segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Ritual Safira Estrela


A busca pelas raízes tântricas do deus Seth nos leva a um ritual desenvolvido por Crowley, baseado, uma vez mais, nos ritos da Golden Dawn, sociedade secreta na qual ele foi iniciado e que continuou a influenciar sua visão mágica do mundo por toda sua vida. Eu me refiro ao Ritual Safira Estrela ou Liber XXXVI, como é mais conhecido.

Esse ritual foi publicado em O Livro das Mentiras com a finalidade de substituir o Ritual do Hexagrama da Golden Dawn. A Golden Dawn possui dois rituais funcionais que todos os membros tinham de aprender e executar. Um deles é o Ritual do Pentagrama, usado tanto em invocações quanto em banimentos, dependendo da direção que os pentagramas são traçados. O pentagrama se relaciona aos quatro elementos mais o espírito. Este é o ritual fundamental da Golden Dawn e versões dele têm sido adaptadas e vastamente utilizadas por inúmeros grupos hermetistas há mais de cem anos, inclusive wiccanos que, na grande maioria das vezes, ignoram as origens desse ritual às vezes chamado de a Invocação das Torres de Vigia, uma referência direta aos rituais da Golden Dawn, largamente baseados na Magia Angélica do magista elizabetano John Dee e seu médium, Edward Kelly, quem Crowley acreditava ser uma reencarnação.

O outro ritual, mais complexo, é a cerimônia conhecida como o Ritual do Hexagrama. Neste ritual, cada uma das seis pontas do hexagrama é designada a um dos seis planetas visíveis, com o centro representando o sol. Assim, dependendo da maneira como é traçado o hexagrama, invoca-se ou bane-se a influência desses planetas.

Crowley produziu uma versão thelêmica destes dois rituais. O pentagrama foi substituído pelo Rubi Estrela, também conhecido como Ritual da Estrela de Sangue, cujos nomes angelicais – Michael, Rafael, Gabriel e Uriel – foram substituídos por formas divinas mais apropriadas a Thelema: Therion «a Besta», Nuit, Babalon e Hadit.[1]

Contudo, concernente ao Ritual do Hexagrama, uma mudança fundamental ocorre, embora não seja óbvio em um primeiro momento. Este foi o ritual que atraiu a atenção de Theodor Reuss, o principal fundador da O.T.O., quem visitou Crowley em Londres acusando-o de publicar o segredo central da Ordem em seu livro, por volta de 1912. O ocorrido levou Crowley a receber o IXº. Ele já era um iniciado do VIIº, mas não fazia a menor ideia de que os Graus superiores da Ordem eram baseados nos mistérios sexuais. Crowley, ao escrever seus rituais sexualmente carregados, estava sendo apenas ele mesmo. Ele afirmou que a Safira Estrela lhe ocorreu quando se encontrava com a consciência iluminada, da mesma maneira que os Livros Sagrados, como discutimos anteriormente. Foi Reuss quem lhe revelou o Arcano fundamental do ocultismo ocidental, cujo escopo das práticas – da alquimia a magia cerimonial – eram sexuais em natureza e que a iconografia do ocultismo – incluído rasacrucionismo, alquimia, misticismo e magia – oculta segredos sexuais ou, mais apropriadamente, psico-biológicos.

Crowley reformulou os rituais da O.T.O. ao se tornar líder da Ordem nos países de língua inglesa e posteriormente de todos os países após o episódio conhecido como a Conferência Weida, por volta de 1925. Portanto, esse ritual merece uma análise mais acurada, pois ele foi o catalisador que levou Crowley a se tornar o líder mundial da O.T.O. Ele é também, segundo o próprio Reuss, «o Segredo do IXº em forma impressa». Adicionalmente e mais importante no caso de nosso estudo, o ritual coloca Seth, o Senhor das Trevas, na frente e no centro de sua execução. Portanto, o que mais nos interessa nesse momento, é encontrar a percepção que Crowley tinha de Seth no contexto thelêmico.

O ritual começa com a frase: « Que o Adepto seja armado com seu Crucifixo Mágico e provido com sua Rosa Mística». Essa foi à frase que chamou a atenção de Reuss. O Crucifixo Mágico é a vara ou baqueta e se refere à cruz na qual Cristo foi crucificado. A Cruz e a Rosa são os símbolos da sociedade secreta mais famosa da Europa, a Rosa Cruz. Assim, podemos considerar que essa instrução é, senão inocente, destituída de qualquer conotação sexual quando colocada sob a perspectiva das sociedades secretas da Europa do Séc. XVII. Contudo, o resto do ritual coloca essa frase em um contexto completamente diferente.

Após a execução dos sinais de L.V.X. e N.O.X. – que tiveram sua origem também na Golden Dawn – o adepto é instruído a ir nos quatro quadrantes do espaço, começando pelo Leste, procedendo no sentido horário aos outros quadrantes, pronunciando uma série de fases em latim na medida em que traça o hexagrama de cada direção. A tradução das frases em latim segue:

Pai e Mãe, Um Deus, ARARITA.

Mãe e Filho, Um Deus, ARARITA.

Filho e Filha, Um Deus, ARARITA.

Filha e Pai, Um Deus, ARARITA.

Ararita é a mesma palavra que aparece na versão do Ritual do Hexagrama da Golden Dawn e é um acrônimo da frase em hebraico que diz: «Um é seu início. Um é sua individualidade. Sua permutação é Um». No fim, o adepto retorna ao centro e é instruído a «executar o sinal da Rosa Cruz», repetindo Ararita três vezes, após o que ele faz:

Os sinais aí devem ser os de Set triunfante e de Baphomet. Também Set aparecerá no Círculo. Que ele beba do Sacramento e comungue do mesmo.

