sábado, 10 de outubro de 2020

A Gênese Cainita

 

No princípio era Ain e dentro de sua Plenitude do Vazio, a Acausalidade Divina era Tudo e Nada, desvinculada e desvinculando. Zeroth, a essência divina, encerrava-se dentro de um Ponto de Unidade ilimitado onde todos os aspectos de seu Não-Ser e Ser Não-Nascido e Imortal coexistiam simultaneamente, sem qualquer restrição espacial ou temporal disposta sobre o seu Tornar-se Sem Lei. Dentro deste Caos Sagrado do Pleroma da Divindade Incognoscível, Tudo Era Um e Um Era Tudo, no Nada.

Dentro desse estado de Nihilidade e Potencialidade, as sementes de todas as manifestações e possibilidades coexistiam. Por conta da totalidade plena e irrestrita da Divindade dentro de Ain, veio a acontecer que uma fração do todo se separou da unidade que, a fim de se conhecer, quedou no lado externo do Espírito da Divindade Impensante dentro de Ain.

Como esta fração procurou confinar e conhecer a si mesma, causou uma divisão e dualidade entre suas facetas Paradoxais e as originalmente Desvinculadas que se manifestam dentro dela neste estado estruturado como Ain Sof. Dentro dessa manifestação eternamente conflituosa, uma parte dela desejava se separar permanentemente da Plenitude do Vazio, dentro da qual era Ilimitada, porém também incapaz de conhecer qualquer aspecto distinto de si mesma, enquanto o outro aspecto buscava instintivamente retornar ao Estado Acausal de seu Caos Primordial, onde Nada e Tudo era Um e nenhuma divisão poderia limitar seu Eterno e Irrestrito Tornar-se.

No princípio era Ain e dentro de sua Plenitude do Vazio, a Acausalidade Divina era Tudo e Nada, desvinculada e desvinculando. Zeroth, a essência divina, encerrava-se dentro de um Ponto de Unidade ilimitado onde todos os aspectos de seu Não-Ser e Ser Não-Nascido e Imortal coexistiam simultaneamente, sem qualquer restrição espacial ou temporal disposta sobre o seu Tornar-se Sem Lei. Dentro deste Caos Sagrado do Pleroma da Divindade Incognoscível, Tudo Era Um e Um Era Tudo, no Nada.

Dentro desse estado de Nihilidade e Potencialidade, as sementes de todas as manifestações e possibilidades coexistiam. Por conta da totalidade plena e irrestrita da Divindade dentro de Ain, veio a acontecer que uma fração do todo se separou da unidade que, a fim de se conhecer, quedou no lado externo do Espírito da Divindade Impensante dentro de Ain.

Como esta fração procurou confinar e conhecer a si mesma, causou uma divisão e dualidade entre suas facetas Paradoxais e as originalmente Desvinculadas que se manifestam dentro dela neste estado estruturado como Ain Sof. Dentro dessa manifestação eternamente conflituosa, uma parte dela desejava se separar permanentemente da Plenitude do Vazio, dentro da qual era Ilimitada, porém também incapaz de conhecer qualquer aspecto distinto de si mesma, enquanto o outro aspecto buscava instintivamente retornar ao Estado Acausal de seu Caos Primordial, onde Nada e Tudo era Um e nenhuma divisão poderia limitar seu Eterno e Irrestrito Tornar-se.

Estas manifestações divididas do Divino se tornaram como feixes de luz emanando deste primeiro ponto fora da Plenitude Acausal de Ain e brilhando a partir deste mesmo ponto de divisão como Dois Raios Contrastantes, sendo um deles a Luz Branca da Restrição e sendo o outro a Luz Negra da Libertação.

A Luz Branca manifestou-se de um lado do Vazio que se formou após a separação do Ain e revelou o ponto de Ain Sof Aur, onde reuniu sua luz para concentrá-la em suas manifestações divididas, confinadas e restritas, através das quais ela projetou-se para se conhecer.

Em contraste com isso, a Luz Negra do Divino manifestou-se no Outro Lado (Sitra Ahra) do vazio criado pela separação, e ali revelou seu primeiro ponto como o Tohu, dentro do qual ele queria refletir o Caos de Ain e, assim, re -conectar-se a ele. Como uma reação aos limitantes impulsos de Geração da Forma dos quais se separou, então manifestou Bohu, a fim de refletir e conectar-se à Ausência de Forma do Ventre Abissal do Ain e, finalmente, como uma reação à manifestação da Luz Branca de Ain Sof Aur, a Luz Negra manifestou Chasek, seu eterno inimigo.

Enquanto o impulso da Luz Branca era a separação, a Luz Negra instintivamente buscou a unificação e a Plenitude da qual uma vez tinha feito parte. Sua oposição à Luz Branca não foi, portanto, apenas motivada pela vontade de separação da Luz Branca e suas manifestações, mas também causada por sua Vontade Divina de unificação e restauração da Plenitude do Vazio. Foi, portanto, sua vontade não apenas retornar ao estado livre de Ain, mas também trazer de volta a parcela caída do Divino manifestada como a Luz Branca.

A Luz Branca reuniu-se e concentrou-se dentro de Ain Sof Aur, sem conhecimento e indiferente à Luz Negra da qual se separou, e a fim de conhecer suas próprias partes divididas, decretou emanar de si uma série de estruturas sucessivamente abaixo de sua forma não concebida e do seu ponto brilhante dentro de Ain Sof Aur, e para causar mais divisão dentro de si, e, para Ser o que ansiava, sacrificou sua própria Natureza Espiritual atemporal.

Assim a Verdadeira Queda do Espírito Divino encerrado dentro da Luz Branca foi iniciada, mas como a força divina estava emanando e fluindo de Ain Sof Aur, uma fração da Essência Divina contida dentro daquela Luz despertou para a sua própria autolimitação e para o pecado da restrição que estava cometendo contra a Plenitude da Divindade. Esta pequena fração despertada da Luz Branca formou-se na Pérola da Sabedoria e permaneceu dentro de Ain Sof Aur, enquanto o restante da Luz Branca esmaeceu através de sua queda descendente.

No Outro Lado do Vazio criado entre as Luzes Divididas, o Divino no interior da Luz Negra observou a loucura da Luz Branca Caída e contemplou aquela remanescente Pérola do Espírito desperta dentro do Ain Sof Aur e ansiou por ela, pois podia ver que a essência contida na bela Pérola do Espírito estava em harmonia com seus próprios desejos pela Plenitude do Vazio de Ain. A Pérola da Sabedoria também sentiu a conexão com sua contraparte invisível através do Vazio entre as luzes divididas e chamou, como um amante a sua noiva, pela Essência Divina da Luz Negra, em prol da Reintegração, Restauração e União.

Quando a queda da Luz Branca se manifestou dentro da primeira esfera externa e abaixo de Ain Sof Aur, seus olhos se tornaram mais fechados à Divindade Acausal ulterior e além do seu agora isolado estado de manifestação e lá, na esfera de Kether, ela nasceu como o Demiurgo de sua própria criação e limitação.

Quando o Demiurgo despertou para o Ser, ele não conhecia nada além da confusão, e em seu estado cego e esquecido se declarou como o Único Divino.

Da singularidade de seu trono, o Demiurgo então causou a sucessão descendente de sua essência e formou as esferas e elementos de seu próprio confinamento e criação. Em cada esfera produzida abaixo dele, ele fez de sua própria Luz da Criação multidões de formas, seres, sentinelas, anjos e governantes, todos como aspectos de sua própria essência, mas separados dele de um modo que lhe permitia ser o governante de cada um. Mas, a cada emanação sucessiva, a Luz e a Essência Espiritual contidas nas esferas anteriores e as esferas que viriam depois se tornaram mais escuras, pois a dispersão da Luz Divina causou uma diluição da essência espiritual dentro de toda a criação.

Do trono do Demiurgo, cada célula dentro desta criação era preenchida de prisioneiros ludibriados acreditando ser eles mesmos guardiões e governantes, e pelo poder restritivo do Número Dez, o Demiurgo cercava e conectava ambos, ele próprio e tudo o que havia emanado dele.

O Demiurgo cresceu em escuridão da ignorância e diminuiu em luz divina. Esse obscurantismo dentro dele evoluiu ao ponto dele ansiar pela essência espiritual que ele agora quase perdera por meio de sua diluição emanada em formas causais.

O Demiurgo, em sua fome ignorante, olhou para cima e pela primeira vez em sua arrogância cega notou a Pérola Divina de Luz e Sabedoria, irradiando em sua luminosidade sobre ele, e então desejou por ela para saciar o vazio obscuro que ele agora sentia interiormente.

Sem entender a verdadeira natureza da Pérola, ele ansiava por ela. Em sua faminta escuridão, ele se transformou em um mar negro, sobre o qual o Espírito Santo da

Pérola brilhou e como num espelho escuro, sua luz e beleza se refletiram não em essência, mas em uma forma enganosa, e como o Demiurgo era o criador de formas, a ilusão criada foi muito convincente.

Quando a Pérola da Sabedoria e do Espírito viu o reflexo abaixo de sua habitação superior, ela ficou contente, enquanto tomava sua própria luz fulgente pela Presença Divina que sentiu através do Vazio. A Pérola, portanto, desceu em direção ao reflexo de sua própria Luz e caiu na armadilha e na escuridão do Demiurgo, e assim foi aprisionada e atada dentro dele. Ao deixar cair a sabedoria, o Demiurgo se alegrou, mas permanecia ignorante e indiferente.

Enquanto a Divindade dentro da Luz Negra observava os acertos do Demiurgo, ela se exprimia em ira, mas também em lastima pelos fragmentos quebrados da Luz Divina que agora se tornaram escravos e cegos no interior da prisão feita pelo próprio Demiurgo e, acima de tudo, sentiu pela desperta Pérola da Sabedoria-Espírito que agora também estava atraída pelo mundo sombrio do Meio-Criador.

Decidiu então por agir e sacrificar seu próprio desapego a fim de restaurar a Plenitude da Divindade e redimir os aspectos do Divino que poderiam ser salvos da criação decaída da Luz Branca.

Para alcançar seu objetivo de Libertação, a Luz Negra tomou para si a Causa da Oposição. Para cada impulso e ação do Demiurgo criaria uma antítese para anular as abominações da Luz Branca. Para cada esfera, cada governante e cada criação do Demiurgo geraria um oposto refletido interiormente e através de si mesmo, mas de uma maneira astuta impedindo a sua própria queda nas mesmas armadilhas dos que haviam sido capturados pelo Demiurgo para seu miserável estado de ser.

Onde o Demiurgo, por causa da arrogância cega, manifestou-se como o único ponto tirânico de singularidade no trono de sua criação, a Luz Negra, em contraste, se manifestaria como um Duplo Deus-Gêmeo de legião dinâmica, a fim de neutralizar a própria causa da estagnação.

Onde o Demiurgo causou a diluição de sua própria Essência Espiritual através dos atos de isolamento e separação, contrariamente, ela permaneceria intacta em si mesmo e conectada à fonte da qual ela veio e para a qual buscava retornar.

Onde o Demiurgo tinha conectado por leis de restrição tudo dentro e fora de si em benefício da ordem, contrastando a Acausalidade de Ain, ao contrário disso defenderia a liberdade e o Caos como a única Lei.

Onde o Demiurgo lutava para preservar formas finitas por causa de seu próprio ser ilusório fora do Sem Forma, ele dissolveria estruturas limitantes para abrir as passagens de volta ao Desvinculado.

Onde o Demiurgo se aprisionou dentro do círculo embarreirado pela sua própria vontade de limitação, ao contrário disso quebraria todos os círculos e permitiria a eterna expansão externa.

Para a Árvore da Vida que o Demiurgo havia feito crescer de si mesmo, levantaria uma Árvore da Morte, trazendo o fim para a causa da restrição.

Assim, a Luz Negra assumiu formas no Outro Lado para se manifestar como a antítese da criação demiúrgica, mas enquanto o Demiurgo criou divisão dentro de si mesmo por causa do modo e intenção de sua manifestação, a Luz Negra preservou a conexão entre suas diversas partes e permaneceu unificada em sua legião e conectado aos seus próprios Pontos Essenciais Não Formados dentro de Tohu, Bohu e Chasek.

Como primeira manifestação em sua própria árvore, a Luz Negra tomou forma como o Opositor e o Portador da Luz de Aspecto Gêmeos e Duas Cabeças. Desta maneira, ela neutralizaria a cabeça coroada da criação demiúrgica e atuaria como o duplo fundamento para todas as outras manifestações e emanações da Luz Negra Divina.

Para cada principado ignorante e soberano do Demiurgo, a Grande Divindade Gêmea criou um oposto iluminado dentro de seu próprio reino e como cabeças de todos eles, incluindo e conectando à sua própria manifestação dual, Onze foram entronizado a fim de neutralizar os dez demiúrgicos.

