sábado, 14 de agosto de 2021

Henosis

 


Henosis (grego ἕνωσις henosis) significa "singularidade", "unidade", "união". No platonismo, e especialmente no neoplatonismo, o objetivo da henosis "unidade, singularidade" é a união com o que é fundamental na realidade: "O Um" ou "o Uno" (Τὸ Ἕν), "A Fonte", "O Mônada".

O conceito neoplatônico tem precedentes em religião de mistérios gregas bem como paralelos na filosofia oriental. É ainda desenvolvida no Corpus Hermeticum, na teologia cristã, soteriologia e misticismo e é um fator importante no desenvolvimento histórico do monoteísmo durante a Antiguidade tardia.


Conceitos

Fé e destino


Conforme especificado nos escritos de Plotino sobre a henologia, o estágio mais elevado da deificação é tabula rasa, ou um estado de vazio onde o indivíduo pode compreender ou se mesclar com a Fonte (ou o Um, este processo sendo a henosis ou a unificação). Esta simplicidade absoluta significa que o nous, ou a pessoa é então dissolvido, completamente absorvido de volta para o mônada. Na Enéadas de Plotino o mônada pode ser referido como o Bem acima do demiurgo. A mônada ou dunamis (força) é uma expressão singular (a vontade ou o Um são benévolos) tudo está contido na Mônada e a mônada é tudo (panteísmo). Toda a divisão é reconciliada em um, o estágio final antes de atingir a singularidade, a chamada dualidade (díade), é completamente reconciliada no Mônada, a Fonte ou o Um. Assim como como o Um, a fonte ou a substância de todas as coisas são abrangidas pela mônada. Como infinito e indeterminado tudo é reconciliado no dunamis ou Um. O demiurgo ou segunda emanação que é o nous de Plotino. É o demiurgo (criador, ação, energia) ou nous que "percebe" e portanto, faz com que a força (potencial ou Um) se manifeste como energia, ou a díade chamada de mundo material. O nous como um ser, ser e percepção (intelecto) manifesta o que é chamado de alma (Anima mundi).


Modalismo

A henosis para Plotino foi definida em suas obras como uma reversão do processo ontológico da consciência via meditação (na mente ocidental a não-contemplação em direção a nenhum pensamento (nous ou demiurgo) e sem divisão (díade) dentro do indivíduo (ser). Plotino define em seus ensinamentos para conciliar não só a Platão com Aristóteles, mas também várias religiões do mundo que teve com que teve contato pessoal durante várias de suas viagens. AS obras de Plotino ter um personagem asceta que rejeita a matéria por ela ser uma ilusão (inexistente). O assunto foi estritamente tratado como imanência, sendo a matéria tão essencial para seu ser, não tendo verdade, caráter transcendente , essência, substância ou ousia. Esta abordagem é chamada de filosófia idealista.


Henologia

A henologia é o discurso filosófico sobre "O Um", que aparece principalmente na filosofia de Plotino. Reiner Schürmann descreve a henologia como uma "metafísica da transcendência radical" que se estende além do ser e da intelecção. A henologia pode ser contrastada com a ontologia, na ontologia existe a "questão de ser" visto que na henologia se considera a "questão da unidade".


A henologia está em contradição com várias outras disciplinas filosóficas. O termo "henologia " distingue a disciplina que diz respeito à Unidade, como nas filosofias de Platão e Plotino, a partir de disciplinas com a preocupação sobre o Ser (como em Aristóteles e Aquino) e também daqueles que buscam entender o Conhecimento e a Verdade (como em Kant e Descartes).

Kenosis

 


Kenosis (ke/nwse - ekénose, ekenõsen) é um conceito na teologia cristã que trata do esvaziamento da vontade própria de uma pessoa e a aceitação do desejo divino de Deus. É encontrado no novo testamento como o esvaziamento de Jesus.


No Catolicismo

Na doutrina da Trindade esta relacionado à sua divindade, mas precisamente ao deixar de lado a sua glória sem perder sua natureza divina. Jesus deixa de depender, voluntariamente, de seu poder divino para depender do Espírito Santo. Kenótica à kenosis, doutrina do esvaziamento do logos divino. Na Teologia precisamente na matéria da Cristologia é conhecida como 'A DOUTRINA DO ESVAZIAMENTO DE JESUS CRISTO". Esta doutrina tem como base escriturístico a passagem nos escritos sagrados da Bíblia precisamente no Novo Testamento na carta de Paulo aos Filipenses (2:5-7 podendo prolongar-se até o 11). Nesta passagem o Apóstolo iluminado pela pessoa do diviníssimo Espírito Santo em uma Revelação Divina do seu pensamento explica que, Cristo se esvaziou dos benefícios de sua glória para tornar-se, também, 100% homem. Ele que é o criador e torna-se, também, "semelhante às criaturas. Antes que era ilimitado (infinito em sabedoria, substância e poder), torna-se limitado. Antes vivia em sua transcendência (em si mesmo na forma das três pessoas da trindade) e agora sujeita-se ao tempo e ao espaço (criação). O Todo-Poderoso, torna-se também um humilde servo, como é retratado no Evangelho de Marcos. Entenda que a kenosis não é que o logos divino deixa de ser totalmente o que Ele é de fato, pois como poderia se desfazer do que de fato Ele é? Mas apenas esvaziou-se de sua glória e esplendor. Ex: Um professor que é graduado em letras decide "entrar em total kenosis". Será que conseguiria deixar de fato o que ele é realmente? A resposta é não. O que ele poderia fazer é apenas deixar seu diploma de lado e não tomar posse do que por direitos legais ele conquistou, ou seja não irá lecionar letras. No entanto sempre será um graduado em letras por mais que não queira. Da mesma forma é Cristo, Ele deixa suas "credências divinas" e torna-se um ser totalmente dependente do Espírito Santo para mostrar a humanidade que é realmente possível vencer o pecado.A kenõsis, ou seja, "A DOUTRINA DO ESVAZIAMENTO DE CRISTO" é a grande passagem cristológica que projeta a luz sobre a encarnação de Jesus Cristo. A verdade revelada é justamente a que resulta do pensamento do apóstolo Paulo, quando se voltou para o advento histórico de Cristo a fim de ilustrar a doutrina da humilhação do Filho de Deus (cfr. 2Co 8:9), isto é, 'tornou-se a si mesmo como não tendo reputação alguma, ou melhor, esvaziou-se de si mesmo, sendo esta última frase a tradução literal do grego (ekenõsen), de que deriva o termo teológico e técnico (kenõsis) ou autoaniquilamento/esvaziamento de si. Jesus, que existiu em forma de Deus e igual a Deus, humilhando-se a Si mesmo tomando a forma de servo em lugar da pré-existente forma de Deus. O termo utilizado no texto de Fl 2.7 deixa claro o que foi o processo de esvaziamento que Cristo utilizou, isto é, (ekenõsen) tem como tradução a palavra 'esvaziou-se'. E a partir deste termo deu-se a origem a doutrina "kenótica" que ensinou que Cristo, na encarnação, se desfez de sua divindade e esvaziou-se de sua deidade parcialmente, na verdade em seus atributos e poder. Deixou de ser Deus (forma divina) para ser homem (criatura) por amor de muitos, a humanidade.


