segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Hipnose e Hipnoterapia

Hipnose, segundo a atual definição pela Associação Americana de Psicologia, é um estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão. É um estado mental (teorias de estado) ou um tipo de comportamento (teorias de não-estado) usualmente induzidos por um procedimento conhecido como indução hipnótica, o qual é geralmente composto de uma série de instruções preliminares e sugestões. O uso da hipnose com propósitos terapêuticos é conhecido como "hipnoterapia".

O termo "hipnose" (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo) deve o seu nome ao médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), que o introduziu pois acreditou tratar-se de uma espécie de sono induzido (Hipnos era também o nome do deus grego do sono). Quando tal equívoco foi reconhecido, o termo já estava consagrado, e permaneceu nos usos científico e popular.

Contudo, deve ficar claro que hipnose não é uma espécie ou forma de sono. Os dois estados são claramente distintos e a tecnologia moderna pode comprová-lo de inúmeras formas, inclusive pelos achados eletroencefalográficos de ambos, que mostram ondas cerebrais de formas, frequências e padrões distintos para cada caso. O estado hipnótico é também chamado transe hipnótico.

Generalidades

Hipnose, no sentido de transe ou estado hipnótico, pode ser auto-induzida ou alter-induzida.

Hipnose auto-induzida, também chamada de auto-hipnose, consiste na aplicação das sugestões hipnóticas em si mesmo.

Hipnose alter-induzida pode, por analogia, ser chamada alter-hipnose — embora esta não seja expressão de uso corrente — e consiste na aplicação de sugestões hipnóticas por outra (latim alter = outro) pessoa (o hipnotizador) num aquiescente (hipnotizado, paciente).

Alguns especialistas afirmam que toda hipnose é, afinal, auto-hipnose, pelo fato de depender precisamente da aquiescência ou consentimento (num dado grau ou nível, ainda que incipiente) daquele que deseja ou, pelo menos, concorda com ser hipnotizado.

Na maioria dos indivíduos, é possível induzi-la com métodos e técnicas diversos.

Quando um hipnotizador induz um transe hipnótico, estabelece uma relação ou comunicação muito estreita com o hipnotizado. Isso, de fato, é essencial para o sucesso da hipnose.

Hipnose muitas vezes é empregada em tratamentos psicológicos e médicos (e/ou psiquiátricos). Quando em uso por psicólogos e médicos — sendo o paciente submetido à hipnose, para o desejado fim terapêutico — fala-se apropriadamente em hipnose terapêutica (hipnoterapia).

Com efeito, é possível tratar alguns problemas de comportamento, como o tabagismo, as disfunções alimentares (como anorexia, bulimia, desnutrição e obesidade), bem como a insônia, entre tantos problemas, com o uso adequado e competentemente supervisionado da hipnose — a hipnoterapia.

Se é o terapeuta que se acha em estado ou transe hipnótico (usualmente auto-induzido, conquanto possa ser também alter-induzido) — e, nesse estado hipnótico, prescreve tratamento para a cura de doenças ao paciente em estado não-hipnótico, emprega-se o termo hipniatria, sendo que o terapeuta, neste caso, passa a ser chamado de hipniatra.

Contudo, a maioria dos médicos psiquiatras ainda acredita que as doenças psiquiátricas fundamentais têm melhor tratamento e, portanto, chance de sucesso ou cura, com o paciente em estado de consciência normal (desperto ou de vigília).

Em anestesiologia, o termo hipnose pode referir-se ao estado de inconsciência temporário induzido pela administração de fármacos específicos, segundo a concepção original do termo, embora seja uso inapropriado do termo.

Algumas vezes, usa-se hipnose apenas com propósitos de apresentação circense ou assemelhada, conhecida como "hipnose de palco". Ao contrário do que algumas pessoas pensam, muito raramente há charlatanismo, pois tal seria mais difícil de realizar que o show honesto.

É frequentemente referido na literatura especializada, não ser possível o seu uso com propósitos antiéticos, visando obter de alguém (hipnotizado) alguma vantagem ou subserviência para fins escusos. Nesse ponto todos os hipnólogos estão de acordo, pelo que já nem é tema de discussão técnicas.

Atualmente a versão mais abrangente da hipnose é a escola da hipnose ericksoniana também é conhecida como hipnose moderna, pelo motivo de utilização do método conversacional ou simplesmente o uso coloquial das palavras. Em uma conversa tradicional ou em uma narração de histórias a pessoa é levada a um estado alterado de consciência, facilitando o entendimento, processamento e interação inconscientes.

Histórico

Franz Anton Mesmer

Franz Anton Mesmer (1734–1815) acreditava que existia uma forma magnética ou "fluido" universal que influenciava a saúde do corpo humano. A saúde e a doença seriam frutos de desequilíbrios deste fluido universal. Ele fez experiências com ímãs para alterar este campo, e portanto, realizar curas. Por volta de 1774, ele concluiu que os mesmos efeitos poderiam ser criados com movimentos das mãos, a uma distância, na frente do corpo do paciente, conhecido como fazer "passes mesméricos". A palavra mesmerizar se origina do nome de Franz Anton Mesmer, e foi intencionalmente utilizada para separar seus utilizadores dos vários "fluidos" e teorias "magnéticas" que eram utilizadas dentro da denominação "magnetismo".

Em 1780, a pedido do rei francês Luis XVI, uma Comissão de Inquérito iniciou investigações para confirmar se existia mesmo um Magnetismo Animal. Entre os membros da comissão estavam o pai da química moderna Antoine Lavoisier, o cientista Benjamin Franklin e um especialista em controle da dor Joseph-Ignace Guillotin. Mesmer conseguia resultados espetaculares em muitos casos nos quais os médicos convencionais não conseguiam ajudar. Este fato já havia enfurecido a comunidade médica que o forçou, nesta época, a sair de Viena para Paris. Quando nenhuma evidência científica foi encontrada para explicar essas curas, elas foram proibidas. 

O mesmerismo permitia induzir a estados alterados de consciência e era possível até mesmo realizar cirurgias sob anestesia hipnótica por esse método. Em Londres foi fundado o "Mesmeric Hospital", por John Elliotson, discípulo de Mesmer.

James Braid

James Braid (1795-1860), iniciou a hipnose científica. Cunhou, em 1842, o termo hipnotismo (do grego hipnos = sono), para significar o procedimento de indução ao estado hipnótico. Hipnose, hipnotismo, ficou logo claro, eram termos inadequados (não se dorme durante o processo). O uso, porém, já os havia consagrado e não mais se conseguiu modificá-los, remanescendo até a atualidade.

James Esdaile

James Esdaile (1808-1868), utilizou, como cirurgião, o sonambulismo magnético (hipnoanalgesia) para realizar aproximadamente 3.000 (três mil) cirurgias sem a necessidade de anestésicos químicos. Nestas estão incluídas até mesmo extração de apêndice entre outros procedimentos de grande vulto. Todas as cirurgias estão devidamente catalogadas. Talvez o método de Esdaile não tenha tido maior projeção científica porque, à mesma época, foram descobertos os anestésicos químicos (éter, clorofórmio e óxido nitroso) que passaram a fazer parte dos procedimentos médicos da nobreza europeia. Curioso é saber que os anestésicos químicos mataram muito mais pessoas que se imagina, dada à ignorância das reações ao procedimento. Tal nunca ocorreu com a hipnose.

Ivan Pavlov

Ivan Pavlov (1849-1936), famoso neurofisiologista russo, conhecido por suas pesquisas sobre o comportamento, que foram o ponto de partida para o behaviorismo e o advento da psicologia científica do comportamento; estudou os efeitos da hipnose sobre o córtex cerebral e a indicação terapêutica deste tipo de intervenção.

Jean Charcot

Jean Charcot (1825-1893), conhecido médico da escola de Salpetriére (França), professor de Freud, estudou os efeitos da hipnose em pacientes histéricos. Charcot afirmava que apenas histéricos eram hipnotizáveis, mas outros médicos contemporâneos constataram que a hipnose é parte do funcionamento normal do cérebro de qualquer pessoa. Muitos dos erros cometidos por Charcot (e repetidos por Freud) levaram a crer na ineficácia da hipnose, o que foi rebatido anos depois.

Sigmund Freud

Sigmund Freud (1856-1939), médico neurologista, nascido na Morávia (atual Chéquia), autor da maior literatura acerca do inconsciente humano, fundador da psicanálise, aplicou a hipnose profunda no começo de sua carreira e acabou por abandoná-la, pois, ele a utilizava para a obtenção de memórias reprimidas (Freud não sabia que nem todas as pessoas são suscetíveis à hipnose profunda facilmente). Freud abandona a hipnose porque a sugestão hipnótica dura algum tempo, mas não é permanente. Assim os sintomas tendiam a voltar. Através da psicanálise, Freud faz o paciente dar-se conta da causa de seus sintomas, tornando o motivo inconsciente dos sintomas consciente e realizando assim uma cura duradoura.

Dave Elman

Apesar de Dave Elman (1900–1967) ser conhecido primeiramente como um notório locutor de rádio, comediante e compositor musical, ele também ficou famoso no campo da Hipnose. Ele lecionou vários cursos para médicos e escreveu, em 1964, o livro: “Findings in Hypnosis” (Descobertas na Hipnose), que depois foi denominado “Hypnotherapy” (Hipnoterapia).

Provavelmente, um dos aspectos mais importantes do legado de Dave Elman foi o seu método de indução, que originalmente foi construído para realizar a hipnose de um modo rápido e depois adaptada para o uso de profissionais médicos; os seus discípulos rotineiramente obtinham estados hipnóticos adequados para procedimentos médicos ou cirúrgicos em menos de três minutos. Seu livro e suas gravações deixaram muito mais que somente sua técnica de indução rápida. A primeira cirurgia cardíaca de tórax aberto utilizando somente hipnose no lugar de uma anestesia (por causa de vários problemas severos do paciente) foi conduzida por seus estudantes, tendo Dave Elman como orientador na sala de cirurgia. 

