sexta-feira, 1 de julho de 2016

The Triangle Book Of Saint-Germain

















O Pentagrammaton


Pentagrama mostrando as cinco letras hebraicas do "Pentagrammaton"


O pentagrammaton ( grego : πενταγράμματον ) ou Yahshuah ( hebraico : יהשוה ) é uma forma construída do hebraico o nome de Jesus originalmente encontrada nas obras de Athanasius Kirchner , Johann Baptist Grossschedel (1619).

Os primeiros a usar um nome de Jesus algo como "Yahshuah" eram ocultistas da Renascença . Na segunda metade do século 16, quando o conhecimento do hebraico bíblico começou a se espalhar entre um número significativo de cristãos, alguns esoteristas ocupados ou  círculos ocultistas, surgiu com a ideia de que deriva o nome hebraico de Jesus, adicionando a letra hebraica shin ש no meio do Tetragrammaton nome divino yod-he-lei, ele יהוה para produzir a forma yod-he-shin-lei, ele יהשוה.

Isto foi dado um básicos Latina transliteração JHSVH ou IHSVH ou IHSUH (desde que não havia nenhuma letra "W" ou sh som / [s] em latim, e "I" e "J" foram, então, ainda não claramente distinguido como letras do alfabeto , nem eram "L" e "V"). Isto pode então ser fornecido com mais vogais para pronunciabilidade. Foi uma coincidência que as três primeiras letras desta transcrição consonantal IHSVH etc. eram idênticos com o velho IHS / JHS monograma do nome de Jesus (do grego iota-eta-sigma ).

No Renascimento Ocultistas, este pentagrammaton (ou cinco letras do nome divino) era frequentemente organizados em torno de um místico pentagrama , onde cada uma das cinco letras hebraicas י ה ש ו ה foi colocado em um dos pontos (a letra shin ש foi sempre colocada no vértice apontando para cima do pentagrama). Um dos primeiros exemplos atestados deste diagrama é na Calendarium Naturale Magicum Perpetuum ou "Calendário mágico" (publicado 1620, mas datado de 1582) de Theodor de Bry (flamengo-nascido alemão, 1528-1598) ou Matthäus Merian o Velho (Suíça, 1593-1650). Esta ideia do pentagrammaton foi canalizada para o ocultismo moderno no século 19 pelo escritor francês Eliphas Levi .No século 19 a Ordem Hermética da golden Dawn  favoreceu a transcrição IHShVH consonantal ou YHShVH, e a pronúncia Yeheshuah.

Símbolo no início do século 17 místico Jakob Böhme com nomes de Jesus, e uma derivação do pentagrammaton do Tetragrammaton.


Grupos Modernos  "nome divino"

Alguns grupos religiosos modernos têm especulado que a forma mais correta do nome hebraico de Jesus deve basear-se na ortografia yod-he-shin-lei-`ayin יהשוע (aparentemente um reordenamento das letras na grafia hebraica do nome yod- he-lei-shin-`ayin יהושע, pronunciado [yěhōšūǎ`] e, geralmente, traduzido para o Inglês como "Joshua", mas intimamente ligado com a forma hebraica do nome de Jesus). Esta sequência letra hebraica Yod-He-shin-lei-`ayin pode ser transcrito para o Inglês em várias formas (desde Massorético niqqud é rejeitada), incluindo Yeshua, Yahoshua, etc.

Quando um "H" final é adicionado a estas transcrições (por exemplo Yahshuah, Yahoshuah etc.), ou quando essas transcrições consonantais como YHSWH ou YHShWH são usados ​​(ambos bastante semelhante ao antigo transcrição JHSVH, dadas as diferenças entre o Inglês e Latim usa do alfabeto), então parece bastante claro que existe uma confusão entre o nome de Jesus e do Tetragrammaton (quer sob a influência do velho ocultismo "Pentagrammaton", ou de forma independente).


O Mistério Do Pentagrama


O pentagrama é a estrela composta por cinco linhas rectas e que possui cinco pontas. Na língua portuguesa, pentagrama significa uma palavra com cinco letras. Na música indica as cinco linhas paralelas que compõem a partitura.
Originalmente era o símbolo da deusa romana Vénus, e assim é associado a este planeta cuja órbita, vista da Terra, descreve aparentemente uma estrela de cinco pontas, como já informava a Astronomia Ptolomaica. Na Natureza, o pentagrama é o signo do quinto Elemento, o Éter, assinalado na sua ponta superior, enquanto nas demais pontas inferiores se assinalam os restantes quatro elementos naturais: Ar, Fogo, Água, Terra. O pentagrama (ou pentalfa) também é símbolo do Infinito: dentro do pentágono no centro do pentagrama é possível fazer outro pentagrama menor, e assim sucessivamente.
Possui simbologia múltipla, sempre fundamentada no número 5, que representa o casamento unindo o masculino (o 3) e o feminino (o 2), desta forma simbolizando a união dos contrários necessária à realização espiritual.
Por essa razão, na matemática com origem na Escola Pitagórica o pentagrama (símbolo dessa instituição grega) anda ligado ao número de ouro (1.618): composto de um pentágono regular e cinco triângulos isósceles, a razão entre o lado do triângulo e a sua base (lado do pentágono) é o número de ouro.
A Cabala judaica, através dos seus rabinos mais eruditos, considera o pentagrama simbólico da Vontade de Deus e da Protecção Divina. No Cristianismo é a Estrela do Natal, a do Nascimento de Cristo, preanunciando a Ressurreição tanto do Espírito no Corpo (Nascimento), como do Corpo no Espírito (Ressurreição). Na Maçonaria é a Estrela Flamejante da Iniciação, plantada no Oriente da Loja, assim também simbolizando a Ressurreição, após a Morte, do profano como novo Iniciado.
Quando o pentagrama se apresenta invertido (o chamado “pentalfa quebrado”), geralmente assumido símbolo do Mal contrário ao do Bem que é o pentagrama ao alto (dito “pentalfa exaltado”), quer dizer que o Espírito mergulhou na cegueira da Matéria e nos padecimentos carnais da Alma humana.

Iniciação Rara Gary L. Stewart



Em um artigo anterior intitulado “Elementos Introdutórios da Iniciação”, afirmei que a CR+C é uma ordem iniciática e ritualística e expliquei o que isso significa. Também falei de uma corrente que não possui limites de espaço ou tempo, e que a partir desta corrente ou caminho originou-se a linhagem e o propósito iniciático tradicional da CR+C.

