segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Babalon Parte 4


Babalon e sua personificação.
Sexo é a principal expressão da natureza de uma pessoa;
No entanto grandes Naturezas são sexualmente fortes; e a saúde de qualquer pessoa dependerá da liberdade daquela função.
Babalon em grego é ‘Mapie’, Maria. Mas ela não é só a Virgem Imaculada, a Mulher Vestida com o Sol.
Também é a Grande Prostituta, a mulher que se embriaga com o sangue dos santos.
Ela a natureza, eternamente inviolada, a Isis Velada;
E ela é a Natureza, freneticamente copulando com todas as suas criaturas, desavergonhada e abertamente.

Crowley e Babalon

Mas para melhor entender esse termo é necessário compreender melhor e conhecer melhor os termos usados por Crowley
Se uma concepção não estiver unida a outra, o homem não compreenderá jamais a natureza de uma mulher.
A mulher, por mais ordinária que seja, sempre é virgem para o seu amor até que ele a possui – então ela se torna esposa, amante e talvez mãe;
Mas quando este amor acabar e outro vier – ela será virgem para o outro novamente.
Esta virgindade é íntima – não dependendo de um pedaço de pele.
Afinal há mulheres virgens que são mais impuras – no sentido de uma falsa castidade
Que qualquer prostituta que ganhe honestamente sua vida procurando dar satisfação conscienciosa aos homens que a pagam.”
A relação da mulher nunca fora bem explicada em Thelema, uma vez que o próprio Crowley ainda guardava ecos de preconceitos contra elas.
Uma vez que as próprias mulheres em sua época, não demonstravam sinais de mudança tão intensos quanto hoje.
Somado a séculos de supressão causada pela sociedade machista, e infelizmente por elas mesmas.

Babalon e a magia sexual

Então, agora vamos falar sobre magia sexual.
Enfim Babalon tem tudo haver com magia sexua, alem do mais grande parte dos assuntos que são ligados a Babalon são ligados a esse assunto.
Na magia sexual fala-se muito sobre os fluidos sexuais femininos e a postura da mulher
Também sobre a mistura de fluidos sexuais femininos e sêmen produzidos durante a relação
Então no ato sexual com a Mulher Escarlate ou Babalon é chamada de Elixir da Vida.
Mas também outra forma alternativa deste Elixir é o Elixir Rubeus, que consiste no sangue menstrual e sêmen.
Abreviado como El. Rub. Por Crowley em seus diários mágicos, e é referido como o “eflúvio de Babalon.
A Mulher Escarlate, que é o menstruum da corrente lunar “por Kenneth Grant.

Selo de Babalon

O Selo da A.·.A.·. é o Selo ou sigilo de Babalon
“Este foi um nome que ela escolheu enquanto meio ébria, como um plágio da lenda teosófica
Mas contendo muitas das nossas letras-números-chaves dos Mistérios.

Numerologia e Babalon

Também, o número de pétalas do mais sagrado lótus.
Sua soma é 1001, que é também Sete vezes Onze vezes Treze
Uma série de fatores que pode ser lida como: o Amor da Mulher Escarlate pela Magia produz Unidade, em hebraico Achad.
Pois 7 é o número de Vênus, e o Nome secreto de sete letras de minha concubina BABALON
É escrito com Sete Setes, assim: 77 + 7 +7/7 + 77 = 156, o número de BABALON.” Equinócio dos Deuses
Este número equivale a Zion, a Montanha Sagrada e a Cidade das Pirâmides.
Também podemos observando-se o sistema Enoquiano de John Dee, veremos que cada tabela de anjos, contém 156 pirâmides.
O caso de Vênus é um excelente exemplo
(nota: o símbolo de Vênus é o único símbolo planetário que representa todas as dez sephiroth).

Babalon e a Astrologia

Vênus é astrologicamente usada como um termo sintético dos aspectos femininos de grande parte das divindades femininas
Possui muitas representações: Vesta, Ceres, Cibele, Ísis, etc.
No entanto a principal distinção a ser feita é relativa as correspondencias da Lua;
Entretanto o mais difícil nisso tudo, é que os símbolos sempre se sobrepõe.
É através da harmonização e transcendência de tais barreiras
Que o estudante alcança a concepção metafísica do que é perfeitamente positivo e lúcido por um lado e por outro liberto das Leis da Contradição.
Portanto Lua é igual a Gimel que é igual ao numero 3 em hebraico.

Babalon e as Deusas

Então Trivia é um dos nomes de Diana.
A vida da mulher é dividida em três fases: antes, durante e depois do período da menstruação.

A Virgem.
A Esposa e Mãe.
A Bruxa.

Na (3) a mulher não pode mais realizar a sua função natural, tornando-se então a maldade do desespero.

Daí a associação com Bruxa ou Feiticeira.

(1) é representada por Diana, a caçadora virgem (lendas de Atalanta, Pan, Actaeon, Endymion, Persephone, etc) Hebe, Pallas Atena, Pythia e Sybils, etc. A função da virgem é inspiradora.
(2) é relacionada com Vênus, Ceres, Cibele, Kwannon, Sekhet, Hathor, Kali, Aphrodite, Astarte, Ashtoreth, Artemis do Ephesians e muitas outras deidades femininas.
(3) é um símbolo maligno. Hecate e Nahema são as principais representantes do conceito.

Os demônios e sua natureza

Perceba que existem certos demônios da natureza de Vênus Aversa, símbolo do mal nascido da distorção ou supressão deste princípio.
São eles Echidna, Lilith, a enfurecida Afrodite de Hipólito, a Vênus de Hörsel em Tannhäuser, Melusina, Lamia
Há também alguns aspectos de Kali, Kundry, o lado malicioso da Rainha Mab e a natureza geral da Fada.
O estudante deve ter esses símbolos gravados na cabeça e transcender suas incompatibilidades, não rompendo os limites característicos das mesmas.
Mas compreendendo que cada uma representa uma manifestação fenomenal do supremo princípio que chamamos Nuit,
Teh, Shakti, He, Isis, eletricidade de polaridade positiva, o espaço infinito, possibilidades, etc, em conjunção com um grupo particular de circunstâncias”.

Mulher escarlate

Embora Crowley freqüentemente escrevesse que Babalon e a Mulher Escarlate são uma
Também há muitos casos em que a Mulher Escarlate é vista mais como uma manifestação física do que representativa do princípio feminino universal.
Em uma nota de rodapé para Liber Reguli , Crowley menciona que dos “Deuses do Aeon”, a Mulher Escarlate e a Besta são “os emissários terrestres daqueles deuses” ( Crowley 1997 , Liber V vel Reguli). 
Ele então escreve em A lei é para todos
É necessário dizer aqui que A Besta parece ser um indivíduo definido; a saber, o homem Aleister Crowley.
Mas a Mulher Escarlate é um oficial substituível quando necessário. 
Assim, até a presente data de escrita, Anno XVI, Sun em Sagitário, tem havido vários titulares do título.

Grande mãe em suas personificações

BABALON, como a Grande Mãe, representa a MATÉRIA, palavra derivada da palavra latina para mãe.
Então ela é a mãe física de cada um de nós, aquele que nos forneceu carne material para vestir nossos espíritos desnudos;
Ela é a Mãe Arquetípica, a Grande Yoni, o Ventre de tudo o que vive através do fluxo de Sangue;
Alem do mais ela é o Grande Mar, o próprio Sangue Divino que encobre o Mundo e que corre em nossas veias; 
Mas ela é a mãe terra, o ventre de toda a vida que conhecemos.
Seja Babalon em quaisquer de seus aspectos , a grande verdade é que toda mulher tem dentro de si um aspecto de Babalon
Umas conseguem se desprender das amarras de uma vida cheia de dogmas imposto por uma sociedade onde coloca atos de liberdade como imoralidade
E outras vivem suas vidas presas a meras formalidades de uma sociedade hipócrita.

Esta entrada foi publicada em Babalon, Thelema com as palavras-chave Babalon, Magia Sexual, Mulher escarlate, thelema. 

