terça-feira, 22 de setembro de 2020

Charles Baudelaire

 

Charles-Pierre Baudelaire (Paris, 9 de abril de 1821 — Paris, 31 de agosto de 1867) foi um poeta boémio, dandy, flâneur e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia, juntamente com Walt Whitman, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX.
Nasceu em 9 de abril de 1821 em Paris. Estudou no Colégio Real de Lyon e Lycée Louis-le-Grand (de onde foi expulso por não querer mostrar um bilhete que lhe fora passado por um colega).
Em 1840, foi enviado pelo padrasto, preocupado com sua vida desregrada, à Índia, mas nunca chegou ao destino. Para na ilha da Reunião e retorna a Paris. Atingindo a maioridade, ganha posse da herança do pai. Por dois anos, vive entre drogas e álcool na companhia de Jeanne Duval. Em 1844, sua mãe entra na justiça, acusando-o de pródigo, e então sua fortuna torna-se controlada por um notário.
Em 1857, é lançado As flores do mal, contendo 100 poemas. O autor do livro é acusado, no mesmo ano, pela justiça, de ultrajar a moral pública. Os exemplares são apreendidos, pagando, de multa, o escritor, 300 francos, e a editora, 100 francos.
Essa censura se deveu a apenas seis poemas do livro. Baudelaire aceita a sentença e escreve seis novos poemas, "mais belos que os suprimidos", segundo ele.
Mesmo depois disso, Baudelaire tenta ingressar na Academia Francesa. Há divergência, entre os estudiosos, sobre a principal razão pela qual Baudelaire tentou isso. Uns dizem que foi para se reabilitar aos olhos da mãe (que, dessa forma, lhe daria mais dinheiro), e outros dizem que ele queria se reabilitar com o público em geral, que via suas obras com maus olhos em função das duras críticas que ele recebia da burguesia.

Morte

Foi na Bélgica que Baudelaire encontrou Félicien Rops, que ilustra "As flores do mal". Durante uma visita à Igreja de St. Loup, de Namur, Baudelaire perde a consciência. Este colapso é acompanhado por alterações cerebrais, particularmente afasia. Desde março de 1866, ele sofre de hemiplegia. Ele morreu de sífilis em Paris, em 31 de agosto de 1867, sem a realização do projecto de uma edição final de "As flores do mal", como ele desejava. Ele está enterrado no Cemitério de Montparnasse (sexta divisão), no mesmo túmulo de seu padrasto, o general Jacques Aupick, e sua mãe. Morreu prematuramente sem sequer conhecer a fama.

Crítica

Além de ser evidentemente, um precursor de todos os grandes poetas simbolistas, Baudelaire é considerado pela maior parte dos críticos como o mais provável fundador da poesia dita moderna. Isto deve-se ao fato de que, através da percepção do real, chegava sempre a um correlato objetivo para o sentimento que desejasse expressar, tal qual T. S. Eliot define o termo, observando o uso precursor de tal conceito na poesia do francês. Veja-se o poema "Correspondances" (Correspondências), de As Flores do Mal, onde Baudelaire expõe a origem de seu "projeto simbólico". Segundo Pierre Bourdieu, na obra As Regras da Arte, Baudelaire foi um fundador das normas do emergente campo literário francês, um nomoteta. Com o livro As Flores do Mal, institui pela primeira vez o corte entre edição comercial e edição de vanguarda, contribuindo para fazer surgir um espaço de editores para seus correspondentes escritores. Lembrando que o editor de As Flores do Mal, Poulet-Malassis foi pesadamente condenado e forçado a exilar-se.
Desta forma, sua poesia tendeu para a expressão de imagens cotidianas, o "visto pelo autor", tendo, o poeta, sido quem melhor, em sua época, intuiu a mudança radical provocada pela metrópole sobre a sensibilidade.
Era, como os modernistas que vieram após ele, um realista que detestava o entorpecimento da reprodução do mundo em poemas e pinturas e que tinha, ao mesmo tempo, ojeriza pela subjetividade exagerada. Respondendo à pergunta, por ele mesmo formulada, sobre o que seria uma arte pura, conclui: "É criar uma mágica sugestiva, contendo a um só tempo o objeto e o sujeito, o mundo exterior ao artista e o próprio artista." É através, naturalmente, dos sentidos, que Baudelaire apreende a realidade concreta. A mesma maneira de encarar a arte que o torna um precursor dos poetas do fim do século XIX o faz ser considerado o pai da poesia moderna.