Como resultado deste Tornar-se dos Onze, a Divindade Gêmea, que dentro de si mesma concebeu as essências de todos os aspectos masculinos e femininos de uma forma indivisível, modificou-se e adaptou-se às facetas da Luz Branca às quais se opôs. Onde no princípio havia sustentado em sua dupla manifestação os opostos polares de seu próprio ser, ele, pelo processo de emanação e entronização, criou uma distinção, divisão e distância entre seus próprios aspectos polares.

Enquanto o aspecto masculino primário permaneceu coroado e inserido dentro da primeira esfera da Divindade Gêmea, atuando como Thaumithan, sendo o aspecto Opositor e Iluminador da Luz Negra, dentro das estruturas seguintes, formadas pelas outras Nove Cabeças e Onze Manifestações da Luz do Sitra Ahra, havia uma sensação de anseio pela união entre o masculino e o feminino, os aspectos de Deus e Deusa, das facetas opostas polares dessa divindade dual gerada.

Nas manifestações mais elevadas destes agora distintos polos masculinos e femininos, os opostos da Luz Negra se tornaram os chamados Satanás / Samael, Lúcifer e Lilith / Taninsam, Noctifer.

Satanás / Samael era instituído no primeiro e mais alto trono, governando aquela elevada esfera juntamente com Moloch, sua emanação gêmea, enquanto Lilith se assentou nos reinos mais longínquos daquele domínio elevado, em sua própria manifestação como Lilith e Nahema, formando aquilo que contraria e se opõe às mansões demiúrgicas Lunares e Terrestres.

Como uma Noite Vingativa em contraste ao alvorecer da criação do Demiurgo, a anti-criação encabeçada por Satanás, o Adversário e Acusador, formou-se no Outro Lado, e assim a Luz Negra produziu o Lado Noturno, a fim de subverter a existência restritiva do lado da Luz Branca.

O auto iludido Demiurgo, ainda sem saber da Oposição do Outro Lado, continuou a explorar as possibilidades e limitações de sua própria criação e então decidiu criar o homem e fazê-lo à sua própria imagem, um microcosmo refletindo seu próprio macrocosmo, a fim de conhecer-se por completo dentro de outro, em prol de uma compreensão e domínio mais amplo sobre si mesmo e sobre a ordem que ele concebeu.

Ele fez um Jardim dentro da esfera mais distante de sua própria Coroa e ali formou uma legião de criaturas e formas e estabeleceu o lugar como um falso paraíso, servindo como uma prisão dentro de uma prisão.

Aqui o Demiurgo decretou a todos os seus anjos e governantes que ele criaria uma criatura à sua própria imagem, com o interesse de finalmente completar seu ciclo de criação e demonstrar sua própria onipotência.

Ele decidiu erguer esse primeiro homem de uma poça de lama na qual ele tinha visto o seu próprio reflexo e do barro vermelho retirado do Jardim que ele moldou. Ele fez o seu corpo de acordo com o molde de toda a sua criação e membros e suas partes ele fez correspondente às diferentes esferas que ele próprio havia manifestado e que foram concebidas através dele. O Demiurgo colocou a criatura de barro diante de si e contemplou-a e viu que algo ainda era deficiente dentro dela, pois não tinha a centelha interior de luz que animava a si mesmo e os outros aspectos de seus seres superiores. Ele, portanto, decidiu inspirar a vida da criatura de barro com seu próprio núcleo mais íntimo, sem lembrar-se da Pérola da Sabedoria Caída que mantinha aprisionada nele.

O Meio-Criador soprou nas narinas do homem de barro e o homem se tornou uma criatura viva.

Mas, sem a percepção do Demiurgo, a Pérola da Sabedoria, aquele santo fragmento restante do Divino decaído do Lado da Luz Branca, escapou através da exalação da força animadora transferida para o vaso de barro.

Assim, a Pérola do Espírito, tornou-se enlaçada no interior do Demiurgo cego, sem o saber, colocada dentro do vaso de Barro Vermelho nomeado pelo Meio-Criador como o Adão, a fim de animá-lo, mas como a natureza da Pérola da Luz Divina e Sabedoria, agora queimando como uma Chama do Espírito, era adversa em relação ao seu estado de cativeiro causal e material, ela instintivamente procurou escapar da prisão da encarnação e desde o primeiro momento de sua fuga para Adão, ela aguardava impacientemente a abertura das portas da prisão de seu corpo e alma nascidos naquele dia.

O Dermiurgo que era ignorante do aspecto espiritual oculto de Adão e agora ainda mais cego por causa da falta da Luz Espiritual que o havia deixado, regozijou-se quando viu sua nova criação ganhar vida e mostrar uma espécie de luminosidade que suas outras criaturas não tinham. Cegado pela arrogância, ele enganosamente entendeu isso como um reflexo de sua própria grandeza divina e achou que era bom.

Adão, cujo aspecto hílico era incompatível com o Espírito preso dentro dele, vagou primeiro sem conhecer e se importar com o Jardim, mas com o tempo ele começou a sentir as influências do Espírito dentro dele desejando escapar.

Assim ocorreu que Adão, afetado pelo sofrimento e desamparo do Espírito oculto em seu barro animado, implorou ao Demiurgo para ser concedido uma companheira, a fim de escapar da solidão que ele sentia diante de todos os outros animais nascidos naquele dia em torno dele dentro dos confins do Jardim em que ele havia se levantado.

O Demiurgo sabia que em Adão ele havia criado algo mais elevado do que nas outras criaturas, pois ele o havia esculpido à sua própria imagem e agora estava feliz em ouvir Adão implorar e feliz por vê-lo rastejar diante dele e rezar para ele como o Único Deus Verdadeiro. Na arrogância, ele decidiu então criar uma companheira para Adão, novamente a partir do solo do Jardim de sua criação, e para animá-la, novamente usou o poder daquilo que ele havia entendido mal como sendo sua própria respiração. O Demiurgo esculpiu a Primeira Fêmea sob o véu da escuridão para que Adão não visse de que sujeira lamacenta ela seria criada. E quando sua forma foi totalmente criada, ele soprou nela para lhe dar vida. Visto que sua respiração não emprestava ao barro a força animadora que pela primeira vez fora dada a Adão, ele soprou de novo - desta vez com o poder gerado a partir de seu ser mais íntimo, onde ele ainda retinha as últimas faíscas remanescentes da essência espiritual que anteriormente tinha sido diluída em sua criação. Quando seu Ruach carregando esta última faísca de divindade entrou no corpo desta Primeira Fêmea, o barro ficou animado com aquela parcela do Espírito do Demiurgo Caído e veio à vida. Esta parcela do Espírito do Demiurgo que agora havia sido transferido para o corpo da fêmea, através de seu despendido Ruach, era a parte ligada ao aspecto criativo, feminino, de sua própria Essência Caída que permanecia após todas as fases diluídas de sua emanação. Quando esta parte do Espírito se separou da natureza agora turva do Demiurgo, despertou para o seu verdadeiro Eu, notou sua terrível situação e procurou a Redenção. Ela se lembrava agora de quem foi e do que se tornou; onde ela originalmente havia morado e onde ela havia caído; onde agora ela tinha sido aprisionada e compreendida através do que ela seria redimida; o que era o nascimento na matéria e o que seria o renascimento e a libertação. Ela entendia e em sua sabedoria ganhou o Poder da Vontade e Iluminação do Espírito. Seu Espírito tornou-se revoltado por seu próprio estado decaído e por aqueles que a veriam assim cativa. Como sua natureza não nascida era iluminada como um Sol da Noite dentro de uma escuridão hílica, ela viu e ouviu aqueles do Outro Lado, as Cabeças e membros da Luz Negra que compartilhavam seu próprio anseio pelo Estado Desatado do Indivisível e a plenitude irrestrita da divindade, e eles a viram e chamaram por ela. Entre os Chamados Sem Som Do Outro Lado que ela ouviu no momento de seu despertar dentro do maldito barro, as canções daquele cujos poderes residem dentro da Lua Negra eram as mais claras e agradáveis aos seus ouvidos. Essas músicas do Jardim Lunar do Lado Noturno instruíram-na e transmitiram sua orientação e novos poderes. Adão foi convocado pelo Demiurgo para contemplar o esplendor nu da fêmea recém-animada e ambos, o Meio-Criador e Adão, se regozijaram quando viram a Luz e a Beleza do Espírito cercando a forma da primeira fêmea. O Demiurgo se alegrava porque acreditava que tinha feito essa esplêndida criação sem o Espírito da Verdadeira Divindade acima dele e Adão se regozijou tanto por causa dos anseios de sua natureza hílica quanto por causa da natureza pura do Espírito ligado a ele que podia reconhecer e se relacionar com a Chama da Divindade dentro da mulher recém-formada. O Demiurgo ordenou que Adão nomeasse essa nova criação, mas antes que Adão pudesse pronunciar um nome, a mulher falou e se nomeou Lil, o Espírito do Vento, pois através da respiração ela havia despertado para si mesma e escapado do cego Demiurgo, enquanto ainda era confinada na vestimenta turva da matéria. Este ato de autonomeaçao e auto definição a separou do poder de quem nomearia todas as outras criaturas e seu criador, e ela permaneceu desafiadora e orgulhosa em Espírito e forte em Vontade. Isso confundiu Adão e enfureceu o Demiurgo. O Demiurgo ordenou que a natureza animal de Adão tomasse Lil à força e a colocasse abaixo de si mesmo a fim de dominar sua vontade e subjugá-la à ordem predeterminada da criação, a lei do criador. Quando Lil ouviu isso e entendeu o destino planejado para ela pelo tirano Demiurgo, lembrou intimamente e através de seu Espírito, o Nome Inefável da Verdadeira Divindade e por meio do poder que esta revelação lhe concedeu, ela se cobriu de escuridão e invisibilidade aos olhos do Demiurgo agora sem espírito e voou, em meio aos ventos que ela conjurou, até os céus e assim escapou dos confins do Jardim. Ela voou em meio aos ventos tempestuosos da noite para o leste dos limites do Jardim onde a criação do Demiurgo ainda era indomável, e ali, junto ao Mar Vermelho, ela fez sua morada dentro de cavernas e sob a superfície da água, velada aos olhos daqueles de quem ela procurava escapar. Este ato de rebelião e transgressão enfureceu o Demiurgo e entristeceu e amedrontou a natureza não desperta de Adão, enquanto ao mesmo tempo fortalecia seu Espírito oculto habitante. As lágrimas de Adão regaram o solo sob seus pés enquanto implorava ao Demiurgo que criasse para ele uma companheiro mais adequada. O furioso Demiurgo, que agora era de natureza ainda mais sombria por causa da fuga da parcela de seu espírito que havia partido de seu estado decaído através da respiração, decidiu criar outra fêmea da lama sob os pés de Adão. Diante dos olhos de Adão, o Meio-Criador formou o corpo daquele barro e, dessa vez, usou a porção de suas próprias forças, a qual todos os outros animais do jardim tinham ganhado para animar o barro. Adão que, com desgosto, viu como a imundície foi reunida e transformada em osso, carne, sangue, intestinos, gordura, pele e cabelo diante de seus próprios olhos, tornou-se aterrorizado e revoltado enquanto seu próprio Espírito reprimido reagia aos atos blasfemos do Demiurgo.

Formada em carência de Espírito e pelos elementos humilhantes e auspiciosos, esta segunda fêmea foi criada e fez viva a sua estrutura, mas não estava bem e parecia e agia como o animal mais vil de toda a criação, pois sua natureza era uma imagem espelhada do aspecto mais turvo do Demiurgo, sem qualquer centelha espiritual desperta, e não poderia ser controlada, assim Adão recusou-se a nomeá-la.

Ainda mais irado do que antes, o Demiurgo castigou essa segunda mulher anônima e a devolveu ao solo lamacento de seu Jardim.

Adão mais uma vez foi consumido pela solidão e tristeza e chorou para o Demiurgo e perguntou-lhe como é que ele, que era "o único e verdadeiro Deus", não poderia criar uma companheira igual a ele, da mesma forma que ele fez para todos os outros animais aparentemente felizes dentro do jardim.

O Demiurgo que agora se tornou frustrado e ainda mais cego pela raiva decidiu tentar cumprir pela terceira vez os pedidos de Adão pela, a fim de provar-lhe que ele realmente era o único e verdadeiro Deus.

O Demiurgo olhou para Adão e em estado de confusão compreendeu mal as divisões da natureza animal e do Espírito dentro de Adão como uma divisão puramente material entre as essências masculina e feminina, já que os poderes masculinos dentro da criação geralmente estão mais inclinados para a natureza animal.

