quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Bruxaria e bruxas


Nos seus estudos sobre Bruxaria e Magia na Europa, Daniel Ogden, Georg Luck, Richard Gordon e Valerie Flint, revelam, (Witchcraft and Magic in Europe – 1999), alguns dos princípios fundamentais sobre a forma como a bruxaria funciona.

Quando analisamos a bruxaria nas civilizações Egípcia, Grega e Romana da antiguidade, entendemos claramente e sem equívocos a forma como a bruxaria funciona e quais os meios pelos quais a bruxa consegue alcançar os seus temíveis resultados de bruxaria.  

Verificamos assim ao analisar o fenómenos da bruxaria nas civilizações da antiguidade, que toda a bruxaria era operada através de maldições. 

Nos tempos Greco-Romanos e Egípcios, existiam vários tipos de maldições lançadas de forma a atingir diversos objectivos.

Na antiguidade, ocorriam 5 tipos de objectivos de maldições na bruxaria da antiguidade:

1-litigio- realizadas para vencer litigios, seja em tribunais, na vida pessoal, ou social, ou na politica
2-competição - realizadas para vencer competições desportivas ou na arte
3-oficio - realizadas para vencer nos negocios, nos assunto profissionais e financeiros, etc.
4-erotica - realizadas para unir ou desunir pessoas, seja sentimentalmente seja sexualmente
5-justiça - realizadas para obter vingança

Facilmente podemos concluir que os objectivos da bruxaria são intemporais, e permanecem, ontem como hoje, inalterados.

As maldições que a bruxaria produzia nesses tempos, eram realizadas com as 5 finalidades acima descritas e no fundo, e como vamos compreender mais adiante, toda a bruxaria era, ( e ainda é e sempe será), feita com recurso a maldições que são materializadas com recurso á necromancia. 

No entanto, veja-se que a maldição de que se falava na Antiguidade Clássica, na verdade correspondia a uma forma de bruxaria e nao exactamente ao conceito de maldição como hoje em dia é comummente entendido. 

Hoje em dia quando falamos de «maldição», entendemos imediatamente tratar-se de uma especie de praga destinada a matar ou eliminar alguem. 

No entanto, as maldições produzidas pela bruxaria, não tinham propriamente objectivo de matar, ( pelo menos, nem sempre...), mas antes elas podiam e eram direccionadas a causar um certo efeito na vida da pessoa visada. 

Assim, estas maldições também não se destinavam a amaldiçoar permanentemente uma pessoa, família ou instituição, mas antes eram maldições temporárias, condenando alguém a fins como: 

- ter um desejo sexual louco por uma certa pessoa; ou condenando alguem a perder uma causa na justiça; ou condenando alguem a perder um grande negocio em deterimento de outrem; ou condenando alguem a perder uma prova desportiva em deterimento de segunda pessoa; ou condenando alguem a casar com certa pessoa; etc. 

As maldições eram inscritas em Placas de Maldições, ( que eram placas maleáveis como papiro, mas feitas de chumbo, ou entao mesmo em papairo tratado para esse especial fim), assim como em bonecas do tipo Vodu. 


Na verdade, as bonecas tipo vodu são muito mais antigas do que comummente se julga. 

Essas bonecas de maldições, onde eram trespassados alfinetes e inscritas tanto orações como os pedidos da bruxaria realizada, remontam ao antigo Egipto. 

Exemplos delas podemos encontrar no museu do Louvre, onde ali estao exibidas bonecas usadas para fins magicos que remontam a II-III d.C. e mesmo periodos anteriores da antiguidade Egipcia. 

As bonecas de vodu, como hoje sao conhecidas, eram denominadas «Kolossoi» entre os magos Gregos. 

As maldições eram executadas através da boneca, torcendo das formas mais violentas os membros dessa, assim como horriveis mutilações. Nao se pretendia com isso mutilar a vitima, nem causar a destruição fisica do visado pela bruxaria, mas antes confundir os seus desejos, a sua vontade e os seus esforços, de forma a que se conseguisse obter um certo fim. Por exemplo: 

- se se deseja uma mulher ou homem, pretende-se causar-lhe tal nivel de desnorte, que essa pessoa venha a cair nos braços de alguem sem saber como, tal a forma como fica fragilizado; Se se deseja ganhar um negocio a um competidor, o objectivo é torna-lo de tal forma confuso e sem forças, que ele perca controle da situação e seja vencido; etc.... 


Na Grecia e em Roma, era contudo mais frequente executar bruxaria atraves das Placas de Maldições, que eram folhas de chumbo preparadas para a realização de actos magicos e espirituais. 

Os trabalhos de magia podiam igualmente ser executados em papiros preparados para esse efeito. 

É curioso que todo o tipo de maldição inscrita nas placas ou bonecas, era denominada de «amarração». 

O termo «amarração» advem do Grego «Katadesmos», «Katadesmoi», «Katadein». 

O termo deriva de um verbo encontrado nas próprias placas de maldição e que significa «prender», «amarrar»,«restringir». 

O termo é usado por Platão na sua obra «Republica», e refere-se tanto á forma fisica das placas de maldição, ( que sao «enroladas», como que «amarradas» sobre si mesmas quando o feitiço nelas inscritas esta redigido e concluido), como á própria função das mesmas placas, que é «restringir» a vida de alguem. 

No latim, o termo provem de «defixio» que significa igualmente amarrar e que igualmente pode ser encontrado nas placas de maldição romanas. 

Por isso, o trabalho a que actualmente chamamos «amarração», nao é na verdade um trabalho exclusivamente amoroso ou com fins eroticos, tal e qual hoje comummente é entendido. 

Na verdade, todo o trabalho de bruxaria era feito por via de uma maldição, e todo esse trabalho por sua vez era denominado uma «amarração». 

Explica-se: 

- a amarração visava «amarrar» a pessoa visada pela bruxaria a um certo fim, a um certo destino. 

Por isso se dizia que uma pessoa embruxada tinha sido «amarrada», pois a vida dessa pessoa tinha sido restringida de forma a que certo efeitos lhe sucedessem. 