Babalon Parte 3


Babalon, também conhecida como Mulher Escarlate, Grande Mãe e Mãe das Abominações, é uma das deusas centrais da filosofia religiosa conhecida como Thelema, conforme esta filosofia foi estabelecida em 1904 por Aleister Crowley no Liber AL vel Legis (O Liber AL vel Legis). Em sua forma mais abstrata, representa o impulso sexual feminino e a liberdade da mulher. Contudo pode também ser identificada com a Mãe Terra, no sentido simbólico da fertilidade. Crowley também acreditava que Babalon possui um aspecto terreno na forma de um trabalho espiritual que pode ser exercido por toda e qualquer mulher, normalmente como uma contraparte masculina denominada To Mega Therion (A Grande Besta), cuja conjunção visa manifestar as energias místicas próprias da atual era espiritual da humanidade, o aeon.
O termo tem origem em 1904 e está nos escritos de Aleister Crowley, mais especificamente em O Livro da Lei, onde Babalon não é citada diretamente, mas a Sacerdotisa que seria a Mulher Escarlate, o que levou Crowley ao nome Babylon, depois "alterado" por ele para Babalon. O motivo seria a orientação desse estudo direcionado para o Apocalipse, onde seria uma cidade, apontada por alguns ocultistas para Roma, que oprimia os cristãos, com queda predita, apesar de haver escatologia cristã com interpretação para o final dos tempos e não em Roma. Em ambas as linhas de pensamento, o regente teria o número 666. Em Thelema, Babalon passa da representação Babylon para a energia mágica (em Thelema, Magick) da natureza sexual feminina, conforme citação no Livro da Lei.
Na sua forma mais abstrata, ela representa o impulso sexual feminino, a mulher libertária, embora também pode ser identificada com a Mãe Terra, no seu sentido de fertilidade, bem como com o "Grande Oceano" do Inconsciente, de onde nasce a luz, a vida e a Consciência. Ao mesmo tempo, Crowley acreditava que Babalon tinha um aspecto terreno, inerente a um estilo de conduta, que poderia ser incorporado em mulheres reais - geralmente como um contraponto à sua própria identificação como To Mega Therion (A Grande Besta), cujo dever foi então ajudar a manifestar as energias do Aeon de Horus.
Seu consorte simbólico é Caos, o Pai da Vida, princípio criador masculino. Babalon costuma ser descrita como portanto uma espada à cintura e montando a Besta, a qual controla através de sua Vontade. Costuma ser descrita como sendo uma Prostituta Sagrada, sendo seu símbolo primordial o Graal ou Cálice (símbolo do útero gerador). Conforme Crowley escreveu em "The Book of Thoth" ("O Livro de Thoth"), na descrição da carta "Lust" ("Desejo"), na qual ela aparece:

Como Crowley escreveu:
“Ela monta a cavalo sobre a Besta; na sua mão esquerda ela mantém as rédeas, representando a paixão que os une. Na sua direita ela mantém no alto o cálice, o Santo Graal ardente de amor e morte. Nesta taça são misturados os elementos do sacramento da Eternidade (Aeon)". 
Em Magia em Teoria e Prática, Crowley, refere-se a Babalon como Nossa Senhora, no Capítulo 11 intitulado De Nossa Senhora Babalon e da Besta que Monta:
"O conteúdo desta seção, que concerne a NOSSA SENHORA, é demasiado importante e sagrado para se imprimir neste tratado. Ele só é comunicado pelo Mestre Therion aos alunos escolhidos em seções privadas." 
Frater Zarazaz menciona no artigo "O Equinócio de Babalon"  que John Symonds e Kenneth Grant, em uma nota em sua edição do "Magick in Theory and Practice," atestam que esse "conteúdo demasiado importante e sagrado" se refere a ensinamentos de Magia Sexual relacionados ao VI Grau O.T.O., transmitidos ao iniciado quando este era convidado por Crowley a unir-se ao Santuário Soberano da Gnose. Frater Zarazaz também cita "The Magick of Thelema" no mesmo texto:
"Em seu livro The Magick of Thelema, o nosso Frater Lon Milo Duquette define Babalon como Shakti, "a passiva, negativa corrente da natureza. Ela é magnética e atrai para Si a potencialidade da energia, esta ela absorve e armazena (no Santo Graal, a Taça de Babalon)." Babalon também guarda profundas semelhanças com Kali, a destruidora. Kali é uma deusa de morte, cujos principais cultuadores, os tugues, adoravam com o assassinato. Ela também é amante de Shiva, o qual é, muitas vezes, representado como um cadáver sobre o qual copula a Deusa, e o seu culto envolvia os mais profundos mistérios tântricos." 

Origens

O nome Babalon parece derivar de várias fontes. Em primeiro lugar, há a óbivia semelhança com o nome Babylon. Babylon era uma das maiores cidades da Mesopotâmia, parte da cultura suméria. Coincidentemente, a deusa suméria Ishtar traz incontestes semelhanças com a Babalon de Crowley. Babylon é também (como Babilônia), uma cidade várias vezes citada no Apocalipse de João, usualmente representada de forma metafórica como uma cidade uma vez paradisíaca que caiu em ruínas, um aviso contra os perigos da decadência.
Uma segunda possibilidade deriva do termo BABALOND, proveniente do idioma Enoquiano, traduzido como "prostituta". Esta é a origem mais provável, posto Babalon ter sido conhecida por Crowley após as invocações realizadas dentro do sistema de magia enoquiana, conforme registrado em seu livro "The Vision and The Voice" ("A Visão e a Voz").
Crowley provavelmente escolheu esta grafia em particular para o nome de Babalon por sua significância cabalística. Trocando-se a letra Y por um A, o termo "al" surge no centro da palavra. A palavra também separa-se silabicamente (em Inglês) em Bab-al-on. Bab é o termo em árabe para "porta" ou "portal". AL é uma das chaves para a compreensão do Livro da Lei, bem como um dos títulos cabalísticos de Deus, significando "O Um", em hebraico. On é o nome egípcio para a cidade conhecida pelos gregos como Heliópolis, a cidade das pirâmides. Pelo sistema de numerologia hebraica conhecida como gematria, o nome Babalon soma 156, número de quadrados em cada uma das tabelas elementais do sistema de magia enoquiana de John Dee e Edward Kelly. Estas tabelas são, por si, identificadas com a Cidade das Pirâmides, sendo cada quadrado a base de uma pirâmide.

O Livro das Revelações

Babylon é citada em várias partes do "Livro das Revelações", o Apocalipse de São João, na Bíblia. Conforme se vê em Apo 17:3-6:
E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlate, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição; E na sua testa estava escrito o nome: "Mistério, a grande babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra". E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração.
Babylon é apresentada como sendo a representação de uma cidade, normalmente a imagem de um local que antes era um paraíso glorioso mas que caiu em ruínas, um aviso contra os perigos da decadência:
E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória. E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias. E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.
Aleister Crowley registrou uma revelação sua em "The Vision and The Voice", no capítulo referente ao 2° Æthyr, que sugere uma origem não-cristã para esse simbolismo:
Tudo que eu vejo é que o Apocalipse foi a junção de uma dúzia ou mais de alegorias totalmente desconectadas, que foram colocadas juntas e, impiedosamente aplanadas para se transformarem em uma conta fechada; e que essa junção foi re-escrita e editada no interesse do cristianismo, porque as pessoas estavam percebendo que o cristianismo poderia não estar mostrando nenhum conhecimento espiritual verdadeira, ou qualquer alimento para as melhores mentes: nada, além de milagres, o que só enganou os mais ignorantes, e Teologia, que adequada apenas aos pedantes. Assim, um homem pegou desta junção, e tornou-a cristã, e imitou o estilo de João. E isso explica por que o fim do mundo não acontece a cada poucos anos, como anunciado.

Por outro lado Aleister Crowley deixa um comentário contraditório em "The Vision and The Voice":
Não tenho dúvidas de que essa explicação está correta sob o ponto de vista da sabedoria profana. “Anjos” que demonstram teorias absurdas sobre questões materiais são falsos elementais que se entretêm usando a ingenuidade do candidato a Magista. 
Dando a entender que o Apocalipse não é um apócrifo.

A Mulher Escarlate no Livro da Lei

Babalon é citada, como a Mulher Escarlate, duas vezes no Liber AL vel Legis:No Capítulo I
Agora vós devereis saber que o escolhido sacerdote & apóstolo do espaço infinito é o príncipe-sacerdote a Besta; e em sua mulher chamada a Mulher Escarlate está todo o poder concedido. Eles agruparão minhas crianças dentro do seu cercado: eles trarão a glória das estrelas para dentro do coração dos homens. Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas para ele é a secreta chama alada e para ela a cadente luz estelar. (AL I:15-16)

No Capítulo III

Que a Mulher Escarlate se acautele! Se a piedade e a compaixão e a ternura visitarem seu coração; se ela deixar meu trabalho para brincar com velhas doçuras; então minha vingança será conhecida. Eu sacrificarei sua criança para mim: eu alienarei seu coração: eu a arremessarei para fora dos homens: como uma meretriz encolhida e desprezada, ela rastejará através das ruas escuras e úmidas, e morrerá gelada e faminta. Mas que ela se erga em orgulho! Que ela me siga em meu caminho! Que ela trabalhe a obra da perversidade! Que ela mate seu coração! Que ela seja escandalosa e adúltera! Que ela seja coberta de jóias, e ricos trajes, e que ela seja desavergonhada perante todos os homens! Então eu a elevarei aos pináculos do poder: então eu gerarei nela uma criança mais poderosa que todos os reis da terra. Eu a preencherei com júbilo: com minha força ela verá & golpeará na adoração de Nu: ela alcançará Hadit. (AL III:43-45)

Os Três Aspectos de Babalon

Babalon é uma figura complexa, sendo que na literatura thelêmica ela aparece sob três aspectos principais: o acesso à chamada Cidade das Pirâmides, a Mulher Escarlate e a Grande Mãe.

