quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Cartas de Eliphas Levi


Primeira Lição
Prolegômenos Gerais

Senhor e Irmão:

Posso conferir-vos este título posto que buscais a verdade na sinceridade de vosso coração e que para a encontrar não tem medido sacrifícios.


A verdade, sendo a essência do que é, não é difícil de encontrar: ela está em nós e nós estamos nela. Ela é como a luz e os cegos não a vêem.

O Ser é. Isto é incontestável e absoluto. A idéia exata do Ser é a verdade, seu conhecimento é a ciência; sua expressão ideal é a razão; sua atividade é a criação e a justiça.

O senhor disse que quer ter fé. Para isto basta saber e amar a verdade. Pois a verdadeira fé é a adesão inabalável do espírito às deduções necessárias da ciência no infinito conjetural.

As ciências ocultas são as únicas que dão a certeza, porque elas tomam por base as realidades e não os sonhos. Distinguem em cada símbolo religioso a verdade da mentira. A verdade é a mesma em toda parte e a mentira (a "roupagem" da verdade) varia segundo os lugares, as épocas e as pessoas.

Estas ciências são em número de três: a Cabala, a Magia e o Hermetismo.

A Cabala, ou ciência tradicional dos Hebreus poderia ser chamada de matemática do pensamento humano. É a álgebra da fé. Resolve, com suas equações todos os problemas da alma como se fossem equações, isolando as incógnitas. Dá às idéias a nitidez e a rigorosa exatidão dos números; seus resultados são, para a mente, a infalibilidade (sempre relativa na esfera dos conhecimentos humanos) e a paz profunda para o coração.

A Magia, ou ciência dos magos teve como representantes na antiguidade os discípulos e talvez os mestres de Zoroastro. É o conhecimento das leis secretas e particulares da Natureza que produzem as forças ocultas, os ímãs, quer naturais ou artificiais, que podem existir mesmo fora do mundo dos metais. Em uma palavra, para empregar uma expressão moderna, é a ciência do magnetismo universal.

O Hermetismo é a ciência da natureza oculta nos hieróglifos e símbolos do mundo antigo. É a procura do princípio da vida pelo sonho (para aqueles que ainda não chegaram) da realização da grande obra, a reprodução pelo homem do fogo natural e divino que cria e regenera os seres.

Eis aí, senhor, as coisas que desejais estudar: seu círculo é imenso, porém seus princípios são muito simples e estão contidos nos números e nas letras do alfabeto. "É um trabalho de Hércules, que parece uma brincadeira de crianças", dizem os mestres da ciência sagrada.


As disposições necessárias ao êxito neste estudo compreendem uma grande retidão de julgamento e uma grande independência da mente. É preciso se desfazer de todos os preconceitos e idéias preconcebidas. É por isso que Cristo dizia: "Se não tiverdes a simplicidade de uma criança, não entrareis em Malkuth, isto é, no reino da ciência".

Começaremos pela Cabala, cuja divisão é: Bereschit, Mercavah, Gematria e Temurah.

Vosso na sagrada ciência.



Segunda Lição

A Cabala Objeto e Método

Senhor e Irmão:

A proposição que deveis fazer-vos ao estudar a Cabala é chegar à paz profunda, através da tranqüilidade do espírito e paz do coração.

A tranqüilidade do espírito é uma conseqüência da certeza; a paz do coração vem da paciência e da fé.

Sem a fé, a ciência conduz à dúvida; sem a ciência, a fé conduz à superstição. As duas unidas produzem a certeza e, para uni-las é necessário jamais confundi-las. O objeto da fé é a hipótese e chega a converter-se em certeza quando a hipótese exige a evidência ou as demonstrações da ciência.

A ciência é comprovada com fatos. As leis são inferidas da repetição dos fatos. A generalidade dos fatos em presença de tal ou qual força demonstra a existência das leis. As leis inteligentes são necessariamente desejadas e dirigidas pela inteligência. A unidade das leis faz supor a unidade da inteligência legisladora. A esta inteligência, que estamos obrigados a supor segundo as obras manifestas, mas que não é possível definir, é que chamamos Deus!

A minha carta chegou a vossas mãos; eis aqui um fato evidente; a minha escrita foi reconhecida, bem como meu pensamento, e deduzistes disso que fui eu quem vos escreveu. É uma hipótese razoável, porém a hipótese necessária é a de que alguém escreveu a carta. Poderia ser apócrifa, porém não tendes razão para supô-lo. Se pretendêsseis que a carta tivesse caído do céu, estaríeis beirando o absurdo, estabelecendo uma hipótese absurda.

Eis, portanto, segundo o método cabalístico, como se forma a certeza:

Evidência                                                                
Demonstração científica                Certeza
Hipótese necessária

Hipótese razoável                          Probabilidade

Hipótese duvidosa                         Dúvida

Hipótese absurda                           Erro

Seguindo este método, o espírito adquire uma verdadeira infalibilidade, posto que afirma o que sabe, crê naquilo que necessariamente deve supor, admite as suposições razoáveis, examina as suposições duvidosas e afasta as suposições absurdas.

Toda a Cabala está contida no que os mestres chamaram as trinta e duas vias e as cinqüenta portas. As trinta e duas vias são trinta e duas idéias absolutas e reais ligadas aos signos dos dez números da aritmética e às vinte e duas letras do alfabeto hebraico.

Eis aqui estas idéias:

Números (Sephiroth):

1. - Potência suprema (Kether)

2. - Sabedoria absoluta (Hochmah)

3. - Inteligência infinita (Binah)

4. - Bondade (Chesed)

5. - Justiça ou rigor (Gueburah)

6. - Beleza (Tiphereth)

7. - Vitória (Netzah)

8. - Eternidade (Hod)

9. - Fecundidade (Yesod)

10 - Realidade. (Malkuth)


Terceira Lição

Uso do Método

Senhor e Irmão:

Na lição anterior falei tão-somente das trinta e duas vias; falarei depois das cinqüenta portas.

As idéias expressas pelos números e pelas letras são realidades incontestáveis. Tais idéias encadeiam-se e se combinam como os números. Procede-se logicamente de um ao outro. O homem é o filho da mulher, porém a mulher procede do homem como o número da unidade. A mulher explica a natureza; a natureza revela a autoridade, cria a religião que serve de base à liberdade e que faz o homem dono de si mesmo e do universo, etc. (Procurai um Tarô; creio, porém que tendes um.) Disponde em duas séries de dez cartas alegóricas, numeradas de um a vinte e um. Vereis então todas as figuras que explicam as letras. Quanto aos números, do um ao dez, encontrareis neles a explicação repetida quatro vezes, com os símbolos de paus ou cetro do pai; copas ou delícias da mãe, espadas ou combate do amor e ouros ou fecundidade. O Tarô se encontra no livro hieroglífico das trinta e duas vias e a explicação sumária dele encontra-se no livro atribuído ao patriarca Abraão, que se chama Sepher-Yetzirah.

O sábio Court de Gebelin foi o primeiro que adivinhou a importância do Tarô, a grande chave dos hieróglifos hieráticos. Encontraram-se os símbolos e os números nas profecias de Ezequiel e de São João. A Bíblia é um livro inspirado, porém o Tarô é o livro inspirador, Também foi chamado de roda, rota, de onde se deduziram as formas tarô e torá. Os antigos rosacruzes conheciam-no e o marquês de Suchet fala dele em seu livro acerca dos iluminados.

Deste livro é que surgiram nossos jogos de cartas. As cartas espanholas ainda possuem os principais signos do Tarô primitivo e são utilizados para jogar o jogo do hombre, ou do homem, reminiscência vaga do uso primitivo de um livro misterioso que contém as sentenças reguladoras de todas as divindades humanas.

Os Tarôs antigos eram medalhas, de onde se originaram mais tarde os talismãs. As clavículas ou pequenas chaves de Salomão eram compostas de trinta e seis talismãs contendo setenta e duas estampas análogas às figuras hieroglíficas do Tarô. Essas figuras, alteradas pelos copistas, encontram-se ainda nas antigas clavículas manuscritas que se encontram nas bibliotecas. Existe um desses manuscritos na Biblioteca Nacional de Paris e um outro na Biblioteca do Arsenal. Os únicos manuscritos autênticos delas são os que mostram a série dos trinta e seis talismãs com os setenta e dois nomes misteriosos; os demais, por mais antigos que sejam, pertencem aos delírios da magia negra e contém apenas mistificações.