Na Vida do Cristão

Para alguns o exemplo do esvaziamento de Cristo é de "tirar de nosso coração tudo aquilo que nos prende ao mundo (kenosis)".


No Cristianismo Primitivo Ortodoxo

Os primeiros cristãos da era apostólica viviam esse conceito de auto-esvaziamento (At 20.24¡Gl 2.20). A principal verdade por trás deste conceito é a ideia de abandonar um estilo de vida egocêntrico para adotar um estilo de vida altruísta(2 Co 5.15). Na fé cristã, na prática, é viver para Jesus Cristo e se doar em serviço aos irmãos, sendo dos dois o conceito de maior força o de viver para Cristo(que implica diretamente viver em serviço abnegado aos outros também). Logo, é um "abandonar os próprios interesses" para "buscar os interesses de Jesus Cristo e Seu reino eterno". Os primeiros cristãos absorveram tanto esse conceito, que chegaram a vender bens materiais e distribuir o arrecadado para os que tinham necessidade. Foi também por causa deste conceito enraizado no coração e na mente que muitos perderam suas vidas na pregação do evangelho, pois mesmo diante das ameaças de morte, não poderiam deixar de falar Daquele para quem eles viviam.

Gnose é Plenitude

 


A Gnose é a plenitude do conhecimento, na qual culminam a Fé e a Filosofia. Querer chegar à Gnose sem Filosofia, sem dialética e sem o estudo da natureza é pretender colher as uvas sem cultivar a vinha. Para chegar até ela há que ascender, mediante a Fé, penetrar os segredos das Escrituras encobertas debaixo do véu das alegorias e conhecer os ensinamentos secretos do Senhor, transmitidos pela Tradição aos Apóstolos, especialmente a Pedro, Santiago, João e Paulo, e, destes aos demais.


Seu objeto é o conhecimento de Deus, que é a causa mais além de todas as causas, e do Logos que é a verdade por essência. É um conhecimento eminente, esotérico, reservado a uma minoria muito seleta, contraposto ao conhecimento exotérico que está destinado ao comum dos fiéis. É uma iluminação, uma compreensão, um estado habitual de contemplação, conhecimento intuitivo e afetivo da causa suprema de todas as coisas, que produz uma certeza absoluta. É a perfeição da caridade, própria do Novo Testamento.


Para se chegar a esta contemplação é necessário uma dupla preparação. Uma purificação moral, mediante a prática das virtudes, e uma preparação intelectual semelhante à uma iluminação. Depois vem os ‘pequenos mistérios’ com seus ensinamentos próprios e finalmente ‘os grandes mistérios’, nos quais se contempla o Logos. Quando se chega a este grau, a alma gnóstica é uma imagem do Logos, e intui a Deus face a face, ainda que a contemplação perfeita só se consiga depois da morte.


Gnóstico é o que vive unido a Deus pela Caridade e pelo Conhecimento, e que dominou suas paixões conseguindo um equilíbrio e uma imperturbabilidade absolutos. Assim se chega a apatia, que consiste na imunidade de toda paixão que possa perturbar a paz e tranquilidade da alma.


O gnóstico compreende o que aos demais parece incompreensível. Não há nada obscuro para ele. Tudo sabe, e por isso pode também ensinar. Muitos escutam a palavra divina, que é a refeição da alma, mas nem todos compreendem a grandeza da Gnose, e menos ainda são os que obram segundo a vontade do Senhor, que é a água da vida gnóstica. O gnóstico contempla a luz e a verdade. Quanto mais simples são seus desejos, tanto maior é sua união com Deus. O gnóstico imita a Deus e serve seus próximos com caridade.


As características do gnóstico são três: conhecer o Logos; agir segundo o Logos; e ensinar os demais as coisas ocultas acerca da verdade. ”


Autor: Clemente de Alexandria

Quimiognose - Peter J. Carrroll


NOTA IMPORTANTE: Usar drogas de qualquer tipo é envenenar o corpo. A diferença entre doses suficientes e superdoses é tão variável quanto exibir o perigo inerente do uso de substâncias tóxicas. O autor tem experimentado estudos compreensivos do uso de muitos tipos de drogas numa forma científica controlada, garantindo proteções múltiplas e proteções durante os experimentos. Sequer a editora ora o autor desejam incitar qualquer leitor ao uso irresponsável de substâncias tóxicas e aconselhamos contra o uso delas. Entretanto omitir uma inspeção deste aspecto historicamente importante das operações da técnica mágica iriam arriscar toda a integridade do livro


Agentes químicos de origem natural ou produzidos sempre atuam numa regra importante no xamanismo e na magia. Estas substâncias podem tornar vários poderes ocultos acessíveis, mas nenhum deles confere habilidades mágicas por si mesmos. Ali existem quatro fatores os quais controlam, o resultado de experimentos com drogas mágicas: inicialmente, os efeitos psicológicos das drogas por si mesmas; em segundo lugar, o treinamento e habilidades de seus usuários; em terceiro lugar, qualquer força mágica inata contida nas substâncias; e em quarto lugar, qualquer evento mágico externo o qual possa afetar a experiência.


Nas bases de seus efeitos psicológicos, drogas magicamente úteis podem ser divididas em três categorias. Alucinógenos são substâncias as quais aumentam a percepção. Alucinações, por distinção das percepções superiores, ocorrem quando o submisso tem tomado overdose a si mesmo ou falha em dirigir a sua percepção para qualquer propósito, e a experiência torna-se uma viagem desordenada ao redor de sua imaginação. Agentes desinibidores como o álcool e o raxixe, fazem isso mais fácil para atingir estados gnósticos de excitação frenética requeridos em vários rituais estáticos. Substâncias hipnóticas ou narcóticas são aquelas as quais nos elevam para vários graus de transe e inconsciência.