Acesso à Cidade das Pirâmides

Dentro do sistema místico thelêmico, após o adepto alcançar o estado no qual consegue pleno contato com seu Sagrado Anjo Guardião (através do processo conhecido como "Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião"), ele deve seguir para o próximo passo, a travessia do Abismo, símbolo do grande vazio espiritual e dissolução do ego, onde reside Choronzon, o demônio que causa confusão mental e ilusões. Babalon, contudo, está na outra ponta dessa travessia, aguardando. Ao final, o adepto deve entregar-se totalmente a ela, simbolicamente "derramando seu sangue na Taça de Babalon", engravidando-a e se tornando um santo ascencionado - conforme a nomenclatura da Astrum Argentum um Mestre de Templo - que habita a chamada Cidade das Pirâmides. No livro "Magick Without Tears" ("Magick sem Lágrimas"), Crowley diz que Ele(a) guarda o Abismo. E é sua uma perfeita pureza daquilo que está acima, ainda que seja enviada como a Redenção àqueles que estão abaixo dela. Pois que não há outra senda para o mistério Superno que não por ela e pela Besta na qual ela monta.

Em "The Vision and The Voice" ("A Visão e a Voz"), no capítulo do 12° Æthyr:
Daixa-o olhar para a taça onde está misturado o sangue, pois o vinho da taça é o sangue dos santos. Glória à Mulher Escarlate, Babalon, Mãe das Abominações, que cavalga a Besta, pois ela derramou seu sangue em todos os cantos da terra e eis! Porém ela o misturou na taça de sua prostituição.
A grafia correta do nome "BABALON" não é revelada senão mais tarde, na visão do 10° Æthyr, onde é utilizado para banir as forças de Choronzon. A descoberta dessa grafia representa o sucesso de Crowley em cruzar o Abismo e entrar em Binah, Esfera essa atribuída a Babalon.
Babalon é considerada como uma prostituta por não se negar a ninguém, a todos aceitando e amando igualmente. Contudo, de todos cobra um preço: o próprio sangue do adepto e seu ego, sua identidade individual mundana. Esse aspecto dela é descrito no mesmo capítulo:
Este é o Mistério de Babylon, a Mãe das Abominações, e é este o mistério de seus adultérios, pois ela rendeu-se a tudo o que vive e a tudo fez participante de seu mistério. E por ter-se feito serva de todos, de tudo tornou-se senhora. Tu ainda não podes compreender sua glória.
Tu és bela, ó Babylon, e desejável, porque te deste a tudo o que vive, e tua fraqueza conquistou a força deles. Através desta união tu entenderás.Portanto és chamada de Entendimento, ó Babylon, Senhora da Noite!
O conceito por detrás deste aspecto de Babalon é o do ideal místico da dissolução do ego mundano, revelando o Self oculto por aquele. O sangue derramado à Taça de Babalon é então utilzado por ela para nutrir o mundo com Vida e Beleza, significando que a sabedoria dos santos, ou Mestres Ascencionados, deve retornar ao mundo e auxiliar na iluminação da Humanidade, simbolizado pela Rosa Escarlate de 49 Pétalas, a Rosa-Cruz.
Em um dos aspectos da magia sexual, a mistura do sangue menstrual com o sêmen produzido durante o ato sexual com a Mulher Escarlate, ou Babalon, é chamado de Elixir Rubeus (abreviado por Crowley em seus diários mágicos como "E. Rub.") e é citado como sendo "o eflúvio de Babalon, a Mulher Escarlate, que é o mênstruo da corrente lunar" por Kenneth Grant.

O Ofício da Mulher Escarlate

Em "The Vision and The Voice" ("A Visão e a Voz"), Crowley diz:
Esta é Babalon, a senhora d'A Besta; dela todas as senhoras dos planos inferiores não são mais do que avatares.
Ainda que Crowley tenha escrito que Babalon e a Mulher Escarlate são a mesma, em muitos locais dá-se a entender que a Mulher Escarlate é vista mais como uma representação ou manifestação física do princípio feminino universal. Em uma nota de rodapé do "Liber V vel Reguli" Crowley menciona que, dos "Deuses do Eon", a Mulher Escarlate e a Besta são "emissários terrenos daqueles Deuses". Em "The Law is for All" ("A Lei é para Todos") ele diz:
É necessário dizer aqui que A Besta aparenta ser um indivíduo definido; especificamente, Aleister Crowley. Mas a Mulher Escarlate é um ofício intercambiável conforme surge a necessidade. Até a presente data, Anno XVI, Sol in Sagitarius, houve várias portadoras deste título.

Mulheres Escarlates

Aleister Crowley acreditava que várias de suas amantes estariam imbuídas de um objetivo cósmico, a ponto de cumprirem profecias. Segue-se uma lista das mulheres que foram consideradas (ou poderiam ter sido) Mulheres Escarlates na opinião de Crowley, conforme se encontra em "The Law is for All":
Rose Edith Crowley, primeira esposa de Crowley: responsável por colocar Crowley em contato com Aiwass, que ditou a ele o Liber AL vel Legis.
Mary d'Este Struges: pôs Crowley em contato com a entidade chamada Abuldiz, responsável pelo processo de criação do "Book 4" ("Livro 4").
Jeanne Robert Foster: trouxe a criancá mágica referida no livro
Roddie Minor: colocou Crowley em contato com a entidade chamada Amalantrah.
Marie Rohling: auxiliou na inspiração do "Liber CXI vel Causæ"
Bertha Almira Prykryl
Leah Hirsig: auxiliou Crowley em suas próprias iniciações
Leila Waddell
Muitos thelemitas contemporâneos acreditam que a forma essencial da Mulher Escarlate (bem como da Besta) podem ser plenamente assumidas por qualquer discípulo que assim o escolha, posto serem arquétipos.

A Grande Mãe

Dentro da Missa Gnóstica, durante a proclamação do Credo da Ecclesia Gnostica Catholica, Babalon é mencionada nos seguintes termos:
E eu creio em uma Terra, a mãe de todos nós, e em um Ventre no qual todos os Homens são gerados e onde deverão descansar, Mistério do Mistério, em Seu nome BABALON.
Aqui Babalon é identificada com a terceira Sephirah da Árvore da Vida, Binah, a Esfera que representa o Grande Mar e as Deusas Mães, tais como Ísis, Bhavano e Ma'at. Representa também todas as mães terrenas. Os Bispos da EGC T. Apiryon e Helena escreveram:
BABALON, como a Grande Mãe, representa a MATÉRIA, uma palavra que deriva do termo em Latim para Mãe. Ela é a mãe física de todos nós, aquela que nos proveu de nossa carne material para vestir nossos espíritos desnudos; Ela é a Mãe Arquetípica, a Grande Yoni, o Útero de tudo o que vive através do circular do Sangue; Ela é o Grande Mar, o Sangue Divino em si que reveste o mundo e circula em nossas veias; e Ela é a Mãe Terra, o Útero de Toda Vida que conhecemos.

A Filha de Babalon

Em "The Vision and The Voice", no capítulo do 9° Æthyr, chamado ZIP, Crowley descreve a visão que teve da Filha Virgem de Babalon, cuja descrição aparece também nos trabalhos "Liber 418 vel Chanokh" e no "The Book of Thoth", na descrição da Virgem do Universo:
Agora, então, passamos entre as fileiras do exército, e chegamos a um palácio onde cada pedra é uma jóia em si, montado com milhões de luas.
E este palácio é nada mais do que o corpo de uma mulher, orgulhosa e delicada, e justa além da imaginação. Ela é como uma criança de doze anos de idade. Ela profundas pálpebras e cílios longos. Seus olhos estão fechados, ou quase fechados. É impossível dizer qualquer coisa sobre ela. Ela está nua; seu corpo inteiro é coberto finos pelos dourados, que são as chamas elétricass das lanças de Anjos poderosos e terríveis, cujas couraças são as escamas de sua pele. E seu cabelo, que desce até os pés, é a própria luz de Deus. De todas as glórias vistos pelo vidente nos Æthyrs, não existe uma digna de ser comparada a menor de suas unhas. Pois, embora ele não tome parte do Æthyr, sem os preparativos cerimoniais, mesmo a visão longíqua deste Æthyr é como ter participação em todos os Æthyrs anteriores.
O Vidente está perdido nesta maravilha, que é paz.
E o anel do horizonte acima dela é uma companhia de Arcanjos gloriosos de mãos posta, que se se posicionam e cantam: Esta é a filha de BABALON, a Bela, que nasceu do Pai de Tudo. E tudo dela nasceu.
Esta é a Filha do Rei. Esta é a Virgem da Eternidade. Esta é aquela que o Santo arrancou do Tempo Gigante, e o prêmio dos que superaram o Espaço. Esta é aquela que está postada no Trono do Entendimento. Santo, Santo, Santo é o seu nome, para não ser falado entre os homens. Por Koré chamaram ela, e Malkuth, e Betulah, e Perséfone.
E os poetas têm falseado canções sobre ela, e os profetas disseram coisas vãs, e os jovens têm sonhado sonhos, mas essa é ela, a imaculada, de nome de cujo nome não pode ser falado. O pensamento não pode atingir a glória que a define, pois o pensamento é mortalmente ferido ante de sua presença. A memória é esvaziada, e nos livros mais antigos de Magick não são nem palavras para invocá-la, nem adorações para elogiá-la. A vontade se dobra como um junco nas tempestades que varrem as fronteiras de seu reino, e a imaginação não pode conceber mais do que uma pétala dos lírios onde ela se detém no lago de cristal, no mar de vidro.
Esta é aquela com o cabelo enfeitado com sete estrelas, os sete alentos de Deus que movem e pulsam sua excelência. E ela tem penteado os cabelos com sete pentes, nos quais são escritos os sete nomes secretos de Deus, que não são conhecidos sequer dos anjos, ou dos Arcanjos, ou do chefe dos exércitos do Senhor.
Santa, Santa, Santa és tu, e bendito seja o teu nome para sempre, de quem os Æons são apenas os pulsações de teu sangue.

