ‘Ritual da Marca da Besta’ em uma base diária. Houve muitos problemas na minha vida naquele momento, e no fim do período de trabalho diário, havia um monte de caos e violência me seguindo. Um dia, um carro explodiu em chamas quando eu estava atravessando a rua, e havia um forte sentimento de conexão, como um cordão umbilical ao meu plexo solar, eu sabia com certeza absoluta que este incidente estava intimamente ligado com o meu trabalho do ritual.

Você poderia nos dizer algumas palavras sobre a sua vida diária? Como é a vida diária de um magista?

Eu duvido que a minha vida seja muito diferente da de outras pessoas – dormir, comer, beber, socializar com outras pessoas, etc. A única diferença é que eu empreendo práticas mágicas e místicas, talvez esteja mais consciente dos padrões e sincronicidades. É uma questão difícil para eu responder, já que não divido minha vida em mágica e não mágica.
Na minha opinião todos os eventos são cobrados com significado oracular, e tudo o que ocorre é parte de um padrão. Consciência cósmica, a lembrança de identidade cósmica, é sempre apenas um batimento cardíaco distante, nos fez saber disso. Andar em Hampstead Heath, ou alimentar o gato é tão mágico como convocar os servos de Belial.

Você está atualmente preparando algum novo livro? Talvez algumas obras inéditas do Sr. Grant?

Há uma série de novos títulos sendo preparados para publicação pela Starfire Publishing, incluindo obras de Spare, Achad, e um estudo comparativo de Crowley e Gurdjieff. Nós estaremos republicando mais livros da série Trilogias Tifonianas. Já há algum tempo, Kenneth Grant vem trabalhando em uma novela, Monolith: A Further Nightside Narrative, mas eu não sei quando isso vai ser terminado.
Quanto ao meu próprio trabalho está caminhando, recentemente terminei de escrever um ensaio intitulado “Lam and the Typhonian Tradition”, que tem fins suficientemente soltos e áreas de maior desenvolvimento para crescer em um livro em seu próprio direito. Ao longo dos próximos meses, estarei escrevendo material novo para a próxima edição da Starfire, e serão lançadas as bases para trabalhos mais importantes no futuro próximo.

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Nota do Tradutor: 

[1] Yog “Sogothery” é uma expressão aplicada pelo entrevistador como que para dizer algo relacionado às teorias de Lovecraft de Yog-Sothoth. Thery não existe em Inglês, mas há uma relação sutil com theOry (teoria), um jogo de palavras. Traduzindo para o nosso idioma seria como Yog-Sogotheria.  

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