Agora a maioria das drogas em qualquer destas classes irá exibir todos os três tipos de efeito por várias doses. Pequenas quantidades de narcóticos são estimulantes em muitos casos e doses maiores devem ser alucinógenas. Doses excessivas de agentes desinibidores podem causar estupor e alucinação. Alucinógenos por si mesmos podem ser estimulantes em pequenas doses, mas podem causar transe em doses maiores.


Além disso todas as drogas causarão envenenamento, coma e morte em alguns níveis, apesar disso só ocorrer em níveis extremos. O treinamento e habilidade do uso das drogas conta por muitas das diferenças de efeitos noticiados em doses menores. Quantidades as quais evoquem somente euforia MILOD ou náusea em assuntos não dominados podem ser suficientes para permitir ao adepto a entrar em estados de transe ou estáticos. O direcionamento da percepção é também essencial se alguém está para comungar com fenômenos mágicos em lugar de apenas ter momentos agradáveis ou nauseante. O direcionamento da percepção pode ser aprendido em meditação sem drogas, ou este pode ser trazido em atividade pela presença de um adepto, ou isto pode ser causado por forças mágicas contidas nas substâncias das drogas. A falha na direção das percepções é a causa de todas as visões de terror e seu significado das drogas.


Ali podem haver forças mágicas inatas numa droga se ela é feita de substâncias, ou se ela tem sido preparada especialmente para conter alguma força oculta. Por esta razão drogas botânicas deveriam ser coletadas com o maior carinho e respeito. De retorno, o espírito da espécie pode entregar seus superiores segredos ao usuário: tal conhecimento como aonde achar a planta, quais as suas naturezas e propriedades (curativas e outras), e um conhecimento das outras criaturas e forças que tem uma relação com ela. Algumas preparações podem conter elementos não venenosos os quais tem propriedades ocultas, como partes de animais com os quais o feiticeiro procura comunhão. Quando usada uma substância química refinada ou pura, é sábio realizar uma invocação de antemão. No menor dos casos isto direcionará a percepção de alguém, e isto pode suceder na colocação de uma carga mágica na própria substância.


Eventos externos podem também servir para percepção diferente. Um iniciado experiente pode levar o neófito na visão correta ou demonstrar um fenômeno particular para aumentar a percepção do neófito.


Agora brevemente, uma exegese das drogas de uso comum e seus efeitos: ungüentos selvagens são achados numa variedade de pontos na história da magia e muitas culturas. Os ingredientes essenciais são uma base de graxa, uma ou mais das espécies da SOLANUM venenosas (DATURA HENBANE ou beladona e algumas vezes napêlo ou acônito). O ungüento é untado no frente e ao redor das coxas e foi ocasionalmente aplicado internamente para a genitália feminina usando uma vassoura de mão, HENCE ou mitos. Os alcalóides da SOLACEAE causa sonolência e consciência nas quais ocorrem alucinações de estar voando e nas quais a real viagem astral é possível. O alcalóide napêlo ajuda no entorpecer geral do corpo. Todos estes alcalóides carregam um risco severo de envenenamento, entretanto, e é ilógico tomar overdose ou ingerir a mistura. Com este tipo de droga é preferível usar somente quantidades escassas e então tentar viagens astrais desejadas enquanto adormecido mais do que do que letárgico.


Um campo imenso de alucinógenos está disponível a estimular a percepção mágica. Sintéticos como o LSD não possuem qualidades mágicas intrínsecas, mas produzem visões deslumbrantemente erráticas, as quais, apesar de eles poderem ser carregados emocionalmente, parecem somente e refletir as expectativas de medos do usuário. Pela natureza passageira e fantasticamente distorcida das experiências com LSD, é notoriamente difícil dirigir a percepção das visões particulares usando. Considerando que nos dias iniciais do uso de LSD carregou uma vibração JOYOUS OCEANIC, atualmente isto parece ter adquirido uma aura de paranóia e pesadelos.


Apesar de que isto é provavelmente impossível dirigir o transe para fins mágicos, o gás dióxido nitroso produz visões notáveis de uma natureza intensamente natural. Geralmente parece que esta simples substância tapa o grande assento próprio de inspiração, mas os insights que isto traz tem e tendência exasperante de balbuciar pelos dedos de alguém no despertar. Não obstante, isto dá um gosto atraente de algo se aproximando da forma de SAMADHI.


Alucinógenos que trabalham naturalmente oferecem uma fonte muito mais rica para a percepção mágica. AMANITA MUSACRIA, o FLY AGARIC TOADSTOOL tendo uma CAP vermelha e SPOTS brancos, contém uma variedade de alcalóides incluindo BUFOTENINE. Esta substância também é achada em GLANDS através dos olhos de certos sapos os quais podem explicar o uso delas em BRWEWS medievais de bruxas. É também significante que AMANITA MUSCARIA BEARS o nome cogumelo; de fato, é virtualmente o arquétipo cogumelo no folclore, presumidamente pela sua singularidade química. Nenhum sapo tem sido jamais visto sentado em alguém por opção.


Um grupo similar de alucinantes alcalóides existe numa espécie de pequenos cogumelos PSYLOCYBE. Algo muito estranho tem acontecido a esta espécie. Ali parece não haver referência a eles por todos em qualquer folclore fora da América até recentemente, muito recentemente. Apesar de virtualmente todas as outras ervas e fungos PSYCHOGENIC tenham sido conhecidos por séculos, PSYLOCYBE tem permanecido desconhecido e catalogado como um achado pouco cogumelos desinteressante e raro. Isso parece que o que nós estamos testemunhando aqui é a repentina proliferação de um mutante VIRILE e alucinógeno dentro de outra espécie de outra forma insignificante. É esperado que após alguns anos isto não desapareça novamente como misteriosamente apareceu.


Os pequenos cogumelos produzem todos os efeitos interessantes da AMANITA mas sem os efeitos colaterais desprazerosos. Eles são também altamente comunicativos se aproximados com respeito e vontade mostram ao pesquisador muitos aspectos de seus seres coletivos tão bem quanto lhe dando GLIMPSES dentro dele e o universo.


Com todos tipos de drogas excitantes e indutoras do transe, o truque é usar apenas o suficiente para estimular a condição requerida mas não tanto para que alguém perca o controle sobre isto. Substâncias indutoras de transe incluem narcóticos como o ópium, TOBACCO, ou decocções do MANDRAKE e vários anestésicos como o éter e o clorofórmio. Preparações excitantes incluem o álcool, o raxixe e pequenas quantidades de alucinógenos.