Representação

Por ser considerada como a manifestação do próprio princípio feminino e, por conseguinte, de todas as mulheres, Babalon não costuma ser representada em imagens, o que a caracterizaria como uma mulher em particular. Normalmente, seu selo, apresentado por Crowley em seu "The Book of the Lies" ("O Livro das Mentiras") é utilizado para representá-la visualmente.
Quando, contudo, ela é representada pictograficamente, normalmente é como uma mulher com os atributos da fertilidade, maternidade e sexualidade em evidência, como seios fartos e quadris largos. Geralmente seus cabelos são ruivos, denotando pelo simbolismo da cor vermelha a força de sua vontade e individualidade. Nestes casos, seu rosto costuma estar virado de lado, como na carta "Lust" do Tarô de Thoth, coberto por seus cabelos ou envolto em sombras, de modo a não representar um indivíduo per si.

Bibliografia

A Bíblia, King James Version.
Crowley, Aleister(1981),The Book of Thoth (em inglês), Weiser, <http://altreligion.about.com/library/texts/bl_thoth.htm>
Crowley, Aleister (1998), The Vision & the Voice : the Equinox, IV(2). York Beach, Me. : Samuel Weiser.
Crowley, Aleister (1997), The Book of the Law [Liber AL vel Legis]. York Beach, Me. : S. Weiser.
Crowley, Aleister (1996), Commentaries on the Holy Books and Other Papers : the Equinox,IV(1). York Beach, Me. : S. Weiser.
Crowley, Aleister (1995), The Book of Lies. York Beach, Me. : S. Weiser.
Crowley, Aleister(1997),"Liber V vel Reguli" (em inglês),', Weiser, <http://www.hermetic.com/crowley/libers/lib5.html>
Crowley, Aleister(1997),"Liber XV" (em inglês),', Weiser, <http://www.hermetic.com/crowley/libers/lib15.html>
Helena and Tau Apiryon (1998), The Creed of the Gnostic Catholic Church: an Examination.

Babalon Parte 2


“¡Exponeos oh mis hijos bajo las estrellas, tomad vuestra cuota de amor! Yo estoy sobre vosotros y en vosotros.... Disfrutad de todas las cosas de los sentidos y del éxtasis. Y no temáis que ningún Dios os negare por ello”

Libro de la Ley dictado a A.Crowley en 1904 en el Cairo, Egipto.

Babalon es la energía femenina del Universo, en la Magia Enochiana. Así como en la Cabalah existe el concepto de Shekinah, o en la tradición Hindú existe el concepto de Shakti.

Babalon es la unica Diosa en el Concepto Enochiano del Universo, aunque su energía se divide luego en otros aspectos, que estudiaremos más adelante.

Si nos remitimos a la Mitología es muy común encontrar que las distintas Diosas poseen varios aspectos o cualidades. 

Babalon en su aspecto de lo femenino primordial la encontramos muy bien representada en la Carta número XI del Mazo de Aleister Crowley.

Ella representa el Sacramento Sexual. A través de la historia nos encontramos con mujeres como por ejemplo, las Hetairas griegas que si bien se las consideraba prostitutas, eran mujeres que conocían muchos secretos de la magia y el manejo energético de lo sexual. En el antiguo Japón las Geishas acompañaban a los varones a reflexionar mas allá de tener o no sexo con ellos. En los Evangelios Apócrifos se comenta que María Magdalena era la confidente y pareja de Jesús. Barbara Walker nos cuenta que aparte era versada en temas metafísicos muy profundos .

La Carta XI (como todas las cartas del tarot) es un código Iniciático:

Su número nos proyecta a Daath la esfera oculta y pasaje a otro Universo. Daath significa Conocimiento. Es la esfera 11, que flota sobre el Abismo-Chaos.
Su signo es Leo. Leo está muy bien representado por el Arquetipo del Rey o la Reina. Somos Reyes de la Creación, pero lo hemos olvidado. El Libro de la Ley dice:

“Un Rey se puede disfrazar de mendigo, pero un mendigo no puede ocultar su pobreza”.

Su ubicación en el Árbol de la Vida es desde Chesed a Gueburah, desde la Gracia a la Fuerza. Su poder es el de administrar en equilibrio esas dos fuerzas.
Es un Sendero Transversal del Árbol de la Vida, junto con la Emperatriz y la Torre, es la viga que sostiene el triángulo de la Individualidad. La sumatoria de las letras hebreas de los tres Arcanos suma: 93 que es el Número de la palabra griega: Thelema: Voluntad.

Su letra hebrea es la Teth= Serpiente. Que posee el mismo valor numérico, que la palabra: Mesías. El valor numérico de Teht es 9. 9 también es Yesod, en donde residen los misterios de la Sexualidad Sagrada. Es la esfera de Parakletos, la Paloma del Espíritu Santo, allí rige Gabriel el arcángel que le anuncia a Maria-Miriam que se encuentra encinta. La palabra virgen, en hebreo significa: mujer autónoma, que no depende de ningún hombre.

La Serpiente del Mito del Génesis que despierta, que lleva al “darse cuenta”. Es la aliada de la mujer. La Mujer-Maga Tántrica que despierta al hombre dormido.
La Serpiente es Kundalini, la energía serpentina que yace en un ensueño esperando que el Iniciado Tántrico la llame por su verdadero nombre para empezar su recorrido serpenteante a través de Ida, Pingala y Shushuma, limpiando y vitalizando los Chackras. En el “velado” cuento “La Bella Durmiente” se puede develar este misterio. Los cuentos son códigos secretos, que nos de-velan los Mundos Internos. (ver “Los cuentos de Hadas” de Cooper).

Es la Energía que ilumina, de alguna manera es Lucifer el que trae la Luz, el Lucero del Alba, Venus. La estrella de la mañana con la cual meditaban los Esenios, Maestros de Jesús en su adiestramiento iniciático. (Ver: “Jesús Memoria de Esenio de Marie Givaudan).

Su símbolo es el Heptagrama Unicurso, el número 7 se corresponde con Netzach, la Diosa que trae y busca la unión sin discriminación. Su equivalente griega es Afrodita, la Diosa del A-Mor.

En la Carta XI, retitulada por Aleister Crowley: Lujuria, ella aparece portando su más poderosa Arma Mágica:

La Copa=Binah de la Comprensión, la Intuición, el A-mor=Lo que no muere, Lo eterno.

Aleister Crowley cuando opina sobre la Carta dice:

”Lujuria implica no sólo fuerza, sino la dicha de ejercerla”.

Ella no rechaza a nadie, su poder es inclusivo, ella unifica por medio del Cáliz,que no es ni más ni menos que el Santo Grial.
Ella, es el Misterio que los 12 Caballeros del Mito Arturiano trataron de resolver. El Misterio de lo Femenino.

Ellos buscaban afuera lo que en realidad tenían que buscar adentro.
Aleister Crowley nos dice en “Magia en Teoría y Práctica”: “El Mago debe cultivar su parte femenina sin menoscabar su virilidad”. La virilidad es también la fuerza del Vril de la que hablan los Magos Rúnicos, los Viktis y los Iniciados Tántricos. La Virilidad es el Sagrado Fuego Interior de la Alquimia, que es el ingrediente necesario para que se produzca la Gran Obra.

Lamentablemente el hombre moderno y común vive profanando su Sagrado Misterio.
(Estudiar Arcano IX del tarot de Aleister Crowley: El Ermitaño).
Babalon es también el Anima de la Psicología Junguiana. Es la contrapartida femenina en el hombre. Arquetipo que puede inspirar y llevarlo a las altura más excelsas como en el caso del Dante, quien a través de Beatriz fue conducido al Cielo. O ser la Diosa Hindú Kali la devoradora o la Obscura Ereskigal de la Mitología Sumeria, que somete al hombre a las más rigurosas ordalías. Si el Arquetipo se negativiza se transforma en la Mujer Fatal que teje su telaraña hasta matar a su consorte.

El Anima posee cuatro estadíos:

El de Eva
El de Helena
El de María
El de Sophia

Esto nos lleva a reflexionar sobre el tipo de mujeres con las cuales se relaciona el hombre, ya que el la mujer es como una “percha” en la cual el hombre “cuelga” su Anima.

