segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Gnose:A Sagrada Ordem do Tibet


O tema desta noite é “ A Sagrada Ordem do Tibet ”, dando seqüência à proposta iniciada na última conferência. O que é a Sagrada Ordem do Tibet? Acreditamos que essa ordem iniciática é uma das mais antigas de todo o mundo, está acima de todas as linhagens e vertentes do Buddhismo que conhecemos. Em realidade, esta Ordem está acima de toda e qualquer outra ordem existente neste mundo, quer disso saibam os membros dessas demais ordens ou não, porque toda a Luz que conhecemos, a Luz espiritual, provém dos templos sagrados do Tibet e, sem dúvida alguma, a Sagrada Ordem do Tibet reúne todos os grandes Mestres de sabedoria que encarnaram aqui neste planeta. Esta Sagrada Ordem é regida por Baghavan Aclaiva, o grande Maharishi; ele e outros Buddhas reencarnaram em épocas passadas e cada um deles deixou-nos um ensinamento e assim tem sido praticamente desde que o mundo é mundo.

Teceremos alguns comentários acerca dessa Ordem e, principalmente, daquilo que ela ensina; quem quiser mais alguma informação sobre isso remetemos ao livro do Mestre Samael denominado Mensagem de Natal 69-70 , o qual foi traduzido aqui no Brasil como Tempo, espaço e consciência. Especificamente no capitulo 6 deste livro, o Mestre Samael fala da Sagrada Ordem do Tibet.

Esta Sagrada Ordem é depositária dos ensinamentos que vêm do Buddhismo primordial e, assim, podemos perguntar-nos: “de onde e de quando vem ou surgiu o Buddhismo primordial?” – uma vez que esse Buddhismo é anterior a quaisquer formas de Buddhismo atualmente conhecidas.

As formas do Buddhismo atualmente conhecidas são muito recentes; elas remontam de 1.400/1.500 a.C, nada mais do que isso. Entretanto, o Buddhismo existe há muito tempo antes deste período. Se quisermos, realmente, buscar as origens do Buddhismo Universal devemos voltar no tempo, quem sabe para a antiga Atlântida quando, já naquela época, havia duas vertentes principais de ensinamento; existia na época o Buddhismo primordial, provavelmente oriundo da Lemúria, e existia a doutrina sagrada do Senhor Netuno.

Aquele Buddhismo primordial existente na Atlântida propunha-se a formar Buddhas obviamente, e a doutrina que o Senhor Netuno ensinou, deixou para os sábios da antiga Atlântida, destinava-se a formar Irmãos Maiores, Iniciados do Caminho Reto. Em resumo, essas são as duas vias, as quais perduraram durante todo esse tempo desde milhões de anos, vindo desembocar na época atual. O próprio Mestre Samael diz que a Gnose tem origens Netunianas Amentinas.

Fomos buscar junto aos Buddhas a origem do próprio Buddhismo e eles nos informaram que existia o Buddhismo primordial que andava par e passo junto com este ensinamento Netuniano Amentino; isso na época da Atlântida clássica, há vários milhões de anos atrás.

Retomando o tema da Sagrada Ordem do Tibet, como dissemos, o Mestre Samael informa que esta Sagrada Ordem é a genuína depositária dos tesouros da Antiguidade, sagrados, das doutrinas sagradas. Esta instituição formada por 201 membros é dirigida por 72 Brahamanes, ou Mestres de Sabedoria, sendo que a direção geral é de Baghavan Aclaiva, conforme mencionamos há pouco.

O Mestre Samael também ensina uma prática especial para nos colocarmos em contato com essa Sagrada Ordem; ensina a concentrarmo-nos no Santo Oito e, assim, podemos comunicar ou conectar-nos com essa Sagrada Ordem. Sobre o Santo Oito achamos desnecessário tecer maiores considerações, porque todos nós sabemos que é o símbolo do infinito; não há necessidade de mais detalhes e sim alargar um pouco mais o entendimento, a compreensão de como podemos fazer uma prática concentrando-nos nele.

Ensina o Mestre: primeiro quietude e silêncio da mente, depois imaginar vivamente o Santo Oito ou o símbolo do infinito, o terceiro passo é meditar profundamente na Sagrada Ordem do Tibet. Alguém pode perguntar: “como vou meditar profundamente na Sagrada Ordem do Tibet se esta é a primeira vez que estou ouvindo falar dessa ordem?”. Não se preocupe com isso, é apenas uma distração mental, basta simplesmente concentrar-se na expressão “Sagrada Ordem do Tibet”; repitam isso várias vezes enquanto imaginam o Santo Oito diante de si ou dentro do coração; fazer isso simultaneamente é mais do que suficiente para fazer a conexão com os Mestres do Tibet.

Quando falamos de meditação, de concentração, imaginação consciente, estamos falando de pura consciência; a consciência, sabemos todos nós, é onipresente, onipenetrante em tudo e todas as coisas no Universo inteiro. Basta concentrar-se numa palavra, num nome, num símbolo para, em consciência, tornar-se uno com isso.

É uma prática muito simples, mas justamente por isso não deve ser desprezada, pois nós, homens e mulheres, seres aqui do Ocidente racional, acostumados com as complicações, complexidades da mente racional, sempre acreditamos ou aceitamos somente aquilo que é complexo, difícil, complicado, quando em realidade a consciência é muito simples e precisamos despirmo-nos desses artificialismos e buscar a simplicidade da consciência e este é um exercício, tal qual afirmado aqui, muito simples; basta imaginar o símbolo do infinito, o Santo Oito diante de si ou no seu próprio coração e repetir lentamente essa expressão “Sagrada Ordem do Tibet” e aprofundar a concentração e a meditação.

Pode ser que na primeira vez ou nas primeiras vezes não se obtenha resultados; isso é bastante normal, todos nós estamos e somos pobres de consciência; devemos fazer muitas vezes um mesmo exercício para começar a obter algum efeito. O próprio Mestre Samael alerta que um dia qualquer seremos chamados para a Sagrada Ordem do Tibet. Isso pode ser em dias ou semanas, meses ou até mesmo anos, depende de cada um. No trabalho esotérico iniciático não existe tempo; alguém pode tardar trinta anos para chegar à base da montanha iniciática; outro pode demorar uma semana; isso depende dos méritos do coração de cada um, depende da situação kármica de cada um; portanto não há elemento de comparação; isso não pode ser racionalizado; cada um é cada um e aqui nesta ciência existe apenas trabalho, nada mais do que isso, trabalho; o resto é fantasia, projeção da mente, expectativas e isso são obstáculos que devemos superar, despirmo-nos dessas coisas para que apenas nos dediquemos ao trabalho, que é fazer as práticas.

Um dia qualquer, como diz o Mestre, seremos chamados à Sagrada Ordem do Tibet e, então, poderemos ser aceitos como Iniciados; para isso devemos trabalhar de maneira íntegra, unitotal, receptiva e uma noite ou um dia escutaremos o chamado do Himalaia. Devemos pedir sempre porque quem não pede, não precisa de nada, não recebe nada. Temos de bater à porta e esperar que o dono da casa abra a porta; nem sempre ele abre imediatamente. Aqueles que são inconstantes, não são perseverantes, dificilmente são admitidos nas escolas iniciáticas e isso é uma tônica do mundo moderno. Todos nós estamos acostumados com o imediatismo e, na Iniciação, não existe o imediatismo, existem as provas, as provações; somos medidos e testados em nossa perseverança, paciência, fé. É todo um processo, todo um rito o qual devemos cumprir. No entanto, não importa, haverá um momento em que seremos admitido e aí o passo seguinte é prepararmo-nos para enfrentar, vencer, superar as provas iniciáticas a que seremos submetidos.

Existem várias provas básicas, fundamentais. A Sagrada Ordem do Tibet tem sete provas fundamentais; outras escolas iniciáticas, por exemplo, a escola iniciática egípcia, tem a prova dos quatro elementos. Cada escola, cada instituição, cada linha, tem seu próprio sistema de provas. Estas provas da ordem do Tibet são muito rigorosas e são dadas de acordo com o raio de cada um, com o temperamento de cada um, mas no final de tudo se resume a medir o desapego que temos da vida. Portanto, esta será a prova máxima, teremos de experimentar a eminência da morte e, então, medir-se-á o quanto estamos desapegados da vida. Por isso, se queremos a iniciação, se fomos despertados para seguir este caminho iniciático enquanto o oficiante não chega, o dono da casa não abre os portões ou a porta para entrarmos, devemos nos preparar, preparar a mente através da disciplina da meditação, da concentração.

Devemos preparar o espírito, desapegarmo-nos de tudo e de todas as coisas. Assim estaremos prontos para passar por estas provações iniciais. Sem dúvida alguma, a Sagrada Ordem do Tibet reúne a nata de todos os Iniciados deste planeta; ali estão Nirmanakhaias e Sambogakhaias, iniciados de elevadíssimas perfeições. Ali estão os cristificados, ali existem os irmãos maiores de Sete Iniciações de Fogo; ali estão aqueles de segunda montanha, os ressurrectos. Há uma plêiade de seres perfeitos ou perfeitíssimos e são esses mesmos seres de perfeição que, de tempos em tempos, encarnam neste mundo para dar um ensinamento sagrado.

Assim tem ocorrido com os Buddhas e com aqueles que encarnaram o Cristo, de todas as formas, seja pela Iniciação Tibetana, Egípcia, Maçônica, Rosa-Cruz, Gnóstica. Em todas elas há um ponto comum; referimo-nos a questão de vencer e eliminar os demônios de Seth, os venenos da mente, o que a Gnose atual chama de egos ou agregados, porque é somente com a eliminação destes elementos que nossa alma poderá ressuscitar no coração de nosso Buddha íntimo ou de nosso Cristo íntimo, dependendo de nosso grau interno anterior, se é que temos algum, ou da vontade de nosso Pai e Mãe que se faz cumprir por meio da orientação, do ensinamento, da instrução estrita dos Buddhas que nos acompanham nessa jornada.

O Mestre Samael diz, e nós sabemos hoje, que este caminho, essa jornada, costuma ser bastante amarga, dolorida ou sofrida, mas esse sofrimento, em realidade, dá-se mais em função de nossos apegos do que propriamente por outro sintoma de dor. Ainda que é bem verdade que muitos Iniciados passam, sentem dores físicas, mas não chega a ser nada comparado a, por exemplo, com a morte de muitos iniciados que foram esquartejados, enforcados ou degolados, mutilados, serrados ao meio como o profeta Isaías ou foram crucificados como ocorreu com Jeshua Ben Pandirá e tantos outros.

A causa da dor, do sofrimento, está nesses agregados justamente. Se, em nosso modo de ver, ainda não nos sentimos como Iniciados ou ainda não chegou a nós a Iniciação, isso ocorre porque muitas vezes a Iniciação chega e não nos damos conta disso. Sugerimos que não nos concentremos nesses aspectos exteriores, mas sim que aproveitemos cada momento, cada dia, cada hora para morrer, negar a si mesmo, estudar, analisar, compreender os defeitos. Assim, gradativamente, purificarmos nossa mente e nossos centros, porque essa purificação faz com que todo o processo iniciático seja menos sofrido, doloroso… Quanto mais afundado está alguém na matéria, mais difícil é seu desapego, por conseguinte, maiores serão os sofrimentos e dores, inclusive os sintomas de dor física, como muitos iniciados sentem. Diria que quase todos os iniciados passam por esses processos de sentir dor, porque o processo de despertar Kundalini, ainda que não seja um processo dolorido, no sentido de insuportável, causa muito desconforto nas pessoas. Para muitos, isso é motivo mais do que suficiente para fugir correndo da via iniciática, quando, em realidade, apenas falta-nos um pouco mais de disciplina, fé, confiança e decisão de superarmos essa classe de sofrimento ou de dor. Como dissemos, não é um processo dolorido como foi o do Cristo Jeshua Ben Pandirá.

Quando se fala em Iniciação nunca devemos esquecer, sempre devemos lembrar que qualquer exaltação, iniciação, grau de consciência que alguém vai conquistar, primeiro passa por um processo de humilhação. Esta humilhação dá-se de muitas maneiras, por auto-humilhação, por sacrifício, por ter ou ver suas vontades, seus desejos contrariados, por perceber que certas expectativas não são correspondidas, atendidas; toda vez que levamos um não para nós isso é uma humilhação. O processo de exaltação e humilhação acompanha-nos a cada passo. Precisamos renunciar a muita coisa e essa renúncia também implica em humilhação. Porque a humilhação, no sentido iniciático, não é essa humilhação que nós vemos e estamos acostumados aqui em nosso mundo, onde geralmente entendemos a humilhação como um processo de agressão pura e simples que alguém faz ao semelhante. Não se trata deste tipo de humilhação, mas sim de negar a nós mesmos por opção, deixar de satisfazer desejos… Isso é humilhar o si mesmo, humilhar o próprio ego, não atender aos desejos deste mesmo ego, não satisfazer seus impulsos. Tudo isso se caracteriza como humilhação para nós mesmos, porque somos isso: um conjunto de egos.

