Panenteísmo—πᾶν-ἐν-Θεός—Todos em Deus—Krausismo, doutrina que diz que o universo está contido em Deus, mas Deus é maior do que o universo (bem distinto do Panteísmo e Monismo). Termo esse que foi proposto por Karl Christian Friedrich Krause (1781–1832), na sua obra "System des Philosophie" (1828), daí o termo krausismo que designa sua doutrina teológica. No panenteísmo, Deus é visto como imanente, a alma do universo, o espírito universal presente em todos os lugares e no qual todos os seres participam, ao mesmo tempo que transcende todas as coisas criadas. Uma frase atribuída a Epimênides de Creta "Nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser" e citada por Paulo de Tarso em Atos 17:28 é famosa como exemplo de possível panenteísmo.
Terminologia e desenvolvimento
O termo passou a ser utilizado para designar múltiplas tentativas análogas, extravasando o sentido original dado por Karl Krause. Agora são empregados vários termos teológicos para conceitualizar as idéias panenteístas, são eles:
Teísmo Clássico;
Panteísmo;
Transcendência;
Imanência;
Kenosis;
Kenosis Essencial.
Termos influenciados pelo idealismo alemão de Hegel e Schelling:
Dialética;
Infinito;
Pericorese.
Termos influenciados pela filosofia do processo de Whitehead:
Relações Internas e Externas;
Dipolar.
Termos relacionados ao pensamento científico atual:
Reducionismo;
Superveniência;
Emergência;
Causação Top-Down;
Emaranhamento.
Embora numerosos significados tenham sido atribuídos ao “em” no panenteísmo, os mais significativos são:
Significado Locativo;
Base metafísica para ser (Absoluto);
Base Metafísica-Epistemológica para ser;
Potencial interativo metafísico;
Metáfora de emergência;
Significado analógico da mente/corpo;
Parte/significado analógico inteiro.
Ainda que a maioria das expressões contemporâneas do panenteísmo envolvam cientistas e teólogos ou filósofos protestantes, articulações de formas de panenteísmo também se desenvolveram na tradição católica romana, na tradição ortodoxa e em outras religiões além do cristianismo. Dentre os filósofos que aderiram ao panenteísmo incluem-se; Alfred North Whitehead, Thomas Hill Green (1839-1882), James Ward (1843-1925), Andrew Seth Pringle-Pattison (1856-1931). A partir da década de 1940, Charles Hartshorne examinou numerosas concepções de Deus. Ele revisou e descartou o panteísmo, o deísmo e o pandeísmo em favor do panenteísmo, descobrindo que tal doutrina contém todo deísmo e pandeismo, exceto suas negações arbitrárias. Hartshorne formulou Deus como um ser que poderia se tornar mais perfeito: Ele tem perfeição absoluta em categorias para as quais a perfeição absoluta é possível e a perfeição relativa (isto é, superior a todas as outras) em categorias para as quais a perfeição não pode ser determinada com precisão. Nos estudos acadêmico em especial o da Universidade de Stanford sobre Filosofia onde há um estudo que oferece em sua abordagem uma ordem cronológica do desenvolvimento do pensamento panenteísta, cujo início remonta há c. 1300 a.C.:
Iknaton (1375-1358 a.C.);
Vedanta, incluindo tradições como a Vishishtadvaita de Ramanuja;
Upanishads;
Lao-Tse (século IV a.C.).
Nas reflexões filosóficas na Grécia Antiga:
Platão (427/428-348/347 a.C.);
Plotino (204–270);
Proclo (412–485) e Pseudo-Dionísio (final do quinto ao início do sexto século).
Na Idade Média, a influência do neoplatonismo continuou no pensamento de:
Eriugena (815-877);
Eckhart (1260-1328);
Nicolau de Cusa (1401-1464);
Boehme (1575-1624).
No período moderno por:
Bruno (1548-1600);
Spinoza (1631-1677).
Nos pensadores posteriores, os platonistas:
De Cambridge (século XVII), por exemplo Herbert de Cherbury (1583-1648);
Jonathan Edwards (1703-1758);
Friedrich Schleiermacher (1768–1834).
Nos séculos XIX e XX com o idealismo filosófico e a adaptação filosófica do conceito científico de evolução forneceram as fontes básicas da posição explícita do panenteísmo.
Hegel (1770-1831)—Hegelianismo;
Schelling (1775-1854);
Karl Krause (1781–1832);
Samuel Alexander (1859-1938);
Henri Bergson (1859-1941);
C. Lloyd Morgan (1852-1936).
Os últimos três ainda que possa haver questionamentos sobre seu relacionamento com o panenteísmo, por certo, formam o plano de fundo para o desenvolvimento sistemático da filosofia processual de Whitehead e posteriormente Hartshorne como uma expressão do panenteísmo.