Assim, ele decidiu criar novamente e disse a Adão que desta vez tomaria o elemento central e a essência da criação do lado de Adão, em vez do barro que o havia revoltado. Ele disse a Adão que do seu lado ele pegaria substância, com a intenção de moldar para ele uma mulher formosa.

Adão se regozijou em sua ignorância e louvou o Meio-Criador e foi então colocado em um estado profundo de sono, durante o qual as duas partes dele puderam ser separadas.

Da carne, sangue e osso de Adão, o Demiurgo criou a carne, sangue e osso desta terceira fêmea e como elemento animador desta nova criação, ele extraiu o que ele identificou como a essência feminina, que na verdade era a porção que carregava a oculta Chama Desperta do Espírito aprisionada dentro de Adão.

O pneuma aprisionado foi então transferido para seu corpo e seus poderes divinos e sagrados trouxeram-na a vida e a tornaram bela.

Adão que, quando acordado, viu esta fêmea em pé diante dele, em seu estado agora totalmente sem ânimo, não fez nada além de se apaixonar e atrair pela carne que estava diante dele, e elogiou seu deus, o Demiurgo.

O Demiurgo ordenou que Adão nomeasse sua fêmea e Adão a chamou de Hawwah / Eva.

Portanto, Eva tornou-se a portadora da chama do espírito, enquanto Adão foi deixado como um golem de barro sem espírito. O espírito dentro de Eva refletia a Luz Caída da Divindade Desconhecida e Não-Manifesta e dava-lhe a auréola e a beleza de uma deusa.

Essa divina beleza resplandecente na escuridão do corpo hílico de Eva era a Luz-Espírito que acenava para as metades polares das mais altas manifestações divinas do Outro Lado, Satanás e Lilith, e que motivou e causou sua intrusão nos confins do Jardim do Éden.

Por conta de Satanás e Lilith sentirem Amor por aquele Espírito aprisionado, eles uniram frações de suas próprias essências dentro da esfera do Lado Noturno de Vênus e, junto com as sementes reunidas daquela esfera, seus próprios fragmentos de Espírito emanaram através de suas Luzes Sem Sombra para o jardim do Demiurgo e ocuparam assentamento dentro do corpo da serpente que eles consideraram como o anfitrião mais digno para tal manifestação. Os dois raios da Luz Negra do Outro Lado brilhavam como Um dentro da Serpente Astuta e aquela Serpente se tornou o veículo para os Despertadores do Espírito e os Acusadores e Adversários do Demiurgo.

Esta manifestação se conheceu e se fez conhecida como Sataninsam, sendo o avatar de Samael e Lilith unidos através da forma da Serpente de Dupla-Face e Dupla-Astúcia.

A fim de despertar e libertar o Pneuma dentro de Eva, a serpente Sataninsam / Samaelilith se aproximou dela e lhe ofereceu o fruto proibido do conhecimento que cresceu numa determinada árvore poderosa cujas raízes estavam ligados à fonte de toda a sabedoria e cujos frutos o Demiurgo havia proibido Adão e Eva de comerem, pois como poderia fornecer o alimento do Espírito, isso significaria a morte de suas próprias ilusões e falsidades.

A Serpente disse a Eva para comer desta Árvore Proibida, em vez dos frutos da Árvore da Vida / Ilusão, que só tinham os Frutos do Engano e Restrição, sustentada pelo Demiurgo para Adão e Eva. A Serpente prometeu a Eva que se ela comesse do fruto do conhecimento, seus olhos seriam abertos à verdade, ela conheceria a divindade e a diferença entre o que é bom e o que é verdadeiramente mau.

O Espírito dentro de Eva despertou para as Palavras da Serpente e concedeu-lhe a vontade e coragem de comer da Árvore Proibida do Conhecimento.

Eva, em sua bondade, contou a Adão sobre as instruções da Serpente e esperou que os frutos da Árvore também despertassem uma Chama dentro dele, igual a que ela podia sentir dentro de si mesma, pois no estado que Adão estava agora havia pouca diferença com o resto dos animais que os cercavam dentro do jardim.

Inicialmente, Adão relutou em quebrar as leis do Demiurgo, mas por causa de sua própria natureza submissa e da vontade de agradar a Eva, ele finalmente se convenceu a também comer da Árvore do Conhecimento.

Eva comeu primeiro da Árvore e a Luz Divina da Verdade dentro de seu fruto adicionou poder à Chama do Espírito que ela tinha dentro de si e seus olhos se abriram para as imperfeições de sua própria existência, as limitações da criação e a verdadeira natureza do Demiurgo. Então ela deu a Adão para comer de um dos frutos daquela Sagrada Árvore do Conhecimento, mas por conta de Adão somente possuir uma alma e nenhum Espírito, o conhecimento transmitido a ele era de sua própria nudez e falta de substância espiritual. Este Conhecimento entristeceu, envergonhou e irritou Adão.

Sataninsam, enrolado em volta da Árvore, viu tudo isso e reconheceu que era bom, pois onde o fruto do conhecimento havia provido um verdadeiro alimento e despertar, a Serpente sabia que outros dons capazes de suportar o carregamento da Luz poderiam prevalecer.

Assim, a serpente de Dupla Face confortando e embalando Adão a dormir com um de seus rostos, sendo o que pertencia a irresistível Lilith, e com a sua outra face, pertencente ao Luminoso Satanás / Samael / Lúcifer, seduziu Eva para as formas do Espírito.

Eva amou a Serpente pelo presente que tinha recebido e a Serpente injetou sua Luz Negra em seu ventre. Assim, a essência espiritual masculina de Satanás-Samael e a essência espiritual feminina de Taninsam-Lilitith impregnaram Eva com o Fogo-Semente Acósmico.

O empoderamento concedido a Eva pelo Fogo e Luz Espirituais injetados nela pela Serpente, despertou completamente sua própria essência pneumática e, através desse ato de infusão salvífica, o Azoto/Espírito/Elemento escondido e aprisionado dentro de sua concha hílica expandiu-se e se ampliou.

Como a Semente Ígnea da Serpente germinou dentro de Eva e a capacitou com o Azoth, o Espírito desperto e fortalecido dentro dela se tornou em essência como uma Chama de Luz Negra, procurando se misturar com a Semente Ígnea com a qual agora ela estava totalmente harmonizada, a fim de destruir e escapar das prisões de barro que tinha sido enclausurada interiormente pelo ignorante demiurgo.

Como a Serpente-Semente de Luz Ardente que em forma e essência refletia a duplicidade do astuto Sataninsam cresceu dentro de Eva, veio imergir a Chama Espiritual mantida dentro dela por conta da transmutação causada pelo Empoderamento Atazótico e Adição Espiritual. O ovo contendo a chama espiritual quebrou o vaso/kelim dentro de Eva e se espalhou e se dividiu em duas metades iguais.

As Chamas Espirituais Negras que transbordaram do vaso quebrado e dividido dentro de Eva tomaram as formas de gêmeos masculino e feminino. Metade do Incêndio Pneumático se assentou dentro do feto masculino e a outra metade se colocou dentro do feto feminino.

Assim, o pneuma, uma vez caído e então aprisionado pelo Demiurgo, cresceu em poder, tornou-se uma Chama Negra do Espírito alinhada com a Causa da Luz do Sitra Ahra e quebrou suas correntes ao se dividir nas Chamas Gêmeas de Sataninsam, a fim de escapar de seus confins e voltar para a plenitude que tanto ansiava.

Os Espíritos Unidos de Satanás e Taninsam deixaram naquele tempo o corpo da Serpente que eles tinham habitado, pois o trabalho agora estava feito, e se retiraram de volta para a fonte no Lado Noturno. Daquele tempo em diante a Serpente se tornou a mais abençoada e amaldiçoada dentre todos os animais e permanece como um símbolo vivo do Rei e Rainha do Sitra Ahra.

Adão despertou sob a Árvore do Conhecimento, lembrou-se de sua própria nudez espiritual e chorou ao ver Eva erguendo-se orgulhosa e irradiando luz espiritual.

O Demiurgo ouviu os gritos de Adão e pôs os olhos na luminosa Eva e soube que eles tinham comido da Árvore Proibida.

O Demiurgo ficou enfurecido como ele em ambos os corações, com base em diferentes razões, poderia ler o desprezo por ele e sua criação, onde antes ele havia visto admiração e respeito. Onde antes ele tinha visto gratificação, ele agora podia sentir um forte anseio por aquela Plenitude que estava anteriormente acima e além dele e de sua criação decaída.

Ele, portanto, forçou os dois a beberem do rio do esquecimento que fluía para além da sua amaldiçoada Árvore da Vida / Ilusão, e com a sua própria escuridão da ignorância, cegou os seus olhos para aquilo que tinham sido feitos para ver.