Neste capitulo 6, também, da Sagrada Ordem do Tibet, o Mestre Samael insiste, fala muito da compreensão e eliminação dos defeitos, como sendo fatores fundamentais ou até mesmo radicais, porque sem compreensão não há como eliminar e sem compreensão e eliminação não há como avançar no caminho. Adverte o Mestre que muitos neófitos compreendem, mas não eliminam seus defeitos. Não basta só compreender, é preciso compreender e depois levar esses processos, esses defeitos, esses conjuntos, esses elementos à Mãe Divina para que Ela os elimine.

A eliminação dá-se por méritos do coração, de acordo com a permissão ou autorização da Lei Divina. Por isso, em outras conferências, temos insistido na necessidade urgente de negociar com o Senhor Anúbis nossas dívidas kármicas. Sobre isso há um outro aspecto a salientar também, podemos dizer que a cada passo, a cada metro nesse caminho iniciático somos medidos, avaliados.

Quem é que nos mede, nos avalia? Sem duvida é a Lei Divina; então o Senhor Anúbis e seu escrivão acompanham os iniciados, os neófitos passo-a-passo, etapa a etapa, sempre medindo a coluna e, de acordo com os méritos que os estudantes vão reunindo, em cima de seu trabalho, é que a Lei divina vai autorizando a liberação das cavernas, do avanço de Kundalini para dentro da cordilheira central da terra filosofal, que é nossa coluna vertebral.

Aí está a chave que o Mestre Samael deixou-nos: compreensão e eliminação. É claro que para haver uma eliminação de um defeito devemos ter méritos e esses méritos somos nós mesmos que os fazemos. Como? Vivendo uma conduta reta, fazendo obras de caridade, fazendo as práticas que nos permitem purificar a mente, os chakras, nossos centros. Compreendam, então, que todo trabalho iniciático é integrado; uma coisa depende e está relacionada a outra; não adianta alguém simplesmente praticar alquimia se não tem conduta reta ou não se preocupa com a conduta; esta conduta é o que, em Buddhismo, denomina-se ética; esta conduta está sintetizada nos oito aspectos do caminho de Buddha, nas Paramitas, temas esses que já foram motivos de conferências e aulas anteriores e que estão disponíveis em nosso site. Porém voltaremos a estes mesmos temas abordando-os sobre um outro ponto de vista, sobre uma outra ótica, no devido tempo durante esse ano de 2007. Por hora, sugerimos a esses que estão chegando, esses que não tiveram oportunidade de conhecer outros aspectos do que é conduta reta, que escutem essas aulas, essas conferências gravadas que estão disponível em nosso site. Ali abordamos sobre conduta reta ou Karma Yoga, a questão da mística ou Bhakti Yoga, as Paramitas, os oito aspectos do sendeiro de Buddha e muitas outras conferências, com um total de sete ou oito disponíveis em nosso site. Assim, todos poderão rever esses pontos, ou ouvi-los agora pela primeira vez, e entender melhor a questão da conduta reta e o quanto ela é importante para o avanço nesse mesmo caminho.

Tudo isso nos remete a uma outra realidade muito presente e permanente: a eliminação dos defeitos quem faz e executa é nossa Mãe Divina. Portanto, se não somos devotos da Mãe Divina, ainda que tenhamos compreendido nossos defeitos, esses defeitos não serão eliminados. Devemos trabalhar integradamente; devemos mover todo um conjunto de ferramentas ou de meios que formam todo um processo oculto nessa expressão “via iniciática ou processos iniciáticos”; precisamos abrir um pouco essa caixa preta chamada “processos iniciáticos” e ver exatamente o que está ali dentro.

Trata-se de tudo isso que abordamos e mencionamos aqui e agora rapidamente. Não há avanço se não há méritos no coração; esses méritos são feitos com a conduta, com a mística, com a devoção, com as práticas, com os mantras, com as obras de caridade e muitas pessoas dizem: “ah! mas eu não sei como fazer obras de caridade!”.Aqui mesmo mencionamos, nunca é demais repetir: orar em favor da humanidade, orar em favor dos que sofrem, fazer orações pelos abandonados, desassistidos é obra de caridade. Pode ser que nossa mentalidade fria e racionalista aqui do Ocidente, não veja e não perceba que isso é uma obra de caridade, mas isso é uma outra história. Ensinaram-nos equivocadamente, porque orar em favor dos demais é uma obra de caridade. Os Buddhas de compaixão dedicam-se a fazer isso dia e noite a vida inteira e essa energia gerada pelo trabalho desses Buddhas é utilizada pelos Irmãos Maiores, por outros Mestres, justamente para promover alívio no sofrimento de muitas pessoas, de muitos seres, em muitas regiões de nosso planeta.

Se o fim desta humanidade ainda não ocorreu, quem sabe grande responsabilidade, o mérito disso, cabe à compaixão dos Buddhas que têm rogado dia e noite em favor da humanidade que sofre, nunca podemos esquecer disso. Como também muitas outras pessoas espalhadas pelo mundo, não são muitas, mas são muitas, se considerado o contexto. Graças à energia gerada por todos esses seres, criaturas, ainda estamos aqui, ainda temos um pequeno tempo diante de nós que podemos aproveitar, então, para fazer práticas.

Na seqüência deste tema, queremos tecer algumas considerações sobre as “Nidanas”. Nidanas são causas da existência, razões pelas quais nascemos e permanecemos neste mundo. O que nos traz, nos aprisiona, nos leva e traz a este mundo ao longo dos retornos, reencarnações, por séculos sem fim?

Existem muitas causas; hoje não vamos detalhar exatamente o que são essas causas, chamadas no Buddhismo de Nidanas. As Nidanas estão relacionadas a muitos fatores como, por exemplo, a cultura, a família, a história pessoal, signo zodiacal, atos de vidas anteriores, mas tudo isso em realidade está conectado com algo que se chama desejo ou aspirações. São nossos atos que geram méritos ou deméritos e é desse encadeamento de fatos ou atos que ganhamos uma vida melhor ou pior, que nascemos numa região ou outra. Poderíamos, por exemplo, ter nascido num outro país que não o Brasil. Mas se nascemos aqui no Brasil existe uma razão para isso. Ao nascermos num país é evidente que estamos submetidos ao karma deste país ou deste continente e o karma de uma nação é feito da mesma maneira com que nós mesmos urdimos ou construímos nosso próprio karma.

Se foi bom ou não, se foi adequado ou não termos nascidos aqui no Brasil, saberemos quando nos apresentarmos diante do Tribunal do Senhor Anúbis. A questão da Nidana está relacionada à transmigração, retorno, recorrência. Quando escolhemos uma determinada escola, isso também nos coloca sob o dharma ou sob o karma desta mesma escola.

Nós sabemos, até porque mencionamos na conferência anterior, que existe o Buddhismo gnóstico que é conhecido comoHinayana ou, modernamente, como Theravad a. Essas escolas têm seus méritos e karmas. Nós sabemos que o Buddhismo Theravada é mais antigo, é o Buddhismo de Buddha, o mais ortodoxo, o que se tem conservado mais puro, mais íntegro, e nesse Buddhismo ensina-se alquimia e a via reta. Ao passo que em outras escolas ou vertentes do Buddhismo isso não acontece.

Quando escolhemos uma linha ou escola devemos ter em consideração exatamente esses aspectos. O que queremos, aonde queremos ir, até onde queremos chegar, o que determinada escola pode oferecer-nos. Se queremos uma auto-realização íntima do Ser e temos simpatia pela metodologia buddhista, a escola ou o veiculo é o Theravada, o qual se harmoniza com a Gnose universal, especialmente com a Gnose moderna, porque ali se receberão uma classe de ensinamentos que nos levarão para além da Quarta Iniciação de Mistérios Maiores.

Outras linhas Buddhistas podem proporcionar-nos, simplesmente, a liberação da mente ou o grau de Arhats ou Arahants ; podem proporcionar-nos o grau de Buddhas Transitórios que se caracteriza, em linguagem gnóstica, como o daqueles Buddhas que alcançam e cumprem até Quarta Iniciação de Mistérios Maiores. Independente disso tudo, todos estamos sujeitos ao ir e vir, aos fluxos e refluxos que a vida nos oferece. Alguém, por exemplo, que ingressa no Nirvana, dependendo de certos fatores, poderá ficar no Nirvana por muito tempo, até por milhares ou milhões de anos e outros poderão ficar tão só um determinado tempo mais curto.

Para alguém entrar e permanecer por muito, largo tempo, no Nirvana precisa tornar-se um Buddha de Quinta Iniciação de Mistérios Maiores, um Buddha Adepto, e para isso, dentro das escolas que conhecemos hoje no Oriente, apenas o Buddhismo Theravada oferece essa possibilidade porque é o Buddhismo gnóstico. Aqui, no Ocidente, neste momento, somente a escola gnóstica conhece e ensina este caminho. Os Buddhas Transitórios, aqueles que cumprem a Terceira Maior ou a Quarta Maior com seus próprios méritos, esses precisam retornar de tempos em tempos. E por que precisam retornar a este mundo? Porque quando acaba o capital cósmico ou o mérito, eles precisam voltar a construir novos méritos, novos merecimentos, para permanecerem nessa zona de consciência ou região, nessa esfera, que é a palavra mais adequada.

Aqueles que querem definitivamente liberar-se das idas e vindas, de todos os processos transmigratórios, isso só é possível quando se ingressa no Absoluto. Para ingressar no Absoluto temos de ir muito além da simples Iniciação de Mistérios Maiores; devemos morrer em nós mesmos de forma absoluta. Se houver um mínimo resíduo de desejo ou de querer ser algo, isso é motivo mais que bastante para tirar, sacar-nos fora dessa esfera de consciência que é perfeição absoluta.

Quando falamos em Buddhas, não podemos nunca dissociar a questão da compaixão dos Buddhas. O que vem a ser essa compaixão? Ela traduz-se como amor-bondade, em termos práticos; não nos tornarmos pessoas dotadas de egoísmo espiritual ou esotérico ou até mesmo de egoísmo iniciático. Mencionamos aqui, várias vezes, que precisamos ter méritos para avançar neste caminho, tudo é feito à base de mérito, o avanço depende da Lei, a Lei age de acordo com aquilo que realizamos não só para nós, mas principalmente para os demais. Fomos avisados, também, que aqueles que trabalham ou buscam trabalhar, superar suas deficiências com a castidade, precisam negociar seus karmas primeiro. É por isso que falamos em méritos, porque para negociar com a Lei, necessitamos de mérito no coração. Se não temos, mas queremos seguir por este caminho, temos que nos comprometer em realizar determinadas tarefas.

Dentre essas tarefas, está, sem dúvida nenhuma, isso que chamamos de compaixão dos Buddhas, que é muito mais do que ter simplesmente simpatia para com nosso semelhante ou ter empatia com o sofrimento da humanidade ou do nosso semelhante. Devemos realmente tratar de agir no sentido de gerar uma ação que venha a diminuir o sofrimento ou angústia, especialmente nesses tempos finais, de nosso semelhante; e aí entra a questão das orações, vocalizar mantras, fazer práticas, expressar em termos concretos isso que chamamos de amor-bondade.

Mencionamos aqui, em outras oportunidades, que não temos capacidade de expressar amor total, mas só podemos expressar amor por conta-gotas ou em gotas, amor-bondade ou bondade é uma dessas gotas do amor e há muitas outras virtudes, ou melhor, todas as virtudes que conhecemos são gotas dessa substância que denominamos amor, amor divino, amor universal.