Los varones que se deslumbran solo con las formas físicas de la mujer y solo ven eso, estarían posicionados en el estado de Eva del Anima.
Los varones que buscan en una mujer no solo lo físico, sino también la inteligencia, se conectan con el estado de Helena.
Los varones que conectan con lo Femenino Espritual, se acercan al estadío de María.
Y los varones que pueden contactar con lo Femenino Sabiduría, estarían alacanzando el estado de Sophia.

Es por esto que muchas veces muchos varones que “aparentan” estar muy bien con sus parejas, sorpresivamente la abandonan por otro tipo de mujer. Es el movimiento del Anima el que marca el compás de la vida. Son los Caballeros de Arturo que buscan afuera lo que deberían buscar adentro.

“El Mago debe cultivar su parte femenina....” o sea debe conocer a su Anima, integrarla.

Ya que si no lo hace será como tantos caballeros errantes, que volvieron sin ver, que lo que buscaban está en su propio corazón. Y caminará por la vida de mujer en mujer sin encontrar a su verdadera Sacerdotisa-Maga Iniciadora. La Sabiduría Popular siempre afirma: “Detrás de un gran hombre, existe una gran Mujer”.

El problema de la humanidad reside en general consiste en la re-conexión con lo femenino.

Los varones deben aceptar esta parte y hacerla crecer y madurar. Las mujeres deben soltar a su Animus (su parte masculina interna) que entra en competencia con todos los hombres que tan infantilmente pretende “conquistar”.

La Cultura Patriarcal si bien aportó mucho a la evolución de la Conciencia, también realizó grandes estragos menoscabando la Sabiduria de las Culturas Matriarcales.
Degradó a los Dioses y Diosas de la Fertilidad a la categoría de Demonios. Proclamó a un Dios celoso y castigador (Ver: Antiguo Testamento). Separó a las personas en: Espíritu y Materia. Instauró el concepto de pecado. Potenció la Culpa. Quemó Bibliotecas y Mujeres en la Hoguera. Dictaminó que los hombres y mujeres sean : o espirituales o materialistas.

Dividió a las mujeres en las Santas o las Putas. La mujer “virtuosa” no puede mostrar sus deseos sexuales. El hombre que quiere formar una familia nunca lo haría con una mujer que le manifieste sus deseos sexuales claramente. Lo hará con aquella que es “virtuosamente asexuada”.

Proclamó el “poder de lo masculino adolescente” como forma ficticia de manejo del sistema. Hombres que no maduran nunca y en vez de jugar con sus “chiches electrónicos” o sus “soldaditos”, juegan con las vidas de millones de personas. Gobiernan. Hacen y des-hacen. Comercian armas, drogas, pornografía, prostitución. Inician Guerras. Juegan con “juguetes cada vez más peligrosos”.

El sistema Patriarcal sustenta los valores del consumismo y no deja ni permite al hombre mirarse por dentro, tiene tantas cosas que comprar, y tiene que estar permanentemente corriendo para sustentar todo aquello que compra, que no tiene tiempo para sí mismo. Los mandatos lo superan, lo atan, lo fatigan y finalmente lo matan. Pero la agonía es larga, en el medio hay ataques cardíacos, impotencia, eyaculación precoz, desamparo, etc.

Ni hablar de lo pésimos amantes que resultan estos hombres-adolescentes, que degastan toda su energía vital en competir con otros varones de igual condición (esto dicho por las propias mujeres), están tan autocentrados en sí mismos que se olvidan de satisfacer plenamente a sus novias, amantes y esposas.

Solo les interesa “satisfacerse” a sí mismos...en el mejor de los casos. Luego en la mesa del bar con sus pares, mentirán como siempre, diciendo: “La maté...”.

La Cultura Patriarcal en un sentido ha hecho mucho daño ya que...le enseña al hombre a competir...ahogando para siempre: EL COMPARTIR.

Pero todo esto, el hombre-adolescente lo oculta, ya sea por vergüenza o ya sea porque no sabe como hablar de ello.

La curación está en volver Sabiamente a lo Femenino.
Es por esto que Babalon y todas las Diosas hoy resurgen, los Arquetipos quieren salir a la Luz y comunicarse otra vez con los hombres y mujeres que los sepan contactar.

Babalon Parte 1


Babalon é uma das figuras mais centrais no misticismo Thelêmico. A proposta de realização espiritual delineada em Thelema é descrita primeiro pela consecução do Santo Anjo Guardião (a experiência do guru em si mesmo; a conexão com a Verdadeira Vontade) e, depois, pela apoteose ante Babalon e sua taça (a diluição da vida pessoal no ventre da Deusa que personifica a vida impessoal do Universo). O Anjo nos coroa com o ouro de uma vida significativa – e então fundimos esse ouro no sangue de nossos corpos e o entregamos na taça Dela. Essa iluminação, baseada em renúncia, é a realização que minha Obra não se encerra em mim mesmo, mas atende à imensidão do panorama estelar, onde se relacionam todos os seres.

Mas as mais frequentes descrições sobre Babalon parecem condenadas ou à poesia dessa imagem mais transcendental, ou à redutiva imagem fetichista de uma mulher sedutora. (A linguagem trabalhará sempre com imagens de imagens – todas elas débeis e incompletas em si mesmas). Isso nos deixa uma questão operativa: o que será Babalon na prática? Como posso cultuá-la e aproximar-me da experiência dessa Deusa, eu, que estou tão longe de Sua iluminação derradeira?

Não ousaria fechar uma resposta, mas talvez seja possível oferecer caminhos na forma de mais imagens: mais imanentes e menos transcendentais.

Quando a maioria das tradições espirituais se referem à “Deusa”, geralmente se referem a uma realidade profundamente imanente: a natureza e suas estações; o corpo e suas sensações; os cinco sentidos; as vísceras e a superfície de contato; a Terra que nos nutre e nos devora; a Matéria, que é energia, em seu sentido mais profundo. Se o mundo da Deusa é a imanência, posso me conectar mais facilmente com Ela diante de uma mulher de carne e osso ou também pelas sensações do meu próprio corpo, em vez de abstrações cabalistas que situam a Deusa distantíssima, “acima do Abismo”, no tedioso desenho bidimensional da Árvore da Vida. Se a Deusa é a senhora da imanência, eu posso vê-la aqui e agora e não lá em cima. Se me permito reconhecê-la em cada evento, estarei mesmo tão longe de sua iluminação derradeira, como enganou-me o pensamento? Ou cada curva da minha experiência é, na verdade, um gesto Dela?

“Saudação da Terra e do Céu”, anuncia a Sacerdotisa na Missa Gnóstica, em sua chegada. Céu e Terra são um – reconhecidos como unidos na forma do corpo da Deusa. Transcendente e imanente devem se unir no paradigma do Novo Aeon.

Mas Babalon não é uma Deusa genérica. Ela é reconhecida como a “Mulher Escarlate” descrita no Livro da Lei, em quem está “todo poder dado” (Liber AL I:15). O tema dessa Mulher Escarlate, por sua vez, percorreu os lençóis freáticos do inconsciente coletivo e chegou até nós reunindo imagens mais antigas, a da “Mulher do Apocalipse” (vestida de Sol, com a Lua sob seus pés) e a “Prostituta da Babilônia” (que monta sobre a Besta), ambas presentes no Livro do Apocalipse cristão.

Essa é a matriz simbólica e principal especificidade de Babalon: ela é apocalíptica. Apocalipse é uma revelação, frequentemente sentida por quem estiver apegado ao passado como um fim dos tempos. Essa pessoa apegada não está de fato errada, afinal “o preço da jornada é pequeno, embora seu nome seja morte. Tu deves morrer para tudo que temes e esperas e odeias e amas e pensas e és (…) Pois tudo que tu tens, tu não tens; tudo que tu és, tu não és!” (Liber 418, Aethyr NIA).

Portanto, Babalon mata a velha identidade, o velho tempo e revela a nova identidade, o novo tempo. Essa dinâmica abre alas para a manifestação do Novo Aeon, cuja Lei está sintetizada na criatividade libertária do “Faze o que tu queres”. “Gerar é morrer, morrer é gerar. Lança a Semente no Campo da Noite” (Liber 333, o Sabbath do Bode).

Simbolicamente, Babalon é portanto uma Deusa de Morte e Geração. Na prática, ela se manifesta genericamente na matéria de nossos corpos e em cada ato de inovação, mas, muito mais especificamente, em mulheres criativas. Ora, mas se estamos falando de fórmulas de Magia, por que essa ênfase à mulher literal precisa ser feita? Porque existe algo que é exclusivo da criatividade da mulher, materializado no poder gerador do seu útero e dos ciclos naturais de seu corpo. Magia é imanente e se corporifica. Abstrair a realidade material do corpo da mulher é portanto uma invisibilização da Deusa: um dos principais – se não o principal – adoecimento do velho aeon.