Além disso, expliquei os três tipos de iniciação — a comum, a rara e a nociva, seguidas de uma explicação um tanto extensa da primeira categoria, e então breves descrições da segunda e terceira categorias. O propósito deste artigo é examinar a segunda categoria — a iniciação rara.

Primeiramente, devemos compreender, mais a partir do coração do que a partir da mente, que qualquer discussão com relação à iniciação deve ser circular. Em outras palavras, estamos considerando um fluxo ou corrente à qual denominamos caminho, o qual não possui nem começo nem fim. O caminho não é linear em que ele não se relaciona com os conceitos intelectuais de espaço e tempo. Ele não vem de lugar algum, nem tampouco termina em algum local. Ele simplesmente flui. Uma vez que sua natureza é um movimento fluente, por assim dizer, e não possui nem início nem fim, como então esta corrente, ou caminho, pode ser percebido?

Ao examinar o caminho sob uma perspectiva Linear, nós nos visualizamos como um ponto, e visualizamos o caminho como uma linha. A qualquer dado momento, podemos ingressar nessa corrente, mas isso não necessariamente significa que nós nos fundimos com a corrente e nos tornamos um com ela. Nós afirmamos descritivamente que a corrente flui e que, ao nela ingressarmos, fluímos com a mesma. Entretanto “fluir com a corrente” não significa que temos que ser carregados corrente abaixo pelo movimento. Fazer isso significaria dizer que nós estaríamos simplesmente viajando de um ponto a outro ou, em outras palavras, vagando sem destino em uma direção geral. Fluir é a natureza da corrente, e ao entrar nessa corrente, o fluir deve tornar-se nossa natureza.

Conseqüentemente, nós não devemos pensar no caminho como uma linha progredindo em uma direção particular, ou pensar em nós mesmos como pontos ao longo da linha, pois isto resultará em pensarmos em termos de medidas e nos perguntarmos questões tais como: “Onde estou no caminho?” ou “Quão evoluído eu sou?” No caminho iniciatório, as medidas não possuem valor intrínseco real além daquele de se atingir uma compreensão intelectual da situação.

Assim, nos deparamos com um paradoxo. Por um lado nós “entramos no caminho”, o que nos diz que devemos começar em algum “ponto”. Mas se o caminho não possui nem início nem fim, como então pode alguém “entrar” sem perceber uma situação linear? Esta questão pode ser respondida simplesmente afirmando-se que devemos desenvolver versatilidade de mente e coração e, subseqüentemente, mudar nossa perspectiva para visualizarmos a situação não a partir da separação, mas mais exatamente a partir da Unidade. “Eu sou a corrente.”, “Eu sou o caminho.” Porém o “eu” não se refere a mim pessoalmente. É tudo que existe.

Esta ciência só é atingida através da iniciação, e por nenhum outro meio. Ironicamente, nem sempre estamos cientes da iniciação, ou mesmo cientes deste caminho inerente dentro de nós mesmos. Mas ele lá está. Sempre esteve, e o ato de ingressar na corrente é meramente uma percepção de que já estamos no caminho. Como resultado disso, nossa perspectiva do caminho se modifica. Ele não é mais uma linha reta, mas ao invés disso, é uma substancia que a tudo penetra, que tem a aparência de existir em graus somente em relação à compreensão do indivíduo que o está experimentando. Nossa percepção, então, é um movimento circular e fluente que não conhece pontos. Não é, na verdade, uma forma espiral, porque não possui direção mundana — nem tampouco um sentido de superior ou inferior. Nem, ao mesmo tempo, é ela autocontida, porque é verdadeiramente infinita quando vista a partir de uma perspectiva mais completa de onipotência.

A iniciação comum, como fora considerada anteriormente, atinge basicamente duas coisas. Primeiro, ela representa — não, ela é um caminho ou uma corrente completa solidificada em um método. Ela possui todos os elementos em sua forma completa contidos em um sistema que é em si e por si mesmo onipotente. Nesse tipo de iniciação, a tradição e a linhagem desse sistema são passadas de um iniciado para outro. Por favor, compreenda que a ciência de consciência expandida, ou de iluminação mística, que a iniciação comum representa e serve, não é necessariamente compreendida conscientemente pelo iniciado que recebe a iniciação. Nem é necessariamente compreendida conscientemente pelo iniciador, aquele que inicia. É importante perceber que uma substância intangível é passada de um para outro através do processo de iniciação comum, uma vez que cada iniciado, independentemente de sua compreensão, prestou um voto de se tornar um veículo de Luz e de verdadeiramente servir o caminho. Não é necessário para o iniciado ou para o iniciador compreender a essência que está sendo passada de um para o outro, contanto que a pureza de motivo e a sinceridade sejam evidentes. Isto se dá simplesmente porque uma pessoa não confere uma iniciação a uma outra pessoa. O iniciador serve a iniciação, e é o iniciado quem recebe o que é servido por um outro e concorda em servir perpetuamente da mesma maneira — assumindo a responsabilidade total de aprender o que ocorreu.

Em segundo lugar, a iniciação comum inspira e desperta a iniciação rara dormente dentro de cada indivíduo. É importante notar neste ponto que uma iniciação rara não é superior, inferior, ou melhor do que uma iniciação comum ou vice versa. Para que um caminho seja seguido, há um inter-relacionamento imediato entre as duas formas de iniciação que necessita sua inseparabilidade. Este ponto será ilustrado em breve.

A iniciação rara também pode ser referida como a iniciação verdadeira, apesar deste último termo poder ser enganoso. Definida simplesmente, a iniciação rara ocorre quando um iniciado recebe uma iniciação diretamente através de uma osmose espiritual e não a partir de um iniciador humano. Em outras palavras, há uma fusão completa da natureza do iniciado com a corrente espiritual. O iniciado percebe que ele ou ela não entrou meramente em uma corrente e viaja de um ponto a outro, como mencionado anteriormente, mas mais exatamente, a natureza do iniciado deve se tornar idêntica ao fluxo da corrente. A iniciação rara subentende que o recipiente recebeu uma percepção da iluminação mística. Entretanto, existe muito mais nisto do que nossos olhos podem enxergar.

