quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A CABALA MÍSTICA MÉTODO DA CABALA


1. Ao expressar-se a respeito do método da Cabala, disse um dos antigos rabinos que, se desejasse um anjo vir à Terra, teria ele de tomar a forma humana para poder conversar com os homens. 0 curioso sistema simbólico que conhecemos como Árvore da Vida é uma tentativa de reduzir à forma diagramática as forças a fatores não só do universo manifesto como também da alma humana, de correlacioná-los mutuamente a de ordená-los como num mapa, para que as posições relativas de cada unidade possam ser compreendidas, de modo a traçar-lhes as relações mútuas. Em resumo, a Árvore da Vida é um compêndio de ciência, psicologia, filosofia a teologia.
2. 0 estudante da Cabala trabalha de maneira exatamente oposta à do estudante das ciências naturais: este formula conceitos sintéticos; aquele analisa conceitos abstratos. Não é preciso dizer, contudo, que, para se analisar um conceito, ele deve antes ser integrado num sistema. Alguém deve, por conseguinte, ter imaginado os princípios que estão resumidos no símbolo sobre o qual incide a meditação do cabalista. Quais foram os primeiros cabalistas que idearam todo o esquema? Os rabinos são unânimes quanto a esse ponto: foram os anjos. Em outras palavras, foram seres de outra ordem de criação, diferente da humana, que conferiram ao povo eleito a sua Cabala.
3. Para a mente moderna, isso pode parecer uma afirmação tão absurda quanto a doutrina de que são as cegonhas que trazem os bebês. Mas, se estudarmos os vários sistemas místicos à luz da religião comparada, descobriremos que todos os illuminati estão de acordo quanto a esse ponto. Todos os homens a mulheres que tiveram experiências práticas da vida espiritual afirmam que foram adestrados pelos seres divinos. Seríamos muito tolos se negássemos testemunhos tão numerosos, especialmente aqueles de nós que nunca tiveram qualquer experiência pessoal dos estados superiores de consciência.
4. Dirão alguns psicólogos que os anjos dos cabalistas a os deuses e manus de outros sistemas são os nossos próprios complexos reprimidos; outros, de visão menos estreita, afirmarão que esses seres divinos são as capacidades latentes de nosso próprio eu superior. Para o místico devocional, essa é uma questão que lhe interessa muito pouco; ele obtém resultados, e apenas isso lhe importa; mas o místico filósofo, ou, em outras palavras, o ocultista, faz reflexões sobre a matéria a chega a certas conclusões. Estas, contudo, só podem ser entendidas quando sabemos com exatidão o que entendemos por realidade a quando temos uma clara linha de demarcação entre Q subjetivo e o objetivo. Todo aquele que está familiarizado com o método filosófico conhece a dificuldade de estabelecer esses pontos.
S. As escolas indianas de metafísica têm sistemas filosóficos muito elaborados a complexos que procuram definir essas idéias a torná-las concebíveis; e, embora gerações de videntes tenham dedicado suas vidas a essa tarefa, os conceitos permanecem ainda tão abstratos que só depois de um longo curso de disciplina, que no Oriente se chama ioga, toma-se a mente capaz de compreendê-los.
6. 0 cabalista trabalha de maneira diversa. Ele não tenta elevar a mente nas asas da metafísica até atingir o ar rarefeito da realidade abstrata; ele formula um símbolo concreto que o olho pode ver, a com ele representa a realidade abstrata que nenhuma mente humana pode conceber.
7. É esse, exatamente, o mesmo princípio da álgebra. Que x represente a quantidade desconhecida, y a metade de x, e z algo que conhecemos. Se começarmos por fazer experiências com y e descobrirmos sua relação com z, y deixará em breve de ser totalmente desconhecido; teremos descoberto pelo menos algo a respeito dele; e, se formos suficientemente hábeis, poderemos, no final, expressar y nos termos de z, a assim começarmos a entender x.
8. Existem muitos símbolos que são empregados como objetos de meditação; a cruz, na cristandade; as formas de Deus no sistema egípcio; os símbolos fálicos em outras fés. 0 iniciado utiliza esses símbolos como meios para concentrar a mente a nela introduzir certos pensamentos, evocando determinadas idéias a estimulando determinados sentimentos. 0 iniciado, contudo, utiliza de modo diverso o sistema simbólico; ele o utiliza como uma álgebra, por meio da qual é capaz de ler os segredos dos poderes desconhecidos; em outras palavras, ele utiliza o símbolo como um meio de guiar o pensamento no Invisível a no Incompreensível.
9. E como ele faz isso? Utilizando um símbolo composto, porquanto um símbolo unitário não serviria ao seu propósito. Contemplando um símbolo composto como a Árvore da Vida, ele observa que existem relações definidas entre as suas partes. Há algumas partes sobre as quais conhece alguma coisa; há outras sobre as quais pode intuir algo, ou, em outras palavras, a respeito das quais pode ter um "palpite", raciocinando em função dos princípios primeiros. A mente salta de um princípio conhecido a outro conhecido, e, assim fazendo, atravessa as mais diversas distâncias, para falar metaforicamente; é como um viajante no deserto que conhece a localização de dois oásis a que faz uma marcha forçada entre ambos. Ele jamais se atreveria a lançar-se ao deserto partindo do primeiro oásis a desconhecendo a localização do segundo; mas, ao fim de sua jornada, ele não apenas terá conhecido muito mais coisas a respeito das características do segundo oásis, como também terá observado o terreno que se encontra entre ambos. Assim, marchando de um oásis a outro, para frente a para trás no deserto, ele gradualmente o explora; no entanto o deserto é incapaz de sustentar-lhe a vida.
10. Ocorre o mesmo com o sistema cabalístico de notação. As coisas que ele traduz são inimagináveis - e, no entanto, a mente, correndo de um símbolo a outro, é capaz de pensar nessas coisas; e, embora tenhamos de nos contentar em ver através de um vidro esfumado, temos toda razão para esperar que, ao fim, vejamos essas coisas diretamente a as conheçamos por completo, pois a mente humana se desenvolve por meio do exercício, a aquilo que no início era tão inimaginável quanto a matemática para uma criança que não consegue resolver suas contas, chega ao limiar de nossa compreensão. Pensando sobre uma coisa, formamos conceitos sobre ela.
11. Parece verdade que o pensamento se originou da linguagem, não a linguagem do pensamento. Aquilo que as palavras são em relação ao pensamento, os símbolos o são no que respeita à intuição. Por mais curioso que possa parecer, o símbolo precede a elucidação; é por isso que afirmamos, no início desta obra, que a Cabala é um sistema em desenvolvimento, não um monumento histórico. Temos hoje muito mais coisas a extrair dos símbolos cabalísticos do que nos tempos da antiga revelação, pois nosso conteúdo mental é mais rico em idéias. Por exemplo, muito mais rica é hoje para o biólogo a Sephirah Yesod, na qual operam as forças do crescimento a da reprodução, do que o era para o antigo rabino. A Esfera da Lua resume tudo que se refere ao crescimento e à reprodução. Mas essa Esfera, tal como é representada na Árvore da Vida, localiza-se nos Caminhos que conduzem a outras Sephiroth; por conseguinte, o cabalista biólogo sabe que deve haver certo relacionamento definido entre as forças resumidas em Yesod a as forças representadas pelos símbolos consignados a esses Caminhos. Meditando sobre esses símbolos, ele obtém vislumbres de relações que não se revelariam quando se considera apenas o aspecto material das coisas; e, quando ele tenta trabalhar esses vislumbres no material de seus estudos, descobre que aí se ocultam indícios importantes. Dessa maneira, na Árvore, uma coisa leva a outra, e a explicação das causas ocultas surge das proporções a das relações dos vários símbolos individuais que compõem esse poderoso hieróglifo sintético.
12. Cada símbolo, ademais, admite diferentes interpretações nos diferentes planos e, por meio de suas associações astrológicas, pode ele ser referido aos deuses de qualquer panteão, abrindo, assim, novos a vastos campos de aplicação, nos quais a mente viaja sem descanso, pois um símbolo leva a outro numa cadeia contínua de associações, a ambos se confirmam mutuamente, da mesma maneira como os fios de muitos ramos se reúnem num hieróglifo sintético, sendo cada símbolo passível de interpretação nos termos de qualquer plano em que a mente possa estar funcionando.
13. Esse poderoso a abrangente hieróglifo da alma humana a do Universo, graças à associação lógica de símbolos, evoca imagens na mente; essas imagens, porém, não se desenvolvem ao acaso, mas seguem uma linha de associações bem definidas na Mente Universal. 0 símbolo da Árvore é, para a Mente Universal, o que o sonho é para o eu individual - um hieróglifo sintético, oriundo da subconsciência, que representa as forças ocultas.
14. 0 universo é, na realidade, uma forma mental projetada pela mente de Deus. A Árvore Cabalística pode ser comparada a uma imagem onírica que surge da subconsciência de Deus a dramatiza o conteúdo subconsciente da Divindade. Em outras palavras, se o universo é o produto final da atividade da mente do Logos, a Árvore é a representação simbólica do material rude da consciência divina a dos processos pelos quais o universo veio à existência.
15. Mas a Árvore não se aplica apenas ao Macrocosmo, a sim, também, ao Microcosmo, que, como sabem todos os ocultistas, é uma réplica em miniatura daquele. Eis a razão por que a adivinhação é possível. Essa arte tão pouco compreendida a tão caluniada tem por base filosófica o Sistema de Correspondências representado pelos símbolos. As correspondências entre a alma humana e o universo não são arbitrárias, mas surgem de identidades em desenvolvimento. Certos aspectos da consciência foram desenvolvidos em resposta a certas fases de evolução e, por conseguinte, incorporaram os mesmos princípios; conseqüentemente, reagem às mesmas influências. A alma humana é como um lago que se comunica com o mar por meio de um canal submerso; embora aparentemente o lago esteja cercado de terra, seu nível de água baixa ou se eleva com as marés, por obra dessa conecção oculta. Ocorre o mesmo com a consciência humana; existe uma conecção subterrânea entre as almas individuais e a alma do mundo, a essa comunicação se acha profundamente encerrada nos escaninhos mais primitivos da subconsciência, e é por essa razão que participamos do fluxo a refluxo das marés cósmicas.
16. Cada símbolo da Árvore representa uma força ou um fator cósmico. Quando a mente se concentra no símbolo, ela se põe em contato com essa força; em outras palavras, um canal superficial, um canal na consciência, se estabelece entre a mente consciente do indivíduo a um fator particular da alma do mundo, e é por esse canal que as águas do oceano refluem para o lago. 0 aspirante que utiliza a Árvore como seu símbolo de meditação estabelece ponto por ponto a união entre a sua alma e a alma do mundo. Essa união resulta num tremendo influxo de energia para a alma individual, e é esse influxo que lhe confere poderes mágicos.
17. Mas, assim como o universo deve ser governado por Deus, assim também a multifacetada alma humana deve ser governada por seu deus - o espírito humano. 0 eu superior deve governar o seu universo, pois, do contrário, haveria força em desequilíbrio a cada fator governaria o seu próprio aspecto, fazendo estalar a guerra entre eles. Teríamos, então, o domínio dos Reis de Edom, cujos reinos eram forças desequilibradas.
18. Temos, assim, na Árvore, um hieróglifo da alma do homem a do universo, bem como nas lendas que a história da evolução da alma a do Caminho da Iniciação associam a ela.