Milton Erickson

Milton Erickson (1901-1980), psiquiatra norte-americano, especializado em terapia familiar e hipnose. Fundou a American Society of Clinical Hypnosis e foi um dos hipnoterapeutas mais influentes no pós-guerra. Ele publicou vários livros e artigos científicos na área. Durante a década de 1960, Erickson popularizou um novo tipo de hipnoterapia, conhecida como hipnose ericksoniana, caracterizada principalmente por sugestão indireta, "metáforas" (na realidade, analogias), técnicas de confusão, e duplo vínculos no lugar de uma indução hipnótica clássica.

Enquanto a hipnose clássica é direta e autoritária, e muitas vezes encontra resistência do paciente, a forma que Erickson apresentou é permissiva e indireta.[10] Por exemplo, se na hipnose clássica é utilizado na indução "Você está entrando agora em um transe hipnótico", na hipnose ericksoniana a indução seria utilizada na forma "você pode aprender confortavelmente como entrar em um transe hipnótico". Desta forma, dá a oportunidade ao paciente a aceitar as sugestões com as quais se sentirão mais confortáveis, no seu próprio ritmo, e com consciência dos benefícios. A pessoa a ser hipnotizada sabe que não está sendo coagida, tomando para si a responsabilidade e a participação na sua própria transformação. Como a indução se dá durante uma conversa normal, a hipnose ericksoniana também é chamada de hipnose conversacional.

Erickson insistia que não era possível instruir conscientemente a mente inconsciente, e que sugestões autoritárias seriam muito mais prováveis de obter resistência. A mente inconsciente responderia a aberturas, oportunidades, metáforas, símbolos e contradições. A sugestão hipnótica eficaz, então, seria "artisticamente vaga", deixando a oportunidade para que o hipnotizado possa preencher as lacunas com seu próprio entendimento inconsciente - mesmo que eles não percebam conscientemente o que está acontecendo. Um hipnoterapeuta habilidoso constrói essas lacunas nos significados de modo que melhor se adequa para cada indivíduo - de uma forma que tem a maior probabilidade de produzir o estado de mudança desejado.

Por exemplo, a frase autoritária "você vai deixar de fumar" teria uma menor probabilidade de atingir o inconsciente que "você pode se tornar um não-fumante". A primeira é um comando direto, para ser obedecido ou ignorado (e observe que ela chama a atenção para o ato de fumar), a segunda é um convite aberto para uma mudança permanente e possível, sem pressão, e que é menos provável de encontrar resistência.

Richard Bandler e John Grinder identificaram esse tipo de linguagem "artisticamente vaga" como uma característica do seu 'Milton Model', como uma tentativa sistemática de codificar os padrões de linguagem de Erickson.

"Eu digo isso não porque este livro é sobre minhas técnicas hipnóticas, mas porque já passa da hora de entender que a necessidade de reconhecer que uma comunicação com sentido pleno necessita substituir verborréias repetitivas, sugestões diretas e comandos autoritários" - Milton Erickson. 

Conceitos

Segundo Milton H. Erickson:
“Suscetibilidade ampliada para a região das capacidades sensoriais e motoras para iniciar um comportamento apropriado.”


Segundo a American Psychological Association — (1993):
“A hipnose é um procedimento durante o qual um pesquisador ou profissional da saúde, sugere que um cliente, paciente ou indivíduo experimente mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamento.”


Segundo os psicólogos Clystine Abram e Gil Gomes:
“A hipnose é um estado de concentração focalizada que permite acessar as estruturas cognitivas, os pensamentos e as crenças, identificando os sentimentos que estão relacionados a essa forma de processar os estímulos percebidos. Adequando o processamento das percepções e absorvendo o que é sugestionado.”


Segundo o psicólogo e especialista em Hipnose, Odair J. Comin:
“A hipnose é um conjunto de fenômenos específicos e naturais da mente, que produzem diferentes impactos, tanto físicos quanto psíquicos. Esses fenômenos poderão ser induzidos ou autoinduzidos através de estímulos provenientes dos cinco sentidos, sejam eles conscientes ou não.”


Segundo o Dr. Sydney James Van Pelt — (1949):
“Hipnose é uma super concentração da mente. Normalmente a mente se ocupa de vários estímulos ao mesmo tempo; no estado de hipnose, a concentração se dá apenas em uma única coisa, mas em um grau mais elevado do que o estado comum.”


Segundo Adriano Faccioli (2006):
"A hipnose, em termos mais estritamente descritivos, é o procedimento de sugestões reiteradas e exaustivas, aplicadas geralmente com voz serena e monotônica em sujeitos que algumas vezes correspondem às mesmas, realizando-as, seja no plano psicológico ou comportamental. Estes sujeitos responsivos também costumam relatar alterações de percepção e consciência durante a indução hipnótica. E em alguns casos respondem de modo surpreendente ao que lhes é sugerido, o que pode incluir, por exemplo, anestesia, alucinações, comportamento bizarro e ataques convulsivos." (p. 15)


Competência, método e técnica em hipnose

Método refere-se ao caminho utilizado por um sujeito para alcançar dado objeto; técnica, ao instrumento utilizado para esse fim.

Quanto ao método, é essencial que o hipnotizador estabeleça estreito vínculo de confiança com o intencionado a ser hipnotizado. Assim, a empatia entre ambos é, em realidade, o caminho através do qual a(s) técnica(s) poderá(ao) ser aplicada(s).

A hipnose é uma prática livre. Sua aplicação na área de saúde é feita por hipnoterapeutas de diferentes categorias profissionais, desde médicos e psicólogos a odontólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e terapeutas holísticos.

É de se observar que países diferentes tratam diferentemente a matéria. Na Inglaterra e em muitos países europeus, não é exigida essa formação pregressa para que o hipnotizador exerça efetivamente a hipnoterapia: basta que, submetido, a uma banca examinadora competente, comprove ser capacitado para tal. Nos Estados Unidos a profissão de hipnoterapeuta está registrada no catálogo federal de ocupações há mais de 30 anos, sendo que profissionais não formados nas áreas de medicina ou psicologia trabalham apenas com mudanças vocacionais e avocacionais, podendo, sob recomendação, auxiliar em tratamentos médicos e psicológicos através da hipnoterapia. No Brasil a hipnose é uma técnica de livre exercício.

Há todo um conjunto de técnicas desenvolvidas para levar o paciente a experimentar tal estado especial, entre elas:

Fixação do olhar;
Sugestões verbais;
Indução de relaxamento ou visualizações;
Concentração de foco de atenção, geralmente interiorizado;
Aplicação de estímulo de qualquer natureza, repetitivo, rítmico, débil e monótono;
Utilização de aparelhos eletrônicos, com estímulo de ondas cerebrais alfa.

Características do estado hipnótico

Transe hipnótico não é inconsciência

Embora durante a indução hipnótica frequentemente se utilizem expressões como “durma” e “sono”, tal é feito porque tais palavras criam a disposição correta para o aparecimento do transe. Não significam, em absoluto, ingresso em estado inconsciente.

Traçados eletroencefalográficos de pacientes em transe, mesmo profundo, aparentemente adormecidos, revelam ondas alfa características do estado de vigília em relaxamento.

O paciente em transe percebe claramente o que ocorre à sua volta, e pode relatá-lo.

A parte mais importante da indução hipnótica se denomina rapport, que pode ser definido como uma relação de confiança e cooperação entre o hipnólogo e o paciente. Qualquer violação desta relação com sugestões ofensivas à integridade do paciente resultaria em interrupção imediata e voluntária do estado de transe por parte do mesmo. Infundado, portanto, o temor de revelar segredos contra a vontade ou praticar atos indesejados. Da mesma forma, a crença de que se pode morrer em transe, ou não mais acordar é meramente folclórica e não corresponde à realidade. Um paciente “esquecido” pelo hipnólogo sairia espontaneamente do transe ou passaria deste para sono fisiológico em poucos minutos.

Auto-hipnose

Na verdade o paciente não é propriamente hipnotizado, mas antes ensinado a desenvolver o estado de transe hipnótico. Tal só poderá ser realizado com seu consentimento e participação ativa e interessada nos exercícios propostos. A velocidade do aprendizado e os fenômenos que podem ou não ser desencadeados variam de pessoa para pessoa. O treinamento é composto de uma série de exercícios que vão aperfeiçoando a capacidade do indivíduo de aprofundar a sua experiência hipnótica.

Hipnoterapia: aplicações

Tratamento de doenças orgânicas e funcionais

Há um número muito grande de doenças em que não existe lesão ou comprometimento da estrutura de determinado órgão. Estas doenças são conhecidas como doenças funcionais, e nesse grupo de patologias a hipnose, assim como o efeito placebo, obtém excelentes resultados.

Como exemplos de disfunções, citam-se:

Neurológicas: Enxaquecas e outras cefaleias crônicas; certas tonturas e vertigens; zumbidos (tinnitus);
Digestivas: Gastrites; dispepsias; obstipações; certas diarreias crônicas (síndrome do cólon irritável); halitose;
Respiratórias: Asmas brônquicas; rinites alérgicas; roncos e apneia do sono;
Genitourinárias: Enurese noturna; incontinência urinária; disúria funcional; dismenorreia; tensão pré-menstrual.
Sexuais: Impotência psicológica; frigidez e vaginismo; ejaculação precoce; diminuição do libido;
Dérmicas: Urticária e outras alergias; doenças de pele associadas a fatores emocionais;
Cardiovasculares: Hipertensão arterial essencial, certas arritmias cardíacas.
Em todas as outras doenças, hipnose também é indicada, podendo auxiliar quer no manejo dos sintomas desagradáveis ou ainda potencializando ou provendo os recursos de cura do próprio paciente.