A instrução segue com outras frases em latim e seu significado é importante para o entendimento do mecanismo do ritual:

Tudo em Dois; Dois em Um; Um em nenhum; estes não são Quatro nem Tudo nem Dois nem Um em Nenhum.

Glória ao Pai, a Mãe, ao Filho, a Filha e ao Espírito Santo de fora e ao Espírito Santo de dentro que foi, é e será, para todo o sempre, seis em um através do nome sétuplo ARARITA.

A ênfase nessas frases que reduzem toda dualidade na unidade é uma evidência do fascínio que Crowley tinha sobre o conceito hindu de advaita ou não-dualidade.

Crowley insistia no fato de que não havia percebido o segredo do IXº até que Theodor Reuss lhe revelou, enfatizando que este era o segredo por trás de todo ocultismo ocidental. Crowley escreveu essa instrução na forma de um ritual sexual e explicou sua intenção em um capítulo posterior da obra, denominado O Caminho para o Êxito e o Modo de Chupar Ovos,[2] mas ele estava completamente inconsciente do que havia tropeçado. Pode ser que ele apenas estivesse reinterpretando os rituais nos termos sexuais ao invés de ter descoberto e propagado o Arcano por trás deles. Mas o que Seth tem a ver com tudo isso? E por que ele é «triunfante»?

Este ritual sendo interpretado de maneira sexual, como foi à intenção de Crowley, somos deixados com a inconfortável percepção de que três dos quatro «pares» do ritual têm a natureza incestuosa: Mãe e Filho, Filho e Filha, Pai e Filha. Crowley foi delicado o suficiente ou pragmático o suficiente de não incluir Mãe e Filha ou Pai e Filho, provavelmente porque a cópula do IXº seja necessariamente heterossexual no qual tanto os fluídos masculinos e femininos são requeridos para criação do Sacramento. Este Sacramento deve ser consumido pelo adepto e depois partilhado. A última palavra é proveniente da Missa Latina e indica que o Sacramento deve ser partilhado para que aqueles que partilham comunguem da força espiritual invocada. Na Missa Latina isso é feito através do pão e do vinho transmutados no corpo e sangue de Cristo, para todos aqueles que comungam, quer dizer, tomam a comunhão, partilharem da experiência do contato com Jesus, o deus morto e ressurreto.

No Ritual Safira Estrela, notoriamente sexual, o Sacramento é composto dos fluídos masculinos e femininos e é na forma de uma Missa Gnóstica mais resumida. O mistério do Sacramento reside no fato de que ele não é simplesmente composto do material grosseiro dos fluídos sexuais, mas sim uma substância transmutada através da execução do ritual. Portanto, ele contém qualidades ocultas que o sêmen ou as secreções vaginais – seja a menstruação ou a secreção da mucosa da vagina – não possuem em si mesmos. Essas qualidades não têm nada a ver com o processo de reprodução física, quer dizer, o Sacramento não é destinado a produzir uma criança humana. Um elemento essencial neste ritual – e de fato de toda magia sexual – é o contato com forças que estão além do mundo físico para que todo processo grosseiro do intercurso sexual como os desejos, a excitação, o coito, o orgasmo e os fluídos resultantes possam ser reimaginados, transformados e transcendidos.

Sendo um ritual de sexualidade transgressiva, fica fácil entender o papel de Seth. Seth é «triunfante» – de acordo com os textos egípcios até agora decifrados – em situações de homicídio, estupro, sodomia etc. Quando Seth está defendendo a barca de Rá, sua violência é direcionada ao bom serviço do panteão, ocasião em que ele se torna triunfante a destruir a serpente Apep ou Apófis, quem, paradoxalmente, ele é às vezes identificado. No Ritual Safira Estrela os poderes transgressivos de Seth primeiro são identificados e então empregados em um ato designado a colocar o adepto em contato com seu Sagrado Anjo Guardião, como o próprio Crowley aponta no capítulo 69 de O Livro das Mentiras, onde o tema sobre o hexagrama é discutido nos termos sexuais, incluindo uma referência explícita a «postura 69» de sexo oral mútuo.

As instruções da Golden Dawn sobre o Ritual do Hexagrama deixam claro sua característica macrocósmica (relacionado aos sete planetas da Árvore da Vida), diferente do Ritual do Pentagrama cuja característica é microcósmica (relacionado aos quatro elementos mais o espírito). Nós podemos dizer então que o Ritual do Hexagrama, tanto o original da Golden Dawn quanto a reformulação de Crowley, é um ritual celeste enquanto que o Ritual do Pentagrama é terrestre.

Portanto, a invocação de Seth Triunfante no clímax do ritual indica a abertura do Portal entre este mundo e o outro, não o Portal aberto por Osíris. Ele não tem nada a ver com a morte ou a ressurreição, mas a abertura do Portal do Lado Noturno da Árvore da Vida que Grant chama de Túneis de Seth. Aqui, novamente Crowley demonstrou a verdadeira natureza por trás do mito, em um ritual concebido em um estado alterado de consciência similar ao que deu nascimento ao Livro do Coração Cingido pela Serpente: um livro que conecta Crowley o magista ao visionário Lovecraft.[3]

Na religião, os humanos são subservientes a Deus ou aos Deuses, especialmente as religiões abraâmicas e monoteístas. Em Thelema a ênfase é revertida com foco total no potencial humano. Não existem dogmas religiosos na magia, tanto quanto possa parecer estar implícito. Magistas se atrevem a fazer o que as pessoas devotas e religiosas não têm coragem: abordar ativamente o Trono dos Deuses utilizando qualquer meio que esteja à disposição, até mesmo os mais blasfemos. Os Deuses podem ser mais poderosos e até mesmo mais perigosos, mas o magista apropriadamente treinado pode navegar pelos céus ou infernos com impunidade.