Todas estas substâncias requerem uma técnica estática adicional para dirigir a percepção a produzir o efeito desejável. Em geral, agentes químicos são úteis somente na magia receptiva, como a viagem astral, adivinhação e invocação, e após um tempo o adepto deveria estar apto a obter estas experi6encias sem assistência química. Agentes químicos acham muito poucas aplicações nas mais ativas formas de magia como os sigilos e encantamentos. No combate mágico seu uso pode provar ser desastroso


Uma reflexão posterior: Eu não iria aconselhar a ninguém a trilhar muito profundamente na mira da alquimia, mas o Elixir negro desta tradição era quase que certamente uma essência de sapo. NOTA: Todas drogas são venenosas e as substâncias previamente mencionadas tem a capacidade de agirem como tóxicos letais. Com muitos psicotrópicos naturais, a diferença entre uma dosagem fatal e uma dosagem meramente psicotrópica é impossível analisar por métodos amadores. Estas técnicas são mencionadas somente por causa de complemento histórico.

Gnose

 


Gnose ou Gnosis (do Γνωσις gnosis: 'conhecimento superior, 'conhecimento interno') é um estado mental específico, que permite o contato com outros planos não físicos, como o plano etérico e o plano astral (ou espiritual), que pode ser alcançado por métodos de transe, assim como meditação ou privação de sentidos, além de métodos de hiper-excitação, que pode ser utilizado para realizar reflexões filosóficas, ou rituais mágicos e religiosos.


Segundo o Gnosticismo cristão (de Γνωσις gnostikos: aquele que tem o conhecimento), a Gnose tem um sentido mais epistemológico, e este sistema a evoca como o conhecimento verdadeiro e primordial, o mais profundo dos conhecimentos humanos.


“Gnose, ou Gnosis, é o substantivo do verbo gignósko, que significa conhecer. Gnose é conhecimento superior, interno, espiritual, iniciático. No grego clássico e no grego popular, koiné, seu significado é semelhante ao da palavra epistéme. Em filosofia, epistéme significa “conhecimento científico” em oposição a “opinião”, enquanto gnôsis significa conhecimento em oposição a “ignorância”, chamada de ágnoia. A gnose é um conhecimento que brota do coração de forma misteriosa e intuitiva. É a busca do conhecimento, não o conhecimento intelectual, mas aquele conhecimento que dá sentido à vida humana, que a torna plena de significado porque permite o encontro do homem com sua Essência Eterna e maravilhosa”.


Gnose vem da palavra grega gnosis (γνῶσις) “conhecimento” significando o conhecimento direto sobre o divino que por si só provê a salvação (assim conquistando o codinome de “Alta Teologia”). Para os gnósticos antigos, a gnosis existia no âmbito da cosmologia, do mito, da antropologia e da prática usada dentro de seus grupos. Assim, a gnose não era apenas a iluminação, mas também viria acompanhada por uma compreensão — como expressado nos Resumos de Teódoto de Bizâncio — sobre quem somos, o que nos tornamos, onde estamos, para onde fomos lançados, para onde estamos indo, do que estamos nos libertando, o que é o nascimento e o que é o renascimento.


A Gnose tem vários conceitos e interpretações ao longo da História, mas no Caoísmo tomou o sentido de um estado de consciência que gera ligação direta entre a imensidão do inconsciente e os fios que tecem o destino do universo. Mesmo assim, seu termo é muito mais reconhecido como o substantivo do Gnosticismo, que é uma interpretação cósmica do cristianismo e uma reinterpretação de seus termos em uma visão que sincretiza tradições e transforma eventos e elementos em símbolos de significação oculta. A gnose, portanto, se diferencia profundamente do estado natural de pensamento. Neste estado, a mente não é influenciada pelas preocupações ordinárias, e surgem, além de sensações indescritíveis, insights e percepções totalmente originais e despidas da censura do senso de sobriedade.


Auto Penitência

Como diz Peter J. Carroll, este é “o velho método monástico”. Seria, em sua classificação dual, um método inibitório, onde desejos são suprimidos para gerar um estado de máxima ‘pureza’ mental e espiritual. Mas também pode ser entendido como um método excitatório, quando a privação gera muito mais desconforto do que conforto. A autopenitência pode ser tanto flagelo infligido a si como uma espécie de sacrifício ou teste, quanto como uma punição. Pode ser jejum ou exclusão, solidão voluntária e voto de silêncio.


Apesar de um método dispendioso, ele pode gerar estados de gnose lendários, como as míticas visões alcançadas por beatas e sacerdotes católicos, experiências de sadhus indianos em contato com deuses e entidades, insights e percepções geniais como as concepções do virgem e casto Isaac Newton. Miyamoto Musashi, samurai mais lendário da história do Japão, vivenciou uma jornada invencível, mas só reconheceu a gnose e a percepção plenas quando se isolou numa caverna, trazendo de volta o livro do cinco anéis, até hoje referência em estratégia e ações efetivas. A auto penitência pode ser muito útil quando os recursos são escassos e até mesmo quando a pessoa tende a um comportamento mais auto-crítico e pessimista. É um tipo muito eficiente de técnica para domínio próprio e mudança de padrões, embora não combine muito com os métodos mágicos contemporâneos.


Psicotrópicos ou Quimiognose

Segundo Peter J. Carroll, um dos métodos mais eficientes para o alcance da gnose, sem dúvidas, é o uso de psicoativos. Existe um sem número delas, e cada uma causa um tipo diferente de efeito que pode ou não estimular o usuário no alcance do seu estado de gnose. Existem enteogenos com características mais inibitórias, como a cannabis, ao gerar torpores, ou mais excitantes, como enteógenos, gerando explosões sinápticas e visões lancinantes, e como a cocaína e a ayahuasca, que geram uma descarga de serotonina e outras substâncias.


Uma das simplificações que Peter J. Carroll faz para identificação do estado de gnose é o não pensamento, que apesar de ser importado e subvertido da noção zen-budista de não pensamento, é facilmente percebido em um transe por drogas, já que muitas vezes a sensação física pode tomar por inteiro a experiência mental e eliminar o diálogo interno, deixando somente imagens, conceitos abstratos e emoções indescritíveis. O perigo da Quimiognose está em confundir a simples sensação e entusiasmo com a gnose em si, ignorando a natureza de elevação e de percepção consciencial, e também gerar vícios e overdoses. Apesar de todos estes riscos, como parte da experiência milenar humana, este é um meio de alcance deste estado alterado de consciência.


Segundo Terence Mckenna, um dos maiores estudiosos da experiência psicodélica no mundo, não há gnose mais poderosa do que a induzida por enteógenos[6], mas diferente de um transe forçado por dança e sons, que Carroll metaforiza como “passagem pela ponta da agulha”, é uma experiência semelhante a explodir a parede que separa o consciente do inconsciente, fazendo emergir um oceano de percepções, às vezes intensas demais para o neófito ou o desavisado.