Cronologia

1821 - (9 de abril) Nasce, em Paris, Charles-Pierre Baudelaire, filho de François Baudelaire e Caroline Archimbaut-Dufays.
1827 - Morre François Baudelaire.
1828 - A sua mãe casa em segundas núpcias com o militar Jacques Aupick.
1832 - O Coronel Jacques Aupick é transferido para Lyon, levando consigo a esposa e o filho desta, Charles Baudelaire.
1833 - Baudelaire é matriculado como aluno interno no Collège Royal de Lyon.
1836 - O Coronel Jacques Aupick é nomeado para o Estado Maior do Exército em Paris. Recomeça os estudos em Paris.
1838 - Viagem aos Pirenéus com a mãe e o padrasto. É após esta viagem que ele escreve o poema Incompatibilité.
1839 - Baudelaire conclui o curso colegial. Seu padrasto é promovido a General da Brigada.
1840 - Baudelaire vive na pensão Lévêque et Bailly e faz amizade com dois jovens poetas, Gustave Le Vavasseur e Ernest Prarond.
1841 - Pressionado pela família e pelo padrasto, que não admitiam sua independência e determinação, Baudelaire é obrigado a embarcar num navio em Bordeaux com destino a Calcutá. Meses depois, o General Aupick, seu padrasto, recebe uma carta do comandante do navio dando conta de que o jovem Baudelaire decidiu abandonar a viagem na Ilha de Reunião, não indo mais a Calcutá.
1842 - Retorna a França. Ligação com Jeanne Duval, uma jovem mulata que ele conhece no teatro Porte Saint-Antoine. Conhece Félix Tournachon, fotógrafo conhecido como Nadar, de quem fica muito amigo. Baudelaire atinge a maioridade e recebe a herança deixada por seu pai no valor de 75 mil francos. Passa a morar na Ilha de Saint-Louis, em Paris.
1843 - Estreia numa colectânea literária chamada Vers. Muda-se para o Hotel Pimodan, conhece muitas pessoas ligadas às artes, como poetas, pintores e marchands. É nesse hotel que Baudelaire reencontra o poeta Theóphile Gautier, sua futura paixão Apolonie Sabatier, e Fernand Boissard, pintor morto prematuramente. É aí que instala o famoso Club des Haschischins, que inspirará Baudelaire para escrever a primeira parte dos Paraísos Artificiais.

As Flores do Mal - Baudelaire

 


As Flores do Mal, livro publicado em 1857 por Charles Baudelaire, é considerado um marco na produção literária do fim do século 19. Com suas Flores do Mal, o poeta inventa uma linguagem na qual a realidade grotesca interage com a linguagem sublimada do Romantismo (Auerbach).

Para se entender melhor a poesia de Baudelaire e suas características tão peculiares, é preciso ater-se no ambiente e na época em que o poeta transitava. Tanto a França como a capital viviam os deslumbres da modernidade. Paris, a grande cidade, apresentava os contrastes entre o velho e o novo, resquícios do passado e apontamentos da modernidade e, por sua vez, essa alteração interferia nas relações sociais (modernidade alterando o perfil da sociedade). A época, resultado do processo de antropofização, proporcionava uma valorização do individualismo, do olhar voltado para a exterioridade, para o concreto, deixando de lado a vida interior.

A produção poética do escritor francês manifesta o contraste entre a modernidade e os valores da interioridade. Esse conflito gera, como traço caracterizador de sua poesia, elementos como a degradação, a provocação e a beleza. Segundo o crítico Otto Maria Carpeaux, Baudelaire foi um poeta que escreveu, com maestria, sobre o dilema de uma época e os efeitos que essa perplexidade causava à sensibilidade do autor. Lê-se:
A poesia de Baudelaire exprime igualmente as convulsões do seu tempo e a angústia de todos os tempos. Eis a relação da sua poesia, na aparência tão sofisticada, com a vida, relação sem a qual não há grande poesia. E Baudelaire é um poeta muito grande (pág. 124).

Elementos como a provocação e a degradação revelam o estado de ânimo do Flâneur (geralmente o tédio) que faz com que o poeta reflita sobre seu tempo, sentindo um desconforto, mantendo-se sempre no lugar do inadaptado social. Baudelaire, ao ser provocativo, criticando a hipocrisia e a alienação social, acaba por revelar a degradação que o meio provoca e, consequentemente, passa. A beleza principia-se justamente a partir da degradação. Segundo o escritor Carlo Argan, o conceito de belo é um artifício que pode surgir dos elementos mais inesperados:

O belo pode-se distinguir em tudo o que sai do acostumado, do normal e do mediano. Inclusive o feio e o cômico, levados ao limite, são belos… o artista tem o dever de ser uma exceção, de sentir mais que os demais e de maneira distinta; só marginalizando-se da sociedade pode estar em condições de analisar, interpretar e, dentro dos limites de suas possibilidades, orientar e dirigir a sociedade (pág. 78).