Vede, para a explicação do Tarô, o meu Dogma e Ritual da Alta Magia.

Vosso na sagrada ciência.



Quarta Lição

A Cabala

Senhor e Irmão:

Bereschith quer dizer "gênese"; Merkavah significa "carro" em alusão às rodas e aos animais misteriosos de Ezequiel.

Bereschith e Merkavah resumem a ciência de Deus e do Mundo.

Digo "ciência de Deus" e, portanto, Deus não é infinitamente desconhecido. Sua natureza escapa completamente a nossas investigações. Princípio absoluto do ser e dos seres, não pode ser confundido com os efeitos que produz e pode-se dizer, afirmando completamente sua existência, que não é nem o não-ser, nem o ser. Fato que confunde a razão sem extraviá-la e nos afasta definitivamente da idolatria.

Deus é o único postulatum absoluto de toda ciência, a hipótese absolutamente necessária que serve de base a toda certeza. Eis aqui como nossos antigos mestres estabeleceram cientificamente esta hipótese correta da fé: o Ser é. No Ser está a vida. A vida manifesta-se pelo movimento. O movimento perpetua-se pelo equilíbrio das forças. A harmonia resulta da analogia dos contrários.

Existe, na natureza, lei imutável e progresso indefinido, mudança perpétua nas formas, indestrutibilidade da substância; e isto é o que se encontra estudando o mundo físico.

A metafísica apresenta leis e fatos análogos, na ordem intelectual ou na moral, o verdadeiro, imutável, de um lado; do outro, a fantasia e a ficção. De um lado, o bem que é o verdadeiro; de outro, o mal que é o falso, e destes conflitos aparentes surgem o julgamento e a virtude. A virtude compõe-se de bondade e justiça. Quando boa, a virtude é indulgente; quando justa, é rigorosa. Ela é boa porque é justa e justa porque é boa; ela se mostra bela.

Esta grande harmonia do mundo físico e do mundo moral, não podendo ter uma causa superior a si própria, revela-nos a existência de uma sabedoria imutável, princípios e leis eternas e de uma inteligência infinitamente criativa. Sobre esta sabedoria e sobre esta inteligência, inseparáveis uma da outra, repousa esta potência suprema que os hebreus chamam a coroa. A coroa e não o rei, porque a idéia de um rei implicaria a de um ídolo. A potência suprema é, para os cabalistas, a coroa do universo, e a criação inteira é o reino da coroa ou, se o senhor preferir, o domínio da coroa.

Ninguém pode dar aquilo que não tem, e nós podemos admitir virtualmente na causa o que se manifesta nos efeitos.

Deus é, portanto, a potência ou coroa suprema (Kether), que repousa sobre a sabedoria imutável (Chochmah) e a inteligência criadora (Binah); nele estão a bondade (Chesed) e a justiça (Gueburah), que são o ideal da beleza (Tiphereth). Nele estão o movimento sempre vitorioso (Netzah) e o grande repouso eterno (Hod). Sua vontade é uma criação contínua (Yesod) e seu reino (Malkuth) é a imensidade que povoa a universo.

Detenhamo-nos aqui: conhecemos Deus!

Vosso na sagrada ciência.



Quinta Lição

A Cabala II

Senhor e Irmão:

Este conhecimento racional da divindade, escalonado nas dez cifras que compõem os números, vos oferece o método completo da filosofia cabalística. O método compõe-se de trinta e dois meios ou instrumentos de conhecimento que se denominam as trinta e duas vias, e de cinqüenta objetos, aos quais pode-se aplicar a ciência, e que se chamam as cinqüenta portas.

A ciência sintética universal considera-se como um templo com trinta e duas vias de acesso e cinqüenta portas.

Este sistema numérico, que também poderia ser chamado decimal, porque sua base é dez, estabelece, pelas analogias, uma classificação exata de todos os conhecimentos humanos. Nada é mais engenhoso, e também nada é mais lógico nem mais exato.

Esse número dez aplicado às noções absolutas do ser na ordem divina, metafísica e natural, repete-se três vezes, o que dá trinta para os meios de análise; acrescentai a silepse e a síntese, a unidade que começa por se propor à mente e aquela do resumo universal, e o senhor terá as trinta e duas vias.

As cinqüenta portas constituem uma classificação dos seres em cinco séries de dez, que abarca todos os conhecimentos possíveis e reina sobre todos os ramos do saber humano.

Mas não é suficiente ter encontrado um método matemático exato. Para ser perfeito é necessário que esse método seja progressivamente revelador, isto é, que ele nos dê o meio de tirar exatamente todas as deduções possíveis para obter os conhecimentos novos e de desenvolver o espírito, sem deixar nada ao capricho da imaginação.

Isto é o que se obtém pela Gematria e pela Temurah que são as matemáticas das idéias. A Cabala tem sua geometria ideal, sua álgebra filosófica e sua trigonometria analógica. É dessa forma que obriga a natureza, de certo modo, a revelar seus segredos.

Adquiridos estes altos conhecimentos, passa-se às últimas revelações da Cabala transcendental e estuda-se no Shemhamphorash, a origem e a razão de todos os dogmas.

Eis aí, senhor e amigo, o que devemos aprender. Veja se isso não vos assusta; minhas cartas são curtas, mas são resumos bastante concisos e que dizem muito em poucas palavras. Deixei um espaço bastante longo entre as minhas cinco primeiras lições para vos dar tempo de refletir; posso escrever-lhe com maior freqüência, se desejar.

Acredite, senhor, em meu ardente desejo de lhe ser útil.

Vosso, de todo coração, na sagrada ciência.

ELIPHAS LEVI



Sexta Lição

A Cabala III

Senhor e Irmão:

A Bíblia deu ao homem dois nomes. O primeiro é Adão, que significa saído da terra ou homem de terra; o segundo é Enos ou Enoque, que significa homem divino ou elevado até Deus. Segundo a Gênese, é este Enos quem primeiro fez homenagens públicas ao princípio dos seres, e este Enos, o mesmo que Enoque, foi, segundo dizem, elevado vivo ao céu após ter gravado sobre duas pedras, que se chamam as colunas de Enoque, os elementos primitivos da religião e da ciência universal.

Este Enoque não é um personagem, mas uma personificação da humanidade, elevada ao sentimento da imortalidade, pela religião e pela ciência. Na época designado pelo nome de Enos ou de Enoque, o culto de Deus apareceu sobre a terra e o sacerdócio começou. Na mesma época começa a civilização com a escritura e os monumentos hieráticos.

O gênio civilizador que os hebreus personificam em Enoque os egípcios chamaram Trismegisto e os gregos Kadmos ou Cadmus, aquele que, sob os acordes da lira de Anfion, viu as pedras vivas de Tebas erguerem-se e alinharem-se por si mesmas.

O livro sagrado primitivo, o livro que Postel chamou a Gênese de Enoque, é a fonte primeira da Cabala ou tradição ao mesmo tempo divina, humana e religiosa. Aí nos aparece, em toda sua simplicidade, a revelação da inteligência suprema à razão e ao amor do homem, a lei eterna regulando a expansão infinita, os números na imensidade e a imensidade nos números, a poesia na matemática e a matemática na poesia.

Quem acreditaria que o livro inspirador de todas as teorias e de todos os símbolos religiosos seria conservado até nossos dias sob a forma de um jogo composto por cartas bizarras? Nada é mais evidente entretanto; e Court de Gebelin, seguido depois por todos aqueles que estudaram seriamente o simbolismo dessas cartas, foi no século passado o primeiro a descobri-lo.

O alfabeto e os dez signos dos números, eis certamente, o que há de mais elementar nas ciências. Reuni a isso os sinais dos quatro pontos cardeais do céu ou das quatro estações, e terá o livro de Enoque inteiro. Porém, cada signo representa uma idéia absoluta ou, se o senhor preferir, essencial.

