quinta-feira, 2 de junho de 2016

Biografia Gary L. Stewart


Gary L. Stewart, nascido a 26 de fevereiro de 1953 em Stockton, Califórnia, foi o Imperator e o presidente da diretoria da AMORC entre 1987 e 1990. Após alegações internas de desvio de fundos, foi afastado do cargo de presidente pela diretoria da AMORC. Em 10 de agosto de 1993, a AMORC solicitou ao Tribunal Superior do Condado de Santa Clara na Califórnia a retirada das acusações feitas contra ele em prejuízo dela. Em 1996, fundou uma outra organização dedicada ao Rosacrucianismo denominada Confraternidade da Rosa+Cruz (CR+C), da qual é o atual Imperator. Gary L. Stewart também é o Cavaleiro Comandante (Knight Commander) da Ordo Militiae Cruciferae Evangelicae (OMCE) e Grande Mestre Soberano (Sovereign Grand Master) da Ordem Martinista Britânica (BMO - British Martinist Order).

Atualmente, a Ordem Martinista Britânica está ativa apenas nos países de língua inglesa. As demais organizações estão ativas nos Estados Unidos, Reino Unido, Gana, Brasil, Austrália e em outros países.

Em 1990, Stewart foi removido de seu cargo de presidente da diretoria da AMORC pelo voto majoritário da nova diretoria expandida da organização e foi processado no Tribunal Superior da Califórnia com alegações de desfalque (Caso nº. 1-90-CV-700028, Rosicrucian Order-Vs-Stewart Et Al). Além de outras pessoas, o Silicon Valley Bank e o Banc Agricol i Comercial foram também acusados nessa ação. As alegações de desfalque envolveram a acusação de obtenção de uma linha de crédito de cinco milhões de dólares em nome da AMORC com o Silicon Valley Bank e a transferência de três milhões de dólares para o Banc Agricol em Andorra sem a aprovação adequada da diretoria. Stewart afirma que os fundos foram transferidos de uma conta bancária da AMORC para outra da própria instituição com o propósito de lançar a semente para formação de uma Grande Loja na Espanha. A maioria dos diretores da AMORC afirmava que o estabelecimento de uma linha de crédito e a subseqüente transferência de fundos foram feitos sem seu conhecimento. Uma transferência adicional de quinhentos mil dólares, que Stewart sustentava visar o pagamento de honorários e lançar as sementes para outros programas correlatos da AMORC, também estava sendo discutida na ação.

Stewart respondeu alegando que todas as transações bancárias haviam sido feitas adequadamente e toda documentação, incluindo a decisão corporativa para se fazer o empréstimo, havia sido devidamente assinada pelos diretores adequados. A alegação de Stewart foi apoiada pelo Silicon Valley Bank. Adicionalmente, Stewart moveu uma reconvenção que incluía alegações de malversação financeira e de desfalque por parte de vários outros diretores. Em dezembro de 1991, Stewart solicitou a retirada de toda sua reconvenção em seu prejuízo (o que significa que ele não pode propor tal ação novamente) e ela foi oficialmente retirada em 7 de janeiro de 1992.

Em 1993, a Insurance Company of North America solicitou permissão, como parte interessada, para participação na ação movida pela AMORC e para a continuação do processo, alegando fraude em seguros por parte da AMORC resultante de solicitação em outubro de 1990 de pagamento de indenização relativa a este caso. Após essa solicitação da Insurance Company of North America, a AMORC buscou ativamente entrar em acordo com todas as partes envolvidas em sua ação e Stewart foi contatado em 27 de maio de 1993. Em 10 de agosto de 1993, a ação da AMORC contra Stewart foi acordada fora dos tribunais e foi retirada pela AMORC em prejuízo dela (o que significa que a AMORC não pode propor tal ação novamente contra ele).

As ações entre Stewart e a AMORC foram acordadas fora dos tribunais e nenhuma das partes envolvidas na ação e na reconvenção foi jamais acusada ou condenada de quaisquer crimes. Não houve nenhuma decisão judicial relativa a essas ações e Stewart nunca contestou o direito da diretoria da AMORC de removê-lo, por voto majoritário, de seu cargo de presidente. A questão de se ele poderia ou não ser removido legalmente do Ofício de Imperator nunca foi considerada — nem pelos tribunais nem pelas diretrizes internas da AMORC, conforme eram definidas pela Constituição e pelos Estatutos que dirigiam a organização naquela época.

Stewart foi também processado em 1992 por Maynard Law Offices por quebra de contrato (Caso nº. 1-92-CV-720163, Maynard Law Offices-Vs-Stewart), pois estava impossibilitado de pagar os honorários advocatícios. A questão foi resolvida por conciliação naquele mesmo ano.


Uma entrevista com Gary L. Stewart
Imperator de um Movimento Rosa-Cruz,
Cavaleiro Comandante da O.M.C.E. e
Grande Mestre Soberano da Ordem Martinista Britânica
para o site da CR+C, em 9 de agosto de 2002, por Andre Rotkiewicz




P: O que o levou e quando começou sua busca da Verdade e da Luz em um caminho tradicional?

Eu tinha provavelmente cerca de doze anos de idade quando desenvolvi um interesse em assuntos místicos, embora realmente me lembre de ter tido algumas experiências e impressões interessantes muito antes dessa idade. No entanto, até os dezoito anos não tinha realmente me envolvido com nenhum grupo organizado — e isso foi com uma Loja esotérica na Bélgica. Suponho que eu creditaria àquela data — junho de 1971 — o início efetivo em um Caminho Tradicional. Foi somente em 1975 que eu me envolvi no Rosacrucianismo através de minha afiliação à AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis).

P: Como o senhor se tornou um Imperator do Movimento Rosa-Cruz?

Na minha opinião, é inapropriado dizer que me tornei um Imperator “do” Movimento Rosa-Cruz. É melhor dizer que sou um Imperator de “um” Movimento Rosa-Cruz. A palavra “Rosa-Cruz” é bem genérica em seu uso e há muitos grupos, pessoas e linhagens diferentes que podem corretamente usar a palavra para descrever sua função e/ou identidade, com relação ao Trabalho que fazem. Na minha opinião, qualquer um que tente declarar-se como sendo a autêntica ou genuína Ordem Rosa-Cruz, excluindo qualquer um ou todos os outros, está tristemente carecendo de perspicácia histórica.

Com isso dito, eu me tornei o Imperator de um movimento Rosa-Cruz que perpetuou uma linhagem passada do Dr. H. Spencer Lewis para seu filho, Ralph M. Lewis e para mim mesmo, que estava se manifestando em uma Organização chamada AMORC. A AMORC foi criada por H. Spencer Lewis em 1915 após muitos anos de preparação. De acordo com os ditames tradicionais daquela linhagem (e da maioria de outras Linhagens Rosa-Cruzes de que estou ciente), tornei-me Imperator através de seleção pessoal de meu predecessor, Ralph Lewis, para tornar-me seu sucessor após sua morte — que ocorreu em janeiro de 1987.

P: O senhor fundou a Confraternidade da Rosa+Cruz. Poderia nos falar sobre a história e os objetivos da CR+C?

Eu fundei a CR+C (Confraternidade da Rosa+Cruz) em 1996 com o propósito de perpetuar tanto as Tradições Rosa-Cruzes quanto a Linhagem do Imperator, como foram passadas para mim. Como muitos estão cientes, o Rosacrucianismo da AMORC passou por um certo tumulto que começou em 1990. Naquela época, eles embarcaram em seu próprio caminho, que se desviou tremendamente do Caminho e da Linhagem iniciais que eu estava encarregado de trabalhar. A CR+C foi formada para preservar aquela linhagem particular e para tornar disponíveis, em sua forma pura, os ensinamentos iniciais da R+C como foram apresentados originalmente.

Quanto aos objetivos da CR+C, bem… deixe-me dizer que desde a nossa formação, em 1996, embarcamos em um programa meticuloso de preparação para que cada Rosa-Cruz individualmente chegue a um ponto em que aqueles que escolham possam ajudar a CR+C a começar uma nova era de manifestação de acordo com as Regras e Códigos da R+C, conforme estabelecidas no século XVII. Haverá um encontro de todos os Illuminati da CR+C em nossa Convenção Norte-Americana em abril de 2003 para discutir e decidir este assunto. Esses encontros continuarão pelo resto do ano em Convenções em outras jurisdições, após os quais será feita uma declaração sobre a direção e os objetivos futuros da CR+C. O que direi agora sobre isso é que continuaremos a perpetuar as Regras apresentadas no Fama Fraternitatis, mas iremos adaptá-las ao século XXI, de acordo com a tradição.

P: Após vários séculos de existência do Rosacrucianismo, resta-nos hoje uma herança de muitas ordens Rosa-Cruzes, ensinamentos e várias linhagens. Esse é um cenário um tanto confuso para o leitor casual. O senhor poderia nos dar uma perspectiva de como um Movimento Rosa-Cruz, a Tradição R+C, as linhagens e as organizações Rosa-Cruzes se relacionam umas com as outras?

Na maioria dos casos, as diversas organizações Rosa-Cruzes se relacionarão umas com as outras somente no nome, o que, claro, é de pouca ajuda para o leitor “casual” na tentativa de classificar suas diferenças. Mas, se é de algum consolo, o Rosacrucianismo nunca teve a intenção de ser algo que pudesse facilmente ser classificado. Por sua própria natureza, o Rosacrucianismo pretende ser desafiador para os buscadores e elusivo para os que têm um interesse casual. Como Spinoza escreveu uma vez “todas as coisas excelentes são tão difíceis quanto raras”. O Rosacrucianismo certamente se encaixa nessa categoria.

De minha perspectiva, qualquer um que se interesse em ir ao encalço de um Caminho Rosa-Cruz deve tomar a iniciativa de classificaras diversas opções disponíveis a ele e escolher uma que esteja de acordo com suas próprias convicções interiores e com os ditames de sua própria consciência. Como regra prática geral, o Rosacrucianismo diz respeito a direitos humanos e liberdades básicas, com a liberdade de inquirição e a verdade no topo da lista. Ele diz respeito a encorajar e ajudar os indivíduos a desenvolverem todos os aspectos de seu ser — mental, físico e espiritual — de acordo com sua própria personalidade e intenções. Diz respeitoà evolução do Espírito e ao desenvolvimento de atributos místicos aprimorados. Não diz respeito nunca a seguir a liderança de outro à exclusão pela perda da própria identidade e das metas pessoais; não diz respeito a recitar doutrinações dogmáticas; nem a nada que possa ser ofensivo às sensibilidades próprias de cada um. Em resumo, o Rosacrucianismo diz respeito à Verdade e a Verdade por sua própria natureza diz respeitoà liberdade — uma liberdade responsável, mas liberdade, apesar de tudo.

Então, deveria, ou melhor deve ser deixado a cargo do indivíduo encontrar uma organização ou linhagem Rosa-Cruz que melhor se adapte a suas própria personalidade, interesses e intenções. Em minha opinião, uma busca não deveria ser de outra forma. Há várias boas organizações lá fora e encorajo qualquer um que esteja procurando se tornar um Rosa-Cruz a aprender o máximo possível sobre cada uma em que esteja interessado. Se as respostas procuradas não estiverem prontamente disponíveis , então o buscador deveria perguntar — e esperar uma resposta apropriada.

P:O que fez o Rosacrucianismo sobreviver como uma cultura tradicional viva através dos últimos vários séculos?

Sua focalização inabalável em seus objetivos e a confiança nas liberdades básicas para alcançar tais objetivos. Uma coisa interessante sobre o Rosacrucianismo é que, quando aqueles objetivos se tornam nebulosos, o Movimento em si parece passar por uma transformação. Talvez por isso haja tantas linhagens diferentes existindo hoje.

P:Como o senhor determina um Rosa-Cruz?

Por suas ações e obras. Se aquelas ações e obras forem compatíveis com o espírito do Rosacrucianismo, então aquele que conscientemente escolheu se tornar um Rosa-Cruz pode ser identificado como sendo um.

P:O que faz de uma Ordem Rosa-Cruz uma genuína Ordem R+C?