A beleza em Baudelaire não combina com a normalidade. A beleza está, como escreve Argan, no limite. Em Spleen (LXXXI) isso é bem notório. Lê-se:

E quando pesa o céu, tal tampa grave e baça,
Sobre o espírito a gemer aos tédios e açoites,
E do horizonte enfim todo o círculo abraça,
Vertendo um dia negro e mais triste que as noites;

E quando a terra muda em úmida enxovia,
Em que a Esperança é como morcego perdido,
Onde sua asa vibra em medrosa agonia,
Roçando a cabeça por teto apodrecido;

E quando a chuva alonga estas linhas tamanhas,
Sempre a imitar as grades desta vasta cadeia,
E o mudo tropel das infames aranhas
Em nosso coração estende a sua teia.

Os sinos se dispõem com loucura a saltar,
Lançando para o céu o seu uivo horripilante,
E começa a gemer tão obstinadamente.

– E os carros funerais, sem música ou tambor,
Lentos passam por mim e a esperança destarte
Vencida, chora; e a angústia estorce-se de dor,
Sobre o meu crânio implanta o seu negro estandarte.

Na 1ª estrofe, o céu não surge como imagem poética que manifesta a suavidade, muito pelo contrário, o céu é uma tampa que domina todo o horizonte. O céu é negro e torna o dia mais escuro que a própria noite. O abraço do céu sobre o círculo, que envolve a todos, indica a condição de sufocamento. O poeta, em uma linguagem metafórica, descreve o dia, turno que deveria ser iluminado, como algo obscuro, sinistro. Dias e noites igualam-se. Em dias assim, tão obscuros, a esperança parece minguar.

Na 2ª estrofe, a Esperança é escrita com letra inicial maiúscula, ou seja, é personificada por Baudelaire. Tal sentimento, o que mais persiste no homem, está agonizando, o medo parece vencer a esperança, que roça sua cabeça no céu de escuridão. Há, nessa estrofe, o sentimento de poeta vencido, o eu-lírico não consegue visualizar nada que possa transfigurar-se em luz.

Já na 3ª estrofe, a chuva surge como elemento que imita a vasta cadeia que a terra é, assim esse fenômeno natural torna contundente a imagem da prisão. Sabendo-se que a terra é sinônima de germinação e que necessita da chuva nesse processo (tudo que chamamos vida), ocorre aqui uma inversão: tanto a terra quanto a chuva designam a morte em iminência, não somente a morte do corpo, mas principalmente a morte da liberdade. A chuva, com suas linhas verticais, forma a figura de uma prisão. As aranhas imobilizam o coração do homem com suas teias. O eu-lírico considera-se prisioneiro de um mundo com o qual ele não se identifica.

Os sinos, na 4ª estrofe, não badalam, eles soltam uivos, assim como o espírito geme, sinalizando um processo doloroso de vida. O poeta já não sente seu corpo (matéria quase inexistente) a caminhar, o flâneur agora é espírito sem destino, despossuído no meio degradante em que circula.

Na estrofe conclusiva, o eu-lírico só tem como companheira a angústia. A música, elemento geralmente festivo, sequer está presente no funeral.Nessa parte final, fica visível a monotonia, os carros funerais, representando a morte, caminham lado a lado com o poeta, a esperança está morta, o eu-lírico entediado é a personificação da morte em vida.

Enfim, Baudelaire por se posicionar no limiar da sociedade, soube analisá-la e interpretá-la. Foi provocativo ao mostrar a degradação causada pela modernidade e mais: demonstrou riqueza estética ao conseguir unir à degradação, a figura do belo. Baudelaire escreveu sobre um tempo em que não há esperança, sobre um tempo em que não se pode recriar a liberdade, sobre um tempo em que a tentativa de reconstruir a liberdade lateja em dor. Como disse Carpeaux: “a poesia de Baudelaire exprime as convulsões do seu tempo e a angústia de todos os tempos”.

As flores do mal
Charles Baudelaire
Nova Fronteira


As litanias de Satã - Baudelaire


 

O toi, le plus savant et le plus beau des Anges,

Dieu trahi par le sort et privé de louanges,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Ó Prince e l'exil, à qui l'0n o fait tort,

Et qui, vaincu, toujouurs te redresses plus fort,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi, qui sais tout, grand roi des choses souterranies,

Guérisseur familier des angoises humaines,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi qui, même aux léprex, aux paria maudits,

Enseignes par l'amour le goût du Paradis,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

O toi, qui de la mort, ta vieille et fort amant,

Engendras l'Espérance - une folle charmante!