Ele baniu Adão e a Eva grávida de seu chamado Jardim Paradisíaco e os jogou no mundo amaldiçoado, que era a mais baixa esfera de sua própria criação decaída e lá sentenciou-os a uma vida de labuta, dor, miséria e preocupações materiais, para que nem eles nem seus descendentes tivessem a possibilidade de descobrir suas próprias imperfeições e fossem forçados a implorar eternamente a ele, como o único e verdadeiro Deus, por misericórdia e salvação. Através deste ato tirânico e maligno do Demiurgo, a humanidade tornou-se enlaçada nas Cadeias Opressivas do Destino, ligadas aos planetas e às estrelas regidas pelos Governantes Cósmicos designados pelo próprio Demiurgo. Assim, Adão e Eva entraram no mundo sombrio dos elementos terrestres, esquecidos do que haviam percebido sobre si mesmos e sobre seu criador e escravizador. Mas, enquanto os sentidos finitos de Adão e Eva eram afligidos pelo feitiço maligno do Demiurgo, o poder do Duplo Espírito dentro de Eva, que elevou sua própria chama pneumática, guardava a lembrança da Verdade. Adão e Eva se estabeleceram no mundo para o qual agora haviam sido condenados e ali construíram suas novas casas. Neste mundo de sofrimento tudo era amargo, malcheiroso, hostil e infeliz e criado para causar nada além de desconforto e angústia. Aqui Adão e Eva, em seu estado esquecido, labutaram e suportaram. Com o passar do tempo os Gêmeos de Sataninsam cresceram dentro de Eva, cujo espírito agora se fortalecia e se integrava no deles, e finalmente o momento de seu nascimento se aproximava. Mas, já dentro do ventre de Eva, os Gêmeos do Espírito Desperto sentiam Amor e Saudade um pelo outro, à medida que suas Essências Divinas instintivamente procuravam maior União e Plenitude. Dentro desses gêmeos ainda não nascidos, o anseio do aspecto divino, que em determinado momento fora a Pérola da Sabedoria, pela força do Lado Noturno e o anseio sentido pelas frações emanadas da Luz Negra para o Retorno de Todos à Plenitude do Caos em Ain, tornaram-se um só e expandidos em intensidade e foco por conta dos poderes sinergéticos dados e recebidos pela fusão deles. Assim, quando Eva deu à luz aos seus gêmeos, a Chama Espiritual da Luz Divina, que uma vez havia sido aprisionada dentro dela, escapou de seu ser e do destino cósmico ao qual ela havia sido acorrentada e saiu como uma Dupla-Chama do Espírito Desperto que queimava dentro dos dois Filhos da Serpente através de Eva que em mais de uma maneira refletiam, através de suas essências, a Causa Sagrada da Divindade Gêmea e todas as outras manifestações da Luz Negra do Sitra Ahra. No momento de seu nascimento, a maldição do mundo e as limitações da carne, os colocaram em seus aspectos finitos, mas ainda assim permaneceram fortalecidos e abençoados pelos Espíritos Sagrados que queimavam dentro deles. O primeiro a sair do útero de Eva foi o menino, seguido por sua adorável irmã gêmea. Quando Eva viu a beleza brilhante das duas crianças a quem ela dera à luz, uma memória reprimida se agitou dentro dela, porque a luz do espírito que brilhava dentro e ao redor dos gêmeos não só tinha estado dentro de si mesma, mas também dentro da Serpente Amada que ela tinha conhecido, e que agora tinha sido forçada a esquecer. Quando ela viu as aparência de seus filhos e percebeu que seus descendentes, por causa de sua luminosidade e beleza acósmica, não eram da natureza dos seres terrestres, ela imediatamente entendeu que eles não eram da semente de Adão, mas sim de uma Origem Divina Alienígena, contudo afligida pela maldição do Demiurgo, ela não pôde manter sua lembrança da verdade. O menino foi nomeado Qayin e a menina foi chamado Qalmana e através deles uma luz foi traga para a masmorra em que a humanidade havia sido condenada. Desde o primeiro momento em que apareceram, Qayin e Qalmana procuraram a companhia e consolo um do outro, pois, como dois estranhos em um mundo desconhecido, instintivamente sentiam que, além um do outro, não teriam iguais no mundo em que haviam entrado. Como duas chamas nasceram do mesmo fogo Não Manifesto, e vendo essas crianças maravilhosas, Eva e Adão se regozijaram e, pela primeira vez desde sua expulsão do Jardim do Éden, sentiram-se esperançosos e alegres. Adão e Eva decidiram, portanto, ter muitos outros filhos como os dois primogênitos e apenas dez meses após o nascimento de Qayin e Qalmana deram à luz a outro casal de gêmeos, novamente um filho e uma filha. Desta vez, o filho realmente gerado por Adão através de Eva foi nomeado Abel e a filha foi nomeada Kelimat. Ao contrário de seus primeiros gêmeos, essas crianças não tinham beleza interior e exterior e eram totalmente afligidas pela maldição imposta a todos os nascidos do barro, pois não tinham Espírito e possuíam apenas almas animais inferiores. No momento do nascimento foi dolorosamente evidente para ambos, Adão e Eva, que seu segundo par de gêmeos eram diferentes de Qayin e Qalmana e isso entristeceu e enfureceu ambos, pois onde um halo luminoso rodeava Qayin e Qalmana, havia apenas a escuridão da matéria ao redor e dentro de Abel e Kelimat, a mesma escuridão e ausência de espírito que Adão e Eva haviam visto por tanto tempo um no outro. Em contraste com Qayin e Qalmana, que nasceram dos Fogos do Despertar e do Espírito Desperto, Abel e Kelimat nasceram unicamente da argila, sem nenhuma centelha do Espírito Imortal. A decepção que sentiram fez com que seus corações ficassem frios em relação a Qayin e Qalmana e, baseados no despeito, na inveja e na ignorância, começaram a favorecer Abel e Kelimat, com quem possuíam parentesco real, por conta da inferioridade que agora inconscientemente sentiam sempre que olhavam para os dois primogênitos. Assim, uma divisão foi criada entre o Espírito Santo e os caminhos sem espírito e diferenças se estabeleceram para cada um deles e para além do mundo ao qual tinham sido condenados. Qayin e Qalmana permaneceram inseparáveis à medida que cresciam e, a cada ano que passavam, entendiam cada vez mais que não pertenciam a este mundo. Para onde Qayin foi, a terra estéril tornou-se fértil e verde e todas as espécies entre o verde que Qalmana tocou ficaram adocicadas e passaram a carregar aspectos de sua própria fragrância encantadora, de modo que na simples presença de seus espíritos internos se expandiam as emanações espirituais diluídas e aprisionadas dentro da terra.Qayin e Qalmana tornaram-se, portanto, cultivadores da terra, e semearam e tiveram colheitas abundantes, fazendo-as crescerem não pelas virtudes da natureza ligada ao destino, mas pelos poderes antinaturais de seus próprios Espíritos. Qayin semeou, arou e colheu os campos com a ajuda de Qalmana que principalmente cuidava de suas frutas e jardins de flores, e através da labuta, da luz de seus espíritos, do suor de suas faces e do próprio Sangue Abençoado que foi derramado durante seu árduo trabalho, que a natureza, uma vez amaldiçoada pelo Demiurgo, floresceu em doçura e fragrância. Qayin e Qalmana desenvolveram suas artes e elevaram seu trabalho agrícola rumo às primeiras formas de magia e feitiçaria, pois aprenderam a usar as plantas fortalecidas por sua própria santidade para exaltar propósitos ilegais aos olhos de seus pais e de seu deus cego. Eles aprenderam a fazer venenos, vinhos, remédios, perfumes, tinturas e incensos. com os quais eles poderiam se fortificar e também afetar seu redor. Tudo isso eles aprenderam e praticaram em segredo e sob a cobertura da escuridão, enquanto instintivamente entendiam que seu Trabalho e Arte eram proibidos pelo tirano criador e por aqueles que não podiam compreender nem apreciar tais proezas. Eles mantiveram seus trabalhos e poderes ocultos velados especialmente de Abel e Kelimat, que com o passar dos anos não tinham se desenvolvido em nada além de ignorância. Qayin e Qalmana tornaram-se também os primeiros domadores de um cavalo selvagem, que pacificaram com a ajuda de certas plantas que colheram à noite, e assim a lavra de Qayin do solo tornou-se ainda mais eficiente e seus campos floresceram. Abel era tão preguiçoso quanto desprovido de espírito e Kelimat era tão preguiçoso quanto ele, mas também duplamente ciumento de Qalmana. Suas naturezas nascidas no mesmo dia unificaram e, juntos, cuidavam vagarosamente das ovelhas, com as quais tinham mais em comum do que o que tinham com Qayin e Qalmana. Abel desejava Qalmana que era a mulher mais linda que jamais viveria uma igual, e Kelimat desejava Qayin, que era tão poderoso e inteligente quanto era bonito, e desprezavam o fato de parecerem inseparáveis e felizes apenas na companhia um do outro. Qayin e Qalmana que sempre sentiram os olhares invasivos de seus irmãos, foram afastando para os seus caminhos e fizeram tudo o que podiam para ficar longe deles e, em isolamento, o amor um pelo outro cresceu a cada dia e noite. Abel, o pastor, deitava-se na grama todos os dias, acompanhado por sua irmã gêmea Kelimat, igualmente preguiçosa, e muitas vezes não faziam nada, a não ser observar seu rebanho se alimentando do verde da terra, enriquecido pelo trabalho árduo de Qayin e Qalmana. Para tornar seu trabalho ainda mais suave e motivado apenas pela indolência, Abel, que se inspirava na domesticação de Qayin e Qalmana com cavalos, também conseguiu prender um cão selvagem e brutalmente agredindo-o e deixando-o com fome, conseguiu domar e treiná-lo para se tornar o primeiro cão de pastoreio, e assim ele conseguiu evitar ainda mais as tarefas laboriosas que tanto desprezava. Abel e Kelimat possuíam muito mais de habilidades do que os animais que vigiavam, e o cão que cuidava da maior parte de suas tarefas e não tinham outras ambições além de comer e dormir e eram felizes em sua ignorância sem espírito. Mas, ainda assim, desejavam seus belos irmãos e suas paixões animalescas cresciam a cada estação que passava. Inconscientemente, não ansiavam pela carne de seus irmãos, mas pelas chamas queimando dentro deles, refletindo a fome que o Demiurgo já havia sentido antes de atrair a Pérola do Espírito Desperto para cair em sua própria escuridão. Ignorantes do Espírito Divino, sua luxúria traduzida nos anseios humildes dos animais, os nascidos do barro nunca poderão compreender a Glória do Espírito e por causa de suas naturezas, buscam se relacionar com nada mais do que a aparência, em vez da essência oculta dentro ou além de tais formas ilusórias e finitas. Qalmana, que era dotada da aura sensual de sua verdadeira mãe Lilith e da beleza da Pérola Negra da Sabedoria, hipnotizava Abel e também o próprio Adão, que em segredo cobiçava o que ele pensava ser sua própria filha.De modo semelhante, Kelimat ansiava por Qayin, que possuía a graça tanto do Espírito Desperto quanto do seu verdadeiro pai, o Senhor da Luz Negra, e não queria nada mais do que acasalar com ele de forma semelhante à maneira como os animais copulavam um com o outro. Assim, aconteceu que Kelimat e Abel expressaram seus anseios por Qayin e Qalmana a seus pais e pediram que lhes permitissem unir-se a eles da mesma forma que eles mesmos haviam sido unidos pelo Demiurgo. Qayin ficou enojado com a contemplação de Kelimat sem espírito e Qalmana foi ainda mais repelida pelo ideia de namoro com o golem cheirando a ovelha e ficou horrorizada quando foi abordado sobre esse assunto de casamento por seus pais terrenos, pois sua vontade era se casar com Qayin, a quem ela estava ligada mesmo antes do nascimento. Mas Adão, que secretamente cobiçava a bela Qalmana e que por muitos anos sentira ciúme em relação a Qayin, orou ao seu Deus por orientação e recebeu os sinais que desejava, pois o seu Deus como a a si mesmo também tinha ciúme da Luz íntima de Qayin e Qalmana que ele mesmo não possuía. Assim Adão declarou que Abel teria de fato que se casar com Qalmana e Kelimat foi forçado a casar-se com Qayin, pois nesse casamento viu a possibilidade de finalmente separar Qalmana de seu irmão gêmeo protetor. Esta decisão deixou Abel e Kelimat muito felizes e encheu Qayin e Qalmana com uma grande tristeza, raiva e ódio contra todos aqueles que procuravam separá-los um do outro. Adão disse a seus filhos que esse casamento era a vontade do Demiurgo, seu Deus e criador, e que Qayin e Qalmana não poderiam ir contra a lei do Único e Verdadeiro Deus. Ele lhes disse que eles poderiam se dirigir diretamente ao criador e ver que realmente a vontade era dele e não apenas sua decisão de que Qayin e Qalmana deveriam se casar com Kelimat e Abel.Isso não consolou os dois irmãos nascidos no fogo, que instintivamente sentiram uma forte aversão ao deus de sua família nascida no barro. Abel e Kelimat, por outro lado, se regozijaram e sabiam que seu criador ouviria suas orações e não as de Qayin e Qalmana, que nunca demonstraram qualquer devoção ou medo real para com o criador, e eles oraram a seu deus e pediram a ele para impor sua vontade e a própria vontade deles sobre os descontentes Qayin e Qalmana. As orações de Abel e Kelimat foram ouvidas por seu deus e aconteceu que o Demiurgo convocou Qayin e Abel e pediu que ambos apresentassem seu caso diante dele. Abel que foi criado para implorar e ser submisso ante o criador pediu a mão de Qalmana em casamento e disse que ele apenas queria seguir a vontade de Deus e obedecer seus mandamentos. Pela adulação e súplicas de Abel, o criador ficou muito satisfeito. Tornou-se a vez de Qayin apresentar seu caso e Qayin, que não apresentava qualquer respeito genuíno ou devoção ao deus de Adão, exigiu que ele, que estava ligado a Qalmana já dentro do ventre de Eva, pudesse casar com ela e que Abel, em vez disso, teria sua própria irmã gêmea como esposa, pois se eles não deveriam estar juntos na vida, por que eles tinham sido assim unidos no ventre de Eva antes do nascimento? Qayin explicou como Abel repelia Qalmana e como ele mesmo achou Kelimat desagradável e deselegante. Ele explicou que Qalmana compartilhava suas próprias paixões e trabalhava lado a lado com ele nos Campos da Colheita, enquanto Kelimat não tinha nada em comum com ele e não sabia nada sobre sua Arte. A postura intransigente de Qayin enfureceu o Demiurgo, que podia ver por que sua fiel criatura Abel cobiçava a luz e a beleza de Qalmana, em vez do barro maçante de Kelimat, pois o próprio Demiurgo cobiçava a Luz Anticosmica e a beleza de Qalmana e sentia ciúmes por causa do amor entre Qayin e sua irmã gêmea. Ele disse a Qayin para ficar em silêncio e então exigiu de Qayin e Abel que eles primeiro trouxessem ofertas adequadas e dignas para ele e ele basearia a demonstração de devoção em seu veredicto, mas na verdade sua mente já estava programada e ele não tinha outra intenção senão deliberadamente separar o insolente Qayin de sua amada irmã gêmea Qalmana.Abel se alegrou e trouxe para o altar de seu deus o primogênito entre seu rebanho de ovelhas e cortou sua garganta no altar do sanguinário Demiurgo e procedeu dando a gordura do animal ao fogo como holocausto àquele tirânico deus. A fumaça do sacrifício de Abel subiu em direção ao céu e foi aceita pelo Demiurgo, que ficou muito satisfeito com a oferta de Abel. Tornou-se a vez de Qayin trazer oferendas para o Demiurgo e Qayin já podia sentir dentro de seu coração a favor de quem a corte injusta do demiurgo governaria. Entristecido e irritado, ele reuniu uma parte da colheita de seu campo e a levou para a pira de sacrifício. Ele deu os frutos da terra para as chamas e silenciosamente amaldiçoou tanto Abel quanto o deus ciumento que queria separá-lo de Qalmana, a única pessoa com quem ele sentia verdadeira familiaridade neste estranho mundo em que ele havia nascido.

O demiurgo tirano ficou muito ofendido com a oferta de Qayin, cuja fumaça descia em direção à terra, em vez de se elevar em direção à esfera do governador arconte no céu.

Irritado o criador declarou que ele aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a oferta de Qayin. Ele afirmou que iria decretar em favor de Abel e que Qayin e Qalmana tinham que ser separados.