Alguém somente consegue viver de acordo com esses parâmetros se efetivamente compreendeu o que vem a ser a conduta reta ou a ética dos Buddhas. Alguém só poderá viver isso na vida prática se possuir pensamento reto. Como alguém pode ter o pensamento reto se não disciplinou ou educou sua mente através das meditações? Como alguém pode chegar à sabedoria se sua mente é pulverizada, distraída ou desconcentrada? É preciso resolver primeiro essas questões fundamentais de todo esse caminho. A ética, as paramitas ou a conduta, porque quando falamos em ética isso nos remete à forma como nos relacionamos com as pessoas, com a vida, conosco mesmo, com as circunstâncias, com a divindade. Isso é o que aqui no Ocidente chama-se de ética, mas que podemos chamar de conduta reta numa expressão mais ampla ou que podemos denominar também de “cumprimento do dever sagrado”. Fazer a vontade do Pai é fazer a vontade da única Lei e isso vem a ser o cumprimento do dever sagrado, a conduta reta.

O desenvolvimento da mente, das possibilidades da mente, é possível somente através da meditação. O estudante de Gnose que não medita ou que medita muito pouco, não pode ter esperança ou expectativa de desenvolver as possibilidades de sua mente; dificilmente poderá expressar conduta reta, pensamento reto. O pensamento reto é o pensamento concentrado, que é a meditação ou mente contemplativa como tantas e tantas vezes mencionamos aqui em outras conferências. A sabedoria, que vem ser a Luz, a Iluminação, surge uma vez que se cumpra, que se tenha reunido essas condições básicas.

Esses três elementos são fundamentais ou essenciais para que nos libertemos, nos desapeguemos do sofrimento. Apenas termos ética, apenas meditar e, durante o dia, termos uma conduta comum e corrente, também não serve para nada. Por isso, temos que buscar a compreensão deste processo, dessa forma de viver, apoiados nos distintos elementos que, em seu conjunto, nos proporciona o desenvolvimento suave, mas constante, da sabedoria ou Iluminação.

Especialmente a esses três elementos aqui mencionados, o Buddhismo menciona ou refere-se como sendo o tripitaka, os três cestos, pequenos conjuntos, as três ações fundamentais – as quais realmente nos possibilitam alcançar aquilo que buscamos: a Luz ou a Iluminação.

Pode ser que não consigamos alcançar a meta maior neste retorno atual, tendo em vista a brevidade do tempo, porém não teremos a menor possibilidade de alcançar esta meta se não iniciarmos o trabalho aqui e agora aproveitando o tempo que nos resta.

Nosso objetivo era o de colocar a vocês esses elementos todos aqui mencioandos, aparentemente um tanto dispersos, porém que colocam sobre a mesa ou diante de nossos olhos as pedras fundamentais para realizarmos o trabalho ou para aperfeiçoarmos aspectos do trabalho que já estamos realizando.

Ficamos agora à disposição para outros complementos, outras extensões que julgarem necessárias apresentar ou colocar.

Perguntas

P: É possível alcançar a iluminação sem méritos? Apenas com meditação pura? 

R: Possível é, porém vai exigir muito trabalho. Porque o próprio trabalho de iluminação, de disciplinar a mente, de fazer meditação, só isso, gera os méritos necessários para alcançar a Iluminação, nunca devemos esquecer disso. Então, possível é, só que é um caminho demasiadamente lento, não importa se a meditação é forçada, como diz você. Pois aqui falamos de uma disciplina e se não desenvolvermos essa disciplina, não nos dedicarmos a realizar tarefas, é evidente que não iremos a lugar algum, nem geraremos nada, nenhuma Luz. O ahimsa (princípio da não violência) é um gerador de dharma como qualquer outra atividade, pensamento ou gesto humano; claro, tudo proporcionalmente. Quando se menciona ahimsa como gerador de dharma, obviamente esse dharma é gerado mediante a prática consciente do ahimsa, porque uma pessoa pode reprimir-se e achar que o está praticando; estamos falando de renúncia consciente, de atos deliberados, volitivos e não simplesmente repressão. Há que se entender essas sutilezas porque senão alguém que se reprime a vida inteira acha que tem méritos quando, na verdade, está destruindo a si mesmo e está alimentando determinados elementos ou agregados psicológicos que, justamente, têm nessa repressão, e neste sabor que a repressão proporciona, o seu alimento principal. Em tudo, e isso temos dito enfaticamente e exaustivamente, devemos colocar consciência; em Gnose nada se deve fazer sem prévia compreensão.

P: Seria um eu-masoquista, nesse caso passando-se por uma prática contemplativa? 

R: Acredito que os rótulos e os nomes que se queira dar não significam compreensão. Se quisermos “compreender” alguma coisa devemos ir muito além dos rótulos, dos nomes, dos batismos a um determinado pensamento, sentimento ou ação. Devemos ter realmente “visão e compreensão” de que algo sucede dentro e fora de nós. Do contrário, revela-se que não há compreensão e se não há compreensão, não há nada; o fenômeno persiste e ocorrerá repetidamente. Só podemos mudar uma realidade, primeiro a partir da percepção, segundo da compreensão; 1) perceber, 2) compreender para depois 3) modificar.

C: Unir sua vontade à lei é a síntese do trabalho interno? 

R: Sem dúvida, mais que isso: é a culminância do trabalho interno. Alguém só consegue unir sua vontade pessoal à Lei quando tiver superado todos os elementos egoístas que, justamente, são os transgressores da Lei; são aqueles que passam por cima da Lei, que não respeitam a Lei, agem independentemente da Lei – que é a vontade de nosso Pai. Sem dúvida, nesse sentido, agirmos de acordo com a Única Lei [o Pai], esse é o supremo anelo e realização neste caminho.

P: Os 72 Mestres mencionados, regentes da Sagrada Ordem do Tibet, podem ser entendidos como os 72 anjos cabalísticos? 

R: Sim e não. O princípio cósmico dos 72, sim, corresponde como também o principio cósmico dos 8 kabires também corresponde, obedece a certos paradigmas, a certos modelos arquetipais. Então, nesse sentido, essa Sagrada Ordem está estruturada em cima desse principio. É evidente que essa Ordem Sagrada em seu conjunto representa uma Unidade, assim como também os 72 anjos cabalísticos escondem uma realidade. Agora dizer que são os mesmos, não; apenas seguem o mesmo principio. Ainda que haja diferenças, existem as respectivas equivalências. Quando falamos em kabala, isso tem uma cultura hebraica, um histórico, uma origem, seus mensageiros, instrutores. Trata-se de uma linhagem, de uma escola que tem sua história. Quando falamos dos Buddhas, da mesma forma existe uma escola, uma origem e existem seus instrutores e Mestres, ainda que, se voltarmos no tempo, chegaremos à fonte original de todo conhecimento humano na qual a variedade se torna a unidade cósmica. Assim também podemos estabelecer essas mesmas correspondências entre os Anjos Kabalísticos e os Buddhas.

P: Que dharma tem essa humanidade para continuar existindo? 

R: Dharma para continuar existindo não tem nenhum; como você mesmo diz, a humanidade já foi julgada. Nada é feito de maneira estabanada no Universo. Existem inteligências, Hierarquia, uma ordem que conduz as transformações exigidas em qualquer ponto do Universo. No caso aqui de nosso planeta Terra, o julgamento da humanidade foi em 1950. A aplicação da sentença daquele julgamento é outra história. Isso é feito no dia e hora de acordo com os resultados a serem obtidos. Além disso, evidentemente, havia que se dar um tempo para aqueles poucos que tinham condições de serem resgatados, pudessem ser resgatados. As coisas não são feitas assim imediatamente, porque existe uma espécie de fuso cósmico, ou seja, o equivalente a um fuso horário cósmico. A decisão de 1950 e a aplicação da sentença agora em 2012 representam pouco mais de 60 anos ou 62 anos – pouco mais de 50 anos. Cinqüenta anos na eternidade não representam absolutamente nada; dão direito à última refeição do condenado, inclusive. Não sabemos praticamente nada sobre essa Sagrada Ordem, só sabemos que ela exerce um poder definitivo sobre todas as demais Ordens Iniciáticas existentes no mundo, por ser exatamente uma das mais antigas e por estar relacionada quase que diretamente ao Buddhismo primordial. Assim como também a Escola Iniciática Egípcia está relacionada ao ensinamento Netuniano Amentino que começou lá na época de ouro da Atlântida, estas são as duas principais linhas iniciáticas hoje conhecidas no mundo, a partir das quais se derivaram ou se formaram as demais ordens existentes. Agora, como linha geral, a Iniciação, não importa a Ordem ou a Escola, sempre visa à purificação gradual do próprio estudante até se tornar um Adepto, um Anjo, um Santo, um Buddha, um Mestre, um Mestre Ressurrecto e assim de acordo com as hierarquias ou organizações relativas a cada uma dessas escolas.

P: O que o Mestre chama de a Barreira do Tibet, essa é a mesma sagrada Ordem? 

R: Pode ser que sim, porque o Mestre e outras Tradições e Escolas mencionam também a existência do Governo Oculto do Mundo. Conseqüentemente, não sei se é exatamente isso que você menciona sobre a “barreira” do Tibet. Porém, o que mencionamos é que os mais exaltados iniciados, Mestres, Irmãos Maiores que vivem neste planeta são membros da Sagrada Ordem do Tibet. Também mencionamos que essa Sagrada Ordem é praticamente a elite da elite por assim dizer. Existem outros círculos nos quais possivelmente a Sagrada Ordem do Tibet é apenas o eixo central. Esse círculo mais amplo, por exemplo, como é o governo oculto do mundo, envolve muitos outros membros e atribuições. “Barreira do Tibet”, não sei se é uma má tradução que alguém fez, porque eu conheço isso como a “muralha guardiã do Tibet”; deve ser disso que você está falando. Então, a chamada “muralha guardiã do Tibet” ou simplesmente “o governo oculto do mundo”, sim, este é integrado e formado por todos os Buddhas, Irmãos Maiores, Adeptos, Cristificados deste planeta Terra.

P – Aqui você esclarece que esse é o grupo de mestres que lutam contra a loja negra estabelecida na região! 

Bom, aí já estamos falando de algo bem pequeno, estamos falando praticamente do exército ou das forças armadas que o governo oculto do mundo possui. A organização disso não é muito diferente da que temos aqui em nosso mundo. Porque os guerreiros ou soldados que fazem parte dessas forças armadas são alistados, recrutados de uma maneira similar a que temos aqui em nosso mundo. Ainda que o grosso, por assim dizer, dessas forças armadas seja conformado pelos que são do raio da força. Alguém me disse certa ocasião que uma grande e expressiva parte dos seres humanos atualmente encarnados são todos do raio da força; são guerreiros que estão caídos e que, um dia, já fizeram parte desses exércitos. Por outro lado, não em nosso mundo aqui na terceira dimensão, mas sim na quarta dimensão, existem numerosos exércitos que fazem este tipo de trabalho que você menciona aqui, ou seja, travam as guerras contra a loja negra.

Quando chegar a época de Capricórnio, daqui a uns 4.000 anos, quando estiver ao fim a época de Capricórnio e houver o Armagedon final, aí, sim, lutarão todos. Haverá apenas dois exércitos em confronto: o da Luz e o das Trevas. De um lado estarão Buddhas e bodhisattwas, Mestres e Adeptos e do outro lado estarão todos aqueles que se polarizaram com o lado negro da força e também todos aqueles que serão liberados dos infernos no começo da Era de Capricórnio.

Decidir qual dos lados queremos estar é uma tarefa do aqui e agora, porque é a nossa decisão de agora que fará com que estejamos aqui na Era de Ouro ou não. Se não estivermos aqui na Idade de Ouro, estaremos aqui no começo da época de Capricórnio; conseqüentemente, estaremos sujeitos às influências dos tenebrosos liberados do abismo para fazer o trabalho. Se alguém quer participar desse grupo, primeiro deve realmente trabalhar muito sobre si mesmo – e esse “certo nível” que você menciona, isso se dá lá na terceira Iniciação de Mistérios Maiores, com raras exceções.

P: Sobre as “linhagens” que afirmam haver na Fraternidade Branca apenas três ordens? 

R: Isso aí tem como fonte essas obras canalizadas, e a minha pergunta que deixo para você é: “até quando, meu amigo, você vai continuar alimentando-se dessa pseudoliteratura exotérica ou iniciática?”. O que essa pseudoliteratura fala por aí não nos interessa em absoluto, nem perderemos nosso tempo e nossa energia rejeitando, combatendo isso. Porque se uma vez dizemos ou dissemos que assim é, não precisamos repetir-nos porque continua sendo a mesma coisa. Aliás, falando-se em guerras e combates, justamente combater essa pseudoliteratura ou os autores, as tulpas, os egrégoras, essas criaturas mentais, esses inimigos, esses extraviadores de almas, esses enganadores que estão por aí, isso é realmente a grande ocupação da Loja Branca neste momento. Aqui mesmo já afirmamos milhares de vezes: afastem-se da mediunidade, distanciem-se das canalizações e destes que afirmam que falam com Deuses ou se afirmam profetas ou que criaram ordens religiosas por aí. Tudo isso é mistificação, engodo. Cada um é livre para entrar nessa se quiser; não é isso que mencionamos, nem falamos; o nosso dever é alertar de que, nesse momento, existem pouquíssimas ordens verdadeiras neste mundo.