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi, qui fais au proscrit ce regard calme et haut

Qui damne tout un peuple autour d'un échafaud,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi, qui sais en quel coin des terres envieuses

Le Dieu jaloux cacha les pierres précieuses,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi dont l'ceil clair connaît les profonds arsenaux

Où dort enseveli le peuple des métaux,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi dont la large main cache les précipices

Au sonambule errant au bord des édifices,

O satan prends pitié de ma longue misère!

Toi qui, magiquemente, assouplis les vieux os

De l'ivrogne attardé foulé par les chevaux,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi qui, pour consoler l' homme frêle qui soufre,

Nous appris à mêler le salpêtre et le soufre,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi qui poses ta marque, ô complice subtil,

sur le front du Crésus impitoyable et vil,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Toi qui mets dans les yeux et dans le coeur des filles

Le cult de la plaie et l'amour des guenilles,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Bâton des exilés, lampe des inventeurs,

Confesseur des pendus et des conspirateurs,

O Satan prends pitié de ma longue misère!

Père adoptif de ceux qu'en sa noire colère

Du paradis terrestre a chassés Dieu le Père,

O Satan prends pitié de ma longue misère!


PRIÈRE


Glorie et louange à toi, Satan, dans les hauters

Du Ciel, où tu régnas, et dans les profounders

de l'Enfer, où, vaincu, tu rêves en silence!

Fais que mon âme, um jour, sous l'arbre de Science,

Près de toi se repose, à l'heure où sur ton front,

Comme un temple nouveau ses rameaux s'epandront!


Ó tu, o Anjo mais belo e também o mais culto,

Deus que a sorte traiu e privou do seu culto,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Ó Príncipe do exílio a quem alguém fez mal,

E que, vencido, sempre te ergues mais brutal

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que vês tudo, ó rei das coisas subterrâneas,

Charlatão familiar das humanas insânias

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que mesmo ao leproso, ao pária infame, ao réu,

Ensinas pelo amor as delícias do Céu,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que da morte, tua velha e forte amante,

Engendraste a Esperança, - A louca fascinante!

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que dás ao proscrito esse alto e calmo olhar,

Que faz ao pé da forca o povo desvairar

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que sabes onde é que em terras invejosas

o Deus ciumento esconde as pedras preciosas,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu cujo claro olhar conhece os arsenais

Onde dorme sepulto o povo dos metais,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu cuja larga mão oculta os precipícios

Ao sonâmbulo a errar na orla dos edifícios,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu que, magicamente, abrandas como mel

Os velhos ossos do ébrio moído num tropel,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que ao homem que é fraco e sofre deste o alvitre

De poder misturar ao enxofre o salitre,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que pões tua marca, ó cúmplice sutil,

Sobre a fronte do Creso implacável e vil,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Tu, que abrindo a alma e o olhar das raparigas, a ambos

Dás o culto da chaga e o amor pelos molambos,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Do exilado bordão, lanterna do inventor,

Confessor do enforcado e do conspirador,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!

Pai adotivo que és dos que, furioso, o Mestre,

o Deus Padre, expulsou do paraíso terrestre,

Tem piedade, ó Satã, desta longa miséria!


ORAÇÃO


Glória e louvor a ti, Satã, nas amplidões

Do Céu, em que reinaste, e nas escuridões

do Inferno, em que, vencido, sonhas com prudência!

Deixa que eu, junto a ti, sob a Árvore da Ciência,

Repouse, na hora em que, sobre a fronte, hás de ver

Seus ramos como um templo novo a se estender!

Blanche Barton

 

Blanche Barton (nascida Sharon Densley em 2 de outubro de 1959) é uma ocultista estadunidense. Ostenta o título de Magistra Templi Rex da Igreja de Satã (Church of Satan ou CoS em inglês), e é chamada pelos satanistas de Magistra Barton.

Anteriormente, Barton era Grande Sacerdotisa da Igreja de Satã, cargo auto-indicado que ela reivindicou após a morte de Anton LaVey. Ela permaneceu como Grande Sacerdotisa até 30 de abril de 2002, quando indicou Peggy Nadramia como Grande Sacerdotisa e assumiu o cargo anterior de Nadramia, o de presidente do "Conselho dos Nove", grupo que gerencia a Igreja de Satã. Em 1999 ela iniciou uma fracassada campanha para levantar US$ 400.000, que seriam utilizados para recomprar a "Black House", onde muitos dos ritos notórios da Igreja foram realizados.