Caos e Babalon – ou Seth e Ishtar, Dumuzi e Inanna, Śiva e Śakti – representam um processo oculto profundo que subjaz o jogo de māyā, a ilusão da criação. Caos e Babalon são portais para o Lado Negro da criação, da mesma maneira que a sexualidade humana é um portal para os processos e funções da poderosa mente subconsciente. Essas são as forças irracionais que apavoraram Lovecraft: elas são imunes à razão e o entendimento científico da mesma maneira que a vastidão profunda do espaço reside fora da habilidade da mente em poder contemplá-la.

Os outros deuses – Ísis, Osíris, Hórus, Thoth, Anúbis etc. e não apenas deidades egípcias, mas gregas, romanas, africanas, chinesas, indianas e muitas outras de outros panteões – são aspectos básicos e fundamentais destes dois, Caos e Babalon. Por conveniência, eles podem ser considerados refinamentos de aspectos específicos, pontos de vista, componentes químicos, secreções fisiológicas e qualidades biológicas – e isso não denigre seu valor ou importância ao magista. Qualquer uma dessas deidades é uma força potente muito superior a qualquer capacidade humana de contê-la.

A Tradição Tifoniana, de acordo com a tese de Grant, é mais antiga que todas as tradições e cultos religiosos. Sua origem é nas estrelas e ela reside no âmago de todos os cultos que se desenvolveram posteriormente. Isso significa que seus deuses são os protótipos de todos os outros deuses posteriores e seus rituais a forma mais prístina de todos os cultos que se desenvolveram no percurso dos tempos. Portanto, suas Trilogias Tifonianas não são apenas guias pelos quais podemos transitar pelos Túneis de Seth no Lado Noturno da Árvore da Vida: eles são avisos sinceros, diferente dos avisos fantasiosos de Lovecraft.

A fim de compreender essas forças, é necessário ver como elas foram invocadas nos rituais secretos e profanos dos cultos mais sombrios ao redor do mundo. Mas isso é tema para outro estudo oportuno.

[1] No texto original de O Livro das Mentiras, Crowley havia substituído os nomes angelicais por Caos, Babalon, Eros e Psique, com o objetivo de mantê-lo completamente alinha a tradição grega. Depois ele mudou os nomes para uma nomenclatura adequada a Thelema. Contudo, Caos e Babalon parecem ser mais apropriados, especialmente sob a luz do Credo da Missa Gnóstica, discutido anteriormente.

[2] Capítulo 69.

[3] Existe a execução do ato sexual e a consumação do sacramento. Isso demonstra que a prática thelêmica envolve o contato com o Senhor das Trevas, Seth, o deus oculto, na tese grantiana.

Extrato do texto «A Redescoberta da Tradição Sumeriana», que será publicado integralmente na Revista A Lança de Seth, Vol. I, No. 2.

Hieros Gamos e Magia Sexual


Na Antiguidade, entre os estudiosos, sacerdotes e iniciados, o sexo era considerado algo sagrado e uma maneira de se reconectar com o EU divino que habita cada um de nós, como uma das formas mais bonitas de “Religare” e sempre esteve associado a muitas comemorações e rituais de fertilidade.
O reino do sexo mágico é o domínio e o poder do feminino.

Durante esta relação, o casal canaliza e amplia suas energias através de seus chakras, desde o Muladhara na penetração, despertando a Kundalini (serpente sagrada), florescendo por entre os nadis dos amantes até o Sahashara, gerando um fluxo gigantesco das energias telúricas e projetando-as para o universo, ou utilizando estas sobras de energia para a realização de determinados rituais.

Através do sexo sagrado, o corpo da mulher se torna um templo a ser venerado e o enlace entre o sacerdote (que assume o papel de um deus) e a sacerdotisa (que assume o papel de uma deusa) adquire uma conotação ritualística capaz de despertar grandes energias e até fazer com que eles cheguem à iluminação (e a orgasmos muito mais fortes!).

Suméria

Os rituais sexuais existem desde os primórdios da humanidade e estiveram presentes em todas as grandes culturas da humanidade. As primeiras referências a eles, e também a mais famosa, é o Hieros Gamos, ou “Casamento Sagrado”. Este ritual era realizado na Suméria, 5.500 anos atrás. Nele, a alta sacerdotisa assumia o papel do Avatar da grande deusa Inanna e fazia sexo com o rei ou imperador, que assumia o papel do deus Dumuzi, para mostrar sua aceitação pela deusa como governante justo daquela região.

Isto era feito diante da corte, pois naquele tempo não haviam tabus para se praticar sexo em público se fosse em uma cerimônia religiosa. O símbolo desta união era um chifre, também chamado de “cornucópia” (uma referência clara à vagina da Grande Deusa em sua abertura e o falo do grande deus em seu chifre), do qual brotavam frutas, verduras e toda a fartura dos campos. Era uma associação óbvia entre os rituais sexuais de fertilidade e as colheitas que se originavam das plantações energizadas por tais rituais. O símbolo da cornucópia foi eternizado na Mitologia grega, através dos ritos Dionísios com sua forte presença no Olimpo, e mantém-se até os dias de hoje como símbolo de fartura.

No Egito, existiam primariamente três classes de sacerdotes iniciados: o Culto ao Templo Solar, cujo templo principal ficava em Hélios, baseado nos misterios de Osíris de sua morte e ressurreição, da conspiração de Seth, da vingança de Hórus e seu triunfo. Este culto lidava essencialmente com energias MASCULINAS em seus rituais, baseados na força e simbolismo do sol, movimentando os aspectos de Yang (positivos, fortes, racionais, diretos). Desta ordem surgiam os comandantes dos exércitos do Templo e, posteriormente, os Cavaleiros Templários e a Maçonaria, descendente direta dos templários. Esta é a razão pela qual apenas HOMENS são iniciados na maçonaria. Não se trata de um “clube do bolinha” ou de nenhum preconceito com as mulheres, como muitos detratores alegam, mas, essencialmente, os rituais maçônicos são de energia Yang e a presença de uma mulher no templo em uma loja solar apenas atrapalharia toda a egrégora (existem organizações para-maçônicas como as Fraternidades Femininas e ordens como as Filhas de Jó para mulheres, mas a ritualística é outra, especialmente voltadas para as meninas e mulheres.