Acho que a palavra “genuína” tem sido posta demasiadamente no ridículo no que diz respeito ao Rosacrucianismo. Entretanto, com isso dito, acredito que você aplicaria os mesmos padrões a uma Ordem que a um indivíduo. Sendo isso através de suas ações e obras. Não meça as alegações, meça as realizações. E no processo de medir as realizações, meça também como aquelas realizações foram alcançadas e assegure-se de que elas são compatíveis com uma ética que reflete o espírito Rosa-Cruz.

P:O senhorpode compartilhar alguns pensamentos sobre os ensinamentos da CR+C e que abordagem eles adotam com relação à busca espiritual dos estudantes.

Os ensinamentos da CR+C são planejados para ajudar na busca espiritual do Rosa-Cruz. Eles não são um plano dogmático de um processo passo a passo, mas um guia que é adaptável à personalidade do indivíduo e à maneira de atingir sua meta. Eles realmente incluem uma quantidade enorme de exercícios e experimentos para ajudar a alcançar aquelas metas, assim como muitas sugestões que podem ser de ajuda, mas o que deve ser compreendido é que a melhor ferramenta de aprendizagem do Rosa-Cruz é aquela da autoconfiança e é nesse espírito que os ensinamentos da CR+C são escritos e apresentados.

P:Sendo o Imperator de um Movimento Rosa-Cruz, o senhor pode nos contar sobre o papel e a perpetuação do Ofício do Imperator?

O papel do Imperator é aquele de guardião e perpetuador da doutrina, do ritual e da tradição Rosa-Cruz. O Imperator é responsável por assegurar que todos os problemas envolvendo esses aspectos sejam corretamente manejados e expressados. Também, no que diz respeito à área de mudanças e atualizações da doutrina etc., o Imperator é aquele que deve fazer esse trabalho. Embora deva acrescentar que o Imperator não pode fazer mudanças arbitrárias etc.. Ele ou ela está atado aos juramentos que fez quando se tornou um Imperator e deve trabalhar dentro daquela tradição. Isso ajuda grandemente a manter puro o Caminho R+C e é uma das razões pelas quais a seleção do Imperator é feita por seleção pessoal do Imperator anterior, e por que a posição é uma indicação ad vitum. Isso leva em conta a continuação consistente e o treinamento apropriado de um sucessor.

Quanto à perpetuação do Ofício do Imperator, é como eu disse; um ofício vitalício preenchido por um sucessor escolhido. Isso assegura que o indivíduo escolhido não fará mudanças arbitrárias, é apropriadamente treinado e irá trabalhar dentro dos parâmetros do Ofício.

P:Parece que a Tradição R+C está sempre se expressando e se adaptando ao fluxo do tempo e às condições existentes. O senhor poderia nos dar um exemplo dessa adaptabilidade na história Rosa-Cruz?

Um bom exemplo disso é a adaptação da metodologia do século XVII àquela do século XX (o sistema do século XVII continuou mais ou menos bem para dentro do século XIX). Enquanto o sistema de ensinamento do século XVII se baseava pesadamente em decifrar imagens alegóricas conhecidas como“pranchas” ou “arcanos”, relacionados principalmente a textos alquímicos e a outros símbolos, o formato do século XX foi simplificado em explicações, exercícios e experimentos que se aprofundavam no desenvolvimento de qualidades místicas e intuitivas dentro do indivíduo. Entender alegoria e símbolos ainda tem um papel muito importante no Rosacrucianismo de hoje, mas não é o único papel, como era no passado.

Quanto ao futuro, como disse, haverá logo uma outra adaptação, mas ainda de acordo com nossas Regras iniciais, como expressado em nossos Manifestos de fundação do século XVII.

P:O senhor acredita quea geração de hoje do Rosacrucianismo vive à altura dessa virtude de adaptabilidade e assim consegue lidar com os desafios de nossos tempos?

Eu só posso falar com autoridade pela CR+C e, nesse caso, sim, muito definitivamente. É minha opinião que em muitos outros grupos R+C dos quais estou ciente, que alguns deles também são bastante adaptáveis. Com isso dito, também acho que há algumas organizações que estão criando problemas desnecessários para si mesmas e, portanto, provavelmente não se qualificariam a esse respeito, mas isso não é realmente para eu comentar.

P:No passado, houve uma tentativa bem-sucedida de um grupo de várias ordens esotéricas de criar uma organização (chamada F.U.D.O.S.I.) para proteger e promover as tradições autênticaspara o público daquela época. Eles estavam de certo modo dando um selo de aprovação para as ordens existentes. Eu me lembro que a AMORC recebeu carta patente da FUDOSI nomeando-a com certos símbolos e documentação. Como a Tradição R+C, ou qualquer tradição esotérica, vê tal conceito de “autenticação” da ordem?

Eu acho que é uma idéia muito nobre e respeitável um grupo de organizações se unir com o expresso propósito de controle de qualidade nos campos do esoterismo, ocultismo e misticismo. No entanto, e estou provavelmente na minoria com esta opinião, não acho que isso tenha realmente sido feito antes. Em qualquer ocasião que um grupo se una com o propósito declarado de proteger e promover tradições “autênticas”, duas coisas se tornam obviamente aparentes para mim. Primeiro, que há uma pressuposição de que as partes interessadas sejam tradições autênticas. Embora sua meta fosse examinar prováveis tradições, ainda não em seu grupo, e fazer uma avaliação de suas descobertas sobre a “legitimidade” daqueles grupos, não havia controle para medir a legitimidade da Ordem fundadora. Aquela autenticidade era pressuposta em virtude de se estar fundando uma organização fiscalizadora. Em segundo lugar, torna-se aparente que tal organização deva necessariamente se tornar exclusiva em sua natureza o que, em minha opinião, é fundamentalmente contrário ao trabalho tradicional que fazemos. Por exclusiva, não quero dizer protetora de nossas tradições, o que é muito importante, mas mais exatamente, fechada e crítica de outra (organização) baseando-se em uma noção preconcebida e a seu serviço. Infelizmente, em minha opinião, baseada em muitos anos de pesquisa, incluindo discussão com várias partes envolvidas, cheguei à opinião de que a FUDOSI se incluiu na última categoria. Desnecessário dizer, a AMORC e H. Spencer Lewis foram parte da estrutura de fundação da FUDOSI e é caso defensável que a AMORC foi a motivadora por trás de sua formação com os propósitos de:

Estabelecimento de uma dominância na América do Norte e em outros lugares do trabalho Rosa-Cruz e,
Uma tentativa de resolver a disputa Clymer e as muitas outras ações judiciais em que a AMORC esteve envolvida de 1918 a 1939.
Os efeitos da FUDOSI são muitos e certamente resta muito interesse naquela organização, especialmente no que diz respeito à questão da “autenticação”. O que muitas pessoas não percebem é que houve constantes disputas internas entre os membros da FUDOSI que culminaram em sua dissolução em 1951.

Seja como for,não acho que a Tradição Rosa-Cruz ou qualquer tradição esotérica para esse propósito precise de autenticação da forma como foi sugerida. Uma vez mais, meça o valor de uma Ordem por suas obras e confie na epistemologia e nos métodos do caminho esotérico para expressar sua história e linhagem acima da produção de cartas-patente e documentos de fundação. O assunto lida com dois mundos completamente diferentes. Por que comprometer um pelo outro?

P:O senhor também ocupa o ofício de Cavaleiro Comandante da O.M.C.E. e o ofício de Grande Mestre Soberano da Ordem Martinista Britânica. Tendo uma fundamentação tradicional tão profunda, como vê o trabalho futuro das tradições esotéricas na medida em que elas todas se esforçem para trabalhar rumo a um objetivo comum? Há lugar para uma cooperação mais próxima entre elas?

Há, definitivamente, um lugar para cooperação entre todas as organizações esotéricas, ocultas e místicas, considerem-se elas Rosa-Cruzes, Martinistas ou qualquer denominação que escolham. No final das contas, nós estamos todos tentando atingir as mesmas metas — a elevação e a evolução espiritual de toda a humanidade. Para alcançar essas metas, nós todos precisamos trabalhar em conjunto uns com os outros.

P:Em um comentário final, o que o senhor vê no futuro do Rosacrucianismo?

Eu tendo a ver o Rosacrucianismo como um fio que tece seu caminho através da história e para dentro do futuro. É como o véu da Natureza, sempre presente, mas devendo-se ver através dele para se ver adequadamente. Nisso, mantém aquela propriedade, sempre estará presente, mas algumas vezes escondido, esperando para ser redescoberto. Mas quando descoberto, continua de onde parou. Seu futuro? Um efeito muito profundo na humanidade, e não obstante sutil — justamente como no passado.

AR: Quero agradecê-lo por seu tempo para dar esta entrevista. Creio que os visitantes do site da CR+C se beneficiarão de seus pensamentos e percepções sobre o Rosacrucianismo e sobre assuntos esotéricos em geral.

Proclamação proferida pelo Imperator por ocasião do Ritual de Ano Novo
Rosa-Cruz executado durante a Primeira Convenção da CR+C no Brasil
em 22 de Março de 2003.

‘Irmãos e Irmãs,

Através dos séculos, a Ordem tem sido testemunha de quase todo esforço humano imaginável de ser concebido. Vimos a ascensão e a queda de sociedades e impérios, de ideologias filosóficas e políticas, de revoluções tecnológicas e industriais, de ações humanas que glorificam nossos atributos dados por Deus e outras ações que envergonharão esses atributos.

Verdadeiramente, como uma raça, somos pessoas diversas capazes de alcançar qualquer potencial ou executar qualquer ato. Individualmente, esta capacidade é também um truísmo e, se os motivos forem espiritualmente puros, nossas realizações são adicionadas à riqueza da evolução humana. Contudo, se esses motivos forem questionáveis, o efeito então sobre a civilização é aquele do apoucamento de nossos objetivos.

Compreensivelmente, as características de causa e efeito da influência individual variam de acordo com o potencial para influenciar de cada um — ou assim pode parecer. Mas, não é verdade que as conquistas de civilizações inteiras originaram-se nos sonhos de um único homem? Talvez aquele único homem tenha sido influenciado pelos resultados das ações de seus antepassados e pelos desdobramentos comportamentais de uma única sociedade, mas apesar disso, Alexandre, o Grande, Átila, o Huno, Gengis Khan e incontáveis outros foram bem-sucedidos onde todos os outros falharam. O que eles sabiam que outros não sabiam? O que eles não sabiam que levou suas ações a se manifestar na forma de guerra e destruição?

Eu acho que a fórmula é simples e é muitíssimo adequadamente expressa nas palavras do autor e soldado britânico T. E. Lawrence:

 “Todos os homens sonham — mas não igualmente. Aqueles que sonham à noite, nos recessos empoeirados de suas mentes, acordam pela manhã para descobrir que o sonho foi ilusão. Mas os que sonham durante o dia são homens perigosos, pois podem desempenhar seus sonhos com os olhos abertos e torná-los possíveis. Isto eu fiz”.

 Os homens que inspiraram conquistas, os homens e mulheres que, através de seus sonhos e ações, inventaram, produziram, escreveram, estabeleceram, curaram, ajudaram, e receberam orientação espiritual, foram todos indivíduos que ousaram não apenas sonhar, mas agir naqueles sonhos com volição confiante.

O que foi que o ativista americano para direitos humanos Martin Luther King Jr. disse? “Eu tenho um sonho...” Pode ser verdade que ele, como indivíduo, não esteja mais conosco, mas não é mais verdade que seu sonho está mais vivo do que uma única vida em si mesma? Não vemos hoje os resultados das ações de Lawrence?

O que fez essas pessoas diferentes de todas as outras? É simples: elas escolheram empreender uma ação decisiva. Seus sonhos não eram apenas deles. Seus sonhos eram compartilhados e compreendidos por muitos — mas esses muitos nunca escolheram agir sem liderança.

Por que ocorre que os sonhos de alguns resultam em destruição e manifestam os atributos mais desprezíveis da vida humana? Como pode alguém com tantas nobres qualidades e visível confiança contribuir para características humanas degeneradas? Novamente, acho que a fórmula é simples e pode ser resumida em uma palavra: motivo.