A forma de cada algarismo e de cada letra tem sua razão matemática e sua significação hieroglífica.

As idéias, inseparáveis dos números, seguem, adicionando-se, dividindo-se ou multiplicando-se, etc., o movimento dos números e adquirem sua exatidão. O livro de Enoque é, enfim, a aritmética do pensamento.

Vosso na santa ciência.

ELIPHAS LEVI



Sétima Lição

A Cabala IV

Senhor e Irmão:

Court de Gebelin vislumbrou, nas vinte e duas chaves do Tarô, a representação dos mistérios egípcios e atribuiu sua invenção a Hermes ou Mercúrio Trismegistos, que era também conhecido por Thaut ou Toth. É certo que os hieróglifos do Tarô se encontram nos antigos monumentos do Egito; é certo que os signos deste livro, traçados em conjuntos sinóticos sobre monolitos ou sobre tábuas metálicas semelhantes à tábua isíaca de Bembo (N. dos T. - Estas inscrições eram feitas em lâminas de cobre e representavam os mistérios de Ísis e da maior parte das divindades egípcias), eram reproduzidos separadamente sobre pedras gravadas ou em medalhas, que originaram mais tarde os amuletos e os talismãs. Separavam-se, assim, as páginas do livro, infinito em suas diversas combinações para se reunir, transpor e dispor de uma maneira sempre nova, para se obterem os oráculos inesgotáveis da verdade.

Possuo um destes antigos talismãs, trazido do Egito por um viajante amigo. Representa o binário dos Ciclos ou, vulgarmente, o "dois de ouros". É a expressão figurada da grande lei da polarização e do equilíbrio, produzindo a harmonia pela analogia dos contrários; eis como esse símbolo é figurado no Tarô que possuímos, e que ainda encontramos à venda:


A medalha que tenho está um pouco desgastada pelo tempo; é do tamanho de uma moeda de cinco francos, mas um pouco mais grossa. Os dois ciclos polares estão representados exatamente como no nosso Tarô italiano, com uma flor de lótus e uma auréola ou nimbo.

A corrente astral, que separa e atrai ao mesmo tempo os dois focos polares, está representada, em nosso talismã egípcio, pelo bode de Mendes, colocado entre duas víboras análogas às serpentes do caduceu. No reverso da medalha, vê-se um adepto ou um sacerdote egípcio que, substituindo o bode de Mendes entre os dois ciclos do equilíbrio universal, conduz por uma estrada margeada de árvores o bode tornado manso como um simples animal, sob a bengala do homem que imita Deus.

Os dez signos dos números, as vinte e duas letras do alfabeto hebraico e os quatro signos astronômicos das estações constituem o sumário e o resumo de toda a Cabala.

Vinte e duas letras e dez números dão as trinta e duas vias do Sepher Yetzirah, quatro origina a Mercavah e o Shemamphorash.

É simples como um brinquedo de crianças e complicado como os mais árduos problemas de matemática pura.

É ingênuo e profundo como a verdade e como a natureza.

Esses quatro signos elementares e astronômicos são as quatro formas da esfinge e os quatro animais de Ezequiel e de São João.

Vosso na sagrada ciência.

ELIPHAS LEVI



Oitava Lição

A Cabala V

Senhor e Irmão:

A ciência da Cabala torna impossível a dúvida em matéria de religião, por ser ela a única que concilia a razão com a fé, mostrando que o dogma universal formulado de maneiras diversas, porém no fundo sempre o mesmo, é a expressão mais pura das aspirações do espírito humano esclarecido por uma fé necessária. Ela faz compreender a utilidade das práticas religiosas que, fixando a atenção, e fortificam a vontade, lançando igualmente uma luz superior sobre todos os cultos. Prova que o mais eficaz de todos os cultos é aquele que por sinais adequados aproxima, por assim dizer, a divindade do homem, fazendo com que ele a veja, toque e, de certa forma, incorpore. Basta dizer que se trata da religião católica.

Esta religião, tal como se apresenta ao vulgo, é a mais absurda de todas, porque é a mais revelada. Emprego esta palavra no seu verdadeiro sentido: revelare; re-velar, velar de novo. O senhor sabe que no Evangelho é dito que por ocasião da morte de Cristo o véu do Templo se rasgou por completo e todo trabalho dogmático da Igreja através dos tempos tem sido o de tecer e bordar um novo véu.

É verdade que os próprios guardiões do santuário, por haverem desejado ser príncipes, perderam há muito tempo as chaves da alta iniciação. Isto não impede que a letra do dogma seja sagrada e os sacramentos eficazes. Disse em meus livros que o culto cristão católico é a alta magia regulada e organizada pelo simbolismo e a hierarquia. É uma combinação de auxílios oferecidos à debilidade humana para afirmar sua vontade no bem.

Nada foi esquecido, nem o templo misterioso e sombrio nem o incenso que tranqüiliza e exalta ao mesmo tempo, nem os cantos prolongados e monótonos que colocam o cérebro em um semi-sonambulismo. O dogma, cujas formas obscuras parecem o desespero da razão, serve de barreira às petulâncias de um crítico inexperiente e indiscreto. Parecem insondáveis, a fim de melhor representarem o infinito. Os próprios ofícios, celebrados numa língua que a massa popular não entende, preenchem o pensamento daquele que ora e o deixam encontrar na oração tudo o que está em relação com as necessidades do espírito e do coração. Eis aí por que a religião católica se assemelha à ave fênix da fábula, que se sucede de século em século e renasce continuamente de suas cinzas. Este grande mistério da fé é simplesmente um mistério da natureza.

Pareceria um enorme paradoxo dizermos que a religião católica é a única que pode ser justamente chamada de natural; e, contudo, isso é verdade; pois só ela satisfaz plenamente essa necessidade natural do homem, que é o sentimento religioso.

Vosso na santa ciência.

ELIPHAS LEVI



Nona Lição

A Cabala VI

Senhor e Irmão:

Se o dogma cristão-católico é completamente cabalístico, deve-se dizer o mesmo dos grandes santuários do mundo antigo. A lenda de Krishna, tal como a relata o Bhagavadam, é um verdadeiro Evangelho, similar ao nosso, porém mais ingênuo e brilhante. As encarnações de Vishnu são dez, como os Sefiroths da Cabala e formam uma revelação, de certo modo mais completa que a nossa. Osíris, morto por Tífon, depois ressuscitado por Ísis, é o Cristo renegado pelos judeus, depois glorificado na pessoa de sua mãe. A Tebaida é a grande epopéia religiosa que deve ser colocada ao lado do grande símbolo de Prometeu. Antígona é o tipo de mulher divina, tão pura quanto Maria. Em todas as partes o bem triunfa pelo sacrifício voluntário, após ter sofrido por algum tempo os assaltos desiguais da força fatal. Os próprios ritos são simbólicos e se transmitem de religião para religião.

As tiaras, as mitras, as sobrepelizes figuram em todas as grandes religiões. Depois se deduziu que todas eram falsas, quando, em verdade, falsa é a conclusão. A verdade é que a religião é una como a própria humanidade, progressiva como ela e permanecendo sempre a mesma, transformando-se continuamente. Se, para os egípcios, Jesus Cristo se denomina Osíris, para os escandinavos Osíris é Balder, morto pelo lobo Jeuris, mas Voda ou Odin lhe devolve a vida e as Valkírias servem-lhe hidromel no Valhala. Menestréis, druidas, bardos, cantavam a morte e a ressurreição de Tarenis ou Tetenus, distribuíam a seus fiéis o agárico sagrado, como nós fazemos com o buxo bendito nas festas do solstício de estio, e rendiam culto à virgindade, inspirado nas sacerdotisas da ilha do Sena.

Podemos, portanto, em plena consciência e com inteira razão, cumprir os deveres que nos impõe nossa religião materna. As práticas são atos coletivos e repetidos com intenção direta e perseverante. Semelhantes atos são sempre benéficos e fortificam a vontade, espécie de ginástica que nos conduz ao fim espiritual que queiramos alcançar. As práticas mágicas e os passes magnéticos não têm outro objetivo e dão resultados análogos aos das práticas religiosas, ainda que sejam mais imperfeitos.