Dentro desse paradigma de imanência, é rico exercitar uma visão focada no concreto, em vez de principiá-la na abstração do intelecto e só então mirar o fato, como acostumou-se a perspectiva ocidental. Portanto, é valioso que possamos enxergar Babalon a partir de cada mulher que já tenhamos conhecido, embora a Deusa não se restrinja a elas. Isso implica no exercício devocional de reconhecer que, primeiramente, no plano físico, Babalon está manifestada em toda mulher criativa (seja no sentido biológico, artístico, intelectual, emocional, sexual etc). Aqui há uma sutileza: enxergar Babalon numa mulher não implica idealizá-la (isto é, sobrecarregá-la com uma fantasia inconsciente), mas sim o exercício Thelêmico de reconhecer a atividade divina em tudo que é profundamente humano. Segundamente, no plano simbólico, Babalon se manifesta, independente do gênero, na dinâmica de morte e gestação espiritual em cada um de nós.

Mas como poderia um homem devotar-se ao limiar iniciático dos portais de Babalon e àquelas qualidades que ele convencionou chamar de femininas, se não tiver interesse genuíno de conhecer a experiência real de mulheres? Sem isso, “feminino”se tornaria uma abstração morta: muito frequentemente uma expressão estereotipada, velando preconceitos. Provavelmente, esse homem terá naturalizado projetar sobre as mulheres suas fantasias sobre o que uma mulher deve ser. Nesse caso, como ele poderia cuidar do “feminino”em si mesmo?

E como poderia uma mulher participar dos mistérios da criatividade se estiver alienada de seu corpo, de seus ciclos físicos e psicológicos, de sua lua e de seus hormônios, de seu poder de ação no mundo material? Sequestrada de si, facilmente ela se tornaria um joguete de forças maiores – de outras pessoas, da sociedade ou de seus demônios psicológicos -, talvez chegando a protagonizar o cenário trágico ameaçado no Liber AL III:43.

Por fim, o culto imanente a Babalon nos convida à Sua devoção quando criamos e promovemos aquelas(es) que criam, realizando-a aqui e agora, em nossos corpos, na esfera das sensações que mudam eternamente. Criação e gozo estão ligados desde o plano mais biológico ao mais sutil: essa é uma das verdades que o apocalipse de Babalon nos revela, desfazendo véus. Podemos talvez concluir que o “véu do abismo” (a metáfora do limiar de consciência que separa o humano do divino) possa ser uma atitude de velar e mortificar os nossos próprios corpos, o que é uma forma de velar e mortificar o corpo Dela: “Há um véu: esse véu é negro. É o véu da mulher modesta; é o véu da lamentação (…)” (Liber AL II:52).

O corpo da mulher, sua sexualidade e poder reprodutivo sempre foram alvos principais do projeto repressivo de nossa civilização – de uma forma diferente, o corpo masculino também foi distanciado de seu potencial orgástico. No entanto, os corpos ainda são tanto o palco como aparelho mais sofisticado que temos para unir os opostos (isto é, realizar a Grande Obra): dor e prazer, inferno e paraíso, samsara e nirvana.

Por essa natureza inclusiva, uma das atribuições de Babalon é que ela “a todos recebe”, pois por profunda compaixão Ela não rejeita a nada, nem ninguém: “Bela és tu, Babalon e desejável pois tu te entregaste a tudo que vive e tua fraqueza sobrepujou a força deles. Por essa união tu ‘compreendeste’” (Liber 418, Aethyr LOE). Babalon é “Entendimento” porque, ao ser atravessada por qualquer experiência, Ela a acolhe e processa em seu Corpo, que é o caldeirão alquímico da transformação espiritual. Nós podemos nos devotar ao entendimento por meio desse exemplo: acolher todas as sensações em nossos corpos, deixando-as surgir e desaparecer sem restrição. Sem bani-las, permitimos que o êxtase da experiência se realize. A vulnerabilidade de sentir se converte na mais poderosa fórmula de iniciação.

É responsável mencionar que pessoas maliciosas ou inconscientes têm usado essa descrição acolhedora de Babalon para sugerir que mulheres, a fim de “manifestar Babalon”, deveriam ser infinitamente acolhedoras (ou submissas) a qualquer circunstância que as rodeie. Tais pessoas têm falhado em experimentar, em suas vidas, o amor de estar espontaneamente aberto e por isso projetam sobre o feminino fantasias mórbidas de passividade e de disponibilidade, seja no campo “mágico”, afetivo ou sexual. Falham também em entender que, ainda que a imagem de Babalon cavalgando a sua Besta represente que Ela acolhe a selvageria de todo tipo de experiência, nas mãos d’Ela estão as rédeas do poder diretivo: “Amor sob vontade”. A Besta é puro instinto; Babalon é a sua Consciência. A imensa misoginia de pensar Babalon como “mulher passiva” perpetua simultaneamente consequências sociais opressoras e a paralisia espiritual do próprio machista, escravo de sua limitação.

Tendo feito esse breve panorama, podemos sumarizar a sugestão de alguns métodos de reconhecimento da presença de Babalon e de culto a Ela:

Reconhecê-la imanentemente em toda mulher, com especial atenção às suas expressões criativas (da gravidez literal a expressões intelectuais, artísticas etc.)
Reconhecê-la no ato de criar e inovar (o que implica na morte e destruição do velho): apocalipses e revoluções são sua seara
Reconhecê-la no ato de gozar; e então em toda sensação corporal
Após essa série de reconhecimentos pontuais, reconhecê-la em absolutamente todos os eventos, já que as múltiplas expressões do Universo material são resultado dos atos de amor da Deusa.

Equinócio de Babalon


Equinócio de Outono marca o início do afastamento do Sol rumo ao Inverno. As tradições mágicas do Ocidente associam este momento com o Elemento água e o Pôr-do-Sol. As civilizações solares antigas acreditavam que o Sol morria no entardecer e era ressuscitado no dia seguinte. Durante a Noite, ele cruzava o Reino dos Mortos, levado, segundo os egípcios, em uma barca.

Assim como a Renascença nos trouxe a Revolução Heliocêntrica, quando o homem descobriu que é a Terra que gira ao redor do Sol, ao contrário do que se supunha até então, o Sistema Thelêmico também propõe uma Revolução Antropocêntrica no processo de Iniciação: o Homem, ao invés de ser um ente imperfeito em jornada através de um processo de purificação, a mercê de um Deus externo, é ele próprio um Ser Divino, submetendo-se de modo voluntário a um processo de ocultação no mundo, onde busca uma plenitude de auto-conhecimento e realização.

O Homem é intrinsecamente divino, Deus homo est, sendo uma estrela de individualidade e curso próprio, que nunca morre. A morte é uma ilusão fisiológica, assim como o Pôr-do-Sol é uma ilusão astronômica. Por isto, no Rito de Passagem realizado pelo nosso Oásis, no dia 21 de Março passado, no Templo Secreto, sob a Abóbada de Nuit, o ápice dramático foi o momento em que a Sacerdotisa e o Hiereus proclamaram ao Hierofante, deitado na posição do Enforcado, que a Morte e o Sacrifício, considerados como sendo as Chaves de Iniciação do Eon passado, são apenas ilusões:

Não penses, ó rei, sobre aquela mentira: Que Tu Deves Morrer : em verdade tu não deverás morrer, mas viverás.

Eu dou inimagináveis alegrias sobre a terra; certeza, não fé, enquanto em vida, sobre morte; paz indescritível, repouso, êxtase, sem exigir algo em sacrifício.

(Extratos do Livro da Lei)
Assim, o Hierofante se reergueu, consciente de que a busca da plenitude implica na realização e manifestação de todas as facetas do seu ser, ao contrário do ideal falso da purificação, onde antes se buscava a supressão de características humanas consideradas inapropriadas pela cultura dominante; e conclamou os Iniciados de Thelema a lutarem contra todas as forças repressoras da Humanidade:

Eu sou o guerreiro Senhor dos Quarenta: os Oitenta se acovardam diante de mim, & perdem a base. Eu vos trarei à vitória & alegria: eu estarei de braços dados a vós na batalha & vós vos deleitareis em matar. Sucesso é a vossa prova; coragem a vossa armadura; avançai, avançai em minha força; & vós não retrocedereis por nada!

O Reino do Oeste, onde o Sol parece se por, e onde se encontrava o Altar, é associado ao Elemento água. No Sistema Thelêmico, é o Quadrante onde se invoca Babalon.

Babalon é a divindade menos compreendida no Sistema Thelêmico. Não existe um capítulo para ela no Livro da Lei, e o seu nome não é citado pelo mesmo. Mas o Livro fala da Sacerdotisa como sendo a Mulher Escarlate, em quem todo o poder é dado. A referência é bíblica, pois é no Apocalipse, atribuído de modo errôneo ao apóstolo João, que encontramos a “grande prostituta, assentada sobre muitas águas”, “assentada sobre uma besta de cor escarlate”, “a mulher vestida de púrpura e escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas” que “tinha na sua mão um cálice cheio de abominações e da imundice da sua prostituição”, e estava “embriagada do sangue dos santos”. E o seu nome era “Mistério, a grande Babilônia”.

A menção à Mulher Escarlate levou Crowley ao nome de Babilônia, que ele “corrigiu” para Babalon. Para o verdadeiro e desconhecido autor do Apocalipse, ela era na verdade uma cidade, a cidade de Roma, que oprimia os cristãos e cuja queda era predita juntamente com a do seu regente, aquele cujo número seria 666.