Todos temos a capacidade de escolher e devemos todos escutar os argumentos conflitantes que lutam dentro de nosso ser. Mas em última análise, ao final, nós escolheremos. Se nossa escolha for aquela da ganância, então nossas ações servirão para degradar a condição espiritual humana. Mas se nosso motivo for servir, então nossas contribuições glorificarão nossa espiritualidade e nossas ações se manifestarão como indispensáveis.

É assim simples. Nós nos permitimos a ousadia para sonhar, escolhemos nosso motivo e prosseguimos para executá-lo. No que diz respeito a mim, posso não ter a habilidade — o que realmente não importa — mas tenho a ousadia e fiz minhas escolhas. O que você fará?

Sim, o Movimento Rosa-Cruz tem sido testemunha de quase todo esforço humano imaginável de ser concebido. Existimos em terras devastadas pela guerra, servimos em tempos de paz e prosperidade, fomos perseguidos e até mesmo experimentamos o conflito interno da guerra civil forjada pela escolha do motivo.

Contudo, apesar de tudo o que vimos e fizemos através dos séculos como raça humana, o Movimento Rosa-Cruz ainda está aqui. Neste momento em particular, não estamos apenas aqui, estamos celebrando um novo ano de nosso Trabalho e instalando novos oficiais para liderar em nosso objetivo de ajudar a manifestar a Luz de Deus. Este fato diz tudo. Este fato nos diz que, como um Movimento, ainda estamos florescendo e escolhemos agir com a pureza de motivo que emana de nossos sonhos.

À medida que partilharmos dos elementos em nossa celebração, devemos, cada um de nós, fazer um voto de renovação de nosso objetivo. Devemos, cada um de nós, redespertar nossos motivos e reconfirmar que eles sejam puros. Devemos agir com a confiança de nosso serviço e nos relembrarmos do processo iniciático severo que nos trouxe até este ponto. Somente quando soubermos disto em nossos corações, poderemos verdadeiramente sonhar nosso futuro e incumbir nossos oficiais de liderar no estabelecimento de nossa visão.’

Nos laços da Paz Profunda,

Gary L. Stewart
Imperator
CR+C

Confraternidade da Rosa+Cruz

 A CR+C é uma ordem fraternal não sectária de homens e mulheres que buscam a harmonia consigo mesmo e com seu meio-ambiente através do estudo, investigação e aplicação prática das leis naturais e espirituais.

A CR+C preserva e perpetua a Tradição Rosa-Cruz sob a linhagem e autoridade espiritual do Imperator Gary L. Stewart, oferecendo os Ensinamentos Rosa-Cruzes originais preparados nas décadas de 1920 e 1930 por Harvey Spencer Lewis, pai de Ralph Lewis e primeiro Imperator para o segundo ciclo de atividades da Ordem na América, conforme lhe foram transmitidos por seus Iniciadores.

Os Ensinamentos Rosa-Cruzes da CR+C são um sistema estruturado de estudo e iniciação planejados para guiar os membros em sua busca de conhecimento do ser e para também guiá-los na compreensão das leis naturais e espirituais.

Os estudos da CR+C são estruturados em uma série de Graus onde cada Grau é construído sobre o anterior. Os ensinamentos são enviados aos membros na forma de lições semanais chamadas monografias e embora existam Cerimônias a serem executadas privativamente pelos membros em seus lares, os Rituais Iniciáticos para os Graus de Templo são conduzidos apenas nos Templos Rosa-Cruzes em Lojas ou em encontros especiais tais como nas Convenções da Ordem.

O Movimento Rosa-Cruz

O Movimento Rosa-Cruz, cuja atuação foi exteriormente conhecida na Europa a partir do século XVII, utiliza-se sempre de um veículo objetivo que seja capaz de preservar e transmitir a verdadeira Iniciação nesta senda particular, conforme a Fonte da Tradição.

Em cada época de sua existência, a Ordem se manifesta e opera como uma entidade diferente em relação às necessidades aparentes em cada ciclo. A Tradição, sendo uma manifestação do Movimento, se adapta ao fluxo do tempo. Isto, por sua vez, guia cada Rosa-Cruz individualmente a fazer seu Trabalho dentro de seu meio ambiente e de acordo com a Tradição.

Tradição e Linhagem

A CR+C preserva e perpetua a Tradição Rosa-Cruz conforme especificamente estabelecida no início do século XX e também conforme o Movimento Rosa-Cruz em geral dos séculos passados. Para executar essa tarefa com êxito, há necessidade de se manter sempre o equilíbrio entre a Tradição e o Movimento com adesão estrita às leis que governam a sua operação e a sua existência. A manutenção desse equilíbrio é confiada a um Imperator do Movimento, que, sob muitos aspectos, serve como um guardião do mesmo.

Uma palavra sobre o Ofício do Imperator

O Imperator é o dirigente tradicional e iniciático do Movimento Rosa-Cruz. Ele ou ela é sempre, sem exceção, escolhido pelo seu predecessor em virtude de seleção pessoal e deve assumir promessas solenes com aquele que o escolheu e também com o Movimento Rosa-Cruz. Na ocasião da morte do Imperator, o novo, que foi previamente escolhido, deve ser ritualisticamente instalado por uma pessoa também previamente indicada pelo Imperator precedente. Tal pessoa pode instalá-lo pessoalmente ou dirigir a sua instalação.

Cada Imperator transmitirá, a ele ou a ela, sinais pessoais, símbolos, e documentos de seu predecessor, os quais permanecerão como posse pessoal do novo Imperator até que seja hora de transmitir esses itens ao sucessor que for escolhido.

A Afiliação à CR+C

A afiliação à Confraternidade da Rosa+Cruz é aberta a todos os homens e mulheres com mais de dezoito anos que queiram se desenvolver e Servir à Humanidade e pode ser solicitada por indivíduos que expressem um interesse sincero na tradição R+C de estudo esotérico.

Os Ensinamentos da CR+C já estão disponíveis em português.

MONOGRAFIA INTRODUTÓRIA

Esta é a primeira monografia de uma série que inclui os estudos Rosa-Cruzes Tradicionais desde os Graus de Neófito até o Nono Grau do Templo e também os Graus do Illuminati e da Hierarquia. Esses estudos são oferecidos a todos os membros da CR+C. O texto a seguir responde perguntas relativas à história, aos ensinamentos e aos objetivos da Confraternidade da Rosa+Cruz.



Todo o material aqui contido está com os Direitos Autorais Registrados por Gary L. Stewart, Imperator, e não pode ser reproduzido por quaisquer meios sem o expresso consentimento por escrito do possuidor do Direito Autoral.




Irmãos e Irmãs,

A maioria de vocês, neste momento que escrevo, está mais que suficientemente familiar com o termo Rosacrucianismo e o que ele significa para vocês individualmente e para a humanidade em geral. Com o tempo, nós, como maioria, deveremos diminuir em número e sermos substituídos por novas gerações de Rosa-Cruzes. Deveremos nos tornar uma memória na história tanto quanto nossas aflições e nossos sucessos. Assim tem sido sempre e deveria sempre ser. Devemos estar constantemente cientes de que aquilo que conseguirmos hoje como Rosa-Cruzes deverá influenciar os sucessos (ou as falhas) de nossos irmãos e irmãs no futuro.

Para aqueles que estão entrando agora na corrente do Rosacrucianismo, nosso Trabalho, nossa história, e nossa existência lhes dão as boas-vindas pela sua busca. Se nada mais, é pelo menos nosso desejo sincero que aprendam a reconhecer a Verdade inerente dentro de seu ser e saibam que não precisam nunca olhar para fora de si para descobrir a Verdade inata dentro das maravilhas de Deus e do universo. Vocês não precisam nunca se afiliar a qualquer organização, religião, ou seguir a liderança de qualquer indivíduo para saber o que quer que procurem saber. Sua própria confiança na sua busca, unida aos ditames de sua própria consciência são as únicas ferramentas fundamentais necessárias ao sucesso. Tudo o mais é questão de escolha preferencial.

Dessa forma, os Rosa-Cruzes escolhem livremente serem Rosa-Cruzes, não somente porque acreditem que a Ordem vá apenas ditar ou ensinar princípios místicos ou esotéricos. Antes, eles se afiliam porque sentem dentro de si o impulso para compartilhar e para se tornar parte de um antigo movimento dedicado à livre expressão da Luz. O Rosa-Cruz vive a sua escolha.

Esta é, simplesmente, a mensagem dos Rosa-Cruzes. Nossa Senda é tão fácil de ser seguida quanto lhes é seguir as convicções de sua própria integridade. Nossa Senda fica comprometida somente se vocês comprometem essa integridade e O SEU sucesso ou sua falha será determinado somente pelos obstáculos que vocês colocarem diante de si ou pela facilidade com a qual os removerem.

Um Rosa-Cruz é alguém que livremente aceita responsabilidade e que também livremente assume a responsabilidade de servir e de trabalhar para a iluminação de todos. Um Rosa-Cruz é aquele que livremente partilha com sabedoria o que sabe e o que procura. Um Rosa-Cruz é alguém que não julgará os outros em virtude de crença religiosa, sexo, preferências pessoais, nacionalidade, ou inteligência. Mais apropriadamente, um Rosa-Cruz é alguém que avaliará uma outra pessoa baseando-se em sua motivação, ação, e obra.

Tradicional e historicamente, o Rosa-Cruz e também o Movimento Rosa-Cruz lutam incansavelmente pelo estabelecimento e pela perpetuação da liberdade — a liberdade de mente, espírito e alma. Buscamos conhecer a verdade e buscamos dividir o que sabemos e aprender com aqueles de mentes e corações abertos que são sinceros e responsáveis para com a sabedoria que concedemos.

Censuramos os ignorantes e arrogantes que buscam controlar as liberdades de outrem através de métodos fraudulentos — sejam eles evidentes ou sutis. Censuramos aqueles que mentem, enganam, ou roubam por qualquer motivo e especialmente aqueles que se comportam de forma a alcançar seus próprios objetivos sem pensar nos outros e na Senda da Luz. Acreditamos que essas pessoas sejam escravas desencaminhadas das trevas que somente agem porque insensatamente entregaram o espírito de sua liberdade a outrem, ou a um ideal de propósito e objetivo menos nobres. Talvez tenham agido influenciados pelo engano, ou talvez tenham agido com intenção maligna... Não é nosso propósito discutir as causas. Antes, é nosso propósito corrigir os efeitos, não necessariamente pela revolução, mas, em vez disso, através de nossa harmonização pessoal e coletiva com a Luz e através da ação do Serviço que essa Luz inspira.

O que é então um Rosa-Cruz? É aquele que busca ser um adepto da Luz — não meramente porque goste da idéia. Mas antes, porque percebe e conhece a necessidade.

O que é que ensinamos? Fundamentalmente um conhecimento baseado na experiência de várias manifestações da existência que transcendem os reinos físico e material, com os quais estamos mais familiarizados. Ensinamos métodos que ajudarão o indivíduo a aumentar suas perspectivas e atitudes com o propósito de despertar para e de compreender os chamados aspectos “desconhecíveis” de nossa existência. Todos nós já sentimos aqueles aspectos que vêm até nós em sonhos especiais, intuições, ou introspecções. O nosso propósito de ensino é auxiliar as pessoas a acentuar essas experiências de forma a torná-las viáveis e aplicáveis em suas vidas cotidianas.

Nossos ensinamentos transcendem as técnicas freqüentemente popularizadas por muitos aspectos do que é muitas vezes conhecido como a Nova Era. Nós ensinamos técnicas que transcendem o que é conhecido como assuntos ou habilidades “psíquicas”. Nossa realidade é a profundidade do saber esotérico... das realidades do despertar místico.

UMA PALAVRA SOBRE A HISTÓRIA ROSA-CRUZ

O nome Rosa-Cruz   na verdade originou-se de níveis de uma fonte não tão óbvia — todos os quais possuem suas origens no Latim. Em seu uso público mais externo como também no uso ensinado aos Rosa-Cruzes do início deste século, por uma razão necessária e muito boa, o nome derivava do Latim: “rosae” e “crux” popularmente traduzidos para “rosa-cruz”. A Rosa-Cruz tornou-se então o símbolo dos Rosa-Cruzes cujo significado simbólico particular será explicado mais tarde em nossos ensinamentos.