Além desta Ordem, existia a Ordem dos Mistérios de Ísis, voltada apenas para MULHERES. Estas ordens lidam com a energia lunar, com o Yin, com a intuição, com a sedução, com as emoções sutis que pertencem ao campo do feminino. Da mesma forma, era proibida a presença de homens em uma loja de Ísis. Ísis recebeu vários nomes em seus cultos: Islene, Ceres, Rhea, Venus, Vesta, Cybele, Niobe, Melissa, Nehalennia no norte; Isi com os hindus, Puzza entre os chineses e Ceridwen entre os antigos bretões.

O terceiro tipo de Ordem eram as Ordens de Ísis e Osíris, ou as ordens mistas. Estas eram ordens espirituais, preocupadas com o estudo das ciências e dos fenômenos naturais. Pode-se dizer que foram as primeiras ordens de cientistas do planeta, estudando ao mesmo tempo fenômenos físicos, matemáticos e espirituais. Destas ordens, Grandes iniciados como o faraó Tuthmosis III, Nefertitti, Akhenaton (ou Amenhotep IV) e Moshed (ou Moisés para os íntimos) estabeleceram as bases de praticamente todas as escolas iniciáticas que surgiram, inclusive todos os ramos das Ordens Rosacruzes.

Cada templo era formado por até 13 membros (do sexo masculino/solar, feminino/lunar ou misto, com qualquer número de homens e mulheres, dependendo da ordem). Quando haviam mais iniciações, estas lojas eram divididas em mais grupos contendo 5, 7 ou 11 estudiosos. Era comum que membros da Ordem do Sol ou da Lua participassem nestas ordens mistas, assim como até hoje é comum maçons ou wiccas participarem das ordens rosacrucianas.

Treze pessoas em um grupo era considerado o ideal, pois constituía um CÍRCULO COMPLETO, cada um dos iniciados representando um dos signos do zodíaco, ao redor do Grande Sacerdote. Como veremos mais para a frente, isto será válido em outras culturas como a celta, romana, bretã e até africana.

Um quarto grupo era formado por sacerdotes especialmente escolhidos do Templo do Sol e do Templo da Lua, para as festividades das Cheias do Nilo, Morte e Ressurreição de Osíris, Início do ano e várias outras celebrações importantes. Estas celebrações eram Hieros Gamos, onde um sumo-sacerdote coordenava (mas não participava!) do sexo ritualístico entre 6 casais (totalizando 13 pessoas). Estes casais eram geralmente (mas não obrigatoriamente) casados e assumiam suas posições no círculo formando o hexagrama, com o sacerdote ao centro. Estes rituais poderiam ser realizados em um Templo ou em alguns casos, dentro de pirâmides, que estavam ajustadas para as freqüências que eles desejavam ampliar para o restante da população (ou do planeta). Mais tarde, o mesmo princípio será usado nos festivais celtas, mas já chegaremos lá.

Em grandes festividades, outros iniciados participavam (fora do círculo principal, que era formado pelos casais mais poderosos), formando um segundo círculo externo ou grupos, dependendo do número de pessoas. Estas sacerdotisas assumiam a representação da deusa Meret, a deusa das danças e das festividades, e os sacerdotes assumiam a representação de Hapi, deus da fecundidade e das cheias do Nilo.

É importante ressaltar que nestes rituais cada sacerdote transava apenas com a sua parceira.
Era comum o uso de máscaras (com cabeças de animais representando os aspectos relacionados ao ritual/deus que estava sendo realizado), o que mais tarde dará origem ao Baile de Máscaras (que secretamente abrigavam Hieros Gamos) e posteriormente ainda os Bailes de Carnaval. Após as festividades, havia dança, celebrações e sexo não-ritualístico/hedonista.
Estas sacerdotisas eram chamadas de Meretrizes, nome que mais tarde foi deturpado pela Igreja Católica.

Do lado complementar das Meretrizes estavam as Virgens Vestais, que eram virgens que trabalhavam um tipo diferente de energia e eram consideradas as Protetoras do Fogo Sagrado. Elas existem desde o Egito mas ficaram mesmo conhecidas no período grego e romano. Falarei sobre elas daqui a pouco.
Paralelamente aos ritos egípcios, existiam rituais sexuais ligeiramente diferentes na Índia, mas baseados nos mesmos princípios de união dos chakras para despertar a kundalini.

Tantra

A palavra tantra vem do védico e pode significar “teia” ou “libertação da escuridão” ou ainda “aquilo que amplia o conhecimento”. Basicamente, o tantra possui uma filosofia de amor. Amor ao semelhante, à natureza, à vida, ao sexo, ao despertar. O ato sexual mágico dentro do tantra é apenas UMA das manifestações desta filosofia maravilhosa (o tantra é uma maneira de se viver, que inclui vegetarianismo, cultivo ao corpo, mente e espírito, respeito pelas coisas vivas, paz, harmonia com o cósmico, à devoção ao feminino, ao estudo da poesia, música, etc.). O grande problema disso para as “otoridades” é que um homem tântrico está mais preocupado em tratar bem sua(s) amante(s), apreciar um bom vinho ou fazer uma boa massagem em uma amiga do que pegar em armas e ir até um país distante chacinar seus inimigos para que as otoridades adquiram mais poder… para isso, precisam de soldados cruéis, sem compaixão e sem sentimentos (“certo, seu zero-dois?”). Então, quando os Arianos tomaram a Índia, lá por 2.000 AC, eles tornaram esta religião proibida (de onde veio o significado de “libertação da escuridão” pois o movimento acabou caindo na escuridão/clandestinidade).