Qualquer pessoa pode receber iluminação mística, e não tem que estar em um caminho para assim o fazer. Se este é o caso, deve ser percebido que a natureza da iluminação poderia possivelmente ser sem sentido ou desperdiçada, de certa forma, em alguém que não percebe o seu significado e não a coloca em ação. A iluminação mística em si e por si mesma é comum. O que é extremamente raro é uma pessoa verdadeiramente perceber e participar da experiência, com isso apreciando seu valor por completo. Todos os seres têm o potencial para um despertamento inerente dentro de si. Portanto, a iluminação mística se torna uma simples percepção. Se essa percepção varia em grau de se saber desde como 2 + 2 = 4, até uma consciência expandida do Cósmico, depende da iniciativa e do propósito do indivíduo.

A importância de uma experiência mística é que ela é noética. A pessoa sabe, sem dúvida nenhuma, que algo é verdade. No exemplo simples 2 + 2 = 4, não é o fato 2 + 2 = 4 que é uma percepção mística, mas mais exatamente, é o saber e o sentir daquela substância intangível que nos faz perceber e, pela primeira vez, nos maravilharmos com espanto que existe tal fato de que verdadeiramente 2 + 2 = 4. Nós todos já tivemos aquela experiência de saber, e esse sentimento é tão difícil de descrever e às vezes tão sutil que pode facilmente passar desapercebido porque nós nos tornamos muito envolvidos com os resultados ou fatos. Mas, na verdade ele lá está! A força de nossa percepção depende de como nós respondemos à energia sutil.

Nós não conseguimos corretamente qualificar a equação 2 + 2 = 4 como uma iluminação mística ou como o resultado de uma iniciação rara. Porém, é importante saber que é a fonte por detrás da percepção da verdade desta equação que deve ser nutrida.

Mais uma vez nossa discussão se torna circular. Mencionei anteriormente que existe um inter-relacionamento entre a iniciação rara e a iniciação comum. Este relacionamento tem a ver com o caminho ou corrente.

Se um indivíduo é o recipiente de uma iniciação rara que resulta num despertamento completo de uma percepção espiritual, podemos presumir que esta pessoa já fora preparada para a experiência. Talvez esse indivíduo ingressou em um caminho e foi preparado por uma série de iniciações comuns durante sua vida. Ou talvez ele ou ela tenha sido preparado durante uma encarnação anterior. Quando o iniciado tem tal experiência, um de três resultados se seguirá. Ou esta pessoa não fará nada, com isso mantendo a experiência para si própria; ou o iniciado agirá e se tornará uma pessoa com propósito, estando assim servindo a iniciação de maneira a compartilhá-la com outros ou servindo a humanidade; ou o iniciado embarcará em um novo caminho.

No primeiro caso, podemos ter por certo que a iniciação não foi completa, mesmo se ela assim tenha parecido para o indivíduo. As qualidades do serviço estão faltando e os benefícios acabam servindo ao próprio indivíduo. Com isso, a iniciação foi, de certa maneira, desperdiçada, embora comprometimentos menores possam se manifestar.

No segundo caso, a iniciação foi acompanhada de um sentido de necessidade de servir. Tal serviço irá se manifestar, mais comumente com o indivíduo fazendo um voto e um compromisso silencioso e despretensioso de servir como um veículo de Luz em vias que possam nem parecer místicas em natureza. Tais indivíduos podem trabalhar no desenvolvimento da cultura, na educação ou no serviço à humanidade de alguma outra forma. Geralmente, tais pessoas são altamente consideradas, reconhecidas em seus campos e se destacam entre o resto de seus companheiros de trabalho uma vez que seus propósitos têm um comprometimento muito mais intenso.

Dos três resultados, o segundo e o terceiro estão mais alinhados com o trabalho e os propósitos das linhagens e Ordens místicas, tais como a CR+C. No segundo resultado, o indivíduo já havia entrado em uma corrente ou caminho e tinha recebido iniciações comuns as quais inspiraram e aceleraram a iniciação rara. A escolha de propósito de tais iniciados então se torna trabalhar inteiramente dentro de seus caminhos escolhidos e acrescentar suas forças de compreensão da iniciação comum para outros indivíduos dentro de sua corrente. O terceiro resultado é começar um novo caminho. Porém, novamente, este terceiro resultado é enganoso, uma vez que o “novo” caminho não é novo, porém meramente um ramo do antigo, e se nós conseguirmos visualizar uma árvore com muitos ramos, nós poderemos ver como tais correntes se inter-relacionam.

Nós dizemos que existem muitos caminhos, e realmente existem, mas todos eles se originam a partir de uma mesma fonte de base mística e espiritual. Os ramos são desenvolvidos de acordo com a necessidade, e tradicionalmente tais caminhos, como a corrente Rosa-Cruz, tem gerado ramificações místicas e não-místicas, baseadas no ideal espiritual do serviço e na necessidade no momento de sua concepção. No passado a corrente Rosa-Cruz foi responsável por influenciar e formar outros movimentos místicos, ordens e ritos, tanto quanto por contribuir para o desenvolvimento de organizações educacionais e aparentemente não místicas tais como a Royal Society e outros sistemas de pensamentos filosóficos e científicos, para assim guiar e adicionar um maior significado místico a tais movimentos. Hoje em dia, além de nosso trabalho espiritual e esotérico, fazemos o mesmo nos concentrando primariamente na cultura e educação como representações e manifestações mundanas de nosso ideal espiritual. O amanhã será determinado de acordo com a necessidade.

Em resumo, a iniciação é sempre evidente em buscas espirituais e místicas. Nosso primeiro passo em direção a um caminho é o resultado de uma iniciação que nos ensina a necessidade de saber e fazer mais. Mais tarde, o iniciado irá experimentar uma iniciação comum ou uma iniciação rara. Caso a iniciação rara seja experimentada primeiro, o envolvimento com a iniciação comum se torna uma necessidade. Se alguém começa com a iniciação comum, a consecução de uma iniciação rara se torna uma meta, e a apreciação da iniciação comum subseqüentemente se torna mais evoluída, formando assim um círculo, uma vez que todas as iniciações são um amálgama do Todo.