Daí o termo «amarração», que era igual a dizer que a pessoa fora «amarrada» ou «condicionada» de forma a que certos efeitos lhe sucedam na vida. 

Na antiguidade, dizer que alguem tinha sido amarrado, era equivalente a dizer que alguem tinha sido embruxado, fosse para que finalidade fosse. 

Mas o termo esoterico de «amarração» tem outra origem e explicação, esta talvez mais tecnica do ponto de vista da metodologia mistica. 

Nesses tempos ancestrais, atraves do processo magico, entendia-se que a alma da pessoa visada pela bruxaria era amarrada a um espirito de um morto, sendo que o espirito desse morto iria ficar na vida da pessoa amaldiçoada, até que esse espirito do falecido fizesse cumprir o objectivo da bruxaria na vida dessa pessoa enfeitiçada. 

Para melhor entender: 

os cemiterios eram por isso tidos como locais ferteis para a pratica de bruxarias, porquanto neles abundavam espiritos de mortos. 

A placa de maldição, onde estavam inscritas orações de conjuro, a maldição e o nome da vitima, era amarrada á mao do morto, ou amarrada ao corpo do morto. 

Desta forma, procurava-se atraves de um metodo necromantico, que o espirito do defundo a quem a bruxaria foi amarrada, se encarregasse de ir para a vida da pessoa embruxada e cumprisse a missao que lhe foi encomendada. 

No fundo, o contacto da placa de maldição com o morto, deveria atraves de um processo de necromancia, levar a vitima e ser restringida pela acção do espirito desse mesmo morto. 

A vitima era quase sempre assinalada na Placa de Maldição pelo seu nome e pelo nome da sua mae, pois a mae era uma fonte segura de identificação certa da vitima, ao passo que a identificação do pai poderia levar a equivocos. 

Dessa situação, falava o provebio latim, ao declarar: «Pater incertus, Mater certa». 


As sepulturas eram os locais fundamentais para se proceder ao deposito das Placas de Maldiçao, e assim a completar execução de um trabalho de bruxaria por meios de uma maldição. 

As sepulturas ou covas preferidas pelos bruxos, eram as de pessoa que tinham falecido tragicamente e vitimas de morte violenta. 

Assim era praticado, pois diziam os velhos conhecimentos espirituais que as almas daqueles que morreram permaturamente vagueiam perto das suas covas em tormento e sem descanso, até que chegue a altura em que deveriam ter partido para o mundo espiritual. Até chegar essa hora, todos esses espiritos que vagueiam se descanso na terra, sao passiveis de serem facilmente invocados. 

Tambem os campos de batalha, assim como os locais de execução de pessoas, ou mesmo os locais em que as pessoas tinham falecido sem oportunidade de se lhes oferecer os ultimos ritos de funeral, eram tambem outros dos mais poderosos locais para a execução de bruxarias na forma de maldições. 

Como já foi explicado, sabia-se que a alma de pessoas que faleceram de morte violenta, ou que o espirito de pessoas que morreram permaturamente, iriam permanecer vaguendo por este mundo até que chegasse a hora em que deveriam na verdade ter falecido, e apenas nessa hora as ditas almas amarguradas abandonariam este mundo. 

Como essas almas vitimas de morte violenta ou permaturas, faleceram antes dessa hora, dizia-se que esses espiritos estavam condenados a percorrer este mundo como fantasmas em tormentos. Ora, os campos de batalha e os locais de execução de criminosos eram locais ferteis em pessoas que tinham sido mortas de forma violenta e certamente abreviando a sua vida, ou seja, provavelmente em alguns casos seriam pessoas que faleceram antes da sua hora. 

Sabia-se igualmente que mesma sorte sofrem aqueles que morreram sem oportunidade de se lhes prestar um funeral condigno e os ultimos ritos de enterro. 

A esses, os Gregos denominavam «Atelestoi». 

Ora, juntar ao cadaver dessas pessoas a Placa de Maldição com uma bruxaria ( sempre que possivel, a Placa de Maldição era amarrada ao defunto), era influenciar o espirito atormentado desse defundo a atormentar a vida da pessoa visada pela bruxaria, causando-lhe assim restrições. Essas restrições que a vitima iria sofrer, iriam a seu tempo conduzir á produção dos objectivos ditados pela magia que fora feita. 

Se por exemplo uma maldição tinha sido lançada para que um desportista perdesse uma competição, o espirito do morto ao qual essa pessoa foi «amarrada» iria actuar na vida dessa mesma pessoa de forma a afectar-lhe e restringir-lhe a saude tanto psicologica como fisica. A seu tempo, a vitima acabava por ficar desconcentrada, descontrolada e mesmo fragilizada tanto mentalmente como fisicicamente,o que facilmente podia conduzir ao aparecimento de lesoes e subsequentemente á perda de uma competição. Por este breve exemplo, é facil entender como um espirito que foi «amarrado» á vida de uma pessoa, pode «restringir» essa mesma de forma produzir os efeitos desejados por uma maldiçao. 

Ao espirito do atormentado era endereçado um pedido, e o atormentado iria fazer com que esse pedido fosse realizado na vida da vitima dessa bruxaria. 


Tal como se pode verificar por todo o exposto, o termo «amarração» descrevia nao apenas uma bruxaria com fins sentimentais ou eroticos, mas antes tudo aquilo que era uma bruxaria. 

Podemos mesmo concluir que o termo «amarração», nasce desta pratica magica de natureza necromante, ou seja, a bruxaria por via da qual uma maldição era «amarrada» a um morto, de forma a que o espirito desse morto fosse tambem «amarrado» á alma da pessoa atingida pela feitiçaria, de forma a que o espirito do morto «restringisse» a sua vitima e assim, fizesse cumprir na vida da mesma os fins a que o trabalho se propunha cumprir. 

Como tambem podemos facilmente concluir, toda a bruxaria esta fortemente ligada á produção de maldições com fins especificos, e a execução dessas maldições é conseguida atraves de processos de necromancia, ou seja, por via da invocação dos espiritos de mortos. 