O principal ritual de sexo tântrico é chamado de Maithuna. Neste ponto, existem 3 vertentes do Tantra: o Caminho da mão esquerda, que prega a realização destes rituais com estranhos, para atingir um máximo de erotização, voltado para o prazer e que deu origem a livros e textos como o Kama-Sutra, o Caminho da mão direita, que prega que o Maithuna deve ser feito apenas com sua companheira, o que gera uma intimidade maior e uma energia muito maior no ritual e finalmente o Caminho do Meio (meu favorito) que prega um meio termo: rituais sexuais para serem desenvolvidos com uma parceira, mas não excluindo a participação de amigas ou conhecidas no processo.

Durante o ato sexual, o homem assume o papel de Shiva e a mulher de Shakti. O papel da mulher é sempre o de uma deusa a ser venerada e existe todo um ritual antes do sexo: ela depila todo o corpo (pode ser feito no dia anterior), prepara um banho com ervas e perfumes e se arruma ritualisticamente, o homem prepara os incensos, música e o ambiente. Uma relação de Maithuna demora no mínimo 4 horas, mas há relatos de rituais que chegam a demorar 21 dias (já não se fazem mais iniciados como na Antiguidade… tsc tsc). O Maithuna é programado segundo o ciclo dos signos e as fases da lua (na lua cheia Shakti tem mais potência sexual e na lua crescente Shiva está mais viril. Na lua nova, ambos estão relativamente sexuais e na minguante a energia pode não estar muito propícia). A preocupação com os exercícios para desenvolver os chakras, a vestimentas (nada sintético ou que bloqueie os chakras), a alimentação (nem pense em fazer um Maithuna com um bicho morto no seu estômago!!!), a meditação e concentração, os incensos… TUDO é importante neste tipo de ritual.

Rituais Tântricos

Ao contrário da ritualística egípcia, que é extremamente rígida em relação a escolha dos parceiros, as festas tântricas eram basicamente hedonistas (voltadas para o desenvolvimento do ser humano através do prazer e felicidade), podendo haver troca de parceiros (caminhos central e da mão esquerda somente), mais de uma parceira/parceiro em uma transa, etc. As palavras chaves nestas festas são o respeito entre todos os participantes e a consensualidade. Pode-se dizer que estes grupos mantiveram-se sempre de maneira secreta em praticamente todas as sociedades, até os dias de hoje nas casas de swing (ou “troca de casais”, como a mídia adora colocar, dando a falsa impressão que as mulheres nestes locais nada mais são do que “moedas de troca” quando uma idéia melhor seria “compartilhar” – É… eu sou muito chato com os termos corretos, porque palavras têm poder). Hoje muito do conceito destas festas foi distorcido e estragado (com direito até a pessoas que contratam garotas de programa para montar casais falsos e participar das putarias), embora dentro deste universo existam ainda grupos que agem como verdadeiras Sociedades Secretas, com regras de conduta muito rígidas e mantém as idéias originais das FESTAS HEDONISTAS com o respeito e a seriedade que elas deveriam ter.

Grécia e Roma

O culto a Ísis e Osíris migrou do Antigo Egito para a Grécia, onde Toth tornou-se Hermes e os misterios de Osíris tornaram-se o culto a Dionísio (Dyonisus).
Antes de mais nada, quem era Dionísio? Nascido de Zeus e Perséfone, Dionísio atraiu a fúria de Hera, que enviou os titãs para mata-lo. Zeus o protegeu enviando raios e trovões para despedaçar os titãs, mas quando conseguiu derrota-los, sobrou apenas o coração de Dionísio. Zeus colocou seu coração no ventre de Semele, uma de suas sacerdotisas, que se tornou sua segunda mãe… portanto Dionísio era conhecido como o “nascido duas vezes”. Curioso não?

Novamente temos o culto a morte e ressurreição de Osíris na iniciação e os rituais que demonstravam claramente a vida após a morte. Interessante notar que Semele era uma sacerdotisa do culto a Zeus, e portanto uma virgem vestal. Vocês perceberão que ao longo da história, muitos iniciados nasceram de “virgens” (cujo termo possuía o significado real de “espiritualmente pura”). A título de curiosidade, Hórus, Rá, Zoroastro, Krishna, Platão, Apolônio, Pitágoras, Esculápio e aquele outro cara famoso na Bíblia também nasceram de “virgens”.

Os cultos de Dionísio também eram conhecidos pelo nome de culto ao Deus Baco (Bacchus) e suas sacerdotisas iniciadas nos cultos lunares eram conhecidas como Menades ou Bacantes. O poeta Homero escreveu que elas “iam para as montanhas e realizavam estranhos rituais”. O culto começou na Grécia mas sua popularidade cresceu a ponto de se tornar conhecida em Roma a partir de 200 AC.
Registros famosos destes rituais de Bacchanalia foram escritos por uma sacerdotisa e poetisa chamada Sappho, cujo templo de Mytilene ficava na Ilha de Lesbos, por volta de 600 AC. Estes textos retrataram alguns dos rituais envolvendo sexo mágico entre as iniciadas e uma série de poemas narrando o amor entre mulheres. Da perseguição religiosa, surgiram as palavras Safada (no sentido depreciativo para a mulher) e Lésbica.