Sabe-se hoje da íntima relação do sistema imunológico e fatores emocionais. A prática da hipnose pode predispor o organismo como um todo para a cura ou manutenção da saúde.

Obviamente não se indica a hipnose como tratamento isolado ou principal para doenças graves como o câncer. O paciente portador de câncer, entretanto, que receber treinamento em hipnose, pode precisar de menores doses de medicação analgésica, controlar melhor os efeitos adversos do tratamento quimioterápico e radioterápico, ter melhor apetite e disposição geral, além de uma postura mais positiva frente à doença e seu tratamento.

Tratamento de distúrbios psicológicos

Ansiedade, pânico, fobias, depressão e outros.
O sofrimento psicológico pode ser tão ou mais intenso e incapacitante quanto dor física.

As atuais técnicas psicoterápicas nem sempre são eficazes e por vezes são muito demoradas e onerosas.

Medicamento, conquanto competentemente prescrito, está frequentemente associado a efeitos colaterais, secundários desagradáveis. Afora o fato de, também com frequência, não se conhecer medicamente, com a profundidade necessária e suficiente, da doença.

Quer seja prescrita e praticada por hipnólogo médico ou por médico prescrita / recomendada, porém praticada por hipnólogo não-médico, é inconteste que hipnose pode ajudar a aliviar os sintomas e trazer serenidade, ao capacitar a pessoa a apresentar respostas mais saudáveis aos estímulos do meio, à sua própria história pessoal e às suas emoções.

Tratamento e cura de hábitos e vícios

É natural o desejo humano de construir o mundo que o cerca através de suas próprias decisões. Muitas pessoas se acham aprisionadas por traços de personalidade indesejáveis ou vícios como o jogo, o etilismo, o tabagismo e a drogadição. A hipnose pode ajudar tais pessoas a expandirem o controle sobre suas vidas, devolvendo-lhes o poder de optar livremente, sem automatismos e a repetição de velhos hábitos nocivos.

Tratamento da disfunção alimentar

Em princípio, qualquer disfunção suscetível de psicoterapia, é tratável com hipnoterapia.

Assim, pois, as disfunções alimentares em geral: anorexia, bulimia, desnutrição e obesidade.

Emagrecimento saudável não pode ser obtido da noite para o dia. Pelo menos não sem impor riscos e agredir o organismo com cirurgias desnecessárias, dietas rigorosas e prejudiciais ou medicamentos perigosos. E mesmo assim tais resultados raramente são duradouros.

As diferenças entre uma pessoa obesa e uma magra vão muito além do que a balança e o espelho registram.

O tratamento baseado em hipnose propõe uma reestruturação da personalidade, na qual magreza e elegância acompanham mudanças profundas e definitivas na relação do indivíduo com o mundo.

Analgesia em episódios de dor aguda ou crônica

Toda dor tem dois componentes: um físico, devido à lesão tecidual, e um psicológico, que amplifica a percepção desta dor. O emprego de técnicas hipnóticas pode desligar definitivamente o componente psicológico da dor, diminuindo por si só grandemente a necessidade de analgésicos. Excelentes resultados podem ser conseguidos também com o componente físico da dor, porém aí são frequentemente necessárias sessões repetidas ou a prática de auto-hipnose. Lombalgias e outras dores de coluna, LER/DORT e fibromialgia, dor pélvica crônica e outras síndromes dolorosas respondem muito bem à hipnose.

Anestesia para procedimentos cirúrgicos

Na literatura médica há muitos relatos de cirurgias de grande porte realizadas com anestesia puramente hipnótica. Em nosso meio tais estudos estão se iniciando, e várias pequenas cirurgias já foram realizadas tendo a hipnose como método único de anestesia. Mesmo nas ocasiões em que a anestesia química é empregada, o uso de hipnose diminui consideravelmente a quantidade de medicamentos empregados. Embora seja ainda um método experimental que não substitui a anestesia convencional, há evidências de que é uma ótima alternativa para pacientes que por quaisquer motivos não podem submeter-se a anestesia por drogas.

Hipnose em obstetrícia

A obstetrícia é a área da medicina em que a hipnose se encontra mais difundida, devido aos seus resultados impressionantes. Gestação e parto são fisiológicos e naturais, e a hipnose pode ajudar a:

Aliviar a hiperemese gravídica (vômitos da gravidez), dores lombares e urgência miccional;
Disciplinar a alimentação da gestante, evitando ganho excessivo de peso;
Fazer profilaxia da DHEG (doença hipertensiva específica da gestação);
Promover analgesia durante o parto, relaxamento muscular e tranquilidade (parto sem dor);
Diminuir a incidência de distócias e outras complicações;
Fazer profilaxia da depressão pós-parto e estimulação da lactação.

Hipnose no auxílio ao aprendizado

Hipnose pode auxiliar no progresso nos estudos e aumentar a chance de aprendizado em cursos e estudos regulares, bem como na aprovação em concursos.

É possível:

Expandir a capacidade de memorização;
Auxiliar a estabelecer maior disciplina na rotina de estudos;
Motivar o aprendizado;
Desenvolver serenidade, fundamental para o bom desempenho em provas.

Relaxamento e redução de estresse

Perigos reais e sobrecargas mesclam-se com as exigências da vida nas cidades.

Preocupações profissionais invadem e destroem os momentos de lazer e intimidade com a família. Vive-se constantemente em prontidão, em modo de "lutar ou fugir", a resultar hiperatividade crônica do sistema nervoso autônomo simpático e em muitos efeitos nocivos ao organismo.

O uso da hipnose (ou auto-hipnose) podem ser providenciais recursos para restaurar a harmonia e o bem-estar, pessoal e/ou convivencial.

Hipnose e insônia

O sono tem uma arquitetura toda especial, e é constituído de diversas fases, essenciais para a recuperação das funções mentais e do organismo como um todo. Os medicamentos para dormir afetam esta arquitetura e diminuem a qualidade do sono. A aplicação de técnicas hipnóticas pode ser efetiva no combate à insônia.

Auto-hipnose

Já foi dito que, segundo vários especialistas, toda hipnose é, na verdade, uma auto-hipnose.

Auto-hipnose é uma habilidade extremamente útil para a promoção de saúde e bem-estar.

A melhor maneira de aprender a entrar em transe hipnótico é receber treinamento por um hipnólogo. Via de regra, ensinar auto-hipnose é o último passo de todo tratamento com hipnose, dotando o paciente de um recurso valioso na busca de seu próprio aprimoramento pessoal.

Também pode ser utilizada apenas para atingir estado de relaxamento profundo, dormir melhor, melhorando, pois, a qualidade de vida.

Hipnose e desempenho pessoal

É uma ambição universal querer ser uma pessoa melhor, considerados todos os aspectos: pessoal, familiar, profissional, social, etc.

Aprender coisas novas, ter versatilidade e fazer cada vez melhor o que já se faz bem é anseio comum.

Através da prática da hipnose é possível suprir deficiências ou estimular traços de personalidade desejáveis, como a autoconfiança e a liderança, vencer a timidez, progredir nas relações pessoais e de trabalho ou superar suas limitações quaisquer que sejam.

Hipnose criminalística e forense

Uma das aplicações da hipnose, para fins de investigação criminalística e prática forense, é a possibilidade de regressão do paciente à lembrança de fatos passados, inclusive da primeira infância.

Pela hipnose é possível a regressão de memória, em dias, meses e até mesmo anos. Aqui se encontram as aplicações em vítimas ou testemunhas de um crime, uma vez que fatos passados são relevantes para as investigações policiais.

No Brasil, o Instituto de Criminalística do Paraná criado pelo médico e psicólogo Rui Sampaio, é o primeiro, desde 1983, na associação da hipnose como técnica auxiliar as investigações criminais e, também, na confecção do retrato falado hipnoassistido.

Tais experimentos obtiveram ótimos resultados, tendo sido criado oficialmente em dezembro de 1999, o primeiro Laboratório de Hipnose Forense, considerado o único do país.

Hipnose, misticismo, ciência e parapsicologia

As possibilidades da percepção humana vão muito além do já explorado.

Em sessões de hipnose é frequente observar fenômenos que costumam ser atribuídos à competência da Parapsicologia. Segundo a Parapsychology Association, tem-se verificado que a hipnose é uma condição favorável para a ocorrência de muitas formas de percepção extra-sensorial. A associação afirma que pessoas hipnotizadas tendem a ter um melhor desempenho em testes laboratoriais de clarividência, telepatia e precognição.[13] Contudo, a bem de não se recair em imponderações científicas, ou mesmo propensões de fundo sectário qualquer (espiritual, religioso, etc.), é preciso cautela a respeito, pois muitos casos que são referidos como manifestações parapsicológicas são, em realidade, manifestações ou expressões, sim, de outros estados da consciência — estados alterados da consciência.

Fenômenos assim podem ser provocados e treinados por sugestão ou podem aparecer espontaneamente. Mas, em qualquer caso, podem ser examinados em estado hipnótico. Muitos pacientes experimentam a sensação de flutuar fora do próprio corpo e poderem se deslocar a outros lugares. Outros afirmam saber o que ocorre à distância etc.

O psicólogo e parapsicólogo Charles Tart, autor de uma tese de pós-doutorado sobre hipnose, relatou experiências de "hipnose mútua", em que cada uma das duas pessoas foram hipnotizadas uma pela outra. Tart relatou vários fenômenos curiosos em tais casos, incluindo eventuais fenômenos de telepatia.