E logo assim, entendemos que os espiritos dos mortos, uma vez «amarrados» á pessoa atingida pela bruxaria, causam nas suas vitimas uma acçao de «amarração», ou seja, «restringe»m a vida dessa pessoa de tal forma até que nela vao suceder os eventos enunciados pela maldição. 

Eis como, na verdade, funciona a bruxaria.

Os Caminhos dentro do Ocultismo



O «caminho da direita» professa a resignação perante o infortúnio, alegando que a dor, a perda e o tormento são provas ou lições que um certo Deus põem no nosso caminho para nos fazer evoluir. Por isso, o «caminho da direita» diz-nos: «aceitai a dor. Ela é uma bênção. Não vos preocupeis com o tormento que viveis neste mundo, pois tudo o que é da carne é pecado. Aceitai mansamente o vosso destino, porque depois de morrer sereis recompensados.»

O «caminho da esquerda» alega o contrario, dizendo: «não vos resigneis perante a dor. A dor não é uma bênção, é apenas o que é: dor. Podeis alterar o rumo dos eventos, pois a dor não constitui uma lição, nem uma prova, nem é o objectivo de virmos a este mundo. Este mundo não é uma passagem passiva de sofrimento sobre sofrimento, mas antes uma viagem activa em busca da sabedoria. A felicidade e a realização são as metas de uma alma, e o mundo espiritual pode ajudar a encontrar o rumo desse destino bom. A resignação cega não é o passaporte para o céu, mas antes a sabedoria é a chave para a felicidade. O que é deste mundo não é pecado, mas sim algo para ser vivido com plenitude, ambicionando a sabedoria que nos eleva. Pois isso se diz:

«Procurai os espíritos, ambicionai a sabedoria, vivei em busca da felicidade, pois nisso não há pecado. »

Na verdade, nos círculos esotéricos e ocultistas, aquilo que é denominado normalmente chamado de «magia branca» é na verdade o dito «Caminho da mão direita»,ao passo que aquilo que é comummente conhecido por «magia negra» é na verdade o  «Caminho da mão esquerda».

Muitas são as definições mais ou menos aprofundadas em termos teológicos sobre estes dois distintos caminhos espirituais.

O «caminho da direita» geralmente suporta as concepções espirituais de religiões como o Cristianismo, ao passo que o «caminho da esquerda» normalmente serve de fundamento ao pensamento teosófico que subsiste nas doutrinas espirituais da Bruxaria.

E no entanto, apesar das complexas argumentações e conceitos espirituais professados nas doutrinas do «caminho da direita»,ou no «caminho da esquerda», as diferenças entre ambos são tremendamente fáceis de apontar,ao passo que tão profundamente complexas.

Aquilo que o padre da sua paróquia lhe dirá tanto sobre o mundo espiritual, como sobre os infortúnios que atingem a sua vida, será um discurso fundamentado nos princípios doutrinários do «caminho da direita». Por isso, ao aqui lê-los, facilmente conseguirá identificar o discurso conformista, resignado e subserviente que caracteriza o «caminho da direita».

Ao contrario, aquilo que um Bruxo lhe responderá tanto quando aos infortúnios que atingem a sua vida, bem como sobre o mundo espiritual, facilmente você identificará no discurso ambicioso e libertador do «caminho da esquerda».


São essas mesmas distinções que aqui se procuram esclarecer de forma sintética e sistematizada.

Observai:


O «Caminho da direita»,
( ou seja: os princípios teológicos nos quais se centram os pilares fundamentais
do pensamento de religiões como o Cristianismo),
assenta nos seguintes 5 pressupostos:

I

O caminho da mão direita diz: «Aceita a tua dor de hoje, porque depois, (após a tua morte, uma vez chegado ao céu), serás feliz».

II

O caminho da mão direita alega:

«A dor, a angustia, o tormento, a pobreza, a solidão, a perda, são:

- ou lições para nos testar
- ou castigos por culpas nossas, ( karmas)»

Seja como for, para o caminho da mão direito, a dor é sempre um instrumento para alcançar salvação

III

O caminho da mão direita defende: «Tudo o que sofremos é para nos purificar. A evolução espiritual advêm por isso do sofrimento, do tormento, da perda, de todo o mal que passamos nesta vida»

Para o caminho da mão direita, o mal que nos atinge é por isso glorificado como fonte de aperfeiçoamento e salvação.

IV

O caminho da mão direita professa: «O mundo espiritual está separado do mundo físico. O mundo físico e as suas expressões  são pecaminosas, ao passo que apenas a esfera celestial é virtuosa. O plano carnal e físico são  fonte de pecado.»

V

O caminho da mão direita diz-nos por tudo o que foi exposto, que devemos negar a carnalidade e reprimir os nossos desejos, para atingir a espiritualidade. A espiritualidade é por isso atingida pela abnegação, abstinência, sofrimento e contemplação. Diz assim o caminho da mão direito, que devemos aceitar pacifica e mansamente o destino que nos é imposto, se desejamos a espiritualidade.


O «Caminho da esquerda»,
(ou seja: os princípios teológicos nos quais se centram os pilares fundamentais do pensamento de religiões como a Bruxaria), assenta nos seguintes 5 pressupostos:

I

O «caminho da esquerda» afirma que nem a dor, nem o tormento, nem a pobreza nem a solidão, nem a perda, são instrumentos para se ser feliz numa próxima vida. Assim questiona o «caminho da esquerda»: «Como pode alguém ser feliz no «Além», se nunca conheceu a felicidade nesta vida ? Como pode um cego saber o que é ver, se nunca viu? Como pode aquele que viveu e morreu de fome, saber o que é estar saciado? O caminho da esquerda nega por isso que mal que nos atinge possa constituir um instrumento de evolução espiritual, uma vez considera que a felicidade, a realização e a sabedoria são   o objectivo da existência de uma alma, e o mundo espiritual deve de servir para construir esse percurso.

II

O «caminho da esquerda» defende que não devemos aceitar destinos impostos por uma deidade tirânica. Especialmente os destinos e os  mandamentos que advêm de um Deus que disse: «não matarás», mas logo a seguir é responsável pelos genocídios, guerras, banhos de sangue, pragas e destruição que enviou há humanidade através dos seus anjos. O «caminho da esquerda» afirma que o destino não esta na cega subserviência e mansa resignação aos caprichos de um deus, mas antes que o destino  está nas nossas mãos, e os espíritos podem ajudar a construir esse destino.