A CABALA MÍSTICA A ESCOLHA DE UM CAMINHO


1. Nenhum estudante jamais realizará qualquer progresso no desenvolvimento espiritual se saltar de um sistema a outro, utilizando ora algumas afirmações do Novo Pensamento, ora alguns exercícios de respiração a posturas meditativas da ioga, para prosseguir depois com algumas tentativas nos métodos místicos de oração. Cada um desses sistemas tem o seu valor, mas esse valor só é real se o sistema é praticado integralmente. Representam eles os exercícios calistênicos da consciência, a têm por objetivo desenvolver gradualmente os poderes mentais. 0 seu valor não reside nos exercícios em si, mas nos poderes que despertarão se forem praticados com perseverança. Se decidimos empreender nossos estudos ocultos com seriedade a fazer deles algo mais do que leituras de entretenimento, devemos escolher nosso próprio sistema a perseverar nele até chegarmos, se não ao seu objetivo final, pelo menos a resultados práticos definitivos e à intensificação permanente da consciência. Uma vez isso alcançado, podemos, não sem vantagem, experimentar os métodos que foram desenvolvidos em outros Caminhos, a formar uma técnica a uma filosofia eclética; mas o estudante que pretende ser um eclético antes de ter obtido muita prática jamais será mais do que um diletante.
2. Todo aquele que tem alguma experiência prática dos diferentes métodos do sistema espiritual sabe que o método deve ser adequado ao temperamento, devendo adaptar-se também ao grau de desenvolvimento do estudante. Os ocidentais, especialmente aqueles que preferem o Caminho oculto ao místico, buscam geralmente a iniciação num estágio de desenvolvimento espiritual que um guru oriental consideraria extremamente imaturo. Todo método que pretende ser adequado para o Ocidente deve ter em seus graus inferiores uma técnica que possa ser galgada como uma escada por esses estudantes que carecem de maturidade; instá-los a atingir imediatamente as alturas metafísicas é tarefa inútil na grande maioria dos casos, a que apresenta, ademais, o agravante de impedir o início no trabalho da senda.
3. Para que um sistema de desenvolvimento possa ser aplicado no Ocidente, cumpre-lhe preencher certos requisitos bem definidos. Em primeiro lugar, a sua técnica elementar deve ser facilmente compreendida pelas mentes que não são absolutamente místicas. Em segundo lugar, as forças que essa técnica pôe em movimento a fim de estimular o desenvolvimento dos aspectos superiores da consciência devem ser suficientemente poderosas a concentradas para penetrar os organismos relativamente densos do ocidental médio, que é completamente incapaz de perceber vibrações sutis. Em terceiro lugar, como poucos europeus - devido ao dharma racial de desenvolvimento da matéria - têm a oportunidade ou a inclinação para levar uma vida reclusa, as forças empregadas devem ser manipuladas de tal maneira que permaneçam disponíveis durante os breves períodos que o homem ou a mulher modernos, no início do Caminho, roubam de suas atribuições diárias para se entregarem à prática. Ou seja, essas forças precisam ser manipuladas por meio de uma técnica que permita ao estudante concentrar-se a desconcentrar-se com facilidade, porque não é possível manter elevadas tensões psíquicas nas duras condições da vida de um indivíduo de uma cidade européia. A experiência tem demonstrado com regularidade infalível que os métodos de desenvolvimento psíquico que são efetivos a satisfatórios para o recluso, produzem estados neuróticos a colapsos na pessoa que procura segui-los suportando concomitantemente as tensões da vida moderna.
4. Tanto pior para a vida moderna, poderia alguém dizer, aduzindo esse fato inegável como um argumento para modificar nosso modo de vida ocidental. Longe de mim afirmar que nossa civilização é perfeita ou que a sabedoria nasceu a morrerá conosco, mas parece-me razoável concluir que, se nosso Karma (ou destino) nos fez encarnar num corpo de um certo tipo e temperamento racial, é precisamente essa disciplina a essa experiência que os Senhores do Karma consideram que precisamos enfrentar nesta encarnação, e que não avançaremos na causa de nossa evolução se evitarmos a ambas ou delas fugindo. Presenciei inúmeras tentativas de desenvolvimento espiritual que eram simples evasões dos problemas da vida, a desconfio de qualquer sistema que envolva um rompimento com a alma grupal da raça. Pouco me impressiona também a dedicação à vida superior que se manifesta por modos peculiares de vestir a agir ou pela maneira de cortar ou de não cortar os cabelos. A verdadeira espiritualidade jamais faz propaganda de si própria.
5. 0 dharma racial do Ocidente é a conquista da matéria densa,~& pudéssemos compreender tal fato, teríamos a explicação para muitos dos problemas existentes nas relações entre Oriente a Ocidente. Para podermos conquistar a matéria densa a desenvolver a mente concreta, fomos dotados pela nossa herança racial de um corpo físico a um sistema nervoso peculiares, assim como outras raças, como a mongólica e a negra, foram dotadas de outros tipos.
6. É insensato aplicar a um tipo de constituição psicofísica os métodos de desenvolvimento adaptados a outro organismo, pois esses métodos não produzirão os resultados adequados ou produzirão resultados imprevistos e, com toda probabilidade, possivelmente indesejáveis. Dizer isso não é condenar os métodos ocidentais, nem menosprezar a constituição ocidental, que é como Deus a fez, mas reafirmar o velho adágio de que "mel para um, veneno para outro".
7. 0 dharma do Ocidente difere do dharma oriental. Será, portanto, aconselhável tentar implantar os ideais orientais num homem ocidental? A fuga ao plano terrestre não é a sua linha de progresso. 0 ocidental normal e são não deseja escapar da vida; seu objetivo é conquistá-la a dar-lhe ordem e harmonia. Só os tipos patológicos desejam "morrer à meia-noite, sem dor", libertando-se da roda do nascimento a da morte; o temperamento ocidental normal deseja "vida, mais vida".
8. É essa concentração da força vital que o ocultista ocidental busca em suas operações. Ele não tenta escapar da matéria refugiando-se no espírito a deixando a terra inconquistada atrás de si arrumar-se como puder, mas procura, antes, trazer a Divindade até a humanidade a fazer a Lei Divina reinar até mesmo sobre o Domínio das Sombras. É esse o motivo que justifica a aquisição dos poderes ocultos no Caminho da Mão Direita, e que explica por que os iniciados não abandonam tudo em favor da União Divina, mas cultivam a Magia Branca.
9. A Magia Branca consiste na aplicação de poderes ocultos para fins espirituais e é ela que propicia boa parte do treinamento a do desenvolvimento do aspirante ocidental. Conheço alguma coisa a respeito de muitos sistemas e, em minha opinião, a pessoa que tenta renunciar ao cerimonial trabalha com grande desvantagem. 0 desenvolvimento que se obtém no Ocidente por meio apenas da meditação é um processo lento, pois a substância mental sobre a qual se tem de operar e a atmosfera mental na qual o trabalho se deve cumprir são muito resistentes. A única escola de ioga ocidental puramente meditativa é a dos quacres, a penso que eles concordam em que seu caminho se destina a poucos: a Igreja Católica combina a ioga mântrica com a ioga Bhakti.
10. É por meio das fórmulas que o ocultista seleciona a concentra as forças com as quais deseja operar. Essas fórmulas baseiam-se na Árvore Cabalística da Vida, a seja qual for o sistema com que esteja trabalhando, seja imaginando as formas de Deus do Egito, seja evocando a inspiração lacchus com cantos a danças, o ocultista tem o diagrama da Árvore no fundo de sua mente. É por meio do simbolismo da Árvore que os iniciados ocidentais se disciplinam, a esse diagrama fornece a estrutura essencial de classificação à qual todos os outros sistemas podem ser referidos. 0 Raio sobre o qual o aspirante do Ocidente trabalha manifestou-se em diversas cultural e desenvolveu uma técnica característica em cada uma delas. 0 iniciado moderno opera um sistema sintético, utilizando, às vezes, um método egípcio e, noutras, um método grego ou mesmo druida, pois esses diferentes sistemas estão mais bem adaptados aos seus diferentes propósitos a condições. Em todos os casos, contudo, a operação que realiza está estreitamente relacionada com os Caminhos da Árvore, em que é mestre. Se possui o grau que corresponde à Sephirah Netzach, ele pode operar com a manifestação da força desse aspecto da Divindade (conhecida pelos cabalistas sob o nome de Tetragrammaton Elohim), seja qual for o sistema que tenha escolhido. No sistema egípcio, seria a Isis da Natureza; no grego, Afrodite; no nórdico, Freya; no druida, Keridwen. Em outras palavras, ele possui os poderes da Esfera de Vênus, seja qual for o sistema tradicional que esteja utilizando. Ao alcançar um grau em um sistema, ele tem acesso aos graus equivalentes de todos os outros sistemas de sua tradição.
11. Mas, embora ele possa utilizar esses outros sistemas quando a ocasião se apresenta, a experiência prova que a Cabala fornece o melhor plano fundamental e o melhor sistema para o adestramento do estudante, antes que ele esteja apto a fazer experiências com os sistemas pagãos. A Cabala é essencialmente monoteísta; os poderes que ela classifica são sempre encarados como mensageiros de Deus a não como Seus companheiros. Esse princípio estabelece o conceito do governo centralizado do Cosmo a do controle da Lei Divina sobre todas as manifestações - princípio muito necessário que todo estudante das Forças Arcanas deve assimilar. É a pureza, a sanidade e a clareza dos conceitos cabalistas resumidos na fórmula da Árvore da Vida que faz desse hieróglifo um símbolo admirável para as meditações que visam exaltar a consciência, dando-nos a justificativa para chamar a Cabala de "ioga do Ocidente".