Costuma-se, também, associar à hipnose o suposto acesso a vidas passadas, que traria, também, por suposto, a conexão com a ideia de reencarnação. Contudo, a bem do rigor científico e da seriedade que deve pautar toda investigação da / na natureza, o que quer que se dê durante sessões de regressão hipnótica para além da "fronteira anterior ao nascimento" da pessoa hipnotizada nada permite afirmar inequivocamente, a favor ou contra, a preexistência da pessoa em vida(s) passada(s), como pretendem os reencarnacionistas. Por outro lado, evidências [carece de fontes]existem as tantas de forma a apontar para a existência das chamadas vidas passadas (fenômeno da retrocognição induzida através da hipnose), tal como vemos no sério trabalho de J.H Brennan.

A mesma cautela deve ser reportada no trato da chamada terapia de vidas passadas – TVP, de modo que, com ou sem hipnose, não se façam afirmações eventualmente infundadas, não suportadas por critérios observantes do método científico. Ao que pese o misticismo que atravessa a TVP, muito mais por razões de crendices do terapeuta do que da TVP propriamente dita, tal fato não descartam as evidências da sobrevivência da consciência e de sua existência antes do nascimento. Diante disso, a ciência até o momento não consegue explicar satisfatoriamente como uma célula zigoto se especializa formando todo o corpo humano sexuado do ser humano. Uma ordem subjacente parece existir e que é anterior ao corpo e ao sistemas orgânicos. Tal ordem foi chamada por Hernani Andrade de "Modelo Organizador Biológico". As evidências deste modelo, também chamado de "duplo astral","psicossoma", "perispírito" ou ainda simplesmente "corpo astral", estão espalhadas em diversos fenômenos, tais como: experiência de quase morte; experiência fora do corpo; aparições; mediunismo; e outros. Assim, a hipótese das vidas passadas está ancorada no princípio de que o Eu não é o corpo, mas transcende-o, pre-existindo ao nascimento e pós-existindo a morte.

Hipnose é, pois, em última análise, um estado não-ordinário de consciência, com todas as suas idiossincrasias que a caracterizam univocamente, e pode ser utilizado em benefício do ser humano em praticamente todas as facetas da sua vida, como visto.

Hipnologia, como estudo da hipnose, é um instrumento de estudo da mente humana, sob o aspecto da consciência, capaz de suscitar respostas impressionantes. Contudo, há muito a ser conhecido e explicado a respeito.

Disposições legais

A legislação do Brasil não restringe o uso da hipnose apenas a médicos, odontólogos e psicólogos.

No passado a hipnose de palco ou para entretenimento chegou a ser proibida no Brasil pelo Decreto nº 51.009, de 22 de Julho de 1961.. Porém esse decreto foi revogado pelo Decreto 11 de 21/1/1991. Este último decreto foi, também, revogado - porém essa revogação não repristinou o decreto original, fazendo com que até mesmo a hipnose de palco seja uma atividade livre no Brasil.

Assim, todos os profissionais que aprenderam as técnicas de hipnoterapia, e cada qual em sua área específica de atuação, podem utilizar esta técnica sem nenhuma restrição. Nada impede que profissionais da saúde, tais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, enfermeiros e paramédicos, entre outros, se utilizem de hipnose para beneficiar a seus pacientes.

Por outro lado, aqueles que defendem a sua disseminação entre outras profissões destacam a quantidade de benefícios que pode trazer, se mais praticantes preparados e certificados em hipnose pudessem oferecer o seu trabalho à população, seja na redução de distúrbios psicossomáticos, como também evitando justamente o mau emprego da hipnose por praticantes habilitados.

Quem é susceptível de ser hipnotizado?

Nem toda as pessoas são hipnotizáveis. Hilgard fez experiências com estudantes universitários e só 25% foram hipnotizáveis; e desses só ¼ entrou em transe profundo.

Os fatores que interferem são:
Idade: a susceptibilidade à hipnose aumenta até mais ou menos aos dez anos, depois diminui à medida que os indivíduos se tornam menos conformistas.
Personalidade: são mais susceptíveis as pessoas que tendem a envolver-se com as suas fantasias.

São menos susceptíveis as pessoas que:
Se distraem facilmente;Têm medo do novo e diferente;Revelam falta de vontade de obedecer ao hipnotizador;
Revelam falta de vontade de ser submissas.

Hipnose ericksoniana

A hipnose Ericksoniana foi desenvolvida pelo psiquiatra e hipnoterapeuta Dr. Milton H. Erickson. A programação neurolinguística, uma forma de pseudociência, utiliza esta forma de hipnoterapia.

Hipnoterapia

Hipnoterapia é o uso terapêutico da hipnose, ou o tratamento de uma doença com o uso de técnicas hipnóticas.

É uma psicoterapia que facilita a sugestão, a reeducação ou a análise por meio da hipnose. O profissional médico que exerce a hipnose é chamado hipniatra. Hipniatria é a hipnose praticada por médicos. A hipnose, além de na Medicina, é utilizada também na Odontologia, na Psicologia, na Fisioterapia, na Enfermagem e outras profissões de saúde.

Se a intervenção psicoterapêutica hipnoassistida tem primordialmente o objetivo de análise, fala-se em hipnoanálise.

História

Na Antigüidade a sociedade Egípcia (milhares de anos antes de Cristo) utilizava a hipnose em seus templos do sono, as doenças eram tratadas após o paciente ser submetido ao transe hipnótico; existem provas arqueológicas de tal prática como vasos de cerâmica onde aparecem figuras de médicos fazendo intervenções cirúrgicas de (para a época) grande porte, o que sabemos ser muito difícil, pois a anestesia não era conhecida. Tais médicos eram representados emitindo sinais mágicos ou raios dos olhos como forma de estereotipar a ação do hipnotizador. Tal procedimento (hipnose médica) tem outra designação, “sofrologia” oriunda da deusa grega Sofrosine. Ao pé da letra: Sos (tranqüilo), phren (mente) e logia (ciência), ciência da mente tranquila.

Da mesma forma, na antiga Grécia, os enfermos eram postos a dormir em templos e despertavam curados. Os gregos iam aos tempos de Sofrosine e após entrarem em transe ouviam os sermões dos sacerdotes desta deusa que diziam ter poderes curativos, após o procedimento os enfermos retornavam às suas atividades gozando de plena saúde e alegria.

Também na Índia, Caldéia, China, Roma, Pérsia a hipnose era utilizada para conseguir fenômenos psíquicos (provavelmente hipermnésia e anestesia) que na época eram considerados místicos, esotéricos, paranormais ou sobrenaturais. Muitos documentos da antigüidade provam o uso da técnica por sacerdotes, médicos, xamãs entre outras pessoas importantes dentro de tais sociedades. É importante deixar claro que, em boa parte dessas sociedades (sempre muito ligadas a sua religião), a medicina era muito influenciada por fatores espirituais e quase sempre praticada por sacerdotes; a “arte de curar” era muito distante do aspecto técnico-científico encontrado hoje em dia. De uma maneira geral, se a pessoa fosse curada o mérito era totalmente dado ao sacerdote, caso não fosse, era por sua falta de fé.

Na Idade Média pessoas foram condenadas (e mesmo mortas) por fazerem uso da hipnose. Restritiva, a Santa Inquisição identificava os dominadores da técnica como bruxos ou satanistas, e como tais eram perseguidos. Tal fato é um tanto insólito, visto que era comum o uso do “Toque Real” - processo em que se acreditava que a pessoa ficaria curada com o toque das mãos de seu soberano (“Le Roy te teuche. Dieu te guerys” - o Rei te toca. Deus te cura). Hoje sabemos que isso nada mais é que uma técnica hipnótica.[carece de fontes]

Ainda hoje a hipnose (assim como a Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise, Psicoterapias diversas, etc.) recebe muitas críticas por certos segmentos de algumas religiões e seus seguidores são proibidos de fazer uso desta técnica; algumas dessas religiões utilizam muitas técnicas hipnóticas inseridas na liturgia, oratória, música, repetição, tom de voz etc, sem que seus seguidores sequer saibam (e possam se defender), mas, no entanto, propagam injúrias contra aqueles que a utilizam (com o consentimento de seu cliente) de modo terapêutico.

Certamente uma boa parte da história contribuiu para o fortalecimento de uma falsa “identidade mística” da hipnose, apenas no século XVIII é que a hipnose passa a perder esta tal identidade e, hoje sabemos, que o estado de transe hipnótico é, tão somente, um estado diferente de funcionamento cerebral que pode, até mesmo, ser deflagrado em diversas situações corriqueiras, independente do objetivo ser hipnotizar alguém ou não. Mesmo tendo sido utilizada (e até hoje ainda é) em cerimônias religiosas, esotéricas ou místicas, é inegável seu aspecto técnico-científico.

Em agosto de 1889, foi realizado em Paris o I Congresso Internacional de Hipnotismo Experimental e Terapêutico com a representação de 223 estudiosos de 23 países. O Brasil teve a honra de levar dois profissionais de saúde: Doutor Joaquim Correia de Figueiredo e Doutor Ramos Siqueira, ambos médicos do estado do Rio de Janeiro.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) as situações extremas a que os médicos eram postos a trabalhar, reacendeu o uso e o valor prático e científico da hipnose. Seguindo a literatura existente acerca da hipnoanalgesia alguns jovens feridos e/ou mutilados, eram postos em transe tanto para alívio de suas dores como para execução de cirurgias. Novas pesquisas foram feitas ratificando o valor da técnica hipnótica no alívio das tensões, na anestesia e no conforto emocional.