III

O «caminho da esquerda» alega que não devemos aceitar salvações que vem em troco da resignação. Resignação é a melhor forma de um pastor guiar ovelhas a caminho de um matadouro, e nós não somos ovelhas e muito menos nos devemos sentir felizes por estar a caminho do matadouro.

IV

O «caminho da esquerda» professa que evolução espiritual não advêm do tormento, nem da perda, nem da dor,  mas sim da sabedoria.
O «caminho da mão esquerda» acredita por isso , ( ao contrario do que o seu padre da paroquia local lhe dirá), que o infortúnio não é uma bênção de Deus, mas antes que um infortúnio é apenas isso: um infortúnio. A bênção está em possuir sabedoria que nos permita sair do infortúnio, viver a felicidade e conquistar a plenitude. E os espíritos podem auxiliar nesse percurso.

V

O «caminho da esquerda» revela que o mundo espiritual actua em parceria com o mundo físico.
O «caminho da esquerda» professa assim que o mundo espiritual influencia o mundo terreno, assim como o mundo terreno influencia o mundo espiritual. As relações entre estes dois mundos, ( o mundo terreno e o mundo espiritual),  não são por isso de oposição, ( nega-se por isso o conceito de que o mundo terreno é pleno de pecado, ao passo que o mundo celestial é pleno de virtude), mas antes são relações de interacção. Tal como na natureza o elemento positivo se relaciona com o elemento negativo e da dinâmica que dai advêm nasce movimento e vida, também o mundo espiritual e o mundo físico se relacionam vão «beber» um ao outro, e nesta relação reside o próprio «motor» da criação e da existência.
O mundo físico procura «beneficiar» do mundo espiritual, assim como o mundo espiritual também procura «alimentar-se» do mundo físico.
O mundo espiritual exige evolução espiritual, mas o mundo espiritual também deseja participar nas realizações do mundo físico.
O mundo espiritual recompensará na esfera celeste aquilo que foi alcançado na esfera terrestre através da permuta de experiências e evoluções entre ambos os mundos.
O mundo espiritual interage como o mundo físico e vice-versa.
O caminho da esquerda advoga por isso que o mundo físico não é por isso pecaminoso, nem o mundo espiritual é por isso uma realidade tão virtuosa como subsequentemente punitiva da realidade física.
O caminho da esquerda crê por isso que a espiritualidade não é atingida pela abnegação, abstinência, sofrimento, dor, infortúnio  e mera contemplação,
mas antes pela carnalidade aliada á sabedoria, bem como pela felicidade aliada á força da evolução, assim como pela acção aliada ao contacto com os espíritos.

Alex Sanders, e a tradição Alexandrina do «caminho da mão esquerda»:

Alex Sanders  nasceu a 6 Junho 1926, e foi um dos mais reconhecidos praticantes do caminho da mão esquerda, sendo que a ele se deve a chamada «Tradição Alexandrina.»

Alex Sanders chamava-se na verdade Orrel Alexander Carter, ( era esse o seu nome de baptismo), e era um químico que trabalhou num laboratório em Manchester – Inglaterra, terra que o viu nascer.

Alex sanders foi iniciado nas artes da bruxaria pela sua avó. A sua avó, ( uma bruxa de vastos conhecimentos esotéricos),  treinou-o ao longo de vários anos nas artes da magia, espiritismo e vidência.
Aos 74 anos e perto da morte, a avo de Alex Sanders ensinou-lhe os rituais dos mais elevados níveis místicos, inclusive os poderosos processos de magia envolvendo rituais carnais.
Após a morte da avó, durante algum tempo Alex Sanders trabalhou como curandeiro nalgumas igreja espíritas, sob o pseudónimo de Paul Dallas.
Alex Sanders teve 2 casamentos e 4 filhos, ( 2 filhos do primeiro casamento, e 2 filhos do segundo casamento); Ao longo da vida, Sanders vagueou entre vários trabalhos, viveu uma vida por vezes polémica devido ao álcool e aos seus envolvimentos sexuais.

Aquando do final do seu primeiro casamento, a sua primeira mulher retirou-lhe os 2 filhos, proibindo Sanders de os ver. Consta que Alex Sanders lhe lançou uma maldição que funcionou com terrível eficácia.

Dizia-se que Alex Sanders praticava adoração ao Diabo, e é tambem afirmado que fundou mais de uma centena de Covens, e foi denominado o «Rei das Bruxas».

Alex Sanders estudou as artes mágicas de Abramelim, um mitico mago egípcio que deixou um legado ocultista constituído por um vasto corpo de ensinamentos de magia kabalista com os quais Sanders tomou contacto.

Alex sanders trabalhou com a sua segunda esposa, Maxine Morris,ensinando bruxaria e percorrendo o «caminho da mão esquerda».

Maxine Morris deu 2 filhos a Sanders: uma filha chamada Maya, e um filho chamado Victor.

Durante muitos anos, Alex Sanders e Maxine trabalharam a partir do seu lar na  Egerton Road North, 24- Chorlton-cum-Hardy – Manchester – Inglaterra. Diz-se que Sanders iniciou mais de 1.623 bruxas, sendo que fundou mais de 100 Covens. Foi por isso considerado o «rei das bruxas».
Sanders realizou diversos tipos de magia carnal e sexual, sendo que foi reconhecido com um dos maiores autores contemporâneos de obras esotéricas.

Sanders morreu em 1988, tendo deixado o seu título de «rei das bruxas» ao seu filho Victor.

Alex Sanders possuía um vínculo com um espírito chamado «Michael», assim como com a alma de uma bruxa que foi assassinada no sec XVII, vítima da «caça ás bruxas». Esses vínculos espirituais foram os que guiaram parte da sua vivência e trabalhos místicos.

Missas Negras


Os trabalhos de magia negra realizados através de uma missa negra são poderosos e podem ser feitos para vários fins:

- amarrar pessoas, afastar pessoas, fazer alguém desaparecer, conceder sorte e fortuna, amaldiçoar a vida de alguém, etc.