A CABALA MÍSTICA A IOGA DO OCIDENTE


1. São poucos os estudantes de ocultismo que sabem alguma coisa a respeito da fonte de onde surgiu a sua tradição. Muitos deles sequer sabem que existe uma Tradição Ocidental. Os eruditos sentem-se perplexos diante dos subterfúgios a das defesas intencionais de que se valeram tanto os iniciados antigos como os modernos para ocultar-se, a concluem que os poucos fragmentos que ainda nos restam dessa literatura não passam de contrafações medievais. Muito se espantariam eles se soubessem que esses mesmos fragmentos, suplementados por manuscritos que jamais se permitiu saírem das mãos dos iniciados, a complementados por uma tradição oral, ainda são transmitidos até hoje nas escolas de iniciação, constituindo a base do trabalho prático da ioga do Ocidente.
2. Os adeptos das raças cujo destino evolutivo consiste em conquistar o plano físico desenvolveram uma técnica ióguica própria que se adapta aos seus problemas especiais a às suas necessidades peculiares. Essa técnica baseia-se na bem conhecida, mas pouco compreendida Cabala, a Sabedoria de Israel.
3. Poder-se-á perguntar por que as nações ocidentais teriam qualquer razão para procurar a sua tradição mística na cultura hebraica. A resposta a essa questão será facilmente compreendida por aqueles que estão familiarizados com a teoria esotérica relativa às raças a sub-raças. Tudo tem uma fonte. As culturas não brotam do nada. As sementes de cada nova fase de cultura devem surgir necessariamente da cultura anterior. Não podemos negar que o judaísmo foi a matriz da cultura espiritual européia, quando recordamos que tanto Jesus como São Paulo eram judeus. Nenhuma outra raça além da judia poderia ter fornecido a base para uma nova revelação, visto que nenhuma outra raça abraçava um credo monoteísta. 0 panteísmo e o, politeísmo tiveram seus dias de esplendor, mas uma nova cultura, mais
espiritual, se tomou necessária. As raças cristãs devem sua religião à cultura judia, assim como as raças budistas do Oriente devem a sua à cultura hindu.
4. 0 misticismo de Israel fornece os fundamentos do moderno ocultismo ocidental, a constitui o fundo teórico com base no qual se desenvolveram os rituais ocultistas do Ocidente. Seu famoso hieróglifo, a Árvore da Vida, é o melhor símbolo de meditação que possuímos, exatamente porque é o mais compreensível.
S. Não é minha intenção escrever um estudo histórico sobre as fontes da Cabala, mas, antes, mostrar o emprego que dela fazem os modernos estudantes dos Mistérios. Embora as raízes de nosso sistema estejam na tradição; não há razão alguma para que esta nos escravize. Uma técnica empregada nos dias que correm é um processo que está em pleno desenvolvimento, pois a experiência de cada trabalhador a enriquece a se torna parte integrante da herança comum.
6. Não devemos necessariamente seguir tais a tais atitudes ou manter tais a tais idéias apenas porque os rabinos que viveram antes de Cristo assim o determinaram. 0 mundo não deteve sua marcha na era dos rabinos, e vivemos hoje uma nova revelação. Mas o que era verdadeiro - em princípio no passado é verdadeiro - em princípio - na atualidade e, por conseguinte, de muito valor para nós. 0 cabalista moderno é o herdeiro da Cabala antiga, mas cabe-lhe reinterpretar a doutrina a reformular o método à luz da revelação atual, caso queira extrair dessa herança algum valor prático para si.
7. Não pretendo que os modernos ensinamentos cabalísticos, tal como os que aprendi, sejam idênticos aos dos rabinos pré-cristãos, mas afirmo que esses ensinamentos são os legítimos descendentes daqueles, constituindo o desenvolvimento natural que deles proveio.
8. Quanto mais próxima estiver a nascente, mais pura será a água do rio. Para descobrir os princípios primeiros, devemos it à fonte-mãe. Mas um rio recebe muitos afluentes em seu curso, a estes não estão necessariamente poluídos. Se desejamos descobrir se a água desses afluentes é pura ou não, basta-nos compará-la com a corrente original; se ela passa por esse teste, da impede que se misture com as águas principais a aumente sua força. Ocorre o mesmo com uma tradição: o que não é antagônico deve ser assimilado: Devemos sempre testar a pureza de uma tradição no que respeita aos
princípios primeiros, mas devemos igualmente julgar a vitalidade de uma tradição por sua capacidade de assimilação. Apenas a fé morta não recebe' fluências do pensamento contemporâneo.
9. A corrente original do misticismo hebraico recebeu muitas adições. A sua culminação ocorreu entre os nômades adoradores de estrelas da Caldéia, onde Abraão, em sua tenda, rodeado pelos rebanhos, ouvia a voz de Deus. Mas Abraão defrontava-se também com um sombrio pano de fundo, em que vastas formas se moviam semidistintas. A misteriosa figura de um grande rei-sacerdote, "nascido sem pai, sem mãe, sem descendência, que não tinha nem princípio nem fim", concedeu-lhe a primeira ceia eucarística de pão a vinho após a batalha com os reis do vale, os sinistros reis de Edom, "que governaram antes que houvesse um rei em Israel, cujos reinos eram forças desorganizadas".
10. De geração em geração, podemos traçar o relacionamento dos príncipes de Israel com os reis-sacerdotes do Egito. Abraão a Jacó por lá passaram; José a Moisés estiveram intimamente associados à corte dos adeptos reais. Quando lemos que Salomão se dirigiu a Hirão, rei de Tiro, solicitando-lhe homens a materiais para a construção do Templo, aprendemos que os famosos Mistérios de Tiro devem ter influenciado profundamente o esoterismo hebraico. Quando lemos que Daniel foi educado nos palácios da Babilônia, aprendemos que a sabedoria dos Magi deve ter sido acessível aos iluminati hebreus.
11. A antiga tradição mística dos hebreus possuía três escrituras: os Livros da Lei e dos Profetas, que conhecemos como Velho Testamento; o Talmud, ou coleção de comentários eruditos sobre aquele; e a Cabala, ou interpretação mística do mesmo livro. Desses três livros, dizem os antigos rabinos que o primeiro é o corpo da tradição; o segundo, a sua alma racional; e o terceiro, o seu espírito imortal. Os homens ignorantes lêem com proveito o primeiro; os homens eruditos estudam o segundo; mas o sábio medita sobre o terceiro. É realmente muito estranho que a exegese cristã jamais tenha buscado as chaves do Velho Testamento na Cabala.
12. No tempo de Nosso Senhor, havia três escolas de pensamento religioso na Palestina: a dos fariseus a dos saduceus, sobre os quais temos muitas informações nos Evangelhos, e a dos essênios, a quem nunca se faz referência. A tradição esotérica afirma que o menino Jesus ben Joseph, na idade de doze anos, foi encaminhado, pelos eruditos doutores da Lei, que 0 ouviram a Lhe reconheceram o valor, à comunidade essênia localizada nas proximidades do Mar Morto, para ali ser treinado na tradição mística de Israel, a que Ele permaneceu nessa comunidade até dirigir-se a João, a fim de receber o batismo no rio Jordão antes do início de Sua missão, empreendida aos trinta anos. Seja como for, o fato é que a frase final do "Pai nosso" é puro cabalismo. Malkuth, o Reino, Hod, a Glória, Netzach, o Poder, constituem o triângulo básico da Árvore da Vida, tendo Yesod, o Fundamento ou Receptáculo de Influências, como ponto central. Quem formulou essa oração conhecia muito bem a Cabala.