Quantos homens não têm a energia para fazer o que desejam ou devem fazer? Há mulheres que se consagram sem desânimo a trabalhos tão repugnantes e penosos como os das enfermeiras e educadoras. De onde tiram a força? Das pequenas práticas repetidas. Rezam todos os dias o seu ofício e seu terço e fazem de joelhos a oração e o exame particular.

Vosso na santa ciência.

ELIPHAS LEVI



Décima Lição

A Cabala VII

Senhor e Irmão:

A religião não é uma servidão imposta ao homem, é um auxílio que se lhe oferece. As castas sacerdotais trataram, o tempo todo, de explorar, vender e transformar este auxílio em jugo insuportável; a obra evangélica de Jesus tinha por objeto separar a religião do sacerdote ou pelo menos colocar o sacerdote na posição de ministro ou servidor da religião, dando à consciência do homem toda a liberdade e razão. Vede a parábola do bom samaritano e estes preciosos textos: "A lei se fez para o homem e não o homem para a lei. Desgraçados aqueles que prendem e impõem, sobre as espáduas dos outros, fardos que gostariam de tocar apenas com as pontas dos dedos, etc., etc." A Igreja oficial declara-se infalível no Apocalipse, a chave cabalística dos evangelhos, e há no cristianismo, sempre, uma igreja oculta ou Joanita que, respeitando totalmente a necessidade da Igreja oficial, conserva do dogma uma interpretação diferente da que lhe dá o vulgo.

Os templários, os rosacruzes, os Franco-Maçons de alto grau pertenceram todos, antes da revolução francesa, à Igreja, da qual Martinez Pasqually, Saint-Martin e até Mme, de Krudemer foram os apóstolos no século XVIII.

O caráter distintivo desta escola é evitar a publicidade e não se constituir, nunca, em seita dissidente. O conde José de Maistre, esse católico tão radical, era, ainda que não se acredite, simpático à sociedade dos Martinistas e anunciava uma regeneração próxima do dogma por luzes que emanavam dos santuários do ocultismo. Existem todavia sacerdotes fervorosos que estão iniciados nas doutrinas antigas, e um bispo, entre outros, falecido recentemente, pediu-me que lhe ensinasse cabala. Os discípulos de Saint-Martin tomaram o pseudônimo de filósofos desconhecidos, e os discípulos de um mestre moderno muito conhecido não tiveram necessidade de tomar nome algum, pois o mundo não suspeitava da existência deles. Jesus disse que a levedura deve ocultar-se no fundo da vasilha que contém a massa para trabalhar dia e noite em silêncio até que a fermentação invada lentamente toda a massa que deve formar o pão.

Um iniciado pode, com simplicidade e sinceridade, praticar a religião em que haja nascido, porque todos os ritos representam diversamente um único e mesmo dogma; porém não deve abrir o fundo de sua consciência mais que a Deus e ninguém deve saber suas crenças mais íntimas. O sacerdote não pode julgar o que o próprio Papa não compreende. Os signos exteriores do iniciado são a ciência modesta, a filantropia sem ostentação, a uniformidade de caráter e a mais inalterável bondade.

Vosso na santa ciência.


ELIPHAS LEVI


Éliphas Lévi Zahed (tradução hebraica de Alphonse Louis Constant) - (1810 - 1875)

Estas cartas de Éliphas Lévi foram fornecidas por um dos seus discípulos, o Sr. Montaut. Foram publicadas pela primeira vez na revista L'Initiation em 1891.

O Esoterismo


Fala-se de esoterismo, de misticismo, de ocultismo, de religião. E no entanto, todos estes termos pairam no ar sem que muitas pessoas saibam o que são na verdade.

Para que se desfaçam as neblinas da dúvida, eis que se clarificam os conceitos do esoterismo.

Esoterismo é um termo que designa um corpo de conhecimentos teológicos, filosóficos, religiosos e teosóficos.

As doutrinas esotéricas, de um modo geral, defendem um conhecimento apenas acessível a um conjunto de pessoas iniciadas  num certo pensamento religioso ou magico, e que se encontram por isso preparadas para aceder e lidar com certas leis, fenómenos e princípios espirituais, religiosos, filosóficos e místicos.

O termo «eso» , ( por oposição ao termo «exo»), é um elemento de formação das palavras de origem grega, (éso), que exprime o conceito de «no interior», «por dentro».

O termo Esoterismo, etimologicamente advêm do grego «esóteros» , que significa «da maior intimidade» ou «secreto».

Trata-se de uma doutrina secreta, ( doutrina neste caso, é um conjunto de princípios e crenças em que se baseia uma religião ou um sistema religioso), apenas transmitida a discípulos estudiosos e  iniciados nesse mesma doutrina.

O saber esotérico, é por isso o saber de uma doutrina,  que apenas é apenas transmitido aos próprios que estudam esse conhecimento oculto, escondido e misterioso.

Religião é um conjunto de crenças, conhecimentos e saber que pretende explicar e relacionar-se com o mundo espiritual. Uma doutrina, é um conjunto de princípios e crenças que constitui uma religião. E o esoterismo, é o conhecimento secreto, oculto e iniciático presente num determinado sistema religioso.

Alguns dos sistemas esotéricos são de natureza ocultista, ou seja, professam a crença no ocultismo.

Outros sistemas esotéricos são de natureza mística, ou seja, professam a sua crença no misticismo.

Outros sistemas esotéricos são de natureza hermética, ou seja; professam a sua crença no hermetismo.

Eis o que são os 3 sistemas esotéricos mais conhecidos e divulgados:

Ocultismo:Sistema religioso geralmente esotérico, que professa a existência de realidades espirituais e ou sobrenaturais invisíveis, ( ocultas), e dos métodos susceptíveis de os conhecer e manipular, ou seja: as ciências ocultas. As ciências ocultas importam as artes divinatórias, (tarot, astrologia, runas, cartomancia, etc), assim como praticas espirituais de contacto com o mundo sobrenatural, tais como a necromancia, bruxaria, etc.

Misticismo:Corpo de crenças normalmente esotérico, constituído por um tratado ou estudo do mundo espiritual, divino ou celestial, assim como de praticas e rituais passíveis de conduzir a êxtases e ao contacto com o divino. Este sistema dá prioridade á contemplação, á intuição e á fé, por oposição ao conhecimento racional, fazendo precisamente da contemplação, da fé, da intuição por vezes dos estados alterados de consciência, ( êxtases), os meios de obtenção de um segredo que é a essência de uma profunda e grande experiência religiosa de relacionamento com o mundo espiritual ou celestial. A vertente do misticismo no cristianismo é o gnosticismo, e a vertente do misticismo no judaísmo é a Cabalah.

Hermetismo:Conjunto de crenças usualmente esotérico, que defende a existência de uma realidade invisível, e também de uma relação entre o mundo visível e invisível, ao passo que defende um corpo de conhecimentos como forma de comunicação entre esses mundos. Este corpo de conhecimentos esotéricos encontra-se relacionado com Hermes e os seu saber, bem como com princípios religiosos do Antigo Egito.  Hermes Trismegistus é normalmente considerado um nome, e contudo é uma expressão que em latim dignifica "Hermes, o três vezes grande".Na verdade, Hermes Trimegisto é o nome dado a partir dos sec III/IV d.C pelos alquimistas, esotéricos e filósofos da escola platônica ao deus grego Hermes, também identificado como o Deus egípcio Thoth , que era o deus da escrita e da magia. Na Europa e desde a idade media, o hermetismo sempre esteve por isso associado ao paganismo, ou seja: ao politeísmo, por oposição ao domínio monoteísta do cristianismo.


Glossário de Magia


Adivinhação: arte de prever e interpretar coisas ocultas e predizer o futuro. Faculdade de adivinhar o futuro, explicitar pressentimentos. Os romanos recorriam à adivinhação tanto para seus assuntos privados como públicos.

