segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Gnose:O Colar de Buddha


Como tema desta noite teremos O colar de Buddha , inspirado no capítulo 13 da Mensagem de Natal 1966-1967 , escrita pelo Mestre Samael. Não somente nos inspiramos nesta obra, mas também em outros livros do Venerável Mestre tiramos as idéias essenciais para esta aula de hoje. Dentre essas outras obras podemos mencionar a Gnose do Século XX , que é a coletânea de mensagens natalinas até o ano de 1962-1963 e também o Supremo Manifesto Gnóstico , publicado em 1962. Como havíamos anunciado anteriormente, abordaremos uma série de temas tendo como base e fundamento o Buddhismo, as idéias gnósticas do Buddhismo ou buddhismo gnóstico.

Queremos com isso destacar e salientar a importância, o valor do trabalho dos veneráveis Buddhas. Temos uma idéia bastante equivocada acerca dos Buddhas; conhecemos apenas o Buddha histórico e aquilo que ele ensinou e hoje em dia se encontra profundamente adulterado.

Mencionamos anteriormente que os textos mais ortodoxos que permaneceram até os dias de hoje encontramos no Buddhismo Theravada, o Buddhismo dos anciãos em que ainda está contido o Buddhismo de Buddha. Pois bem! O que vem a ser o “Colar de Buddha?”

O Colar de Buddha é o mesmo Japamala que os buddhistas do mundo inteiro utilizam para fazer suas orações. Este colar é formado de 108 contas e isso não é por acaso. 108 são as vidas humanas creditadas a cada alma, ou essência, quando alcança esse reino pela primeira vez. Quer dizer que, em tese, temos 108 oportunidades de encarnar, de desenvolver o Buddha íntimo, eventualmente encarnar o Cristo íntimo também.

Quando terminam as 108 oportunidades que nos foram creditadas no início deste ciclo marcado no Colar de Buddha, se não conseguimos encarnar esses princípios dentro de nós ou desenvolvê-los, a alma humana ingressa no ciclo involutivo. Essa involução é um retrocesso, um descer para estados cada vez mais inferiores, cumprindo o arco descendente do caminho evolutivo. Esta alma, finda as 108 oportunidades, retornos, vidas de um ciclo humano, após passar pelo julgamento final, desce, ocupando novamente corpos animais, vegetais, minerais, sucessivamente.

A Gnose ensina que uma pessoa comum e corrente, quando termina o seu ciclo de 108 oportunidades e, ao ingressar na involução, necessita entre 800 e 1000 anos terrestres para se purificar de seus agregados ou eliminar os venenos da sua mente. Os malvados, os perversos necessitam de 8.000 a 80.000 anos para purificar suas mentes. Os tenebrosos, os demônios, os magos negros, os senhores da guerra, necessitam e passam eternidades inteiras na matriz de nosso planeta. Seja como for, sejam 800 anos ou uma eternidade inteira, haverá um momento em que este sofrimento terminará e, ao terminar o tempo da purificação nos mundos inferiores, na matriz purificadora de cada planeta, esta alma, então, livre do seu karma, livre dos seus agregados, dos venenos de sua mente, entra por uma porta lateral lá no fundo profundo do nono circulo infernal. Entra por uma via paralela de evolução e gradativamente ganhará novas formas ou animará formas minerais, depois vegetais, animais e, por fim, ganha novamente um novo ciclo de 108 vidas no reino humano.

Isso convida-nos à reflexão profunda; uma pessoa comum e corrente necessita entre 800 e 1000 anos terrestres para se purificar nos mundos inferiores. Nós, que vivemos na superfície do planeta, podemos fazer essa purificação em 10,15,20 anos se adotarmos uma disciplina esotérica, iniciática, com esta finalidade. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que é muito mais vantajoso dedicarmos uns quantos anos de nossa vida atual para purificar nossa mente do que fazê-lo obrigatoriamente, pelas leis da vida, descendo à matriz purificadora do planeta, onde ficaremos de 800 a 1000 anos terrestres, no mínimo.

Esses ciclos de vida, mortes e renascimentos sucedem, acontecem; essa roda existencial gira neste mundo onde percebemos claramente quatro estados de matéria, quatro regiões bastantes distintas umas das outras; referimo-nos ao mundo mineral, celular, molecular e ao mundo eletrônico. O mundo mineral corresponde ao inferno; o celular corresponde à Terra e a vida aqui na superfície do planeta; a vida molecular é o paraíso e o limbo; e, por último, o chamado mundo eletrônico é o céu ou os céus falados pelas distintas religiões e credos, com distintos nomes obviamente, mas todas elas falam da região do paraíso e das regiões celestiais.

Portanto, colocados, feitos estes comentários iniciais, disso sacamos uma conclusão: A morte é a única certeza da vida. Por isso mesmo, isso deveria receber ou merecer de todos nós a prioridade máxima de nossa existência. Porém, não é assim que as coisas acontecem; não nos preocupamos com essas coisas aqui enquanto vivemos. O que mais queremos é curtir a vida, como se diz popularmente, e poucas são as pessoas que efetivamente sentem e alimentam ou ouvem os apelos, as vozes ou as inquietudes íntimas de ordem espiritual e saem à busca das respostas para iluminar esses enigmas que dizem respeito ao ciclo da vida e também da morte.

Se efetivamente nós todos fôssemos pessoas esclarecidas ou inteligentes, trabalharíamos em vida para ter uma boa morte. O que é ter uma boa morte? – Não é como as pessoas comumente entendem; a boa morte significa alcançar a libertação intermediária. Essa liberação intermediária, que sucede ao fenômeno da morte, é um estado de consciência semelhante ao de Buddha, que corresponde ao mundo eletrônico acima mencionado. Seria interessante que todos nós dedicássemos a vida a nos preparar, a buscar, a realizar em nós as condições necessárias para a liberação intermediária. Esta liberação intermediária, por ser uma região de consciência semelhante à dos Buddhas, é uma região de felicidade ilimitada, e ali passaríamos um determinado período num paraíso. Diz-se liberação intermediária porque esta não é a liberação total ainda.

A liberação total somente é conquistada quando se encarna o Cristo íntimo. Até mesmo os Buddhas do Nirvana estão sujeitos aos ciclos de retorno, bem mais largos evidentemente que os nossos, porém uma vez que um Buddha esgote o seu dharma, deve descer a este mundo e sempre que desce, há o risco de cair, entrar no samsara novamente e tardar milhares ou milhões de anos para retomar a seu antigo estado de consciência.

Todos nós sabemos, em Gnose, que na quarta e na quinta dimensões existem paraísos, ilhas, regiões, continentes, reinos, onde todas as criaturas vivem em imensa felicidade. Ali não há enfermidades, doenças, crimes, exploração econômica, enganação e esbulho político de nenhuma espécie. Todos são felizes porque possuem um grau de consciência compatível e por isso mesmo todos sabem qual é o dever sagrado, todos cumprem as leis de harmonia do Universo sem que ninguém lhes esteja apontando toda hora ou fazendo-lhes lembrar o que devem fazer.

Bem longe, aqui, estamos dessa realidade, porque em nosso mundo as coisas funcionam ao contrário. Todos aqueles que em vida se preparam para isso, poderão obter uma liberação intermediária, passar um tempo em férias ou, pelo menos, podiam – antes que os tempos finais se avizinhassem como se avizinharam e estamos vivendo agora.

Como estas palavras são dirigidas à consciência de cada um, obviamente que não esquecerão disso mesmo que passem pela morte segunda; a consciência não esquecerá dessas advertências ou admoestações. Como muito bem diz o Mestre Samael: “bem poucas são as almas que conseguem essa liberação intermediária, bem poucas”, porque efetivamente poucas são as pessoas que se dedicam a viver aqui em nosso mundo de acordo com os preceitos ensinados pelas distintas escolas iniciáticas, pelos distintos avatares e profetas que desceram a este mundo.

Nós, que pouco caso fizemos destes ensinamentos, obviamente estamos sujeitos à lei do karma, que é a única lei, a lei que ajusta sabiamente os efeitos com as causas, encarregando-se então de dar, trazer a cada um, aquilo que efetivamente merece. Isso se aplica tanto aqui e agora, em vida, como também depois dos processos de desencarne ou de liberação ou transição, quando a morte chega.

Quando mencionamos aqui uma liberação intermediária, obviamente que para estas regiões, ilhas ou continentes ou reinos só vão aquelas almas que acumularam um bom dharma, fizeram boas obras em vida. Uma vez que termina esse dharma, esses méritos, obviamente essa alma retorna novamente a uma matriz humana e, ao retornar, gradativamente, nos primeiros anos de vida, passa a receber, incorpora as partes egóicas que estavam no umbral enquanto ela permanecia no paraíso.

Ainda quando o Mestre Samael vivia entre nós, ele dizia, lá nos anos 60, que por esses tempos bem poucas são as almas que ingressam nestes paraísos, porque o ego, através do tempo, complicou-se, robusteceu-se de tal maneira que a alma havia aprisionado-se totalmente nos corpos lunares; havia muito pouca liberdade – e isso foi há quase cinqüentas anos atrás… Imaginem hoje, decorrido todo esse tempo, o grau de complicação que conseguimos desenvolver, criar para nós mesmos; simplesmente tornamos nossa vida um inferno, aqui mesmo na superfície do planeta.

Por estes dias fomos avisados que a Lei divina está trabalhando intensamente, e todas as pessoas que vivem na superfície, já estão sendo julgadas internamente; isso não quer dizer que essas pessoas, que sejam julgadas internamente, desencarnem no momento desse julgamento. São julgadas e sentenciadas e, obviamente, sua consciência, sua essência, já é encaminhada ao Deus Hades ou Plutão nos mundos inferiores, o qual encaminha respectivamente essas almas aos devidos círculos infernais, de acordo com o karma de cada um.

Também fomos avisados e informados que bem poucas são as almas, nestes tempos finais, por estes dias de agora, que estão subindo. A grande maioria, o grosso da humanidade, não tem méritos para subir, nem para receber estes ensinamentos – e vemos por aí, em comunidades que mantemos pela internet, exemplos vivos de quanto as pessoas tornaram-se perversas nesses tempos finais. Obviamente estão dizendo suas últimas palavras, fazendo suas últimas coisas, tomando as últimas iniciativas enquanto ainda vivem sob a forma humana, mas em verdade suas almas ou suas essências já estão desencarnadas; o que permanece aqui na superfície do planeta são as chamadas “casas vazias”; apenas uma personalidade habitada por um demônio, nada mais do que isso, pois essas criaturas já passaram a viver nos mundos inferiores, uma vez que os 108 retornos que lhes cabiam já se venceram ou, ainda que não tenham vencido, suas maldades ou suas obras negativas ultrapassaram os limites; conseqüentemente, já estão sendo julgadas neste momento e descendo aos mundos inferiores, ainda que disso não se dêem conta aqui, uma vez que estão adormecidas.

Aqueles que conhecem a Gnose ou estudam a Gnose desde há tempos, ou pelo menos que se dedicaram a estudar um pouco que seja dessa doutrina, sabem que a auto-realização íntima, o despertar da consciência, encarnar o Buddha íntimo, só é possível mediante uma disciplina muito especifica e também com base em esforços, ações, trabalhos deliberados, voluntários, no sentido de cristalizar em si esses valores búddhicos ou anímicos, espirituais. É obvio que aquele que não trabalha pela salvação de sua alma não vai salvá-la, o normal é que se perca. O que a humanidade desconhece ou, melhor dito, não faz questão de conhecer e de saber, é que cada um é responsável pela salvação de sua alma.