13. 0 esoterismo cristão baseia-se na Gnose, que, por sua vez, radica tanto no pensamento grego como no egípcio. 0 sistema pitagórico constitui uma adaptação dos princípios cabalísticos ao misticismo grego.
14. A seção exotérica da Igreja Cristã,organizada pelo Estado, perseguiu a aniquilou a seção esotérica, destruindo-lhe toda a literatura a lutand0 por apagar da história humana a própria lembrança de uma doutrina gnóstica. Registra a história que as termas a as padarias de Alexandria foram fomentadas durante seis meses com os manuscritos retirados da grande biblioteca. Pouco nos restou da herança espiritual da sabedoria antiga. Tudo o que estava acima do solo foi arrancado, e é apenas com a escavação dos antigos monumentos encobertos pela areia que estamos começando a redescobrir-lhe os fragmentos.
15. Só depois do século XV, quando o poder da Igreja começou mostrar sinais de fraqueza, ousaram os homens confiar ao papel a tradicional Sabedoria de Israel. Os eruditos declaram que a Cabala é uma fantasia medieval, pois não lhe podem traçar a sucessão desde os manuscritos primitivos. Mas aqueles que conhecem o sistema de trabalho das fraternidades esotéricas sabem que toda uma cosmogonia a toda uma psicologia podem !0, r ocultadas num hieróglifo que, para o não-iniciado, não tem qualquer sentido. Esses estranhos a antigos diagramas foram passados de geração para geração, e a explicação que os acompanha, transmitida apenas verbalmente, de modo que a verdadeira interpretação jamais se perdeu. Quando existia alguma dúvida quanto à explicação de algum ponto abstruso, recorria-se ao hieróglifo sagrado, e a meditação sobre ele comunicava o que gerações de trabalho meditativo haviam nele infundido. Sabem muito bem os místicos que, se alguém medita sobre um símbolo ao qual a meditação do passado associou certas idéias, tal pessoa terá acesso a essas mesmas idéias, ainda que o hieróglifo jamais lhe tenha sido explicado por aqueles que receberam a tradição oral "da boca ao ouvido".
16. A força temporal organizada da Igreja expulsou seus rivais de~e campo a destruiu-lhes os vestígios. Pouco sabemos das sementes que brotaram a logo foram cortadas durante a Idade Negra, mas o misticismo é inerente à raça humana e, embora a Igreja tenha destruído todas as raízes da tradição em sua alma grupal, os espíritos devotos de seu próprio rebanho redescobriram a técnica da união entre a alma a Deus a desenvolveram uma ioga característica, estreitamente semelhante à ioga Bhakti do Oriente. A literatura do catolicismo é rica em tratados sobre teologia mística que relam uma familiaridade prática com os estados superiores de consciência, embora apresentem uma concepção um tanto quanto ingênua da psicologia desse fenômeno, revelando assim a pobreza de um sistema que não dispõe da experiência fornecida pela tradição.
17. A ioga Bhakti da Igreja Católica só é adequada àqueles cujo temperamento é naturalmente devocional a que descobrem no auto-sacrifício amoroso a sua expressão mais espontânea. Mas nem todos têm esse temperamento, e é uma pena que o Cristianismo não tenha outros sistemas a oferecer aos seus devotos. 0 Oriente, por ser tolerante, é sábio, a desenvolveu vários métodos ióguicos. Cada um desses métodos pode ser seguido com exclusão dos outros, sem que para isso tenha de negar aos outros métodos o valor como meio de acesso a Deus.
I8. Em conseqüência dessa deplorável limitação de nossa teologia, muitos devotos ocidentais recorrem a métodos orientais. Para aqueles que são capazes de viver em condições orientais a trabalhar sob a imediata supervisão de um guru, essa escolha poderá revelar-se satisfatória, mas ela raramente dá bons resultados quando esses mesmos devotos seguem vários sistemas sem outra supervisão além da de um livro a sob as condições que regem a vida no Ocidente.
19. É por essa razão que recomendo às raças brancas o sistema tradicional do Ocidente, pois este se adapta perfeitamente à sua constituição física. Esse sistema produz resultados imediatos e, quando praticado sob a supervisão adequada, não afeta o equilíbrio mental ou físico - como acontece com desagradável freqüência quando se utilizam sistemas impróprios - e ainda estimula uma excepcional vitalidade. É essa vitalidade peculiar dos adeptos que deu origem à tradição do "elixir da vida". Conheci várias pessoas em minha vida que mereciam o título de adepto, a sempre me surpreendi com a extraordinária vitalidade que exibiam.
20. Por outro lado, só posso endossar o que todos os gurus da tradição oriental sempre afirmaram, ou seja, que qualquer sistema de desenvolvimento psico-espiritual só pode ser seguido adequadamente a em segurança sob a supervisão pessoal de um mestre experiente. Por essa razão, embora me proponha a fornecer nestas páginas os princípios da Cabala mística, não creio que seja prudente dar também as chaves de sua prática, mesmo que, pelos termos de minha própria iniciação, eu não estivesse proibida de faze-lo. Mas por outro lado, não considero justo para com o leitor comunicar-lhe informações erradas ou deformadas. Assim, na medida de meus conhecimentos a de minha crença, posso afirmar que as informações dadas neste livro são exatas, ainda que, em certo aspecto, incompletas.
21. Os Trinta a Dois Caminhos Místicos da Glória Oculta são sendas da vida, a aqueles que desejam desvendar-lhes os segredos não têm outra saída senão trilhá-los. Assim ~o eu própria fui treinada, todos os que desejam sujeitar-se à disciplina devem fazê-lo, a eu indicarei com prazer o caminho que todo aspirante sério deverá seguir.

Hierarquia angelical de Moisés Maimónides


Esta versão baseia—se na tradição cabalística e nas dez esferas da Árvore da Vida, que é o esquema central da Cabala hebraica. Segundo teólogos e escolásticos judeus, especialmente Maimónides, a Hierarquia Angelical compõe—se de dez coros celestes.

1. Chaioth ha Quaddosh: Potestades
2. Ofanim (Auphanim): Tronos
3. Arelim (Erelim): Principados
4. Chasmalim (Hasmalim):Dominações
5. Seraphim: Serafins
6. Malachim: Virtudes
7. Elohim: Arcanjos
8. Bene Elohim: Anjos
9. Cherubim: Querubins
10. Ashim (Ishim): Almas dos santos


Cada um dos coros que constam desta lista faz parte dos atributos das esferas da Árvore da Vida, conhecidos como Sefirote ou Zéfiros. Como se pode ver na lista, a ordem dos vários coros da Cabala é completamente diferente da sugerida por Pseudo—Dionísio. Apresenta-se aqui esta lista porque é importante na prática da magia angelical. As diferentes ordens e coros angelicais são de grande importância para o ser humano, uma vez que tudo o que existe é regido por um anjo, incluindo a vida e a morte de uma pessoa. De acordo com o "Livro dos Jubileus", quando Deus criou o Universo, no primeiro dia da Criação, também criou os espíritos que são seus servidores. Entre estes estão os anjos da Divina Presença, os anjos da Santificação, os anjos do elemento fogo, os anjos do vento, das nuvens, da escuridão, da neve, do granizo, do trovão e do relâmpago, do frio, do calor, das quatro estações e de todas as criaturas da Terra e do Céu. Por outro lado, segundo Enoch, os anjos não foram criados no primeiro dia da Criação, mas sim no segundo.