Já mencionamos aqui que os únicos Mestres reais e verdadeiros são aqueles que são mencionados pelo Buddhismo, pela Teosofia e pela Gnose: o resto é farsa, é mentira, enganação. Queiram acreditar nisso ou não, e cada qual decide o que achar melhor.

Autor: Karl Bunn

Gnose:O Colar de Buddha


Como tema desta noite teremos O colar de Buddha , inspirado no capítulo 13 da Mensagem de Natal 1966-1967 , escrita pelo Mestre Samael. Não somente nos inspiramos nesta obra, mas também em outros livros do Venerável Mestre tiramos as idéias essenciais para esta aula de hoje. Dentre essas outras obras podemos mencionar a Gnose do Século XX , que é a coletânea de mensagens natalinas até o ano de 1962-1963 e também o Supremo Manifesto Gnóstico , publicado em 1962. Como havíamos anunciado anteriormente, abordaremos uma série de temas tendo como base e fundamento o Buddhismo, as idéias gnósticas do Buddhismo ou buddhismo gnóstico.

Queremos com isso destacar e salientar a importância, o valor do trabalho dos veneráveis Buddhas. Temos uma idéia bastante equivocada acerca dos Buddhas; conhecemos apenas o Buddha histórico e aquilo que ele ensinou e hoje em dia se encontra profundamente adulterado.

Mencionamos anteriormente que os textos mais ortodoxos que permaneceram até os dias de hoje encontramos no Buddhismo Theravada, o Buddhismo dos anciãos em que ainda está contido o Buddhismo de Buddha. Pois bem! O que vem a ser o “Colar de Buddha?”

O Colar de Buddha é o mesmo Japamala que os buddhistas do mundo inteiro utilizam para fazer suas orações. Este colar é formado de 108 contas e isso não é por acaso. 108 são as vidas humanas creditadas a cada alma, ou essência, quando alcança esse reino pela primeira vez. Quer dizer que, em tese, temos 108 oportunidades de encarnar, de desenvolver o Buddha íntimo, eventualmente encarnar o Cristo íntimo também.

Quando terminam as 108 oportunidades que nos foram creditadas no início deste ciclo marcado no Colar de Buddha, se não conseguimos encarnar esses princípios dentro de nós ou desenvolvê-los, a alma humana ingressa no ciclo involutivo. Essa involução é um retrocesso, um descer para estados cada vez mais inferiores, cumprindo o arco descendente do caminho evolutivo. Esta alma, finda as 108 oportunidades, retornos, vidas de um ciclo humano, após passar pelo julgamento final, desce, ocupando novamente corpos animais, vegetais, minerais, sucessivamente.

A Gnose ensina que uma pessoa comum e corrente, quando termina o seu ciclo de 108 oportunidades e, ao ingressar na involução, necessita entre 800 e 1000 anos terrestres para se purificar de seus agregados ou eliminar os venenos da sua mente. Os malvados, os perversos necessitam de 8.000 a 80.000 anos para purificar suas mentes. Os tenebrosos, os demônios, os magos negros, os senhores da guerra, necessitam e passam eternidades inteiras na matriz de nosso planeta. Seja como for, sejam 800 anos ou uma eternidade inteira, haverá um momento em que este sofrimento terminará e, ao terminar o tempo da purificação nos mundos inferiores, na matriz purificadora de cada planeta, esta alma, então, livre do seu karma, livre dos seus agregados, dos venenos de sua mente, entra por uma porta lateral lá no fundo profundo do nono circulo infernal. Entra por uma via paralela de evolução e gradativamente ganhará novas formas ou animará formas minerais, depois vegetais, animais e, por fim, ganha novamente um novo ciclo de 108 vidas no reino humano.

Isso convida-nos à reflexão profunda; uma pessoa comum e corrente necessita entre 800 e 1000 anos terrestres para se purificar nos mundos inferiores. Nós, que vivemos na superfície do planeta, podemos fazer essa purificação em 10,15,20 anos se adotarmos uma disciplina esotérica, iniciática, com esta finalidade. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que é muito mais vantajoso dedicarmos uns quantos anos de nossa vida atual para purificar nossa mente do que fazê-lo obrigatoriamente, pelas leis da vida, descendo à matriz purificadora do planeta, onde ficaremos de 800 a 1000 anos terrestres, no mínimo.

Esses ciclos de vida, mortes e renascimentos sucedem, acontecem; essa roda existencial gira neste mundo onde percebemos claramente quatro estados de matéria, quatro regiões bastantes distintas umas das outras; referimo-nos ao mundo mineral, celular, molecular e ao mundo eletrônico. O mundo mineral corresponde ao inferno; o celular corresponde à Terra e a vida aqui na superfície do planeta; a vida molecular é o paraíso e o limbo; e, por último, o chamado mundo eletrônico é o céu ou os céus falados pelas distintas religiões e credos, com distintos nomes obviamente, mas todas elas falam da região do paraíso e das regiões celestiais.

Portanto, colocados, feitos estes comentários iniciais, disso sacamos uma conclusão: A morte é a única certeza da vida. Por isso mesmo, isso deveria receber ou merecer de todos nós a prioridade máxima de nossa existência. Porém, não é assim que as coisas acontecem; não nos preocupamos com essas coisas aqui enquanto vivemos. O que mais queremos é curtir a vida, como se diz popularmente, e poucas são as pessoas que efetivamente sentem e alimentam ou ouvem os apelos, as vozes ou as inquietudes íntimas de ordem espiritual e saem à busca das respostas para iluminar esses enigmas que dizem respeito ao ciclo da vida e também da morte.

Se efetivamente nós todos fôssemos pessoas esclarecidas ou inteligentes, trabalharíamos em vida para ter uma boa morte. O que é ter uma boa morte? – Não é como as pessoas comumente entendem; a boa morte significa alcançar a libertação intermediária. Essa liberação intermediária, que sucede ao fenômeno da morte, é um estado de consciência semelhante ao de Buddha, que corresponde ao mundo eletrônico acima mencionado. Seria interessante que todos nós dedicássemos a vida a nos preparar, a buscar, a realizar em nós as condições necessárias para a liberação intermediária. Esta liberação intermediária, por ser uma região de consciência semelhante à dos Buddhas, é uma região de felicidade ilimitada, e ali passaríamos um determinado período num paraíso. Diz-se liberação intermediária porque esta não é a liberação total ainda.

A liberação total somente é conquistada quando se encarna o Cristo íntimo. Até mesmo os Buddhas do Nirvana estão sujeitos aos ciclos de retorno, bem mais largos evidentemente que os nossos, porém uma vez que um Buddha esgote o seu dharma, deve descer a este mundo e sempre que desce, há o risco de cair, entrar no samsara novamente e tardar milhares ou milhões de anos para retomar a seu antigo estado de consciência.

Todos nós sabemos, em Gnose, que na quarta e na quinta dimensões existem paraísos, ilhas, regiões, continentes, reinos, onde todas as criaturas vivem em imensa felicidade. Ali não há enfermidades, doenças, crimes, exploração econômica, enganação e esbulho político de nenhuma espécie. Todos são felizes porque possuem um grau de consciência compatível e por isso mesmo todos sabem qual é o dever sagrado, todos cumprem as leis de harmonia do Universo sem que ninguém lhes esteja apontando toda hora ou fazendo-lhes lembrar o que devem fazer.

Bem longe, aqui, estamos dessa realidade, porque em nosso mundo as coisas funcionam ao contrário. Todos aqueles que em vida se preparam para isso, poderão obter uma liberação intermediária, passar um tempo em férias ou, pelo menos, podiam – antes que os tempos finais se avizinhassem como se avizinharam e estamos vivendo agora.

Como estas palavras são dirigidas à consciência de cada um, obviamente que não esquecerão disso mesmo que passem pela morte segunda; a consciência não esquecerá dessas advertências ou admoestações. Como muito bem diz o Mestre Samael: “bem poucas são as almas que conseguem essa liberação intermediária, bem poucas”, porque efetivamente poucas são as pessoas que se dedicam a viver aqui em nosso mundo de acordo com os preceitos ensinados pelas distintas escolas iniciáticas, pelos distintos avatares e profetas que desceram a este mundo.

Nós, que pouco caso fizemos destes ensinamentos, obviamente estamos sujeitos à lei do karma, que é a única lei, a lei que ajusta sabiamente os efeitos com as causas, encarregando-se então de dar, trazer a cada um, aquilo que efetivamente merece. Isso se aplica tanto aqui e agora, em vida, como também depois dos processos de desencarne ou de liberação ou transição, quando a morte chega.

Quando mencionamos aqui uma liberação intermediária, obviamente que para estas regiões, ilhas ou continentes ou reinos só vão aquelas almas que acumularam um bom dharma, fizeram boas obras em vida. Uma vez que termina esse dharma, esses méritos, obviamente essa alma retorna novamente a uma matriz humana e, ao retornar, gradativamente, nos primeiros anos de vida, passa a receber, incorpora as partes egóicas que estavam no umbral enquanto ela permanecia no paraíso.

Ainda quando o Mestre Samael vivia entre nós, ele dizia, lá nos anos 60, que por esses tempos bem poucas são as almas que ingressam nestes paraísos, porque o ego, através do tempo, complicou-se, robusteceu-se de tal maneira que a alma havia aprisionado-se totalmente nos corpos lunares; havia muito pouca liberdade – e isso foi há quase cinqüentas anos atrás… Imaginem hoje, decorrido todo esse tempo, o grau de complicação que conseguimos desenvolver, criar para nós mesmos; simplesmente tornamos nossa vida um inferno, aqui mesmo na superfície do planeta.

Por estes dias fomos avisados que a Lei divina está trabalhando intensamente, e todas as pessoas que vivem na superfície, já estão sendo julgadas internamente; isso não quer dizer que essas pessoas, que sejam julgadas internamente, desencarnem no momento desse julgamento. São julgadas e sentenciadas e, obviamente, sua consciência, sua essência, já é encaminhada ao Deus Hades ou Plutão nos mundos inferiores, o qual encaminha respectivamente essas almas aos devidos círculos infernais, de acordo com o karma de cada um.

Também fomos avisados e informados que bem poucas são as almas, nestes tempos finais, por estes dias de agora, que estão subindo. A grande maioria, o grosso da humanidade, não tem méritos para subir, nem para receber estes ensinamentos – e vemos por aí, em comunidades que mantemos pela internet, exemplos vivos de quanto as pessoas tornaram-se perversas nesses tempos finais. Obviamente estão dizendo suas últimas palavras, fazendo suas últimas coisas, tomando as últimas iniciativas enquanto ainda vivem sob a forma humana, mas em verdade suas almas ou suas essências já estão desencarnadas; o que permanece aqui na superfície do planeta são as chamadas “casas vazias”; apenas uma personalidade habitada por um demônio, nada mais do que isso, pois essas criaturas já passaram a viver nos mundos inferiores, uma vez que os 108 retornos que lhes cabiam já se venceram ou, ainda que não tenham vencido, suas maldades ou suas obras negativas ultrapassaram os limites; conseqüentemente, já estão sendo julgadas neste momento e descendo aos mundos inferiores, ainda que disso não se dêem conta aqui, uma vez que estão adormecidas.

Aqueles que conhecem a Gnose ou estudam a Gnose desde há tempos, ou pelo menos que se dedicaram a estudar um pouco que seja dessa doutrina, sabem que a auto-realização íntima, o despertar da consciência, encarnar o Buddha íntimo, só é possível mediante uma disciplina muito especifica e também com base em esforços, ações, trabalhos deliberados, voluntários, no sentido de cristalizar em si esses valores búddhicos ou anímicos, espirituais. É obvio que aquele que não trabalha pela salvação de sua alma não vai salvá-la, o normal é que se perca. O que a humanidade desconhece ou, melhor dito, não faz questão de conhecer e de saber, é que cada um é responsável pela salvação de sua alma.

Espalharam pelo mundo que Jesus derramou o seu sangue para nos salvar; então, essas pessoas, ensinadas por falsas religiões, acreditam que uma vez que Jesus morreu na cruz, ou foi assassinado na cruz, o seu sangue lavou todos os pecados, e assim, nós podemos cometer agora toda sorte de delito porque tudo já foi previamente pago.