Hipnose e hipnoterapia no Brasil

No Brasil a hipnose ficou proibida no decorrer do governo do então Presidente Jânio Quadros num ato presidencial que contrariava os principais conselhos de saúde brasileiros, além de atrasar muito o trabalho sério e as pesquisas da área. Entretanto, na década seguinte, com o advento das perseguições militares, algo muito importante foi confirmado sobre a hipnose: É sabido que alguns agentes da repressão do governo tentaram utilizar o transe hipnótico para obter informações de presos políticos; a única informação importante obtida nessas tentativas foi que a hipnose legítima não pode ser obtida contra a vontade da pessoa ou em situação de pressão psicológica. O procedimento utilizado pelos agentes de repressão, vulgarmente conhecido pela maior parte da população como “lavagem cerebral”, é baseado em uma técnica de profundo esgotamento nervoso (através de tortura física e/ou psicológica) e apenas torna a vítima incapaz de reagir negativamente às determinações do torturador, sendo assim, obrigada a concordar com o que lhe é imposto, independente de ser verdade ou não. Tal técnica é considerada tortura e, como tal, é passível de punição como Crime segundo a legislação de nosso país. Existe a possibilidade de obter um "transe químico" com a administração de Barbitúricos (vulgarmente chamado de "soro da verdade") e alguns determinados psicotrópicos.

A hipnose passou a ser, no Brasil, legalmente utilizada primeiramente por odontólogos (dentistas) há cerca de quarenta anos, depois por médicos psiquiatras, psicólogos e terapeutas; hoje existem inclusive no Brasil, departamentos de polícia com a chamada Hipnose Forense que busca esclarecer crimes através da técnica do reforço da memória (hipermnésia) das vítimas de estupro e rapto principalmente, dando assim o conforto às pessoas, de que criminosos podem ser mais facilmente localizados e não mais ameacem suas vidas. Assim sendo, pode-se dizer que o Brasil está na vanguarda do uso da hipnose com fins realmente importantes para a sociedade, com Psicólogos, Psiquiatras, Dentistas, Terapeutas, Cirurgiões e Policiais se utilizando de um procedimento técnico-científico legítimo, com resultados práticos muito bons, a disposição da população brasileira.

É importante dizer que, pessoas que não estejam legalmente inscritas em um sindicato, conselho de classe ou órgão profissional reconhecido pelo Ministério do Trabalho, não são proibidas de utilizar a hipnose profissionalmente inclusive para fins de terapia. Não existe hoje no Brasil nenhuma regulamentação da profissão, logo não existe nenhuma proibição legal que impeça uma pessoa de trabalhar utilizando a hipnose, inclusive com hipnoterapia, mesmo que essa pessoa não esteja cadastrada em nenhum dos órgãos citados acima. Não se deve confundir Hipnose de Palco com Hipnose Clínica, a hipnose clínica é utilizada para fins terapêuticos para tratamentos diversos e / ou melhorias na qualidade de vida, enquanto a hipnose de palco é utilizada apenas para entretenimento. A hipnose de palco, se for feita com ética e responsabilidade é uma ótima vitrine para a hipnoterapia, pois além de ser muito divertida e interessante, demonstra o poder da hipnose e aguça a curiosidade das pessoas fazendo com que as mesmas procurem saber mais sobre a hipnose e consequentemente sobre hipnoterapia. Bons hipnoterapeutas podem fazer shows demonstrando, por exemplo, o poder anestésico da hipnose.

Perguntas mais comuns

O que é Hipnose?
Hipnose, estado hipnótico ou transe hipnótico é um estado alterado de consciência, a pessoa hipnotizada não está dormindo, ela está em concentração profunda e com a memória ampliada e focada com mais precisão. Ao contrário do que se pensa, há muita atividade em todo o córtex cerebral durante a hipnose.

A hipnose não é considerada uma técnica esotérica?
Não, definitivamente. Hipnose é um fenômeno neurofisiológico legítimo, onde o funcionamento do cérebro possui características muito especiais. Tais características, únicas, podem ser verificadas por alterações em eletroencefalograma no decorrer de todo estado hipnótico e visivelmente por manifestações não presentes em outros estados de consciência, como rigidez muscular completa, anestesia, hipermnésia (reforço da memória) e determinados tipos de alterações de percepção. A hipnoterapia usa as vantagens de trabalhar com o cérebro neste estado para ajudar as pessoas.

Que vantagens tem a Hipnoterapia?
Uma pessoa hipnotizada pode lembrar-se com mais detalhes de situações passadas (regressão de memória) que explicam suas dificuldades emocionais e/ou sociais do presente e, desta forma, otimizar seu tratamento terapêutico, pois, uma das dificuldades dos procedimentos terapêuticos tradicionais é lidar com o “esquecimento” de determinados fatos do passado que atrasam o desenvolvimento da terapia.

É verdade que uma pessoa hipnotizada obedece a qualquer tipo de ordem dada?
Não funciona desta maneira. O cérebro da pessoa está sempre pronto para desperta-la se ocorrer algo ofensivo, que seja contra sua moral ou costumes.

Pode alguém ser hipnotizado sem sua permissão?
É muito difícil hipnotizar uma pessoa que não queira cooperar ou que não confie no hipnólogo, pois, a função do cérebro é sempre proteger e não se expor a qualquer tipo de situação desconhecida. O tipo de atividade cerebral que ocorre quando uma pessoa está sendo ameaçada, oprimida, assustada ou desconfiada, inviabiliza o transe hipnótico que possa ter alguma utilidade terapêutica. É certo que existe uma porcentagem pequena da população que tem uma sensibilidade muito grande à indução hipnótica, e essas são as maiores “vítimas” dos hipnotizadores circenses, pois esses, pela prática, identificam tais pessoas numa platéia e sempre as escolhem para fazer as apresentações, que não tem objetivo terapêutico algum. Por outro lado, existe uma outra porcentagem, também pequena, da população que é insensível à maior parte das técnicas de indução hipnótica.

Se o terapeuta passar mal e desmaiar, eu ficarei para sempre em transe?
Não. Se algo ocorrer e a pessoa não for trazida do transe, ela continuará em processo de relaxamento até chegar o sono comum, cochilará por algum tempo e acordará normalmente; ou fará o processo inverso. Todo este processo é concluído em minutos.

Existe algum risco em fazer um tratamento terapêutico que use a hipnose?
Apenas se o profissional não possuir um treinamento, tanto teórico quanto prático, feito de forma responsável. Não é aconselhável a uma pessoa com problemas emocionais participar de hipnose de palco (shows de hipnotismo), pois, o hipnotizador não lida com a técnica de maneira a ajudar as pessoas ou lidar com eventos de catarse (uma espécie de explosão emocional que tende a ocorrer durante o transe), sua função é meramente circense.

É Legal utilizar hipnose para tratamento de problemas emocionais, sociais etc?
Sim. A hipnose é hoje legalmente reconhecida e utilizada no Brasil por profissionais de Medicina, Odontologia, de Psicologia, do Sindicato dos Terapeutas e possui diversas outras associações profissionais sérias em todo o mundo que estudam e utilizam a hipnose como ferramenta produtiva em seus campos de trabalho, como na Fisioterapia e na Enfermagem.

Então a hipnose poderia resolver tudo sozinha?
Não. A hipnose é uma ferramenta que deve ser usada dentro de um processo terapêutico muito mais amplo; hipnotizar a pessoa e apenas eliminar determinados sintomas, simplesmente, sem investigar a causa de tais sintomas, não resolve seus problemas e pode até mesmo disfarçar (ou deflagrar) um problema maior.

A hipnose pode tirar meus medos de uma só vez, rapidamente?
Em alguns casos sim, especialmente naquele grupo de pessoas mais sensíveis a indução hipnótica. Mas este tipo de terapia, apenas sintomática, é improdutiva e irresponsável. Muitas vezes os sintomas apresentados por clientes são apenas como “a ponta do iceberg”. É necessário toda uma investigação para que a correta aplicação de técnicas pertinentes seja oferecida. A terapia não busca o simples alívio dos sintomas, mas sim a investigação das causas dos problemas para que os sintomas não mais ocorram nem se transformem em outros piores. Muitas vezes uma mera “dorzinha” é associada, num evento de regressão de memória, a memórias tristes da infância ou relacionamentos mal solucionados.

Terapia de vidas passadas

Terapia de vidas passadas (TVP), regressão, regressão de memória ou ainda retrocognoterapia (Salvino, 2008) consiste em fazer o paciente relembrar suas supostas vidas passadas através da hipnose.

Histórico

O nome Terapia de Vidas Passadas (Past Life Therapy) foi cunhado pelo Doutor em Psicologia Morris Netherton, em 1967, quando desenvolveu um método próprio de hipnose, que designou como Hipnose Ativa. O fundamento dessa abordagem extrai da hipnose regressiva o seu fundamento: em estado alterado de consciência, o cliente regressaria a um passado além do limiar da vida atual, onde se encontra um reservatório mnemônico cuja instância é o que o pesquisador Hemandra Banerjee denominou de "memória extra-cerebral". Segundo a hipótese da Terapia de Vidas Passadas, ao atingir o núcleo do trauma, seu inconsciente libera o material psíquico retido através do que Freud chamou de "catarse". Com a catarse, a energia psíquica é liberada e o sujeito sentiria um alívio significativo em seus sintomas. Esse alívio psíquico seria a causa das curas físicas e psicológicas registradas pelos terapeutas de regressão. Além de Morris Netherton, são considerados os precursores dessa corrente terapêutica Hans Tendam, Roger Woolger e Edith Fiore. Até hoje, esses autores são considerados referências na área e leitura obrigatória nos cursos de formação.