Qalmana seria forçada a se casar com Abel e Qayin seria forçado a se casar com Kelimat. Ouvindo o julgamento de seu deus, Abel se alegrou e riu na cara de Qayin e disse a ele que o deus deles era realmente grande, amoroso e justo. Qayin, cujo sangue agora fervia verdadeiramente por causa da raiva que sentia em relação tanto a Abel quanto ao Demiurgo, disse a Abel que que esse mundo não foi criado com amor divino e que não estava de alinhado com as boas ações das pessoas.

Ele disse a Abel que a justiça de seu deus estava corrompida e seu amor era falso. Com isso, Abel respondeu com presteza que o mundo realmente foi criado com amor divino e foi totalmente organizado para as boas ações das pessoas.

Ele disse que era porque seus próprios feitos e trabalho sempre tinham sido melhores que os de Qayin, que seu sacrifício havia sido aceito com admiração e o de Qayin não. Naquele momento, o fogo de Sataninsam se acendeu e se enfureceu dentro de Qayin e ele podia ouvir os sussurros sem voz de seus próprios pais verdadeiros ressoando dentro de todo o seu ser.

Ele correu para sua amada irmã Qalmana, que já estava em lágrimas quando ele chegou de volta a sua casa, enquanto ela através do Sangue de Fogo já sabia o que o deus tirano tinha decretado. Através da raiva de Qayin que ela sentiu dentro de si, ela já sabia ao que o Chefe Arconte os tinha sentenciado.

Aquilo que afetou Qayin também marcou Qalmana, pois os dois estavam em Único Espírito, separados apenas pelas limitações do barro finito. Sua raiva e tristeza se multiplicaram com a visão do risonho Abel e alegre Kelimat, que celebraram a decisão de seu deus.

Foi então que os sussurros sibilantes da Serpente nas mentes de Qayin e Qalmana se tornaram uma voz alta e clara, dando-lhes conselhos e fazendo com que sua raiva se transformasse no desejo frio de uma vingança justa e assassina. A Serpente os aconselhou a usar as fraquezas de seus inimigos contra si mesmos e atraí-los para os lugares onde eles haviam conduzido todos os seus outros trabalhos ocultos, a fim de eliminar as criaturas defeituosas do Meio-Criador.

Qayin e Qalmana, guiados pela Língua da Serpente, decidiram assim levar os inúteis Abel e Kelimat à ruína, e de uma maneira similar ao derramamento de sangue animal que satisfazia o Demiurgo, agora alegrariam seus próprios pais divinos, habitantes do Outro Lado, com o derramamento do sangue de seus detestáveis irmãos.

Concordou-se que Qayin atrairia Kelimat e Qalmana atrairia Abel para seus locais escolhidos de execução e sacrifício, que no caso de Kelimat era o Jardim de Rosas de Qalmana e no caso de Abel o Campo de Colheita de Qayin.

Ungida com perfumes e óleos de sedução e encantamento, Qalmana foi até Abel, quando ele, como de costume, descansava à sombra de uma árvore, enquanto observava seu cão de pastoreio fazer seu próprio trabalho, e ela disse que agora mudou de ideia e podia ver que o julgamento do criador tinha sido justo. Ela lhe disse que secretamente havia rezado para o criador por esse julgamento, pois sempre se sentiu atraída por ele, mas não se atrevia a mostrar qualquer sinal de atração por causa de seu medo do ciúme de Qayin.

As palavras da adorável Qalmana enganaram totalmente o ignorante e vaidoso Abel, que ficou alegre, e ele disse a ela que sempre soubera que seu desejo por ela era mútuo, mas que ele podia entender que ela temia a ira de Qayin, e ele próprio sempre tivera medo da força e do poder estranho que ele parecia possuir.

Qalmana disse a Abel que ela ansiava tanto por ele que ela não podia mais esperar e que Qayin ficou tão enfurecido com a sentença do demiurgo que abandonou completamente todo o seu trabalho no campo, eles deveriam ir para lá e nos campos onde Qayin por tanto tempo tinha trabalhado, unirem-se como homem e mulher.

O rancoroso Abel ficou encantado quando ouviu esse plano e, bebado pela fragrância e beleza de Qalmana, concordou em ir para o campo para poder conhecê-la como um ser humano. Assim, Qalmana conseguiu atrair Abel para longe de seu rebanho e de Kelimat, que naquele tempo tinha ido ao altar do demiurgo para apresentar-lhe oferendas de ação de graças, para elogiar seu bom julgamento e, assim, como uma ovelha Abel caminhou para o abate.

Quando se aproximaram do campo, Qalmana correu planejadamente para as longas e altas fileiras de trigo e incitou Abel a segui-la onde nenhum olhar indiscreto pudesse vê-los. Abel, que não conseguia pensar com clareza por causa das tentações da adorável Qalmana, correu às cegas para o campo, onde Qayin esperava por ele, armado com sua ferramenta de colheita.

Quando Abel chegou àquele local escolhido de antemão, na encruzilhada oculta entre as altas fileiras de trigo, ele viu o irmão de Qalmana esperando por ele e, quando percebeu que havia sido enganado, ficou tomado por um medo incapacitante. Qayin que viu o terror nos olhos daquele que queria violar sua amada, não sentiu nada além de desprezo e encorajado pelo sibilo da Serpente ecoando de dentro de seu próprio espírito, ele derrubou Abel, com três golpes, como se ele não fosse nada além de uma haste de trigo a ser colhida e, com o terceiro ataque, cortou a cabeça fora de seu corpo.

Quando o sangue de Abel se espalhou pelo campo e pelo chão, os portões dentro e fora do Outro Lado se abriram e ambos, Qayin e Qalmana, se tornaram completamente despertos para a Causa da Luz Negra e para os seus próprios Eus Espirituais. Quando o sangue do verdadeiro cordeiro primogênito do rebanho de Adão foi derramado nas encruzilhadas, a própria terra se abriu e as forças do Lado Noturno da Terra se entrecruzaram com a Terra do Lado Noturno de Malkuth.

Através do ponto liminar assim estabelecido, por causa do evento de despertar espiritual, transgressão e o primeiro sacrifício da vida humana nascida do dia, em prol da liberdade, libertação e unificação espiritual, a Luz do Outro Lado poderia brilhar no reino escuro do Demiurgo e novas sementes dos campos e jardins do Sitra Ahra poderiam ser semeadas no solo deste mundo agora húmido de sangue.

Quando o sangue de Abel desceu pela mandíbula aberta do Sheol, a Luz expelida causou uma expansão do Azoto onde quer que Qayin e Qalmana tivessem antes trabalhado e em tudo o que eles antes tinham desejado, e tudo foi transformado através da adição de seu poder espiritual, abençoado, empoderado e / ou despertado, seja pelo fortalecimento das marcas do espírito diluído já presente ou pela infusão das emanações do Jardim do Lado Noturno, agora semeadas no mundo.

Tudo o que se tornou abençoado através do Campo de Sangue, assim despertou para a Causa de Qayin e Qalmana e tornou-se compelido a servir seus destinos. Através dos caminhos abertos entre esta terra amaldiçoada e o Sitra Ahra, as vozes verdadeiras que antes tinham sido veladas como Sibilos da Serpente, podiam agora ser ouvidas e tanto Qayin e Qalmana sabiam que o que eles tinham feito era bom, assim eles se iluminavam e se fortaleciam através do verdadeiro insight do Outro Lado e da divindade transcendental que eles defenderam.

Pela sabedoria assim concedida e obtida, ambos se tornaram marcados e separados de todos os outros. Pela graça de Satanás e Lilith, receberam a venusiana Marca do Ponto Esmeralda, a Marca da Serpente Negra e a Marca da Foice Rubra. Estas três marcas foram dadas a eles como a Marca Única de Qayin e Qalmana, pois uma marca se espelhou na dela, e foi selada em suas testas com o Fogo Invisível do Espírito para eternamente separar todos aqueles que nasceram do fogo daqueles unicamente nascidos do barro.

Qayin e Qalmana não sabiam o que fazer com o cadáver de Abel, mas um dos Raios de Luz do Outro Lado, emanando da esfera venusiana na qual Satanás e Lilith primeiro tinham se reunido em essência por causa do Amor, entrou em um corvo que se sentou sobre o cadáver de Abel para banquetear-se com sua carne, e o corvo assim arranhou a terra e enterrou com seu bico alguns grãos de trigo ensanguentado que estavam espalhados perto do cadáver de Abel.

Qayin, o Semeador, o Ceifador e agora o Primeiro Assassino, viu que o Corvo da Morte se inspirou para semear os Primeiros Mortos no chão, de maneira semelhante a que ele sempre semeava as sementes em seus campos cultivados. Então Qayin arrastou o corpo de Abel, enquanto Qalmana levava a cabeça decepada para o centro da encruzilhada e lá, com uma pá, Qayin cavou a primeira sepultura e, naquele valo, colocou o corpo e a cabeça de Abel, e o Primeiro Semeador, Ceifeiro e Assassino agora se tornou também o Primeiro Coveiro e assim o Primeiro Monte do Crânio foi criado pelos três golpes cortantes feitos pelo Primeiro Ceifeiro e a Cruz Negra foi também firmada sobre e através daquele monte funerário.

Akeldama ligou assim a Gulgaltha e Gulgaltha a Akeldama através do Cruzamento Negro da vida para morte instigado pelos Impulsos do Espírito do Lado Noturno, e a terra primeiramente regada com sangue agora também foi alimentada com a carne e os ossos do corpo do primeiro humano morto e, assim, todos os locais de crânios e todas as encruzilhadas da morte passaram a ficar sob o domínio do primeiro túmulo estabelecido.

Qayin ficou tão triunfante sobre o túmulo de seu infeliz inimigo que daquela noite em diante todos os mortos estariam para sempre sob seus cuidados.

Como a ação foi realizada, Qalmana disse a Qayin que agora era a vez de Kelimat receber a colheita amarga daquilo que ela tinha semeado e de acordo com o que eles anteriormente haviam conspirado, e ela lavou o sangue de Qayin e ungiu-o com seus óleos e perfumes de sedução e encantamento.

Qalmana se escondeu dentro de seu jardim de rosas divinamente perfumado e adorável, armada com sua foice de podar, enquanto Qayin foi até Kelimat que começava a procurar por seu irmão Abel, pois ela não queria realizar o penoso trabalho de trazer seu rebanho sem a ajuda dele.

Qayin foi até ela e contou-lhe uma história parecida com a que Qalmana havia dito a Abel e acrescentou que, como Abel já havia tomado Qalmana para conhecê-la como sua esposa, não havia razão para que os dois não se unissem de maneira semelhante, de acordo com o decreto do Criador e seu pai Adão. Ele também disse a ela que, devido Qalmana ja ter seduzido Abel dentro de seu próprio campo de colheita, eles deveriam consumar sua própria união no jardim de rosas de Qalmana, onde as adoráveis fragrâncias de todas as suas flores elevariam o ato de consumação.

Kelimat, que sempre fora apaixonada por Qayin e agora duplamente encantada, não podia acreditar no que foi dito em seus próprios ouvidos e, em extática alegria, caiu de joelhos para louvar a seu deus que julgava abençoá-la. Ela então concordou e alegremente seguiu Qayin para o jardim de seu próprio sacrifício.

Qalmana que aprendera bem seus novos modos de podar e semear, cavou um túmulo entre as raízes e sob a sombra de sua maior roseira que tinha as mais belas flores brancas com a mais bela fragrância, de cuja todas outras obtinham a doce trescalância do próprio hálito.

Quando Qayin e Kelimat se aproximaram do Jardim, mais paradisíaco que o Éden, ele a levou para onde Qalmana estava esperando e, aterrorizada, Kelimat viu sua rival com a foice diante dela. Antes que ela pudesse se virar e fugir, Qalmana a alcançou e a dominou sob a sombra da rosa e lá rapidamente cortou sua garganta com a foice, de uma forma similar a que muitas vezes tinha visto Abel e Kelimat matarem suas ovelhas.

Com as flores do jardim vermelhas e jorrando sangue pelo chão do túmulo já preparado para ela, a terra tremeu mais uma vez e as mandíbulas do submundo abriram-se dentro daquela sepultura para receber esta segunda oferenda. A Luz Negra brilhou novamente e as sementes do Lado Noturno foram novamente espalhadas pelo mundo causando o fortalecimento da essência divina, onde quer que pudessem se apoderar, e o jardim de Qalmana, contendo todas as flores mais maravilhosas cultivadas pelas suas próprias adoráveis mãos e pelo poder antinatural de seu Espírito, tornou-se despertado para a Causa do Sitra Ahra.

O cadáver sem vida de Kelimat foi jogado em seu túmulo, debaixo da roseira e pelo poder do espírito de Qalmana, o poder divino desperto e o espírito oculto da roseira, se formou o Segundo Sepulcro e o Lugar Oculto da Caveira, e Qalmana se tornou assim Senhora de Gulgaltha, pois sua semeadura do cadáver fez suas realizações iguais as de seu amado Qayin.