É estarrecedor alguém se dar conta deste tipo de pensamento; isto é contrariar, literalmente, todas as leis que mantém o universo em andamento. É não entender absolutamente nada, não compreender absolutamente nada do que é a via espiritual.

Portanto, auto-realização, despertar da consciência, salvar a alma é uma questão de trabalho pessoal; é uma decisão muito íntima e pessoal; ninguém é obrigado a fazer isso, mas aqueles que efetivamente estão interessados em fazer este tipo de trabalho, devem dedicar-se diariamente a este propósito porque nenhuma lei mecânica da vida levará qualquer um de nós a morar definitivamente nos paraísos celestes. Dizer o contrário disso, é o embuste, e esta tem sido uma grande mentira que se espalhou pelo mundo nesses últimos milênios, tanto no Ocidente quanto no Oriente, pois tanto aqui quanto lá, as doutrinas salvadoras, ensinadas pelos Buddhas e Cristos, foram adulteradas, e conseqüentemente, hoje sofremos por causa disso. Agora, é claro que a divindade sempre segue enviando ciclicamente novos mensageiros, profetas, avatares, e a humanidade os têm rechaçado, assassinado, sistematicamente. Esta humanidade, todos nós, não estamos livres de nossos erros supostamente alegando que não sabíamos.

Bem verdade que as religiões foram adulteradas, mas também é verdade que a Lei, a divindade sempre mandou seus filhos, seus representantes para atualizar, resgatar, reavivar o entendimento acerca do caminho da salvação ou da auto-realização íntima do próprio Ser ou, simplesmente, o caminho da salvação da própria alma.

Evidentemente, [a salvação] não é um caminho que as multidões adoram. As multidões querem é viver a vida intensamente, aproveitar todos os prazeres que a vida oferece, o conforto, as sensações oferecidas pelo mundo. Logo, quando se fala em caminho da salvação e quando se mostra a responsabilidade de cada um neste processo, elas preferem, então, fugir dessas escolas e seguir, buscar refúgio, em qualquer lugar que não se lhes fale dessas coisas, porque o normal é simplesmente entregar-se aos prazeres da vida e esperar a morte chegar. Aqui mesmo, muitas vezes dissertamos sobre os fatores da revolução da consciência; muitas vezes falamos o que é necessário fazer para salvar a alma, e nos permitimos, resumidamente, revisar o que temos dito desde o inicio deste ano de 2007.

Todos os dias, devemos rogar pela salvação de nossa alma junto à nossa Mãe Divina. Todos os dias 27 de cada mês devemos rogar à Grande Lei pela salvação de nossa alma, renovar os pactos de salvação, negociar nosso karma junto à Lei divina. Todos os dias devemos fazer obras de caridade e viver retamente. Fazer obras de caridade não é, necessariamente, sair por aí comprando alimentos, dando esmolas pelas ruas e esquinas de nossa cidade; faz-se muita caridade simplesmente vivendo a conduta reta, orando, fazendo cadeias de orações em favor daqueles que sofrem, colaborando com o trabalho dos Buddhas que fazem isso dia e noite no Nirvana para o beneficio daqueles que sofrem.

Podemos seguir o exemplo dos Buddhas e fazer a mesma coisa aqui e agora uma ou duas horas por dia. Esse tempo deve ser retirado de nossas atividades profissionais, de nossos compromissos sociais e familiares, para dedicá-lo à questão prioritária de nossa vida; ou pelo menos assim deveria ser, que é salvar a nossa própria alma. Porém, a auto-realização [a salvação de nossa alma] é a ultima coisa que as pessoas querem na vida; encarnar o Buddha íntimo é uma das últimas prioridades da vida – e até mesmo entre aqueles que sentem o anelo, que saem à busca e têm as inquietudes – quando se deparam com o trabalho prático e concreto, acabam mudando de idéia e desistindo de seguir por esse caminho; preferem voltar a se deixar levar pela correnteza da vida.

Bem verdade que há milhares de pessoas que, aparentemente, querem a auto-realização, buscam-na, filiam-se às distintas escolas que hoje existem pelo mundo. Porém, logo vêem que a disciplina para encarnar o Buddha íntimo ou para despertar Kundalini, para purificar a mente, é uma questão de trabalho prático e concreto diário, a vida inteira, e com isso, caem desanimados, desistem de seguir por este caminho. São pessoas que não têm vontade; são mariposeadores; hoje estão numa escola, amanhã estão em outra; hoje compram um livro, amanhã outro. São pessoas que alimentam suas mentes com todo tipo de teoria, e com isso vão levando a vida, como se encher a cabeça de livros fosse iluminar a mente e se tornar um Buddha. Bem distante está a realidade dessa concepção imaginária.

Por isso, este símbolo do japamala, que é o Colar de Buddha, com suas 108 contas, convida-nos à reflexão… A divindade concede-nos 108 vidas, oportunidades, para trabalhar, para alcançarmos à liberação final; porém, na vida prática, acabamos consumindo as 108 oportunidades em prazeres e complicações com a Lei Divina; afastamo-nos do dever reto, do cumprimento do dever sagrado e preferimos as sensações fisiológicas proporcionadas pelos cinco sentidos de que somos dotados.

Aqui também, neste canal, muitas vezes, mencionamos como parte da disciplina, para avançar neste caminho, três modalidades de trabalho esotérico e espiritual. Queremos nos referir à questão do Karma Yoga , do Bhakti Yoga e também podemos subdividir, ainda, em Jnana ou Jhanna Yoga. O que vem a ser isso?

Há conferências especificas sobre cada um desses temas em nosso site. O Karma Yoga , nas palavras do próprio Mestre Samael, nada mais é do que “o caminho da ação reta”. O Jnana Yoga é caminho da mente, da meditação e o Bhakti Yoga é o caminho da devoção. 

Com o Karma Yoga aprendemos a viver retamente e, com isso, colhemos muito dharma, muito prêmio, muitos méritos do coração, mas é evidente que o Karma Yoga, em si mesmo, não fabrica, não forja os corpos solares. A mesma coisa para aqueles que optam pelo caminho da meditação; fazer meditação é muito importante para despertar a consciência e também para purificar a mente, porém, só isso não nos dá os corpos solares, os corpos de ouro que necessitamos para alcançar a liberação final. Aplica-se o mesmo critério ao Bhakti Yoga, que é o caminho devocional. Por meio das práticas do Bhakti Yoga podemos alcançar, inclusive, o êxtase, o samadhi; podemos ter a visão desses paraísos celestiais, porém, por mais agradáveis, lindos, inesquecíveis, extasiantes realmente sejam estas experiências, na realidade, só o Bhakti Yoga em si, não produz, não gera os corpos solares.

Porém, aqueles que, alguma vez em algum passado remoto, tenham criado seus copos solares, obviamente que a disciplina da mente, do caminho devocional e da ação reta, são muitos importantes e poderão mesmo levar à total purificação e até mesmo à encarnação de seu Buddha íntimo. O Buddha Íntimo pode expressar-se, tomar posse de uma alma, de uma pessoa, de uma criatura que tenha construído previamente seus corpos solares e que tenha sua mente e seus centros perfeitamente limpos.

Como vivemos num mundo em que existem milhares de bodhisattwas, de Buddhas caídos, muitos, inclusive, possuem os corpos de ouro porque o fabricaram em idades antigas, mas disso não se dão conta no presente momento. Se essas pessoas, nessas condições, se dedicarem a trabalhar intensamente sobre si mesmos, passando a viver reta conduta, praticando a via devocional, a disciplina da mente e da meditação, poderão efetivamente receber o seu Buddha Íntimo, ainda que vivam uma vida celibatária, não sejam casados ou não tenham parceiro ou parceira. [Ver capítulo 6 do livro Rosa Ígnea – De Samael Aun Weor]

Oxalá eu consiga expressar-me com exatidão, apresentando isso desta forma como acabamos de mostrar, para que não se criem confusões. As pessoas que não têm corpos solares, obrigatoriamente terão que fabricar esses corpos primeiro, para depois encarnarem o seu Buddha Íntimo. Mas aqueles que, alguma vez, criaram seus corpos solares, mediante essas disciplinas do Karma Yoga, do Jnana Yoga e do Bhakti Yoga, poderão encarnar o seu Buddha Íntimo, desde que limpem profundamente seus centros, sua mente, seu kárdias, seus chakras, porque é obvio que se não temos a limpeza profunda ou a purificação necessária, não poderemos encarná-Lo ou expressá-Lo. Oxalá tenhamos sido claros e objetivos ao assim nos expressarmos porque por aí se fala muito, há um axioma popular inclusive, muito conhecido, que diz o seguinte” “todos os caminhos levam a Deus”. Mas nós nos permitimos perguntar: Será?

Por que o Inferno está abarrotado de almas extraviadas… Então, como se pode dizer que todos os caminhos levam a Deus? Há algo aí que precisa ser compreendido, analisado profundamente; o próprio Grande Rabi Jesus, que encarnou o Cristo, dizia que é necessário entrar pela porta estreita; porque a porta larga, o caminho espaçoso, florido, é o caminho que leva à perdição. Isso de dizer que todos os caminhos levam a Deus – e assim justificar suas escolhas pessoais – parece-me um ato típico de Pilatos, que não assume a responsabilidade por sua decisão e lava suas mãos diante do povo, da turba, da população, como se com isso o eximisse da sua responsabilidade ou da sua isenção de assumir a responsabilidade pela salvação de sua alma.

Portanto, vamos meditar profundamente sobre isso que repetimos mecanicamente: “ah! sim, todos os caminhos levam a Deus! “. Se todos os caminhos levassem a Deus não haveria escolas de magia negra e, no entanto, existem. Existem falsas religiões, falsos Mestres, falsos profetas, falsos Cristos por aí, especialmente agora, nestes tempos finais. Então, toda cautela é mais do que necessária porque os tenebrosos são mestres na oratória; são mestres em falar de paz, amor, bondade, justiça – e seduzem, com esses discursos, as almas ingênuas ou incautas e, gradativamente, sem que percebam, vão sendo escravizadas e dominadas. Depois, muito difícil é liberarmo-nos deste tipo de pensamento ou escola.

Uma das maiores mentiras que se cristalizou, espalhou-se por esse mundo, é justamente essa de que “todos os caminhos levam a Deus” ; é uma mentira universal porque a Deus só há um caminho; para encarnar a alma só há um caminho; para encarnar o Buddha Íntimo só há uma maneira, e isso tudo foi amplamente ensinado ao longo dos milênios da história humana.Porém, o que fazemos, é acomodar essas doutrinas aos nossos próprios entendimentos e interesses; não assumimos nossa responsabilidade, nossa participação no processo de salvação da alma.

Isso precisa ser dito; para isso devemos despertar ou acordar porque, do contrário, o tempo passa e os últimos dias que nos restam neste planeta alcançar-nos-ão sem que tenhamos feito algo concreto a nosso próprio favor. Ainda quando o Mestre Samael vivia entre nós, há 40 ou 50 anos atrás, ele já advertia, escrevia, ensinava, alertava: “estamos lutando para lançar uma tábua de salvação ao náufrago”. Assim dizia o Mestre. Estamos tentando jogar uma tábua de salvação aos que estão afogados ou se afogando.

Não importa que as pessoas nos critiquem ou nos insultem; não importa que as pessoas falem mal de nós. Assumimos este compromisso de servir à Causa; o importante é salvar aqueles que desejam ser salvos; quanto aos demais, nas palavras duras do Mestre Samael, “o diabo que as carregue”, porque quando se fala em salvação da própria alma, cada qual é responsável por fazer a sua parte.

Portanto, o propósito da Gnose como doutrina, neste início da Era de Aquário, é formar Buddhas, levar pessoas a encarnar o Cristo Íntimo. No Nirvana, neste momento, existem milhares de Buddhas, mas que, mesmo possuindo grandes perfeições de alma, não encarnaram o Cristo Íntimo, não se lançaram nenhuma vez, na história de suas vidas anteriores, pelo caminho da Iniciação Venusta – a Iniciação que nos permite encarnar o Cristo Íntimo. Entretanto, neste momento atual, nestes anos finais, nosso foco agora é tratar de purificarmo-nos; purificar nossa mente, buscar encarnar e formar em nós o Buddha Íntimo – e para isso o que é exigido de nós? – Simplesmente uma rebeldia bem encausada, pessoas capazes (homens ou mulheres) capazes de dissolver o eu psicológico e cristalizar as virtudes de sua alma, porque somente um homem e uma mulher capazes de renunciar eternamente aos prazeres sensoriais é que podem despertar o fogo interior e criar, gerar, as condições necessárias para encarnar sua alma e seu espírito.