A terapia pode ser feita pela ajuda da hipnose, mas alguns ensinamentos não necessitam deste método. A hipnose possibilita ao experienciador adentrar em estados mais profundos de consciência ou o transe regressivo propriamente dito, onde desencadeia o fenômeno da retrogocnição ou lembrança de vidas passadas. Outros métodos podem ser usados, como por exemplo, a autopesquisa contínua de alguma dificuldade pessoal. O autopesquisador adentra profundamente dentro de si, pesquisando-se até que em dado momento regride sozinho, lembra de flash ou de situação continua em sonhos PES (percepção extrassensorial). Se lembrando de experiências no passado ou traumas, uma pessoa pode identificar a origem de seu problema e curá-lo. Um dos mais famosos escritores americanos sobre o assunto é Brian L. Weiss, graduado pela Columbia University e Yale Medical School e titular da cadeira de psiquiatria no Mount Sinai Medical Center de Miami, com várias obras traduzidas para o português.

Ela pode ser útil de várias formas, no tratamento de: fobias e medos irracionais, problemas psicossomáticos, disfunções de alimentação, problemas familiares, distúrbios sexuais, problemas de casamento e de relacionamento. Ela trata padrões negativos de ser e de agir, encontrando os motivos para as dificuldades na vida atual e pondo em ação uma mudança positiva, modificando atitudes e formas de entender a existência. O motivo para procurar a terapia de vidas passadas, diferente do que pensam muitas pessoas, não é procurar mudar nada no passado, mas sim melhorar sua vida agora. Com muita frequência traumas e padrões negativos de comportamento do passado continuam a nos influenciar, sem que nos apercebamos, até hoje e isso pode se manifestar no presente como uma fobia, alergia, uma doença crônica ou uma deficiência física, um vício, um distúrbio mental, incapacidade de se relacionar, uma atração ou repulsa inexplicável em relação a alguém.

Proponentes

Entre os conhecidos terapeutas dos países de língua inglesa que utilizam e ensinam a Terapia de Vidas Passadas incluem-se os Drs. Brian Weiss, Barbara Brennan e Ken Page nos E.U.A. e o Dr. John Plowman no Reino Unido. Em quase todos os grandes centros do Brasil encontra-se psicólogos e psiquiatras que aplicam a técnica.

No Brasil existem diversas linhas terapêuticas de TVP, cada qual possuindo suas particularidades e diferenças. Em ultima análise, as semelhanças entre elas são muito mais consideráveis que as diferenças. As divergências se situam num plano mais teórico e no foco que cada terapeuta concentra a sua atenção. As escolas mais sérias, como ensinadas pelo INTVP, fundado por Maria Júlia e Ney Prieto Peres, não se utilizam do aspecto espiritual e o relegam a segundo plano, preferindo focar em aspectos psicológicos próprios da consciência objetiva atual e do "significado" que a pessoa dá a experiência de vidas passadas. Outras abordagens, como a da SBTVP ( Sociedade Brasileira de Terapia de Vidas Passadas) por outro lado, procura colocar a TVP num nível mais kármico, levando em consideração a missão de vida do atendido. Esta é considerada por alguns como a abordagem mais espiritual da Terapia de Vidas Passadas no Brasil, pois supostamente lida com a questão das "presenças" (espíritos obsessores para o Espiritismo). Outras abordagens menos ortodoxas utilizam a técnica do mentor (seria uma alma de maior adiantamento espiritual que vem auxiliar nas regressões), da proposta encarnatória (nossa missão na vida), do pós-morte (a vida após a morte), vidas futuras, guias espirituais, dentre outros.

Pressupostos teóricos

Desde muito tempo atrás, séculos, milênios, uma grande parcela da humanidade já carrega consigo a certeza da reencarnação. Os povos orientais, especialmente, levaram para dentro de suas filosofias e religiões esse conceito. A psicologia no mundo ocidental parece ter levado quatro mil anos para começar a vislumbrar a explicação da reencarnação para justificar as doídas dores da alma do homem contemporâneo; suas depressões, seus delírios, suas ansiedades e somatizações, seus padrões negativos de comportamento , tudo aquilo, enfim, que ele usa para se manter vivo. Embora há poucos anos entre nós, já há algumas décadas terapeutas em diferentes partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos, começaram a confrontar-se com experiências pessoais ou de clientes que durante sessões de psicoterapia ou de hipnose vivenciaram acontecimentos ocorridos em épocas passadas, em outra faixa de tempo, sabendo mesmo, por exemplo, relatar fatos históricos dos quais não tinham tido nenhuma informação cultural anterior, ou a falar línguas a eles estranhas. A partir do estudo sistematizado dessas experiências, e principalmente dos resultados terapêuticos obtidos, técnicas de regressão no tempo foram estudadas e aperfeiçoadas, sendo possível ao cliente lembrar-se de todo o processo.

O objetivo é propiciar ao indivíduo oportunidades seguras para que possa revivenciar os episódios traumáticos, geralmente ocorridos em situações que ficaram mal resolvidas no passado e se transformaram em problemas no presente. ao tomar conhecimento do trauma anterior, o indivíduo traz para o nível do entendimento, para a mente consciente, o porquê do problema, que vem sendo experimentado até então desconectado da razão. Para a maioria das pessoas a regressão se faz acompanhar de uma catarse dessa energia bloqueada na forma de uma grande liberação de emoções. Noutras vezes o indivíduo ainda necessita de uma reprogramação de vida, a esse processo a terapia de vida passada chama conscientização e transformação. Como todas as técnicas psicoterápicas, inclusive as analíticas, a TVP trabalha com as dores emocionais sendo uma ciência do comportamento humano, enquanto terapia, usando da compilação e sistematização como técnica do tratamento.

A maior parte do trabalho terapêutico compreende liberar algo que ficou bloqueado no passado, ou está preso no inconsciente do indivíduo, este fardo, transportado para a vida atual, precisa ser eliminado através do seu esclarecimento e de sua compreensão, para dar lugar a um novo tipo de resposta psíquica e comportamental, esse é o objetivo da terapia. A causa original pode ser emocional, física ou mental, mas ficará marcada como uma cicatriz na vida atual e poderá se manifestar como alguma forma de doença ou outro tipo de mal-estar, não necessariamente físico. A recordação, desidentificação e resignificação desses problemas do passado, com a posterior  reprogramação de modos de ser e agir perante a vida é que vão proporcionar a cura.

A diferença fundamental entre a TVP e as outras escolas psicológicas ortodoxas como a psicanalítica, a cognitiva-comportamental e muitas outras é a crença na reencarnação e o entendimento de que a nossa espiritualidade, sendo parte integrante e inseparável de nosso ser, também pode padecer de processos patológicos que levam a repercussões desagradáveis em nossa vida levando à dor, ao sofrimento e ao desespero. Existe uma tendência a se mistificar a TVP ou mesmo associá-la a determinadas religiões, é provável que isso aconteça justamente pela abordagem espiritualizada e reencarnacionista do processo em si, o que é indissociável de suas bases teóricas. Como nas sociedades ocidentais ciência e espiritualidade ainda são incompatíveis existe uma tendência a que as escolas, conselhos e entidades de classe tomem partido de determinada opinião mais "psicológica" e "científica" taxando esse tipo de terapia de "espírita", "mística" ou simples charlatanismo, que infelizmente, temos que admitir, pode acontecer, como em qualquer área do conhecimento humano.

Visão espírita

Ensina a Doutrina Espírita que o esquecimento do passado é necessário para que o espírito em sua atual existência não seja sobrecarregado com as lembranças e emoções de outras vidas.

Existe uma passagem do "Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, que alguns defendem autorizar o resgate das memórias de encarnações passadas:

“Ao entrar na vida corporal, o Espírito perde, momentaneamente, a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as ocultasse; entretanto, às vezes, tem uma vaga consciência disso e elas podem até mesmo lhe ser reveladas em algumas circunstâncias. Mas é apenas pela vontade dos Espíritos Superiores que o fazem espontaneamente, com um objetivo útil e nunca para satisfazer uma curiosidade vã.“

Vemos nessa passagem do “Livro dos Espíritos” que é possível lembrar de existências anteriores, quando há um motivo útil e quando os espíritos superiores aprovam.

Estudiosos espíritas costumam dizer que a TVP não é uma brincadeira, mas uma técnica séria e que deve, portanto, ser procurada apenas quando necessária. Em outras palavras, não se deve encarar a regressão como uma chance de descobrir uma vida passada ilustre ou por mera curiosidade.

Apesar da confusão sobre os dois temas: terapia de vidas passadas e espiritismo (pelo fato da TVP se basear na crença da reencarnação) a terapia se baseia em preceitos científicos estruturados através de estudos e pesquisas realizadas por psicólogos e psiquiatras como: Maria Júlia Peres, Lívio Túlio Pincherle, Hernani Guimarães Andrade, Hellen Wambach, Morris Netherton, etc. É um processo psicoterápico que trata de problemas psicológicos e emocionais, já o Espiritismo é uma doutrina religiosa, com crenças e dogmas que procuram ajudar o homem a resolver seus problemas de ordem espiritual para alcançar uma melhor evolução de seu espírito a longo prazo. Espiritismo é religião, terapia de vidas passadas é ciência, ainda com suas dúvidas e controvérsias, mas embasada em teorias semelhantes à outras disciplinas psicológicas.

No livro Memória Cármica Emocional é descrito o Mecanismo do Carma, aliando mensagens psicografadas, ciência e casos verídicos, com seus desdobramentos complexos que envolvem as relações afetivas, que muitas vezes na vida atual, apresentam conflitos sem causa conhecida, sentimentos ocultos, que advém das memórias e de nossas experiências do passado. Quando acessamos a causa, mudamos nossa percepção e comportamento.