Meditação

Talvez a mais antiga forma de entrar no estado de gnose, a meditação faz parte da natureza humana desde quando o primeiro de nós se concentrou em alguma coisa até que sua mente se ligasse de alguma forma com uma percepção superior à que estava habituado. A meditação engloba desde a reflexão natural, até os estados mais profundos de introspecção, onde a mente está mais acordada do que na vigília, e o corpo mais dormente que o sono REM.


A técnica, como é conhecida hoje, tem sua origem na milenar Yoga do Hinduísmo, que, juntando posturas físicas com respirações, é capaz de gerar os efeitos da meditação. Na Grécia Antiga a meditação tinha uma conotação de reflexão pura, um foco extremo na concentração sobre questões filosóficas, que geravam estados de gnose, materializando conceitos que norteiam até hoje a coluna vertebral da Filosofia clássica. Mas a meditação, sem dúvidas, mais emblemática, é a do budismo. Sidarta Gautama trouxe a tradição principal que forma o budismo raiz hoje, e ele se ramificou, após sua morte, em centenas de outras doutrinas, que se amalgamaram com as culturais locais onde foi propagada, como o budismo tibetano com elementos da cultura xamânica Bön do Tibete, ou o zen budismo com elementos do taoísmo e confucionismo no Japão. O budismo prega principalmente a libertação da ignorância e a apoteose consciencial pelo Samadhi e o Nirvana, saindo do ciclo de nascimento e morte, o Samsara. E isso se dá por meio da meditação e da compreensão da natureza da realidade.


Os 84 mil ensinamentos de passados por Buda, assim como as técnicas de Padsambava no Tibete (segundo a tradição tibetana, o monge, vindo da China, ao propagar o Dharma no país, ensinou cerca de 100 mil formas de iluminação por meio de meditações variadas), ou ainda de Bodhidharma (criador do zen budismo) no Japão, estão entre as fontes principais do que se conhece por meditação, tendo sido importadas para o Ocidente com uma roupagem terapêutica (mindfullness).


A meditação consiste basicamente em uma união de postura e respiração, sendo as mais tradicionais a lótus completa ou meia lótus, e a respiração diafragmática. No Zen Budismo, existe o Zazen, que é uma meditação sobre o vazio, que objetiva o máximo de domínio sobre a mente e o foco da atenção sobre um ponto de vazio conceitual que se expande até trazer um compreensão absoluta da natureza da realidade. A meditação tibetana tem característica Bön no sentido de unir posturas com mantras, orações e leituras de textos sagrados. A meditação moderna tem expoentes como Osho, que apesar das polêmicas, criou uma série de técnicas de meditação ativa que se assemelham muito com o xamanismo tradicional, e objetivam o mesmo domínio sobre a mente com técnicas de exaustão e euforia. Nas escolas Theravada (pequeno veículo e um dos dois ramos iniciais da cisão do budismo tradicional) existem técnicas de Tantra e canalizações energéticas para auxiliar na meditação. Na escola Maaiana (grande veículo), o foco principal é na meditação pura, Vipassana, aprendida e ensinada por Buda, que inclui diferenciações na postura mental como a estabilização (domínio da mente, afastamento da noção de pessoalidade e identificação com os pensamentos) ou a reflexão (focar os pensamentos em conceitos a serem compreendidos e assimilados no nível mais profundo, como a meditação sobre a morte, sobre a compaixão, etc).


A meditação mágica pode ter uma série de roupagens, desde mantralizações, respirações hiperventiladas, visualizações mentais para abertura de chakras ou para objetivos mágicos, como criação de campos de força, exteriorização energética, ataque ou defesa astral, etc. Pode também se dar mediante concentração em um símbolo ou conceito, ou concentração no vazio. O estado de Gnose alcançado com a meditação é um dos mais sólidos, por trazer consigo uma série de modificações profundas na psique e no comportamento.


Usos da Gnose

Como comentado, a técnica de Gnose, alcançada por qualquer meio, pode ser utilizada para variadas finalidades, onde é possível realizar projeções astrais mais facilmente, assim como visualização, oráculos, intuição, telepatia, ativação e carregamento de sigilos e servidores, simples apreensão de conhecimentos ou reflexão sobre conceitos.


sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Invocação de Caim


As Chamas enegrecidas da Forja

Caim é o iniciador terreno da magia, o espírito corporificado feiticeiro de Lúcifer e Lilith. Caim também é aquele que anda com o Dragão – o caminho noturno. Em uma mão está o fetiche de Caim – o crânio de Abel que mantém a gnosis do rei sombrio, Azrael, o portal ocidental do crepúsculo e o reino dos fantasmas. Em sua outra mão está o machado, um instrumento da forja que projeta o fogo sábio no barro da carne mortal. Caim é construtor do Templo e progenitor das bruxas, aquele que abre os portões do céu e inferno, o iniciador do sangue bruxo. Caim é visto como um homem do oriente médio, barbado e com a sabedoria obscura preenchendo seus olhos. Caim é também visto como uma besta humana com chifres e barbada, coberta de terra verde e cinza, que é decorada com ossos humanos e animais, seus familiares.

Caim é solicitado nos locais escondidos da terra, pois ele é o antigo que conhece os segredos desconhecidos da terra. Caim também aparece como um velho homem errugado e encapuzado que anda o caminho dos antigos – caminhos de carvalho dentro da nevoa. Ele carrega um livro da arte, dado com o cinto do diabo – por cujos ritos Caim se tornou o pai dos bruxos, nascido de Azazel e Lilith.

Caim é o adversário da carne, que causa tormentas e caos – tal como o próprio Set. Caim testa esses no caminho e abençoa aquele que podem responder as suas charadas. É de fato Caim, que alimentaria a alma de alguém aos lobos das sombras, quando a vontade é fraca.

Invoque Caim em isolação e dentro do circulo destes que são da marca.

Isolação é uma sabedoria silenciosa do qual a fonte nunca seca – busque com o cálice de esmeralda.


Ó Caim, espirito nascido do fogo e escuridão, iniciador sombrio!

Ó Caim, que perambula a terra dos desertos para as florestas – trazido pelo ventre, filho nascido da carne do Dragão e da Deusa Prostituta, mãe do sangue bruxo.

Espirito e senhor do fogo enegrecido da forja, que experimentou a marca de sangue como um X na testa.