Bem poucos, portanto, são esses rebeldes bem encausados que se lançam no caminho para encontrar, ir em busca do seu Buddha Íntimo e, quem sabe, mais adiante, em outra oportunidade, na Era de Ouro de Aquário, possam descer a este mundo em melhores condições e, aí sim, então, lançarem-se pelo caminho da Iniciação Venusta.

Toda pessoa determinada, aqueles que efetivamente não estão felizes com seu atual estado de vida, seu atual estado interior, podem converter-se em Buddhas, purificarem-se, encarnarem os princípios de seu Buddha se, anteriormente, já criaram os corpos solares; ou podem, então, purificar sua mente, seus centros para que na Idade de Ouro possam ter as condições adequadas para fazê-lo. Porém, mais uma vez lembramos: aqueles que, nestes momentos, nesses últimos dias, não rogarem à sua Mãe Divina diariamente pela salvação de sua alma, para que Ela mostre o que deve ser feito, para que tenham a inspiração e despertem suas consciências, e não tomarem a sério esse processo, esse trabalho, essa tarefa de cristalizar esses valores de alma, obviamente seguirão o destino do grosso desta humanidade. Em oportunidades anteriores já mencionamos que parte descerá ao abismo, aos mundos infernais do planeta Terra, uma parte menor ficará no Limbo aguardando a futura Idade de Capricórnio e muitos outros irão para esse planeta tenebroso, negro, que está se aproximando, que no meio gnóstico mundial é reconhecido como Hercólubus.

Acreditamos que não há mais necessidade de repetir o porquê de uma pessoa comum e corrente não poder encarnar nem o seu Buddha Íntimo, quanto mais o seu Cristo Íntimo. A energia de um Buddha é tão poderosa, tão intensa, tão forte, que literalmente desencarnaria a pessoa se isso hipoteticamente ocorresse. Então, o animal intelectual que somos todos nós, tomados genericamente, a humanidade atual, não tem condições de encarnar o seu Buddha Íntimo. Os bodhisattwas sim, se purificarem-se poderão encarná-Lo; agora, aqueles que nunca criaram os corpos de ouro, evidentemente não poderão receber esse dom, este presente dos Deuses, por assim dizer. Por isso que esta Gnose, trazida pelo Mestre Samael, a partir dos anos 50, aqui nos países da América do Sul, está totalmente fundamentada nos melhores valores do Cristianismo iniciático como também está formado pelo melhor do Buddhismo iniciático.

Esse Buddhismo iniciático é bastante inacessível ou quase que totalmente inacessível nos tempos modernos. Secretamente, em algumas escolas, ensina-se a doutrina da alquimia, que é parte do Buddhismo de Buddha ou da escola Theravada, que é a doutrina dos anciãos. Bem verdade que essa escola aqui, publicamente, não ensina isso, e também é muito provável que, muitos dos seus representantes, também desconheçam esse assunto, mas, sem dúvida nenhuma, os verdadeiros Mestres do Buddhismo do Buddha, conhecem esse ensinamento, pois são os próprios Buddhas que nos revelam tais asseverações; então, bem vale a pena estudarmos, nos dedicarmos a estudar, compreender, a doutrina original do Senhor Buddha, porque ali estão contidos todos os elementos que nos permitem purificar, dominar, iluminar a mente, e na parte mais secreta, na parte mais reservada, também é ensinado o segredo do Grande Arcano, mas que coube à Gnose do Mestre Samael, divulgar publicamente.

Esta Gnose, como todos nós sabemos, é integrada por três fatores específicos de revolução da consciência que já sabemos quais são: morrer, nascer e sacrificar-se em favor da humanidade doente, e sobre isso, há muitas outras aulas e conferências que estão gravadas e disponíveis em nosso site, e não vemos necessidade de repetir-nos aqui e agora.

Até aqui nossas palavras desta noite; ficamos agora à disposição para os eventuais e naturais complementos ou questionamentos que queiram apresentar.

Perguntas 

P: Como podemos saber se já esgotamos as 108 vidas? 

R: A única maneira de sabermos isso é por revelação direta, percepção direta ou por meio da revelação de um Mestre. Regra geral: todos nós estamos nos últimos retornos, portanto é bom, aconselhável, não adiarmos o inicio do trabalho. Essas 108 vidas são creditadas a todos os seres humanos em todos os planetas, porém como vivemos no planeta Terra, obviamente estamos focando apenas a nossa vida aqui neste planeta, porque isto é uma lei universal, que segue certos princípios ocultos que se escondem através do 1, do 0 e do 8, mas que não vamos aprofundar aqui agora.

P: Quais tipos de pessoas foram julgadas ou estão sendo julgadas e condenadas com o corpo físico ainda vivo? 

R: De um modo geral, todos nós, começando dos mais perversos, aqueles que têm karma mais pesado; mas como regra geral, a humanidade inteira. Se não é exagero afirmamos algo mais concreto, cada qual deve observar atentamente a data do seu aniversário, porque é no aniversário que se fecham os ciclos de cada um, portanto, às vezes, no aniversário de determinada pessoa é quando ocorre esse julgamento. É óbvio que as pessoas aqui na superfície, de consciência adormecida, não saberão disso, aqueles que têm alguma facilidade de lembrar-se de sonhos, no dia seguinte, ao acordar, lembrar-se-ão vagamente de que viveram um pesadelo durante a noite, e que foram levados a um determinado local, onde aconteceu julgamento e elas foram condenadas, foram deportadas, aprisionadas, e isso é um pesadelo. E elas se sentem aliviadas quando acordam na cama e dizem para si mesmo “ufa! Que pesadelo, que sonho horrível tive essa noite”, porém não foi só um sonho não; foi real e concreto; ali houve a separação da alma ou da consciência do corpo.

Claro que a personalidade e os egos receberam essa informação através da memória, nada mais do que isso, e ficarão com essa memória cumprindo os últimos dias aqui na superfície do planeta. Estamos afirmando muito claramente isso e sei que seremos ridicularizados por aí em muitos lugares, mas não nos importa; vamos cumprir com o dever sagrado. A nós importa apenas algumas poucas pessoas aqui em nosso país que poderão ser tocadas com essas palavras. Então, se conseguirmos acordar uma, duas, três ou quatro pessoas que sejam, para a realidade do momento presente, desses últimos anos dessa civilização humana especificamente, já terá valido a pena. Sem dúvida nenhuma, a Lei Divina alegrar-se-á com isso, porque o objetivo da Lei não é mandar ninguém para o abismo, para o Inferno.

Os Deuses estão aí para servir à humanidade; os Mestres, os Avatares que descem a este mundo, não vêm para condenar, atacar ou criticar ninguém; eles vêm para apontar alternativas e caminhos, porém, nós nunca soubemos entender corretamente ou retamente o ensinamento sagrado dado por esses enviados do alto ou da Lei. Sempre os recebemos mal, criticamos, condenamos, desprezamos; então, uns anos a mais ou a menos que se riam dessas coisas, não vai alterar o quadro que estamos atravessando. Portanto, para aqueles que lêem essas palavras, se isso tudo pode significar alguma coisa, acordem, despertem, dêem-se conta! Ainda existe tempo para mudar nosso destino [2007], ainda existe tempo para as almas sinceras reverterem a tendência da sua vida; libertem-se de muitos compromissos fúteis e vazios, sociais, familiares, culturais que não servem para absolutamente nada, em termos espirituais, é claro; abandonem isso, renunciem a isso, dediquem mais tempo para si mesmos, comecem a praticar meditação, façam suas orações diárias a Mãe Divina pedindo Iluminação para verem diretamente, não porque estamos dizendo essas coisas, mas para que vejam diretamente, ainda que em forma de sonhos, o que devem fazer. Aproveitem esses dias, pratiquem com dedicação, com sinceridade, entrega, confiem na Divindade.

A Divindade, os Mestres, a Loja Branca não é formada por tiranos; todos eles são Senhores do Amor Consciente; todos eles estão interessados em aliviar os sofrimentos das pessoas, de todos nós, porém todos, sem exceção, estamos sujeitos à Lei; isso é o que nem sempre é adequadamente compreendido e aí acabamos revoltando-nos. Deus não é injusto, vingativo; dá total liberdade de decidirmos e pautarmos nossa vida como nós decidirmos. É claro que de todos e de cada um de nossos atos teremos de prestar contas, isso não pode ser esquecido.

P: Nestes tempos finais devemos levar estes conhecimentos às pessoas a nossa volta, mesmo com a probabilidade deles apenas verem piada nisso? 

R: Não cometa esse erro elementar; “não dê pérolas aos porcos” já dizia Jesus. Não perca seu tempo pregando o evangelho nos prostíbulos porque não é ali o local de levar o ensinamento; pregue este ensinamento com tua conduta e aqueles que te procurarem, dê, através de palavras simples, um caminho, um sinal, empreste um livro, oriente sobre buscar algum texto; em nosso site existe esse material todo à disposição ou simplesmente motive-o a seguir o exemplo dos Buddhas, se é uma pessoa que tem problema com o catolicismo, com o cristianismo. A salvação não está só na Gnose, dentro de uma escola gnóstica, de um teto gnóstico, não! A salvação foi dada ao longo de milhões de anos de distintas formas; o que nos falta é cumprir tão somente com aquilo que nos foi ensinado em épocas anteriores, nada mais do que isso.

É claro que a grande aula, a grande cátedra que podemos passar a nossos amigos, familiares, semelhantes, é a conduta diária como muitas vezes enfatizamos aqui. É a conduta que mostra mais do que no discurso aquilo que deve ser feito. Bem verdade que as pessoas, a humanidade, não sabe mais hoje reconhecer conduta reta; aqueles que viveram no tempo de Jesus, muitos daqueles diziam que ele era um agitador; por conseguinte, era uma pessoa que não tinha conduta reta.

Os inimigos da Gnose, os inimigos do último avatar, sem dúvida nenhuma dizem que a conduta de Samael não era reta; aqueles religiosos que o perseguiram de morte nos anos 50 em sua terra natal, em seu país, certamente não pensavam que ele tinha conduta reta. Porque conduta reta, para esta humanidade doente, é ir ao boteco “encher a cara” ou é “pular a cerca” e viver segundo as normas do mundo “enchendo a cara” de cerveja enquanto vê o seu time jogar pela televisão ou no próprio estádio. Isso é ter uma vida reta para esta humanidade; e nós aqui, obviamente, estamos falando de algo que vai contra tudo isso.

P: Nosso Mestre em astral pode nos auxiliar no julgamento junto aos Senhores do Karma? 

R: Primeira coisa, como é que você sabe que é um Mestre? As pessoas hoje, mesmo dentro da Gnose, são enganadas por egrégoras, tulpas, fantasmas, cascões, demônios, que se apresentam na forma de um Mestre; de que Mestre estamos falando aqui? Teríamos quee ter discernimento suficiente para saber se é um Mestre; essa é a primeira condição. Porque, como dissemos, os lucíferes, os magos negros, são mestres do disfarce; quando alguém se apresenta diante de nós no astral dizendo-se um Mestre, faça uma conjuração, especialmente aquela Conjuração de Júpiter, e aí então veja se ele reage e saberá se é um Mestre verdadeiro ou disfarçado. Depois, evidentemente, nenhum Mestre verdadeiro irá fazer o trabalho por nós; se não fizermos nossa parte aqui e agora no concreto, vivendo a doutrina dos Buddhas, vivendo os princípios gnósticos, é obvio que nada será feito. Os Senhores da Lei não medem intenções; medem, como já afirmamos aqui inúmeras vezes, nossa coluna vertebral, e é a partir da coluna que podemos visualizar, ver, perceber o brilho e as cores predominantes de nossa aura; é assim que se julga objetivamente uma pessoa, não por critérios subjetivos ou por impressões sensoriais, como acabamos fazendo aqui em nosso mundo. Isso é o que precisa ser entendido definitivamente e oxalá seja!

Gnose:O Óctuplo Caminho de Buddha


O tema de hoje é: Os oito aspectos do Caminho ou o Óctuplo Caminho de Buddha…

O Mestre Samael já falava sobre esses oito aspectos do caminho da iluminação em 1958, ao escrever o livro Mensagem para a Era de Aquário… Hoje vamos abordar essas oito etapas do caminho segundo a visão gnóstica… [* Há outras conferências sobre o tema, nos arquivos de 2007]

1ª etapa: Reta compreensão 

Isso nos remete ao quão importante é termos a compreensão correta – ou a compreensão criadora – como denominava o Mestre Samael lá em 1958 ao falar disso.