Os cultos solares eram mais populares em cidades como Esparta, cujos exércitos voltados para o aperfeiçoamento do corpo e da mente usavam os treinamentos físicos desenvolvidos pelos Guardiões do Templo, incluindo muitos ritos de iniciação (especialmente um dos mais importantes, que é mostrado no filme/HQ “300 de Esparta”, quando Leônidas precisa, quando jovem, enfrentar um período de tempo no deserto/montanha e matar um lobo com as próprias mãos, trazendo sua pele para comprovar o feito de coragem). Mais tarde falaremos novamente sobre capas vermelhas nos celtas.
Nos cultos de Dionísio, o Hieros Gamos também assumia a forma de relações sexuais entre os deuses, para a realização de diversas comemorações ou rituais. Vamos ao chamado “panteão Olímpico”: Zeus, Hera, Poseidon, Afrodite, Ares, Atenas, Hermes, Hefesto, Apolo, Ártemis, Demeter e Hestia. Exatamente 6 homens e 6 mulheres. Completando com Dionísio como sumo-sacerdote, estava preparado o Círculo Completo para o Hieros Gamos (como curiosidade, cada deus desse estava relacionado a um signo do zodíaco, mas se quiserem saber, vão fazer a lição de casa, eu não vou falar quem é o que). Também relacionando com as Linhas de Ley, o Monte Olimpo fica “coincidentemente” em um destes cruzamentos energéticos do planeta.
As reuniões destes grupos recebiam o nome de Orgion (palavra em grego que significa “ritual secreto”) e eram presididas pelo Orgiophanta. Da latinização surgiu a palavra Orgia, e nem preciso dizer o que aconteceu com o significado desta palavra.

Em 180 AC, o senado editou o “Senatus consultum de Bacchanalibus” estabelecendo regras claras para a realização destas festividades e ritos. Desnecessário dizer que os cultos secretos continuaram, apenas caíram na clandestinidade dentro das Ordens Secretas. Os Hieros Gamos continuaram ocorrendo, com a latinização dos deuses envolvidos.

As principais festas aconteciam nos Solstícios e Equinócios, especialmente o Sol Invictus (quem assistiu aquele filme “de Olhos bem fechados” pode ver um ritual de Hieros Gamos moderno, ocorrendo justamente no Natal/Dies Natalis Solis Invicti… quer dizer, uma pequena parte dele).

O culto Solar ganhou muita força em Roma, através do culto a Mithra, o Deus-Sol, El Gabal, Sol Invictus (e, como devoto deste deus, farei uma coluna dedicada a ele em breve). O exército romano usava todos os símbolos do Templo Solar, inclusive a famosa “saudação a Mithra”, que mais tarde foi usada pelos exércitos de Hitler, um dos maiores ocultistas do século XX, como a saudação tradicional nazista, e também usada por Francis Bellamy para a saudação à bandeira americana (que foi substituída em 1942).

As Vestais

Além dos cultos solar e lunar, existiam também as Vestais (sacerdos vestalis) que eram as sacerdotisas da deusa Vesta e encarregadas de manter aceso o Fogo Sagrado de Vesta. Este fogo era o santuário mais importante de cada cidade romana e deixar uma chama destas apagar era passível de pena de morte. Caso uma chama se apagasse, os sacerdotes precisavam acender uma tocha em um templo vestal em uma cidade próxima e trazer este fogo sagrado até o altar.
Se você pensou em “tocha olímpica”, acertou… é a origem da tocha. Agora algo que você não sabia: A origem sagrada deste fogo remonta ao fogo que Prometeu roubou dos deuses e que lhe custou o castigo eterno.

Outra das coisas que provavelmente você não saiba é que Prometeu é citado pelo poeta Ascilus e Hesíodo como “o Portador da Luz”, cujo nome em grego é Phosporos. Talvez você não reconheça o nome dele em grego, mas em latim eu tenho certeza que você conhece: “Lúcifer – A Estrela da Manhã, o Portador da Luz”.
Surpresos? Bem… hoje vocês aprenderam que aquele bando de esportistas carregando aquelas tochas na olimpíada e toda aquela festa serve para manter viva a chama de Lúcifer. Bacana, não?

As Vestais tinham de ser virgens, pois a energia e os chakras delas vibram e podem ser trabalhados de maneira diferente. Os ocultistas chamam isto de Chastitas, de onde vem a palavra castidade. Na rosacruz chamam estas meninas de columbas e elas são responsáveis por algumas das partes mais bonitas da ritualística.

A Chastitas não precisa envolver a falta de amor. Aliás ele desenvolve nas sacerdotisas/sacerdotes que escolhem este caminho a virtude do Ágape, ou amor pela humanidade. O iniciado Platão foi um dos que mais estudou este tipo de ritualística, de onde se originou o termo “amor platônico”.
Sócrates estudou este processo e desenvolveu o chamado Chastitas Pederastia, que é uma relação de amor casto entre um jovem e um adulto do mesmo sexo (normalmente um guerreiro mais velho e o aprendiz de soldado, especialmente nos exércitos gregos). Mas este “amor” a que ele estava se referindo não era o amor homoerótico (que incluía sexo), mas sim o amor fraternal de um Mestre de Guilda para com o Aprendiz. Para tentar traçar um paralelo, pode-se pensar na relação entre o Batman/Robin, o sr. Miagui/Daniel-san e jedi/padawan.

A Igreja deturpou a palavra “pederasta” como sinônimo pejorativo para homossexual. Disto seguem aquelas lendas absurdas que os soldados gregos eram gays. Também foi uma das acusações mentirosas que a Inquisição usou contra os Templários, já que esta tradição da pederastia se estendeu para o conceito de Cavaleiro/escudeiro ou Mestre/aprendiz.

A Castidade funciona através de uma alquimia diferente, transformando o que seria o desejo carnal e sexual em uma energia espiritual através do desenvolvimento dos chakras superiores e do controle dos chakras inferiores. Exemplos deste tipo de iluminação incluem os monges budistas, monges shaolins, os padres da Igreja, algumas santas e outros eremitas da literatura religiosa e ocultista.