A derivação bíblica é bem clara, por exemplo, no Capítulo 49 do Livro das Mentiras, onde Crowley descreveu as antes só citadas Sete Cabeças da Besta sobre a qual sentava-se a prostituta:

Sete são as cabeças d’A BESTA sobre a qual Ela monta.

A cabeça de um Anjo: a cabeça de um Santo: a cabeça de um Poeta: a cabeça de uma Mulher Adúltera: a cabeça de um Homem de Valor: a cabeça de um Sátiro: e a cabeça de um Leão-Serpente.

A partir da citação no Livro da Lei, entretanto, Babalon passou a representar uma energia mágicka de natureza sexual. O Mistério dessa energia seria tão profundo que, no Capítulo 11 do seu livro Magia em Teoria e Prática, intitulado De Nossa Senhora Babalon e da Besta que Monta, Crowley apenas escreveu que:

O conteúdo desta seção, que concerne a NOSSA SENHORA, é demasiado importante e sagrado para se imprimir neste tratado. Ele só é comunicado pelo Mestre Therion aos alunos escolhidos em seções privadas.

A nota da edição de Symonds e Kenneth Grant diz que “Crowley aqui está insinuando a natureza sexual deste rito. Quando um membro da O.T.O. alcançava o VI Grau e Crowley o considerava um candidato adequado para os Mistérios mais Sublimes, ele o convidava a unir-se ao Santuário Soberano da Gnose, onde se revelavam estes mistérios de Magia Sexual”.

Assim, fica clara a natureza do poder dado através da Mulher Escarlate. A passagem do Livro da Lei alude aos princípios de duas das mais importantes fontes do pensamento Thelêmico: o Tantra e a Cabala.

No Tantra, a Mulher é considerada o veículo pelo qual a energia é trazida ao Homem, durante o ato sexual. Algumas linhas consideravam inclusive a mulher como um ser inferior, que deveria submeter toda a sua energia ao parceiro durante a cerimônia, e cuja única recompensa seria uma futura encarnação como um ser masculino.

Em seu livro The Magick of Thelema, o nosso Frater Lon Milo Duquette define Babalon como Shakti, “a passiva, negativa corrente da natureza. Ela é magnética e atrai para Si, a potencialidade da energia, esta ela absorve e armazena (no Santo Graal, a Taça de Babalon).” Babalon também guarda profundas semelhanças com Kali, a destruidora. Kali é uma deusa de morte, cujos principais cultuadores, os tugues, adoravam com o assassinato. Ela também é amante de Shiva, o qual é, muitas vezes, representado como um cadáver sobre o qual copula a Deusa, e o seu culto envolvia os mais profundos mistérios tântricos.

Na Cabala, Malkuth, a Shekinah, é o elemento feminino da Divindade, que recebia todos os poderes das demais Sephiroth, para transmiti-los ou dá-los ao mundo. É sumamente importante saber que o simbolismo cabalístico da Shekinah, principalmente delineado no Zohar, resgatou várias facetas perdidas das antigas divindades femininas, que podem ser agrupadas nos aspectos da castidade e promiscuidade, maternidade e sanguinolência. Assim eram as antigas deusas do Oriente Médio, deusas que regiam tanto o amor quanto a guerra. A mais antiga delas era Inanna, a grande deusa suméria, patrona de Uruk (cidade chamada na Bíblia de Erech). Ela era considerada uma virgem (a pura Inanna), mas, paradoxalmente, era também a deusa responsável pelo amor sexual, pela procriação e pela fertilidade. Ela se entregou livremente ao rei Dumuzi (Tammuz), o primeiro rei mitológico da Suméria, e foi amante de todos os demais reis. Mas ela era também “a senhora da batalha e do conflito” que “tinha grande fúria em seu irado coração”. Estas mesmas características estavam presentes nas divindades femininas de outros povos, como a Ishtar da Akkadia, a Anath dos cananeus e a Anahita dos persas. Estas facetas da Deusa que moldaram o pensamento religioso do Oriente próximo durante milênios foram suprimidas pelo monoteísmo judaico-cristão com o seu deus descaradamente machista. Entretanto, elas ressurgem espantosamente na Shekinah dos cabalistas.

A Shekinah é a noiva e amante de Tiferet, numa relação que pode ser considerada incestuosa, pois ambos são o Filho e a Filha do Tetragammaton. O incesto entre deuses irmãos também sempre foi uma característica comum das antigas divindades. Mas ela também é amante de vários heróis bíblicos, e, em determinadas circunstâncias, de Satã e das Qliphot. Para a mentalidade do Velho Eon, estes momentos eram desvios da norma divina. Para nós, bravos e livres Thelemitas, representam aspectos da realidade e complexidade psíquica do homem tão válidos e necessários quanto os demais.

Uma deusa age como quer, e o velho deus El diz, em um poema mítico ugarítico bastante Thelêmico, que “não existe restrição entre deusas”.

Também a Shekinah, misteriosamente virgem e esposa do Rei ao mesmo tempo em que se prostitui com Satã e seus demônios, é mãe protetora dos homens e a comandante das hostes guerreiras e punitivas de Deus, que a colocou nessa posição após o Exílio dos judeus. Para nós, o importante é que Babalon possui também todas essas características.

Mas a Shekinah é Malkuth e o Sistema Thelêmico identificou Babalon com a Sefirah de Binah. Devemos notar, entretanto, que a Cabala estabelece entre essas duas um identidade comum. Binah é o primeiro He do Tetragrammatom, e Malkuth o segundo. Assim, a Shekinah seria uma segunda manifestação de um mesmo princípio, que permitiria à Criação comungar com algo que está normalmente além do seu alcance. A Sacerdotisa, como Mulher Escarlate, cumpre este papel no ato sexual, permitindo ao seu parceiro experimentar algo do Mistério de Babalon.

“E na sua testa estava escrito o seu nome: Mistério, a grande Babilônia”. Binah é a primeira Sefirah depois do Abismo, a primeira manifestação do Pilar Esquerdo da árvore da Vida. A dificuldade principal em defini-la deriva disto. Ela é o próprio Mistério, e só se revela aqueles que alcançam a sua morada. Crowley a descobriu no penúltimo Aethyr enochiano, ARN, onde ela lhe revelou que:

Todo homem que me viu jamais me esqueceu, e eu apareço muitas vezes nas brasas do fogo, e sobre a suave pele branca de uma mulher, e na constância da cascata, e no vazio dos desertos e pântanos, e sobre grandes penhascos à beira-mar; e em muitos lugares estranhos, onde os homens não me buscam. E muitas milhares de vezes ele não me contemplou. E por fim Eu me lancei nele como uma visão golpeada em uma pedra e quem Eu chamo deve seguir.

Como deve, portanto, seguir Babalon aquele que sentiu o seu chamado, vislumbrando algo de Sua beleza no Mundo? Muitos ordálios são necessários, e a primeira prova que o iniciado encontra é o Desespero. Na visão de ARN, Tífon, o Senhor da Tempestade, induz Crowley ao desespero, mostrando-lhe como são inúteis todas as formas de adoração que ele conhecia:

Desespero! Desespero! Pois tu podes enganar a Virgem, e tu podes adular a Mãe; mas o que dirás à antiga Prostituta que está entronizada na Eternidade? Pois se ela não quiser, não há nem força e nem astúcia, nem qualquer saber, que possa prevalecer sobre ela.

Tu não podes cortejá-la com amor, pois ela é amor. E ela tem tudo, e não precisa de ti.

E tu não podes cortejá-la com ouro, pois todos os reis e capitães da terra, e todos os deuses do céu, derramaram o seu ouro sobre ela. Assim ela tudo tem, e não precisa de ti.

E tu não podes cortejá-la com sabedoria, pois o senhor dela é Sabedoria. Ela tem tudo isto, e não precisa de ti. Desespero! Desespero!

Nem podes agarrar-te aos joelhos dela e pedir por piedade; nem podes te agarrar ao coração dela e pedir por amor; nem podes colocar teus braços ao redor do pescoço dela, e pedir por entendimento; pois tu tens tudo isto, e nada disto te serve. Desespero! Desespero!

Nem podes vencê-la com a Espada, pois os olhos dela estão fixos sobre os olhos Daquele em cujas mãos está o punho da Espada. Desespero! Desespero!

Nem podes vencê-la pela Serpente, pois foi a Serpente que primeiro a seduziu! Desespero! Desespero!

Ao Adepto Exempto, entretanto, Crowley entregou o texto sagrado Liber Cheth Vel Vallum Abiegni como sendo a fórmula de Realização da Grande Obra através da devoção a Nossa Senhora Babalon. Segundo ele, o texto instrui o aspirante em como dissolver a sua personalidade na Vida Universal:

1. Este é o segredo do Santo Graal, que é o sagrado vaso de nossa senhora a Mulher Escarlate, Babalon a Mãe das Abominações, a noiva do Chaos, que monta sobre nosso Senhor a Besta.

2. Tu deves derramar teu sangue que é tua vida na taça dourada de sua fornicação

3. Tu deves misturar tua vida com a vida universal. Tu não deves reter uma gota.

Para Crowley, a carta da Força do Tarot, que ele renomeou Lust (luxúria, desejo, tesão), é uma representação de Babalon cavalgando a Besta.