Aeromancia : adivinhação pelo vento ou vidência através do vento. Esta ciência adivinhatoria era praticada pelos sacerdotes da antiga Babilónia. A observação dos fenómenos ligados ao vento permite predizer o futuro, tendo em conta a intensidade do vento, a sua direção, os movimentos das nuvens e do ar. O vidente observava estes fenómenos de manhã e deles retirava as suas previsões.
Exemplos de interpretação:
Vento de Norte: o sentido do vento pressagia um dia propicio ao amor e ao reencontro.
Vento de Sul: pressagia embustes ao longo do dia.
Vento de Oeste: bom dia em perspectiva.
Vento de Este: dia ligado ao espiritual.

Aleuromancia : adivinhação pela farinha espalhada no chão, interpretando-se os desenhos que ela formar.

Alomancia : a alomancia é a adivinhação pelo sal. Antigamente atribuía-se ao sal propriedades mágicas e divinatórias. Existem dois métodos de praticar a alomancia.
O primeiro método permite obter respostas do tipo “sim” ou “não”, positivo ou negativo: o consultante apanha um punhado de sal grosso e coloca-o sobre uma placa, sobre o fogão. Se o sal crepitar fortemente e durante bastante tempo, a resposta será negativa. Se crepitar baixinho e durante pouco tempo, a resposta será positiva.
O segundo método permite obter respostas mais desenvolvidas e complexas. O consultante lança um punhado de sal no solo e interpreta as formas formadas pelo sal.

Alquimia: ciência oculta que, se baseando no simbolismo mineral e planetário provindo de uma tradição esotérica, procurava estabelecer correspondências entre o mundo material e espiritual. A alquimia permitiria transmutar os metais, mais precisamente transmutar o chumbo em ouro ou prata, através da pedra filosofal. A alquimia também visava encontrar a medicina universal e a fórmula permitindo de elaborar o elixir de longevidade.
A alquimia apareceu no Egito antigo e evoluiu para a Idade Media até ao Renascimento. A alquimia entra em declínio a partir do século XII, sendo que a partir do século XVIII, começa a ser confundida com a química convencional.

Amuleto:  do latim amuletum  «maneira de se proteger », é um objeto ao qual se atribuem poderes mágicos para proteção, para sorte ou para afastar o azar. Os amuletos apenas protegem contra os perigos ou os males contra os quais foram concebidos.
Na antiga Babilónia, era costume trazer consigo minusculos cilindros feitos de argila inscrustada de pedras preciosas, para afastar maus espiritos. Os romanos colecionavam estátuas de Priape, Deus da Sorte e da Fertilidade... Na américa é comum pendurar um ferro de cavalo por cima da porta para proteger da má sorte e das visitas indesejáveis.
Não confundir amuletos com talismãs. Os primeiros têm em vista a proteção, enquanto que os segundos são objectos mágicos, com propriedades ocultas e capacidade para atrair influências beneficas.

Antiteus: duendes malfeitores que, na antiga Grécia, enganavam os homens.

Apantomancia: adivinhação pela interpretação simbólica de animais, objectos ou formas que aparecem de repente, casualmente, no quotidiano das pessoas.
Exemplos:
Borboletas - saúde fértil e momentos de felicidade
Grilos – sorte. Mas um gato preto no caminho é, para muitos, símbolo de azar.
Gatos- sorte também
Ratazanas a saírem da casa - morte
Galo a cantar durante o dia - visita nesse mesmo dia

Astrologia: estudo da influencia dos astros sobre o comportamento humano e grupos sociais, e seu destino.

Ask: primeiro homem da mitologia escandinava. Foi criado pelo poder mágico de três Deuses nórdicos: Odin, Honir e Lotur. Ask antes de ser um homem era um freixo encalhado numa praia. Odin insuflou-lhe uma alma, Honir deu-lhe o poder de pensar e Lodur deu-lhe o dom da vida com suas emoções. Outra árvore, um olmo, também ele encalhado nessa mesma praia, tornou-se graças aos mesmos Deuses, Embla, a primeira mulher, companheira destinada a Ask.

Aritomancia: adivinhação através dos números. Ciência que estuda as relações existentes entre os números, a sua correlação com o Cosmos e seu significado secreto. As grandes escolas de aritomanticas são as de Pitágoras e da Kabbala.

Arúspices: adivinhos do futuro, que interpretavam as entranhas dos animais, na Roma antiga.

Aura: a aura é a manifestação visível da força vital e do campo energético de um indivíduo. A aura é geralmente representada por uma halo de luz colorida que parece emergir da pessoa, sendo que a sua cor pode variar em função do estado de espírito da pessoa.

Augúrio: a palavra augúrio provem da civilização romana, onde um augúrio significava um pressentimento. Um bom augúrio era um bom pressentimento e um mau augúrio, um mau pressentimento. O augúrio era uma mensagem enviada pelos Deuses. Essa mensagem devia ser descodificada o quanto antes a fim de adequar a conduta e agradar aos Deuses. Os primeiros augúrios foram fornecidos pelos pássaros, bastando observá-los e escutá-los para deles retirar a mensagem divina. Posteriormente, os augúrios estenderam-se ao céu. Os romanos observavam os fenómenos celestes para lá descobrir os bons ou maus augúrios.

Axinomancia: adivinhação que utiliza um machado para predizer o futuro. A adivinhação pelo machado permitia descobrir tesouros ou ladrões.
2 métodos de previsão:
- O vidente aquecia a lâmina do machado e colocava uma ágata redonda sobre o lado cortante. Se a ágata se equilibrava ou rolava em sentidos diferentes, significava que não havia tesouro. Se a ágata rolava três vezes para o mesmo lado, esse lado indicava em que sentido se encontrava o tesouro.
- Colocar o machado equilibrado sobre uma estava e dançar á sua volta até que caia no chão. Bastava seguir a direção indicada pelo cabo do machado para encontrar o ladrão procurado. Quando se tinha suspeita de vários indivíduos, dizem que o machado cairia quando fosse pronunciado o nome do culpado.

Bacidas: a antiguidade grega distinguia as sibilas das bacidas. Bacida era o adivinho que fazia suas previsões com a inspiração das ninfas.

Bastão de comando: vara enfeitada, usada pelos feiticeiros desde a pré-história. Supõe-se que foi dela que se originou a varinha de condão.

Bibliomância: adivinhação pelos livros. O princípio da bibliomância é muito simples. Basta apanhar um livro ao acaso, abrir uma página ao acaso e escolher aleatóriamente uma frase, Essa frase assim escolhida é um pressagio ou uma predição.

Bifrost (ou Asbru): nas mitologias escandinavas, celtas e germânicas é o nome dado à ponte (arco-iris) que liga a morada dos Deuses (Asgard) e a Terra (Midgard), terra dos mortais. Simbolicamente o Bifrost é o traço de união entre o céu e a terra, a ligação entre os Deuses e os Homens (ou a alma dos homens). Para realizar seus conselhos, diariamente os Deuses viajavam sob a sombra da árvore Yggdrasil. A ponte foi construída pelos Aesir, e era um enorme Arco-iris, cujo guardião era Heimdall. A cor vermelha do arco-íris era formada por um fogo flamejante, que servia como defesa contra os gigantes. No final do mundo, a ponte seria destruída durante o Ragnarok.

Bolomância: adivinhação pelas setas. Este método divinatório foi utilizado pelos Caldeus, pelos Gregos, pelos Árabes. Os Caldeus inscreviam nas suas flechas o nome das cidades para que queriam ir. Colocavam então as flechas na aljava, de onde retiravam uma ao acaso. O nome da cidade inscrito na flecha indicava o seu próximo destino. Outros povos inscreviam nas flechas símbolos ocultos. A bolomancia era igualmente utilizada por viajantes perdidos que lançavam a flecha ao ar e seguiam na direção que a flecha indicasse uma vez chegada ao solo.