Como são realizados tais fins?

Através de «bençãos» ou «maldições».

Está escrito nos textos sagrados:


«Vede! Hoje ponho diante de vós a benção e a maldição»

Deuteronómio 11,26




Assim foi revelado que Deus colocou diante do homem as bênçãos e as maldições.·


Assim como o espírito de Deus o fez, também os outros poderosos espíritos colocam na vida das pessoas «bênçãos» que abrem portas, ou «maldições» que obrigam a certos caminhos.

As pessoas que são «alvo» do trabalho ficarão escravizadas pelas forças espirituais invocadas e serão vitimas de poderosas «bênçãos» ou «maldições», que as levarão a cumprir com o destino que lhes foi ditado .

As missas negras, invocam poderosas forças espirituais, que abençoam ou amaldiçoam alguém, com a finalidade que lhes foi encomendada.


Sobre demónios ou espíritos terrenais, Giordano Bruno escreveu que:

«Pode-se através do canto, da oração, da contemplação, expulsar os demónios da alma – ou através de praticas inversas, convoca-los»

Pois Giordano Bruno expõem que os espíritos terrenais podem ser convocados por processos inversos aos que são usados para os afastar. Se para os afastar se usa a meditação, a abstinência, a contemplação, a abnegação, logo para os invocar usam-se o prazer, o desejo, o êxtase.

Sobre a essência dos rituais de invocação desses demónios ou espíritos terrenais, assim tambem Giordano Bruno também escreveu:

« os demónios experimentam os afectos e desejos, idênticos aos que sentem os homens.
Foram eles que inventaram os sacrifícios carnais cuja a pompa e lisonja, segundo pretendem, lhes dá um prazer extremo»

Sacrifício carnal tanto se pode traduzir em sangue de animais, como em actos nos quais se oferece a carne a praticas contrárias ás da santidade.

Tais praticas apenas resultam se exercidas por quem possua poder espiritual para o fazer,
pois apenas com esses, escolheram os espíritos terrenais entrar em contacto directo.
E esses, são sacerdotes dos espíritos, a quem vulgarmente se chamam os bruxos e as bruxas.

Assim está escrito:




Trarás o sacerdote como santo, porque ele é o encarregado de oferecer o alimento ao teu Deus


Levítico  21,8




Isso significa que sacerdote é aquele designado pelo espírito para facultar-lhe alimento.

Se os sacerdotes do espírito chamado Javé no Cristianismo são os padres, ( porque esses foram os escolhidos por Deus para lhe prestar alimento), também sacerdotes são aqueles que foram escolhidos pelos espíritos terrenais para lhes prestar alimento, e a esses chamamos bruxas e bruxos.

Apenas esses, podem prestar alimento aos espíritos,e a esses os espíritos escolheram para lhes trazer as essências que lhe agradam.

Aqueles a quem chamamos demónios são na verdade espíritos terrenais, espíritos que não se elevaram á condição celestial, e são por isso , espíritos ligados ao nosso mundo terreno. São assim espíritos que por um lado são influenciados pela existência terrena, ao passo que igualmente influenciam essa mesma existência terrena de forma a nela causar o próprio néctar do seu prazer e fundamento da sua existência.

As missas negras, são uma forma de comunicação com esses espíritos terrenais, (assim como com espiritos dos mortos e entidades espirtuais elevadas, conhecidas por «anjos» ou «deuses), e são consequentemente um poderoso instrumento de alimento dos espíritos, que em troca, ao serem apropriadamente convidados pelos sacerdotes, fazem cumprir neste mundo os actos que lhes foram encomendados.

A missa negra é celebrada por um Bruxo e suas bruxas ou sacerdotisas. O cerimonial é executado no corpo nu de uma das sacerdotisas. No ritual são realizadas ancestrais invocações

Tanto o sacerdote com as sacerdotisas tem que ser pessoas com uma forte ligação ao mundo espiritual, caso contrário, como resultado da missa , sucederão desoladoras tragedias aos praticantes que executaram o ritual, ou entao ás pessoas que lhes são próximas, pois ousaram invocar forças sinistras e demoníacas sem ter meios para as controlar e receber. Por isso, apenas quando realizada por sacerdotes preparados para lidar com esse poder das trevas, pode uma missa negra resultar de verdade.


O QUE É UMA  MISSA NEGRA ? 

 A «Missa Negra» é um processo religioso que usa métodos espirituais opostos aos empregues nas «missas brancas».

A sua história remonta aos inícios da mais oculta sabedoria mística, e as suas praticas já foram celebradas em templos religiosos na antiguidade.

Na Doutrina Espírita, a magia negra é denominada enquanto a realização de "Pactos".

Os pactos são trabalhos espirituais feitos sob encomenda por pessoas que invocam o auxílio de espíritos, ( espiritos de mortos, espiritos terrenais, etc....), para produzir determinados efeitos, sendo que esses objectivos são indicados pelos seus clientes que pagam por tais serviços.

Que muitos espíritos existem, assim se atesta quando Deus é chamado «Deus dos espíritos», (Números 16,22), ou «Senhor dos espiritos»(II Mc 3,24)

Aos espíritos celestiais mais poderosos, os textos sagrados por vezes chamam «exercito dos céus»,(II Reis 2,1-6), e que esses poderosos espíritos podem permitir a pratica de magia, assim esta escrito no segundo Livro de Reis, pois através deles Manassés assim o fez.

Pois a Missa Negra é um ritual cerimonial de Magia negra, onde se convocam poderosos espíritos ,( espíritos terrenais, ou espíritos dos mortos), para com eles formalizar pedidos, tal como já era feito no antigo Egipto e nos círculos místicos das culturas hebraicas.

Missa Negra é um ritual de magia negra que se fundamenta na inversao dos metodos espirituais usados pelos rituais de magia branca celebrados nos templos cristaos, ( Igrejas), nos templos Hebraicos, ( Sinagogas), etc.