A Igreja Católica tentou copiar estes preceitos de monges nos padres, mas esqueceu de avisá-los que isso precisa ser treinado. O resultado disto são pessoas que “fazem votos de castidade” mas não sabem exatamente o que estão fazendo e não acreditam em chakras. E com isso ficam todos complexados e cheios de necessidades carnais, naturais de todos os homens. E esta é a origem dos coroinhas…

A narrativa por três pontos de vista diferentes: o masculino, do Templo Solar, que regeu basicamente os exércitos e guerreiros, o feminino, do Templo Lunar, que coordenava as sacerdotisas, e as Fraternidades Mistas, que formavam a maioria dos grupos envolvidos nas festividades pagãs do Hieros Gamos.

Prostitutas Sagradas

Voltando um pouco na nossa narrativa, ainda na Babilônia, o culto a Ishtar era famoso pelos templos dedicados a Inanna e Ishtar (ou Astarte), a grande deusa da Babilônia. Nestes templos, ficavam as mais sagradas das sacerdotisas, dedicadas à deusa do amor e da sexualidade. O nome Prostituta vem de “Aquelas que se prostram (diante de Ishtar)” ou “Aquelas que se expõem”.
Nestes templos, as “Ishtartu” ou “Damas dos prazeres” tinham o domínio sobre sua sexualidade, oferecendo-se para estranhos em troca de donativos para o templo, em rituais de adoração a Ishtar. Mulheres que desejavam se casar, para obter as bênçãos de fertilidade da deusa, precisavam passar um período de sete dias na porta do templo para obter dinheiro suficiente para a doação, no chamado “dote”. Este ritual pré-nupcial era chamado “Fornicatio”, de onde surgiu mais tarde a palavra “fornicação”, tão odiada pelos fundamentalistas. O local onde ocorriam estas negociações era chamado de “Fornix” (Câmaras Arqueadas – ver imagem acima – mais tarde “Fornix” se tornaria sinônimo de bordel – Thanks Zatraz). Durante este tempo, recebiam instruções das sacerdotisas nas artes de amar e de agradar aos homens.

Muitas famílias nobres enviavam suas filhas para servirem como Harlots (o termo em inglês hoje em dia é utilizado com o sentido de prostituta, sem tradução para o português) por anos. A Harlot entrava em um templo como uma Virgem Vestal e sacrificava sua virgindade ritualisticamente para o sacerdote que a iniciaria nos mistérios do Hieros Gamos. Esta primeira relação era muito importante pois o sacrifício de sangue para Ishtar marcava a iniciação destas sacerdotisas e era algo considerado muito sério e muito importante (até os dias de hoje, dentro de algumas Ordens Invisíveis). O linho na qual ficavam as manchas de sangue era queimado e dedicado às deusas, consagrado em uma grande festa de acolhida.

Mais tarde, de uma maneira completamente deturpada pelos profanos, isto acabaria dando origem a dois costumes medievais: a “Prima Noche”, na qual o Senhor Feudal requisitava o direito de transar com qualquer mulher que fosse se casar e a exibição do lençol sujo de sangue como “prova” da virgindade da “mercadoria” com a qual o nobre havia se casado.
Outra curiosidade era que, se a garota não havia “dedicado” sua virgindade à deusa Ishtar, e transado sem as devidas ritualísticas (ou seja, fora do templo de Innana/Ishtar), dizia-se que havia “perdido” sua virgindade e não podia se tornar uma prostituta sagrada. Seu dote, obviamente, era muito menor do que o das Harlots.
As Harlots eram tão procuradas que, após este período de dedicação ao templo, havia muitos pretendentes que se apresentavam para pagar o dote destas garotas a fim de poder se casar com elas.

Curiosamente, apesar de todo o culto de sexo sagrado, Ishtar é reverenciada com o nome de “a virgem”, implicando com isso que seus poderes e sua criatividade não dependiam de nenhuma influência masculina. As mulheres detinham o poder e o controle. Para os gregos, era conhecida como Afrodite ou Vênus (para os romanos).

A partir do Código de Hamurabi, em aproximadamente 1750 AC, tudo isso mudou. A mulher passou a necessitar da permissão de seu marido ou pai para tudo, o poder das sacerdotisas foi massacrado e Innana e Ishtar perderam muito do prestígio que possuíam, tornando-se divindades menores e, posteriormente, demônios da luxúria. Muitos dos templos, para não serem fechados por ordem dos governantes, precisaram forjar casamentos falsos para que pudessem continuar funcionando, mas as mulheres passaram a ter de obedecer a estes maridos, o que acabou dando origem aos primeiros “cafetões”. Em menos de 100 anos, os Templos de Prazer acabaram se tornando algo muito mais parecido com o que temos hoje, com o afastamento da ritualística e apenas a troca de moedas por sexo (geralmente para as mãos do homem que controlava estes grupos). A adoção de escravas para suprir as necessidades dos homens e a degradação do valor das mulheres acabou jogando estes locais para a margem da sociedade, onde estão até os dias de hoje, infelizmente.

Enquanto isso, no mundo dos machos…

Conforme estávamos discutindo, o Culto Solar era composto apenas por homens e girava em torno do uso da magia para expandir as habilidades de batalha, capacidade de raciocínio matemático, engenharia, construções utilizando a geometria sagrada, táticas de combate e filosofia.
Na medida do possível, eles tentavam proteger as sacerdotisas, mas o próprio fato de não haverem mulheres nos exércitos e as Ordens serem quase totalitariamente militares tornava tudo muito complicado. As Ordens lunares tornaram-se secretas, abrigadas entre os celtas e romanos e bem longe das garras judaico-cristãs. Já as solares haviam adquirido um poder sem precedentes.

Suas características ocultistas principais estavam no posicionamento e construção de obeliscos nas Linhas de Ley para marcar os principais locais de rituais e conectar outros monumentos nestas linhas invisíveis. Estes monumentos servem para ajudar a ajustar a Terra para permitir melhores colheitas, paz, harmonia e prosperidade nas regiões ao seu redor. Um Obelisco representa acima de tudo um Raio de Sol Petrificado (isso é bem óbvio, mas é uma coisa que as pessoas nunca param para pensar… ) que cai sobre a terra em um ponto específico.