Espalharam pelo mundo que Jesus derramou o seu sangue para nos salvar; então, essas pessoas, ensinadas por falsas religiões, acreditam que uma vez que Jesus morreu na cruz, ou foi assassinado na cruz, o seu sangue lavou todos os pecados, e assim, nós podemos cometer agora toda sorte de delito porque tudo já foi previamente pago.

É estarrecedor alguém se dar conta deste tipo de pensamento; isto é contrariar, literalmente, todas as leis que mantém o universo em andamento. É não entender absolutamente nada, não compreender absolutamente nada do que é a via espiritual.

Portanto, auto-realização, despertar da consciência, salvar a alma é uma questão de trabalho pessoal; é uma decisão muito íntima e pessoal; ninguém é obrigado a fazer isso, mas aqueles que efetivamente estão interessados em fazer este tipo de trabalho, devem dedicar-se diariamente a este propósito porque nenhuma lei mecânica da vida levará qualquer um de nós a morar definitivamente nos paraísos celestes. Dizer o contrário disso, é o embuste, e esta tem sido uma grande mentira que se espalhou pelo mundo nesses últimos milênios, tanto no Ocidente quanto no Oriente, pois tanto aqui quanto lá, as doutrinas salvadoras, ensinadas pelos Buddhas e Cristos, foram adulteradas, e conseqüentemente, hoje sofremos por causa disso. Agora, é claro que a divindade sempre segue enviando ciclicamente novos mensageiros, profetas, avatares, e a humanidade os têm rechaçado, assassinado, sistematicamente. Esta humanidade, todos nós, não estamos livres de nossos erros supostamente alegando que não sabíamos.

Bem verdade que as religiões foram adulteradas, mas também é verdade que a Lei, a divindade sempre mandou seus filhos, seus representantes para atualizar, resgatar, reavivar o entendimento acerca do caminho da salvação ou da auto-realização íntima do próprio Ser ou, simplesmente, o caminho da salvação da própria alma.

Evidentemente, [a salvação] não é um caminho que as multidões adoram. As multidões querem é viver a vida intensamente, aproveitar todos os prazeres que a vida oferece, o conforto, as sensações oferecidas pelo mundo. Logo, quando se fala em caminho da salvação e quando se mostra a responsabilidade de cada um neste processo, elas preferem, então, fugir dessas escolas e seguir, buscar refúgio, em qualquer lugar que não se lhes fale dessas coisas, porque o normal é simplesmente entregar-se aos prazeres da vida e esperar a morte chegar. Aqui mesmo, muitas vezes dissertamos sobre os fatores da revolução da consciência; muitas vezes falamos o que é necessário fazer para salvar a alma, e nos permitimos, resumidamente, revisar o que temos dito desde o inicio deste ano de 2007.

Todos os dias, devemos rogar pela salvação de nossa alma junto à nossa Mãe Divina. Todos os dias 27 de cada mês devemos rogar à Grande Lei pela salvação de nossa alma, renovar os pactos de salvação, negociar nosso karma junto à Lei divina. Todos os dias devemos fazer obras de caridade e viver retamente. Fazer obras de caridade não é, necessariamente, sair por aí comprando alimentos, dando esmolas pelas ruas e esquinas de nossa cidade; faz-se muita caridade simplesmente vivendo a conduta reta, orando, fazendo cadeias de orações em favor daqueles que sofrem, colaborando com o trabalho dos Buddhas que fazem isso dia e noite no Nirvana para o beneficio daqueles que sofrem.

Podemos seguir o exemplo dos Buddhas e fazer a mesma coisa aqui e agora uma ou duas horas por dia. Esse tempo deve ser retirado de nossas atividades profissionais, de nossos compromissos sociais e familiares, para dedicá-lo à questão prioritária de nossa vida; ou pelo menos assim deveria ser, que é salvar a nossa própria alma. Porém, a auto-realização [a salvação de nossa alma] é a ultima coisa que as pessoas querem na vida; encarnar o Buddha íntimo é uma das últimas prioridades da vida – e até mesmo entre aqueles que sentem o anelo, que saem à busca e têm as inquietudes – quando se deparam com o trabalho prático e concreto, acabam mudando de idéia e desistindo de seguir por esse caminho; preferem voltar a se deixar levar pela correnteza da vida.

Bem verdade que há milhares de pessoas que, aparentemente, querem a auto-realização, buscam-na, filiam-se às distintas escolas que hoje existem pelo mundo. Porém, logo vêem que a disciplina para encarnar o Buddha íntimo ou para despertar Kundalini, para purificar a mente, é uma questão de trabalho prático e concreto diário, a vida inteira, e com isso, caem desanimados, desistem de seguir por este caminho. São pessoas que não têm vontade; são mariposeadores; hoje estão numa escola, amanhã estão em outra; hoje compram um livro, amanhã outro. São pessoas que alimentam suas mentes com todo tipo de teoria, e com isso vão levando a vida, como se encher a cabeça de livros fosse iluminar a mente e se tornar um Buddha. Bem distante está a realidade dessa concepção imaginária.

Por isso, este símbolo do japamala, que é o Colar de Buddha, com suas 108 contas, convida-nos à reflexão… A divindade concede-nos 108 vidas, oportunidades, para trabalhar, para alcançarmos à liberação final; porém, na vida prática, acabamos consumindo as 108 oportunidades em prazeres e complicações com a Lei Divina; afastamo-nos do dever reto, do cumprimento do dever sagrado e preferimos as sensações fisiológicas proporcionadas pelos cinco sentidos de que somos dotados.

Aqui também, neste canal, muitas vezes, mencionamos como parte da disciplina, para avançar neste caminho, três modalidades de trabalho esotérico e espiritual. Queremos nos referir à questão do Karma Yoga , do Bhakti Yoga e também podemos subdividir, ainda, em Jnana ou Jhanna Yoga. O que vem a ser isso?

Há conferências especificas sobre cada um desses temas em nosso site. O Karma Yoga , nas palavras do próprio Mestre Samael, nada mais é do que “o caminho da ação reta”. O Jnana Yoga é caminho da mente, da meditação e o Bhakti Yoga é o caminho da devoção. 

Com o Karma Yoga aprendemos a viver retamente e, com isso, colhemos muito dharma, muito prêmio, muitos méritos do coração, mas é evidente que o Karma Yoga, em si mesmo, não fabrica, não forja os corpos solares. A mesma coisa para aqueles que optam pelo caminho da meditação; fazer meditação é muito importante para despertar a consciência e também para purificar a mente, porém, só isso não nos dá os corpos solares, os corpos de ouro que necessitamos para alcançar a liberação final. Aplica-se o mesmo critério ao Bhakti Yoga, que é o caminho devocional. Por meio das práticas do Bhakti Yoga podemos alcançar, inclusive, o êxtase, o samadhi; podemos ter a visão desses paraísos celestiais, porém, por mais agradáveis, lindos, inesquecíveis, extasiantes realmente sejam estas experiências, na realidade, só o Bhakti Yoga em si, não produz, não gera os corpos solares.

Porém, aqueles que, alguma vez em algum passado remoto, tenham criado seus copos solares, obviamente que a disciplina da mente, do caminho devocional e da ação reta, são muitos importantes e poderão mesmo levar à total purificação e até mesmo à encarnação de seu Buddha íntimo. O Buddha Íntimo pode expressar-se, tomar posse de uma alma, de uma pessoa, de uma criatura que tenha construído previamente seus corpos solares e que tenha sua mente e seus centros perfeitamente limpos.

Como vivemos num mundo em que existem milhares de bodhisattwas, de Buddhas caídos, muitos, inclusive, possuem os corpos de ouro porque o fabricaram em idades antigas, mas disso não se dão conta no presente momento. Se essas pessoas, nessas condições, se dedicarem a trabalhar intensamente sobre si mesmos, passando a viver reta conduta, praticando a via devocional, a disciplina da mente e da meditação, poderão efetivamente receber o seu Buddha Íntimo, ainda que vivam uma vida celibatária, não sejam casados ou não tenham parceiro ou parceira. [Ver capítulo 6 do livro Rosa Ígnea – De Samael Aun Weor]

Oxalá eu consiga expressar-me com exatidão, apresentando isso desta forma como acabamos de mostrar, para que não se criem confusões. As pessoas que não têm corpos solares, obrigatoriamente terão que fabricar esses corpos primeiro, para depois encarnarem o seu Buddha Íntimo. Mas aqueles que, alguma vez, criaram seus corpos solares, mediante essas disciplinas do Karma Yoga, do Jnana Yoga e do Bhakti Yoga, poderão encarnar o seu Buddha Íntimo, desde que limpem profundamente seus centros, sua mente, seu kárdias, seus chakras, porque é obvio que se não temos a limpeza profunda ou a purificação necessária, não poderemos encarná-Lo ou expressá-Lo. Oxalá tenhamos sido claros e objetivos ao assim nos expressarmos porque por aí se fala muito, há um axioma popular inclusive, muito conhecido, que diz o seguinte” “todos os caminhos levam a Deus”. Mas nós nos permitimos perguntar: Será?

Por que o Inferno está abarrotado de almas extraviadas… Então, como se pode dizer que todos os caminhos levam a Deus? Há algo aí que precisa ser compreendido, analisado profundamente; o próprio Grande Rabi Jesus, que encarnou o Cristo, dizia que é necessário entrar pela porta estreita; porque a porta larga, o caminho espaçoso, florido, é o caminho que leva à perdição. Isso de dizer que todos os caminhos levam a Deus – e assim justificar suas escolhas pessoais – parece-me um ato típico de Pilatos, que não assume a responsabilidade por sua decisão e lava suas mãos diante do povo, da turba, da população, como se com isso o eximisse da sua responsabilidade ou da sua isenção de assumir a responsabilidade pela salvação de sua alma.

Portanto, vamos meditar profundamente sobre isso que repetimos mecanicamente: “ah! sim, todos os caminhos levam a Deus! “. Se todos os caminhos levassem a Deus não haveria escolas de magia negra e, no entanto, existem. Existem falsas religiões, falsos Mestres, falsos profetas, falsos Cristos por aí, especialmente agora, nestes tempos finais. Então, toda cautela é mais do que necessária porque os tenebrosos são mestres na oratória; são mestres em falar de paz, amor, bondade, justiça – e seduzem, com esses discursos, as almas ingênuas ou incautas e, gradativamente, sem que percebam, vão sendo escravizadas e dominadas. Depois, muito difícil é liberarmo-nos deste tipo de pensamento ou escola.

Uma das maiores mentiras que se cristalizou, espalhou-se por esse mundo, é justamente essa de que “todos os caminhos levam a Deus” ; é uma mentira universal porque a Deus só há um caminho; para encarnar a alma só há um caminho; para encarnar o Buddha Íntimo só há uma maneira, e isso tudo foi amplamente ensinado ao longo dos milênios da história humana.Porém, o que fazemos, é acomodar essas doutrinas aos nossos próprios entendimentos e interesses; não assumimos nossa responsabilidade, nossa participação no processo de salvação da alma.