Tradicionalmente, a cor da rosa é a vermelha. O significado da cor vermelha como aplicada ao nosso símbolo, também será explicado mais tarde em nossos ensinamentos. Contudo, por agora é suficiente dizer que um erro um tanto comum na especificação de nosso nome tem sido perpetuado por aproximadamente 400 anos. Com freqüência, temos sido erroneamente considerados como pertencentes à Ordem da Cruz Rosada. Uma cruz rosada é uma cruz de cor rosa. Por outro lado, uma Rosa Cruz é uma cruz sobre a qual é colocada uma rosa. Se você observar, o significado é bem diferente e devemos ser cuidadosos para não confundi-los.

Para compreender o Rosacrucianismo, deve-se também compreender o temperamento Rosa-Cruz e o senso de autopreservação. No século dezessete quando inicialmente o movimento Rosa-Cruz começou a se tornar popular e influente como uma força protetora para a manutenção das liberdades básicas, muito foi feito pelos inimigos da Luz para suprimir aquela força. Os métodos públicos de supressão não preocupavam tanto os Rosa-Cruzes como as táticas e métodos subversivos utilizados. Entre os anos de 1618 e 1625 existiram aproximadamente 20.000 publicações direta ou indiretamente relacionadas com o Rosacrucianismo publicadas por admiradores externos que desejavam apoiar o movimento ou, na maioria dos casos, por inimigos tentando subvertê-lo e desacreditá-lo através da publicação de alegações absurdas. Como forma de identificar e expor esses inimigos, escritores Rosa-Cruzes autênticos começaram a fazer referências à “Cruz Rosada” como forma de proteger o verdadeiro símbolo e O SEU significado. Sabiamente, os iniciados entenderiam o código enquanto que os não-iniciados discursariam sem o conhecimento. Apenas como curiosidade, entre os anos de 1598 e 1775, somente 14 trabalhos Rosa-Cruzes autênticos foram publicados quer na forma de livro, tratado ou manuscrito. Compare isto com as 20.000 referências feitas em meros sete anos! É de se admirar que a nossa história e herança sejam tão confusas?

No final do século dezenove, o termo Cruz Rosada tinha se tornado bastante popular entre escritores e historiadores do Rosacrucianismo e a maioria daqueles que usavam esse termo teve sucesso somente em se identificar como alguém fora do Movimento.   O mais notável nessa categoria é o autor Arthur Edward Waite. Não obstante, seus livros sobre o assunto, embora difíceis de serem lidos em função de seu estilo, são em geral corretos e valem a pela serem lidos por aqueles que se interessam por nossa história.

Nosso primeiro Imperator, H. Spencer Lewis, freqüentemente usava o termo Cruz Rosada até mesmo dentro de nossos próprios ensinamentos. Você deveria estar ciente de que ele fazia isso intencionalmente pelas mesmas razões que as dos primeiros Rosa-Cruzes do século dezessete. Isto é, para ajudar a proteger a santidade de nosso símbolo. Durante a primeira parte deste século (como também na última parte) existiam muitos inimigos do Rosacrucianismo, muitos dos quais se afiliaram à AMORC, a organização fundada pelo nosso primeiro Imperator, por razões de subversão ou ambição. Ambição de conseguir a palavra escrita para fundar suas próprias organizações para seus próprios objetivos. Notavelmente, isso aconteceu muitas vezes, mas em função da percepção interior de H. Spencer Lewis, somente as palavras foram roubadas e nunca a Tradição.

Atualmente, como resultado do trabalho de H. Spencer e Ralph Lewis, o Movimento Rosa-Cruz está firmemente estabelecido como uma tradição mantida no Ofício do Imperator fazendo com que não seja mais necessário esconder o verdadeiro significado e origem de nosso nome e de nosso símbolo.

A cruz de ouro de braços iguais sobre a qual é fixada uma rosa vermelha é o nosso símbolo exterior. Ele é adequadamente conhecido como a Rosa-Cruz. Não tem qualquer identificação ou conotação religiosa; mais apropriadamente, identifica a manifestação exterior do Movimento Rosa-Cruz e também uma interpretação simbólica do processo iniciático pessoal de cada e de todo indivíduo.

Contudo há uma interpretação mais profunda. Essa interpretação mais profunda é a origem exata de nosso nome e descreve o processo que o Movimento Rosa-Cruz (não apenas um Rosa-Cruz individualmente) deve suportar para se estabelecer como uma força viável de Luz nos reinos material e esotérico.

Toda manifestação existe em virtude de um processo... uma continuidade de existência eterna que não conhece nem começo nem fim. Este processo deve ser de transcendência e transformação que nunca permite estagnação ou deterioração grosseira. Ele deve sempre se refinar e se melhorar e, periodicamente desprender a aparência de sua pele exterior e a densidade de sua expressão material. H. Spencer Lewis se referiu a este processo cedo em seus escritos como o ciclo de 108 anos e mais tarde aludiu a ele nos graus numericamente superiores, referindo-se de forma alegórica à bem conhecida analogia da relação necessária entre Judas e Jesus. A sua alusão era para explicar a necessidade de um catalisador para induzir a mudança e a transformação necessárias.

O nome “Rosa-Cruz”, visto de uma perspectiva iniciática, deriva das palavras latinas: “ros” e “crucis” e elas constituem a verdadeira origem de nosso nome. O fato de se originar do Latim também estabelece uma data para nossa história.  

O processo de nossas origens é de natureza alquímica —alquímica no sentido espiritual, não material. Ele identifica um processo de refinamento e transcendência para um estado mais desenvolvido não diferente do processo individual da noite negra e do áureo alvorecer. Ros é a palavra latina para “orvalho” e em termos alquímicos, o “orvalho” é a pureza da essência refinada através dos processos transcendentes de se trabalhar o poder do vitríolo em sua mais alta condição. “Ros” é o resultado aperfeiçoado de uma existência mais grosseira.  

Crucis descreve os atributos necessários para que o processo de transformação se manifeste. “Crucis” foi um instrumento Romano de tortura transformado em um símbolo sagrado pelos primeiros fundadores da Cristandade. Os cristãos dizem que Jesus foi torturado, morreu na cruz e sacrificou sua vida para que a alma humana fosse salva.

Nosso interesse aqui não é pelo simbolismo ou pelas conotações religiosas, pois na verdade todo grande profeta ou Salvador de cada religião passou por uma experiência similar pela mesma razão. É nessa razão que estamos interessados e essa razão é um PROCESSO de transformação de um estágio inferior para um superior.  

O sacrifício, representado pela cor vermelha, é a natureza da “crucis”. A condição de sacrifício, de dar O SEU ser pelo propósito do desenvolvimento maior é que constitui o processo. Não é por nós mesmos a razão principal pela qual buscamos a verdade. Buscamos a Verdade para que TODOS possam ser livres para seguir a Senda da Luz. Isto, irmãos e irmãs, é o maior sacrifício e a qualidade mais difícil que devemos aprender. Esse processo é a origem de nosso nome.

Aqueles que nunca se sacrificaram ou aprenderam o processo podem temê-lo. Mas aqueles que o compreendem nunca o temerão.

Lembrem-se de nosso nome e de seu significado.

UMA PALAVRA SOBRE NOSSOS ENSINAMENTOS

Bem cedo em nosso sistema de monografias, serão oferecidas informações específicas a respeito de como nossos ensinamentos são apresentados, recomendações sobre qual nós acreditamos ser a melhor maneira de estudar, e assim por diante. Minha intenção aqui não é a de apresentar agora o nosso sistema. Antes, eu quero dizer algumas palavras sobre as origens de nossos ensinamentos e o que você pode esperar receber como membro da Confraternidade da Rosa+Cruz (CR+C).

Mencionei anteriormente nesta monografia que havia muito poucos escritos Rosa-Cruzes autênticos comparados à quantidade de referências disponíveis. Interessantemente, os escritos autênticos dizem muito pouco com relação aos assuntos doutrinários ou à sua fonte. No máximo, tais referências são veladas e para compreender corretamente essas referências, deve-se ter uma forma de ver através desse véu de obscuridade colocado intencionalmente.

Em outras palavras, se você não tiver a chave que somente é fornecida através da iniciação, tudo o que terá (assumindo que consiga encontrar os documentos autênticos) serão alguns “bonitos” esboços simbólicos, muitas referências alegóricas, e muitas explicações alquímicas, todas as quais bastante penetrantes e que podem conduzir a uma rara iniciação ao se meditar sobre elas... mas elas mesmas servem mais para começar uma série infinita de especulações acadêmicas e de interpretações sem sentido, que   somente levam a pouco mais que debates pela simples finalidade de debater.  

Além disso, em muitos casos, a obscuridade intencional era tornada ainda mais obscura por aqueles que pensavam saber o que estavam fazendo, mas não sabiam. Como exemplo, um dos documentos Rosa-Cruzes autênticos é O Anfiteatro da Eterna Sabedoria de Heinrich Khunrath. Ele foi primeiramente produzido como manuscrito em 1598 e publicado na Alemanha em 1609, um ano após a morte do autor. O manuscrito continha inicialmente sete lâminas alegóricas que eram usadas pelo autor como instrumentos de meditação para desvendar a iniciação. Depois de sua morte, alguns de seus estudantes decidiram publicar o manuscrito. Infelizmente eles não compreendiam o significado das lâminas e inepciamente adicionaram à publicação cinco lâminas sem qualquer significado. Dessa forma, a menos que você saiba quais são as lâminas originais e quais foram adicionadas, o documento terá pouco valor.

Contudo há outro documento Rosa-Cruz (em duas partes) que não é enumerado entre aqueles documentos autênticos publicados no século dezessete. A razão para isso é que ele é anterior àquele século. Além disso, ele nunca foi publicado e sempre permaneceu na posse do principal adepto Rosa-Cruz, e mais tarde, do Imperator.

Entre os anos de 1909 e 1915, H. Spencer Lewis, nosso primeiro Imperator para este ciclo, produziu uma série de discursos escritos que deveriam ser apresentados verbalmente como doutrina para aqueles que compareciam aos vários Templos e Lojas Rosa-Cruzes sob sua autoridade. Em 1924, seu filho Ralph M. Lewis (que mais tarde, em 1939, se tornou Imperator) convenceu seu pai a optar por apresentar os ensinamentos para todos os membros como monografias escritas. Assim nosso sistema de monografias nasceu.

Contudo é importante observar à medida que você estudar as monografias apresentadas, que H. Spencer Lewis freqüentemente fazia referências, embora às vezes de forma obscura, a certos manuscritos Rosa-Cruzes que lhe fora permitido ver e copiar na época (e também depois) de sua iniciação. Esses documentos, como ele disse em muitas ocasiões, são as fontes do sistema Rosa-Cruz.

É importante dizer que o documento em duas partes ao qual nos referimos acima é a verdadeira chave do sistema Rosa-Cruz e a base fundamental de nossos ensinamentos. H. Spencer Lewis revelou a primeira parte do documento no Quarto Grau do Templo de nossos estudos e efetivamente reproduziu a maior parte dele palavra por palavra. O documento é conhecido como O Manuscrito de Nodin.

A segunda parte daquele manuscrito tem passado de cada Imperator ao próximo (dentre outros itens) e deve ficar seguramente guardado até que seja o momento de revelá-lo. Para aqueles de vocês que estejam imaginando, há somente uma cópia e ela me foi dada por Ralph Lewis muitos meses antes de sua morte. Eu ainda a tenho.

Dentro do Rosacrucianismo tem havido debates consideráveis relacionados aos nossos ensinamentos.   Muitos acham que as monografias deveriam ser “atualizadas” na linguagem e também em seu conteúdo. Embora o uso da linguagem “moderna” seja apropriado, a atualização de seu conteúdo não o é. Por que? Porque as pessoas que querem mudá-lo não sabem como mudá-lo e no máximo podem somente oferecer uma interpretação pessoal.

Em função da complexidade da organização material que era o veículo Rosa-Cruz de 1915 a 1990 (a AMORC), a edição dos ensinamentos foi removida da supervisão direta do Imperator. Grande parte da argumentação para isso estava relacionada à saúde combalida de Ralph Lewis. De qualquer modo, por volta de 1972, os ensinamentos tinham mudado substancialmente.