Através de cada coro angelical, o ser humano recebe um dom celestial:

1. Dos Serafins recebe o fervor da fé e o amor a Deus.
2. Dos Querubins recebe iluminação mental, poder e sabedoria
3. Dos Tronos recebe o conhecimento de como foi criado e como dirigir os seus pensamentos para coisas divinas
4. Dos Dominações recebe a assistência necessária para subjugar os seus inimigos e perseguidores e alcançar a salvação
5. Dos Potestades também recebe ajuda para dominar os inimigos materiais
6. Dos Virtudes recebe o poder de Deus para triunfar na vida.
7. Dos Principados recebe o poder de controlar tudo o que o rodeia e adquirir conhecimentos secretos ou sobrenaturais.
8. Dos Arcanjos recebe o poder de dominar todas as criaturas da terra ou do mar.
9. Dos Anjos recebe o poder de ser mensageiro da vontade divina.

Anjos e seus Símbolos


Anjos e seus símbolos:
Anjos portando um luzeiro representam a "Luz de Deus". Da ordem dos Elohim são os guardiães da Natureza. A Cabala Tradicional reconhece como 7 somente os Anjos de primeira geração, que são chamados de Arcanjos. Também conhecidos por Arquétipos, são, acima de tudo, traços da psique humana.
No Universo os Arcanjos representam as Leis de Deus, e sao os executores das mesmas. Dentro do ser humano são os seus traços determinantes e respondem pelos nossos desejos, aspirações, sensibilidades, buscas, lutas, equilíbrios, relacionamentos, dificuldades.

Anjos e seus símbolos:
Os que portam uma trombeta são Anjos de Anunciação. Da ordem dos Ishim são os que presidem os Planos Superiores.
Diferente da Astrologia pois esta trabalha com conjunções planetárias,e com processos fixos na natureza humana, a Angelologia elabora um mapa de influências à hora do nascimento as quais pode ser modificadas através de atos de Magia.
Uma combinação Angelical à hora do nascimento é diferente de uma combinação Planetária. Assim, os Arquétipos que determinam nossos traços representam processos maleáveis sobre os quais nós podemos influir no instante em que o queiramos. Mesmo os fatores que determinam os signos com suas características não são fixos dentro da Angelologia.

Anjos e seus símbolos:
Anjos que portam espadas representam a mão Justiceira de Deus. Da ordem dos Seraphim são os que executam a Lei, implacavelmente.
Em outras palavras, na Angelologia o ser humano utiliza o seu livre-arbítrio para moldar as influências de nascimento; é possível, inclusive, alterar o próprio signo de nascimento. Uma pessoa não precisa passar toda uma vida sob a influência respectiva de nascimento, se ela ja superou o carma oriundo dele.

Anjos e seus símbolos:
Anjos, cujo símbolo seja um tridente, são os que respondem pelos Reinos Inferiores; chamados de Exus, cuidam do "lixo" no Universo. Injustamente conhecidos por Demônios, comparados com a desordem e o caos, são, na verdade, tão responsáveis pelo equilíbrio como todos os demais Anjos.
Os 7 Arcanjos implícitos na Angelologia Cabalística representam a LEI, e as 7 sequências de infinitos Anjos respondem pela ORDEM no Universo. Cada nova expressão de vida, seja em que Reino for, dá origem a um novo Anjo que ordena seu nascimento, existência e morte, sem interferir com sua evolução.

Cartas de Eliphas Levi


Primeira Lição
Prolegômenos Gerais

Senhor e Irmão:

Posso conferir-vos este título posto que buscais a verdade na sinceridade de vosso coração e que para a encontrar não tem medido sacrifícios.


A verdade, sendo a essência do que é, não é difícil de encontrar: ela está em nós e nós estamos nela. Ela é como a luz e os cegos não a vêem.

O Ser é. Isto é incontestável e absoluto. A idéia exata do Ser é a verdade, seu conhecimento é a ciência; sua expressão ideal é a razão; sua atividade é a criação e a justiça.

O senhor disse que quer ter fé. Para isto basta saber e amar a verdade. Pois a verdadeira fé é a adesão inabalável do espírito às deduções necessárias da ciência no infinito conjetural.

As ciências ocultas são as únicas que dão a certeza, porque elas tomam por base as realidades e não os sonhos. Distinguem em cada símbolo religioso a verdade da mentira. A verdade é a mesma em toda parte e a mentira (a "roupagem" da verdade) varia segundo os lugares, as épocas e as pessoas.

Estas ciências são em número de três: a Cabala, a Magia e o Hermetismo.

A Cabala, ou ciência tradicional dos Hebreus poderia ser chamada de matemática do pensamento humano. É a álgebra da fé. Resolve, com suas equações todos os problemas da alma como se fossem equações, isolando as incógnitas. Dá às idéias a nitidez e a rigorosa exatidão dos números; seus resultados são, para a mente, a infalibilidade (sempre relativa na esfera dos conhecimentos humanos) e a paz profunda para o coração.

A Magia, ou ciência dos magos teve como representantes na antiguidade os discípulos e talvez os mestres de Zoroastro. É o conhecimento das leis secretas e particulares da Natureza que produzem as forças ocultas, os ímãs, quer naturais ou artificiais, que podem existir mesmo fora do mundo dos metais. Em uma palavra, para empregar uma expressão moderna, é a ciência do magnetismo universal.

O Hermetismo é a ciência da natureza oculta nos hieróglifos e símbolos do mundo antigo. É a procura do princípio da vida pelo sonho (para aqueles que ainda não chegaram) da realização da grande obra, a reprodução pelo homem do fogo natural e divino que cria e regenera os seres.

Eis aí, senhor, as coisas que desejais estudar: seu círculo é imenso, porém seus princípios são muito simples e estão contidos nos números e nas letras do alfabeto. "É um trabalho de Hércules, que parece uma brincadeira de crianças", dizem os mestres da ciência sagrada.


As disposições necessárias ao êxito neste estudo compreendem uma grande retidão de julgamento e uma grande independência da mente. É preciso se desfazer de todos os preconceitos e idéias preconcebidas. É por isso que Cristo dizia: "Se não tiverdes a simplicidade de uma criança, não entrareis em Malkuth, isto é, no reino da ciência".

Começaremos pela Cabala, cuja divisão é: Bereschit, Mercavah, Gematria e Temurah.

Vosso na sagrada ciência.



Segunda Lição

A Cabala Objeto e Método

Senhor e Irmão:

A proposição que deveis fazer-vos ao estudar a Cabala é chegar à paz profunda, através da tranqüilidade do espírito e paz do coração.

A tranqüilidade do espírito é uma conseqüência da certeza; a paz do coração vem da paciência e da fé.

Sem a fé, a ciência conduz à dúvida; sem a ciência, a fé conduz à superstição. As duas unidas produzem a certeza e, para uni-las é necessário jamais confundi-las. O objeto da fé é a hipótese e chega a converter-se em certeza quando a hipótese exige a evidência ou as demonstrações da ciência.

A ciência é comprovada com fatos. As leis são inferidas da repetição dos fatos. A generalidade dos fatos em presença de tal ou qual força demonstra a existência das leis. As leis inteligentes são necessariamente desejadas e dirigidas pela inteligência. A unidade das leis faz supor a unidade da inteligência legisladora. A esta inteligência, que estamos obrigados a supor segundo as obras manifestas, mas que não é possível definir, é que chamamos Deus!

A minha carta chegou a vossas mãos; eis aqui um fato evidente; a minha escrita foi reconhecida, bem como meu pensamento, e deduzistes disso que fui eu quem vos escreveu. É uma hipótese razoável, porém a hipótese necessária é a de que alguém escreveu a carta. Poderia ser apócrifa, porém não tendes razão para supô-lo. Se pretendêsseis que a carta tivesse caído do céu, estaríeis beirando o absurdo, estabelecendo uma hipótese absurda.

Eis, portanto, segundo o método cabalístico, como se forma a certeza:

Evidência                                                                
Demonstração científica                Certeza
Hipótese necessária

Hipótese razoável                          Probabilidade

Hipótese duvidosa                         Dúvida

Hipótese absurda                           Erro

Seguindo este método, o espírito adquire uma verdadeira infalibilidade, posto que afirma o que sabe, crê naquilo que necessariamente deve supor, admite as suposições razoáveis, examina as suposições duvidosas e afasta as suposições absurdas.

Toda a Cabala está contida no que os mestres chamaram as trinta e duas vias e as cinqüenta portas. As trinta e duas vias são trinta e duas idéias absolutas e reais ligadas aos signos dos dez números da aritmética e às vinte e duas letras do alfabeto hebraico.