Na verdade, de cada vez que é realizada uma missa numa igreja, estão-se usando orações, velas brancas, incensos, liturgias e todo um conjunto de procedimentos que visam invocar o espírito de Deus, assim como conjurar ou anjos, ou santos, etc. Tudo isso é na verdade um ritual de magia branca.

Os Bruxos e Bruxas, trabalham através da inversão dos processos espirituais usados nos rituais de missa branca, para assim invocar espiritos poderosos e ancestrais.

A missa Negra é por isso um ritual de inversão da missa branca, e é o mais poderoso ritual de magia negra existente á face deste mundo

Se pela abstinência, pela oração, pela meditação e pela castidade se pretende invocar espíritos por meio das missas brancas; então pela acto, pela carnalidade e pelo sangue se invocam igualmente poderosos espíritos atraves de um meio oposto.

Os textos sagrados revelam em diversos textos a existência de «deuses» ou «seres celestiais» (Salmos 81,1-6; 86,8; 95,3; Génesis 3,5; 3,22; 11,6-7).Pois a magia realizada através dos cultos carnais e de sangue, tem por objectivo a invocação desses espiritos, atraves dos mais fortes meios esotéricos.

Tambem se podem por estes meios, estender convites aos espíritos dos mortos que habitam no «reino dos mortos»(Sabedoria 16,13), ou seja, o local onde residem as almas daqueles que já partiram deste mundo fisico.

Nestes rituais de Missas Negras, são por isso, conforme o caso, invocados espíritos da noite, espíritos ancestrais, espíritos de mortos e espíritos terrenais poderosos.

Apenas os Bruxos e Bruxas, com os seus conhecimentos místicos e com a sua força espiritual, possuem as chaves para proceder ás invocações que fazem tais espíritos entrar no nosso mundo físico.

Nesses rituais são realizadas libações, são efectuadas oblações, é consumada a oferenda e feitas invocações rituais secretas.

O Sangue, o álcool, os fluidos corporais , as energias emanadas de actos carnais, os incensos secretos, são substancias que agradam aos espíritos terrenais.

Como espíritos terrenais que são, ( assim como alguns dos espíritos de mortos, bem como de certo tipo de anjos caidos), são espíritos demasiadamente presos ao mundo terreno e ás essências carnais, pelo que as oferendas carnais são-lhes agradáveis, e quando conjugadas com procedimentos esotéricos adequados, são um chamamento irresistível a todo esse tipo de espíritos.

Assim invocados e atraídos, os espíritos entram neste mundo e encarnam na sacerdotisa que participa nas cerimonias, e que ali oferece e abre o seu corpo ás entidades.

Apenas um sacerdote masculino com os adequados conhecimentos místicos e a força espiritual de um bruxo, tem o poder para gerir a invocação destes poderosos espíritos, mas apenas uma poderosa sacerdotisa com o poder espiritual de uma bruxa tem a capacidade para se deixar penetrar, receber e orientar o espírito invocado. Uma mulher que nao fosse bruxa, enlouqueceria com a violencia que é a entrada de um espirito ancestral no seu corpo, e um homem que nao fosse bruxo, nao sobreviveria á presença de forças espiituais tao poderosas perto de si, que seguramente devorariam a sua mente até á morte.

Este tipo de acto, realizado por pessoas inexperientes, pode levar á loucura, ou fins trágicos, pelo que não deve de ser executado por amadores. Vários curiosos já o tentaram, e acabaram sentindo as terríveis consequências das suas «brincadeiras».

O serviço é então, encomendado, o pacto é selado com actos carnais que alimentam os espiritos, o trabalho estará outorgado.

Nas noites seguintes, pós místicos e essências esotéricas serão produzidas, e o trabalho será despachado pela mão de quem encomendou o trabalho. E assim sucedendo, os espíritos cumprirão com o serviço que lhe foi encomendado, fazendo realizar os fins solicitados.


SUCESSOS RECONHECIDOS DA MAGIA NEGRA NA HISTORIA

A Magia Negra ocorre de cada vez que um bruxo ou bruxa invoca um poderoso espírito ,(ou terrenal, ou de mortos, etc), para comunicar com ele e faze-lo produzir um determinado efeito.

A magia negra, ( invocação e contacto com poderosos espíritos ), pode ser usada para todos os tipos de efeitos com grande sucesso.

Um dos casos de sucesso mais conhecidos da historia ocidental ocorreu em 1680, quando Athenais Charente, Marquesa de Montspan encomendou ao Abade Guibourg diversos trabalhos da magia negra com o objectivo de se tornar a única mulher a partilhar a cama do rei Luís XIV.

A condensa conseguiu os seus desejos, passou a ser a unica mulher a partilhar o leito do rei e deu-lhe 7 filhos. O sucesso dos trabalhos do Abade foi esmagador, e a fama deste feito espalhou-se por todo o mundo.

A missa negra popularizou-se assim no sec XVII, com as famosas missas do abade Guibourg.
Com elas o abade concedeu favores pagos a peso de ouro a quem o procurou.

Ao longo dos tempos, muitas pessoas famosas ou de elevada condição social recorreram á poderosa magia negra que provém das missas negras, como por exemplo:

No Sec XVI, Catarina de Medici, rainha de França, participou numa Missa Negra.
No Sec XVIII, Donatien Alphonse François, executou e participou em missa negra.

Tal como foram marcantes os exemplos de pessoas famosas que realizaram missas negras, também se afirma que outras diversas personalidades ao longo da história realizaram celebrações demoníacas para fins de celebração de um pacto com o diabo.

Alguns exemplos históricos desse tipo de pacto , assim como do poder que dele derivou para quem os celebrou, são:

O ocultista Cornelius Agripa

Paracelso

Papa Leão o Grande

Papa Honorius

Papa Silvestre III

Rei Henrique III



SOBRE AS MISSAS «NEGRAS» OU CARNAIS
NA HISTORIA BIBLICA

A existência e celebração de rituais ou missas ocultas já remonta aos templos bíblicos, na antiguidade hebraica e pré-hebraica. Tais rituais onde se realizam «mistérios ocultos» em «banquetes orgiásticos com rituais estranhos», são referidos no livro da Sabedoria - (14, 23) Tal como esta ali escrito, tais rituais eram praticados com a intenção de «amarrar» pessoas e assim interferir com casamentos, ou de favorecer relações extra conjugais, ou simplesmente se alcançarem fins sexuais, ou ate mesmo para se amaldiçoar pessoas, (Sabedoria  14, 26).