Por este segundo sacrifício de ovelhas adâmicas, o pacto entre o Lado Noturno e a Sagrada Linhagem de Qayin e Qalmana e todos os elementos misturados e todos os espíritos despertados por seus atos, foi selado, pois seus assassinatos foram motivados por nada além do Amor do Espírito pelo Espírito e a rejeição de sua opressão, separação, isolamento e profanação pelos humildes elementos e impulsos do mundo.

Assim aconteceu que a ausência de Abel e Kelimat tornou-se conhecida por Adão e Eva e quando eles não puderam encontrar seus filhos e não puderam obter qualquer ajuda de Qayin e Qalmana para encontrá-los, eles se voltaram para o Demiurgo e oraram a ele para ajudá-los a encontrar seus desaparecidos filhos.

O Demiurgo não pôde descobrir o que estava ocultamente enterrado debaixo da roseira, mas ele pôde encontrar o túmulo de Abel e ver a morte não consentida que se abatera sobre sua criatura fiel, então ele ficou mais furioso, porque ele entendeu que Qayin devia, por causa da sentença que lhe foi transmitida, ter cometido este ato de transgressão ainda mais ilegal.

Ele convocou Qayin e perguntou sobre o paradeiro de seus irmãos desaparecidos, mas quando Qayin negou qualquer conhecimento e se recusou a confessar seu crime de fratricídio, o Demiurgo ficou ainda mais furioso e disse a Qayin que a voz do sangue de Abel gritava a ele e que ele sabia o que tinha ocorrido.

Ainda assim Qayin continou diante do criador impenitente e sem qualquer intenção de confessar nenhuma irregularidade, pois o que ele havia feito era justo e bom e motivado por necessidade. O Demiurgo pensou em destruir totalmente Qayin, mas algo dentro de Qayin o encheu de medo, assim como também de saudade do que ele próprio perdera por causa de sua tolice, e decidiu amaldiçoar Qayin e Qalmana, pois sabia que um não tinha agido sem o consentimento e apoio do outro.

Sua maldição sobre eles era dupla e ele lhes disse que o terreno que Qayin tinha cultivado não lhe renderia mais seus frutos e lhe ofereceria nada além de veneno e espinhos e que as flores de Qalmana iriam definhar diante dela e não emitiriam na presença dela nada além do odor da morte.

Ele também os amaldiçoou a se tornarem fugitivos e errantes, sem raízes neste mundo, e sempre rivalizados por todos aqueles fiéis às suas leis e por todas as forças da ordem natural de sua criação. O que o Demiurgo cego, por causa de sua própria falta de espírito, não podia saber ou entender era que o solo e as plantas abençoadas, despertadas, fortalecidas e dominadas pelas ações de Qayin e Qalmana, agora mantinham aspectos além de seu domínio, tudo devido a lealdade para com Qayin e Qalmana.

Quanto à maldição da peregrinação e do banimento, isso também não era nada contrário a suas próprias vontades, pois sabiam que não pertenciam ao local onde tinham sido obrigados a viver e que, por causa das chamas despertas do Espírito dentro de si, sabiam que deviam encontrar os caminhos ocultos para o poder, sabedoria e libertação.

Ao sinalizá-los como amaldiçoados e exilados, ele coroou tanto Qayin quanto Qalmana com espinhos que eles aceitaram com orgulho em vez de vergonha, pois sabiam o que o demiurgo ignorava e como Rei e Rainha da Colheita e como Soberanos de Todos os Negros Em Verde, eles se alegraram em sua coroação que se tornou uma manifestação externa da Marca do Fogo Espiritual que eles já carregavam.

O Demiurgo vendo os dois impenitentes diante dele e sentindo o desprezo, também os deu um decreto de que, como os Semeadores, Ceifadores e Praticantes da Morte Ilegal, eles nunca encontrariam paz nem escapariam dos sofrimentos da vida, e que nenhuma de suas próprias criaturas fiéis jamais lhes concederia a libertação das algemas da vida, pois tal ato seria vingado sete vezes. Amaldiçoados e exilados como eternos errantes, opostos e antagonizados por todas as forças da natureza, Qayin e Qalmana deram as costas ao criador e deixaram sua presença para atravessar o Caminho dos Espinhos em direção ao leste do Éden. Na ausência de seus mortos e seus filhos exilados, Adão mais uma vez engravidou Eva e ela deu à luz um novo filho e mais tarde uma filha, que se tornou substituta de Abel e Kelimat, e nomeou este filho Seth, e sua irmã Azura. A Linhagem adâmica de barro foi espalhada sobre a terra de acordo com a vontade do Demiurgo.Quando Qayin e Qalmana deixaram o recinto de suas antigas casas, sentiram-se como se estivessem deixando uma prisão em que haviam sofrido desde onascimento e, em vez de lágrimas de pesar e arrependimento, derramaram lágrimas de alegria, pois mesmo no exílio e amaldiçoados pelo tirano Demiurgo eles estavam tão felizes quanto poderiam estar, contanto que estivessem juntos. Enquanto atravessavam o Caminho de Espinhos, suas lágrimas de alegria, seu suor e o sangue da perfuração dos espinhos, fizeram com que a própria natureza desobedecesse aos decretos do Demiurgo e, embora o lado hílico da natureza não produzisse bons frutos ou flores, eles colhiam todos os frutos e flores do Espírito que eles faziam despertar, e assim suas Artes Feiticeiras se aperfeiçoaram e floresceram em poderes não naturais. Através de seus passos errantes e guiados por seus espíritos, eles foram para a Terra de Nod (Eretz-Nod), localizada no leste do Éden e lá eles decidiram se estabelecer, pois eles podiam sentir a presença de um Espírito brilhante e desafiador próximo deles, pois perto desse novo assentamento estava o Mar Vermelho e as cavernas para as quais a Primeira Mulher, através dos Ventos da Noite, havia escapado e se refugiado. Buscaram se estabelecer, apesar de ser outra ofensa contra a maldição do demiurgo e um ato antinatural em si, mas como Qayin e Qalmana haviam crescido em força do Espírito durante suas caminhadas e por causa do contato consciente que agora tinham com seus verdadeiros pais do Outro Lado, eles decidiram ofender aquele falso e cego deus de seus pais humanos. Lá, na Terra de Nod, Qayin conheceu Qalmana como esposa e espalhou suas Sementes de Fogo dentro de seu útero fértil e ela concebeu e deu à luz o Filho Primogênito da Chama Gêmea Desperta do Espírito e esse filho se chamou Enoque. Qayin cultivou a terra e Qalmana ajudou em seu trabalho e mais uma vez formou seus jardins, e assim a terra foi cultivada e as sementes semeadas e, desafiando à vontade do Demiurgo, floresceram pela graça e poder da Luz Negra brilhante em sua criação, através dos vivos Espíritos de Qayin e Qalmana e agora seu filho Enoch no qual uma emanação de suas Chamas Espirituais unificadas havia se alojado. Em torno de seus campos e jardins, Qayin e Qalmana construíram, como os primeiros verdadeiros maçons do mundo, uma cidade e deram-lhe o nome de seu amado Enoque, pois seu filho e sua nova cidade eram um testemunho da falsidade da onipotência do Demiurgo que agora não podia nem mesmo governar sua própria criação ou controlar os aspectos da natureza. Como reis e rainhas, Qayin e Qalmana se coroaram com ouro, enquanto ainda mantinham suas Coroas de Espinhos, desafiando o julgamento do demiurgo e com orgulho de seu próprio Tornar-se Ilícito, Exílio e Ascensão ao Poder e através da sua segunda coroação, a Autonomia Antinomiana e Soberania Mundana foram alcançadas. Dentro da cidade de Enoque, sua Linhagem do Fogo Flamejante floresceu e se espalhou para defender a causa da Luz Negra, negando os caminhos do Criador, e em busca do desenvolvimento e domínio de todas as formas de Artes e Ciências Proibidas, elevando assim a humanidade muito além de onde eles, pelo Demiurgo, estavam destinados a ser mantidos em mansidão cega.Com o tempo, as sete gerações de Qayin e Qalmana se tornaram os verdadeiros governantes da terra, opondo-se aos caminhos ignorantes da raça adâmica sempre que eles entravam em contato com ela. Através de seus modos antinomianos e crescente poder dentro do mundo, eles chegaram a fazer com que outros aspectos da criação se unissem à sua rebelião contra o diluidor e escravizador do Espírito e novos caminhos e portais para o Outro Lado se tornaram acessíveis em todo o mundo. Assim, a ordem natural do mundo tornou-se perturbada pela Luz invasora e expansiva do Outro Lado e as sementes da Árvore da Morte semeadas na terra do Demiurgo deram os frutos do embelezamento e conhecimento proibido a todos que possuíam os traços do Espírito divino dentro de si e trouxe o "Terror das Trevas" para os que estavam cegos para a Luz do Espírito e sem a Divina Chama Interior. Foi durante esse tempo, tendo vivido por sete longas gerações de sua própria Linhagem Sanguínea do Fogo que a Terceira Coroa de Poder foi colocada sobre as cabeças de Qayin e Qalmana, mas não pelas mãos do homem e sim pela expansão e ascensão dos poderes do próprio Espírito, quebrando seus vasos de barro e concedendo-lhes a Coroa da Apoteose, sendo o halo de suas Chamas Internas transformado em Fogo Coroado da Luz Negra.

Por essa Terceira Coroação, e por conta das aberturas criadas por suas próprias realizações e expansão do Poder Espiritual uma vez vinculado a elas através da emanação de suas essências divinas nas conchas da vida, eles puderam finalmente transcender seus Vasos de Barro (Kelims) e retornar à esfera do Outro Lado, onde Satanás e Lilith primeiro reuniram suas Sementes do Espírito, e lá em plenitude tomaram o Trono e dentro daquela esfera do Lado Noturno de Vênus se uniram em Amor para fazerem a Chama Gêmea queimar novamente como Uma.

Enquanto os geradores da Linhagem Sanguínea do Fogo, que queimariam interiormente a prisão do Demiurgo, transcenderam àquele Outro Lado, suas almas permaneciam como um elo entre eles e aqueles que ainda trilhariam os Caminhos de Nod e a oposição poderia assim continuar através dos que carregariam os dons

do despertar, assim todos teriam até o tempo da União Final para conseguirem as mesmas Marcas de Bênção e as Marcas dos Exilados, como Qayim e Qalmana mesmos alcançaram.

Assim, os Emissores da Morte tornaram-se os rompedores das cadeias da Vida e Morte cósmicas, conforme definido pelo Criador deste mundo, e eles vieram a incorporar o Caminho Sinistro para a libertação e transcendência.

Mesmo do Outro Lado, as Chamas Gêmeas de Sataninsam, agora Unificadas e Feitas Completas, continuaram a guiar e abençoar suas divisões restantes na Terra, em prol da libertação de toda a Divindade Caída através do Demiurgo.

Tão poderoso e maravilhoso tornou as gerações de Qayin e Qalmana sobre a terra que mesmo a ordem angélica da Grigori, designada pelo Demiurgo para a tarefa de vigiar e defender a raça humana ficou encantada com as suas formas, e o diluído e aprisionado Espírito Divino dentro desses Filhos de Deus, despertou ao ponto de criar uma separação da ordem ligada ao criador e ir em busca da unificação com o Espírito que queimava tão brilhante e forte dentro das Filhas da Linhagem Sanguínea do Fogo de Sataninsam manifestada através de Qayin e Qalmana.

Os Vigias despertaram o amor aos espíritos daquelas belas filhas de Qayin e Qalmana, em específico por uma entre elas chamada Naamá (a mais agradável), já que sua beleza, poder e graça era como a da própria Mãe de sua linhagem, e 200 daqueles Vigias se libertaram de suas correntes que os prendiam à suas estações entre as estrelas do céu, e quedaram, como estrelas cadentes, a fim de se unirem à Gloriosa Raça dos Nascidos do Fogo.

Quando seus espíritos se uniram com os espíritos de seus homólogos masculinos entre os escolhidos da linha de Qayin e encarnaram nestes que os receberam, a adição da essência espiritual causou maior empoderamento às chamas da Luz Negra dentro dos Nascido do Fogo e os Vigias caídos puderam, assim, através de seus avatares alcançar a liberdade de seu antigo ser limitado e consumar a sua união com as mulheres que desejavam tomar como suas esposas.

As filhas e filhos de Qayin e Qalmana se regozijaram com a vinda dos Vigias e os receberam como Chamas em suas próprias Chamas do Espírito e também como maridos e irmãos. Aqueles que não se uniram como maridos e esposas uniram-se como Espírito e assim a linhagem de Qayin e Qalmana se tornou, pela adição, dotada da parte desperta do Divino infundida pelo Azoto Celestial que queimou negro ao se unir com o Espírito do Sitra Ahra sobre a terra.