Isso precisa ser dito; para isso devemos despertar ou acordar porque, do contrário, o tempo passa e os últimos dias que nos restam neste planeta alcançar-nos-ão sem que tenhamos feito algo concreto a nosso próprio favor. Ainda quando o Mestre Samael vivia entre nós, há 40 ou 50 anos atrás, ele já advertia, escrevia, ensinava, alertava: “estamos lutando para lançar uma tábua de salvação ao náufrago”. Assim dizia o Mestre. Estamos tentando jogar uma tábua de salvação aos que estão afogados ou se afogando.

Não importa que as pessoas nos critiquem ou nos insultem; não importa que as pessoas falem mal de nós. Assumimos este compromisso de servir à Causa; o importante é salvar aqueles que desejam ser salvos; quanto aos demais, nas palavras duras do Mestre Samael, “o diabo que as carregue”, porque quando se fala em salvação da própria alma, cada qual é responsável por fazer a sua parte.

Portanto, o propósito da Gnose como doutrina, neste início da Era de Aquário, é formar Buddhas, levar pessoas a encarnar o Cristo Íntimo. No Nirvana, neste momento, existem milhares de Buddhas, mas que, mesmo possuindo grandes perfeições de alma, não encarnaram o Cristo Íntimo, não se lançaram nenhuma vez, na história de suas vidas anteriores, pelo caminho da Iniciação Venusta – a Iniciação que nos permite encarnar o Cristo Íntimo. Entretanto, neste momento atual, nestes anos finais, nosso foco agora é tratar de purificarmo-nos; purificar nossa mente, buscar encarnar e formar em nós o Buddha Íntimo – e para isso o que é exigido de nós? – Simplesmente uma rebeldia bem encausada, pessoas capazes (homens ou mulheres) capazes de dissolver o eu psicológico e cristalizar as virtudes de sua alma, porque somente um homem e uma mulher capazes de renunciar eternamente aos prazeres sensoriais é que podem despertar o fogo interior e criar, gerar, as condições necessárias para encarnar sua alma e seu espírito.

Bem poucos, portanto, são esses rebeldes bem encausados que se lançam no caminho para encontrar, ir em busca do seu Buddha Íntimo e, quem sabe, mais adiante, em outra oportunidade, na Era de Ouro de Aquário, possam descer a este mundo em melhores condições e, aí sim, então, lançarem-se pelo caminho da Iniciação Venusta.

Toda pessoa determinada, aqueles que efetivamente não estão felizes com seu atual estado de vida, seu atual estado interior, podem converter-se em Buddhas, purificarem-se, encarnarem os princípios de seu Buddha se, anteriormente, já criaram os corpos solares; ou podem, então, purificar sua mente, seus centros para que na Idade de Ouro possam ter as condições adequadas para fazê-lo. Porém, mais uma vez lembramos: aqueles que, nestes momentos, nesses últimos dias, não rogarem à sua Mãe Divina diariamente pela salvação de sua alma, para que Ela mostre o que deve ser feito, para que tenham a inspiração e despertem suas consciências, e não tomarem a sério esse processo, esse trabalho, essa tarefa de cristalizar esses valores de alma, obviamente seguirão o destino do grosso desta humanidade. Em oportunidades anteriores já mencionamos que parte descerá ao abismo, aos mundos infernais do planeta Terra, uma parte menor ficará no Limbo aguardando a futura Idade de Capricórnio e muitos outros irão para esse planeta tenebroso, negro, que está se aproximando, que no meio gnóstico mundial é reconhecido como Hercólubus.

Acreditamos que não há mais necessidade de repetir o porquê de uma pessoa comum e corrente não poder encarnar nem o seu Buddha Íntimo, quanto mais o seu Cristo Íntimo. A energia de um Buddha é tão poderosa, tão intensa, tão forte, que literalmente desencarnaria a pessoa se isso hipoteticamente ocorresse. Então, o animal intelectual que somos todos nós, tomados genericamente, a humanidade atual, não tem condições de encarnar o seu Buddha Íntimo. Os bodhisattwas sim, se purificarem-se poderão encarná-Lo; agora, aqueles que nunca criaram os corpos de ouro, evidentemente não poderão receber esse dom, este presente dos Deuses, por assim dizer. Por isso que esta Gnose, trazida pelo Mestre Samael, a partir dos anos 50, aqui nos países da América do Sul, está totalmente fundamentada nos melhores valores do Cristianismo iniciático como também está formado pelo melhor do Buddhismo iniciático.

Esse Buddhismo iniciático é bastante inacessível ou quase que totalmente inacessível nos tempos modernos. Secretamente, em algumas escolas, ensina-se a doutrina da alquimia, que é parte do Buddhismo de Buddha ou da escola Theravada, que é a doutrina dos anciãos. Bem verdade que essa escola aqui, publicamente, não ensina isso, e também é muito provável que, muitos dos seus representantes, também desconheçam esse assunto, mas, sem dúvida nenhuma, os verdadeiros Mestres do Buddhismo do Buddha, conhecem esse ensinamento, pois são os próprios Buddhas que nos revelam tais asseverações; então, bem vale a pena estudarmos, nos dedicarmos a estudar, compreender, a doutrina original do Senhor Buddha, porque ali estão contidos todos os elementos que nos permitem purificar, dominar, iluminar a mente, e na parte mais secreta, na parte mais reservada, também é ensinado o segredo do Grande Arcano, mas que coube à Gnose do Mestre Samael, divulgar publicamente.

Esta Gnose, como todos nós sabemos, é integrada por três fatores específicos de revolução da consciência que já sabemos quais são: morrer, nascer e sacrificar-se em favor da humanidade doente, e sobre isso, há muitas outras aulas e conferências que estão gravadas e disponíveis em nosso site, e não vemos necessidade de repetir-nos aqui e agora.

Até aqui nossas palavras desta noite; ficamos agora à disposição para os eventuais e naturais complementos ou questionamentos que queiram apresentar.

Perguntas 

P: Como podemos saber se já esgotamos as 108 vidas? 

R: A única maneira de sabermos isso é por revelação direta, percepção direta ou por meio da revelação de um Mestre. Regra geral: todos nós estamos nos últimos retornos, portanto é bom, aconselhável, não adiarmos o inicio do trabalho. Essas 108 vidas são creditadas a todos os seres humanos em todos os planetas, porém como vivemos no planeta Terra, obviamente estamos focando apenas a nossa vida aqui neste planeta, porque isto é uma lei universal, que segue certos princípios ocultos que se escondem através do 1, do 0 e do 8, mas que não vamos aprofundar aqui agora.

P: Quais tipos de pessoas foram julgadas ou estão sendo julgadas e condenadas com o corpo físico ainda vivo? 

R: De um modo geral, todos nós, começando dos mais perversos, aqueles que têm karma mais pesado; mas como regra geral, a humanidade inteira. Se não é exagero afirmamos algo mais concreto, cada qual deve observar atentamente a data do seu aniversário, porque é no aniversário que se fecham os ciclos de cada um, portanto, às vezes, no aniversário de determinada pessoa é quando ocorre esse julgamento. É óbvio que as pessoas aqui na superfície, de consciência adormecida, não saberão disso, aqueles que têm alguma facilidade de lembrar-se de sonhos, no dia seguinte, ao acordar, lembrar-se-ão vagamente de que viveram um pesadelo durante a noite, e que foram levados a um determinado local, onde aconteceu julgamento e elas foram condenadas, foram deportadas, aprisionadas, e isso é um pesadelo. E elas se sentem aliviadas quando acordam na cama e dizem para si mesmo “ufa! Que pesadelo, que sonho horrível tive essa noite”, porém não foi só um sonho não; foi real e concreto; ali houve a separação da alma ou da consciência do corpo.

Claro que a personalidade e os egos receberam essa informação através da memória, nada mais do que isso, e ficarão com essa memória cumprindo os últimos dias aqui na superfície do planeta. Estamos afirmando muito claramente isso e sei que seremos ridicularizados por aí em muitos lugares, mas não nos importa; vamos cumprir com o dever sagrado. A nós importa apenas algumas poucas pessoas aqui em nosso país que poderão ser tocadas com essas palavras. Então, se conseguirmos acordar uma, duas, três ou quatro pessoas que sejam, para a realidade do momento presente, desses últimos anos dessa civilização humana especificamente, já terá valido a pena. Sem dúvida nenhuma, a Lei Divina alegrar-se-á com isso, porque o objetivo da Lei não é mandar ninguém para o abismo, para o Inferno.

Os Deuses estão aí para servir à humanidade; os Mestres, os Avatares que descem a este mundo, não vêm para condenar, atacar ou criticar ninguém; eles vêm para apontar alternativas e caminhos, porém, nós nunca soubemos entender corretamente ou retamente o ensinamento sagrado dado por esses enviados do alto ou da Lei. Sempre os recebemos mal, criticamos, condenamos, desprezamos; então, uns anos a mais ou a menos que se riam dessas coisas, não vai alterar o quadro que estamos atravessando. Portanto, para aqueles que lêem essas palavras, se isso tudo pode significar alguma coisa, acordem, despertem, dêem-se conta! Ainda existe tempo para mudar nosso destino [2007], ainda existe tempo para as almas sinceras reverterem a tendência da sua vida; libertem-se de muitos compromissos fúteis e vazios, sociais, familiares, culturais que não servem para absolutamente nada, em termos espirituais, é claro; abandonem isso, renunciem a isso, dediquem mais tempo para si mesmos, comecem a praticar meditação, façam suas orações diárias a Mãe Divina pedindo Iluminação para verem diretamente, não porque estamos dizendo essas coisas, mas para que vejam diretamente, ainda que em forma de sonhos, o que devem fazer. Aproveitem esses dias, pratiquem com dedicação, com sinceridade, entrega, confiem na Divindade.

A Divindade, os Mestres, a Loja Branca não é formada por tiranos; todos eles são Senhores do Amor Consciente; todos eles estão interessados em aliviar os sofrimentos das pessoas, de todos nós, porém todos, sem exceção, estamos sujeitos à Lei; isso é o que nem sempre é adequadamente compreendido e aí acabamos revoltando-nos. Deus não é injusto, vingativo; dá total liberdade de decidirmos e pautarmos nossa vida como nós decidirmos. É claro que de todos e de cada um de nossos atos teremos de prestar contas, isso não pode ser esquecido.

P: Nestes tempos finais devemos levar estes conhecimentos às pessoas a nossa volta, mesmo com a probabilidade deles apenas verem piada nisso? 

R: Não cometa esse erro elementar; “não dê pérolas aos porcos” já dizia Jesus. Não perca seu tempo pregando o evangelho nos prostíbulos porque não é ali o local de levar o ensinamento; pregue este ensinamento com tua conduta e aqueles que te procurarem, dê, através de palavras simples, um caminho, um sinal, empreste um livro, oriente sobre buscar algum texto; em nosso site existe esse material todo à disposição ou simplesmente motive-o a seguir o exemplo dos Buddhas, se é uma pessoa que tem problema com o catolicismo, com o cristianismo. A salvação não está só na Gnose, dentro de uma escola gnóstica, de um teto gnóstico, não! A salvação foi dada ao longo de milhões de anos de distintas formas; o que nos falta é cumprir tão somente com aquilo que nos foi ensinado em épocas anteriores, nada mais do que isso.