Barton escreveu The Church of Satan: A History of the World's Most Notorious Religion (1990) e The Secret Life of a Satanist: The Authorized Biography of Anton LaVey (1990).

Barton e LaVey tiveram um filho, Satan Xerxes Carnacki LaVey (nascido em 1 de novembro de 1993).



Black House

 


A Black House ("Casa Negra") era uma residência vitoriana que ocupava o número 6114 da California St. em San Francisco, Califórnia, nos Estados Unidos da América. Embora algumas pessoas refiram-se à construção como "mansão", fotografias tiradas dela pouco antes de sua demolição demonstram que era apenas uma residência familiar de tamanho mediano, consideravelmente menor do que os dois pequenos edifícios de apartamentos em ambos os lados da propriedade.

A casa foi usada por Anton LaVey como sede de sua Igreja de Satã de 1966 até sua morte em 1997. LaVey ministrou seminários e rituais satânicos na casa; um dos mais notórios de tais rituais foi o batismo satânico de sua filha Zeena Schreck em 1967, pontuado por LaVey pronunciando as palavras "Salve Satã!" sobre o corpo despido de uma sacerdotisa que servia como "Altar Satânico".

Cerimônias públicas foram realizadas na casa até 1972. LaVey perdeu a posse da casa em 1991 como parte de um acordo legal após sua separação de Diane Hegarty, mas foi permitido que LaVey residisse na Black House até sua morte.

Após a morte de LaVey, membros da Igreja de Satã tentaram sem sucesso levantar fundos para recomprar a casa, que foi finalmente demolida em 17 de outubro de 2001. Em maio de 2006, um condomínio começou a ser construído no local. Em janeiro de 2008, foi noticiado que os três imóveis do mesmo estavam à venda.


Biblia Satánica

 


La Biblia Satánica es una colección de ensayos, observaciones y rituales publicados por Anton LaVey en 1969. Es el texto religioso central del satanismo LaVeyano, y se le considera como la base de su filosofía y dogma. Ha sido descrito como el documento más importante para influir en el satanismo contemporáneo. Aunque la Biblia satánica no se le considera una escritura sagrada como en la Biblia cristiana lo es para el cristianismo, los satanistas LaVeyanos la consideran un texto autorizado ya que es un texto contemporáneo que ha alcanzado para ellos un estatus bíblico. Exalta las virtudes de explorar la propia naturaleza y los instintos. Los creyentes han sido descritos como "satanistas ateos" porque creen que Dios no es una entidad externa, sino algo que cada persona crea como una proyección de su propia personalidad, una fuerza benévola y estabilizadora en su vida. Ha habido treinta ediciones de La Biblia Satánica, vendiendo más de un millón de copias.

La Biblia Satánica se compone de cuatro libros: El Libro de Satanás, El Libro de Lucifer, El Libro de Belial y El Libro de Leviatán. El Libro de Satanás desafía los Diez Mandamientos y la Regla de Oro y promueve el epicureísmo. El Libro de Lucifer contiene la mayor parte de la filosofía en La Biblia Satánica, con doce capítulos que discuten temas como la indulgencia, el amor, el odio y el sexo. LaVey también usa el libro para disipar los rumores que rodean la religión. En El libro de Belial, LaVey detalla los rituales y la magia. Analiza la mentalidad y el enfoque necesarios para realizar un ritual y proporciona instrucciones para tres rituales: los relacionados con el sexo, la compasión o la destrucción. El Libro de Leviatán proporciona cuatro invocaciones para Satanás, la lujuria, la compasión y la destrucción. También enumera las diecinueve claves enoquianas (adaptadas de las claves enoquianas de John Dee), proporcionadas tanto en enoquiano como en la traducción al inglés.

Ha habido reacciones tanto positivas como negativas a la Biblia satánica. Se la ha descrito como "afilada" e "influyente". Las críticas a La Biblia Satánica provienen tanto de los escrúpulos sobre la escritura de LaVey como de la desaprobación del contenido en sí. LaVey ha sido criticado por plagiar secciones, y se han hecho acusaciones de que sus filosofías son en gran parte prestadas. Se han hecho intentos para prohibir el libro en escuelas, bibliotecas públicas y prisiones, aunque estos intentos son algo raros.