Além disso, no início da década de oitenta o Grande Mestre Francês, Christian Bernard e o Grande Mestre Alemão, Wilhelm Raab iniciaram uma produção competitiva de mudanças contextuais dentro de suas próprias jurisdições. O resultado final, naturalmente, produziu ensinamentos diferentes para línguas diferentes e que tinham pouco a ver com o Rosacrucianismo.

Como exemplo, pouco depois de eu ter sido instalado como Grande Mestre da Jurisdição Inglesa em 1984, visitei a Jurisdição Francesa aonde C. Bernard me informou que estava lançando um programa de revisão das monografias. Eu lhe perguntei por quê e ele citou, como um exemplo, o conceito Rosa-Cruz da distinção entre “actuality” e “reality”. Ele afirmava que a tradução francesa daquelas palavras era sem sentido porque elas significavam a mesma coisa. Por essa razão, isso deveria ser mudado. Eu respondi dizendo que ele deveria considerar a explicação baseado em conceitos, ao invés da tradução literal de palavras, e que o conceito por detrás da distinção entre “actuality” e “reality” foi pela primeira vez apresentado publicamente na Língua Francesa no século dezessete por René Descartes nas suas Meditações sobre a Primeira Filosofia. Lá, Descartes explicava a distinção entre “realidade formal” (actuality) e “realidade objetiva” (reality).  

Os ensinamentos originais provenientes do Manuscrito de Nodin infelizmente não estão disponíveis para aqueles Rosa-Cruzes que estejam estudando os ensinamentos “modernizados”. Com certeza, a distinção entre “realidade formal” (actuality) e “realidade objetiva” (reality) é crítica para a compreensão do sistema Rosa-Cruz. Sem ela, estamos perdidos.  

Como um outro exemplo, e isto teve lugar na Jurisdição Inglesa da AMORC, o Manuscrito de Nodin ensina sobre a mente humana e sobre as divergências em compreender realidades múltiplas. Faz-se referência a duas “mentes”: a objetiva e a espiritual (“subconsciente” foi introduzida por H. Spencer Lewis para substituir “espiritual”). Contudo, na década de setenta, alguém decidiu que   uma visão “psicológica” mais aceitável deveria ser ensinada e um terceiro aspecto, a “mente subjetiva” deveria ser introduzido. Talvez esteja correto para a psicologia, mas não o é para o misticismo pois isto   muda drasticamente toda uma série de conceitos e faz mais por confundir do que por esclarecer.

No momento, a AMORC proclama que as monografias de H. Spencer Lewis estão antiquadas, tendo agora adotado ensinamentos que foram escritos por um time de doutores e cientistas designados por Christian Bernard.

A ARC (Ancient Rosae Crucis), um veículo formado originalmente por um grupo de pessoas depois da separação da AMORC em 1990 e que pretendia no início servir ao meu Ofício, está atualmente usando monografias que foram redatilografadas de uma série escrita por H. Spencer e Ralph Lewis por um número considerável de voluntários, mas editadas por Ashley McFadden. Nessas monografias encontraremos conceitos modificados para se ajustar ao que Paul Walden e Ashley McFadden pensam ou querem que os ensinamentos digam.

Faço estes comentários relacionados à AMORC e à ARC não por menosprezo ou por qualquer razão pessoal. Eles são feitos para informar aos leitores a situação atual para que tenham mais informações para tomar quaisquer decisões pessoais que quiserem.

O que você como membro da CR+C pode esperar com relação aos ensinamentos Rosa-Cruzes é que: 1. Todas as monografias datilografadas e editadas são preparadas exclusivamente por mim; 2. Todas as monografias apresentadas são dos originais de H. Spencer Lewis escritos em uma época em que nenhuma revisão ou influência exterior entravam nos ensinamentos; 3. Que as únicas mudanças feitas dentro das monografias não terão qualquer efeito nos conceitos originais e que tais mudanças serão limitadas a mudar o nome do veículo de “AMORC” para CR+C, eliminar pedidos de doações, de feitura de testamentos nomeando qualquer organização como beneficiária, e propagandas; 4. Modernização dos exemplos dados (isto é, eu posso usar um exemplo de física quântica ou da teoria de cordas para substituir um exemplo que utiliza ondas de rádio); e 5. Você também receberá comentários adicionais ou introspecções de Ralph Lewis quando eu as conhecer, e também comentários adicionais e explicações em profundidade por mim mesmo. Se isto for feito dentro de uma monografia, será claramente especificado ou eu poderei escrever monografias adicionais para serem incluídas às originais.    



UMA PALAVRA SOBRE O OFÍCIO DO IMPERATOR

O Imperator é o dirigente tradicional e iniciático do Movimento Rosa-Cruz. Ele ou ela é sempre, sem exceção, escolhido pelo seu predecessor em virtude de seleção pessoal. Ele ou ela deve assumir promessas pessoais solenes ao Imperator precedente e também ao Movimento Rosa-Cruz. Na ocasião da morte do Imperator precedente, o novo Imperator deve ser ritualisticamente instalado por uma pessoa também escolhida pelo Imperator precedente. Tal pessoa pode instalá-lo pessoalmente ou dirigir a instalação do novo Imperator.  

Cada Imperator transmitirá, a ele ou a ela, sinais pessoais, símbolos e documentos do Imperator precedente os quais permanecerão como posse pessoal do Imperator até que seja hora de transmitir esses itens ao sucessor escolhido.

Gary L. Stewart
Imperator
Dallas, 1996

Elementos Introdutórios da Iniciação
Por Gary L. Stewart, Imperator da CR+C

A iniciação é o aspecto e a causa essencial da elevação da consciência às sublimes realidades objetivas dos estados superiores — àquele estado transcendente de percepção onde o Ser Verdadeiro funciona de acordo com o grau de seu despertamento e em um plano de existência que permite o serviço sem restrições. Ela opera em um dos diversos planos, cada um com sua própria realidade objetiva, sua própria criação, que pode ou não ter paralelo com aquelas realidades objetivas do mundo com o qual estamos acostumados. Nosso ponto individual de trabalho depende somente do grau de nosso despertamento e do nível particular de realidade objetiva no qual fomos iniciados.

Até certo ponto, a natureza de nossas iniciações é escolhida por nós mesmos, embora, talvez, não somente como resultado de uma escolha intelectual. É nossa sinceridade interior, nossa atitude e nossa pureza de motivo que determinam em que nível funcionamos. É fácil perceber que nosso intelecto não pode tomar essas decisões por si só. Mais exatamente, ele serve meramente para nos auxiliar a nos harmonizarmos com o Deus Interior de onde se origina nosso desabrochar para atingirmos um ponto de verdadeira iniciação de verdadeira escolha.

A Confraternidade da Rosa+Cruz é uma ordem iniciática e ritualística em que o Caminho que escolhemos utiliza a técnica esotérica iniciática tradicional que se desenvolveu a partir do sistema arcano que foi compreendido no alvorecer da consciência. O sistema Tradicional flui de uma corrente sem começo ou fim. Essa corrente não foi criada; está sempre presente. Nosso processo de iniciação retira o iniciado de sua realidade objetiva individual e abre um portal para o estudante através do qual cada iniciado deve voluntariamente passar por seu próprio desejo. A manifestação exotérica da iniciação não conferirá a esse iniciado nada além de uma escolha. E tal escolha deve ser feita pelo iniciado a partir do coração. Uma vez que a escolha é feita e o iniciado verdadeiramente começa a fluir com a corrente disponível, a iniciação cumpriu seu propósito. Suas ferramentas não são mais necessárias e o iniciado deve então se preparar para a próxima iniciação, em sintonia com a corrente escolhida.

O propósito deste artigo não é o de discutir nossos símbolos ou rituais, ou aquilo que eles devem transmitir. Mais exatamente, este artigo é uma introdução aos elementos da iniciação na qual as ferramentas do ritual físico tradicional e o mundo psíquico podem ser utilizados para despertar nosso verdadeiro propósito de espiritualidade.

Quando dizemos que a CR+C é uma ordem iniciática e ritualística, estamos dizendo que através de nossa metodologia reconhecemos o Caminho sempre presente que é estruturado em um sistema hierárquico. Não me refiro a uma hierarquia exotérica de oficiais que lideram a Ordem e guiam seu propósito, mas sim a uma hierarquia esotérica que transcende a personalidade. Se um membro da Ordem ou um de seus oficiais é ou não parte dessa hierarquia é irrelevante. Na verdade, todo o conceito da idéia popular de mestres ou personalidades iluminadas nada mais faz que depreciar o trabalho que eles idealizam. Por quê? Porque tais mestres nada mais são que a criação e personificação da compreensão limitada das pessoas que os criam.

Na assim chamada “Nova Era”, que é referência para nossos tempos da mesma forma que períodos anteriores foram conhecidos como “A Reforma” e a “Era do Iluminismo”, encontramos muitos que alegam ser canais exclusivos das personalidades de mestres que, pela primeira vez na história da humanidade, estão se revelando a nós com o propósito de salvação. Como isso difere das hostes de santos medievais trazidas a nós pela igreja? Ou dos deuses dos gregos e de outros povos? Como pode a humanidade hoje ser tão arrogante a ponto de pensar que, pela primeira vez na história, seremos salvos pela interação pessoal de mestres, deuses ou santos?

Não estamos em uma “Nova Era”, da mesma forma que nunca realmente estivemos em qualquer outra “era”. Estamos simplesmente em uma era que sempre esteve presente. Como em séculos passados, as pessoas estão agora se voltando com interesse renovado para ideais mais elevados, mas a maioria delas não está colocando sua fé em uma personificação para guiá-las para a iluminação.

Eis uma cilada que só a iniciação pode ajudar a evitar. É verdade que hoje muitas pessoas estão sinceramente canalizando mestres. Mas esses mestres não são da hierarquia esotérica. O que está sendo canalizado nada mais é que as crenças criadas personificadas pela consciência coletiva daqueles que acreditam. Aqueles que são proficientes em viajar nos reinos astral ou psíquico comprovarão o fato de que podem se encontrar face a face com o deus Apolo ou com o Mestre Kuthumi. Mas só um iniciado pode verdadeiramente diferenciar entre aquilo que é real e aquilo que é uma manifestação criada. Uma manifestação criada possui vida, possui personalidade, mas não possui nenhuma substância espiritual. E tocar a verdadeira hierarquia esotérica requer o reconhecimento dessa substância e a ascensão àquele nível de manifestação.

O plano astral não é tão diferente do plano físico, exceto que a matéria como a compreendemos não está presente. Conseqüentemente, nossa percepção dentro do mundo astral vê uma condição de natureza mais etérea, que é muito mais fácil de criar em forma visível. Muito daquilo que é de natureza positiva, quando visto nesse reino astral, são pessoas materializadas de uma maneira que não pode ser feita no plano físico. Devemos também lutar com traços negativos de medo e ódio que também se manifestam nesse reino. Juntos, eles formam um mundo paralelo que ainda contém engano e ilusão. Muitas pessoas acreditam que ao terem uma experiência nesse reino conseguiram atingir o que buscavam por encontrarem suas crenças lá personificadas. Mas se essas pessoas tivessem verdadeiramente experimentado uma iniciação, elas primeiramente ficariam muito desapontadas ao descobrir que aquilo que freqüentemente achavam ter atingido nada mais era que uma parte delas mesmas. Mesmo assim, se foram sinceras, a verdadeira beleza da iniciação desabrocharia e seu desapontamento daria lugar a um estado exaltado de compreensão ao saber que um véu foi removido e que a verdadeira hierarquia esotérica dos mestres está um pouco melhor compreendida.