Elementos Introdutórios da Iniciação Gary L. Stewart



A iniciação é o aspecto e a causa essencial da elevação da consciência às sublimes realidades objetivas dos estados superiores — àquele estado transcendente de percepção onde o Ser Verdadeiro funciona de acordo com o grau de seu despertamento e em um plano de existência que permite o serviço sem restrições. Ela opera em um dos diversos planos, cada um com sua própria realidade objetiva, sua própria criação, que pode ou não ter paralelo com aquelas realidades objetivas do mundo com o qual estamos acostumados. Nosso ponto individual de trabalho depende somente do grau de nosso despertamento e do nível particular de realidade objetiva no qual fomos iniciados.

Até certo ponto, a natureza de nossas iniciações é escolhida por nós mesmos, embora, talvez, não somente como resultado de uma escolha intelectual. É nossa sinceridade interior, nossa atitude e nossa pureza de motivo que determinam em que nível funcionamos. É fácil perceber que nosso intelecto não pode tomar essas decisões por si só. Mais exatamente, ele serve meramente para nos auxiliar a nos harmonizarmos com o Deus Interior de onde se origina nosso desabrochar para atingirmos um ponto de verdadeira iniciação de verdadeira escolha.

A Confraternidade da Rosa+Cruz é uma ordem iniciática e ritualística em que o Caminho que escolhemos utiliza a técnica esotérica iniciática tradicional que se desenvolveu a partir do sistema arcano que foi compreendido no alvorecer da consciência. O sistema Tradicional flui de uma corrente sem começo ou fim. Essa corrente não foi criada; está sempre presente. Nosso processo de iniciação retira o iniciado de sua realidade objetiva individual e abre um portal para o estudante através do qual cada iniciado deve voluntariamente passar por seu próprio desejo. A manifestação exotérica da iniciação não conferirá a esse iniciado nada além de uma escolha. E tal escolha deve ser feita pelo iniciado a partir do coração. Uma vez que a escolha é feita e o iniciado verdadeiramente começa a fluir com a corrente disponível, a iniciação cumpriu seu propósito. Suas ferramentas não são mais necessárias e o iniciado deve então se preparar para a próxima iniciação, em sintonia com a corrente escolhida.

O propósito deste artigo não é o de discutir nossos símbolos ou rituais, ou aquilo que eles devem transmitir. Mais exatamente, este artigo é uma introdução aos elementos da iniciação na qual as ferramentas do ritual físico tradicional e o mundo psíquico podem ser utilizados para despertar nosso verdadeiro propósito de espiritualidade.

Quando dizemos que a CR+C é uma ordem iniciática e ritualística, estamos dizendo que através de nossa metodologia reconhecemos o Caminho sempre presente que é estruturado em um sistema hierárquico. Não me refiro a uma hierarquia exotérica de oficiais que lideram a Ordem e guiam seu propósito, mas sim a uma hierarquia esotérica que transcende a personalidade. Se um membro da Ordem ou um de seus oficiais é ou não parte dessa hierarquia é irrelevante. Na verdade, todo o conceito da idéia popular de mestres ou personalidades iluminadas nada mais faz que depreciar o trabalho que eles idealizam. Por quê? Porque tais mestres nada mais são que a criação e personificação da compreensão limitada das pessoas que os criam.

Na assim chamada “Nova Era”, que é referência para nossos tempos da mesma forma que períodos anteriores foram conhecidos como “A Reforma” e a “Era do Iluminismo”, encontramos muitos que alegam ser canais exclusivos das personalidades de mestres que, pela primeira vez na história da humanidade, estão se revelando a nós com o propósito de salvação. Como isso difere das hostes de santos medievais trazidas a nós pela igreja? Ou dos deuses dos gregos e de outros povos? Como pode a humanidade hoje ser tão arrogante a ponto de pensar que, pela primeira vez na história, seremos salvos pela interação pessoal de mestres, deuses ou santos?

Não estamos em uma “Nova Era”, da mesma forma que nunca realmente estivemos em qualquer outra “era”. Estamos simplesmente em uma era que sempre esteve presente. Como em séculos passados, as pessoas estão agora se voltando com interesse renovado para ideais mais elevados, mas a maioria delas não está colocando sua fé em uma personificação para guiá-las para a iluminação.

Eis uma cilada que só a iniciação pode ajudar a evitar. É verdade que hoje muitas pessoas estão sinceramente canalizando mestres. Mas esses mestres não são da hierarquia esotérica. O que está sendo canalizado nada mais é que as crenças criadas personificadas pela consciência coletiva daqueles que acreditam. Aqueles que são proficientes em viajar nos reinos astral ou psíquico comprovarão o fato de que podem se encontrar face a face com o deus Apolo ou com o Mestre Kuthumi. Mas só um iniciado pode verdadeiramente diferenciar entre aquilo que é real e aquilo que é uma manifestação criada. Uma manifestação criada possui vida, possui personalidade, mas não possui nenhuma substância espiritual. E tocar a verdadeira hierarquia esotérica requer o reconhecimento dessa substância e a ascensão àquele nível de manifestação.

O plano astral não é tão diferente do plano físico, exceto que a matéria como a compreendemos não está presente. Conseqüentemente, nossa percepção dentro do mundo astral vê uma condição de natureza mais etérea, que é muito mais fácil de criar em forma visível. Muito daquilo que é de natureza positiva, quando visto nesse reino astral, são pessoas materializadas de uma maneira que não pode ser feita no plano físico. Devemos também lutar com traços negativos de medo e ódio que também se manifestam nesse reino. Juntos, eles formam um mundo paralelo que ainda contém engano e ilusão. Muitas pessoas acreditam que ao terem uma experiência nesse reino conseguiram atingir o que buscavam por encontrarem suas crenças lá personificadas. Mas se essas pessoas tivessem verdadeiramente experimentado uma iniciação, elas primeiramente ficariam muito desapontadas ao descobrir que aquilo que freqüentemente achavam ter atingido nada mais era que uma parte delas mesmas. Mesmo assim, se foram sinceras, a verdadeira beleza da iniciação desabrocharia e seu desapontamento daria lugar a um estado exaltado de compreensão ao saber que um véu foi removido e que a verdadeira hierarquia esotérica dos mestres está um pouco melhor compreendida.