É claro que a grande aula, a grande cátedra que podemos passar a nossos amigos, familiares, semelhantes, é a conduta diária como muitas vezes enfatizamos aqui. É a conduta que mostra mais do que no discurso aquilo que deve ser feito. Bem verdade que as pessoas, a humanidade, não sabe mais hoje reconhecer conduta reta; aqueles que viveram no tempo de Jesus, muitos daqueles diziam que ele era um agitador; por conseguinte, era uma pessoa que não tinha conduta reta.

Os inimigos da Gnose, os inimigos do último avatar, sem dúvida nenhuma dizem que a conduta de Samael não era reta; aqueles religiosos que o perseguiram de morte nos anos 50 em sua terra natal, em seu país, certamente não pensavam que ele tinha conduta reta. Porque conduta reta, para esta humanidade doente, é ir ao boteco “encher a cara” ou é “pular a cerca” e viver segundo as normas do mundo “enchendo a cara” de cerveja enquanto vê o seu time jogar pela televisão ou no próprio estádio. Isso é ter uma vida reta para esta humanidade; e nós aqui, obviamente, estamos falando de algo que vai contra tudo isso.

P: Nosso Mestre em astral pode nos auxiliar no julgamento junto aos Senhores do Karma? 

R: Primeira coisa, como é que você sabe que é um Mestre? As pessoas hoje, mesmo dentro da Gnose, são enganadas por egrégoras, tulpas, fantasmas, cascões, demônios, que se apresentam na forma de um Mestre; de que Mestre estamos falando aqui? Teríamos quee ter discernimento suficiente para saber se é um Mestre; essa é a primeira condição. Porque, como dissemos, os lucíferes, os magos negros, são mestres do disfarce; quando alguém se apresenta diante de nós no astral dizendo-se um Mestre, faça uma conjuração, especialmente aquela Conjuração de Júpiter, e aí então veja se ele reage e saberá se é um Mestre verdadeiro ou disfarçado. Depois, evidentemente, nenhum Mestre verdadeiro irá fazer o trabalho por nós; se não fizermos nossa parte aqui e agora no concreto, vivendo a doutrina dos Buddhas, vivendo os princípios gnósticos, é obvio que nada será feito. Os Senhores da Lei não medem intenções; medem, como já afirmamos aqui inúmeras vezes, nossa coluna vertebral, e é a partir da coluna que podemos visualizar, ver, perceber o brilho e as cores predominantes de nossa aura; é assim que se julga objetivamente uma pessoa, não por critérios subjetivos ou por impressões sensoriais, como acabamos fazendo aqui em nosso mundo. Isso é o que precisa ser entendido definitivamente e oxalá seja!

Gnose:O Óctuplo Caminho de Buddha


O tema de hoje é: Os oito aspectos do Caminho ou o Óctuplo Caminho de Buddha…

O Mestre Samael já falava sobre esses oito aspectos do caminho da iluminação em 1958, ao escrever o livro Mensagem para a Era de Aquário… Hoje vamos abordar essas oito etapas do caminho segundo a visão gnóstica… [* Há outras conferências sobre o tema, nos arquivos de 2007]

1ª etapa: Reta compreensão 

Isso nos remete ao quão importante é termos a compreensão correta – ou a compreensão criadora – como denominava o Mestre Samael lá em 1958 ao falar disso.

Sem a compreensão correta evidentemente sempre entenderemos ou acomodaremos a doutrina segundo nossos vícios intelectuais, nossa cultura, conceitos, idéias – e torna-se claro então que não poderemos alcançar a iluminação… Para se chegar à Iluminação é preciso o prévio desenvolvimento dessa virtude – que é o reto entendimento ou a reta compreensão ou simplesmente a compreensão correta.

Isso implica em saber distinguir tudo aquilo que é saudável e não saudável a nós mesmos… Aprender a distinguir e desenvolver o discernimento para perceber o pensamento equivocado do pensamento reto ou correto. Distinguir o reto falar do abuso do verbo e assim sucessivamente; tudo isso gira e gravita em torno da reta compreensão…

Incluem-se aqui a compreensão reta das chamadas Quatro nobres verdades, que já abordamos aqui… À medida que vamos desenvolvendo essa compreensão criadora vamos adquirindo confiança no caminho e também uma visão adequada da realidade.

Uma pessoa que tem a percepção equivocada da realidade do mundo jamais fará nenhum esforço para sair das amarras, das teias, das ilusões deste mundo; sempre aplicará mais esforço aos seus negócios, à sua vida mundana que à sua vida espiritual, quando em realidade todos deveríamos pelo menos equilibrar o caminho espiritual com o caminho material; ou equilibrar as atividades profissionais com as atividades espirituais.

A vida moderna nos leva a priorizar – e às vezes a viver – exclusivamente para a vida material, para os assuntos, para os interesses do mundo e esquecer completamente a responsabilidade ou o dever sagrado. Então, é evidente que isso tudo gira em torno de falta de compreensão, falta de reta compreensão acerca da vida e de tudo aquilo que envolve isso…

Este é o primeiro aspecto, a primeira etapa deste óctuplo sendeiro espiritual.

2ª etapa: Reto pensamento 

Falamos já aqui muito sobre a necessidade de mudar a forma de pensar; portanto, não precisamos detalhar muito sobre o pensamento correto. Todos precisamos mudar a forma de pensar… Se seguirmos sempre pensando do mesmo jeito, com as mesmas idéias de sempre, do passado, se nunca reavivamos nossos pensamentos ou as idéias que temos do mundo, do caminho, da espiritualidade, da salvação, da auto-realização, é claro que nunca sairemos do estado atual de consciência…

O pensamento reto é o pensamento que está em harmonia [com a vontade divina], que está de acordo com uma compreensão reta [do que é a vida]. É um pensamento onde não há distorções subjetivas, acomodações… É um tipo de pensamento que não provém e nem alimenta os três principais venenos da mente: ignorância, desejo e raiva.

O pensamento reto ou correto envolve aspectos ou atitudes como cultivar uma mente altruísta, abnegada e alicerçada na generosidade. Aqui entram, portanto, as seis paramitas, as seis grandes virtudes das quais abordamos aqui na última reunião. O pensamento correto é o único tipo de pensamento que nos leva à iluminação.

3ª etapa: Reto falar 

O reto falar num sentido amplo, começa pela cuidadosa escolha das palavras, ou seja, não usar uma linguagem vulgar, não usar palavras imodestas, palavrões e gírias. Reto falar envolve a escolha adequada das palavras, além de passar pela reta forma de se expressar…

Não podemos criar um padrão único de cada um se expressar; cada um de nós pertence a um raio diferente, a uma cultura, a uma história familiar específica… Então, algumas pessoas têm uma expressão natural muito calma, tranqüila e serena; falam sempre em voz baixa… É da sua natureza falar assim. Outros, por “n” elementos ou motivos, sempre falam alto, até por cultura, raça, genética; nasceram falando alto…

Quando aqui mencionamos o reto falar – e também citamos a forma calma ou bondosa ou amorosa de falar – não passa isso por esses aspectos subjetivos… É preciso saber perceber se alguém fala ou está falando com ira, ou impaciência, ou inveja, com outro sentido oculto, com um duplo sentido ou se simplesmente está falando alto e forte…

Também não podemos esquecer que no reto falar muitas vezes expressamos nossas palavras em forma suave, porém com palavras ferinas… Evidente que isso está longe do reto falar… O reto falar envolve uma espontaneidade, uma simplicidade, um dizer a verdade sempre [sem agressividade]. Uma mentira, mesmo dita de forma serena, tranqüila, é mentira; então, não pode ser um reto falar.

Portanto, devemos estar atentos à questão da palavra com a intenção oculta… Isso é muito importante. No reto falar, obviamente, não entram a mentira, a calúnia, a distorção dos fatos, o exagero que geralmente somos dados; não entra a intenção de ferir alguém com nossas palavras, sejam elas ditas em voz muito alta ou com voz muito baixa…

Também passa pelo reto uso do verbo o não falar inutilmente, coisas que não há nenhuma necessidade de falar, piadas, futebol, mulher, fofoca… Tudo isso são exemplos banais do nosso dia a dia que ilustram bem o quão distante estamos do reto falar, do reto uso do verbo. Nem pensar então em reto falar quando nossa palavra semeia desconfiança, discórdia, intriga, suspeita…

Na Loja Branca ninguém fala de ninguém… Nem de bem nem de mal. Ali todo mundo sabe que simplesmente não se deve falar de outros, nem de bem e nem de mal; no nosso mundo, agora, precisamos entender que cada um deve cuidar da sua vida, exclusivamente. Portanto, não existe isso de querer falar do outro: nem de bem nem de mal; simplesmente, não se fala – simples assim.

Quando tivermos que falar, manifestemos nossa opinião, nossa visão, nosso conceito; façamos nosso comentário de forma simples e sem a intenção de impor ou de querer que prevaleça nossa idéia; simplesmente, expressemos nossa opinião… Se os outros aceitarem, muito bem; se não aceitarem, muito bem também; não façamos disso um problema [uma trava mental].

Os chamados debates, as tertúlias, as discussões – isso passa muito longe do reto falar… Isso não tem nada a ver com o Caminho, com o sábio uso da palavra ou do verbo. Então, percebam aí, meus amigos, como o reto falar é muito abrangente; nós somos uma civilização falante, que abusa do verbo. É só olhar a televisão, é só ligar uma emissora de rádio para ver e ouvir quanta bobagem, quanta besteira, quanto abuso de verbo as pessoas – esses profissionais que ganham a sua vida desta forma – cometem todos os dias…

Tomem isso como um parâmetro para ver o quanto nos distanciamos da origem, do reto falar, do não abuso do verbo… Nossas palavras curam, incentivam e alentam ou então fulminam e contaminam o ambiente. Devemos prestar muita atenção nas palavras… O Mestre Samael denomina isso de “palavra justa”.

4ª etapa: Caridade ou sacrifício 

O que é o sacrifício? É o sacrificar-se pelos demais, é o praticar boas obras, é expressar generosidade, é concorrer para aliviar o sofrimento alheio…

O cumprimento do dever sagrado se sintetiza em conduta reta… É evidente, então, que violentar alguém não é conduta reta, roubar alguém não é conduta reta; abuso sexual não é conduta reta; comer e beber muito ou não comer nem beber nada também não é conduta reta…

Temos que aprender a viver em equilíbrio, reconhecer o equilíbrio, praticar o equilíbrio, dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Precisamos cumprir nossa responsabilidade neste mundo; não podemos abandonar família, filhos e compromissos e contratos porque isso não seria ação correta ou conduta reta.