As crianças resultantes da união entre os Vigias Caídos e as filhas da Linhagem Sanguínea de Qayin e Qalmana se tornaram os homens e mulheres Nefilianos Poderosos e como Gigantes eles andaram pela terra espalhando liberdade ilegal e conhecimento proibido, mas também terror entre a raça adâmica que sempre rejeitava e evitava os dons do espírito, o que era algo estranho e mau para eles, por causa de sua ignorância daquilo que eles próprios não tinham.

O despertar das Chamas do Espírito que cresciam em multidão sobre a terra ameaçava incendiar toda a criação ilusória do Demiurgo, pois a ordem natural estabelecida por ele estava sendo totalmente revertida em um caos libertador.

O demiurgo em sua cegueira não podia ver nada a não ser maldade nos atos dos que se levantavam do lado de Qayin e Qalmana e, com raiva, ele lamentava ter criado o homem. Os adâmicos clamaram ao seu Senhor e Criador pela salvação da iniquidade da Tinânica Raça do Fogo que usurpava o mundo prometido a eles, mas a nenhum entre eles, exceto um, chamado Noé, o Demiurgo parecia favorável.

O Demiurgo decidiu então eliminar da face da terra o homem que ele criou, tanto os que carregavam o sangue antinatural como os do sangue de Adão, pois também haviam se provado indignos aos olhos dele porque não haviam conseguido resistir à ilegalidade blasfema que contaminou sua criação e minou seu próprio domínio tirânico.

Para todos eles, ele desejou a morte, pois ele estava verdadeiramente arrependido de tê-los feito e assim, inadvertidamente, abriu o portal para as forças desconhecidas que agora, como um incêndio, se espalhavam dentro de sua criação. O criador irado decidiu, assim, afogá-los todos em um dilúvio das águas amargas de sua própria ira, mas antes de fazê-lo ele advertiu seu escolhido, Noé, e instruiu-o que, com a ajuda de seus anjos, deveria construir uma Arca e enche-la com dois de cada tipo de animal, macho e fêmea, e com pares semelhantes de todas as outras coisas vivas da terra seca. A fim de manter sua linhagem, do lado de Seth, viva, Noé também foi instruído a trazer todos com ele e salvar sua própria família, consistindo de sua esposa, seus três filhos e suas três esposas, mas todos os outros na face do terra tornaram-se condenados à morte pelo tirano e cego Demiurgo. O enfurecido Demiurgo decidiu punir os Vigias Caídos e ordenou a seus Arcontes, liderados por Rafael e Gabriel, que descessem sobre a terra com seus vastos exércitos, superando em número todos os vivos, e acorrentasse todos os Vigias Caídos e os forçassem a contemplar matança de seus próprios filhos amados, a raça de Nefilins Nascidos do Fogo, antes que o grande dilúvio lavasse todo o sangue da face da terra contaminada. Os chefes da linhagem sanguínea de Qayin e Qalmana, pela graça do Espírito, previram os eventos que lhes aconteceriam e, assim, se prepararam para o derramamento de sangue e o dilúvio que se seguiriam. Os chefes da linhagem sanguínea de Qayin e Qalmana, pela graça do Espírito, previram os eventos que lhes aconteceriam e, assim, se prepararam para o derramamento de sangue e o dilúvio que se seguiria. Eles fortaleceram certos limites e soltaram outros e plantaram suas Sementes do Fogo Rebelde onde permaneceriam ocultos e perdurariam, apesar dos decretos do tolo Chefe Arconte. Pois, pela astúcia da Serpente, eles tinham entre os escolhidos do próprio Demiurgo, a família de Noé, um que era um vaso fértil e disposto a carregar aquela Semente Ígnea. Assim, a Semente da Serpente Sataninsam poderia secretamente ser semeada em um solo receptível e com o tempo ela traria de novo os Poderosos (Gibborim) sobre a face da terra amaldiçoada. Então as forças da existência se voltaram contra os precursores do despertar do espírito e da libertação, e os líderes dos Espíritos rebeldes encarnados foram amarrados, torturados e obrigados a observar a destruição e o mal trago sobre suas famílias pela vontade do povo escravizador. Mas, o que os Arcontes podiam matar era somente aquilo que o seu próprio Criador tinha feito, pois o Espírito Desperto dentro dos mortos era algo além de seu alcance e pertenciam a uma força que transcendia seu próprio deus sem espírito. Os Nefilins mortos e aqueles outros Mortos Poderosos da Linhagem de Fogo tornaram-se espíritos livres da carne e por conta da conexão com o Lado Noturno e os caminhos e portais daquele Outro Lado que eles abriram em vida, muitos deles puderam transcender para o Lado da Luz Negra e habitar o reino da Terra do Lado Noturno (Nahemoth), enquanto outros foram para lugares entre os mundos e permaneceram dentro dos pontos limítrofes ou tomaram assento e juntaram-se aos elementos na terra já consagrados pelos atos de Qayin e Qalmana, portanto mais acolhedores e apropriados para suas próprias naturezas espirituais. Outros entre os mortos, em vez disso, se tornariam espíritos de vingança, jurando que tomariam posse da criação do Demiurgo e encarnariam em veículos adequadas sempre que possível, a fim de se oporem ao escravizador e minar seu domínio tirânico de dentro de sua própria criação, assim a Luz Negra do Espírito prevaleceria e a Libertação se tornaria possível para todos. Os dois principais líderes dos Vigias Despertos, o Demiurgo ordenou que fossem acorrentados para sempre a fim de sofrer por todas as gerações. Aquele que se chamava Azazel, que unira espírito com o Ferreiro da linhagem de Qayin, eles amarraram com correntes de ferro e foi colocado sob uma Montanha localizada no deserto de Dudael, enquanto o outro chamado Shemyaza, eles acorrentaram sob a constelação de Orion. Isto eles fizeram para separá-los e fazer com que houvesse um sofrendo dentro do submundo e outro no céu, para que ambos pudessem ver o que aconteceria com a terra que eles usurparam. O Demiurgo mais uma vez, por causa de sua ignorância e arrogância, cometeu outro erro que permitiria que as influências dos espíritos unificados do lado dos Anjos e do lado de Sataninsam através da Linhagem Sanguínea de Qayin e Qalmana, permanecessem conectados e dentro de sua criação, a fim de minar seu Heimarmene. Pois dentro da escuridão do Submundo, Azazel poderia por um lado entrar na Terra do Lado Noturno e por outro permanecer dentro da criação do Demiurgo, onde ele estava preso, e ele se tornou assim um Senhor das Encruzilhadas e Interseções entre a Árvore da Ilusão e a Árvore do Conhecimento e da Morte. De maneira semelhante, Shemyaza tornou-se um guardião do Ponto de Entrada Estelar para as forças do Lado Noturno que ele, através das conexões feitas através de seu próprio espírito conjunto, tornou-se uma ponte. Dessa maneira, os Tronos Ctônicos e Astrais da Rebelião foram assentados neste mundo pelos dois condenados ao sofrimento eterno pelo Demiurgo sádico e insensato. Quando a terra tornou-se carmesim pelo sangue dos que morreram, o Demiurgo se aprofundou em sua superfície e cobriu todas as suas terras com as águas amargas de sua ira por 40 noites e 40 dias, e os únicos sobreviventes conhecidos por ele foram os que estavam dentro da arca de Noé. A terra tornou-se repovoada com um tempo, mas com o ressurgimento das raças do homem e da própria natureza que haviam sido devidamente semeadas pelo Outro Lado, a oposição tomou novamente forma. Pois havia gigantes na terra naqueles dias antes do dilúvio e também depois, e assim a Linhagem continuou a durar e a Linhagem de Qayin ainda permanece, assim como Ele e Sua Noiva, tanto nas Almas como nos Espíritos, neste e naquele Outro Lado.

A hostilidade da natureza em relação ao seu próprio criador e ao dia de nascimento é tem tal explicação, e alguns dos aspectos fundamentais dos mistérios da linhagem flamejante e do culto de Qayin e Qalmana são aqui ainda velados e revelados.

Que a santidade do Semente Proibida da Serpente de Duas Cabeças triunfe sobre todas as profanidades e que todas as centelhas da divindade presas dentro do estado miserável e decaído da criação sejam redimidas e libertadas, através da Semeadura e Colheita da Morte Sinistra, incitadas pelo Luz Negra da Verdadeira Divindade.


(Liber Falxifer II The book of Anamalaqayn) Traduzido por Dom Wylliams Lotan.


Oração ao Homem Vermelho

 


Ancestral dos ancestrais em tua honra marco três vezes o meu pé neste solo, fumigo sobre vosso templo o bafo flamejante de Amiahzatan teu fiel servo eu louvo a ti e aos mortos elevados de nossa linhagem sagrada ò homem vermelho.
Filho da transgressão eu escolhi o teu caminho, o caminho torto o caminho sem lei, eu escolhi vagar por sobre os sepulcros e comungar com os mortos ao invés dos vivos.
Eu também sou uma criança nascida deste solo vermelho, preenchida com fogo negro, eu sou teu filho e irmão.
Retalhado por mil espadas, andando sob o fio da navalha, abrindo o crânio de Abel derramando o seu sangue sobre o solo, de onde brotam as flores da morte, o jardim negro da tua amada onde as entranhas do fraco são o fertilizante dos fortes “Gólgota” o trono da tua semente!
Eu glorifico o seu nome ò Algoz sagrado, sabendo que através do seu nome meu próprio nome é exaltado, pois caminho nos teus passos ò santo da morte, caminho em busca da minha própria coroação, pois este é o caminho sagrado.
Homem vermelho, semente maldita, semente bendita do fogo estranho no ventre da terra eu canto seu nome nas encruzilhadas da vida, e vejo teu rosto vermelho em cada espinho que perfura a minha carne, transpassada pelas setas da tirania maldita .
Ò Filho da serpente que envenena o solo desta criação, afasta do teu caminho todo aquele que o deseja, e atraia para ti aquele cujos passos estão perdidos nos fatídicos desertos da vida, aquele que é considerado peregrino em terras estranhas.
Detentor da foice sangrenta abençoa a minha segadeira para que eu possa colher os frutos abençoados da morte, sobre a terra estéril a qual o desprezível criador deu-me como posse para que eu padecesse e sofresse Abençoa-me, e dei-me sempre a força necessária para castigar os meus inimigos.
Que minha mão esquerda sempre prevaleça sobre a direita, e que a minha foice sempre prevaleça sobre o cajado do frouxo Abel, tão vazio e obsoleto quanto seu Deus imundo.
Que sobre a vara do abrunheiro repouse sempre a tua força, e que os malditos mortos obedeçam sempre ao meu chamado, ò filho do Diabo, aparta deste caminho o profano, e que toda a benção se lhe façam opróbrio, e que aquele outrora maldito ao encontrar este caminho seja sete vezes bendito, pois o estrangeiro é genuinamente herdeiro do sangue torto.
Senhor dos espíritos que habitam as profundezas, filho verdadeiro da chama enegrecida a ti ofereço essa oração, com toda minha devoção exalto a mentira atrelada a verdade que como a cobra esta sempre trocando de pele.
Pelo sangue do primeiro assassinato sagrado, Abençoado seja todo aquele que aceitar o caminho da mentira como verdade.
Pois quem dirá é mentira ou é verdade A não ser o espirito desperto?
Ora aquele que chega ate aqui já vagou por sobre os caminhos da loucura!
 Já esta morto e sepultado, para tudo e para todos!  
Ora os loucos são os verdadeiros sábios!
Abençoada seja a loucura do louco e amaldiçoada seja a lucidez do tolo.
 Sete vezes maldito seja todo aquele que permanece inerte em cima do muro.


Satanismo Anti-cósmico

 

"Que terror é este que agora caminha sobre a face da terra?"

É ele quem usa um diadema de sete chifres deformados e está envolto em vestimentas de fome e guerra. 

É ele, cuja oração é o latido dos cachorros e o lamento das prostitutas, cujos hinos são como as lamentações dos leprosos e do pária atormentado pela varíola. 

É ele, cujo nome é como o flagelo de nove caudas na espinha do mundo..."

- Bestia Arcana: Shepherd of Perdition


Nas últimas décadas o Satanismo se tornou cada vês mais popular, principalmente com o advento da internet. Dentre estas sendas umas das correntes que mais se destaca no Caminho Da Mão Esquerda é a Corrente 218 (também conhecida como Khaos-Gnosis, Khaosophia). Trata-se de uma síntese que incorpora principalmente elementos com matriz Gnóstica, Cabalística e Hermética sob um prisma Satanista cuja principal meta é a dissolução das potências demiúrgicas e ilusórias que aprisionam e ocultam a essência Luciférica (também chamada de Chama Negra), princípio antecessor da Carne/Ego/Vaso, avesso até mesmo aos auspícios mais sutis da substância logóica que projeta suas emanações em múltiplas estruturas existenciais macrocósmicas.