Eis aqui estas idéias:

Números (Sephiroth):

1. - Potência suprema (Kether)

2. - Sabedoria absoluta (Hochmah)

3. - Inteligência infinita (Binah)

4. - Bondade (Chesed)

5. - Justiça ou rigor (Gueburah)

6. - Beleza (Tiphereth)

7. - Vitória (Netzah)

8. - Eternidade (Hod)

9. - Fecundidade (Yesod)

10 - Realidade. (Malkuth)


Terceira Lição

Uso do Método

Senhor e Irmão:

Na lição anterior falei tão-somente das trinta e duas vias; falarei depois das cinqüenta portas.

As idéias expressas pelos números e pelas letras são realidades incontestáveis. Tais idéias encadeiam-se e se combinam como os números. Procede-se logicamente de um ao outro. O homem é o filho da mulher, porém a mulher procede do homem como o número da unidade. A mulher explica a natureza; a natureza revela a autoridade, cria a religião que serve de base à liberdade e que faz o homem dono de si mesmo e do universo, etc. (Procurai um Tarô; creio, porém que tendes um.) Disponde em duas séries de dez cartas alegóricas, numeradas de um a vinte e um. Vereis então todas as figuras que explicam as letras. Quanto aos números, do um ao dez, encontrareis neles a explicação repetida quatro vezes, com os símbolos de paus ou cetro do pai; copas ou delícias da mãe, espadas ou combate do amor e ouros ou fecundidade. O Tarô se encontra no livro hieroglífico das trinta e duas vias e a explicação sumária dele encontra-se no livro atribuído ao patriarca Abraão, que se chama Sepher-Yetzirah.

O sábio Court de Gebelin foi o primeiro que adivinhou a importância do Tarô, a grande chave dos hieróglifos hieráticos. Encontraram-se os símbolos e os números nas profecias de Ezequiel e de São João. A Bíblia é um livro inspirado, porém o Tarô é o livro inspirador, Também foi chamado de roda, rota, de onde se deduziram as formas tarô e torá. Os antigos rosacruzes conheciam-no e o marquês de Suchet fala dele em seu livro acerca dos iluminados.

Deste livro é que surgiram nossos jogos de cartas. As cartas espanholas ainda possuem os principais signos do Tarô primitivo e são utilizados para jogar o jogo do hombre, ou do homem, reminiscência vaga do uso primitivo de um livro misterioso que contém as sentenças reguladoras de todas as divindades humanas.

Os Tarôs antigos eram medalhas, de onde se originaram mais tarde os talismãs. As clavículas ou pequenas chaves de Salomão eram compostas de trinta e seis talismãs contendo setenta e duas estampas análogas às figuras hieroglíficas do Tarô. Essas figuras, alteradas pelos copistas, encontram-se ainda nas antigas clavículas manuscritas que se encontram nas bibliotecas. Existe um desses manuscritos na Biblioteca Nacional de Paris e um outro na Biblioteca do Arsenal. Os únicos manuscritos autênticos delas são os que mostram a série dos trinta e seis talismãs com os setenta e dois nomes misteriosos; os demais, por mais antigos que sejam, pertencem aos delírios da magia negra e contém apenas mistificações.

Vede, para a explicação do Tarô, o meu Dogma e Ritual da Alta Magia.

Vosso na sagrada ciência.



Quarta Lição

A Cabala

Senhor e Irmão:

Bereschith quer dizer "gênese"; Merkavah significa "carro" em alusão às rodas e aos animais misteriosos de Ezequiel.

Bereschith e Merkavah resumem a ciência de Deus e do Mundo.

Digo "ciência de Deus" e, portanto, Deus não é infinitamente desconhecido. Sua natureza escapa completamente a nossas investigações. Princípio absoluto do ser e dos seres, não pode ser confundido com os efeitos que produz e pode-se dizer, afirmando completamente sua existência, que não é nem o não-ser, nem o ser. Fato que confunde a razão sem extraviá-la e nos afasta definitivamente da idolatria.

Deus é o único postulatum absoluto de toda ciência, a hipótese absolutamente necessária que serve de base a toda certeza. Eis aqui como nossos antigos mestres estabeleceram cientificamente esta hipótese correta da fé: o Ser é. No Ser está a vida. A vida manifesta-se pelo movimento. O movimento perpetua-se pelo equilíbrio das forças. A harmonia resulta da analogia dos contrários.

Existe, na natureza, lei imutável e progresso indefinido, mudança perpétua nas formas, indestrutibilidade da substância; e isto é o que se encontra estudando o mundo físico.

A metafísica apresenta leis e fatos análogos, na ordem intelectual ou na moral, o verdadeiro, imutável, de um lado; do outro, a fantasia e a ficção. De um lado, o bem que é o verdadeiro; de outro, o mal que é o falso, e destes conflitos aparentes surgem o julgamento e a virtude. A virtude compõe-se de bondade e justiça. Quando boa, a virtude é indulgente; quando justa, é rigorosa. Ela é boa porque é justa e justa porque é boa; ela se mostra bela.

Esta grande harmonia do mundo físico e do mundo moral, não podendo ter uma causa superior a si própria, revela-nos a existência de uma sabedoria imutável, princípios e leis eternas e de uma inteligência infinitamente criativa. Sobre esta sabedoria e sobre esta inteligência, inseparáveis uma da outra, repousa esta potência suprema que os hebreus chamam a coroa. A coroa e não o rei, porque a idéia de um rei implicaria a de um ídolo. A potência suprema é, para os cabalistas, a coroa do universo, e a criação inteira é o reino da coroa ou, se o senhor preferir, o domínio da coroa.

Ninguém pode dar aquilo que não tem, e nós podemos admitir virtualmente na causa o que se manifesta nos efeitos.

Deus é, portanto, a potência ou coroa suprema (Kether), que repousa sobre a sabedoria imutável (Chochmah) e a inteligência criadora (Binah); nele estão a bondade (Chesed) e a justiça (Gueburah), que são o ideal da beleza (Tiphereth). Nele estão o movimento sempre vitorioso (Netzah) e o grande repouso eterno (Hod). Sua vontade é uma criação contínua (Yesod) e seu reino (Malkuth) é a imensidade que povoa a universo.

Detenhamo-nos aqui: conhecemos Deus!

Vosso na sagrada ciência.



Quinta Lição

A Cabala II

Senhor e Irmão:

Este conhecimento racional da divindade, escalonado nas dez cifras que compõem os números, vos oferece o método completo da filosofia cabalística. O método compõe-se de trinta e dois meios ou instrumentos de conhecimento que se denominam as trinta e duas vias, e de cinqüenta objetos, aos quais pode-se aplicar a ciência, e que se chamam as cinqüenta portas.

A ciência sintética universal considera-se como um templo com trinta e duas vias de acesso e cinqüenta portas.

Este sistema numérico, que também poderia ser chamado decimal, porque sua base é dez, estabelece, pelas analogias, uma classificação exata de todos os conhecimentos humanos. Nada é mais engenhoso, e também nada é mais lógico nem mais exato.

Esse número dez aplicado às noções absolutas do ser na ordem divina, metafísica e natural, repete-se três vezes, o que dá trinta para os meios de análise; acrescentai a silepse e a síntese, a unidade que começa por se propor à mente e aquela do resumo universal, e o senhor terá as trinta e duas vias.

As cinqüenta portas constituem uma classificação dos seres em cinco séries de dez, que abarca todos os conhecimentos possíveis e reina sobre todos os ramos do saber humano.

Mas não é suficiente ter encontrado um método matemático exato. Para ser perfeito é necessário que esse método seja progressivamente revelador, isto é, que ele nos dê o meio de tirar exatamente todas as deduções possíveis para obter os conhecimentos novos e de desenvolver o espírito, sem deixar nada ao capricho da imaginação.

Isto é o que se obtém pela Gematria e pela Temurah que são as matemáticas das idéias. A Cabala tem sua geometria ideal, sua álgebra filosófica e sua trigonometria analógica. É dessa forma que obriga a natureza, de certo modo, a revelar seus segredos.

Adquiridos estes altos conhecimentos, passa-se às últimas revelações da Cabala transcendental e estuda-se no Shemhamphorash, a origem e a razão de todos os dogmas.

Eis aí, senhor e amigo, o que devemos aprender. Veja se isso não vos assusta; minhas cartas são curtas, mas são resumos bastante concisos e que dizem muito em poucas palavras. Deixei um espaço bastante longo entre as minhas cinco primeiras lições para vos dar tempo de refletir; posso escrever-lhe com maior freqüência, se desejar.

Acredite, senhor, em meu ardente desejo de lhe ser útil.

Vosso, de todo coração, na sagrada ciência.