Se assumirmos responsabilidades devemos honrar o compromisso assumido até que a lei divina nos libere deste compromisso. Temos durante o dia milhares de oportunidades para expressar ou praticar a conduta reta; é claro que quando falamos também em reto agir isso como que perpassa os outros aspectos aqui mencionados ou que ainda vamos mencionar…

Uma palavra imodesta, por certo, além de não ser reto falar, é, também, conduta não reta…

5ª etapa: Reta maneira de ganhar a vida 

É evidente que se alguém almeja ou anela a iluminação ou a auto-realização, não pode praticar uma forma de viver ou ganhar a vida através de atividades como, por exemplo, um matadouro ou praticar uma profissão que tenha que mentir. Vender ou comercializar armas, drogas, bebidas, de fato, não é uma reta maneira de ganhar a vida. Antigamente, o comércio de escravos também se enquadrava aqui… Hoje, oficialmente, não existem mais escravos, mas muitos empresários dispensam aos seus empregados, funcionários, trabalhadores uma política de escravidão, pagando salários de miséria, de fome, mesmo podendo pagar mais… [E não têm faltado no Brasil denúncias sobre trabalho escravo em fazendas…]

A reta maneira de ganhar a vida envolve e passa pelo exercício de uma profissão reta, isenta de matanças, fraudes, mentiras, armas, drogas, bebidas, prostituição, exploração do ser humano, loterias. Esses são alguns aspectos que estamos colocando aqui agora para reflexão de todos, para que cada um faça um exame de consciência, para que cada qual se veja no espelho da sua consciência… [Alguém pode não ter praticado nada disso “nesta vida” – mas que certeza têm de outras vidas?]

6ª etapa: Reto esforço 

O reto esforço contém muitos aspectos do sacrifício e da caridade… Ninguém consegue exercitar ou praticar uma tarefa, uma responsabilidade ou um dever sem o espírito de sacrifício, sem que tenha a compreensão de ir além do simples dever e obrigação…

Esse é o reto esforço no agir, no fazer, no cumprir tarefas diárias… Nesse esforço reto é claro que só podemos realizá-lo se tivermos diligência… O que é diligência? Diligência é o contrário da preguiça… Um preguiçoso não faz nenhum esforço, quanto mais esforço reto… Até o pouco esforço que faz é feito de má vontade, então, nesse caso, não existe o reto esforço ou o reto trabalho. Não há diligência, falta a ele aplicação e devoção àquilo que faz.

É claro também que nesse esforço reto existe a perseverança no caminho; quem não tem perseverança não triunfa, não avança. Diariamente as pessoas escrevem para cá ou comentam nas comunidades exatamente sobre esse aspecto da inconstância que é o outro pólo da perseverança; inconstância ou falta perseverança é a mesma coisa.

Aqueles que não têm esta virtude, o sentido da perseverança desenvolvido são candidatos ao fracasso pelas suas próprias debilidades, pela sua preguiça, comodismo e também claro fruto de um entendimento não reto a cerca da doutrina e do trabalho espiritual a ser realizado.

Temos que estudar isso, perseverança, persistência, diligencia, entrega, dedicação, entusiasmo, de fazer tudo com alegria. Cabe a nós escolher a forma como viver cada um de nossos dias: podemos vivê-los com alegria ou com má vontade, com ou sem motivação – como se fôssemos arrastados; podemos viver esses dias de forma totalmente desmotivada, se assim optarmos…

Onde e como alguém pode ganhar motivação?

Muitos chegaram a sugerir, no passado, que fizéssemos e desenvolvêssemos cursos de motivação para o caminho…

Ocorre que o caminho não é uma empresa que aplica muito dinheiro em treinamento motivacional dos seus funcionários. Esses cursos servem apenas para colocar cenoura fresca na ponta da vara, com ilusões e promessas…

Esses chamados treinamentos motivacionais podem ter sua utilidade para os adormecidos, para aqueles que são conduzidos pela visão de uma cenoura na ponta da vara… Agora, nós aqui, que nos propomos a acabar com todas as falsas esperanças, acabar com as ilusões e fantasias, temos que desenvolver desde um começo a automotivação; a única automotivação, para aqueles poucos que escolhem o caminho da iluminação ou da auto-realização, é o seu próprio Ser… Não existe outro…

Aquele que efetivamente compreendeu a natureza desse caminho ele se dedica, se entrega, trabalha, se aplica ao seu próprio Ser… Vale dizer, em outras palavras, ele passa a amar o seu próprio Ser, o seu Deus interno, sua Divina Mãe. Se não há este amor ao trabalho, este amor ao seu próprio Ser ou à sua Mãe Divina, não há motivação e não há nenhuma outra coisa que poderá motivá-lo…

A Loja Branca só aceita os que vêm incondicionalmente… Nenhum verdadeiro Mestre faz promessas mentirosas ou ilusórias; os Mestres apenas nos inspiram com seu exemplo; fazem pouco discurso, não usam de muitas palavras, não abusam da palavra.

A maior motivação que um Mestre nos dá e nos deixa é o seu exemplo… Veja-se o exemplo de Buddha… Ele vivia num palácio, cercado de confortos e de belas mulheres; mas percebeu que viver num palácio rodeado de comodidades e prazeres jamais lhe seria possível praticar o reto esforço. Então decidiu abandonar o conforto do palácio e foi viver, como pessoa comum e corrente, mendigando inclusive o que comer… O Cristo Jesus também nos deixou o exemplo belíssimo de renunciar a tudo, tomar a cruz e se deixar crucificar…

Todos os outros Mestres, enviados e avatares deram exemplo… Daniel foi colocado na cova dos leões, outros profetas da antiguidade foram esquartejados, outro foi serrado ao meio… Essa tem sido a recepção que nós, membros deste mundo, damos e fazemos a esses filhos de Deus…

Tudo isso mostra que estamos bem longe da conduta reta e de qualquer um desses oito aspectos que estamos tratando nesta noite.

7ª etapa: Reta atenção ou atenção plena 

O que vem a ser a atenção plena?

Atenção plena é viver atentos a nós mesmos, ao corpo e seus movimentos, às sensações, emoções, pensamentos, imagens mentais, fantasias, projeções, etc. Em outras palavras, é o não esquecimento de si mesmo; a única maneira de termos atenção correta ou atenção plena é não nos esquecermos de nós mesmos; é vivendo em íntima recordação de nosso Ser; é cortando os processos mecânicos da mente… Isso só é possível quando estamos atentos [de forma natural] a nós mesmos…

Se nossa mente projeta fantasias e sonhos, é claro que estamos desatentos; portanto, não podemos ter atenção plena nem atenção correta.

Atenção plena é o primeiro aspecto que a Gnose ensina sob a forma de auto-observação, de não esquecimento de si mesmo, de viver em íntima lembrança de si mesmo o tempo todo…

É claro que, no começo, quando alguém se lança a praticar esses exercícios, ele sofre com isso porque a mente é como um macaco jovem ou irrequieto, que não pára nunca, não sossega. É preciso prender o macaco, amarrar o macaco, símbolo de nossa mente desatenta que pula de galho, que se distrai, que não tem atenção presa, ou focada, ou concentrada em coisa alguma…

Essa mente sempre é atraída para os eventos externos a nós ou para nossos eventos internos, como memória, lembranças, fotografias mentais, memórias de músicas. A mente funciona por associações, mecanicamente, por associações mentais, uma vai levando e puxando a outra.

Quando nós nos dispomos a praticar a atenção plena e correta, com o tempo vamos dominando esses estados de desatenção e vamos focando mais e mais. E com isso vamos desenvolvendo a concentração, que é a capacidade de prender, de voltar o pensamento a um único alvo, ponto ou aspecto – neste caso nosso, ao nosso próprio Ser…

Essa é a prática dinâmica do dia a dia enquanto estamos ativos trabalhando, andando pela rua, ou dirigindo, ou cumprindo nossas tarefas no dia a dia. É claro então que a atenção plena passa por tudo aquilo que nos aparece, nos acontece, seja de positivo ou de negativo; tudo isso devemos nem aceitar, nem rejeitar, nem condenar, nem criticar, nem desprezar, nem nada; simplesmente compreender; a compreensão se dá com o tempo…

Vamos agora ao último aspecto… Esse último aspecto, curiosamente, não é destacado nas distintas escolas buddhistas, porém como dissemos no inicio o Mestre Samael mencionou especificamente este aspecto, que é a oitava etapa do Caminho de Buddha…

8ª etapa: Castidade absoluta 

Quem se der ao trabalho de buscar todos os textos buddhistas tradicionais, seja da escola Mahayana ou da escola Hinayana, dificilmente encontrarão alusão direta à questão da sexualidade…

Como pode um praticante, um adepto, um seguidor dessas correntes populares de Buddhismo obter a iluminação se não lhe é ensinado o sábio uso de sua sexualidade? Se não lhe é ensinado o sexo correto, a prática sexual reta? Esse vem ser um dos oito aspectos do sendeiro, do caminho da iluminação e da auto-realização…

Aqui existe um ponto de discordância com a Gnose… É impossível a iluminação plena sem o pleno domínio das energias sexuais. Todas as religiões ou linhas espirituais ou espiritualistas, externas, mentalistas, pseudo-iniciáticas, pseudo-esotéricas, todas elas se esquecem da sexualidade, se esquecem ou ignoram totalmente…

Algumas conhecem, mas fazem questão de ignorar – o que já é outra coisa, outro cenário. Nós não poderíamos falar do sendeiro da iluminação sem mencionar especificamente a questão da sexualidade ou da castidade como sendo uma das etapas mais importantes, fundamentais e indispensáveis para todo aquele que quer a iluminação ou a auto-realização.

É muito positivo, altamente recomendável e muitas vezes indispensável aprendermos os fundamentos da disciplina buddhista no que se refere à mente, concentração e prática das virtudes; porque nisso o Buddhismo é muito rico, ensinando toda essa disciplina, o desenvolvimento, a prática e a expressão de todas essas virtudes sagradas, santas…

Porém, se alguém deveras estiver interessado em iluminação, em despertar de consciência ou auto-realização, não pode fazer de conta que não existe o sexo e que a sexualidade não é parte fundamental desse caminho. A sexualidade é um dos pontos mais importantes…

Além de fazer a prática ou as práticas diárias de não esquecimento de si, de meditação e de concentração, de tratar de esvaziar a mente e do reto viver, ou seja, a expressão das virtudes no relacionamento com as pessoas, devemos buscar os aspectos da pureza e da inocência para alcançar a castidade, como mencionamos numa conferência anterior aqui neste canal (PALTALK).

Não vamos aprofundar hoje a questão da sexualidade; já temos abordado esse tema em detalhes anteriormente; agora estamos tratando de mostrar alguns outros aspectos, onde cada um desses pontos tem seu valor, sua utilidade, para que não nos percamos nos labirintos da mente, dos conceitos e das idéias; para que não nos deixemos distrair por impressões, palavras e idéias que, no fundo, corresponde aos mesmos princípios transcendentais e sagrados.

É evidente que cada religião, escola, Mestre ou Enviado destacou mais um desses aspectos em função do trabalho que tinha que realizar no seu tempo, na sua época, aqui no cenário terrestre que lhe correspondeu no desempenho da sua missão.

Resumidamente, esses são os oito aspectos ou etapas do Caminho de Buddha:
1. Reta compreensão.
2. Reto pensamento.
3. Reto falar.
4. Reto agir ou comportamento reto.
5. Reta maneira de ganhar a vida.
6. Esforço correto.
7. Reta atenção, atenção plena, concentração, não esquecimento de si.
8. Reta sexualidade ou castidade.

Pois bem, meus amigos, essas oito etapas, esses oito estágios do óctuplo sendeiro são perfeitamente harmônicos com as Paramitas que mencionamos aqui, na conferência anterior. Essas Paramitas formam os fundamentos da ética superior; essas Paramitas todas são virtudes importantes a serem praticadas no diário viver…

Se vocês hoje se derem ao trabalho de pesquisar sobre as Paramitas vocês encontrarão todas as virtudes, donzelas e características que temos falado aqui, desde que iniciamos este trabalho, aqui neste canal.