Botanomância: arte adivinhatoria que consiste em predizer o futuro graças à análise e observação dos vegetais. No geral o método consiste em expor as folhas ao vento e as que não saírem do lugar ou não forem levadas, indicam as respostas favoráveis. A botanomância era uma ciência muito praticada na idade média. Por exemplo, era bastante utilizado o método das folhas a voar para os apaixonados cujo coração balançava entre várias pessoas. A fim de determinar a pessoa pela qual se estava mais apaixonado, escrevia-se o nome das diferentes pessoas em vista, em folhas diferentes. Depois essas folhas eram colocadas num sítio arejado mas não exposto ao vento. Ao cabo de três dias via-se a posição das folhas. A folha que se tivesse deslocado menos designava a pessoa mais amada. Se a folha estivesse seca, era sinal de um amor platónico.

Cartomancia: adivinhação pela leitura das cartas de jogar.

Capnomancia: adivinhação baseada na interpretação da fumaça dos fogos sacrificiais ou dos braseiros nos quais são lançados nas suas chamas sementes de verbena, de jasmin ou de outras plantas sagradas.

Catoptromancia: palavra formada do grego Κάτοπτρο [katoptron]- espelho- e μαντεία [manteia] –adivinhação- é a adivinhação através da interpretação de figuras aparecendo num espelho. Este método foi iniciado por volta do seculo VI a.c pelos gregos. O mesmo consistia em usar um copo raso ou uma tigela de louça com água onde a imagem da pessoa era refletida na superfície, como num espelho, e lida por um vidente. Se um desses recipientes caísse e quebrasse enquanto alguém se olhava, significava que ou a pessoa ia morrer ou os dias vindouros seriam catastróficos. Os romanos adotaram o costume e a superstição grega, acrescentando que o infortúnio se estenderia por sete anos, tempo que acreditavam durar seu ciclo de saúde.

Causinomancia: adivinhação através do fogo. Na antiguidade, os objetos que não se inflamassem ao contacto com o fogo no qual eram lançados, eram considerados de bom augúrio, sendo que as chamas eram consideradas de mau presságio.

Ceraunoscopia: arte de adivinhar segundo a observação dos fenómenos do raio, na Grécia antiga.

Ceromancia: Do latin cera, cirer. Adivinhação por meio de cera derretida. O método consistia em segurar uma vela acesa por cima de uma bacia de água, na qual se deixava cair, gota a gota, a cera derretida ou então verter a cera num suporte molhado. As gotas e suas formas assim formadas eram então interpretadas.

Channiling: significa canal, possibilidade de receber e emitir pensamentos com um guia, um anjo, um ser de luz…

Cheloniomancia: método de adivinhação que foi praticado pelos chineses, e no qual é usado uma carapaça de tartaruga como suporte de vidência. Pela sua longevidade, na China, a tartaruga e considerada como uma imagem do universo. A sua carapaça é quadrada na sua base e redonda no topo. Ora no simbolismo chinês, o quadrado é o símbolo do mundo celeste. Os videntes chineses submetiam a carapaça da tartaruga à ação do fogo que fazia aparecer fissuras na escama; 360 tipos de fissuras foram codificadas pelos videntes chineses para descrever diversas circunstancias, tempo e lugares.

Ciedomancia: adivinhação que utiliza chaves.

Cledomancia: adivinhação do futuro através de palavras humanas ouvidas ao acaso. Metodo de adivinhação muito na moda na Grécia Antiga, a cledomancia fora codificada.
Eis segundo Pausanias como era consultado Hermes Agoraios:
“Diante da estátua de Hermes barbudo se encontra uma casa em torno do qual são colocadas lâmpadas de bronze, aquele que quiser consultar o Deus vem à noite, queima incenso sobre o fogo, em seguida, depois de ter derramado óleo nas lâmpadas e de as ter acendido, coloca no altar à direita da estátua, uma moeda do País, e aproxima-se então da estátua do deus para lhe sussurrar ao ouvido a pergunta que o levou ali; após o que ele deixa este lugar e tapando-se os ouvidos, e a primeira voz que ele ouve, é a resposta do oráculo”.

Cleromancia: adivinhação por meio de sorteio, com lâminas de chumbo, pedrinhas, caroços e sementes.

Criptografia: escrita secreta que pode ser executada com abreviaturas, sinais combinados ou tinta simpática.

Dafnomancia: Do grego daphné, loureiro. Adivinhação que tem como suporte o loureiro. Este tem diversas propriedades, nomeadamente de tornar clarividente e inspirar sonhos premonitórios. Os adivinhos mastigavam as folhas tal como as Pythias de Delfos, e queimavam folhas para provocar fumaça antes de revelarem seus oráculos. A dafomancia também consistia em queimar um ramo de loureiro e a interpretar o modo como este ardia. Chamas claras e crepitantes constituíam felizes presságios.

Demónios: para os povos da Antiguidade, os demónios (ou daimon) eram génios mediadores entre os Deuses e os homens, sendo que alguns faziam o bem e outros nem por isso. A tradição judaico-cristã passou a considerar os demónios como anjos caídos, imbuídos de um espírito maligno.

Druida: origem Celta. O Druida é considerado o intermediário entre os Deuses e os Homens. Na aldeia ele desempenha várias funções: é o guardião do saber e da sabedoria, jurista, conselheiro militar do rei e da classe guerreira, filósofo, ministro do culto é o único que pode fazer sacrifícios… Na sociedade celta os Druidas eram unicamente homens, e cada aldeia tinha o seu Druida.

Duende: ente fantástico que se acreditava aparecer à noite fazendo travessuras.

Elfos: nome dado aos génios do ar, seres luminosos, aéreos e quase que invisíveis que por vezes vêm em auxilio dos seres humanos. O termo elfo deriva de alfe, génio nórdico. A mitologia escandinava distingue duas espécies de alfes: os alfes brancos ou Jusalfer (que são génios de luz e moram em Alfheim) e os alfes negros ou Dunekalfar (que são os génios das trevas que se escondem da luz no seu mundo subterraneo, Svartalfaheim, pois o sol os transformaria em pedra). Os alfes negros são magos que conhecem o poder das runas.

Elixir da longa vida: líquido proveniente da pedra filosofal dos alquimistas, que concederia a eterna juventude.

Encantamento: designa uma operação mágica, benéfica ou maléfica, consoante os sentimentos de amor ou ódio daquele que o faz.

Enoptromancia: adivinhação por meio de espelho mágico, que revela o futuro, mesmo aos que têm os olhos fechados ou vendados.

Encromancia: método de adivinhação que permite predizer o futuro a partir de manchas de tinta. O consultante pede ao consulente para fazer manchas de tinta numa folha branca e depois interpreta-as. O consultante escreve numa folha branca o seu nome e a questão para a qual deseja uma resposta. Depois lança para cima da folha algumas gotas de tinta (3, 7 ou 13), dobra então a folha em quatro. Uma vez a tinta seca, a folha é aberta e o consultante interpreta as formas representadas pelas manchas de tinta.
Não confundir este método adivinhatório com o teste de personalidade de Rorschach.

Fantasma: um fantasma ou espectro, é uma aparição visual de uma entidade do “outro lado”. Um fantasma é uma manifestação do espírito de um defunto, seja de um defunto que não se consegue libertar e fica condenado a vaguear pela terra, seja um espírito que volta do outro lado para se vingar, ou para ajudar seus entes queridos, ou que deseja entrar em contacto com os vivos para fazer passar diversas mensagens.
Os fantasmas, cuja palavra deverá ser relacionada etimologicamente ao grego φάντασμα e φάντασις (respectivamente « aparição » e « visão ») são igualmente chamados de espectros, espiritos, ectoplasmas, poltergeists, incubus ou sucubos, sendo que as variantes de denominação deverão ser entendidas de acordo com uma evolução histórica e cultural.

Génios : Os génios são encontrados em todos os cultos da Antiguidade. Designavam divindades segundarias, intermediárias entre os Deuses que presidiam ao destino dos homens e os seres humanos. Jinns para os árabes, Devatas e Daimons entre os índios, Tchin para os chineses... esses gênios, às vezes comportavam-se como demônios tentadores ou como anjos da guarda.