Generalidades

Fue publicada en el año de 1969,1​ por Avon Books un sello de HarperCollins Publishers, escrita originalmente en inglés y traducida posteriormente a varios idiomas, incluido el español, cuya última traducción fue realizada en el año 2008 a cargo de Esther Valverde. En esta obra, Anton Szandor Lavey trata en su generalidad acerca de la filosofía satanista contemporánea, extrayendo sus fundamentos principalmente del existencialismo de Friedrich Nietzsche, de quien muchas veces hace citas textuales que menciona en La Biblia Satánica, incluyendo parte de los aforismos nietszchenianos de obras como Aurora, La gaya ciencia y Más allá del bien y del mal. Las influencias de Szandor LaVey emanan asimismo de escritos ocultistas incluyendo cierta filosofía de Aleister Crowley de quien, aunque en sus textos reniega y hasta acusa de impostor, recoge una gran cantidad de ideas.


Dedicatoria

En la edición en español consta únicamente una dedicatoria al inicio de la publicación que dice textualmente "Para Diane".

Sin embargo, en las primeras ediciones en inglés había extensas dedicatorias a todas las personas que habían influido en la obra de LaVey, constando en su primera edición una dedicatoria a Bernardino Nogara (mal impresa como "Logara"), Karl Haushofer, Rasputin, Sir Basil Zaharoff, Alessandro Cagliostro, Barnabas Saul, Ragnar Redbeard, William Mortensen, Hans Brick, Max Reinhardt, el sociólogo norteamericano Orrin Klapp, Fritz Lang, Friedrich Nietzsche, W. C. Fields, P. T. Barnum, Hans Poelzig, Reginald Marsh, Wilhelm Reich y Mark Twain.

La segunda edición incluye el agradecimieno a Howard Hughes, Marcello Truzzi, Marilyn Monroe, William Lindsay Gresham, Hugo Zacchini,2​ Jayne Mansfield, Fredrick Goerner, Nathaniel West, Horatio Alger, Robert E. Howard, George Orwell, H. P. Lovecraft, Tuesday Weld, H. G. Wells, Harry Houdini, Togare (el león que fue mascota de LaVey) y Los nueve hombres desconocidos.


El libro

Fachada

La portada de la última edición del libro es de pasta rígida (ciertas ediciones incluyen una cubierta de papel), con la forma de una bóveda con inscripciones y figuras góticas, en cuyos extremos horizontales constan dos golpeadores con forma de demonios. En el centro superior de la portada del libro está dibujada una estrella de cinco puntas ensangrentada, apareciendo debajo la inscripción "Anton Szandor Lavey" y debajo "La Biblia Satánica Negra".


Introducción

La introducción está a cargo del magus Peter H. Gilmore, quien se desempeña en calidad de Sumo Sacerdote de la Iglesia de Satán, en cuyas páginas hace un relato de su experiencia dentro de la Iglesia de Satán, explica la filosofía en la cual se fundamentan sus creencias y hace mención de la biografía y creencias personales de Anton Szandor Lavey, quien fuera su amigo más cercano.


Prefacio

En el prefacio de la obra, Anton Szandor Lavey menciona las razones de su deber al escribir la Biblia Satánica, rechazando las diversas religiones y la forma de cómo la magia ha sido llevada a través de la historia a manera de secreto. Explica que en el libro de la Biblia Satánica, él está dispuesto a desvelar los secretos que los magos han guardado con todo recelo. Al final aparece la firma de su puño y letra: "Anton Szandor Lavey. La Iglesia de Satán. San Francisco, noche de Walpurgis de 1968".


Prólogo

En el prólogo, Anton Szandor LaVey escribe un discurso símbolico en contra de las tradiciones religiosas e invita a sus seguidores a rebelarse contra el "Sendero de la Mano Derecha". Consta de una pequeña y muy compacta referencia de ideas que le llevan finalmente a su rebelión en contra del cristianismo y las religiones tradicionales y del por qué hace llamar a su iglesia "La Iglesia de Satán". Según LaVey los representantes del cristianismo han jugado con escasa convicción al juego del diablo para pagar las hipotecas de sus templos, cayendo en la inmoralidad, por lo que el satanismo representa lo contrario a la inmoralidad e hipocresía de las iglesias cristianas.

En la cabeza de la página figura un símbolo alquímico, LaVey hace mención de nueve afirmaciones satánicas (los aspectos que, según LaVey, explican mejor el simbolismo de Satanás bajo una definición verdaderamente satánica), las cuales se tomarán en cuenta para la plena comprensión de lo que posteriormente se menciona.