O problema hoje em nosso mundo, no que diz respeito a assuntos esotéricos, é que a iniciação não está presente como um sistema real na advocacia da “Nova Era”. Somente a iniciação pode nos levar além das limitações e dos enganos físicos e psíquicos. Ao mesmo tempo, devemos nos conscientizar de que uma iniciação não é física ou psíquica, embora métodos físicos ou psíquicos sejam utilizados. Uma iniciação verdadeira é puramente espiritual. Ela ocorre a partir do interior de cada indivíduo como resultado de seu próprio preparo e presteza, sendo inspirada e acelerada por um ritual físico que às vezes se associa a uma experiência psíquica. Vejam as alegações de diferentes organizações e indivíduos. Quantos utilizam o processo iniciático? Não concordamos que, quando nossos olhos estão abertos, a maioria das alegações de espiritualidade são crenças pessoais formadas a partir do intelecto? Mesmo aquelas poucas organizações que declaram utilizar a técnica iniciática criam suas iniciações para adequá-las às suas idéias preconcebidas.

É imperativo que nos divorciemos dessas armadilhas. Caso contrário, seremos culpados de auxiliar as forças destrutivas à natureza. Existem hoje apenas algumas poucas estirpes de ordens iniciáticas prontamente disponíveis a todos os estudantes sinceros. Somente o verdadeiro iniciado pode encontrar qualquer uma delas. Mesmo assim, elas estão abertas somente a um número limitado. Há também outras escolas que servem à verdadeira hierarquia esotérica, mas sua técnica difere um pouco da linhagem iniciática; mesmo assim, somente um iniciado as compreenderá e elas também são muito poucas e reclusas.

Por que este estado de coisas existe? Duas Guerras Mundiais, tecnologia materialista, nacionalismo e intolerância religiosa têm todos sido fatores que contribuem para isso. Mesmo a partir dos “iluminados da Nova Era” encontramos uma atitude predominante, relativa à iniciação, que está enterrada na filosofia da Nova Era. Essa atitude pode ser melhor parafraseada nas palavras de um “místico” moderno ao promover determinada escola dizendo que, de acordo com os mestres, a era das ordens iniciáticas está ultrapassada, que sua técnica não mais se aplica ao mundo de hoje e que deve ser substituída por uma nova ordem e uma nova técnica que correspondem e vão ao encontro do estado já elevado de consciência atingido pela humanidade.

Tal declaração é o cúmulo da arrogância e revela a ignorância acerca da corrente iniciática. Fazer tal alegação em nome da hierarquia esotérica é, entre outras coisas, um absurdo. Os iniciados que partiram antes de nós, que transcenderam os planos conhecidos e que nos guiam através de seus ideais nunca poderiam fazer tais alegações, porque foi a técnica iniciática que os levou até onde hoje estão. Nicholas Roerich disse uma vez que era possível que um iniciado evoluísse além da escola de pensamento que pela primeira vez o introduziu aos mistérios. De fato, espera-se que isso venha a acontecer. Mas ele também declarou que o iniciado sempre se lembraria com carinho e reverência daquilo que o guiou no Caminho.

O que é, então, essa técnica iniciática que é nosso dever proteger? E o que ela ensina? Em um estágio elementar, a iniciação é simplesmente um começo, como assim subentende a derivação da palavra latina “initium”. A iniciação é o início de um novo estado ou condição abrindo-se para um novo caminho. Há três classes tradicionais de iniciação que consideraremos: (1) comum, (2) rara e (3) prejudicial.

O profano é considerado um prisioneiro cego das trevas que vagueia pelos diversos reinos do engano, ilusão e erro. Se o profano for sincero, por fim encontrará uma iniciação que realmente o coloca em uma nova condição livre das mentiras e preconceitos. Em uma palavra, essa pessoa se torna iluminada e é reconhecida como um iniciado, tornando-se, por meio disso, mais forte e mais poderoso. Um novo caminho é aberto ao iniciado e a Verdade Cósmica é revelada através do simbolismo, uma chave a ser utilizada para desvelar os mistérios ocultos ao mundo profano.

A conseqüência da iniciação é ao mesmo tempo uma possibilidade e um dever de utilizar a luz recém adquirida em nome da humanidade — uma possibilidade no sentido que o iniciado pode se recusar a cruzar o portal; e um dever, no sentido que, se o cruzar, o iniciado deve se tornar um foco de radiação da luz. O iniciado deve se livrar de todo egoísmo e interesses egocêntricos. Se esses grilhões forem quebrados, a emissão de luz é ao mesmo tempo amor, energia e poder.

A natureza desse poder é uma transmissão do iniciador para o iniciado por indução mental, o que cria uma nova condição mental ou percepção. O iniciador pode ser outra pessoa ou pode ser simplesmente a Natureza, mas o ato da iniciação cria um equilíbrio dentro do iniciado reconhecido como harmonia. Uma vez atingida a harmonia, o poder torna-se percebido e, por meio disso torna-se permanente. Aquilo que é feito não pode ser desfeito. O iniciado percebe que não pode nunca mais voltar para o mundo profano. Mas ao mesmo tempo, não há garantia de que o iniciado permanecerá no Caminho. É por isso que é extremamente importante que a ligação com o iniciador original seja mantida e que todas as viagens futuras sejam feitas de forma progressiva. Negar o iniciador original é negar o Trabalho. Desta forma, lembramo-nos das palavras de Roerich, como mencionado previamente.

A ligação ou a linhagem do iniciador ao iniciado é uma transmissão de poder através de uma cadeia ininterrupta de iniciados que são, essencialmente, veículos humanos da Luz. Geralmente, um ritual especial acompanha tal transmissão e seu propósito é o de desencadear uma corrente de assistência celestial causando a harmonização com forças espirituais que ajudam o iniciado a destruir, pelo fogo, suas qualidades profanas. Um verdadeiro ritual de iniciação em muito ultrapassa uma simples dramatização. Uma dramatização somente tocará as emoções e o intelecto. O ritual tocará a essência espiritual e trará à existência a assistência espiritual através de um despertamento.

Quando um verdadeiro ritual de iniciação ocorre, ele é acompanhado pela responsabilidade do iniciado em manter a transmissão do poder espiritual através da obrigação de irradiá-lo a partir do interior de seu ser. Há também a obrigação de cada iniciado de se certificar que a Luz seja perpetuada e transmitida às gerações sucessivas, assegurando assim a continuidade da técnica. No entanto, ainda é possível ao iniciado afastar-se da linhagem e utilizar o poder para fins egoístas. Se isso for feito neste estágio, não estamos lidando com um indivíduo que é simplesmente ignorante acerca da Luz, mas com alguém que conscientemente serve às Forças das Trevas.