Geomancia: do grego Gê (terra) e Manteia (adivinhação). É a adivinhação pela terra (em oposição à adivinhação pelo céu ou astromancia). Esta ciência adivinhatoria consiste em traçar no solo figuras geométricas abstratas, constituidas por pontos, e a interpretá-los. Segundo os países e os videntes que a esta arte recorriam, o metodo de obtenção destas figuras variava:  pontos marcados batendo no solo com um bastão, pontos traçados diretamente no solo com um dedo, pontos obtidos por intermédio de dois dados, etc… A origem desta ciencia complexa, remonta a mais de 2000 anos antes de nossa era. Teria nascido na Asia Central, sendo os árabes que, aquando de suas expedições a teriam trazido para a Europa, a India e a China na Idade Média.

Goetia : Do grego goêteia. Este termo deve sua origem aos magos gregos, os goetas, que evocavam os Deuses para realizar seus encantamentos, atraves de invocações e gritos. A goetia qualifica a magia negra, a que se realiza pela invocação de potencias infernais. Sob Tiberio, os Goetas foram banidos de Italia.

 Golem : O nome é uma derivação da palavra gelem (גלם), que significa "matéria-prima". O golem é, segundo a tradição cabalistica, uma estátua de argila vermelha que toma vida logo que o mago que a molda escreva na sua fronte as letras sagradas da vida. Então os seus poderes seriam ilimitados : crescendo em tamanho e em força, o golem faria todos os serviços. Ele poderia ser usado de forma malevola ou benefica pelo seu criador, a quem ele seria submisso. Poderoso, o golem poderia no entanto representar um risco para o proprio mago que o criou. Para o tornar inerte e perder figura humana, o mago deveria então apagar de sua fronte a primeira letra, simbolo da vida, o que o levaria à morte. Assim ao apagar a primeira letra de Emet (da direita para a esquerda, dado que é assim escrito o hebraico), formando Met (מת, "morto" em hebraico), o golem era desfeito.
Adão é descrito no Talmud (Tratado Sanhedrin 38b) inicialmente criado como um golem quando seu pó estava "misturado num pedaço sem forma".

Hematomancia: do grego haimatos, sangue. Adivinhação pelo sangue. Este método de adivinhação foi praticado pelos Caldeus, Gregos e Etruscos, que interpretavam os desenhos formados pelo sangue derramado no solo ou sobre um tecido, por um animal sacrificado.

Glossário de Stregheria


Um Glossário contendo alguns termos e jargões utilizados dentro do universo da Bruxaria Tradicional Italiana. Alguns dos termos são específico de uma dada tradição ou de certas tradições, já outros podem ser aplicados a todas. Misturam-se aqui influências das culturas etrusca, romana e grega, bem como da Língua Italiana oficial e dos mais variados dialetos falados na península.

Animulare: As Streghe da Sicília. Seita das Bruxas Sicilianas, que clamam o poder da Transfiguração e estão estreitamente ligadas ao Culto dos Mortos.

Asteris: Nome utilizado em alguns Clãs Stregonesci para designar o Reino dos Deuses que se situa entre as estrelas. Termo de origem Etrusca. Na antiga religião etrusca este Reino era envolto em Brumas, e os Deuses das Brumas eram os antecessores dos Deuses da Terra.

Bele Butele: As Streghe do Veneto Ocidental.

Benandanti: 'Bruxos' que usa(va)m seus poderes para o bem e harmonia. Linhagem de bruxos que luta(va)m contra os malandanti. Conhecidos por usar varas mágicas feitas do galho da erva-doce para atrair os bons augúrios e combater o 'mal'.

Boschetto: Termo que indica um grupo de bruxos que realizam suas práticas juntos. Palavra derivada de bosco (bosque), local tradicional de encontro de bruxos. Semelhante ao coven wiccano. Congrega.

Capinera: O Homem de Negro. Emissário da Velha Religião. Nas épocas da perseguição ele era o mensageiro dos Sacerdotes, enviado aos camponeses para assegurar a sobrevivência dos antigos cultos. O Homem de Negro ou Capinera inspecionava os vilarejos e observava indivíduos que procuravam a solidão dos bosques ou lugares isolados. Geralmente, essas pessoas só eram abordadas se o seu comportamento sugerisse um interesse em crenças populares ou se parecessem proscritos da cidade ou vilarejo. Às vezes um Boschetto era no início organizado e conduzido pelo Capinera. É interessante notar que a figura do Capinera é encontrada não somente na Bruxaria Italiana, mas em toda a Europa, onde era conhecido normalmente como o Homem de Negro ou o “Diabo”. A maioria dos relatos da Inquisição apontam para ele, que aparecia para as Bruxas para lhes “converter” ao Culto da Bruxa. O Capinera ou o Corvo é o Mensageiro do Clã, responsável pela comunicação entre os Boschetti que fazem parte do mesmo Clã, e como Mensageiro do Clã, é o Acólito e “braço direito” do Grimas.

Chama Espiritual: Chama Ritual que é acesa no Altar, produzida por algum líquido alcoólico, que simboliza o Poder da Bruxaria e a Presença dos Espíritos dos Velhos Caminhos.

Cimaruta: Termo que significa ramo de arruda. Amuleto, normalmente feito em prata (metal relacionado à Lua), símbolo da Vecchia Religione. O símbolo é composto por um ramo de arruda (erva sagrada da Bruxaria Italiana), onde estão dispostos uma flor de verbena com cinco pétalas, um peixe, uma lua com uma serpente e uma chave. A flor de verbena representa a proteção, o peixe representa prosperidade e sorte, a lua com a serpente representa os poderes ocultos e psíquicos e a chave representa o conhecimento dos Mistérios.

Clã: 1 - Boschetti e Bruxos ligados entre si por um 'Boschetto Principal' ou por um Grimas fundador. 2 - Tradição da Stregoneria. Existem diversos Clãs na Stregoneria, tais como: o Clã Nemorensino, o Clã Tanarrico, o Clã Fanarrico, o Clã Janarrico, a Tradição Aridiana, a Tradição Ariciana, o Clã Napolitano, as Streghe de Benevento (Janare), a Tradição Hereditária Siciliana (Animulare), Clã Bazure, etc...

Clã Nemorensino: Clã de Stregoneria formado a partir da união de dois Stregoni de diferentes Clãs do Norte da Itália, que unindo seus conhecimentos, fundaram o Clã Nemorensino da Bruxaria Italiana. O nome refere-se a herança que os dois Clãs que fundaram este último detém dos Mistérios ensinados na região do Lago Nemi. No Clã Nemorensino os Ensinamentos e Treinamentos são secretos, e a pessoa somente se torna membro efetivo após sua Iniciação formal em um Boschetto, assim sendo, não há auto-iniciações no mesmo. Não confundir com suposta 'Tradição' brasileira neo-wiccana de nome similar.

Congrega: Grupo de bruxos que se reúne para celebrar os ritos sagrados. Congregação de bruxos. Boschetto. O termo Congrega é mais Tradicional entre os Clãs de Streghe e mais utilizado, ao invés de Boschetto que, ao que parece, não é muito comum na maioria dos Clãs.

Corvo: Mensageiro. Bruxo ou bruxa que desempenha o papel de mensageiro entre os membros da congrega. Capinera.

Encapuzado, O: Um dos três aspectos do Grande Deus. Senhor dos Bosques, Guardião das Florestas e Protetor dos Mistérios da Deusa. Ele é coberto de folhas, é o Deus das Matas. Equivalente Streghe ao celta Greenman. Rex Nemorensis.

Familiar: Animal Totêmico. Espírito Familiar. É o termo usado normalmente para o espírito do reino animal que acompanha a Bruxa, auxiliando-a em seus Ritos e Magias. Pode também ser um animal físico de um Bruxo ou Bruxa. É o animal que acompanha e serve de guia aos Bruxos nos Outros Planos, e também pode ser usado como auxiliador em oráculos.

Fata: Uma Raça de Espíritos da Natureza, ligadas aos riachos e bosques.

Fauni: Uma Raça de Espíritos da Natureza regentes das Florestas, Bosques e Campos.

Festa dell'Acqua: Festa da Água. Um dos nomes utilizados pelas Streghe para o Ritual de Lua Cheia. Veglione. Esbá.