O problema hoje em nosso mundo, no que diz respeito a assuntos esotéricos, é que a iniciação não está presente como um sistema real na advocacia da “Nova Era”. Somente a iniciação pode nos levar além das limitações e dos enganos físicos e psíquicos. Ao mesmo tempo, devemos nos conscientizar de que uma iniciação não é física ou psíquica, embora métodos físicos ou psíquicos sejam utilizados. Uma iniciação verdadeira é puramente espiritual. Ela ocorre a partir do interior de cada indivíduo como resultado de seu próprio preparo e presteza, sendo inspirada e acelerada por um ritual físico que às vezes se associa a uma experiência psíquica. Vejam as alegações de diferentes organizações e indivíduos. Quantos utilizam o processo iniciático? Não concordamos que, quando nossos olhos estão abertos, a maioria das alegações de espiritualidade são crenças pessoais formadas a partir do intelecto? Mesmo aquelas poucas organizações que declaram utilizar a técnica iniciática criam suas iniciações para adequá-las às suas idéias preconcebidas.

É imperativo que nos divorciemos dessas armadilhas. Caso contrário, seremos culpados de auxiliar as forças destrutivas à natureza. Existem hoje apenas algumas poucas estirpes de ordens iniciáticas prontamente disponíveis a todos os estudantes sinceros. Somente o verdadeiro iniciado pode encontrar qualquer uma delas. Mesmo assim, elas estão abertas somente a um número limitado. Há também outras escolas que servem à verdadeira hierarquia esotérica, mas sua técnica difere um pouco da linhagem iniciática; mesmo assim, somente um iniciado as compreenderá e elas também são muito poucas e reclusas.

Por que este estado de coisas existe? Duas Guerras Mundiais, tecnologia materialista, nacionalismo e intolerância religiosa têm todos sido fatores que contribuem para isso. Mesmo a partir dos “iluminados da Nova Era” encontramos uma atitude predominante, relativa à iniciação, que está enterrada na filosofia da Nova Era. Essa atitude pode ser melhor parafraseada nas palavras de um “místico” moderno ao promover determinada escola dizendo que, de acordo com os mestres, a era das ordens iniciáticas está ultrapassada, que sua técnica não mais se aplica ao mundo de hoje e que deve ser substituída por uma nova ordem e uma nova técnica que correspondem e vão ao encontro do estado já elevado de consciência atingido pela humanidade.

Tal declaração é o cúmulo da arrogância e revela a ignorância acerca da corrente iniciática. Fazer tal alegação em nome da hierarquia esotérica é, entre outras coisas, um absurdo. Os iniciados que partiram antes de nós, que transcenderam os planos conhecidos e que nos guiam através de seus ideais nunca poderiam fazer tais alegações, porque foi a técnica iniciática que os levou até onde hoje estão. Nicholas Roerich disse uma vez que era possível que um iniciado evoluísse além da escola de pensamento que pela primeira vez o introduziu aos mistérios. De fato, espera-se que isso venha a acontecer. Mas ele também declarou que o iniciado sempre se lembraria com carinho e reverência daquilo que o guiou no Caminho.

O que é, então, essa técnica iniciática que é nosso dever proteger? E o que ela ensina? Em um estágio elementar, a iniciação é simplesmente um começo, como assim subentende a derivação da palavra latina “initium”. A iniciação é o início de um novo estado ou condição abrindo-se para um novo caminho. Há três classes tradicionais de iniciação que consideraremos: (1) comum, (2) rara e (3) prejudicial.

O profano é considerado um prisioneiro cego das trevas que vagueia pelos diversos reinos do engano, ilusão e erro. Se o profano for sincero, por fim encontrará uma iniciação que realmente o coloca em uma nova condição livre das mentiras e preconceitos. Em uma palavra, essa pessoa se torna iluminada e é reconhecida como um iniciado, tornando-se, por meio disso, mais forte e mais poderoso. Um novo caminho é aberto ao iniciado e a Verdade Cósmica é revelada através do simbolismo, uma chave a ser utilizada para desvelar os mistérios ocultos ao mundo profano.

A conseqüência da iniciação é ao mesmo tempo uma possibilidade e um dever de utilizar a luz recém adquirida em nome da humanidade — uma possibilidade no sentido que o iniciado pode se recusar a cruzar o portal; e um dever, no sentido que, se o cruzar, o iniciado deve se tornar um foco de radiação da luz. O iniciado deve se livrar de todo egoísmo e interesses egocêntricos. Se esses grilhões forem quebrados, a emissão de luz é ao mesmo tempo amor, energia e poder.

A natureza desse poder é uma transmissão do iniciador para o iniciado por indução mental, o que cria uma nova condição mental ou percepção. O iniciador pode ser outra pessoa ou pode ser simplesmente a Natureza, mas o ato da iniciação cria um equilíbrio dentro do iniciado reconhecido como harmonia. Uma vez atingida a harmonia, o poder torna-se percebido e, por meio disso torna-se permanente. Aquilo que é feito não pode ser desfeito. O iniciado percebe que não pode nunca mais voltar para o mundo profano. Mas ao mesmo tempo, não há garantia de que o iniciado permanecerá no Caminho. É por isso que é extremamente importante que a ligação com o iniciador original seja mantida e que todas as viagens futuras sejam feitas de forma progressiva. Negar o iniciador original é negar o Trabalho. Desta forma, lembramo-nos das palavras de Roerich, como mencionado previamente.

A ligação ou a linhagem do iniciador ao iniciado é uma transmissão de poder através de uma cadeia ininterrupta de iniciados que são, essencialmente, veículos humanos da Luz. Geralmente, um ritual especial acompanha tal transmissão e seu propósito é o de desencadear uma corrente de assistência celestial causando a harmonização com forças espirituais que ajudam o iniciado a destruir, pelo fogo, suas qualidades profanas. Um verdadeiro ritual de iniciação em muito ultrapassa uma simples dramatização. Uma dramatização somente tocará as emoções e o intelecto. O ritual tocará a essência espiritual e trará à existência a assistência espiritual através de um despertamento.

Quando um verdadeiro ritual de iniciação ocorre, ele é acompanhado pela responsabilidade do iniciado em manter a transmissão do poder espiritual através da obrigação de irradiá-lo a partir do interior de seu ser. Há também a obrigação de cada iniciado de se certificar que a Luz seja perpetuada e transmitida às gerações sucessivas, assegurando assim a continuidade da técnica. No entanto, ainda é possível ao iniciado afastar-se da linhagem e utilizar o poder para fins egoístas. Se isso for feito neste estágio, não estamos lidando com um indivíduo que é simplesmente ignorante acerca da Luz, mas com alguém que conscientemente serve às Forças das Trevas.

O verdadeiro propósito desse tipo de iniciação é servir à humanidade para garantir que a Luz seja irradiada em meio às trevas. Podemos ver, de fato, que as obrigações e responsabilidades do iniciado são grandes e também percebemos que a importância de uma linhagem iniciática continuada e ininterrupta é de suma importância para que o poder da Luz cresça e transcenda as limitações do iniciado individual. O indivíduo pode dar as costas à Luz, mas a cadeia iniciática e a linhagem centenária de iniciados criam uma condição que supera o indivíduo, pois não pode ser destruída pelos fracassos de uma pessoa, seja ela quem for. Nenhuma pessoa isolada ou grupo pequeno de pessoas têm a força para desfazer o que foi feito. Isso se torna uma força e um poder da Luz que não pode ser desviado. Eis por que é tão absurdo ouvir a alegação que as ordens iniciáticas estão obsoletas e eis por que é tolice pensar que uma criação completamente moderna da “Nova Era” pode substituir um sistema que tem funcionado e prestado um grande serviço por incontáveis séculos.

O sistema da CR+C é o tipo de cadeia iniciática que acabamos de discutir. O sistema só pode ser obstruído caso a maioria dos iniciados se torne negligente quanto às suas obrigações e responsabilidades. Mesmo assim, bastaria somente um iniciado verdadeiro para reviver o Trabalho.

A segunda forma de iniciação é extremamente rara, e é talvez a fonte de todas as ordens iniciáticas, em que o recipiente da iniciação a recebe diretamente através de uma osmose espiritual, e não através de um iniciador humano. Indivíduos tais como Pitágoras, Raymond Lully e Louis Claude de Saint Martin são exemplos disso. A validade de suas iniciações pode ser provada através de certos sinais que representam certos segredos Cósmicos que são revelados por tais indivíduos através de suas obras ou das ordens que eles deram origem. A iniciação rara será coberta em maiores detalhes num artigo separado.

O terceiro tipo de iniciação que consideraremos é a iniciação prejudicial ou iniciação negativa. Há dois tipos delas: aquelas criadas pelas influências destrutivas de um ser humano que utiliza a técnica iniciática para atingir fins egoístas e, segundo, aquelas iniciações produzidas pelas ações da ignorância e do engano, às quais comumente nos referimos como Forças das Trevas. O iniciado das Forças das Trevas é aquele que se harmoniza com as criações astrais da cobiça e do ódio e desse modo nunca adentra os planos espirituais. São, na verdade, ilusões, mas ao mesmo tempo uma força que deve ser levada em consideração em nosso nível de manifestação.

A Luz Espiritual não conhece as trevas, mas para receber a Luz precisamos transcender as trevas e atingir o nível da Luz. Devemos, através da iniciação, deixar as trevas para trás através de nossos próprios esforços. Não podemos levar as trevas conosco ao nos aproximarmos da Luz. A Luz não virá a nós se permitirmos que as trevas estejam presentes. Eis por que os mestres não canalizam através de médiuns em nosso plano de existência.

 Perguntas Freqüentes

O que se segue é uma compilação das respostas do webmaster às perguntas mais comuns que temos recebido ao longo dos anos. Estas respostas foram adaptadas para se ajustarem ao formato e estilo das páginas de Perguntas Freqüentes (FAQ - Frequently Asked Questions). Elas não têm a intenção de serem as afirmações “oficias” da CR+C, mas mais exatamente, são o esforço do webmaster para fornecer informações em maior profundidade sobre a CR+C, sobre seus objetivos e sobre os benefícios de afiliação.

CR+C webmaster
O que é a CR+C?

A Confraternidade da Rosa+Cruz é uma ordem fraternal Rosacruciana e uma escola de misticismo. Nosso objetivo é oferecer um sistema de estudos para as pessoas que sentiram um anseio de dentro de si para avançar conscientemente ao longo do caminho da evolução espiritual. É também necessário compreender que somos mais do que uma escola de misticismo disseminando ensinamentos. Somos uma Ordem iniciática na tradição Rosa-Cruz. Aqueles com mente “tradicional” podem nos olhar como uma cultura tradicional Rosa-Cruz vivendo numa sociedade contemporânea. Ao todo, somos uma organização mística, cultural e educacional dedicada ao avanço espiritual da humanidade.



O que é que vocês ensinam?

A CR+C oferece um programa de estudo sistemático para auxiliar e guiar os estudantes no caminho deles para a verdade espiritual e para a iluminação pessoal.

A partir da perspectiva de nossa tradição, auxiliamos os estudantes a desenvolver uma filosofia de vida de forma que eles se tornem bem sucedidos tanto na busca espiritual, quanto sendo um membro construtivo da sociedade. Ensinamos uma verdade bem reconhecida de que o maior aprendizado vem do Serviço. Através do ensino das leis R+C de integridade moral e de responsabilidade, objetivamos ajudar não só o avanço espiritual do indivíduo, como da humanidade em geral.

A partir da perspectiva do caminho espiritual do estudante, a CR+C ensina uma abordagem mística. É reconhecido que há basicamente duas abordagens para o avanço espiritual — o místico e o oculto. A abordagem oculta utiliza a vontade humana e o intelecto para avançar ao longo do caminho espiritual; a abordagem mística utiliza nossa mente sutil para experienciar diretamente a Fonte de todo o Ser. É esta experiência direta de Deus, da Unidade, ou do Cósmico que os místicos buscam. Em nossa abordagem, auxiliamos o estudante no despertamento para a mente sutil — a mente da alma e do espírito — e a adentrar no mundo do misticismo.

A partir da perspectiva da ontologia, ensinamos o panteísmo místico. Isto significa que a Essência que a tudo permeia infunde todas as coisas, e que todas as coisas são uma parte integral da Essência Única. Ser uma parte da Unidade significa que podemos atingir o conhecimento direto dessa Essência. Este conceito é fundamental para o misticismo.

Reconhecemos o fato de que todo aprendizado deve necessáriamente vir de dentro de cada estudante individual. Portando, devemos dizer que preferimos auxiliar o estudante a aprender por si mesmo. Para esse fim, ajudamos os estudantes a se tornarem pensadores e filósofos independentes que moldam suas próprias crenças.