ELIPHAS LEVI



Sexta Lição

A Cabala III

Senhor e Irmão:

A Bíblia deu ao homem dois nomes. O primeiro é Adão, que significa saído da terra ou homem de terra; o segundo é Enos ou Enoque, que significa homem divino ou elevado até Deus. Segundo a Gênese, é este Enos quem primeiro fez homenagens públicas ao princípio dos seres, e este Enos, o mesmo que Enoque, foi, segundo dizem, elevado vivo ao céu após ter gravado sobre duas pedras, que se chamam as colunas de Enoque, os elementos primitivos da religião e da ciência universal.

Este Enoque não é um personagem, mas uma personificação da humanidade, elevada ao sentimento da imortalidade, pela religião e pela ciência. Na época designado pelo nome de Enos ou de Enoque, o culto de Deus apareceu sobre a terra e o sacerdócio começou. Na mesma época começa a civilização com a escritura e os monumentos hieráticos.

O gênio civilizador que os hebreus personificam em Enoque os egípcios chamaram Trismegisto e os gregos Kadmos ou Cadmus, aquele que, sob os acordes da lira de Anfion, viu as pedras vivas de Tebas erguerem-se e alinharem-se por si mesmas.

O livro sagrado primitivo, o livro que Postel chamou a Gênese de Enoque, é a fonte primeira da Cabala ou tradição ao mesmo tempo divina, humana e religiosa. Aí nos aparece, em toda sua simplicidade, a revelação da inteligência suprema à razão e ao amor do homem, a lei eterna regulando a expansão infinita, os números na imensidade e a imensidade nos números, a poesia na matemática e a matemática na poesia.

Quem acreditaria que o livro inspirador de todas as teorias e de todos os símbolos religiosos seria conservado até nossos dias sob a forma de um jogo composto por cartas bizarras? Nada é mais evidente entretanto; e Court de Gebelin, seguido depois por todos aqueles que estudaram seriamente o simbolismo dessas cartas, foi no século passado o primeiro a descobri-lo.

O alfabeto e os dez signos dos números, eis certamente, o que há de mais elementar nas ciências. Reuni a isso os sinais dos quatro pontos cardeais do céu ou das quatro estações, e terá o livro de Enoque inteiro. Porém, cada signo representa uma idéia absoluta ou, se o senhor preferir, essencial.

A forma de cada algarismo e de cada letra tem sua razão matemática e sua significação hieroglífica.

As idéias, inseparáveis dos números, seguem, adicionando-se, dividindo-se ou multiplicando-se, etc., o movimento dos números e adquirem sua exatidão. O livro de Enoque é, enfim, a aritmética do pensamento.

Vosso na santa ciência.

ELIPHAS LEVI



Sétima Lição

A Cabala IV

Senhor e Irmão:

Court de Gebelin vislumbrou, nas vinte e duas chaves do Tarô, a representação dos mistérios egípcios e atribuiu sua invenção a Hermes ou Mercúrio Trismegistos, que era também conhecido por Thaut ou Toth. É certo que os hieróglifos do Tarô se encontram nos antigos monumentos do Egito; é certo que os signos deste livro, traçados em conjuntos sinóticos sobre monolitos ou sobre tábuas metálicas semelhantes à tábua isíaca de Bembo (N. dos T. - Estas inscrições eram feitas em lâminas de cobre e representavam os mistérios de Ísis e da maior parte das divindades egípcias), eram reproduzidos separadamente sobre pedras gravadas ou em medalhas, que originaram mais tarde os amuletos e os talismãs. Separavam-se, assim, as páginas do livro, infinito em suas diversas combinações para se reunir, transpor e dispor de uma maneira sempre nova, para se obterem os oráculos inesgotáveis da verdade.

Possuo um destes antigos talismãs, trazido do Egito por um viajante amigo. Representa o binário dos Ciclos ou, vulgarmente, o "dois de ouros". É a expressão figurada da grande lei da polarização e do equilíbrio, produzindo a harmonia pela analogia dos contrários; eis como esse símbolo é figurado no Tarô que possuímos, e que ainda encontramos à venda:


A medalha que tenho está um pouco desgastada pelo tempo; é do tamanho de uma moeda de cinco francos, mas um pouco mais grossa. Os dois ciclos polares estão representados exatamente como no nosso Tarô italiano, com uma flor de lótus e uma auréola ou nimbo.

A corrente astral, que separa e atrai ao mesmo tempo os dois focos polares, está representada, em nosso talismã egípcio, pelo bode de Mendes, colocado entre duas víboras análogas às serpentes do caduceu. No reverso da medalha, vê-se um adepto ou um sacerdote egípcio que, substituindo o bode de Mendes entre os dois ciclos do equilíbrio universal, conduz por uma estrada margeada de árvores o bode tornado manso como um simples animal, sob a bengala do homem que imita Deus.

Os dez signos dos números, as vinte e duas letras do alfabeto hebraico e os quatro signos astronômicos das estações constituem o sumário e o resumo de toda a Cabala.

Vinte e duas letras e dez números dão as trinta e duas vias do Sepher Yetzirah, quatro origina a Mercavah e o Shemamphorash.

É simples como um brinquedo de crianças e complicado como os mais árduos problemas de matemática pura.

É ingênuo e profundo como a verdade e como a natureza.

Esses quatro signos elementares e astronômicos são as quatro formas da esfinge e os quatro animais de Ezequiel e de São João.

Vosso na sagrada ciência.

ELIPHAS LEVI



Oitava Lição

A Cabala V

Senhor e Irmão:

A ciência da Cabala torna impossível a dúvida em matéria de religião, por ser ela a única que concilia a razão com a fé, mostrando que o dogma universal formulado de maneiras diversas, porém no fundo sempre o mesmo, é a expressão mais pura das aspirações do espírito humano esclarecido por uma fé necessária. Ela faz compreender a utilidade das práticas religiosas que, fixando a atenção, e fortificam a vontade, lançando igualmente uma luz superior sobre todos os cultos. Prova que o mais eficaz de todos os cultos é aquele que por sinais adequados aproxima, por assim dizer, a divindade do homem, fazendo com que ele a veja, toque e, de certa forma, incorpore. Basta dizer que se trata da religião católica.

Esta religião, tal como se apresenta ao vulgo, é a mais absurda de todas, porque é a mais revelada. Emprego esta palavra no seu verdadeiro sentido: revelare; re-velar, velar de novo. O senhor sabe que no Evangelho é dito que por ocasião da morte de Cristo o véu do Templo se rasgou por completo e todo trabalho dogmático da Igreja através dos tempos tem sido o de tecer e bordar um novo véu.

É verdade que os próprios guardiões do santuário, por haverem desejado ser príncipes, perderam há muito tempo as chaves da alta iniciação. Isto não impede que a letra do dogma seja sagrada e os sacramentos eficazes. Disse em meus livros que o culto cristão católico é a alta magia regulada e organizada pelo simbolismo e a hierarquia. É uma combinação de auxílios oferecidos à debilidade humana para afirmar sua vontade no bem.

Nada foi esquecido, nem o templo misterioso e sombrio nem o incenso que tranqüiliza e exalta ao mesmo tempo, nem os cantos prolongados e monótonos que colocam o cérebro em um semi-sonambulismo. O dogma, cujas formas obscuras parecem o desespero da razão, serve de barreira às petulâncias de um crítico inexperiente e indiscreto. Parecem insondáveis, a fim de melhor representarem o infinito. Os próprios ofícios, celebrados numa língua que a massa popular não entende, preenchem o pensamento daquele que ora e o deixam encontrar na oração tudo o que está em relação com as necessidades do espírito e do coração. Eis aí por que a religião católica se assemelha à ave fênix da fábula, que se sucede de século em século e renasce continuamente de suas cinzas. Este grande mistério da fé é simplesmente um mistério da natureza.

Pareceria um enorme paradoxo dizermos que a religião católica é a única que pode ser justamente chamada de natural; e, contudo, isso é verdade; pois só ela satisfaz plenamente essa necessidade natural do homem, que é o sentimento religioso.

Vosso na santa ciência.

ELIPHAS LEVI



Nona Lição

A Cabala VI

Senhor e Irmão:

Se o dogma cristão-católico é completamente cabalístico, deve-se dizer o mesmo dos grandes santuários do mundo antigo. A lenda de Krishna, tal como a relata o Bhagavadam, é um verdadeiro Evangelho, similar ao nosso, porém mais ingênuo e brilhante. As encarnações de Vishnu são dez, como os Sefiroths da Cabala e formam uma revelação, de certo modo mais completa que a nossa. Osíris, morto por Tífon, depois ressuscitado por Ísis, é o Cristo renegado pelos judeus, depois glorificado na pessoa de sua mãe. A Tebaida é a grande epopéia religiosa que deve ser colocada ao lado do grande símbolo de Prometeu. Antígona é o tipo de mulher divina, tão pura quanto Maria. Em todas as partes o bem triunfa pelo sacrifício voluntário, após ter sofrido por algum tempo os assaltos desiguais da força fatal. Os próprios ritos são simbólicos e se transmitem de religião para religião.