Festa dello Fuoco: Festa do Fogo. Um dos nomes utilizados pelas Streghe para designar um Ritual de Sabbath, de Treguenda. Feste dello Fuoco (pl).

Follettino Rosso: Um tipo de Folletto, conhecido como 'Duende Vermelho', que habita a Pedra Redonda Sagrada e também a Pedra Furada das Streghe e serve-lhes de Espírito Elemental Familiar.

Folletti: Raça mais comum de Espíritos da Natureza. São os Elfos e Gnomos que regem os mais variados reinos naturais. Folletti é o Termo usado tanto para o plural como também para designar um desses espíritos femininos. O Masculino singular é Folletto.

Genio: Termo genérico geralmente usado para designar certos seres ligados às forças da natureza. Espírito ou deidade ligada a determinada espécie de planta ou animal ou a um lugar (genius loci).

Gettatura: Do verbo gettare (jettare). O mesmo que jettatura.

Gli Spiriti: Os Espíritos do Velho Caminho.

Grimas: Um ancião de uma tradição. Strega ou stregone que detém uma longa jornada nos Caminhos. Fundador de um clã.

Grigori: Guardiães dos portais entre os mundos dos homens e dos Deuses. Seres de altíssimo poder, relacionados às estrelas e aos elementos da natureza. Semideuses que testemunham, protegem e auxiliam as praticas ritualísticas.

Involutti: Os Deuses da Bruma. Os Involutti são de origem etrusca, são os Deuses por tras dos Deuses. Muitas vezes chamados de "A Bruma", são a força criadora do Universo, a Trancendência; Aqueles que criaram mas nunca foram criados, pois são pré-existentes. Se manifestam na Terra como os aspectos de Diana e Lucifero. A seguinte passagem do Vangelo de Leland se refere aos Involutti: "Então Diana dirigiu-se aos Pais do Princípio, às Mães, aos Espíritos que existiam antes do primeiro espírito". Dentro da "classificação" dos Involutti estão também os Grigori e muitos daqueles conhecidos como "Espíritos dos Velhos Caminhos".

Janare: Bruxa, Strega no dialeto da Campânia. Janarra ou Dianarra; Bruxas da região de Benevento. Seu culto está centrado nos Mistérios Lunares e, antigamente elas realizavam seus Rituais em volta da famosa "Nogueira de Benevento".

Jettatura:  Do verbo jettare. Mau-olhado. Maldição ou magia lançada pelos olhos. Ocorre que na Língua Italiana moderna o j foi abolido do alfabeto e substituído pelo g, mas as duas formas ainda podem ser encontradas.

Larario: Santuário dos Ancestrais. Pequeno altar colocado no lado Oeste da casa, onde se prestam os devidos cultos e oferendas aos Lare e às Lasa, os Espíritos Ancestrais. Alguns Clãs da Stregoneria também mantém uma chama perpétua no Larario em honra a Deusa Vesta, senhora do fogo purificador e dos Lare; Vesta também é conhecida como Acca Larentia ou pelo nome etrusco Larunda pelas Streghe.

Lare: Espírito ancestral que protege as casas e famílias. Antepassados consangüíneos. O Termo Lare indica os Ancestrais como um todo, ao tempo que um Ancestral em particular é designado pelo termo Mane.

Lasa: Espíritos ancestrais das Tradições. Bruxos e bruxas que partiram para o Outro Mundo. Os Poderosos da Bruxaria. Termo intimamente ligado às Fadas.

La Vecchia: Literalmente, A Velha, ou seja, A Velha Religião. Maneira carinhosa de se referir à Stregoneria.

Malandanti: Bruxas e bruxos que usa(va)m seus poderes para causar o mal e a destruição.

Malocchio: Mau-olhado, olho gordo, inveja, maldição.

Mane: Os Ancestrais. Enquanto o termo Lare é usado para designar os ancestrais coletivamente, Mane é o termo que refere-se a um ancestral em particular.

Masche: As Bruxas das regiões do Piemonte, Ligúria e Lombardia.

Numen: É a força que vive nas coisas. O Poder de um objeto é o Poder se seu Numen. É o 'espírito' que há nos objetos.

Pallas: Termo utilizado em alguns Clãs de Stregoneria para designar a reunião e Ritual de Lua Cheia. Veglione. Tregua.

Pedra Furada: Importante objeto mágico-religioso da Stregoneria. Uma Pedra Furada naturalmente é considerado um grande presente de Diana, e seu portador é agraciado com poderes e a bênção da Rainha das Bruxas e Fadas.

Rei dos Bosques (Rex Nemorensis): 1 - Nome que era dado ao Guardião do Templo de Diana em Nemi. 2 - Um termo que se utiliza para o aspecto Encapuzado do Grande Deus. 3 - Título dado ao Alto Sacerdote de um Boschetto do Clã Nemorensino da Stregoneria.

Reino de Luna: Mundo Além. Local onde as almas vão após a morte. Pós Morte.

Sabba: Diferentemente do significado que a palavra tem na Bruxaria Moderna, não se refere a um dia ou a uma celebração, mas a um lugar de poder.

Senhora do Lago: Também Dama do Lago. Título dado à Alta Sacerdotisa de um Boschetto do Clã Nemorensino da Bruxaria. Refere-se a uma Grã-Sacerdotisa do Lago Nemi, sagrado à Diana. A Alta Sacerdotisa também é chamada de Senhora ou Dama.

Strega: Bruxa, literalmente.

Streganera: palavra formada pela junção de strega +nera, ou seja, bruxa negra, bruxa má. Aquela que se dedica às forças das trevas, que destrói e amaldiçoa.

Streghe: Plural de strega.

 Stregheria: Literalmente, Bruxaria. Deriva de strega. A rigor, Stregheria e Stregoneria são palavras equivalentes, embora as evidências lingüísticas apontem para o aspecto predominantemente feminino da primeira e masculino da segunda. Algumas tradições adotam o termo Stregheria para designar a si mesmas, outras Stregoneria e isso pode variar também conforme a região de origem.

Stregone: Bruxo, literalmente.

Stregoneria: Literalmente, Bruxaria, só que deriva de stregone. Ver Stregheria.

Stregoni: Plural de stregone.

 Treguenda: Sabbath das Bruxas. Tregenda. Ritual Sazonal. Uma das oito cerimônias que compõe o calendário. Similar ao 'sabá' wiccano.

Tregua: Reunião de bruxas e bruxos. O termo significa "descanso", e é a raiz da palavra Treguenda.

Vangelo delle Streghe: Evangelho das Bruxas. Texto onde é narrada a história da Strega Sagrada e seus Ensinamentos, assim como as Peregrinações que é a história dos discípulos de Aradia após seu desaparecimento. Atribui-se esses textos a Teresa, uma das discípulas de Aradia, a qual viveu uma época na casa de nobres; enquanto há aqueles que digam que a prória Aradia tenha escrito treze Pergaminhos contendo seus ensinamentos sagrados, os quais foram chamados de Evangelho de Diana. Há também uma versão chamada Aradia, O Evangelho das Bruxas escrita por Charles G. Leland e publicada em 1899, onde há fragmentos da Stregheria mesclados com elementos cristãos e do folclore popular. Acredita-se que o famoso e importante livro de Leland seja um resquício dos Pergaminhos que Aradia e seus seguidores escreveram.

Veglia: Significa sarau, vigília. Utilizado na B.I. como uma lenda ou história oral contada durante um ritual ou reunião.

Veglione: Ritual de Lua Cheia. Vigília da Lua Cheia.

Verbena: Erva aromática sagrada na Stregheria. Erva das Oferendas, sagrada à Diana.

Volontà: Literalmente, vontade, mas neste contexto é usada como substantivo concreto e não abstrato como no Português. É algo mensurável, e possui a conotação de 'energia' ou poder canalizado para um fim.


Invocações e Evocações: Vozes Entre os Véus

Desde as eras mais remotas da humanidade, o ser humano buscou estabelecer contato com o invisível. As fogueiras dos xamãs, os altares dos ma...