Também tal como ali esta descrito, tais rituais eram praticados de forma a invocar estes fins através do «delírio» (Sabedoria 14, 28) e da «profetização». Entende-se por «profetizar» o acto de comunicar com espíritos, um processo através do qual um espírito entra num profeta e através dele realiza certas revelações, ou manifesta a sua vontade de fazer cumprir certos actos neste mundo. Claro que o «profeta» pode também pedir ao espírito com quem comunica, que actue de certa forma neste mundo, assim causando certo tipo de acontecimentos. Assim, pelo diálogo com os espíritos e através dos seus pedidos ao espírito, o profeta pode lançar bênçãos ou maldições que ajudem ou prejudiquem pessoas. Assim, está-se neste livro sagrado da Sabedoria, revelando que os bruxos por todos estes processos, invocavam forças espirituais com a finalidade de causar certo tipo de fins neste mundo. Os que realizavam tais cultos, eram os «adivinhos» e os «feiticeiros», (Isaías 2,6) sendo que os primeiros o faziam com a função de produzir oráculos sobre o futuro a quem os procurava, e que os segundos o faziam com a finalidade de fazer acontecer certos eventos que satisfizessem os desejos de quem lhes encomendava serviços espirituais.

Mas os rituais análogos aos de missa negra, ( rituais de invocação carnal de deuses e espíritos); estão igualmente descritos noutros livros sagrados, nomeadamente no II Livro dos reis.

Ali se referem as «prostituições» de Jezabel, assim como «as suas inúmeras magias» (II Reis 9, 22) Convêm aqui explicar que Jezabel era adoradora do culto de Baal, assim como frequentadora de outros cultos e templos de deuses da antiguidade.

Ate mesmo Salomão frequentou tais templos e contribuiu financeiramente para os manter.(I Reis 11, 4-8).

Nesses cultos, praticavam-se ritos de natureza carnal ou sexual para satisfazer os deuses, pois se acreditava que se a carne e sangue dos animais podia servir de oferenda aos deuses, também o corpo era instrumento de oferenda agradável aos deuses.
A tais celebrações religiosas os hebreus denominaram «prostituição sagrada», ( I Reis 14,23), pois entendiam que o acto de adoração a outros deuses era uma «prostituição», ao mesmo tempo que se tratavam de praticas carnais impuras.

No entanto, tais práticas religiosas chegaram a ser praticadas dentro do próprio Templo sagrado dos hebreus (II Reis 23,6-7), que consideravam que a deusa Aserá era a consorte de Deus, até que uma reforma religiosa encetada pelo sacerdote Helcias e o Rei Josias decretou a ilicitude de tal crença .

Tais cultos eram exclusivamente praticados por sacerdotisas, que eram «hierodulos», ou seja, sacerdotizas que eram «escravas femininas» de um certo deus.

Os hebraicos denominavam tais sacerdotisas de «qedeshoth», e era através delas que se procediam ás mais poderosas invocações espirituais.

O culto de Astarte era levado a cabo por sacerdotisas.
Quando se tratavam de sacerdotisas femininas chamavam-se-lhes «Qedeshoth», sendo que quando se tratavam de sacerdotisas masculinos chamavam-se-lhes «Qedeshim». (Deuteronómio 23, 18)
Eram estas sacerdotisas que nos templos realizavam Oráculos, tratavam da vida religiosa do santuário, assim como praticavam rituais de natureza sexual através dos quais invocavam a Deusa e lhe prestavam culto.
As sacerdotisas (masculinas ou femininas), eram escravas da Deusa, sacerdotisas sagradas do Templo da divindade feminina Astarte.

As praticas de celebração de ritos de natureza carnal eram assim realizadas por estas sacerdotisas, (femininas ou masculinos), e correspondiam a um ritual de chamamento e invocação de deuses e espíritos pelos mesmos meios que aqueles que agora são usados nas «missas carnais», que hoje em dia são classificadas de «negras» e de heréticas, mas que no passado foram realizadas em templos e de acordo com os melhores saberes religiosos.



Por outro lado, as missas de natureza carnal obedecem aos mesmos princípios de invocação de espíritos que estão descritos nos textos sagrados, ao facultar um meio de comunhão com poderosos espíritos por via da oferenda da essências que lhes são agradáveis.
Senão vejamos, pois assim Deus disse a Moises:


« Diz aos filhos de Israel que me ofereçam um tributo; aceitareis a oferta de todos os que generosamente a ofereceram»


Êxodo 25, 1


Assim fica revelado que o espírito de deus pede que lhe sejam prestados tributos.
Sendo que deus é espírito, ( Jo 4,24) ficamos sabendo que os espíritos mais poderosos pedem adoração, oferendas e tributo pela sua protecção, pela sua bênção.

Pois para executar a missa negra, ( um culto carnal, tal como ele era realizado nos tempos pré-hebraicos e hebraicos), é solicitado um tributo que é gasto na celebração e invocação dos mais poderosos espíritos.

O tributo é assim usado para produzir ou obter essências que são agradáveis aos mais poderosos espíritos, e uma das essências mais agradáveis aos espíritos poderosos, está descrita nos textos sagrados.
Pois assim se lê:


Por fim, imolou o touro e o cordeiro(…) Os filhos de Aarão levaram-lhe o sangue,
que ele derramou por todos os lados do altar


Levítico  9,18


O sangue é a vida de todo o ser vivo


Levítico  17, 14


Vou pedir contas do sangue, que é a vossa vida


Génesis  9, 5





Assim está revelado nos textos sagrados que no sangue reside a vida do corpo, e ao oferecer aos espíritos o sangue, esta-se-lhes oferendando uma essência que lhes é agradável e na qual reside vida do corpo.