Nessas Paramitas estão virtudes como generosidade, doação, conduta reta, espírito de renúncia, sabedoria, diligência, esforço, paciência, tolerância, resignação, veracidade, honestidade, determinação, decisão naquilo que se faz, gentileza, serenidade, equanimidade ou justiça, imparcialidade, etc.

São muitas as virtudes… Uma vez tivemos o cuidado e nos demos ao trabalho de reunir as principais virtudes que nos lembrávamos; chegamos a uma lista de 140/150 virtudes, as quais, uma vez compreendidas e que possamos expressar, em maior ou menor intensidade, nos darão a iluminação, e, seguramente, formarão os méritos necessários para o despertar e o desenvolver de kundalini.

Kundalini não é algo mecânico, não é uma mola, não é algo cego que simplesmente desperta porque houve um acidente, algo assim… Muito pelo contrário, é preciso haver um trabalho deliberado neste sentido; devemos buscar essa disciplina e trabalhar com essa disciplina…

O que rege esse despertar e esse desenvolvimento são os méritos do coração, e esses méritos se dão como sabiamente ensinou o Senhor Buddha: na aplicação e na expressão diária de todas essas virtudes.

Até aqui nossas palavras desta noite e ficamos à disposição para os eventuais esclarecimentos que quiserem apresentar aqui e agora nesta nossa reunião.

Perguntas 

P: Sobre uma exortação do Mestre Samael no sentido de não nos tornarmos tristes, mas estar bem dispostos, alegres, felizes, contentes. Como ser assim se o que somos hoje (o ego) está morrendo e, além disso, estamos vivendo as angústias desse processo de mortificação?
R: São etapas, meu amigo! Até os grandes Mestres expressavam tristeza ou passavam por momentos de tristeza; isso não é defeito, nem significa que não se está vivendo uma vida reta. Se até os Mestres choram, então, por que deveríamos nós fingirmos disposição, falsa alegria? Não devemos nos preocupar com isso; essa questão que você levanta muitas vezes passa por uma auto-imagem, e devemos trabalhar com nossa naturalidade, a nossa maneira espontânea de ser; alguns são de temperamentos distintos, não podemos nos equiparar… Há dias que estamos tristes, outros estamos alegres; então não busquemos o estereótipo…

Além disso, se mencionarmos aqui o ser otimista, cada um de nós vai projetar uma fantasia do que é ser otimista… O Mestre Samael era um otimista, mas nem por isso fazia dele um bobo alegre que estava dando risada o tempo todo e sem que ninguém soubesse por quê.
Pelo contrário, ele era muito centrado em si mesmo e rara vez ria; creio que devemos nos despir de tanta fantasia, estereótipos e viver mais a espontaneidade do Ser. Isso se traduz como ação lacônica do Ser! Uma criança não é nem triste e nem alegre; ela é o que é. Há momentos que ela está mais agitada, mais dinâmica, e outros momentos em que não está assim… Tem dia que dá boas risadas, em outros está quieta…

Nesta vida mesmo, durante as piores guerras, sempre havia uma pausa para uma festa, para uma celebração, para um casamento, uma dança. O importante mesmo é viver cada momento segundo o próprio momento. Uma das coisas que me vem à memória neste momento é o seguinte, nas palavras do próprio Mestre Samael, quando ele escreveu esse livro Mensagem para Era de Aquário. Isso foi em 1958; ele exortava, então, os buddhistas da época, ou os buddhistas de agora, dizendo: “Buddhas, renunciai ao Nirvana e abraçai o caminho da cristificação”.

O Senhor Buddha veio a este mundo ensinar o caminho do Nirvana; aqueles que querem o caminho da Cristificação devem ir além dos ensinamentos do Senhor Buddha, que são ensinamentos voltados para iluminação, para o despertar da consciência; não é o caminho para auto-realização íntima ou da Cristificação, melhor dito.

É por isso que a Era de Aquário será uma era de luminosa síntese espiritual. A era de ouro virá depois da catástrofe; surgirá daqui uns quatro/cinco séculos… Essa doutrina-síntese será formada pelo melhor do esoterismo cristão com o melhor do esoterismo buddhista; será exatamente a união da doutrina do Cristo com a do Senhor Buddha…

A Gnose é a introdução, o preâmbulo, o vestíbulo para essa época. Mas raros são aqueles que têm a consciência suficientemente desperta para captar isso. Geralmente, todos nós reagimos à chegada de qualquer doutrina nova, de qualquer mensageiro, avatar ou profeta; sempre preferimos nos aferrar e nos apegar à velha forma de pensar ou às velhas doutrinas e crenças.

Se há algo que o homem resiste por instinto, por natureza, é a chegada do novo, porque o novo é o desconhecido, e o desconhecido sempre foi visto como uma ameaça. É claro que é o ego que se sente ameaçado; consequentemente, devemos buscar essa resistência enterrada profundamente em nossa mente, em nossos egos. E se tivermos suficiente sensibilidade como que para examinar o novo com a consciência e com isenção de ânimo podemos superar essa barreira ou essa armadilha…

Uma vez mencionamos aqui numa reunião anterior que são os bonzinhos que vão para o inferno; os maus vão por opção própria, mas os bonzinhos também vão porque eram bonzinhos; nunca se definiram por nada…

Autor: Karl Bunn

Gnose:As 4 Nobres Verdades


Havíamos prometido abordar hoje As Quatro Nobres Verdades em complemento aos temas anteriores. No encontro anterior abordamos sobre o Óctuplo Caminho de Buddha e antes disso havíamos falado sobre as Paramitas, salientando a importância do desenvolvimento das virtudes fundamentais para que possamos realmente ter êxito nesse caminho…

Desde muitos anos começamos a falar, abordar, insistir sobre a necessidade urgente de não ficarmos presos, focados somente em nossos defeitos, mas que deveríamos também nos voltarmos para o outro lado, para o lado da solução, que é justamente fortalecer as características de consciência que todos nós já possuímos, que já temos dentro de nós.

Neste momento é muito mais rápido e fácil despertar valores de cnsciência que estão atuantes em nós do que fazer um combate frontal e direto contra os inimigos ocultos [egos]. Podemos ter muito mais chance de sucesso adotando essa estratégia ou essa tática do que simplesmente ficarmos lutando contra o vento, contra o inimigo invisível.

Havíamos prometido abordar essa questão das quatro nobres verdades porque fomos inspirados a falar disso a partir de um livro escrito em 1958 pelo Mestre Samael. Trata-se do “Enigma do Apocalipse Decifrado”. Foi neste livro que, pela primeira vez, tomei conhecimento desses aspectos da doutrina buddhista, e só muitos anos mais tarde é que fomos realmente darmos-nos conta do valor desses ensinamentos…

Diz o Mestre Samael nessa obra que aquele que pratica essas 4 virtudes ou encarna essas 4 virtudes se torna um dragão das quatro verdades e que todo dragão das quatro verdades é um Buddha, que corresponde ao grau de Iluminado ou aquele que está desperto. Nessa obra, também, o Mestre Samael faz um convite para que os Buddhas não se limitassem apenas a esse grau e os convidava a encarnar o Cristo, que é feito renunciando ao Nirvana por amor à humanidade, e claro, trabalhando intensamente na frágua acesa de Vulcano; assim os Buddhas podem chegar a encarnar o Cristo.

Então, a importância de tomar consciência dessas quatro nobres verdades, o foco ou a abordagem destas quatro nobres verdades, é ligeiramente distinta do que os buddhistas ensinam hoje… Quais são essas quatro nobres verdades?

A primeira Nobre Verdade trata da existência do sofrimento. Por conseqüência, sabendo-se desse sofrimento, temos que superar, lutar contra isso, anular isso em nós. O Buddhismo entende como sendo o sofrimento ou causa do sofrimento, os renascimentos aqui no Sansara; também a velhice, a enfermidade, a morte geram sofrimentos; estar presente em ambientes ou com pessoas que não gostamos ou estar distante daquilo que se aprecia, que se ama, que se gosta igualmente geram sofrimentos; também gera sofrimento não ter aquilo que se deseja; também gera sofrimento perder aquilo que se deseja ou perder o objeto dos seus desejos.

O que vem a ser a causa de sofrimento? Nada mais do que a natureza insatisfatória de todas as experiências que vivemos. Isto é o sofrimento…

O Mestre Samael diz claramente que essas quatro verdades práticas desses princípios ocultos, escondidos nessas quatro verdades, têm o poder de aniquilar o “Príncipe deste mundo”… Essa primeira verdade corresponde, então, a fazermos consciência absoluta da dor e da amargura ou do sofrimento… Examinando-se as causas pelas quais sofremos, qual é a causa ou quais são as causas do sofrimento?

Dizemos que é devido ao nosso karma. Mas temos que saber que fomos nós quem criamos esse karma, somos nós os autores de todos os nossos próprios sofrimentos, somos nós que infligimos dor e sofrimento a nós mesmos quase sempre por ignorância. Mas não importa a causa. Se for por ignorância, descobrindo que nosso sofrimento vem por ignorância, então, fica bastante simples corrigirmos nossa própria ignorância…

Se nosso maior sofrimento é a doença ou a enfermidade, sabendo qual é a origem dessa enfermidade, é evidente que deixaremos de ser o que somos hoje; deixaremos de agir, de fazer, de pensar e de sentir da forma como fazemos hoje. A partir dessa constatação, dessa tomada de consciência, iniciaremos a fazer as mudanças necessárias para que, no girar da roda do Sansara, não mais venhamos a colher esses sofrimentos, dores e amarguras no futuro.

Depende de nós cessar, cortar aqui e agora a geração desses karmas negativos que se traduzem sempre como sofrimentos e dores… É preciso fazer essa tomada de consciência da dor e da amargura… Os buddhistas ensinam que as causas dos sofrimentos são provenientes ou resumidas nos três venenos da mente que são: ignorância, desejo e aversão.

O Mestre Samael é muito mais contundente e direto quando diz: “A dor é filha da fornicação… Todo aquele que derrama o vaso de Hermes é fornicário…” Consequentemente, está sempre gerando sofrimentos, porque, é claro que alguém que derrama o Vaso de Hermes por ignorância, porque aprendeu dessa forma, porque nunca ensinaram a preservar essa energia sagrada, esse potencial todo que está enterrado na energia da vida, causa sofrimento a si mesmo…

É por isso que a raiz de todo sofrimento está na fornicação; agora, por outro lado, não se vence e nem se supera a fornicação ou o hábito que temos de atirar fora nossa energia, só e simplesmente por mera informação que se recebe num livro; temos que fazer consciência disso, descobrir o que está oculto, o que está atrás desse hábito que se tornou um vício ou algo normal nessa humanidade, e que é assim hoje por ignorância…

Ninguém nos ensinou, até agora, a preservar, a valorizar ou a sacraliozar essa energia; então, a partir da própria ignorância, também nascem os desejos e esses mesmos desejos são alimentados [fortalecidos] pela própria fornicação…

A segunda nobre verdade é conhecer, investigar ou dar-se conta das causas dos sofrimentos…

Não superar a ignorância, o desconhecimento, é o que nos faz alimentar incessantemente a geração do karma negativo. No momento em que nos dermos conta de onde e como estamos falhando, temos a possibilidade de mudar isso e refazer o templo interior, reconstruir o templo divino, o templo do Deus vivo – uma vez que esse templo está alicerçado na pedra cúbica – e essa pedra cúbica é exatamente o sexo.