Sem a compreensão correta evidentemente sempre entenderemos ou acomodaremos a doutrina segundo nossos vícios intelectuais, nossa cultura, conceitos, idéias – e torna-se claro então que não poderemos alcançar a iluminação… Para se chegar à Iluminação é preciso o prévio desenvolvimento dessa virtude – que é o reto entendimento ou a reta compreensão ou simplesmente a compreensão correta.

Isso implica em saber distinguir tudo aquilo que é saudável e não saudável a nós mesmos… Aprender a distinguir e desenvolver o discernimento para perceber o pensamento equivocado do pensamento reto ou correto. Distinguir o reto falar do abuso do verbo e assim sucessivamente; tudo isso gira e gravita em torno da reta compreensão…

Incluem-se aqui a compreensão reta das chamadas Quatro nobres verdades, que já abordamos aqui… À medida que vamos desenvolvendo essa compreensão criadora vamos adquirindo confiança no caminho e também uma visão adequada da realidade.

Uma pessoa que tem a percepção equivocada da realidade do mundo jamais fará nenhum esforço para sair das amarras, das teias, das ilusões deste mundo; sempre aplicará mais esforço aos seus negócios, à sua vida mundana que à sua vida espiritual, quando em realidade todos deveríamos pelo menos equilibrar o caminho espiritual com o caminho material; ou equilibrar as atividades profissionais com as atividades espirituais.

A vida moderna nos leva a priorizar – e às vezes a viver – exclusivamente para a vida material, para os assuntos, para os interesses do mundo e esquecer completamente a responsabilidade ou o dever sagrado. Então, é evidente que isso tudo gira em torno de falta de compreensão, falta de reta compreensão acerca da vida e de tudo aquilo que envolve isso…

Este é o primeiro aspecto, a primeira etapa deste óctuplo sendeiro espiritual.

2ª etapa: Reto pensamento 

Falamos já aqui muito sobre a necessidade de mudar a forma de pensar; portanto, não precisamos detalhar muito sobre o pensamento correto. Todos precisamos mudar a forma de pensar… Se seguirmos sempre pensando do mesmo jeito, com as mesmas idéias de sempre, do passado, se nunca reavivamos nossos pensamentos ou as idéias que temos do mundo, do caminho, da espiritualidade, da salvação, da auto-realização, é claro que nunca sairemos do estado atual de consciência…

O pensamento reto é o pensamento que está em harmonia [com a vontade divina], que está de acordo com uma compreensão reta [do que é a vida]. É um pensamento onde não há distorções subjetivas, acomodações… É um tipo de pensamento que não provém e nem alimenta os três principais venenos da mente: ignorância, desejo e raiva.

O pensamento reto ou correto envolve aspectos ou atitudes como cultivar uma mente altruísta, abnegada e alicerçada na generosidade. Aqui entram, portanto, as seis paramitas, as seis grandes virtudes das quais abordamos aqui na última reunião. O pensamento correto é o único tipo de pensamento que nos leva à iluminação.

3ª etapa: Reto falar 

O reto falar num sentido amplo, começa pela cuidadosa escolha das palavras, ou seja, não usar uma linguagem vulgar, não usar palavras imodestas, palavrões e gírias. Reto falar envolve a escolha adequada das palavras, além de passar pela reta forma de se expressar…

Não podemos criar um padrão único de cada um se expressar; cada um de nós pertence a um raio diferente, a uma cultura, a uma história familiar específica… Então, algumas pessoas têm uma expressão natural muito calma, tranqüila e serena; falam sempre em voz baixa… É da sua natureza falar assim. Outros, por “n” elementos ou motivos, sempre falam alto, até por cultura, raça, genética; nasceram falando alto…

Quando aqui mencionamos o reto falar – e também citamos a forma calma ou bondosa ou amorosa de falar – não passa isso por esses aspectos subjetivos… É preciso saber perceber se alguém fala ou está falando com ira, ou impaciência, ou inveja, com outro sentido oculto, com um duplo sentido ou se simplesmente está falando alto e forte…

Também não podemos esquecer que no reto falar muitas vezes expressamos nossas palavras em forma suave, porém com palavras ferinas… Evidente que isso está longe do reto falar… O reto falar envolve uma espontaneidade, uma simplicidade, um dizer a verdade sempre [sem agressividade]. Uma mentira, mesmo dita de forma serena, tranqüila, é mentira; então, não pode ser um reto falar.

Portanto, devemos estar atentos à questão da palavra com a intenção oculta… Isso é muito importante. No reto falar, obviamente, não entram a mentira, a calúnia, a distorção dos fatos, o exagero que geralmente somos dados; não entra a intenção de ferir alguém com nossas palavras, sejam elas ditas em voz muito alta ou com voz muito baixa…

Também passa pelo reto uso do verbo o não falar inutilmente, coisas que não há nenhuma necessidade de falar, piadas, futebol, mulher, fofoca… Tudo isso são exemplos banais do nosso dia a dia que ilustram bem o quão distante estamos do reto falar, do reto uso do verbo. Nem pensar então em reto falar quando nossa palavra semeia desconfiança, discórdia, intriga, suspeita…

Na Loja Branca ninguém fala de ninguém… Nem de bem nem de mal. Ali todo mundo sabe que simplesmente não se deve falar de outros, nem de bem e nem de mal; no nosso mundo, agora, precisamos entender que cada um deve cuidar da sua vida, exclusivamente. Portanto, não existe isso de querer falar do outro: nem de bem nem de mal; simplesmente, não se fala – simples assim.

Quando tivermos que falar, manifestemos nossa opinião, nossa visão, nosso conceito; façamos nosso comentário de forma simples e sem a intenção de impor ou de querer que prevaleça nossa idéia; simplesmente, expressemos nossa opinião… Se os outros aceitarem, muito bem; se não aceitarem, muito bem também; não façamos disso um problema [uma trava mental].

Os chamados debates, as tertúlias, as discussões – isso passa muito longe do reto falar… Isso não tem nada a ver com o Caminho, com o sábio uso da palavra ou do verbo. Então, percebam aí, meus amigos, como o reto falar é muito abrangente; nós somos uma civilização falante, que abusa do verbo. É só olhar a televisão, é só ligar uma emissora de rádio para ver e ouvir quanta bobagem, quanta besteira, quanto abuso de verbo as pessoas – esses profissionais que ganham a sua vida desta forma – cometem todos os dias…

Tomem isso como um parâmetro para ver o quanto nos distanciamos da origem, do reto falar, do não abuso do verbo… Nossas palavras curam, incentivam e alentam ou então fulminam e contaminam o ambiente. Devemos prestar muita atenção nas palavras… O Mestre Samael denomina isso de “palavra justa”.

4ª etapa: Caridade ou sacrifício 

O que é o sacrifício? É o sacrificar-se pelos demais, é o praticar boas obras, é expressar generosidade, é concorrer para aliviar o sofrimento alheio…

O cumprimento do dever sagrado se sintetiza em conduta reta… É evidente, então, que violentar alguém não é conduta reta, roubar alguém não é conduta reta; abuso sexual não é conduta reta; comer e beber muito ou não comer nem beber nada também não é conduta reta…

Temos que aprender a viver em equilíbrio, reconhecer o equilíbrio, praticar o equilíbrio, dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Precisamos cumprir nossa responsabilidade neste mundo; não podemos abandonar família, filhos e compromissos e contratos porque isso não seria ação correta ou conduta reta.

Se assumirmos responsabilidades devemos honrar o compromisso assumido até que a lei divina nos libere deste compromisso. Temos durante o dia milhares de oportunidades para expressar ou praticar a conduta reta; é claro que quando falamos também em reto agir isso como que perpassa os outros aspectos aqui mencionados ou que ainda vamos mencionar…

Uma palavra imodesta, por certo, além de não ser reto falar, é, também, conduta não reta…

5ª etapa: Reta maneira de ganhar a vida 

É evidente que se alguém almeja ou anela a iluminação ou a auto-realização, não pode praticar uma forma de viver ou ganhar a vida através de atividades como, por exemplo, um matadouro ou praticar uma profissão que tenha que mentir. Vender ou comercializar armas, drogas, bebidas, de fato, não é uma reta maneira de ganhar a vida. Antigamente, o comércio de escravos também se enquadrava aqui… Hoje, oficialmente, não existem mais escravos, mas muitos empresários dispensam aos seus empregados, funcionários, trabalhadores uma política de escravidão, pagando salários de miséria, de fome, mesmo podendo pagar mais… [E não têm faltado no Brasil denúncias sobre trabalho escravo em fazendas…]

A reta maneira de ganhar a vida envolve e passa pelo exercício de uma profissão reta, isenta de matanças, fraudes, mentiras, armas, drogas, bebidas, prostituição, exploração do ser humano, loterias. Esses são alguns aspectos que estamos colocando aqui agora para reflexão de todos, para que cada um faça um exame de consciência, para que cada qual se veja no espelho da sua consciência… [Alguém pode não ter praticado nada disso “nesta vida” – mas que certeza têm de outras vidas?]

6ª etapa: Reto esforço 

O reto esforço contém muitos aspectos do sacrifício e da caridade… Ninguém consegue exercitar ou praticar uma tarefa, uma responsabilidade ou um dever sem o espírito de sacrifício, sem que tenha a compreensão de ir além do simples dever e obrigação…

Esse é o reto esforço no agir, no fazer, no cumprir tarefas diárias… Nesse esforço reto é claro que só podemos realizá-lo se tivermos diligência… O que é diligência? Diligência é o contrário da preguiça… Um preguiçoso não faz nenhum esforço, quanto mais esforço reto… Até o pouco esforço que faz é feito de má vontade, então, nesse caso, não existe o reto esforço ou o reto trabalho. Não há diligência, falta a ele aplicação e devoção àquilo que faz.

É claro também que nesse esforço reto existe a perseverança no caminho; quem não tem perseverança não triunfa, não avança. Diariamente as pessoas escrevem para cá ou comentam nas comunidades exatamente sobre esse aspecto da inconstância que é o outro pólo da perseverança; inconstância ou falta perseverança é a mesma coisa.

Aqueles que não têm esta virtude, o sentido da perseverança desenvolvido são candidatos ao fracasso pelas suas próprias debilidades, pela sua preguiça, comodismo e também claro fruto de um entendimento não reto a cerca da doutrina e do trabalho espiritual a ser realizado.

Temos que estudar isso, perseverança, persistência, diligencia, entrega, dedicação, entusiasmo, de fazer tudo com alegria. Cabe a nós escolher a forma como viver cada um de nossos dias: podemos vivê-los com alegria ou com má vontade, com ou sem motivação – como se fôssemos arrastados; podemos viver esses dias de forma totalmente desmotivada, se assim optarmos…

Onde e como alguém pode ganhar motivação?

Muitos chegaram a sugerir, no passado, que fizéssemos e desenvolvêssemos cursos de motivação para o caminho…

Ocorre que o caminho não é uma empresa que aplica muito dinheiro em treinamento motivacional dos seus funcionários. Esses cursos servem apenas para colocar cenoura fresca na ponta da vara, com ilusões e promessas…

Esses chamados treinamentos motivacionais podem ter sua utilidade para os adormecidos, para aqueles que são conduzidos pela visão de uma cenoura na ponta da vara… Agora, nós aqui, que nos propomos a acabar com todas as falsas esperanças, acabar com as ilusões e fantasias, temos que desenvolver desde um começo a automotivação; a única automotivação, para aqueles poucos que escolhem o caminho da iluminação ou da auto-realização, é o seu próprio Ser… Não existe outro…

Aquele que efetivamente compreendeu a natureza desse caminho ele se dedica, se entrega, trabalha, se aplica ao seu próprio Ser… Vale dizer, em outras palavras, ele passa a amar o seu próprio Ser, o seu Deus interno, sua Divina Mãe. Se não há este amor ao trabalho, este amor ao seu próprio Ser ou à sua Mãe Divina, não há motivação e não há nenhuma outra coisa que poderá motivá-lo…

A Loja Branca só aceita os que vêm incondicionalmente… Nenhum verdadeiro Mestre faz promessas mentirosas ou ilusórias; os Mestres apenas nos inspiram com seu exemplo; fazem pouco discurso, não usam de muitas palavras, não abusam da palavra.