Satán representa complacencia, en lugar de abstinencia

Satán representa la existencia vital, en lugar de sueños espirituales

Satán representa la sabiduría perfecta, en lugar del autoengaño hipócrita

Satán representa amabilidad hacia quienes la merecen, en lugar del amor malgastado en ingratos

Satán representa la venganza, en lugar de ofrecer la otra mejilla

Satán representa responsabilidad para el responsable, en lugar de vampiros psíquicos

Satán representa al hombre como otro animal, algunas veces mejor, otras veces peor que aquellos que caminan en cuatro patas, el cual, por causa de su "divino desarrollo intelectual", se ha convertido en el animal más vicioso de todos

Satán representa todos los así llamados pecados, mientras lleven a la gratificación física, mental o emocional

Satán ha sido el mejor amigo que la iglesia siempre ha tenido, ya que la ha mantenido en el negocio durante todo este tiempo.


AIRE: El libro de Lucifer (La iluminación)

En este libro se escriben las bases ideológicas del satanismo contemporáneo. Se divide en doce capítulos.

Se busca a Dios vivo o muerto

Explica en este capítulo la caída de lo establecido, la muerte de las religiones, lo que cada día se vuelve más evidente debido a que los representantes de las religiones van corrompiéndose, haciendo que los feligreses vayan perdiendo la noción de las religiones.

Es un discurso en contra de la hipocresía de la Iglesia católica principalmente, que propone una filosofía que contradice la naturaleza de los seres humanos, haciendo imposible cumplirla en su totalidad, contrariamente a lo que predica el satanismo, que según Anton Szandor LaVey es una filosofía que acepta al ser humano con sus errores y vicios y por lo tanto es la religión ideal.

Algunas evidencias de la nueva edad satánica

En este capítulo, LaVey hace mención a las pruebas que defienden la idea de que el Satanismo es una filosofía que en el futuro sería la más practicada por los seres humanos como un estilo de vida secular. Menciona la corrupción en las religiones, la pérdida de valores y la pederastia en la Iglesia católica, entre otras razones que mueven al ser humano a rechazar las religiones fundamentadas en algo que no sea él mismo. Como el Satanismo es una filosofía que concibe al ser humano como un animal, con todos los vicios y defectos de cualquier animal de la creación, propone un pensamiento flexible y liberal respecto al sexo, las fiestas y los llamados "pecados capitales", los cuales acepta como parte de la naturaleza del ser humano.



Bíblia Satânica


A Bíblia Satânica (The Satanic Bible) é um livro escrito pelo satanista Anton LaVey em 1969. Contêm uma coleção de ensaios, observações e rituais mágicos que formam a base do satanismo de LaVey que enfatiza Satã como uma força da Natureza.

Na introdução do livro, LaVey opina contra algumas práticas ocultistas:

Este livro foi escrito porque, com muitas poucas exceções... Escritor após escritor, no esforço de apresentar os princípios da “magia branm sucesso em obscurecer o conjunto em questão tão prejudicialmente que o estudante de magia dá asas a estupidez, empurrando uma prancheta sobre uma tábua de Ouija, ficando em pé dentro de um pentagrama esperando um demônio se apresentar a ele, facilmente lançando I-Ching de modo pomposo como muitos antigos pretensiosos... em geral fazendo papel de tolo para si aos olhos daqueles que realmente conhecem. (Prefácio do livro A Bíblia Satânica)
A Bíblia Satânica revela o verdadeiro (Segundo LaVey) satanismo e despreza técnicas ocultistas onde o satanista se protege contra a entidade que irá invocar. Os denuncia como pretensos satanistas, mas não conhecem realmente. Afirma que um satanista verdadeiro não se esconde por detrás de um pentagrama e revela o que um satanista de fato não faz preces de invocação e não invoca uma entidade como se faz nos terreiros e ainda o denomina seu "Santo". Esclarece que os tais são satanistas, mas sob uma capa de "magia branca" que os torna meros repetidores de dogmas do cristianismo, sem o serem. A esses, o verdadeiro satanista escarnece, pois a Bíblia Satânica afirma dos tais que eles temem invocar entidades infernais, apenas invocando espíritos que podem ser aprisionados, quando o verdadeiro satanista não aprisiona ou se protege da entidade que invoca, ele vive em comunhão com esta..
A Bíblia Satânica relata que “Lúcifer ascendeu no globo terrestre”, mais uma vez para proclamar que: "esta é a época de Satã!” e que “mostrará que a salvação do homem depende da sua própria contradição”. Afirmando que essa é uma revelação do que denomina a “Palavra da Matéria” e elucida que a vida é uma “preparação para todo e qualquer deleite eterno”.