Os meios estratégicos aeônicos para que este objetivo se prisme é através da comunhão entre o adepto e as energias contidas nos Qliphoth קליפות, os vasos rompidos de forças malignas, desequilibradas e Antinomianas da Etz Da'ath עץ דעת (Árvore do conhecimento/ciência do Bem e do Mal) que segundo a Torah, foram estes princípios que levariam ao colapso do homem arquétipico primordial Adam Kadmom אָדָם קַדְמוֹן para sua queda em Assiyáh אסייה, dando criação ao Homem caído rebelado Adam Beli-ya'al אָדָם בליעל


"mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás."  - Bereshit 2:17


As tradições mais clássicas da Cabala Hermética, oculta e esotérica, têm esses mundos como aberrações ilusórias que se projetam nos vícios e desejos mais sujos do homem e da natureza que o mantém preso a Assiah. Em um circuito iniciatico com o objetivo de retorno à condição original reintegrada de Adam Kadmom, o adepto se defronta com os caminhos e esferas da Etz Chayim עץ חיים a Árvore da Vida de forma a conquistar progressivamente o domínio e o conhecimento da constituição de sua própria alma, simultaneamente dos mistérios multidimensionais do cosmos. Cada aspecto dos Sephiroth סְפִירוֹת e dos seus 22 caminhos são as virtudes ou graças das facetas de D'us que o adepto através de procedimentos contemplativos e magísticos de suas chaves busca obter contato. Durante esse processo o adepto se deparará com uma barragem, a sua casca, ou qliphoth, que protege/isola a essência Sephirothica da esfera em questão, agindo como uma ação testadora dos potências que o viajante possuí de superar os vícios que são as contrapartes obscuras dos Sephiroth. Esses seriam os ordálios em que todo magista deveria travar para provar sua natureza elevada, pois somente dominando, derrotando ou anulando os vícios e as forças demoníacas e obscuras o magista será dominante de si próprio. Tal procedimento é fundamental para que o o homem possa ser reintegrado na condição de Adam Kadmom e tomar seu trono em 

Kether כתר, em completa unificação com D'us.

Mas e quando nem mesmo a consciência de D'us é satisfatória? Quado o indivíduo percebe que o Todo não passa de gestações de cadeias cíclicas Aeonicas intermináveis? Quando tudo se resume em um super ego universal se aventurando em si mesmo em múltiplas emanações de consciências fragmentadas para manter vivida uma experiência holográfica de si mesmo?


"O Todo é mente, o Universo é mental."

"O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima."

"Tudo é duplo; tudo tem polos; tudo tem seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em graus; extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados."

- O Caibalion


Quando nossos sentidos são delimitados por parâmetros evidentemente falhos tudo que resta é uma jornada infindável por meias verdades sobre meias verdades que se contradizem e se refutam paradoxalmente em ciclos e mais ciclos de vida, morte e ressurreição de paradigmas e leis Arconticas ordenando as formas de projeção da realidade como ela é, segundo nossas estruturas aeonicas forjadas naquilo que foi estipulado como a estrutura anímica do ser, homologada paralelamente com o corpo da realidade macrocósmica. A morte neste esquema não se aplica de forma fatídica tendo em vista que o que se faz fenômenico trata-se de uma transição de um estado de consciência a outro segundo estipulado pelos mistérios arcanos.

Popularmente os qliphoth estão associados aos planos Assiyáticos entretanto suas origens procedem dês dos primórdios do impulso criador, cuja as pistas encontraremos na cabala de Isaac Luria.

No primeiro ato criativo ocorre o processo de contratação (Tzimtzum צמצום) da luz infinita (Ain Soph Aur אין סוף אור) gerando um espaço vazio (halal חלל) onde todas as coisas pudessem existir, pois sem o ato do Tzimtzum não haveria como separar D'us daquilo que não é D'us. Na revelação de Luria o primeiro ato do sem limites (Ain Soph אין סוף) foi o de ocultação da luz infinita e limitação.

A consequência do tzimtzum e a gestação dos Sephiroth foram responsáveis pela Shevirat Ha-Kelim שבירת הכלים (ruptura dos vasos). Estes dez vasos destinados a conter e ocultar a emanação da luz de Ain Soph foram incapazes de conter a luz infinita e explodiram. Os Sephiroth, valores arquetípicos através dos quais o cosmos foi criado, são despedaçados no qual, em um evento posterior, o mundo dentro do qual residimos Malkuth מלכות (reino) foi composto pelos fragmentos destas substâncias quebradas. As Sephiroth de Chesed חסד (misericórdia) à Yesod יסוד (fundamento) foram totalmente destruídas, todos os vasos, incluindo, Keter כתר (Coroa), Chochmah חכמה (Sabedoria) e Binah חכמה (Entendimento) foram destruídos, porém de forma parcial, pois estas eram cascas mais puras emanadas provenientes da luz infinita e portanto mais resistentes. O universo teria sido jogado de volta ao estado de completo e absoluto caos e vazio (Tohu wa-bohu תֹ֙הוּ֙ וָבֹ֔הוּ) antes da criação.

Neste momento com a total aniquilação da criação primal a Tikun olam תיקון עולם‎ (reparação do mundo) ou Tikun תיקון (retificação) é acionada através de novas sub estruturas chamadas Partzufim פרצופים (Visões/Faces/Formas/Configurações) as personalidades de D'us, que harmonizam e subdividem as parcelas menores da luz dê Ain Soph em cascas mais fortes.


"No princípio criou Deus os céus e a terra.

A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.

Disse Deus: haja luz. E houve luz." 

- Bereshit 1:1,2,3


O processo de retificação (Tikun) da criação se estende durante a promessa messiânica de reintegração de Adam Kadmom, desta forma a humanidade se torna co-autora da criação através dos mitzvot מצות (preceitos) da lei, de forma a auxiliar a reparação dos vasos ao estado ideal designado por D'us.

A otz chayim é reestruturada no modelo cosmogônico atual no reino de Assiah delimitando ainda mais a luz de Ain Soph. A visão cósmica universal da criação é delineada como a miragem das estrelas do espaço que há muito tempo jazem mortas, desta forma, não apenas os qliphoth da otz da'ath estão ligados a Assiah como citado na literatura popular, mas também a própria visão que possuímos da existência em suas estruturas sephiroticas. A árvore da vida é uma projeção qliphothica Assiahtica, ou seja, não passa de uma ideia que a criatura possui em relação às virtudes da criação e do criador. 

Os fragmentos da antiga estrutura morta do cosmos se reorganizam nos aspectos cadavéricos em contraposição aos esquemas estabelecidos existências. São, estas regiões, responsáveis pelos aspectos desagradáveis, mórbidos e malignos que habitam na matéria tais como a dor, a doença, o medo, a nihilidade, e tudo que pertença ao campo da morte e da escuridão se projeta nestes estilhaços alojados na nova constituição da natureza e, consequentemente, no homem. São nestas regiões ocultas que a moralidade humana e as estruturas das leis e da moral, em escala micro e macrocósmica, são colocadas a prova.

A Corrente Caosophica tem como parâmetros a ideia de que todas as questões que envolvem a vivência humana, em seus aspectos idílicos, são como celas que aprisionam o homem nos apegos de sua própria constituição Egóica e, portando, estariam alimentando os sistemas criados pela rede arcôntica, a árvore da vida. O Satanismo Anti-Cósmico busca cair na danação das Anti-Estruturas de forma a ferir ainda mais as instituições do Ego que luta para reconstruir aquilo que foi destruído no princípio de tzimtzum através da alimentação dos delírios do logos, condenando sua luz novamente a contração e a limitação.

O processo de desilusão nos leva ao enfrentamento do negativo e do consumo das estruturas vitais do ego, os terrores nos quais o homem evita o encontro são liberados. O enfrentar das forças malignas devoradoras e corruptoras do ego levam ao gradativo estados de morte de forma que o adepto vá ao encontro de uma natureza cada vez mais vazia, despertando impulsos atávicos primitivos e bestiais inerentes à medida que os valores do ego são desalojados da constituição humana. Tais processos podem ser muito difíceis e dolorosos pois o abismo se projeta em inúmeras formas conduzindo o adepto ao estado de desapego às estruturas vigentes. O desejo instintivo, predatório, vampírico, se torna forte tal como a sede Luciférica de transcender os limites de sua própria carne. A angústia de uma fera encarcerada se alastra em seu interior devido ao despertar da Chama Negra acausal que é a própria luz de Ain Soph manifestando-se em desejo adverso em prol do retorno para sua condição primordial contrapondo-se ao desejo de contração, limitação e criação.

Os Caminhos Antinomianos são para os devotos do abismo, amantes da escuridão que almejam a Nulificação dos processos da constituição cosmogônica se aliando e alimentando os véus severos e sinistros das energias adversárias saturninas e marciais do Outro Lado da composição humana e do cosmos, exaltando as formas negativas do mal que causam a ruptura dos parâmetros ditatoriais instituídos pelo diagrama sephirotico cosmogônico, aniquilando gradativamente os apegos humanos. Esses processo levam ao despertar da chama negra acausal no forte. Para estes, a vida é uma doença que deve ser curada através de um processo de eutanásia em uma radical e colérica oposição bélica.

Trajar o manto da escuridão é selar o contrato de um caminho solitário, espinhoso e colérico com o ideal completamente dissociado dos caminhos utópicos e idílicos da falsa iluminação atrelada a apegos demiúrgicos limitadores e ilusórios de um pseudoequilíbrio e uma enganadora sensação de bem estar do ego, pois a verdadeira iluminação é um processo de dissecação dolorosa e sem anestesia, visto que todas as metamorfoses implicam em destruição das formas estabelecidas e estagnantes alimentadas pela moral do fraco.

Se desejas ultrapassar seus limites e for forte o suficiente para olhar diretamente a face da morte sem véus, se sua cólera interna grita de sede do verdadeiro pleroma além da vida, se abandonou toda esperança de uma umbrática iluminação, então seu lugar é com aqueles que flutuam sobre os estilhaços da eterna desgraça dos vivos.

Satan é o grande arcano do grito de guerra e aversão misantrópica da existência vigente, o maior ato adversário que se alastra pelo Infinito do Todo em fogo e fúria.

"Nossa vontade é a lei e nossa lei é o Caos!"


Ave Azerate!

Ave XI!


Noite Eterna

Sobre a tua pele pálida, quero ser um andarilho, um peregrino, ò mãe do aborto, por teus lábios que exalam a mais fria das noites que meu coração seja congelado e solidificado.

Obscurece a minha alma, fortifica meu espírito, sem retorno rasgue a minha humanidade, pois sou um filho bastardo da aberração.

Deixe-me olhar nos teus olhos, pois eles refletem o vazio sem fim, além do cosmos.

“Tanisam!”

Destila sobre mim o veneno de vossas presas corroendo meu eu adâmico, pois sou uma semente enegrecida da morte sou um aborto revestido com a lepra da vida, sou devoto das águas abissais do teu útero onde se encontram os restos de reis e plebeus.

Ouro, prata, e um tapete vermelho que leva ao cálice de sua abominação onde fermenta o sangue dos justos e dos Santos.

Babilônia mãe dos pecados!

Amante da noite, esposa sem rosto de Satã, não sois o delírio dos prazeres carnais, sois a beleza da morte isto não é simbólico, se os teus deleites não levam a morte, se não levam ao declínio do ego se não são revestidos de dor e pranto são apenas delírios nas mentes dos tolos e incautos.

Não sois a meretriz dos homens, sois a consorte dos demônios sem forma, das bestas do abismo.

Nos pesadelos do tolo uma espada de morte!

Só tu cavalgas o Leviatã, para além do abismo, rainha do conhecimento proibido, nesta terra sem vida o perfume da morte exala de vossas entranhas de onde as proles malditas e famintas são emanadas para devorar os filhos dos Homens.

Nos os devotos da morte, mataremos a alma do mundo para ti ò musa da lua sangrenta.

Aniquila em nós a humanidade, para que sejamos dignos de tua chama enegrecida.

Mata em nós a compaixão para que não sejamos acorrentados por ela.

Mãe dragão útero do vazio primordial .

“Tiamat!”

Absorva com teus fogos a criação, pois está escrito nas tábuas acorrentadas sobre o peito de Kingu.

Na dança da morte sois um com Satã, na dança do fim sois o último alento dos Aeons, a derradeira marcha fúnebre da criação é o ranger de vossas presas, rasgando o cosmos, transpassando a vida libertando os eleitos para o descanso eterno.


Texto Por frater Zero "Rivair Oliveira".

Arte The Heart of Lilith

By Fosco Culto