A Gnose diz que a terceira nobre verdade que temos que descobrir, aprender ou tomar consciência é que todos nós temos um ego e que devemos decapitar esse ego para poder encarnar o Verbo…

É evidente que se aniquilarmos o ego como um todo acaba-se a ignorância, o desejo, a aversão; acabam-se os venenos da mente… Acabamos com isso tudo decapitando o ego, acabando com o processo de contaminação, de intoxicação de nossa mente pelos egos, porque isso é um processo contínuo…

A ação do ego ou dos egos em nossa mente faz com que continuamente vivamos contaminados, intoxicados com esse veneno – e é claro, então, que a nossa mente, nessa condição, não tem a transparência necessária para perceber as verdades ocultas, eternas.

Se nossa mente é, como bem foi dito muitas vezes pelos sábios da humanidade, um espelho que reflete as imagens ou a sabedoria ou a luz que vem dos centros superiores do nosso próprio Ser, se esse espelho está embaçado, sujo, é evidente que não vai refletir nada…

Portanto, temos que purificar nossa mente, e a purificação de nossa mente se dá através da eliminação das toxinas ou desses venenos; não é exatamente como dizem as diversas linhas buddhistas que esse sofrimento vem apenas da ignorância, do desejo ou da aversão; ele vem do ego como um todo que acabamos criando a partir da primeira encarnação como seres humanos…

O ego não foi criado porque assim o quisemos um dia. Não! Ele foi sendo criado desde o primeiro retorno, da primeira encarnação nossa em corpo humano porque, na época, desconhecíamos tudo isso; é da escola da vida que para tomar consciência de algo primeiro temos que possuir esse algo; então, jamais poderíamos tomar consciência da dor sem que experimentássemos a dor, jamais poderíamos fazer uma opção consciente pelo Ser, pela alma, pelo Divino sem que primeiro tivéssemos experimentado o oposto, o pólo oposto, a natureza oposta a esses mesmos valores divinos…

O fato é que nos primeiros retornos como humanos, por desconhecimento e por imaturidade, por inocência, fomos imitando os mais velhos, nossos pais, os companheiros, os nossos semelhantes naquelas tribos onde nascemos pelas primeiras vezes e onde fomos desenvolvendo um pequeno ego humano; mais tarde, com as complicações, com a sofisticação dos retornos e da vida e das nossas experiências como seres humanos ou almas, seres sencientes revestidos de corpos tricerebrados, com um intelecto que nos permitia discernir, aí, sim, acabamos gostando de certas sensações e nos viciamos nessas sensações; formamos uma memória dessas sensações e a cada retorno sempre fomos levados a repetir, a provar, a experimentar, a vivenciar essas mesmas sensações…

Por isso se diz que o prazer é Satã [o ego]… Ou que Satã é prazer – porque esse prazer é a síntese de todas as sensações agradáveis proporcionadas pelos nossos cinco sentidos mais a mente que recolhem permanentemente impressões que alimentam a memória desta vida e a memória subconsciente de outras vidas – e assim vivemos eternamente repetindo os mesmos gestos, as mesmas experiências, e vivendo as mesmas sensações…

Quando nós nos damos conta que esta experimentação, esse tipo de gratificação não nos dá felicidade, muito ao contrário, são causas de nossos sofrimentos, são causas de amarguras, de dor, de doenças inclusive, enfermidades, aí podemos, então, fazer uma opção consciente – e essas quatro nobres verdades acabam sendo os quatro degraus fundamentais que nos permitirá no devido tempo fazer com que nossa mente brilhe e reflita esses valores puros que advém, que são provenientes das esferas superiores de consciência universal…

Por fim, a quarta e última nobre verdade: seguir o caminho ou adotar a práxis da cessação do sofrimento…

A forma de cessar o sofrimento, de acordo com o Buddhismo, é seguir o óctuplo Sendeiro ou o óctuplo caminho de Buddha, tema este da conferência anterior…

Para a Gnose, a quarta nobre verdade é o Arcano AZF ou a Alquimia Sexual. Somente com a Alquimia podemos decapitar ou dissolver o “Príncipe deste mundo”. Sem a alquimia sexual não poderemos decapitar o ego… Isso é muito claro dentro da Gnose – e isso nos remete à conclusão bastante simples: a escola e o caminho buddhista, tal qual é proposto, leva-nos a limpar, a purificar a mente, e assim podemos nos transformar em pessoas de mente iluminada…

É claro que podemos gozar de um elevado grau de consciência estando a mente limpa, porém, para encanar o Buddha, para se tornar um Dragão das Quatro Verdades, para que nos tornemos realmente Buddhas, não um Buddha elemental, temos que obrigatoriamente passar a praticar a quarta nobre verdade – que é o Arcano AZF, a alquimia sexual…

É através dessa prática que decapitamos, que vamos além da simples limpeza e purificação da mente, e efetivamente decapitamos, eliminamos até as raízes da dor, do sofrimento e da amargura.

Bem verdade que nós jamais conheceremos a felicidade plena sem que tenhamos realmente a mente não só limpa, mas totalmente isenta da fonte ou das raízes, das sementes dessa mesma intoxicação, desses venenos todos…

Fica aí realmente o convite que o Mestre Samael deixou registrado para que vibrasse no cosmo inteiro durante essa era de Aquário: “Oh nobres Buddhas, necessitais encarnar o Cristo! Somente renunciando ao Nirvana por amor à humanidade e trabalhando intensamente na frágua acesa de Vulcano que se dará o advento do Cristo…”

Isso significa que temos que ir além da simples mente iluminada, que temos que buscar um objetivo bem mais profundo…

As quatro nobres verdades se complementam com o Óctuplo caminho de Buddha e com as Paramitas, especialmente aquelas seis Paramitas abordadas nestas três últimas conferências que realizamos neste canal…

Até aqui nossas palavras de hoje e ficamos à disposição agora para complementar aqueles aspectos que vocês acharem por bem alargarmos ou aprofundarmos…

Perguntas

P: O que é o sofrimento de um Mestre?
R: O sofrimento de um Mestre é ver seus irmãos, a humanidade, debater-se na ignorância, nas trevas, achando que as trevas são luz; é sofrimento de um Mestre ver que seus esforços, seus trabalhos acabam não despertando a consciência dos seus irmãos menores, não porque ele, Mestre, tenha por meta ou por obrigação fazer despertar…; ele faz isso por amor a humanidade, não como um objetivo, um resultado a ser buscado, e se esse resultado não é alcançado ele sofre em função disso como uma pessoa comum que busca um objetivo e quando não o alcança sofre por frustração… Um Mestre quando não consegue despertar alguém, apesar do esforço, simplesmente expressa compaixão e se retira…

P: Existe uma obra especifica do Mestre Samael sobre o tema de vegetarianismo e jejum?
R: Nos primeiros anos de Gnose o Mestre Samael foi vegetariano… Inclusive, em seus livros mais antigos consta certas afirmações como: “o estudante ou o adepto está proibido de comer carne”; depois ele teve que desdizer isso… Então, jamais o Mestre Samael escreveu sobre o vegetarianismo, até porque a Gnose não é uma escola vegetariana. A Gnose que é uma escola que ensina o princípio da sustentação dos mundos baseada na lei do Trogoautoegocratico cósmico comum – que é alimentar-se e servir de alimento. Nós trabalhamos para a Mãe Terra e a Terra se alimenta de nós e nós também nos alimentamos da Terra. A Terra, por sua vez, serve de alimento para o sistema solar, o sistema solar para a galáxia, a galáxia para o universo. Então, todos se alimentam e servem de alimento… Quando alguém segue apenas o vegetarianismo, isso é uma questão de opção, de escolha pessoal, não tem porque criticar alguém que fez essa opção e também não tem que impor nenhum regime, seja ele frugal, lacto vegetariano, carnívoro ou o que quer que seja… Não pode ensinar e esperar, por exemplo, que um esquimó seja vegetariano…

Sobre o jejum, sim, o Mestre Samael fala disso no livro Medicina Oculta; sobre jejuns recomendava, por exemplo, o jejum de nove dias. Essas práticas de jejum podem auxiliar o processo de morte psicológica desde que sejam feitas com a consciência necessária; senão não vai servir pra nada… Aquele que tem o intelecto muito embrutecido, um jejum, um retiro, com a prática de jejum ou alimentos bem leves, ajudaria nesses processos. É claro que seria apenas um princípio e que teria que dar seqüência a toda uma disciplina espiritual posterior, do contrário de nada serviria esse jejum…

P: Para Siddhartha Gautama as quatro verdades seriam outras: dor, doença, velhice, morte! Houve uma atualização da doutrina com a vinda do Mestre Samael ou a história encontra-se enganada?
R: Diria por meu próprio sentimento, mas também baseado nas revelações, nos ensinamentos do Mestre Samael e outras fontes também que o budismo só foi escrito quatrocentos anos depois da morte de Buddha e sabemos também que esse Buddhismo foi alterado tal qual o cristianismo. Então, entendemos que o Senhor Buddha não ensinou exatamente isso que hoje as distintas escolas de Buddhismo ensinam, assim como o Cristianismo hoje se tornou, se transformou em correntes puramente de crenças, crendices, nada tendo a ver com a essência da doutrina deixada pelo Cristo, que se encontra, por exemplo, no Pistis Sophia ou em evangelhos chamados apócrifos… A mesma coisa ocorreu com os ensinamentos do Senhor Buddha quando foram passados ao papel, 400 anos depois, o que significa que isso ocorreu aproximadamente pelo ano 200 a. C. Depois disso o Buddhismo, como o Cristianismo, também passou por diversas diferenças, rachas, atualizações; é por isso que de dois em dois mil anos sempre vem a este mundo um enviado, um Avatar para atualizar as doutrinas de um modo geral. É aconselhável estudar-se outras correntes do passado, porém isso deve ser feito com o esquadro e o compasso da nova doutrina; se não nos perderemos no labirinto das idéias e dos símbolos do passado…

P: … Só não pode comer carne de porco?
R: Bom, a carne de porco, dos animais que conhecemos, sem dúvida é uma das que é menos recomendável, mas o javali pode… Há outros animais involutivos também… Por exemplo, peixes de pele lisa não devem ser consumidos ou seu consumo deve ser evitado… Em verdade hoje poucas espécies de animais estão na pauta do dia do consumo humano. Mas muita gente, isso a gente nota até hoje nos mercados, é viciada em carne de porco; então, para o gnóstico, aquele que quer o caminho, renunciar ao consumo da carne de porco, seja ela pura ou processada, é altamente aconselhável, porque os átomos dessa carne são demasiadamente pesados; ingerindo-se um alimento pesado, como esse, no final de todo processo de alquimia desses átomos de nosso corpo, isso vai se resumir na qualidade da energia sexual, e teremos um hidrogênio Si-12 muito denso – o que é contra indicado para aqueles que querem construir corpos solares… Essa é a razão de se evitar certos alimentos atomicamente densos…