O verdadeiro propósito desse tipo de iniciação é servir à humanidade para garantir que a Luz seja irradiada em meio às trevas. Podemos ver, de fato, que as obrigações e responsabilidades do iniciado são grandes e também percebemos que a importância de uma linhagem iniciática continuada e ininterrupta é de suma importância para que o poder da Luz cresça e transcenda as limitações do iniciado individual. O indivíduo pode dar as costas à Luz, mas a cadeia iniciática e a linhagem centenária de iniciados criam uma condição que supera o indivíduo, pois não pode ser destruída pelos fracassos de uma pessoa, seja ela quem for. Nenhuma pessoa isolada ou grupo pequeno de pessoas têm a força para desfazer o que foi feito. Isso se torna uma força e um poder da Luz que não pode ser desviado. Eis por que é tão absurdo ouvir a alegação que as ordens iniciáticas estão obsoletas e eis por que é tolice pensar que uma criação completamente moderna da “Nova Era” pode substituir um sistema que tem funcionado e prestado um grande serviço por incontáveis séculos.

O sistema da CR+C é o tipo de cadeia iniciática que acabamos de discutir. O sistema só pode ser obstruído caso a maioria dos iniciados se torne negligente quanto às suas obrigações e responsabilidades. Mesmo assim, bastaria somente um iniciado verdadeiro para reviver o Trabalho.

A segunda forma de iniciação é extremamente rara, e é talvez a fonte de todas as ordens iniciáticas, em que o recipiente da iniciação a recebe diretamente através de uma osmose espiritual, e não através de um iniciador humano. Indivíduos tais como Pitágoras, Raymond Lully e Louis Claude de Saint Martin são exemplos disso. A validade de suas iniciações pode ser provada através de certos sinais que representam certos segredos Cósmicos que são revelados por tais indivíduos através de suas obras ou das ordens que eles deram origem. A iniciação rara será coberta em maiores detalhes num artigo separado.

O terceiro tipo de iniciação que consideraremos é a iniciação prejudicial ou iniciação negativa. Há dois tipos delas: aquelas criadas pelas influências destrutivas de um ser humano que utiliza a técnica iniciática para atingir fins egoístas e, segundo, aquelas iniciações produzidas pelas ações da ignorância e do engano, às quais comumente nos referimos como Forças das Trevas. O iniciado das Forças das Trevas é aquele que se harmoniza com as criações astrais da cobiça e do ódio e desse modo nunca adentra os planos espirituais. São, na verdade, ilusões, mas ao mesmo tempo uma força que deve ser levada em consideração em nosso nível de manifestação.

A Luz Espiritual não conhece as trevas, mas para receber a Luz precisamos transcender as trevas e atingir o nível da Luz. Devemos, através da iniciação, deixar as trevas para trás através de nossos próprios esforços. Não podemos levar as trevas conosco ao nos aproximarmos da Luz. A Luz não virá a nós se permitirmos que as trevas estejam presentes. Eis por que os mestres não canalizam através de médiuns em nosso plano de existência.

O Infinito Gary L. Stewart



Se fossemos consolidar a essência da filosofia mística em um ponto específico que todos os estudantes de misticismo pudessem utilizar como uma base para obter compreensão, qual seria ele? Poderia possivelmente ser os passos requeridos para se desenvolver psiquicamente? Ou uma visão geral sistemática do processo do pensamento? Ou… ad infinitum?
   
Eis precisamente o ponto, quando dizemos “ad infinitum”. Podemos verdadeiramente dizer que há, de fato, uma base essencial a partir da qual todos os estudantes devem começar?

Se disséssemos, sempre haveria alguém que discordaria, principalmente porque cada indivíduo possui uma perspectiva única baseada em suas próprias experiências e o que é importante para um é irrelevante para o outro. Nós no caminho Rosa-Cruz não podemos de forma precisa dizer que ensinamos, mas preferivelmente que auxiliamos o indivíduo a aprender por si mesmo.

Estamos bastante cientes do fato de que todo aprendizado deve necessariamente vir de dentro de cada estudante individual e, portanto, não pode ser discernido por ele a partir do exterior. Qualquer escola de pensamento ou filosofia, qualquer definição de termos, deve ser interpretada individualmente pelo estudante e aplicada à vida de sua própria e exclusiva maneira. Somente então pode o verdadeiro aprendizado ocorrer.

Independentemente do que seja compreendido pelo estudante ou de como ele interpreta um pensamento, realmente existem certos assuntos que ele deve considerar.

O Rosacrucianismo freqüentemente se aprofunda em assuntos que podem ser relegados à categoria de “especulação mística”, mas independentemente de se são meras especulações ou não, em algum momento o estudante deve chegar a uma interpretação deles de forma a continuar a adquirir uma compreensão mais completa.

Essencialmente, a “verdadeira” compreensão deve suplantar a intelectual. Isto é, deve ser desenvolvida a partir das qualidades inatas dentro do ser do indivíduo. Ela pode ser “disparada” a partir do exterior, mas deve ser compreendida a partir do interior.

O infinito é um de tais assuntos que todo estudante terminará por tentar entender. Definido de forma simples, o infinito é aquilo que é sem começo ou fim. Isso, em si mesmo, é fácil o suficiente para se compreender, mas quantos de nós já se perguntaram: “Mas onde tudo começou?”

Ao mesmo tempo, muitos de nós estão procurando pela verdade absoluta ou pela percepção final. Antes que sejamos capazes de responder tais perguntas, precisamos chegar a alguma percepção com relação à natureza daquilo que é infinito.

Há diversas maneiras de se abordar o assunto, a mais comum sendo a partir de uma perspective linear. Isto é, a partir de uma perspectiva que é realmente intelectual em natureza.

Como exemplo, todos que estudaram matemática estão cientes de que entre dois pontos de um segmento de reta existe um número “infinito” de pontos adicionais. Podemos conceber uma situação onde tal existência seja possível porque podemos visualizar que entre dois pontos pode sempre existir um ponto médio entre os dois.

Para ilustrar esta afirmação, se nos referirmos aos paradoxos do antigo filósofo grego Zeno, encontraremos um ou dois exemplos que podem nos dar uma explicação muito boa de um conceito extremamente profundo.