Denúncia infernal

No Livro, Satã faz a "Denúncia Infernal", onde afirma que “O demônio tem sido atacado pelos homens de Deus” e que “nunca há uma oportunidade... para o Príncipe das Trevas responder do mesmo modo”, além de denunciar que, sem seu “satânico inimigo”, as várias religiões que professam Deus “entrariam em colapso”.

Continua a denúncia afirmando:

“Nestes séculos todos de maledicência que o Demônio tem recebido, ele nunca revidou seus infamadores... mas agora ele sente que é hora de replicar”.
Conclama à leitura e aprendizado da sua “Lei”.

Livro de Satã

Entre os livros da sua "Lei", apresenta o livro de Satã, onde na Parte I discorre onze itens que estabelece dogmas como: “Morte ao fraco, saúde ao forte!”, e proclama a força de Satã: “escute-me que confundirei multidões extasiadas!”; e estabelece como enfrentará o combate contra Deus, afirmando que irá “questionar as leis do homem e de Deus!"
"Eu exigirei as razões da sua regra de ouro e perguntarei a origem e a finalidade dos seus dez mandamentos”.
LaVey revela que o satanismo puro vai além de rituais com pentagramas e se contrapõe a toda forma de adoração. Estabelece o Livro de Satã:
“Aquele que disser que você precisa se curvar a mim é o meu inimigo mortal!”
Satã insulta aos cristãos e o seu Cristo:
“Eu mergulhei o meu dedo indicador no sangue úmido do seu impotente e louco redentor, e escrevi na borda da sua coroa de espinhos: O verdadeiro príncipe do mal - o rei dos escravos!”
O livro de Satã estabelece que “todas as convenções” que bloqueiam o sucesso de Satã foram “bloqueadas”. E declara que já foi vitorioso contra Jesus, a quem chama Jeová, declarando:
“Eu olhei abismado o olho vítreo do seu apavorante Jeová, e arranquei-o pela barba; eu elevei o machado das cinzas e abri um caminho na sua caveira comida de vermes!”
Na parte dois afirma que o crucifixo simboliza incompetência, e “questiona os dogmas morais”. Ensina como o satanista deve proceder:
“Nenhum credo deve ser aceito sob a autoridade de uma "divina" natureza. Religiões devem ser colocadas em debate. Nenhum dogma moral pode ser tomado como absoluto.”
A dica para o satanista é que os dogmas foram criado pelo homem e “aquilo que o homem pode criar, o homem pode destruir!”
Estabelece uma obrigação ao satanista: “Ascender o novo homem... para levá-lo ao sucesso material”.
Afirmando ser seu oponente os dogmas do cristianismo e os dogmas morais, o que classifica como “mentira”. Esclarece qual o combate mais difícil de vencer:
“A mentira que tem sido inculcada na criança desde pequena no joelho da mãe - é mais perigosa de combater do que contra a sorrateira pestilência!"
Na Parte III do livro de Satã, estabelece questionamentos:
"Por que eu não deveria odiar os meus inimigos... Não somos todos nós animais predatórios por instinto? Se os homens pararem de depredar os outros, eles poderão continuar a existir?... não é a desprezível filosofia da pessoa servil que vira as costas quando chutado? E conclui com princípios: “Odeie seus inimigos... atinja-o dilacerando e desmembrando-o, pois autopreservação é a lei suprema! Quem mostra a outra face é um cão covarde!”
Na Parte IV do livro de Satã, proclama contra existência de um “céu de glória radiante” e contra a existência de um “inferno onde os pecadores queimam”, e adverte: "Aqui e agora é nosso dia de júbilo!" Reafirmando que não há um redentor vivo, pois segundo Satã, o homem deve dizer: "Eu sou o meu próprio redentor".
Na Parte V faz um arrazoado sobre bênçãos e maldições. Onde abençoa os “fortes”, e amaldiçoa os “submissos na honradez... que serão pisados sobre a representação de Satã!”; abençoa os “vitoriosos”, e amaldiçoa os “pobres de espírito”; abençoados os “destruidores da falsa esperança” afirmando que “eles são os verdadeiros Messias”, e amaldiçoa os “adoradores de Deus”; abençoa os “valentes” e amaldiçoa os que acreditam existir o “bem e o mal”; abençoa os que “pensam no que é melhor para si” e amaldiçoa as "ovelhas de Deus". Segundo o livro os amaldiçoados ficam na posição “daqueles que ensinam mentiras por verdades e verdades por mentiras”, e os abençoados são os que tem uma “mente poderosa”.