Ó Caim, que foi desperto por um cranio carregando o presságio de Abel – Senhor das bestas e iniciador do fogo feiticeiro, lobisomem – metamorfo!

Deixe-me ver dentro e além da membrana fetal do véu de Lilith!

Pai e irmão das cavernas onde reside antigas sombras.

Que carrega o livro do sonhar que é a palavra primal da serpente –

Caim, Senhor das bestas e transformação, eu lhe chamo, lhe invoco internamente –

Seu raio irá atingir a forja e iluminar o meu espirito!

Minha testa marcada em sangue, caminhante cornífero dos mundos!

Atinja agora com o teu machado, abrindo o olho da serpente!

Desvelado no lado noturno, eu venho!

Que eu possa andar o caminho nascido do Dragão.

Conjurador do primeiro círculo de esmeralda e chama vermelha,

Guardião do portal e metamorfo cornífero – abra o caminho impetuoso!

Ilumine a chama enegrecida!

Que eu desperte a serpente nascida da pele do diabo – CAIM EU LHE CHAMO!


Retirado do “Livro de Caim”, parte do livro “Luciferian Witchcraft (Bruxaria Luciferiana)” por Michael W. Ford. 

Mistérios da Fênix



O Simbolismo da Fênix


A Fênix era o pássaro simbólico do retorno, representando vários ciclos de tempo como ensinado nas antigas escolas de mistérios. A Fênix era a constelação na qual Sothis (A Estrela de Set) era a estrela principal. Como uma constelação provavelmente correspondera à de Cygnus e Aquila, a Águia. Tanto o cisne quanto a águia eram representações de Bennu ou pássaro do retorno. Estes podem ser encontrados representados nas tradições mais antigas de formas similares. a Fênix dos romanos era a Águia, enquanto que a alternativa dos Hindus e Sumérios (Yezidi) foi o Pavão.

De acordo com Plinius, a vida da Fênix tem direta conexão com o ano maior do ciclo de renovação, a duração deste ciclo, no qual as estrelas e constelações retornam a suas posições originais, varia de acordo com diferentes autoridades. Um prescreve um período de 666 anos, outro, de 1461 anos, sendo este período o específico do ciclo de Sirius. Heródoto afirma que a Fênix ressurge a cada quinhentos anos, dando ele, portanto, este número como a duração do ano maior de retorno cíclico.

Os adoradores de Set eram os astrônomos mais eruditos do Antigo Egito, havendo rumores de eles terem sido os construtores da Grande Pirâmide. Eles estavam informados do ciclo de recessão e calcularam-no como um período de 52 períodos da Fênix, sendo cada um destes de quinhentos anos. Portanto, de acordo com o Sacerdócio de Set original, o Grande Ano tinha 26 mil anos.

A Fênix era conhecida como “A Dupla Trilha”, a ave do retorno e a eterna vindoura e, como tal, era representada na Ordem da Aurora Dourada (GD) como o Mestre que empunhava a vara da Fênix. Este título específico é também mencionado no terceiro capítulo do Livro da Lei e é de relevância específica como expressão da fórmula dinâmica de Thelema e Agape na magia sexual moderna. No Egito, a ave Bennu ou Fênix era representada pelo Heron ou Falcão e sendo que o falcão dourado era visto como o veículo solar e fálico de Hórus, podemos ver a relação direta com a mensagem do Livro da Lei e a comunicação de Aiwaz.

A Fênix era escolhida como um glifo do Cajado Duplo (Double Wanded One) porque simbolizava retorno cíclico ou aeonico. O Aeon renova-se como a Fênix e portanto a relação entre estes dois conceitos dá algum crédito a uma mensagem interna por trás de Thelema. A mensagem interna está baseada no fato de que o primeiro herói celestial não foi o Sol, mas o conquistador do fogo solar, representado pela estrela Cão (Canis) não apenas como um Senhor do Fogo mas como um governante do fogo. Portanto, quando o Sol achava-se no signo de Leão e o calor africano estava perto do intolerável, Set como a Estrela Cão ou Set/Hórus (Orion) ascendia. E então quando o Sol atingia sua altura máxima e começava a declinar, a Estrela Cão de Sirius e os gêmeos Hórus/Set (Orion) eram adorados como conquistadores das causas de tormenta. O Deus Set que derrotou o Leão do Sol e trouxe a cheia do Nilo era o arauto das transbordantes águas de Nuit que salvam as terras de aniquilação.

Em termos esotéricos, Set é a besta que salta do sol ou Falo e ascende como a Fênix do dilúvio das águas cósmicas que irradiam de Nuit através do abismo em direção aos mundos ou dimensões mais baixas. Crowley restaurou a tradição Draconiana mais antiga e o culto sem nome que se espargiu além dos Aeons e trouxe a humanidade para o limiar dos diversos ciclos Aeonicos. Estes ciclos são preparatórios para a ascensão do ser humano, como uma Fênix, em um novo estado de ser, o Homem Superior.

Para entender plenamente a mensagem do pássaro Bennu, devemos primeiramente examinar na Qabbalah esta fascinante criatura e sua relação com a formação do Homem Superior e as vindouras correntes de energia.


Análise Cabalística da Fênix


Antes de podermos entender verdadeiramente as atividades da Fênix como a ave de dupla vara na Árvore da Vida, devemos estruturar a Árvore duma maneira que nosso conjunto de imagens seja coerente dentro desta forma de simbolismo.

Primeiramente, dividamos a Árvore em três formas de correntes de energia : Estelar, Solar e Lunar.

1. Forças Estelares :

Substância Raiz : Set, Nuit ou Ain.

Força Oculta : Hadit ou Kether.


2. Forças Solares :

Substância Raiz : Therion ou Chokmah

Aspectos Planetários :

Hórus / Set (modo superior de Tipheret)

Osíris / Typhon (modo inferior de Tipheret)


3. Forças Lunares :

Substância Raiz : Babalon ou Binah

Aspecto Planetário : Ísis / Hecate ou Yesod

Este sistema de divisão formula a Árvore da Vida de tal modo que reflete as formas trinas de Força Cósmica. As Forças Estelares irradiam dos Supernais e usando a substância raiz de Therion e Babalon formam as correntes Solar e Lunar na Árvore. A corrente Solar é formada pela Cruz Circular Cósmica, sendo a força de Tipheret dividida em quatro pólos :

A Metade Superior é composta de Hórus e Set em seus modos solares. Eles recebem as forças das Supernais e as irradiam para os mundos inferiores via esfera Lunar.

A Metade Inferior é composta da egrégora solar (ou mente-grupo) deixada pelo Aeon passado, é sombreada pelas forças do topo, mas ainda tende a influenciar a radiação da força.