Primeiro, Zeno ilustra uma corrida na qual a um dos participantes é dada uma vantagem. Ele então faz a pergunta: “Quem ganhará a corrida?” Essencialmente, Zeno conclui que nenhum dos participantes poderia logicamente ganhar porque para a segunda pessoa alcançar a outra, teria primeiro que percorrer metade da distância.

Mas, antes que pudesse percorrer metade da distância, teria também que percorrer metade daquela distância, uma situação que concebivelmente necessita de um processo infinito em que nenhum participante poderia se mover de forma perceptível, quanto mais ganhar a corrida. Esta noção, conclui Zeno, é absurda, porque na verdade as pessoas ganham e perdem corridas.

Em um outro dos paradoxos de Zeno, ele cita o exemplo de uma pessoa atirando uma flecha no ar. Ele salienta que a qualquer dado instante, a flecha não seria possivelmente capaz de se mover. Novamente, conclui, esta noção é absurda.

A implicação que Zeno está fazendo nas ilustrações acima é de que nossas noções do que percebemos como sendo a natureza daquilo que é infinito, e daquilo que constitui o tempo e o espaço, são na verdade muito mais do que é normalmente percebido intelectualmente.

E, de fato, há certamente a implicação de que o que constitui nossa realidade objetiva é somente uma expressão limitada de uma compreensão do que realmente existe que é limitada por nossa perspectiva de como observamos o mundo.

Desde a época de Zeno, a história da ciência e da filosofia tem sido essencialmente limitada à perspectiva linear do infinito. Não foi senão até que a evolução da matemática permitisse a certas grandes mentes, como exemplificado por Albert Einstein, desenvolver uma perspectiva diferente da realidade objetiva, que os interesses ontológicos do misticismo realmente começaram a ser compreendidos. Naturalmente, a teoria da relatividade trouxe uma perspectiva diferente de como a humanidade via nosso mundo.

Como exemplo, nos últimos dez anos uma nova teoria revolucionária chamada “Supergravidade” desafia nosso conceito de infinito linear. De forma bastante simples, esta teoria requer uma unificação das leis da gravitação na qual duas aparentemente diferentes leis são unificadas em uma.

A implicação aqui é que existe um fator unificador no universo que, misticamente, pode ser descrito como uma Unidade que a tudo permeia. Contudo, esta “nova” teoria também requer a subdivisão de partículas subatômicas, tais como nêutrons, fótons, múons, glúons e outros tantos ons... o que é essencialmente um retorno à maneira “linear” de pensar.

O ponto desta questão é que reconhecemos a existência de algo que é entendido como estando “além” de nossa compreensão e não obstante tentamos descrevê-lo utilizando nossos padrões de definição aceitos. Como resultado, freqüentemente colidimos com muitos paradoxos e contradições que são realmente desnecessários.

Por outro lado, a filosofia mística permite “novas” interpretações das “velhas” alegações científicas e filosóficas em que não tentamos limitar nosso método de pensar. Em vez disso, incorporamos uma mudança de atitude e de perspectiva ao nosso sistema de crença. Em outras palavras, examinamos todos os ângulos possíveis para um dado problema e incorporamos certos atributos humanos como a intuição e o discernimento interior ao nosso sistema de estudo.

Se aplicarmos a metodologia ou a lógica que resulta do misticismo, poderemos ver e compreender o assunto do infinito sob uma luz diferente. Em vez de considerá-lo a partir de uma expressão linear ou quantitativa, vamos vê-lo a partir de um ângulo qualitativo no qual a interpretação quantitativa daquilo que é infinito torna-se meramente uma “parte” do todo maior. Em outras palavras, a essência que a tudo permeia aludida nos escritos místicos não é descrita ou definida como sendo infinita em natureza, mas é entendida como sendo a fonte daquilo que é infinito.

Na tentativa de tornar este difícil conceito mais fácil de ser compreendido, se olharmos para o tempo a partir de uma perspectiva de passado, presente e futuro, teremos uma expressão quantitativa. A filosofia mística afirma que realmente não há nenhum passado ou futuro, mas, mais propriamente, que tudo ocorre no presente, existindo no “agora”.

Se formos um passo além disso e dissermos que também não há nenhum presente, imediatamente atribuímos à existência um estado qualitativo de ser que transcende a noção comum de infinito, de tempo e de espaço. Tais atributos tornam-se então uma parte do todo em vez de uma descrição do todo.

Podemos multiplicar o infinito por dois e chegar a infinito como resposta. Contudo, se dividirmos qualquer dado número no infinito por si mesmo, nossa resposta será um. Ou, se dividirmos o infinito por dois, o que temos? Talvez uma indicação sutil de uma qualidade ilimitada e interminável que não pode ser definida pelo termo “infinito”.

O Valor da Tradição Gary L. Stewart


Em que o Rosacrucianismo contribuiu para a sociedade e subseqüentemente para a humanidade? Em que o Rosacrucianismo está contribuindo agora?

Perguntas como estas são freqüentemente feitas tanto por membros como por não membros de nossa Ordem que estão seriamente tentando estimar o valor de nossa organização no mundo de hoje. Mas antes que possamos adequadamente responder tais perguntas, devemos compreender a perspectiva a partir da qual elas são feitas. Isto é, devemos compreender as razões para tais perguntas.

Bastante freqüentemente tais perguntas estão baseadas em uma preocupação material. Em outras palavras, espera-se que resposta buscada inclua informação relativa à evidência tangível do estabelecimento de nossa organização da mesma maneira que as empresas freqüentemente estabelecem filiais que produzirão bens e empregos para uma dada sociedade.

É aparente, contudo, que a natureza do Rosacrucianismo é tal que não podemos sempre dar o mesmo tipo de resposta que uma empresa pode dar. Devemos compreender que nossa Ordem é uma organização cultural, educacional e mística dedicada ao progresso da humanidade através da iluminação do indivíduo.

Portanto, nossas respostas a tais perguntas aparentemente simples em muito ultrapassam a simplicidade de sua natureza, porque nossas respostas devem necessariamente derivar de nosso mais elevado idealismo, de nosso misticismo, e da essência que ele representa. Além disso, tais respostas devem necessariamente estar ancoradas no compromisso, dedicação e sinceridade de nossos membros de acordo com sua compreensão dos ideais de nossos ensinamentos.