Visão cética

Céticos afirmam que apesar de os pacientes realmente acreditarem ter lembrado vidas passadas, trata-se de memórias falsas.

Segundo o psicólogo cético Robert Baker, a crença na reencarnação é o principal previsor de que o paciente terá uma memória de vidas passadas durante a terapia de vidas passadas.

Um dos casos mais notórios da terapia foi o de uma mulher americana que lembrava ter sido Bridey Murphy, e cantava canções irlandesas antigas; quando o caso foi investigado, foi demonstrado que ela lembrava não de uma vida passada, mas da sua infância. O livro The Search for Bridey Murphy detalha esta história.

O inegável é que mesmo que sejam fantasia, imaginação, alucinações ou mesmo criações mentais as regressões, dentro do processo terapêutico, são capazes de fazer sintomas desaparecerem ou promover a cura de aspectos doentios de personalidade. A maioria dos pacientes que passaram pela terapia de vidas passadas, diga-se de passagem, livraram-se de vários sintomas e melhoraram sua qualidade de vida.

Obsessão (espiritismo)

Obsessão, segundo o espiritismo, seria uma influência de supostos seres imateriais que influenciariam as pessoas devido aos seus pensamentos impuros. Os adeptos desta religião acreditam que a obsessão pode causar doenças físicas e psíquicas.

Segundo Allan Kardec, o codificador do espiritismo, seria o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticado senão por espíritos inferiores que procuram dominar o obsediado. É a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

Influência dos espíritos

A crença na influência do espíritos dos mortos sobre os vivos é antiga, conforme pode depreender-se da Literatura em geral. Como exemplo popular, o escritor português Camilo Castelo Branco, nas suas "Novelas do Minho", documenta um caso mediático no seu país em meados do século XIX, em nota na primeira parte do conto "Maria Moisés":

" A profunda certeza de que o corpo humano está exposto a invasões diabólicas entra no Minho em capacidade de bacharéis. Vinte e oito anos depois que o minorista professava crenças em obsessos, por 1841, na freguesia de Ribas, concelho de Celorico de Basto, um moço de lavoura requeria ao juiz de paz - que o era dos órfãos também - neste sentido: "Que a alma de certa pessoa se lhe metera no corpo, e o não deixava dormir, exigindo-lhe um sermão e certo número de missas; e, como ele suplicante era pobre, requeria que despesa fosse feita à custa da caixa dos órfãos."
O juiz de paz ponderou seriamente e conscienciosamente a justiça do pedido; mas não quis ainda assim decidir sem consultar pessoa de maiores teologias. Mandou, pois, ouvir o doutor Curador dos órfãos: o qual respondeu "que se ouvisse previamente o conselho de família": O conselho reunido deliberou que, visto o doutor Curador não impugnar, era de parecer que se concedesse à alma a graça que requeria, e se aliviasse o rapaz do vexame. Em consequência, pregado o sermão e ditas as missas, o rapaz ficou são e escorreito. (Veja o "Periódico dos Pobres no Porto", de maio de 1842, e a "Revista Universal Lisbonense" do mesmo ano, pág. 430). O doutor Curador de Celorico provavelmente está hoje no Supremo Tribunal de Justiça a lavrar os acórdãos. Semelhante magistrado, se conserva ainda no espírito as velhas crenças até certo ponto cristãs, de certo não fará justiça de mouro." 
Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, dedicou um capítulo inteiro ao tema "Obsessão".

Graus de obsessão

No que tange aos tipos possíveis de obsessão, a doutrina espírita apresenta uma classificação em três graus de intensidade crescente, a saber:

A obsessão simples, que ocorre quando um espírito ou vários influenciam a mente de um médium com suas ideias, mas de maneira tal que o médium consciente percebe. A obsessão simples perturba, podendo causar constrangimento quando o médium inexperiente exprime de forma desavisada pensamentos que não são seus e somente se dá conta disso depois. No entanto, ele, médium, permanece senhor de si mesmo e reconhece quando fala ou age sob influência, sendo a ele possível, com estudo, aprender a controlar-se.
A fascinação é uma ação direta e constante do pensamento de um espírito sobre a mente do médium paralisando-lhe o raciocínio de tal modo que este aceita tudo que lhe é passado pelo espírito como a mais pura verdade, reproduzindo, desde informações simplórias aos mais completos disparates, como se fosse tudo fruto da mais profunda sabedoria. O espírito que se dedica à fascinação de um médium é ardiloso pois, primeiro, ele tem que ganhar a confiança irrestrita do médium para aos poucos ir dominando seu raciocínio.
A subjugação é uma influência tão forte sobre a mente do médium que este não mais raciocina nem age por si mesmo, agindo como marionete do espírito ou dos espíritos que o influenciam.
A obsessão simples tanto pode ser resultado da ação de espíritos voltados para o mal que querem prejudicar o médium por sentir prazer nisso, como de espíritos que identificaram no médium alguém que lhes prejudicou ou agrediu física ou moralmente em outra existência e, não tendo evoluído a ponto de perdoá-lo, dele buscam vingança. A fascinação tanto pode ser uma ação dirigida contra o médium, para fazê-lo parecer ridículo e, assim, humilhá-lo, como uma ação dirigida a um grupo ou a toda uma comunidade visando criar um movimento de oposição a outros voltados ao bem e à busca da verdade. Os casos de subjugação, finalmente, são os mais complexos, pois se trata sempre da ação de espíritos que têm profundo ódio pelo médium, tudo fazendo para lhe arruinar a existência.

De obsessão simples a subjugação

Analisando-se o caso de Anneliese Michel (1952-1976), supõe-se que ela começou a sofrer de obsessão aos 16 anos. O fato de ela alegar desde o começo que estava sob influência de supostos espíritos, de vê-los e querer se ver livre deles revela sob a ótica da fé, que ela estivesse, inicialmente, sob o efeito de uma obsessão simples. Infelizmente, a época, não seria possível um diagnóstico adequado e tratamento para causas psiquiátricas, de modo que a possibilidade de obsessão é mera especulação nesse caso.

No entanto, sem que tratamento algum lograsse sucesso, os crentes supunham se tratar da investida de espíritos, que aos poucos teriam conseguindo ter controle sobre sua mente e sobre seu corpo, o que caracterizaria sob o ângulo da fé espírita, um caso de subjugação, conforme se lê no artigo sobre a jovem:

“Ela insultava, espancava e mordia os outros membros da família, além de dormir sempre no chão e se alimentar com moscas e aranhas, chegando a beber da própria urina. Anneliese podia ser ouvida gritando por horas em sua casa, enquanto quebrava crucifixos, destruía imagens de Jesus Cristo e lançava rosários para longe de si. Ela também cometia atos de auto-mutilação, tirava suas roupas e urinava pela casa com freqüência.

Tratamento

Na visão espírita, nem toda perturbação emocional tem origem espiritual, sendo sempre importante a averiguação médica das origens da mesma. Identificando-se, porém, uma ocorrência de obsessão, recomenda-se o tratamento de suas causas, ao mesmo tempo em que o tratamento médico lhe trata os efeitos. Como o Espiritismo vê, na obsessão e na subjugação, a ação de espíritos desencarnados que odeiam o médium e querem se vingar dele , aos quais chama de obsessores, ele preconiza o esclarecimento dos mesmos à luz da Lei de Causa e Efeito ao mesmo tempo em que enseja ao médium e àqueles que se preocupam com ele uma ação efetiva em busca do auto-aprimoramento, baseada no estudo da Doutrina Espírita e na dedicação à caridade. O tratamento da obsessão, chamado de desobsessão, é sempre feito em um Centro Espírita. Nele se utiliza a Lei de Causa e Efeito na tentativa de mostrar aos obsessores que aquele por quem eles nutrem ódio hoje, em função de lhes ter feito mal em existência passada, teria, em existência ainda mais remota, sido a vítima cujos agressores teriam sido eles, ocasião em que teriam plantando a semente do mal que mais tarde os viria a afligir. Quebrar o círculo vicioso do ódio entre obsessor e obsediado é tarefa que requer do esclaredor espírita, paciência, perseverança e conhecimento dos mecanismos da vida. A desobsessão espírita é baseada no amor, pois procura ver a todos, obsessores e obsidiados, como irmãos e irmãs queridos necessitando de esclarecimento.

O Espiritismo orienta o tratamento das obsessões, promovendo melhor compreensão da relação entre o do obsessor e obsidiado mas destaca a importância da participação do enfermo como condição básica para o êxito. Entre as forma de tratamento Schubert, (1979) inclui:

Autodesobsessão: Ato de reforma íntima, tal como esclarece a Doutrina Espírita ou seja auto-evangelização, esforço e empenho para dominar as más tendências e inclinações, até chegar a uma auto-aceitação e "amor próprio".
Prece: a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.” (A Gênese, Allan Kardec, capítulo 14º, item 46.)
Caridade: a prática da caridade e exercício para desenvolver em si mesmo o "amor ao próximo" que preconiza o evangelho

Obsessão e missão

É interessante o relato de que Anneliese teria tido um sonho com Maria, mãe de Jesus, em que esta ter-lhe-ía oferecido duas opções, a de se ver livre dos espíritos que a atormentavam ou a de continuar sendo atormentada por eles para que as pessoas soubessem da ação do mal e que Anneliese teria escolhido a segunda opção. À luz do entendimento espírita, o encontro de Anneliese em sonho com uma entidade luminosa que foi percebida por ela como sendo Maria, mãe de Jesus, pode ter sido um encontro com o Espírito guia de Anneliese e a proposta que ela relatou ter-lhe sido feita pode indicar que tudo o que ela sofreu fez parte de sua programação de vida para aquela existência. Nesse caso, a existência sofrida de Anneliese Michel em uma sociedade desinteressada pelas questões espirituais assumiria um novo e mais amplo significado, o que, tivesse ela vivido no Brasil, não seria o caso. Caso essa hipótese fosse comprovada, teríamos um caso raro de obsessão consentida durante a programação da existência, isto é, uma missão de vida.