«O sangue é a vida», conforme esta escrito, (Deuteronómio XII, 23), e em troca da vida do corpo físico, os espíritos facultam a protecção do espírito, da alma e a prosperidade da vida de quem com eles comunga por via dessa essência sagrada. È uma forma de comunhão com os espíritos que lhe é agradável. Por isso mesmo, assim esta escrito:


O sangue é a vida da carne,
e esse sangue eu vo-lo dou para fazerdes o rito (….) sobre o altar, pela vossa vida;
pois é o sangue que faz a expiação(...)


Levítico  17,11




Esta assim revelado neste livro sagrado, que pelo sangue consegue-se a obtenção o perdão de Deus, pois pelo sangue limpam-se os pecados e assim entra-se nas graças e bênçãos de deus.

O sangue é por isso «expiatório», e é também por isso uma forma de aplacar a cólera de deus.

Deus declara ter destinado o sangue a esse fim expiatório, e ao faze-lo, revela que o sangue possui um sentido altamente invocatório e apaziguador junto dos espíritos mais poderosos, que por esse meio concedem renovadas bênçãos a quem lhes dirige a preces e devoções.

Por isso, é instruído por Deus que o sangue seja usado em diversos rituais litúrgicos:

Derramarão o sangue por todos os lados do altar


Levítico 2,13

O sacerdote molhará o dedo no sangue da vitima, e ungirá os cantos do altar (….)
depois derramará todo o sangue na base do altar


Levítico 4,30

Molhará o dedo no sague e fará 7 aspersões na frente do véu, diante de Deus


Levítico  4, 17



Assim é tambem revelado que o sangue foi indicado por Deus como uma das mais fortes essências que se pode oferendar sobre um altar e que, exerce um poder invocatório inestimável ao seu espírito.

E sendo que conforme se pode ler no evangelho de João: «Deus é espírito» - assim fica revelado que os poderosos espíritos encontram no sangue um motivo de invocação irresistível.

Cabe ao sacerdote facultar aos espíritos o seu alimento, ou seja, oferendar-lhes as essências que lhes são agradáveis e por via das se concretiza a comunhão entre espíritos e humanos. Pois assim esta escrito:

(…)o sacerdote (…) é o encarregado de oferecer o alimento a deus


Levítico 8



Sabemos por tudo isto que «sacerdote» é por isso aquele que oferece alimento aos espíritos, e os espíritos mais poderosos tem um alimento que lhes é agradável, que é a própria essência física onde reside a vida. E oferendar vida aos espíritos, é garantir que eles facultarão vida a quem os procurou.

Nos rituais de natureza carnal, os sacerdotes usam de irresistíveis alimentos aos espíritos, de forma a invoca-los de forma incontornável. Usam-se para isso fortíssimos meios de invocação espiritual de poderosos espíritos, seja pelos rituais de carnalidade, seja pela oferenda de sangue e outras essências que são agradáveis ás entidades. Todo esse saber místico, encontra-se inscrito nos textos sagrados.

Tanto Salomão como Jezebel assistiram á existência destes cultos, e verificaram o poder que as suas praticas podiam facultar a quem as sabia exercer e delas usufruir. Salomão verificou assim o poder de outros deuses.( I Reis 11,4-8)

Salomão praticou ele mesmo tais rituais, oferencendo sacrificios, sangue e incensos em templos devotos a espiritos.




Salomão (...)seguia os preceitos de seu pai David.
Entretanto, oferecia sacrifícios e incensos nos lugares altos


II Reis 3,3




Salomao praticou magia invocatoria de espiritos nos templos dedicados a tais praticas, que pelos hebraicos eram chamados de «lugares altos».

Dessas praticas magicas, e da ancestral sabedoria,( conforme esta descrito no II Livro de Cronicas), Salomão obteve poder para se transformar num rei de riquezas imensas, como jamais outro existiu.

Outros reis hebraicos, tambem praticaram culto aos espiritos, frequentando templos e estabelecendo necromantes e magos.

Manassés(...) construiu lugares altos em honra de todo o exercito dos ceus (....) praticou adivinhação e magia (....)


II Crónicas  33,1-6



 A missa negra, inspira-se nestes saberes ancestrais que Hebreus, Egípcios e Gregos já tiveram nas suas mãos, e que ao longo dos tempos foi perseguido e tornado secreto, apenas disponível a certas ordens religiosas e a determinados

Muitos crêem que a missa negra passa pela ofensa a símbolos religiosos cristãos, e isso sucede porque hoje em dia se perderam os verdadeiros saberes que inspiravam este tipo de celebração religiosa, e se transformou este tipo de ritual numa espécie de satisfação das fantasias de pessoas religiosamente pouco esclarecidas e longe das verdades espirituais.

As missas chamadas de «negras» não se destinam a profanar a religião dos outros, mas são antes um instrumento religioso por si mesmo, de uma pratica religiosa que remota aos tempos pré-hebraicos.

De acordo com as mais ancestrais tradições pré-hebraicas, as missas chamadas «negras», são apenas e na verdade a perpetuação de cultos de invocação de espíritos através de ritos fundamentados na carnalidade. São poderosíssimos meios de magia para invocar espíritos terrenais, ou mesmo anjos caídos.

As missas são chamadas de «negras», não porque se destinam a profanar as missas «brancas», ( aquelas praticadas pelos padres), mas antes porque fazem uso de um processo de invocação espiritual oposto ao que é usado pelos padres. Os padres usam processos meramente espirituais para invocar o espírito de Deus, ou seja: velas brancas, incensos, uma certa liturgia e o poder da oração. Trata-se por isso de um culto fundamentado na oração, na meditação, na abstinência, na palavra.

O culto inverso, é um culto baseado não na palavra mas no acto; não na abstinência mas na carnalidade; não na mera oração mas na pratica; não na mera contemplação mas no êxtase. Trata-se de um tipo de celebração que se baseia no exercício de um método espiritual oposto ao praticado nas missas brancas, ( que não pretende ofender em nada a missa branca, apenas propõem uma forma oposta de invocar espíritos), e que se propõem fazer o chamamento de poderosas entidades espirituais por um caminho igualmente mais forte e poderoso, tão forte e poderoso que foi banido da religiosa pratica comum.

Fonte: conteúdo cedido por www.magianegra.com.pt

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