Esta dualidade Topo/Fundo traz à mente a necessidade imperativa de reavaliar e reinterpretar os ensinamentos do velho Aeon sob uma nova luz ao invés de rejeitá-los duma só vez.

Esta ação redime as energias do centro inferior de Tipheret e alinha-as com a nova corrente. Embora energia seja irradiada de Binah nas esferas Lunares, a maior radiação de força no centro Lunar é através da Cruz Circular Solar.

Esta radiação é importante pois focaliza o mediante de energias no Centro Sol da Criança Coroada e é nesta localidade que o mistério da Fênix começa.


Irradiações de Energia


As energias irradiadas dos Supernais entram em Tipheret através das águas do Abismo, aqui a energia é filtrada e adaptada e aquelas vibrações afins com a esfera Lunar são irradiadas através dos Caminhos para o vórtice Lunar. Estes centros de irradiação energética estão no centro de Tipheret, a Criança Solar ou Hórus, que forma o glifo externo da Fênix. Hórus ou Heru-Ra-Ha é o Senhor do Duplo Cajado, cuja imagem exotérica é solar em orientação. Entretanto, esta é apenas uma aparência, a verdadeira natureza da Fênix é encontrada dentro dos aspectos mais escuros deste ícone. Por assim dizer, sua natureza real é Ain ou Set.

Isto é óbvio na imagem do Pavão como usada pelos Yezidis Sumérios. A Fênix suméria era simbolizada pelo Pavão, pois cada uma de suas penas contém um “olho”. A numeração de “olho” é setenta ou Ain.

A Fênix em todas suas formas, é o distribuidor central de energia da Árvore da Vida, suas formas estendendo-se por toda a criação através de Hórus e para o Nada através de Set. Sua forma, então, cria uma ponte entre os ciclos a partir da manifestação em direção à dissolução.


A Ressurreição da Fênix


Em mitologias antigas, a Fênix lança-se sobre as cinzas de civilizações caídas para nascer novamente. Esta imagem forma o aspecto mais importante da análise cabalística do pássaro Bennu. Conforme manifesta-se o Novo Aeon e as forças de Set irradiam-se mais forte do seio de Hórus, a Fênix ergue-se de seu local em Tipheret e move-se para os mundos superiores, e conforme ocorre este movimento, a onda de vida é arrastada através do Abismo e os escombros da civilização caída são deixados para trás. Conforme ascende, suas asas englobam Babalon e Therion, que são então unidos em seu peito como Baphomet, Pan, Hadit ou Kether (andrógino). Aqui, agora, Hórus torna-se o Senhor da Criação e, ainda, o ciclo não está completado. Hórus como Hadit afoga-se na eternidade de Set (Nuit) e o Universo retorna para o sono cósmico (Pralaya). Apenas aqueles que entraram na Fênix podem alcançar o Presente de Set, apenas aqueles que se tornaram imortais através do poder da Vontade podem atingir o Dom da Verdadeira Vontade. Este processo envolve um pleno entendimento de práticas esotéricas da Fórmula da Fênix.


Aspectos Esotéricos da Fênix na Magia Sexual


Para questões de fisiologia a Fênix é conhecida como “A que retorna” e era representada pelo Íbis, que era o veículo de Thoth, o Deus da Magia e da linguagem escrita e falada. De acordo com Plutarco, o íbis instruiu a humanidade na lavagem anal, que a própria ave realizava com seu bico. Este fator é imperativo a respeito da aplicação da fórmula da Fênix no décimo primeiro grau da OTO e o grau de Epsilon dentro do sistema da Astrum Argum. Este grau envolve o reverso do processo copulativo “normal”.

É válido saber que os Altos Sacerdotes do Egito conhecessem o Pássaro Bennu ou Fênix, e nenhum outro, como o portador da essência vital, conhecida como “Trilha”, sobre a qual dizia-se originar numa região secreta e inacessível. A “Trilha”, em inglês ‘Hike’, pode ser igualada à Hekt egípcia, à Hecate grega e à germânica Hexe, portanto, podendo se ver os poderes mais obscuros da fórmula.

Crowley assumiu o título de Fênix ao alcançar os graus mais altos da OTO, mas apenas internamente à ordem. Em público, ele tomou o título de Baphomet. Estes dois combinados dão informações avançadas da fórmula. Num texto de caixão antigo do Egito, o Livro dos Mortos, a alma Triunfante exclama…

“Eu venho da Ilha de Fogo, tendo preenchido meu corpo com a Trilha, como aquele Pássaro que preencheu o mundo com aquilo que não conhecia.”

Crowley descreveu a Fênix de Thelema como aquela que irá surgir dos escombros da civilização, num breve mas potente trabalho entitulado “O Coração do Mestre” (The Heart of the Master). Aqui vemos a mistura de ambas a fórmula da Fênix e seus papéis no progresso cabalístico pelos Aeons. De acordo com Heródoto (Livro 11:58), os egípcios celebravam o retorno anual da estrela Sirius com ritos caracterizados por cópula anal (algum tempo depois, corrupções apareceram e celebrações com cópula bestial também eram usadas). Crowley, estudando a fórmula anal, descobriu seu uso em arcanos ocultos de magia e ensinou-os como os Mistérios do décimo primeiro grau da OTO (Epsilon). Esta fórmula permaneceu mais poderosa do que outras alternativas devido ao seu uso especial e simbólico com membros de cada sexo, mas especialmente em atividades homossexuais.

O deus oculto, Set, representado por Sirius, a Estrela Cão, tipificou esta fórmula peculiar dos Mistérios. É neste sentido que Crowley, em conclave secreto com Frater Achad, assumiu o título esotérico de Fênix em 1915. Sendo a Fênix a ave do retorno cíclico, que administra sua própria cloaca, é portanto um símbolo importante de ambos aspectos, místico e físico, dos Mistérios. Dion Fortune nota que Vênus ou emoção é finalmente transcendida em Sirius e portanto, vemos a nova forma de “Love Under Will” (Amor Sob Vontade) expressa na fórmula da Fênix. John Mumford, um expert neste campo, tinha o seguinte a dizer em seu livro “Ocultismo Sexual” (Sexual Occultism) :


“ A tradição secreta do Tantra Mágiko ensina que o ânus é uma zona erógena ultrasensível, diretamente ligada ao Muladahara, o chakra básico. Oculto dentro da base do chakra enrolado e enroscado, como uma mola, jaz o poder primal do sistema nervoso, manifesto como a deusa serpente, Kundalini.