Outras considerações

Alguns espíritas consideram a obsessão o "mal do século", pois muitas são as suas manifestações e poucas são comunidades no mundo que sabem como dela tratar integralmente.

É importante frisar que os sintomas descritos como causados pela obsessão, conforme dito mais acima em "Tratamento", podem ser causados por distúrbios psiquiátricos conhecidos, recomendando-se a avaliação por profissional da área.

O CID 10, item F44.3 - define estado de transe e possessão como "transtornos caracterizados por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito. Exclui: esquizofrenia (F20.-), intoxicação por uma substância psicoativa (F10-F19 com quarto caractere comum .0), síndrome pós-traumática (F07.2) e transtorno(s) orgânico da personalidade (F07.0) e transtornos psicóticos agudos e transitórios (F23.-)"

Este item está classificado sob F44 Transtornos dissociativos ou de conversão, que por sua vez "se caracterizam por uma perda parcial ou completa das funções normais de integração das lembranças, da consciência, da identidade e das sensações imediatas, e do controle dos movimentos corporais. Os diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas semanas ou meses, em particular quando sua ocorrência se associou a um acontecimento traumático. A evolução pode igualmente se fazer para transtornos mais crônicos, em particular paralisias e anestesias, quando a ocorrência do transtorno está ligada a problemas ou dificuldades interpessoais insolúveis. No passado, estes transtornos eram classificados entre diversos tipos de “histeria de conversão”. Admite-se que sejam psicogênicos, dado que ocorrem em relação temporal estreita com eventos traumáticos, problemas insolúveis e insuportáveis, ou relações interpessoais difíceis. Os sintomas traduzem freqüentemente a ideia que o sujeito se faz de uma doença física. O exame médico e os exames complementares não permitem colocar em evidência um transtorno físico (em particular neurológico) conhecido. Por outro lado, dispõe-se de argumentos para pensar que a perda de uma função é, neste transtorno, a expressão de um conflito ou de uma necessidade psíquica. Os sintomas podem ocorrer em relação temporal estreita com um “stress” psicológico e ocorrer freqüentemente de modo brusco. O transtorno concerne unicamente quer a uma perturbação das funções físicas que estão normalmente sob o controle da vontade, quer a uma perda das sensações. Os transtornos que implicam manifestações dolorosas ou outras sensações físicas complexas que fazem intervir o sistema nervoso autônomo, são classificados entre os transtornos somatoformes (F45.0). Há sempre a possibilidade de ocorrência numa data ulterior de um transtorno físico ou psiquiátrico grave." 

Enfatizamos que, segundo essas definições o estado de possessão, segundo a definição médica, deve incluir aqueles de transe involuntários e não desejados, mas exclui aqueles ligados ao contexto cultural ou religioso do sujeito. Não pode, portanto, ser tomado como um reconhecimento dos fenômenos espirituais pela medicina.

Uma revisão de trabalhos publicados desde o final do século XIX sobre messianismo, loucura religiosa e trabalhos contemporâneos relacionando religião, uso de álcool e drogas, além de algumas condições clínicas (esquizofrenia e suicídio), refere-se à ausência de uma linha de pesquisa que proporcione uma melhor articulação entre investigação empírica e análise teórica dos dados, assim como um diálogo mais próximo da psiquiatria com ciências sociais, como a antropologia e a sociologia da religião para um maior avanço nesta área.

Paraprojeção consciente e Bilocação

Paraprojeção conscientenota segundo projeciologia, é uma espécie de projeção da consciência, na qual uma consciência desercarnada (extrafísica) deixa o duplo etérico (corpo astral, psicossoma) para se manifestar na dimensão mental.

Tal tipo de projeção não é um processo definitivo. A conexão entre o corpo mental (mentalsoma) e o duplo etérico é mantida através do chamado cordão de ouro.

Analogia

Em analogia a projeção da consciência, na qual uma a pessoa “deixa do corpo” involuntariamente ao dormir, ou pela vontade, de maneira lúcida (Veja também Níveis de lucidez), para se manisfestar com o corpo astral, a paraprojeção da consciêncianota  consiste em o desencarnado “deixar o corpo astral” involuntariamente por este estar incapacitado, ou de maneira consciente, para se manifestar com o corpo mental.

Bilocação

A Bilocação pode ser definida com o ato de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Segundo a Igreja Católica, a bilocação é um Carisma que poucos poderão receber. Padre Pio o teve. Mesmo com muitos relatos de que o fenômeno existe, ele ainda não está provado através do método científico. No caso de Padre Pio, houve testemunhas oculares, em que descreveram e até dialogaram com ele simultaneamente.

Linga sharira e Kâma rupa

Linga sharira (em sânscrito: linga, significando modelo; e sharira, que provem da raiz verbal sri, significando apodrecer), ou duplo etérico, designa, na teosofia, o 3º princípio na constituição setenária do homem, que é levemente mais etéreo que o corpo físico (sthula sharira). Segundo a Teosofia, ele permeia todo o corpo humano, sendo um molde de todos os órgãos, artérias, e nervos.

Linga sharira também recebe outros nomes tais como corpo etérico, corpo fluídico, duplo etérico, fantasma, doppelganger, homem astral, etc. Após a morte física, este duplo etérico ainda permanece algum tempo com vitalidade, formando o que se chama de "espectro" ou "fantasma". Segundo Blavatsky, o duplo etérico desempenha um papel importante nos fenômenos espíritas, sendo a substância que forma os chamados "espíritos materializados" nas sessões espíritas.

Deve-se notar que na literatura teósofica original (como a escrita por Blavatsky) o termo "corpo astral" não tem o mesmo significado de que o termo utilizado em literatura teosófica posterior (como a de C. W. Leadbeater). Nas obras de Blavatsky o corpo astral não se refere ao corpo emocional mas ao duplo etérico linga sharira. Contudo mais tarde C.W. Leadbeater e Annie Besant (Adyar School of Theosophy), e a seguir a eles, Alice Bailey, equacionaram o astral com o princípio kama (desejo) e designaram-no por corpo emocional (um conceito não encontrado na Teosofia anterior).

O duplo etérico é equivalente ao corpo vital na literatura rosacruciana de Max Heindel , pois o mesmo refere que o corpo etérico ou vital é divisível pelo indivíduo de forma voluntária-consciente-positiva (no caso de um "Auxiliar Invisível") ou de forma involuntária-inconsciente-negativa (no caso de "Medium"), em duas partes, cada uma das quais com dois etéres. A designação de "corpo vital", segundo Heindel, deve-se ao facto de o éter ser o meio de ingresso da força vital do Sol e das agências na natureza que promovem actividades vitais com o assimilação, o crescimento e a propagação.

Kâma rupa

Kâma rupa (em sânscrito: kama, desejo; rupa, corpo), também conhecido como corpo de desejos, corpo emocional ou corpo astral, designa na teosofia e em algumas correntes rosacrucianas, um dos princípios da constituição humana.

Na teosofia é usado indistintamente kâma rupa e corpo de desejos para denotar o 4º princípio na constituição setenária do homem. Kâma rupa é a sede da mente (a mente humana, inferior), a parte da constituição do homem que contém as energias mentais e psíquicas.

Deve-se notar que na literatura teósofica original (como a escrita por Blavatsky) o termo "astral" não tem o mesmo significado de que o termo utilizado em literatura teosófica posterior (como a de C. W. Leadbeater). Nas obras de Blavatsky o corpo astral não se refere ao corpo emocional mas ao duplo etérico Linga Sharira. Contudo mais tarde C.W. Leadbeater e Annie Besant (Adyar School of Theosophy), e a seguir a eles, Alice Bailey, equacionaram o astral com o princípio kama (desejo) e designaram-no por corpo emocional (um conceito não encontrado na Teosofia anterior).

Na literatura rosacruciana de Max Heindel, (que foi também teósofo), fundador da Fraternidade Rosacruz, aceitam uma constituição tríplice do homem, e neste caso o chamam de corpo de desejos. Assim, diz-se que o homem é um Espírito tríplice, possuindo uma mente que governa o tríplice corpo. Assim, o Espírito Divino emana de si o corpo denso extraindo como alimento a Alma consciente; o Espírito de Vida emana de si o corpo vital, extraindo como alimento a Alma intelectual; e finalmente, o Espírito Humano emana de si o corpo de desejos, extraindo como alimento a Alma Emocional.

Segundo estes mesmos rosacruzes, diz-se que o corpo de desejos tem uma densidade ainda inferior à do corpo vital, e é por meio dele que o homem exerce suas faculdades emocionais. Tal corpo amadurece no homem apenas na puberdade e tem a forma de uma esfera achatada, que circunda o corpo denso, sendo preso a este por meio do fígado. Após a morte, este corpo adquire a mesma forma do corpo denso durante a vida terrestre e permanece vivo por cerca de dois terços do tempo em que o indivíduo tenha vivido no mundo físico.

Além disto, outras correntes rosacruzes, como é o caso da Fraternitas Rosicruciana Antiqua, preferem propor uma constituição humana formada por três princípios: corpo, alma e espírito.

A Ordem Rosacruz, AMORC, codifica a existência de três níveis: o corpo físico, o corpo psíquico e a alma. O corpo psíquico equivale ao corpo astral, salvo por algumas diferenças conceituais de superfície. Os rosacruzes da AMORC acreditam que dividir o ser humano em tantos níveis (como a divisão setenária) pode causar certa confusão no público, por isso opta pela divisão ternária.

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