A maior motivação que um Mestre nos dá e nos deixa é o seu exemplo… Veja-se o exemplo de Buddha… Ele vivia num palácio, cercado de confortos e de belas mulheres; mas percebeu que viver num palácio rodeado de comodidades e prazeres jamais lhe seria possível praticar o reto esforço. Então decidiu abandonar o conforto do palácio e foi viver, como pessoa comum e corrente, mendigando inclusive o que comer… O Cristo Jesus também nos deixou o exemplo belíssimo de renunciar a tudo, tomar a cruz e se deixar crucificar…

Todos os outros Mestres, enviados e avatares deram exemplo… Daniel foi colocado na cova dos leões, outros profetas da antiguidade foram esquartejados, outro foi serrado ao meio… Essa tem sido a recepção que nós, membros deste mundo, damos e fazemos a esses filhos de Deus…

Tudo isso mostra que estamos bem longe da conduta reta e de qualquer um desses oito aspectos que estamos tratando nesta noite.

7ª etapa: Reta atenção ou atenção plena 

O que vem a ser a atenção plena?

Atenção plena é viver atentos a nós mesmos, ao corpo e seus movimentos, às sensações, emoções, pensamentos, imagens mentais, fantasias, projeções, etc. Em outras palavras, é o não esquecimento de si mesmo; a única maneira de termos atenção correta ou atenção plena é não nos esquecermos de nós mesmos; é vivendo em íntima recordação de nosso Ser; é cortando os processos mecânicos da mente… Isso só é possível quando estamos atentos [de forma natural] a nós mesmos…

Se nossa mente projeta fantasias e sonhos, é claro que estamos desatentos; portanto, não podemos ter atenção plena nem atenção correta.

Atenção plena é o primeiro aspecto que a Gnose ensina sob a forma de auto-observação, de não esquecimento de si mesmo, de viver em íntima lembrança de si mesmo o tempo todo…

É claro que, no começo, quando alguém se lança a praticar esses exercícios, ele sofre com isso porque a mente é como um macaco jovem ou irrequieto, que não pára nunca, não sossega. É preciso prender o macaco, amarrar o macaco, símbolo de nossa mente desatenta que pula de galho, que se distrai, que não tem atenção presa, ou focada, ou concentrada em coisa alguma…

Essa mente sempre é atraída para os eventos externos a nós ou para nossos eventos internos, como memória, lembranças, fotografias mentais, memórias de músicas. A mente funciona por associações, mecanicamente, por associações mentais, uma vai levando e puxando a outra.

Quando nós nos dispomos a praticar a atenção plena e correta, com o tempo vamos dominando esses estados de desatenção e vamos focando mais e mais. E com isso vamos desenvolvendo a concentração, que é a capacidade de prender, de voltar o pensamento a um único alvo, ponto ou aspecto – neste caso nosso, ao nosso próprio Ser…

Essa é a prática dinâmica do dia a dia enquanto estamos ativos trabalhando, andando pela rua, ou dirigindo, ou cumprindo nossas tarefas no dia a dia. É claro então que a atenção plena passa por tudo aquilo que nos aparece, nos acontece, seja de positivo ou de negativo; tudo isso devemos nem aceitar, nem rejeitar, nem condenar, nem criticar, nem desprezar, nem nada; simplesmente compreender; a compreensão se dá com o tempo…

Vamos agora ao último aspecto… Esse último aspecto, curiosamente, não é destacado nas distintas escolas buddhistas, porém como dissemos no inicio o Mestre Samael mencionou especificamente este aspecto, que é a oitava etapa do Caminho de Buddha…

8ª etapa: Castidade absoluta 

Quem se der ao trabalho de buscar todos os textos buddhistas tradicionais, seja da escola Mahayana ou da escola Hinayana, dificilmente encontrarão alusão direta à questão da sexualidade…

Como pode um praticante, um adepto, um seguidor dessas correntes populares de Buddhismo obter a iluminação se não lhe é ensinado o sábio uso de sua sexualidade? Se não lhe é ensinado o sexo correto, a prática sexual reta? Esse vem ser um dos oito aspectos do sendeiro, do caminho da iluminação e da auto-realização…

Aqui existe um ponto de discordância com a Gnose… É impossível a iluminação plena sem o pleno domínio das energias sexuais. Todas as religiões ou linhas espirituais ou espiritualistas, externas, mentalistas, pseudo-iniciáticas, pseudo-esotéricas, todas elas se esquecem da sexualidade, se esquecem ou ignoram totalmente…

Algumas conhecem, mas fazem questão de ignorar – o que já é outra coisa, outro cenário. Nós não poderíamos falar do sendeiro da iluminação sem mencionar especificamente a questão da sexualidade ou da castidade como sendo uma das etapas mais importantes, fundamentais e indispensáveis para todo aquele que quer a iluminação ou a auto-realização.

É muito positivo, altamente recomendável e muitas vezes indispensável aprendermos os fundamentos da disciplina buddhista no que se refere à mente, concentração e prática das virtudes; porque nisso o Buddhismo é muito rico, ensinando toda essa disciplina, o desenvolvimento, a prática e a expressão de todas essas virtudes sagradas, santas…

Porém, se alguém deveras estiver interessado em iluminação, em despertar de consciência ou auto-realização, não pode fazer de conta que não existe o sexo e que a sexualidade não é parte fundamental desse caminho. A sexualidade é um dos pontos mais importantes…

Além de fazer a prática ou as práticas diárias de não esquecimento de si, de meditação e de concentração, de tratar de esvaziar a mente e do reto viver, ou seja, a expressão das virtudes no relacionamento com as pessoas, devemos buscar os aspectos da pureza e da inocência para alcançar a castidade, como mencionamos numa conferência anterior aqui neste canal (PALTALK).

Não vamos aprofundar hoje a questão da sexualidade; já temos abordado esse tema em detalhes anteriormente; agora estamos tratando de mostrar alguns outros aspectos, onde cada um desses pontos tem seu valor, sua utilidade, para que não nos percamos nos labirintos da mente, dos conceitos e das idéias; para que não nos deixemos distrair por impressões, palavras e idéias que, no fundo, corresponde aos mesmos princípios transcendentais e sagrados.

É evidente que cada religião, escola, Mestre ou Enviado destacou mais um desses aspectos em função do trabalho que tinha que realizar no seu tempo, na sua época, aqui no cenário terrestre que lhe correspondeu no desempenho da sua missão.

Resumidamente, esses são os oito aspectos ou etapas do Caminho de Buddha:
1. Reta compreensão.
2. Reto pensamento.
3. Reto falar.
4. Reto agir ou comportamento reto.
5. Reta maneira de ganhar a vida.
6. Esforço correto.
7. Reta atenção, atenção plena, concentração, não esquecimento de si.
8. Reta sexualidade ou castidade.

Pois bem, meus amigos, essas oito etapas, esses oito estágios do óctuplo sendeiro são perfeitamente harmônicos com as Paramitas que mencionamos aqui, na conferência anterior. Essas Paramitas formam os fundamentos da ética superior; essas Paramitas todas são virtudes importantes a serem praticadas no diário viver…

Se vocês hoje se derem ao trabalho de pesquisar sobre as Paramitas vocês encontrarão todas as virtudes, donzelas e características que temos falado aqui, desde que iniciamos este trabalho, aqui neste canal.

Nessas Paramitas estão virtudes como generosidade, doação, conduta reta, espírito de renúncia, sabedoria, diligência, esforço, paciência, tolerância, resignação, veracidade, honestidade, determinação, decisão naquilo que se faz, gentileza, serenidade, equanimidade ou justiça, imparcialidade, etc.

São muitas as virtudes… Uma vez tivemos o cuidado e nos demos ao trabalho de reunir as principais virtudes que nos lembrávamos; chegamos a uma lista de 140/150 virtudes, as quais, uma vez compreendidas e que possamos expressar, em maior ou menor intensidade, nos darão a iluminação, e, seguramente, formarão os méritos necessários para o despertar e o desenvolver de kundalini.

Kundalini não é algo mecânico, não é uma mola, não é algo cego que simplesmente desperta porque houve um acidente, algo assim… Muito pelo contrário, é preciso haver um trabalho deliberado neste sentido; devemos buscar essa disciplina e trabalhar com essa disciplina…

O que rege esse despertar e esse desenvolvimento são os méritos do coração, e esses méritos se dão como sabiamente ensinou o Senhor Buddha: na aplicação e na expressão diária de todas essas virtudes.

Até aqui nossas palavras desta noite e ficamos à disposição para os eventuais esclarecimentos que quiserem apresentar aqui e agora nesta nossa reunião.

Perguntas 

P: Sobre uma exortação do Mestre Samael no sentido de não nos tornarmos tristes, mas estar bem dispostos, alegres, felizes, contentes. Como ser assim se o que somos hoje (o ego) está morrendo e, além disso, estamos vivendo as angústias desse processo de mortificação?
R: São etapas, meu amigo! Até os grandes Mestres expressavam tristeza ou passavam por momentos de tristeza; isso não é defeito, nem significa que não se está vivendo uma vida reta. Se até os Mestres choram, então, por que deveríamos nós fingirmos disposição, falsa alegria? Não devemos nos preocupar com isso; essa questão que você levanta muitas vezes passa por uma auto-imagem, e devemos trabalhar com nossa naturalidade, a nossa maneira espontânea de ser; alguns são de temperamentos distintos, não podemos nos equiparar… Há dias que estamos tristes, outros estamos alegres; então não busquemos o estereótipo…

Além disso, se mencionarmos aqui o ser otimista, cada um de nós vai projetar uma fantasia do que é ser otimista… O Mestre Samael era um otimista, mas nem por isso fazia dele um bobo alegre que estava dando risada o tempo todo e sem que ninguém soubesse por quê.
Pelo contrário, ele era muito centrado em si mesmo e rara vez ria; creio que devemos nos despir de tanta fantasia, estereótipos e viver mais a espontaneidade do Ser. Isso se traduz como ação lacônica do Ser! Uma criança não é nem triste e nem alegre; ela é o que é. Há momentos que ela está mais agitada, mais dinâmica, e outros momentos em que não está assim… Tem dia que dá boas risadas, em outros está quieta…

Nesta vida mesmo, durante as piores guerras, sempre havia uma pausa para uma festa, para uma celebração, para um casamento, uma dança. O importante mesmo é viver cada momento segundo o próprio momento. Uma das coisas que me vem à memória neste momento é o seguinte, nas palavras do próprio Mestre Samael, quando ele escreveu esse livro Mensagem para Era de Aquário. Isso foi em 1958; ele exortava, então, os buddhistas da época, ou os buddhistas de agora, dizendo: “Buddhas, renunciai ao Nirvana e abraçai o caminho da cristificação”.

O Senhor Buddha veio a este mundo ensinar o caminho do Nirvana; aqueles que querem o caminho da Cristificação devem ir além dos ensinamentos do Senhor Buddha, que são ensinamentos voltados para iluminação, para o despertar da consciência; não é o caminho para auto-realização íntima ou da Cristificação, melhor dito.

É por isso que a Era de Aquário será uma era de luminosa síntese espiritual. A era de ouro virá depois da catástrofe; surgirá daqui uns quatro/cinco séculos… Essa doutrina-síntese será formada pelo melhor do esoterismo cristão com o melhor do esoterismo buddhista; será exatamente a união da doutrina do Cristo com a do Senhor Buddha…

A Gnose é a introdução, o preâmbulo, o vestíbulo para essa época. Mas raros são aqueles que têm a consciência suficientemente desperta para captar isso. Geralmente, todos nós reagimos à chegada de qualquer doutrina nova, de qualquer mensageiro, avatar ou profeta; sempre preferimos nos aferrar e nos apegar à velha forma de pensar ou às velhas doutrinas e crenças.

Se há algo que o homem resiste por instinto, por natureza, é a chegada do novo, porque o novo é o desconhecido, e o desconhecido sempre foi visto como uma ameaça. É claro que é o ego que se sente ameaçado; consequentemente, devemos buscar essa resistência enterrada profundamente em nossa mente, em nossos egos. E se tivermos suficiente sensibilidade como que para examinar o novo com a consciência e com isenção de ânimo podemos superar essa barreira ou essa armadilha…

Uma vez mencionamos aqui numa reunião anterior que são os bonzinhos que vão para o inferno; os maus vão por opção própria, mas os bonzinhos também vão porque eram bonzinhos; nunca se definiram por nada…

Autor: Karl Bunn

Invocações e Evocações: Vozes Entre os Véus

Desde as eras mais remotas da humanidade, o ser humano buscou estabelecer contato com o invisível. As fogueiras dos xamãs, os altares dos ma...