O entendimento que Crowley atingiu em vida sobre o Mistério de Babalon deve muito às suas experiências com o sistema Enochiano. Curiosamente, apesar de todo o caráter religioso e monoteísta que John Dee deu a esse sistema, a leitura de seus diários revela que a entidade por trás das comunicações era uma Deusa de características terríveis. O anjo feminino Madimi, que Crowley reencontraria quatro séculos depois em sua odisséia enochiana, referia-se a Ela apenas como “minha Mãe”. Kelley nunca conseguiu ver a divindade no cristal, mas ouviu a sua voz. Quando ele perguntou o seu nome, ela respondeu com ira: “EU SOU; que mais queres?”, e afastou-se como uma chama, enquanto Madimi se prostrava em temor e espanto. Em outras ocasiões, a relutância de Dee em obedecer certas imposições geravam terríveis ameaças, e até uma troca de esposas foi ordenada aos dois para que o trabalho mágico tivesse a continuidade desejada.

Dee não tinha como conhecer na época a série de textos gnósticos ainda enterrados em Nag Hammadi; caso contrário, teria certamente relacionado a resposta da Deusa dada diante da impertinência de Kelley a um texto chamado “Trovão: Mente Perfeita”, aparentemente uma fala da Sophia gnóstica, que alguns chamavam de Barbelo:

Eu sou a honrada e a desprezada
Eu sou a prostituta e a santa
Eu sou a esposa e a virgem
Eu sou o silêncio que é incompreensível e a idéia cuja lembrança é freqüente.
Eu sou força e medo
Eu sou guerra e paz
Eu sou aquela que foi odiada em toda parte e que foi em toda parte amada
Eu sou aquela a quem chamam de Vida e vós me chamaste Morte.
Eu sou aquela a quem chamam de Lei e vós me chamastes Sem Lei.

Mais tarde, ao investigar o sétimo Aethyr, Kelley teria recebido uma mensagem que o aterrorizou a tal ponto, que seus experimentos com Dee chegaram a um fim. Para nós, é inevitável pensar na mensagem como sendo uma profecia daquela Deusa aos futuros Thelemitas:

Eu sou a filha da Fortaleza e violentada toda a hora de minha juventude. Pois vejam, eu sou Entendimento, e a ciência reside em mim; e os céus me oprimem. Eles me cobrem e desejam com infinito apetite; pois nada que seja terreno me abraçou, pois sou ensombrecida com o Círculo das Estrelas, e coberta com as nuvens da manhã.(…) Eu sou deflorada, e ainda virgem; eu santifico e não sou santificada.(…) Eu sou uma prostituta para aquele que me violenta, e uma virgem para quem não me conhece. Purguem suas ruas, ó vós filhos dos homens, e tornem suas moradas limpas; tornem-se santos, e vistam a retidão. Joguem fora vossas velhas prostitutas e queimem suas roupas e então eu trarei filhos a vós e eles serão os Filhos do Conforto na Era que está por vir.

É interessante notar a menção que o texto faz à Fortaleza, uma vez que para Crowley a carta da Força do Tarot, que ele renomeou Lust (luxúria, desejo, tesão), é uma representação de Babalon cavalgando sobre a Besta. A carta da Força corresponde ao Caminho entre Hesed e Gevurah, origem das forças mágickas Thelêmicas, e, segundo seu O Livro de Toth, “esta carta retrata a vontade do Eon”. A energia representada pela mulher embriagada com o sangue dos santos seria de uma natureza primitiva e criativa, completa-mente independente do criticismo da razão. “Existe nesta carta uma divina embriaguez ou êxtase.”

Dois dos mais destacados magos enochianos de nosso tempo, os Schueler, apresentaram em seu livro Enochian Yoga um Livro de Babalon que nada deixa a desejar em comparação com as demais citações feitas neste artigo, onde podemos perceber boa parte das idéias abordadas até aqui:

1. Eu sou A Deusa. Eu sou espaço ao meio-dia. Eu sou as estrelas que brilham a noite. Eu sou chamada o Útero do Bebê. A Senda das Estrelas é o meu nome. Eu sou o Útero e eu sou a Tumba.

A energia representada pela mulher embriagada com o sangue dos santos seria de uma natureza primitiva e criativa, completamente independente do criticismo da razão.

3. Meus três nomes são Beleza e Desejo e Magia. Tema-me no meu nome Ela-que-é-a-beleza-da-noite. Venha a mim em meu nome Ela-que-é-mais-desejada. Conheça-me em meu nome Ela-que-domina-o-universo. Veja, eu sou a Virgem na manhã, a Tentadora e Mãe ao meio-dia, e a Anciã na noite.

5. Cuidado! Eu sou o Basilisco no topo de sua escada de cinco degraus. Ver-me nua e só é contemplar sua própria morte.

Babalon continua então sendo uma importante fonte de inspiração para os magistas pós-Crowley. Um dos membros mais famosos da O.T.O., ainda na época em que a Grande Besta caminhava sobre este mundo, o cientista da NASA Jack Parsons, por exemplo, registrou em seus diários uma série de operações onde, segundo a sua compreensão, teria contatado a própria Babalon, de quem teria recebido a incumbência de dar à vida uma criança que seria uma encarnação desta divindade, a qual também teria lhe ditado o Quarto Capítulo do Livro da Lei, onde se lê:

Sim, sou Eu, BABALON.

E este é o meu livro, que é o quarto capítulo do Livro da Lei. Ele completando o Nome, pois eu venho de NUIT por HORUS, a incestuosa irmã de RA-HOOR-KHUIT.

…Coloque minha estrela em suas bandeiras e avancem em alegria e vitória. Ninguém o negará, e ninguém ficará diante de ti, por causa da Espada de meu Irmão. Invoque-me, chame-me, chame-me em suas convocações e rituais, chame-me em seus amores e batalhe em meu nome BABALON, onde todo poder é dado!.

O Quarto Capítulo de Parsons, embora não seja aceito como uma genuína revelação Thelêmica pela O.T.O., sem dúvida conseguiu reproduzir algo da beleza do original. É muito mais do que podemos dizer do monte de tolices escritas com o vaidoso objetivo de completar aquilo que já é perfeito. Existem tantas bobagens chamadas de Quarto Capítulo quanto pseudo-encarnações de Crowley, ao ponto de Umberto Eco ter satirizado o fato em sua obra O Pêndulo de Foucalt.

O Rito do Equinócio realizado por este Acampamento no dia 21 incluiu, portanto, uma invocação à Nossa Senhora BABALON. Enquanto o coro dos Iniciados entoava o cântico “Aum. Aum. Et incarnatus est de spiritu sancto ex Babalon omnibus mater et homo factus est. Aum. Aum.”, e a Sacerdotisa servia a todos o Vinho no Cálice, o Hiereus invocou as energias do Aethyr ARN através da recitação da seção água do Liber Samekh, cuja passagem “BABALON-BAL-BIN-ABAFT” foi interpretada por Crowley como significando “Babalon! Tu Mulher da Prostituição! Tu, Portal do Grande Deus ON! Tu Senhora do Entendimento dos Caminhos!”; e da leitura da Chave Enochiana dos Aethyres. Foram também invocados os Governantes do Aethyr, DOAGNIS, PAKASNA E DIAIVOLA. Como a invocação do Equinócio atraiu forças que atuarão durante toda a estação sobre a Egrégora do Acampamento e sobre os seus membros, é importante sabermos as funções iniciáticas desses Governadores. Segundo o livro de Gerald e Betty Schueler, Enochian Magic, as funções deles seriam:

DIAIVOLA (O deus onde está a vontade): ele inicia na realidade espiritual e nas doutrinas da Tradição Esotérica, cujas Raízes emanam do Mistério de Binah.
PAKASNA (Ele que não muda com o tempo): inicia todos os que entram em ARN no significado do Amor e do Eterno Feminino.
DOAGNIS (Ele que vem sem um nome): inicia todos os que entram em ARN no significado do Amor e sobre a ilusão dos nomes e títulos.

O Governador DOAGNIS, então, tem para nós, neste momento de estabelecimento da Lei de Thelema e da O.T.O. no Brasil, especial importância. A nossa Grande Obra precisa de pessoas dedicadas e cuja aspiração seja aprender, agora e sempre. Este Governador pode nos ensinar a não cairmos nas falácias que representam os títulos iniciáticos, muitas vezes comprados via Internet com material roubado de outras ordens. Aquilo que nós não queremos em nosso meio são colecionadores de iniciações. Nós valorizamos, sim, aquelas pessoas que vêm na Ordo Templi Orientis uma oportunidade única de participarem de um real processo iniciático verdadeiramente Thelêmico, e que desejam contribuir para o desenvolvimento das condições onde este processo ocorre. Pessoas que queiram aprender conosco, lado a lado, de igual para igual, pois o verdadeiro thelemita é o seu próprio mestre, e não confia em cargos, títulos, no tempo ou na idade, para buscar e realizar a sua Verdadeira Vontade.

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