Finalmente, certamente dividimos algo em comum com todos os místicos, filosófos e cientistas do passado e do presente — a interminável busca do “conhecer o que existe para ser conhecido”.



O que é o misticismo ao qual vocês se referem?

É uma doutrina que afirma que o conhecimento da Unidade onipotente pode ser adquirido através de experiência direta. À luz dessa afirmação, uma experiência mística é o conhecimento individual da Essência, Fonte, ou Deus. É necessário mencionar que a abordagem mística não requer que se possua habilidades psíquicas ou uma compreensão intelectual desenvolvida.

O que é significante sobre uma experiência mística, é que ela é noética. Quando temos uma experiência mística, simplesmente sabemos, não achamos que sabemos, mas simplesmente sabemos. A maioria das vezes, não podemos descrever ou racionalizar claramente essa experiência porque ela transcende nossa realidade e as limitações físicas da linguagem. Entretanto, em nossos corações, sabemos o que percebemos e não há dúvida sobre isso. Em outras palavras, a experiência nos deixa com conhecimento e certeza. O misticismo é a arte de tal conhecimento. É um processo de iluminação.

O que é bastante atrativo a respeito do misticismo é a sua simplicidade. O potencial para o conhecimento existe em todo ser humano e a experiência da iluminação está presente em todo lugar.



Como vocês disseminam seus ensinamentos?

Os ensinamentos da CR+C são disseminados na forma daquilo que chamamos de “monografias”. Monografias são livretos de instrução de apenas algumas páginas. Elas são enviadas trimestalmente, e espera-se que você estude uma monografia por semana na privacidade de sua casa — assim, você recebe 12 monografias por trimestre. É um sistema incremental de estudo pelo qual você progride pelos Graus R+C. Mantenha em mente que os estudos Rosa-Cruzes requerem mais do que uma mera compreensão intelectual dos materiais escritos, eles são um processo de despertamento para os aspectos sutis de nosso ser.



Qual é o propósito do Movimento Rosacruz?

Tradicionalmente, o Movimento Rosa-Cruz tem apoiado a liberdade e a responsabilidade pessoal. A Liberdade de escolher e investigar a Verdade sem medo ou opressão de um corpo governante, com ênfase na responsabilidade pessoal para agir apropriadamente. Eis porque os Rosa-Cruzes têm sempre lutado contra a opressão e a intolerância religiosa, social ou intelectual. Historicamente, o movimento trabalhou para o estabelecimento e a perpetuação de uma condição na qual todas as pessoas possam livremente seguir seus próprios caminhos para a iluminação.



Como vocês definem o Rosacrucianismo? É uma religião?

Não. O Rosacrucianismo transcende dogmas religiosos e busca expressar os aspectos místicos de todas as religiões. Encorajamos todas as pessoas de todas as fés a seguir suas crenças de acordo com suas próprias consciências.

Definir o Rosacrucianismo em terminologia objetiva é uma tarefa bastante desafiadora. A causa disso assenta-se na própria natureza do Rosacrucianismo, que foi planejado, desde seu início, para ser desafiador e evasivo. Em seu próprio âmago, o Rosacrucianismo é um Movimento que às vezes se solidifica em uma Ordem. O Movimento é a respeito das liberdades humanas fundamentais, onde a liberdade de ir ao encalço da verdade e da Luz fica no topo da lista. É também a respeito de todo um processo de treinamento e “elevação” do indivíduo nos sistemas e técnicas Rosa-Cruzes, de forma que ele possa se tornar proficiente na aplicação do conhecimento. Tal treinamento é baseado na liberdade dos estudantes para seguir os ditames de suas consciências, que permite que a aplicação de seus conhecimentos se ajuste às suas próprias personalidades e objetivos.

Como o Imperator anterior Ralph Lewis uma vez disse, “O Rosacrucianismo não é um assunto particular, mas, mais apropriadamente, o avanço do espírito e a aplicação do conhecimento.” Um outro aspecto deste assunto pode ser encontrado no artigo “Rosacrucianismo” publicado neste website.



A CR+C ensina misticismo Cristão?

Sendo uma ordem mística, a CR+C ensina uma abordagem mística para a busca espiritual do estudante. É um processo de despertamento para aquele ou aquela que já somos, para nossa essência espiritual. Este processo de misticismo é universal e está além, ou é independente de qualquer religião. Se existe ou existiu qualquer relação entre os dois, esta relação tem sido a do misticismo influenciando o pensamento religioso.

Talvez exista alguma confusão a este respeito que advém do nome do fundador do Rosacrucianismo. O Pai CRC (Cristão da Rosa-Cruz), por nascimento e formação, era Cristão. Após sua viagem para o Oriente e após formar a primeira célula Rosa-Cruz, ele escolheu apresentar alguns dos conceitos Rosa-Cruzes no contexto da religião dominante de sua época, o Cristianismo. Mais tarde, seus sucessores mantiveram o nome de CRC em respeito ao seu fundador e à Tradição R+C. Apenas esses fatores poderiam ser responsáveis por uma associação imprópria, tipicamente efetuada por um leitor casual, do “misticismo Cristão” com o Rosacrucianismo.



O que há sobre os Rosacruzes que ainda atrai a atenção pública?

Poderia haver algumas razões para essa atração. Um bom lugar para começar é olhar para o renascimento do Movimento Rosa-Cruz na Europa do século XVII. O que é significativo sobre isso é a época da publicação dos manifestos Rosa-Cruzes, a qual, juntamente com o clima político e religioso da Europa medieval, fornece algumas pistas para a resposta. Por muitos séculos a Europa esteve nas garras de uma opressão sem precendentes da liberdade de pensamento, de ciência, de religião, e da busca individual da verdade. Estima-se que muitos milhões de pessoas — homens, mulheres e crianças — foram mortos pelas cruzadas organizadas contra aqueles que tinham um ponto de vista diferente (“hereges”), ou queimados amarrados a estacas pela Inquisição. Esta foi a Idade das Trevas da Europa e da civilização humana. A Europa precisava de uma mudança, de uma restauração das liberdades na sociedade e de uma instituição tradicional para guiar a humanidade em direção à verdade espiritual e à iluminação pessoal. Foi quando os Rosa-Cruzes surgiram em cena. Os manifestos Rosa-Cruzes foram um desafio aberto para a opressão religiosa da Europa, e seu objetivo fundamental foi o de restaurar as liberdades. Adicionalmente, os manifestos ofereceram um processo e uma orientação específicos para uma reforma educacional, moral e científica da sociedade.

Para sua própria sobrevivência, a Ordem teve que operar em total segredo. Este simples fato gerou uma multiplicidade de especulações sobre a Ordem, e tornou-a vulnerável às falsas informações difundidas pelos inimigos da liberdade. Hoje, ainda existem em circulação algumas daquelas estórias que têm mais a ver com fantasia do que com a realidade dos Rosa-Cruzes. Essa realidade é, e sempre foi, o estabelecimento e a perpetuação de uma condição onde todos tenham uma oportunidade de, livremente, ir ao encalço da Verdade em conformidade com sua própria consciência. Em essência, e provavelmente em um nível subconciente, isto é algo que continua atraindo a atenção pública.



Qual é a linhagem da CR+C?

Nossa linhagem R+C remonta ao Dr. H. Spencer Lewis, que recebeu esta linhagem na Europa. Existem outras linhagens R+C, originadas no cisma Rosa-Cruz do século XVII, que estão sendo perpetuadas por diferentes organizações Rosa-Cruzes.



Os seus ensinamentos incluem os ensinamentos R+C originais de H. Spencer Lewis? Se incluírem, são eles diferentes das versões posteriores desses ensinamentos editadas pela AMORC?

A CR+C oferece os originais. É verdade que os ensinamentos originais de H. Spencer Lewis (referido daqui em diante como HSL) diferem daqueles editados pela AMORC nos anos posteriores. Para ajudar a chegar a uma compreensão adequada das diferenças, gostaríamos de oferecer a estória desses ensinamentos, relatada pelo Imperator Gary L. Stewart para um dos indagadores, que foi adaptada para se ajustar ao formato destas páginas.

HSL começou a escrever as monografias em 1915 e escreveu à razão de aproximadamente uma por semana, entretanto em 1916, 1917 e 1918 seus escritos foram muito irregulares. Ele continuou escrevendo até a sua transição em 1939, até cerca da metade do 12° Grau. Assim, quando utilizamos o termo monografia “original”, o Grau a que estamos nos referindo é também relevante. Uma monografia original do 12° Grau poderia ser de 1938 ao passo que uma monografia original do Primeiro Grau teria sido de 1918. Na década de 1930 quando as monografias começaram a ser submetidas a revisões, isso naturalmente somente se aplicaria às monografias escritas anteriormente à data da revisão. (Entretanto, nas monografias da CR+C, Gary L. Stewart em seus adendos claramente indica o que aconteceu com uma monografia em particular.)

As revisões na década de 1930 significavam principalmente que parágrafos adicionais eram anexados e muito raramente algo era suprimido. Os conceitos não eram alterados, necessariamente, mas em muitos casos, eles eram confundidos e, conseqüentemente, instigaram alterações posteriores. Não foi realmente até a década de 1940, mas principalmente nas décadas de 1970, 1980, e agora na década de 1990, que as maiores alterações conceituais começaram a tomar lugar.

Antes de 1924, não havia afiliação de sanctum domiciliar e os membros tinham que ir a uma Loja para receber suas instruções oralmente. Em 1924, a Ordem começou a centralizar e começou a afiliação de sanctum domiciliar onde os membros recebiam as monografias pelo correio. Por volta dessa época, as monografias foram editadas para refletir a nova estrutura. Coisas como “e agora o Mestre deve ler este parágrafo novamente…” foram alteradas para “e agora você deve reler o parágrafo anterior”. Este tipo de edição foi feito por outros e não por HSL, pois ele estava comprometido em escrever novas monografias. Por um período de tempo, os editores começaram a alterar e a confundir alguns dos assuntos doutrinários tentando “clarificá-los”, para ajudar a explicar tópicos “difíceis”, mas na realidade eles começaram a confundir e a alterar as coisas. Foi principalmente nas décadas de 1970, 1980 e então na década de 1990 que as maiores alterações conceituais tomaram lugar.

Como um exemplo de algumas dessas alterações, na década de 1930 a AMORC começou a adotar a palavra “psíquico” para substituir “Espírito” (algumas vezes a palavra ‘astral’ substitui ‘psíquico’). Ao assim fazer, eles como que perderam a totalidade e o escopo do que o Espírito humano é (ou, neste caso, o corpo psíquico).

Olhando para as alterações conceituais, foi na década de 1940 (após a morte de HSL) que a AMORC começou a enfatizar uma abordagem mais científica para o Rosacrucianismo — um tipo de exegese do estilo do século XVII do Rosacrucianismo inglês defendido pelo método indutivo de Sir Francis Bacon, que estava em contraste com o Rosacrucianismo holandês e francês que enfatizavam o misticismo puro, e com o Rosacrucianismo alemão que tendia mais para o trabalho alquímico. Na década de 1960, a AMORC começou adotar uma interpretação mais psicológica Junguiana para o misticismo, que, em minha opinião, tem pouco a ver com o pensamento Rosa-Cruz tradicional e clássico. Depois de 1990, aquele estilo foi reinterpretado pela AMORC atual. A AMORC fia-se no dualismo intelectual como sendo a fundação para sua abordagem epistemológica e ontológica. A CR+C, por outro lado, perpetua a tradição Rosa-Cruz anterior ao século XVII de misticismo puro que foi mantida no século XVII pelos Rosa-Cruzes franceses e holandeses. Esta foi a linhagem que por fim iniciou H.Spencer Lewis, e esta é a abordagem que ele primeiramente deu aos ensinamentos da AMORC, de 1918 até sua morte em 1939. Esta é também a abordagem seguida pela CR+C.