As tiaras, as mitras, as sobrepelizes figuram em todas as grandes religiões. Depois se deduziu que todas eram falsas, quando, em verdade, falsa é a conclusão. A verdade é que a religião é una como a própria humanidade, progressiva como ela e permanecendo sempre a mesma, transformando-se continuamente. Se, para os egípcios, Jesus Cristo se denomina Osíris, para os escandinavos Osíris é Balder, morto pelo lobo Jeuris, mas Voda ou Odin lhe devolve a vida e as Valkírias servem-lhe hidromel no Valhala. Menestréis, druidas, bardos, cantavam a morte e a ressurreição de Tarenis ou Tetenus, distribuíam a seus fiéis o agárico sagrado, como nós fazemos com o buxo bendito nas festas do solstício de estio, e rendiam culto à virgindade, inspirado nas sacerdotisas da ilha do Sena.

Podemos, portanto, em plena consciência e com inteira razão, cumprir os deveres que nos impõe nossa religião materna. As práticas são atos coletivos e repetidos com intenção direta e perseverante. Semelhantes atos são sempre benéficos e fortificam a vontade, espécie de ginástica que nos conduz ao fim espiritual que queiramos alcançar. As práticas mágicas e os passes magnéticos não têm outro objetivo e dão resultados análogos aos das práticas religiosas, ainda que sejam mais imperfeitos.

Quantos homens não têm a energia para fazer o que desejam ou devem fazer? Há mulheres que se consagram sem desânimo a trabalhos tão repugnantes e penosos como os das enfermeiras e educadoras. De onde tiram a força? Das pequenas práticas repetidas. Rezam todos os dias o seu ofício e seu terço e fazem de joelhos a oração e o exame particular.

Vosso na santa ciência.

ELIPHAS LEVI



Décima Lição

A Cabala VII

Senhor e Irmão:

A religião não é uma servidão imposta ao homem, é um auxílio que se lhe oferece. As castas sacerdotais trataram, o tempo todo, de explorar, vender e transformar este auxílio em jugo insuportável; a obra evangélica de Jesus tinha por objeto separar a religião do sacerdote ou pelo menos colocar o sacerdote na posição de ministro ou servidor da religião, dando à consciência do homem toda a liberdade e razão. Vede a parábola do bom samaritano e estes preciosos textos: "A lei se fez para o homem e não o homem para a lei. Desgraçados aqueles que prendem e impõem, sobre as espáduas dos outros, fardos que gostariam de tocar apenas com as pontas dos dedos, etc., etc." A Igreja oficial declara-se infalível no Apocalipse, a chave cabalística dos evangelhos, e há no cristianismo, sempre, uma igreja oculta ou Joanita que, respeitando totalmente a necessidade da Igreja oficial, conserva do dogma uma interpretação diferente da que lhe dá o vulgo.

Os templários, os rosacruzes, os Franco-Maçons de alto grau pertenceram todos, antes da revolução francesa, à Igreja, da qual Martinez Pasqually, Saint-Martin e até Mme, de Krudemer foram os apóstolos no século XVIII.

O caráter distintivo desta escola é evitar a publicidade e não se constituir, nunca, em seita dissidente. O conde José de Maistre, esse católico tão radical, era, ainda que não se acredite, simpático à sociedade dos Martinistas e anunciava uma regeneração próxima do dogma por luzes que emanavam dos santuários do ocultismo. Existem todavia sacerdotes fervorosos que estão iniciados nas doutrinas antigas, e um bispo, entre outros, falecido recentemente, pediu-me que lhe ensinasse cabala. Os discípulos de Saint-Martin tomaram o pseudônimo de filósofos desconhecidos, e os discípulos de um mestre moderno muito conhecido não tiveram necessidade de tomar nome algum, pois o mundo não suspeitava da existência deles. Jesus disse que a levedura deve ocultar-se no fundo da vasilha que contém a massa para trabalhar dia e noite em silêncio até que a fermentação invada lentamente toda a massa que deve formar o pão.

Um iniciado pode, com simplicidade e sinceridade, praticar a religião em que haja nascido, porque todos os ritos representam diversamente um único e mesmo dogma; porém não deve abrir o fundo de sua consciência mais que a Deus e ninguém deve saber suas crenças mais íntimas. O sacerdote não pode julgar o que o próprio Papa não compreende. Os signos exteriores do iniciado são a ciência modesta, a filantropia sem ostentação, a uniformidade de caráter e a mais inalterável bondade.

Vosso na santa ciência.


ELIPHAS LEVI


Éliphas Lévi Zahed (tradução hebraica de Alphonse Louis Constant) - (1810 - 1875)

Estas cartas de Éliphas Lévi foram fornecidas por um dos seus discípulos, o Sr. Montaut. Foram publicadas pela primeira vez na revista L'Initiation em 1891.

O Esoterismo


Fala-se de esoterismo, de misticismo, de ocultismo, de religião. E no entanto, todos estes termos pairam no ar sem que muitas pessoas saibam o que são na verdade.

Para que se desfaçam as neblinas da dúvida, eis que se clarificam os conceitos do esoterismo.

Esoterismo é um termo que designa um corpo de conhecimentos teológicos, filosóficos, religiosos e teosóficos.

As doutrinas esotéricas, de um modo geral, defendem um conhecimento apenas acessível a um conjunto de pessoas iniciadas  num certo pensamento religioso ou magico, e que se encontram por isso preparadas para aceder e lidar com certas leis, fenómenos e princípios espirituais, religiosos, filosóficos e místicos.

O termo «eso» , ( por oposição ao termo «exo»), é um elemento de formação das palavras de origem grega, (éso), que exprime o conceito de «no interior», «por dentro».

O termo Esoterismo, etimologicamente advêm do grego «esóteros» , que significa «da maior intimidade» ou «secreto».

Trata-se de uma doutrina secreta, ( doutrina neste caso, é um conjunto de princípios e crenças em que se baseia uma religião ou um sistema religioso), apenas transmitida a discípulos estudiosos e  iniciados nesse mesma doutrina.

O saber esotérico, é por isso o saber de uma doutrina,  que apenas é apenas transmitido aos próprios que estudam esse conhecimento oculto, escondido e misterioso.

Religião é um conjunto de crenças, conhecimentos e saber que pretende explicar e relacionar-se com o mundo espiritual. Uma doutrina, é um conjunto de princípios e crenças que constitui uma religião. E o esoterismo, é o conhecimento secreto, oculto e iniciático presente num determinado sistema religioso.

Alguns dos sistemas esotéricos são de natureza ocultista, ou seja, professam a crença no ocultismo.

Outros sistemas esotéricos são de natureza mística, ou seja, professam a sua crença no misticismo.

Outros sistemas esotéricos são de natureza hermética, ou seja; professam a sua crença no hermetismo.

Eis o que são os 3 sistemas esotéricos mais conhecidos e divulgados:

Ocultismo:Sistema religioso geralmente esotérico, que professa a existência de realidades espirituais e ou sobrenaturais invisíveis, ( ocultas), e dos métodos susceptíveis de os conhecer e manipular, ou seja: as ciências ocultas. As ciências ocultas importam as artes divinatórias, (tarot, astrologia, runas, cartomancia, etc), assim como praticas espirituais de contacto com o mundo sobrenatural, tais como a necromancia, bruxaria, etc.

Misticismo:Corpo de crenças normalmente esotérico, constituído por um tratado ou estudo do mundo espiritual, divino ou celestial, assim como de praticas e rituais passíveis de conduzir a êxtases e ao contacto com o divino. Este sistema dá prioridade á contemplação, á intuição e á fé, por oposição ao conhecimento racional, fazendo precisamente da contemplação, da fé, da intuição por vezes dos estados alterados de consciência, ( êxtases), os meios de obtenção de um segredo que é a essência de uma profunda e grande experiência religiosa de relacionamento com o mundo espiritual ou celestial. A vertente do misticismo no cristianismo é o gnosticismo, e a vertente do misticismo no judaísmo é a Cabalah.

Hermetismo:Conjunto de crenças usualmente esotérico, que defende a existência de uma realidade invisível, e também de uma relação entre o mundo visível e invisível, ao passo que defende um corpo de conhecimentos como forma de comunicação entre esses mundos. Este corpo de conhecimentos esotéricos encontra-se relacionado com Hermes e os seu saber, bem como com princípios religiosos do Antigo Egito.  Hermes Trismegistus é normalmente considerado um nome, e contudo é uma expressão que em latim dignifica "Hermes, o três vezes grande".Na verdade, Hermes Trimegisto é o nome dado a partir dos sec III/IV d.C pelos alquimistas, esotéricos e filósofos da escola platônica ao deus grego Hermes, também identificado como o Deus egípcio Thoth , que era o deus da escrita e da magia. Na Europa e desde a idade media, o hermetismo sempre esteve por isso associado ao paganismo, ou seja: ao politeísmo, por oposição ao domínio monoteísta do cristianismo.


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