Talvez a melhor maneira de compreender a verdadeira essência de nossas contribuições seja compreender nossa tradição. Somos uma Ordem tradicional. À primeira vista, a importância desta afirmação pode ser negligenciada por algumas pessoas, pois o valor da tradição é freqüentemente mal-compreendido.

Não obstante, ela possui um profundo significado místico e filosófico. O problema em compreender a importância de tal afirmação poderia se encontrar na crença de que a tradição é antiquada, limitadora e restritiva ao crescimento criativo em que se considera que ela é conducente à criação de crenças dogmáticas.

Isto pode bem ser verdade de qualquer tradição se ela se tornar estagnada em seu modo de operação. Contudo, o verdadeiro propósito e intento de qualquer tradição é perpetuar e preservar uma herança cultural e sua sabedoria inerente através das eras, de forma a torná-la disponível para todas as pessoas.

A partir desta afirmação, podemos prontamente ver que a tradição não é algo em si, mas deve necessariamente estar relacionada a uma fonte de um intento mais profundo. A tradição, então, torna-se uma condição que não é nem restritiva nem criativa, mas antes, um instrumento ou um meio que assume o atributo da neutralidade.

Em outras palavras, ela se tornará somente o que representa. A tradição muitíssimo adequadamente representa uma herança cultural. A cultura, em si, não pode nunca ser restritiva ou dogmática, uma vez que a herança cultural é a base e a força de qualquer sociedade em particular.

Em outras palavras, qualquer sociedade que exista hoje, e mesmo a humanidade em geral, está construída sobre fundações assentadas no passado. Se tais fundações são ou não consideradas limitadoras ou criativas dependerá de como tais fundações são compreendidas ou interpretadas pelo indivíduo.

Quais são, então, os atributos da cultura? A cultura representa as crenças e os esforços das pessoas que constituem uma sociedade. Inerentes a estas crenças são encontradas uma filosofia, uma arte, uma música e uma sabedoria arcana que são tradicionalmente passadas de uma geração para a próxima e por meio disto preservadas como uma fonte ou uma base para aquela sociedade específica.

Podemos também observar o aparecimento de qualidades degenerativas que assumem um aspecto negativo. Mas se ficarmos fora daquela sociedade e observarmos como ela progride, constataremos um fator crucial, a saber: que todos os aspectos de qualidades generativas e degenerativas são essenciais na produção de mudanças e de adaptação a novas situações para cada geração sucessiva.

Se olharmos para estas qualidades “negativas” a partir desta perspectiva, e as vermos como sendo às vezes elementos necessários para iniciar uma mudança e um crescimento, podemos alterar nossa perspectiva de uma perspectiva que seja negativa, para uma que seja positiva. Com uma perspectiva positiva, torna-se mais fácil reconhecermos um elemento distintivo que permeia e sobrevive a todas as mudanças e que identifica uma sociedade específica. Esse elemento é o que chamamos de costume ou tradição.

Se nos tornarmos ainda mais objetivos em nossa avaliação e observarmos não uma sociedade, mas todas as sociedades ou a humanidade como um todo, poderemos nos surpreender com o que descobriremos. Descobriremos um denominador comum unificador que une toda a humanidade — e uma vez mais, a cultura e a tradição. Diferentes culturas e tradições modificaram, adaptaram, alteraram e infundiram todas as sociedades.

Em casos extremos, quando uma sociedade e uma cultura específicas foram conquistadas por uma outra, logo torna-se evidente que a cultura nativa também altera e modifica a nova cultura — talvez muito lenta e sutilmente, mas não obstante ela a altera.

Como resultado, com o correr do tempo, cada sociedade sucessiva cresceu e evoluiu porque a verdadeira essência, a sabedoria, a verdadeira base de toda humanidade a tudo permeia e permanece criativa em potencial. Este elemento criativo nunca pode realmente ser destruído. É a partir desta condição favorável que podemos perceber o verdadeiro valor criativo da tradição. As verdadeiras tradições não são ações, elas são a essência que une todas as pessoas embora sejam expressas de muitas diferentes maneiras.

Em que então o Rosacrucianismo tem contribuído para a sociedade? Se percebermos que nossa tradição está baseada na tolerância, na compreensão, na instrução e na elevação de toda humanidade, perceberemos que nossa tradição é o potencial criativo unificador que é a essência de toda tradição e de todas as culturas. Isto é, nossa tradição perpetua a própria essência do potencial cósmico e humano que é conhecido como sabedoria arcana.

Reconhecemos o cordel comum que une toda a humanidade em uma unidade — um fator que foi percebido por nossos fundadores tradicionais milhares de anos atrás e que ainda hoje é preservado em nossa filosofia mística, rituais e atitude. De fato, não seríamos Rosa-Cruzes se não fosse pela preservação de nossa tradição. Pela percepção de que todas as culturas e sociedades possuem as mesmas bases, buscamos então preservar e perpetuar aqueles aspectos dos costumes que representam os mais elevados ideais da Verdade e do aperfeiçoamento de todos.

Fazemos isto não suplantando uma dada cultura por outra, mas encorajando seu crescimento e seu desenvolvimento a partir de dentro por meio de nossos membros em cada sociedade, que são ensinados a expressar a verdade e a compreensão ao máximo de sua habilidade e a trabalhar com a estrutura de cada sociedade. Encorajamos uma preservação e um crescimento da sociedade exemplificando o elo comum, a irmandade comum.
     
O Rosacrucianismo existe na maioria das sociedades e das culturas do mundo. Nossos ensinamentos descrevem as leis e os princípios fundamentais da essência que a tudo permeia que chamamos de Cósmico, e são planejados para auxiliar nossos estudantes em sua descoberta da verdade. Não forçamos as pessoas a acreditar ou lhes dizemos em que acreditar, mas, antes, as encorajamos a desenvolver suas próprias crenças.

O que nossa Ordem contribui para a sociedade é relativo a como nossos membros reagem aos nossos ensinamentos. Em algumas sociedades, encontraremos o estabelecimento de museus e de centros culturais que são para o benefício de todas as pessoas. Encontraremos nossa Ordem auxiliando qualquer pessoa que esteja em necessidade. Mas, mais importante, nossa Ordem contribui para a cultura, para a educação e com serviço para toda a humanidade.