Doutrinariamente, somos o que pode ser filosoficamente classificado como místicos panteístas (como oposto a dualistas racionais), que operam no mundo objetivo seguindo uma manifestação trina epitomada pela Lei do Triângulo. Resumindo, acreditamos na natureza trina do ser humano como sendo composto de corpo, espírito e alma com a mente intelectual sendo parte do corpo e a mente intuitiva sendo um aspecto da combinação espírito/alma. A AMORC, por outro lado, vê as coisas como dualistas — corpo e alma. Essa seria provavelmente a principal diferença entre a CR+C e a AMORC atual no que concerne à doutrina, mas há um número interminável de outras e menos importantes diferenças também — como foi no caso no cisma da interpretação Rosa-Cruz do século XVII. A CR+C segue a linhagem expressada pelo pai CRC nos séculos XIII e XIV.

Em minha opinião (do webmaster), os ensinamentos da CR+C, que incluem os escritos originais de HSL e os adendos de Gary L. Stewart, são uma jóia entre os ensinamentos R+C de hoje. Em parte, isto é assim por causa da linha bem clara de misticismo mantida unida pelos adendos de Gary L. Stewart.



Qual é a posição oficial da CR+C sobre assuntos de religião e de afiliação política?

Não existe tal coisa como uma posição oficial da CR+C sobre um dado assunto. Nós não dizemos aos estudantes o que pensar, mais exatamente, ensinamos a eles como pensar. Nosso propósito é ajudar os estudantes a se tornarem pensadores e filósofos independentes que moldam suas próprias concepções e crenças.



Por que existem muitas Ordens Rosacruzes, e como posso saber qual delas é a verdadeira?

Para responder esta questão, gostaria de parafrasear a resposta de Gary L. Stewart a uma pergunta similar.

A “Ordem” Rosa-Cruz verdadeira é a que está no coração da pessoa, significando que um Rosa-Cruz verdadeiro pode existir em qualquer Ordem. A organização é meramente um veículo no qual a essência da R+C se manifesta. Em outras palavras, uma organização, em virtude do propósito e dos motivos de seus membros pode penetrar na essência R+C e ser verdadeira. Justamente por isso, uma organização pode se perder se seus membros esquecerem o que é importante. Com isto em mente, vamos examinar como uma organização Rosa-Cruz vem a existir.

O Rosacrucianismo é um movimento tradicional e iniciático que às vezes se solidifica em uma ordem ou organização por um periodo de tempo. Isto significa que um indivíduo ou um pequeno grupo de indivíduos que tenha sido adequadamente treinado e iniciado no sistema Rosa-Cruz trabalharão juntos para um propósito e objetivo comuns. Eis como efetivamente algumas das Ordens Rosa-Cruzes começaram no início do século XX — como a AMORC, a Fraternidade Rosa-Cruz, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz original, etc.

O que verdadeiramente é indicativo da autencicidade de uma organização Rosa-Cruz (além de sua linhagem), é a atitude expressada por aquela organização e seus feitos. A tradição R+C é muito específica a respeito desses aspectos. Portanto, podemos dizer que o que torna uma Ordem Rosa-Cruz verdadeira são os membros, o que eles têm em seus coracões, e não a administração. As organizações, que podem ser comparadas ao corpo fisico, tendem a envelhecer, corromper-se e por fim morrer. Contudo, devemos lembrar que a tradição e a iniciação que levam ao autodesenvolvimento interior do indivíduo sincero são a Alma e o Espírito do caminho R+C. Isto é o que perpetua o Movimento Rosa-Cruz a despeito do que uma organização faz ou não faz.

Com isto em mente, não deveria ser realmente de todo surpreendente que existam muitos grupos Rosa-Cruzes por toda parte. Alguns são legítimos em virtude da atitude expressada, e isto significa que eles são abertos e tolerantes, encorajam seus membros a buscarem a verdade e a aplicarem de acordo com a interpretação individual, não são opressivos, supressivos, arrogantes, etc. Alguns são falsos porque esses ideais não estão adequadamente representados. Para descobrir qual é qual você precisa ser cauteloso com eles. Um bom conselho seria avaliar o mérito de uma Ordem através de como você a intui e por como seus membros respondem às suas indagações. Uma Ordem genuína tentará responder suas perguntas tão aberta e honestamente quanto possível; eles não tentarão lhe influenciar de uma forma ou de outra, e não se dirigirão a você com condescendência desdenhosa (por exemplo: “não podemos discutir tal e tal assunto com você porque você não estudou nossos Graus superiores, porque você não é um membro, etc.”).

Também, mantenha em mente que há diferentes tipos e linhagens de Rosacrucianismo e, na maioria, a dissensão vem das diferenças na interpretação da ontologia R+C. Mas aquilo que é realmente o sinal de identificação do verdadeiro Rosacrucianismo é a enfase na liberdade e na responsabilidade pessoal. Se você constatar qualquer tipo de supressão desses princípios em qualquer grupo R+C, então saberá que aquele grupo não representa o ideal Rosa-Cruz nem qualquer de suas linhagens tradicionais.



Quais, vocês diriam, são as principais diferenças entre a CR+C e as outras Ordens Rosacruzes?

A CR+C não conduz estudos ou comparações de ordens Rosa-Cruzes existentes. Supomos que cada ordem faz O SEU melhor para representar os ideais da tradição R+C. Nós escolhemos focalizar nossos esforços no futuro do movimento Rosa-Cruz e no cumprimento de seus objetivos. À luz da afirmação acima, só podemos reinteirar nosso próprio comprometimento com as Leis da R+C como apresentadas no Fama Fraternitatis, e com os manifestos R+C do século XVII como documentos fundadores. À mesma luz, escolhemos perpetuar os ensinamentos Rosa-Cruzes originais como foram inicialmente apresentados pelo Imperator H. Spencer Lewis (começando em 1915). Resumindo, nossa intenção é executar um Trabalho qualitativo de forma discreta.



Posso ser um membro da CR+C e manter minha associação com uma outra ordem esotérica?

Sim, você pode ser membro da CR+C e de uma outra organização. Entretanto, espera-se que você mantenha o juramento e as obrigações que assumiu para si na outra Ordem, assim como na CR+C. Mantenha em mente que qualquer idéia de limitar as afiliações de um membro é contra os ideais da Tradição Rosa-Cruz e especificamente contra o ideal da livre busca da verdade e da Luz.



Qual é a relação entre a O.M.C.E. e a CR+C?

A O.M.C.E. (Ordo Militiae Cruciferae Evangelicae) e a CR+C são Ordens separadas, embora estreitamente aliadas. Nós nos referimos a elas, juntamente com a Ordem Martinista Britânica, como Confraternidades.



O que aconteceu entre o Imperator Gary L. Stewart e a AMORC?

O que aconteceu em 1990 entre Gary L. Stewart e a AMORC é uma estória um tanto complicada, em si e por si mesmo, sem contar com todo rumor e propaganda que a tem cercado. Colocado de forma simples, Burnam Schaa, como representante de Christian Bernard e dos Grandes Mestres, moveu uma ação judicial civil contra Gary L. Stewart e alguns outros acusados, alegando que ele (eles) desviou (desviaram) dinheiro. Enquanto o caso estava sendo conduzido pelo tribunal, a Diretoria da AMORC exonerou o Imperator Gary L. Stewart. Três anos mais tarde (1993), a AMORC desistiu de sua ação contra Gary L. Stewart e admitiu que ele não era culpado de qualquer delito. Nesse meio tempo, a AMORC dissolveu sua entidade corporativa que tinha existido desde 1927, reincorporou no Canadá como uma nova entidade, formou uma nova corporação na Califórnia, deixou de ser uma Ordem fraternal, e redefiniu o “Imperator” de ser o chefe tradicional de uma Ordem para ser somente o presidente da nova corporação da AMORC. Então, a Diretoria elegeu Christian Bernard como o novo Imperator da AMORC.

Este assunto é um tanto complicado e longo e deveria ser considerado com mais foco. Eu recomendo fortemente que um pesquisador deva obter ambos os lados da estória daqueles diretamente envolvidos e não confiar somente no que eu digo aqui.

O que é importante hoje é lembrar do Trabalho que todos os Rosa-Cruzes foram encarregados de continuar. Na CR+C não estamos tão interessados com o que aconteceu no passado, exceto em como isso afeta nosso Trabalho no presente e no futuro. A forma como vemos isso é que se for para a nossa geração do Rosacrucianismo atingir qualquer coisa, não podemos estar envolvidos em mesquinhez.



Como é que o Imperator Gary L. Stewart representa a linhagem do Dr. H. Spencer Lewis, o fundador da AMORC, quando o atual Imperator da AMORC é Christian Bernard?

A resposta para esta pergunta repousa nas diferenças de definição do Ofício de Imperator pela AMORC de hoje e pela linhagem e movimento R+C que geraram essa organização.

Para fornecer uma resposta mais detalhada a essa pergunta podemos querer começar com algumas reflexões sobre o Movimento Rosa-Cruz e a linhagem R+C da AMORC (trazida por H. Spencer Lewis) e o papel do Imperator.

Podemos olhar para o Rosacrucianismo como um movimento que tem uma “alma” e um “espírito” (a Tradição R+C e a iniciação) e um “corpo” (uma organização Rosa-Cruz) para se expressar. Enquanto os “corpos” vêm e vão, a “alma” e o “espírito” permanecem. Podemos encontrar essa dinâmica evidente na história dos Rosa-Cruzes e no número de organizações físicas que eles tiveram. Para assegurar que, com o passar do tempo, as pessoas não alterarão a Tradição R+C e seus Ensinamentos, um sistema de preservação foi colocado em ação. Na linhagem de H. Spencer Lewis e em várias outras, este sistema foi incorporado no Ofício tradicional do Imperator. O indivíduo que possui o Ofício de Imperator é responsável não só pela preservação da pureza dos ensinamentos R+C e pelo asseguramento de que a organização siga o código R+C, mas pela garantia de uma continuidade da missão R+C no futuro. Ele ou ela deve sempre ser escolhido e preparado para o Ofício pelo Imperator precedente.

Podemos olhar um Imperator como uma pessoa dotada de uma responsabilidade vitalícia.

A linhagem R+C da AMORC foi nela introduzida por H. Spencer Lewis. Ele escolheu e treinou seu filho Ralph, a quem transferiu a função de Imperator quando de sua transição deste mundo em 1939. O Imperator Ralph Lewis então escolheu e preparou Gary L. Stewart, e transferiu a função de Imperator para ele.

Após os eventos da AMORC de 1990, Gary L. Stewart removeu o Ofício de Imperator da AMORC. Deixar a AMORC não era exatamente a idéia do Imperator naquela ocasião, mais exatamente, ele foi forçado a fazê-lo. Resumidamente, ele foi processado por Christian Bernard e pelos Grandes Mestres por desvio de dinheiro. Três anos mais tarde eles desistiram da ação contra Gary L. Stewart e admitiram que ele não era culpado de qualquer delito. Nesse meio tempo, eles alteraram a Constituição da AMORC, cessaram de ser uma Ordem fraternal, dissolveram a entidade corporativa da AMORC, que tinha existido desde 1927, reincorporaram no Canadá como uma nova entidade e formaram uma nova corporação na Califórnia. Mais importante, eles redefeniram o “Imperator” de ser o chefe tradicional de um Movimento Rosa+Cruz para ser somente o presidente da nova corporação da AMORC. Então, a Diretoria elegeu Christian Bernard como o novo Imperator da AMORC.

A questão aqui é que as regras Rosa+Cruzes tradicionais de transferir a função de Imperator e sua linhagem, ou provar um delito do Imperator, nunca foram aplicadas neste caso.

Na verdade, não importa realmente se a AMORC chama Christian Bernard ou qualquer outra pessoa de Imperator. É a escolha deles. Entretanto, é preciso compreender que, seja qual for a linhagem que Christian Bernard tenha, não é a de H. Spencer Lewis.



O que faz de alguém um Rosacruz? É em função de sua associação com uma Ordem em particular?

Os Rosa-Cruzes são determinados pelo que eles são em seus corações e não pelas organizações à qual pertençam.

Naturalmente, somente faz sentido que unir-se a uma Ordem R+C genuína e seguir seu sistema de estudo possa ajudar aqueles que querem se tornar Rosa-Cruzes.

Referencia:

http://www.crcsite.org/