P: Porque a Essência, em suas primeiras manifestações no reino humano, comete tantos erros?
R: Meu amigo, é muito simples; devolvo a pergunta para você tirar sua própria resposta e conclusão: Quando você nasceu, quando era bem pequenino, por que cometeu tantos erros ou fez tanta bobagem ou até mesmo se machucou, puxou toalha da mesa e de repente caiu um ferro de passar roupa na sua cabeça, ou puxou a televisão, por que fez isso? Por desconhecimento, por inocência, certo!? Nem por isso o ferro deixou de cair na sua cabeça ou a televisão cair no chão e quebrar, ou, eventualmente, por um descuido do seu pai ou sua mãe, você pegou uma faca lá no armário da cozinha e de repente se cortou… Isso se dá por inocência, por ignorância – como se diz…

P: Os sofrimentos e as experiências desagradáveis são necessárias no caminho iniciático?
R: Não, necessárias não são… Vamos diferenciar as coisas; elas não são necessárias. Isso acontece porque não temos uma maneira distinta de fazer esse caminho; supondo que alguém tivesse consciência suficiente, optaria pelo caminho do amor e não pelo caminho da dor. Se estudarmos bem essa questão do sofrimento encontramos, além da ignorância clara, encontramos outro fator que também está relacionado à ignorância: o apego. O próprio Mestre Samael expressava isso da seguinte maneira: “O ser humano é capaz de renunciar a tudo menos ao seu sofrimento”. Devido a essas idiossincrasias tortas de nosso psiquismo nos aferramos demasiadamente aos nossos sofrimentos e fazemos disso, inclusive, canção psicológica de grande sucesso nas paradas das rádios interiores, na troca de informação, nas fofocas, nos relacionamentos sociais. Devemos estar atentos a isso; o apego ao sofrimento e a tudo e todas as coisas, é a questão básica… As vezes a gente tem a impressão que desapegar-se das coisas desagradáveis é fácil, mas, na prática, acaba se tornando mais difícil do que desapegar-se dos objetos de desejos nossos; meditem sobre isso; é muito importante esse aspecto do apego… Se uma pessoa começa a falar de seu sofrimento, logo surge outro e diz que sofreu mais, e outro que é mais heróico, e assim sucessivamente. Isso aí me lembra muito aquelas conversas de bêbados em bares e botecos; é algo assim, só que está bêbado com sua própria tragédia; nesses ambientes, os bêbados se apóiam mutuamente em suas desgraças…

P: Como você fez para se desapegar do sofrimento no começo?
R: Minha história? A gente faz como todo mundo faz, dando-se conta dos próprios sofrimentos a partir de uma informação… Evidente que houve um momento em que ocorreu uma “revelação” [compreensão] acerca de determinada realidade psicológica; a partir daí a gente passa a observar em si mesmo essas coisas; comigo isso ocorreu naturalmente. Se alguém direta ou indiretamente, se algum amigo me comunicava algo, eu passava a observar; se um inimigo fazia uma crítica ou ataque violento, também passava a observar isso em mim; de alguma forma sempre soube que nada muda da noite ao dia. As mudanças se dão por conscientização e o processo de conscientização de cada um se nós, é diferente;
há pessoas que percorreram esse caminho três, quatro ou cinco vezes. Então, a maneira de caminhar é de cada um; você pode observar as pessoas caminhando na rua: cada uma tem um jeito distinto e próprio de caminhar, que o caracteriza. O trabalho interior também é feito de uma maneira especial e própria a cada um, segundo seu raio, sua história, educação, karma, etc. Qualquer um de nós pode fazer esse trabalho a partir de uma simples informação… Eu sou muito agradecido a todos os adversários, nem vou chamar de inimigos; não se pode dizer que são inimigos; os inimigos estão aí adormecidos desde outras vidas; os deixemos por aí. As vezes nós reagimos em relação a aceitar isso como sendo algo simples e natural. Uma vez que aceitamos isso, que não opomos mais resistência às pessoas – porque entendemos o que está acontecendo dentro de nós – a convivência se torna simples, natural, e as palavras dos demais não têm mais força no sentido de desestabilizar a você mesmo. Se alguém não elogia ou critica que importância isso tem? Vamos estar atentos se o que ele diz corresponde à verdade ou não. Se alguém nos elogia, também vamos ter o bom senso e o discernimento para reconhecer em nós se aquele elogio realmente tem alguma procedência, porque muitas vezes é só bajulação, é interesses atrás disso. Aí a convivência se torna muito boa, agradável, o caminho deixa de ser essa briga diária, evita muitas situações de discussões inúteis, brigas, desavenças, desentendimentos. Você começa a ver que dentro de você aqueles elementos já não reagem e que antes estavam muito vivo… Muitas vezes as pessoas perguntam: “Como sei que eliminei um defeito?” Resposta: você o vê… Ele não se expressa mais; eventualmente v. pode perceber num sonho… Se v. lembrar dos sonhos, a primeira coisa que deve fazer no dia seguinte é trabalhar sobre as impressões e memórias daqueles sonhos porque ali está revelando que existe algo ou há coisas para serem estudadas, analisadas, compreendidas; dia após dia sem mudar a sua determinaçãom você vai fazendo o seu trabalhom de forma naturalm como você caminha… Um dia qualquer você se dará conta que despertou bastante ou despertou muito ou multiplicou a sua consciência em relação àquilo que você era há cinco, dez, quinze, vinte anos atrás. Tudo se dá de forma natural…

P: O trabalho predecessor para desenvolver o amor!
R: Alguém só começa expressar compaixão, bondade, tolerância, ser compreensivo e paciente – que são traços disso que chamamos amor – quando começamos a nos dar conta de que somos assim, que o mundo é assim, que as pessoas são assim, que as pessoas são inconscientes e que não têm como mudá-las; o máximo que se pode fazer é dar o ensinamento e respeitar o momento e a livre decisão do outro; não se pode colocar esses ensinamentos à força na cabeça do outro. Isso é impossível, é uma violência. Quem faz isso é mago negro; forçar o outro a pensar de uma maneira distinta, isso fazem os magos negros; a Gnose não é escola de magia negra. A Gnose mostra, aponta o caminho, dá os ensinamentos para isso e o outro decide para si aquilo que for melhor.

P: Há possibilidade de alguém passar pelo reino humano sem receber alguma informação desse caminho?
R: Sim, se uma pessoa não tem inquietude interna, ela pode passar as 108 chances ou retornos sem informação desse caminho… Aliás, se contabilizarmos no mundo sete bilhões de pessoas, menos de 3% têm inquietudes. A média universal é de 3% de consciência desperta quando se nasce, então isso já é um indicativo de que 3% da humanidade pode ter inquietudes. Mas isso não quer dizer que essas inquietudes se transformem em fatos concretos!

P: Como ter acesso às vidas passadas?
R: Apenas despertando a consciência ou saindo em corpo astral conscientemente, porém para despertar consciência ou sair em astral consciente precisa morrer em defeitos. Por isso insistimos nas quatro nobres verdades, no óctuplo caminho de Buddha e também nas paramitas; porque isso é fundamental para quem quer despertar a consciência ou sair em astral de forma consciente; o resto é teoria, perda de tempo.

P: Este trabalho de evangelização serve para o jardim de infância?
R: Sim, todos esses ensinamentos buddhistas, cristãos, sufistas, judaicos, maometanos, tudo isso serve de jardim de infância. Sobre isso o Mestre Samael foi muita claro. Isso é a base… Todos nós nascemos sobre os influxos de uma dessas correntes e isso serve de fundamento para pautar nossos primeiros anos de vida.
Mas é claro também que se alguém busca o caminho não pode ficar preso a isso. E querem saber de algo? Um dos maiores problemas, uma das maiores barreiras que temos visto por aí, inclusive em estudantes gnósticos antigos, é que essas pessoas não se dão conta, ainda estão vivendo segundo os padrões do ensinamento religioso de quando nasceram… Vemos por aí pessoas reagirem ainda em função dos valores católicos, por exemplo, que receberam na sua infância. Inconscientemente ainda se pautam segundo essas crenças… Sinal visível que não fizeram uma reflexão evidente e profunda da sua forma de pensar; ainda continuam se pautando por crenças antigas e de forma inconsciente é claro, não conseguiram fazer nem o básico ainda. Isso demonstra um atraso… Até o Mestre Samael, em conferências de terceira câmara, dizia: “Vejo aqui irmãos que estão há tantos anos conosco, mas continuam pensando, sentindo, agindo de acordo com a moral das crenças dos primeiros anos de vida”. Como alguém pode querer o caminho se continua preso e condicionado a estas crenças primeiras da vida?

P: O caminho da dor como sendo uma verdade, então como encarar aqueles que se autoflagelam em busca da iluminação?
R: Isso aí são práticas equivocadas… A Gnose ensina como fundamento cuidar do corpo que a Divina Mãe nos deu; então, todo aquele que mutila o seu corpo, inflige torturas ao seu corpo, está desrespeitando o trabalho da Mãe Divina. Como alguém pode obter a iluminação se não respeita o presente que foi dado pela sua própria Mãe? O caminho da iluminação não passa por isso, por essa tortura. Agora, diferente é você disciplinar o seu corpo para triunfar, para seguir pelo caminho; isso não tem nada ver com tortura. Submeter o corpo a uma ginástica, a um exercício físico, é necessário; diferente é você mutilar seu corpo ou flagelar seu corpo… Isso não tem nada a ver com iluminação; isso são violências que se comete contra o corpo e se paga karma por isso. Então, são os sinceros equivocados que praticam esse tipo de coisa…

P: Deixar a mente em silêncio é estar concentrado no que está fazendo?
R: Não exatamente…! O enunciado está meio incoerente: não é deixar a mente em silêncio. A mente só fica em silencio quando não há nenhum tipo de resistência ou contrariedade, agitação, em seu fundo… A mente naturalmente silencia quando cessarem as causas da sua própria agitação… O que agita a mente de cada um? Só a própria pessoa pode saber o que faz com que sua mente agite ou fique agitada. Por informação dizemos: “Ah! os egos é que agitam a mente”. Sim, mas qual ego? Quais egos? Por que eles estão atuando neste momento? Não temos nenhum poder sobre nossos egos, pelo menos os egos profundos. Então, podemos acalmar nossa mente num nível superficial, mas nos níveis internos não temos poder; isso depende de um poder superior à mente, e esse poder é nossa Divina Mãe Kundalini. Se não somos devotos de nossa Divina Mãe, dificilmente teremos respostas ou resultados em nossas práticas…

P: Por que precisamos estar encarnados aqui na terceira dimensão para fazer o trabalho espiritual? Por que não se pode dar continuidade a isso depois da morte no astral?
R: Há uma ligeira confusão nisso aí, e por isso a pergunta é interessante; a sua pergunta é: por que precisamos estar encarnados aqui na terceira dimensão para fazer o trabalho espiritual? Isso se limita exclusivamente ao caso terrestre, mas outras humanidades têm corpo físico não na terceira dimensão, percebe a diferença? Oxalá, sim! Por exemplo, nos paraísos jinas, que se localizam na quarta dimensão, as pessoas têm corpo físico também, e lá também podem trabalhar pela sua auto-realização. Essas sutilezas é que têm derrubado os irmãozinhos gnósticos por aí; eles acham que em Vênus, por exemplo, as pessoas não têm corpo físico só porque em Vênus a vida está na quinta dimensão… Sim, eles têm corpo físico, só que o corpo físico deles está na quinta dimensão…

Autor: Karl Bunn

Invocações e Evocações: Vozes Entre os Véus

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