A palavra ‘esfíncter’ significa um nó ou faixa e é derivada da mesma raiz grega de Esfinge, a besta mitológica, epítome dos mistérios ocultos. O mestre do sexo tântrico abre o esfíncter anal de sua Shakti, solucionando então o enigma da Esfinge.”


O intercurso anal é um método específico de despertar a Kundalini. Uma referência ao texto de anatomia de Gray revela a existência de uma glândula oval irregular entre a parede retal e a ponta do osso caudular ou cóccix, chamada “o corpo coccígeo”, embora sua função seja desconhecida para o fisiologista ocidental. Em Magia Sexual é conhecida como a “glândula Kundalini”. A ativação sexual desta glândula é direta e rápida através da dilatação do esfíncter anal com um efeito reflexo consequente sobre os dois ramos do sistema nervoso autônomo. Além de alterar o sistema nervoso autônomo, o intercurso anal resulta em ejaculação de sêmen no reto que nutre a glândula Kundalini e desperta os fogos internos.


Trabalho Astral e Fisiológico da Fênix


O mago deve gastar seu tempo assumindo a forma da Fênix, este trabalho começará a realizar muitas mudanças na consciência e na atitude psicológica. Conforme o mago cria a imagem astral ele deve desenvolver uma atitude mental específica em conjunto com sua assunção, todos os aspectos da vida devem ser vistos como escombros diante da Fênix. Conforme a imagem surge na tela mental as ocorrências da vida rotineira diária e as memórias e imagens que relampejam pela mente devem ser vistas como escombros abaixo da Fênix ascensa. A combinação de visualização e atitude mental devem ser continuadas em relação à outra fórmula da Fênix.

A assunção ritual da forma da Fênix deve também ser realizada, os braços devem ser vistos como asas, a boca como o bico e assim vai até que tenha ocorrido uma transformação total na tela mental. Estes processos devem ser praticados até que um alto grau de eficiência tenha sido atingido, podendo então ser seguidos pela Missa da Fênix.


A Missa da Fênix


A Missa da Fênix é um ritual simples que afirma a identidade do mago como a Fênix / Humano Superior, o que ergue-se acima da vida para se tornar mais que humano. Deve ser realizada regularmente, mas não freqüentemente e com fortes exercícios preliminares. A receita para os pães de luz é encontrada no terceiro capítulo do Livro da Lei.

O uso de sangue dentro deste rito é importante por mostrar os ciclos de criação e dissolução, o eterno ciclo de recorrência que o mago percebe e do qual se liberta.

Uma variação deste ritual é fazê-lo apenas com sêmen ou fluidos sexuais. É uma boa idéia experimentá-lo de ambas as formas por um período de tempo, meditando na natureza da vida em suas variadas formas tais como sofrimento e alegria, como recorrência eterna e como força imortal.


Conclusões


A Fênix é um símbolo vivo e potente do desenvolvimento humano dentro do Aeon de Hórus. Junta uma larga amplitude de simbologias e práticas, sugerindo tanto o mistério do intercurso anal e a transformação da Árvore da Vida no contexto Aeonico. O uso pessoal e iniciático da Fênix como um símbolo do Humano Superior e como uma fórmula prática é central para a Magia. Contudo, será de muito trabalho e prática a plena integração da energia da Fênix.

Assim como a Fênix ascende, nós também podemos ascender sobre as ruínas da vida superficial e do pensamento diário para o santuário escuro da eternidade da Vontade, onde a Fênix governa num ninho de fogo escurecido no qual os limites de nossas mentes e corpos são queimados e a Pura Vontade, imortal, perfeita e livre de propósito é forjada.


LIBER XLIV

— A MISSA DA FÊNIX —


O mago, com seu peito nu, está diante dum altar no qual estão seu punhal, sino, turíbulo e dois pães de luz.


No sinal do entrante ele alcança o oeste através do altar e grita :

“Salve ! Ra, que vais em tua barca em direção às cavernas que a escuridão marca !”


Ele dá o sinal do silêncio e toma o sino e o fogo em suas mãos dizendo :

“Leste do altar veja-me de pés no chão, com luz e música em minha mão !”


Ele bate no sino onze vezes (333-55555-333) e põe fogo no turíbulo, enquanto profere :

“ Eu sôo o sino, eu acendo a chama, sou eu quem inflama o misterioso nome ABRAHADABRA.”


Ele soa o sino onze vezes novamente e diz :

“ Agora começo a orar.

Tu, criança, teu nome é sagrado e imaculado.

Teu reino já está neste lugar.

Tua Vontade está feita.

Aqui estão o pão e o sangue

Leve-me ao Sol através da meia-noite.

Salve-me do mal e do bem.

Que tua Coroa de todas as dez, aqui mesmo e agora, seja minha.

Amen.”


Ele põe o primeiro pão de luz no fogo do turíbulo.

“Queimo este pão como incenso, proclamo estas adorações de teu nome.”


Ele usa os pães como no Liber Legis e novamente soa o sino onze vezes.

Com o punhal ele faz então, sobre seu peito, o sigilo do triângulo solar apontado para cima. Então profere : “Cuidado ! Da mente este peito sangrento, talhado com o signo do sacramento.”


Ele põe o segundo pão de luz na ferida :


“Eu estanco o sangue, o pão o enxuga e o Sumo Sacerdote invoca.”


Ele come o segundo pão :

“Este pão eu como, este juramento profiro enquanto inflamo-me em adoração. Não há culpa, não há benção, esta é a Lei. Faze o que tu queres!”


Ele bate no sino de novo onze vezes e grita :

“ABRAHADABRA !

Eu entrei com desgosto e júbilo.

Eu agora me vou satisfeito por realizar meu prazer na terra entre as legiões dos vivos.”


E o mago se vai.


Notas


Na versão em inglês os versos rimam, tornando a cerimônia muito mais eficaz com seu lirismo. A rima também ajuda como recurso mnemônico, tornando o rito fácil de se decorar após uma ou duas vezes de executado, sendo que ao ser feito decorado é possível dar mais ritmo e espontaneidade ao andamento do mesmo, aumentando também a eficácia.

Em português já é mais difícil manter a rima em conjunto com o sentido que se quer dar às palavras. Quando possível, a rima foi mantida na tradução, mas quando a rima prejudicou a tradução, deu-se preferência a esta, porque as idéias assim fizeram mais sentido.


Há várias edições do próprio Crowley. Para um exemplo das primeiras versões, veja “Magick”, apêndice VI, editado por Symonds e Grant, Samuel Weiser, 1973 e várias outras edições.

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