Uma segunda característica era muito importante dentro dos cultos solares, que era a iniciação de seus principais guerreiros e líderes. Como eu havia dito na outra coluna, esta iniciação dos comandantes era feita enviando-o para algum lugar bastante inóspito armado apenas com uma adaga e esperava-se que ele não apenas sobrevivesse como trouxesse uma prova de suas capacidades de caçador.

Esta prova era a pele do animal (um lobo, urso ou veado). Nos celtas, bretões e druidas, o mais tradicional eram os gamos ou alces, que o iniciado precisava também remover os chifres e traze-los presos em sua cabeça. A capa vermelha do rei simboliza a pele coberta de sangue do animal. As capas dos soldados romanos, dos exércitos de Esparta e dos guerreiros celtas (além das bandeiras nazistas) simbolizavam este poder. Nos nórdicos, eles vestiam as peles de ursos (Bersekir, da onde se originou o termo Berserker para designar os guerreiros imbatíveis do norte que lutavam sob o efeito de poderosos rituais xamânicos).

Os chifres na cabeça representam o deus das florestas encarnando naquele sacerdote/guerreiro, o que seria de vital importância no Hieros Gamos, pois mostraria que aquele iniciado estava apto a incorporar o avatar de Cernunnos/Baco/Dionísio/Dummuz nos rituais.

Este hábito iniciático de usar os chifres na cabeça do principal sacerdote do Hieros Gamos é a origem da COROA (que nada mais é do que chifres simbolizados em metal nas pontas da coroa, somados às jóias da sabedoria divina). Estes chifres às vezes eram simbolizados por aquele “penacho” que vocês já devem ter visto nos legionários romanos, ou então pela coroa de louros dos gregos/imperadores.

Tropa de Elite, osso duro de roer…

Estas ordens solares (e conseqüentemente a maioria dos exércitos da Antigüidade) estavam organizadas da seguinte forma: Cada Centurião (também chamado Hekatontharchos em grego) comandava uma Centúria, que era formada por 100 soldados, organizados em 10 conturbernium, e comandada por um Decurion. Estas contubernia eram formadas por 8 combatentes (chamados de octeto) e mais 2 não combatentes (que cuidavam dos cavalos, comidas, armas e armaduras do octeto). Estes grupos eram tão unidos que acabavam sendo punidos ou recompensados como um todo. Caso algum dos membros de um contubernium cometesse algum ato de covardia ou traição, o grupo todo era escolhido para pagar. Neste caso, os dez soldados pegavam palitos de trigo e aquele que tirasse o menor palito era apedrejado pelos nove colegas. Desta prática, chamada Decimatio, surgiu o conceito do “puxar o palito menor” como sinônimo de má sorte, além da origem da palavra “dizimar” como matança.

Cada seis centúrias formavam uma Cohorte e o conjunto destas cohortes formava a Legião. O Grão Mestre destas ordens era chamado de Monos Archen (que significa em grego “Um comandante”). Monosarchen é a origem da palavra Monarca (Monarch em inglês).

Ok… mas o que esta história sobre exércitos romanos têm a ver com a Teoria da Conspiração? MUITO… Mas por enquanto, não vou contar o por quê. No momento, basta que vocês saibam que uma Cohorte nos tempos de Jesus era formada por 600 homens pesadamente armados.

Celtas, Druidas e a Bruxaria

Fora dos cultos altamente secretos das Bacantes ou dos soldados do Templo Solar, o culto à natureza continuava a todo vapor entre os celtas, druidas e bretões.
Os druidas traçam suas raízes em 300 AC. Os primeiros registros deles foram feitos pelo escriba grego Sotion de Alexandria no século II AC. Os pitagóricos os chamavam de Keltois (Aquele que domina o carvalho). Em latim eram chamados de druides (que tem a mesma origem da palavra Dríade, que significam as “ninfas da floresta” na mitologia grega, que nada mais eram que as sacerdotisas celtas que realizavam seus ritos nas florestas).

Do Egito, os ritos migraram tanto para a Grécia quanto para as Ilhas. Da mesma maneira que os sábios gregos construíam panteões, templos e obeliscos utilizando-se da geometria sagrada, os bretões e celtas erguiam círculos de pedra com a mesma função. Enquanto os gregos realizavam as Bacchanalias, os celtas e bretões realizavam os festivais de Solstícios e Equinócios, bem como as Festas de Beltane e Samhain, onde eram celebrados os Hieros Gamos.

Nos ritos sagrados, o aspecto masculino da divindade era representado primariamente por dois deuses: Cernunnos e o “Green Man” (Homem Verde). Cernunnos é o Deus Chifrudo das florestas, representando todas as forças viris da natureza. Seus chifres podiam ser tanto de carneiro (com toda a simbologia fálica que eu comentei semana passada) quanto de gamos (representando a iniciação dos sacerdotes dentro da tradição solar). De qualquer forma, era a personificação do poder masculino do universo. O Grande Deus. Era sempre representado vestindo peles de animais e muitas vezes com o casco de bode. Cernunnos possui as mesmas atribuições do deus Pan (grego) e do deus Pashupati (hindu). A título de curiosidade, o nome Pan vem do grego Paon, que significa “Pastor”… ah, a ironia…

Agora… deus chifrudo? com pés de bode? Aparecendo nos Sabbaths?… onde a gente já ouviu falar disso? Ah, claro! A Igreja Católica espalhou pelo mundo afora que esta era a imagem do diabo !!! do tinhoso !!! do inominável !!! do coisa-ruim !!! que todos deviam temer e fugir. Estes ataques virulentos continuam até os dias de hoje, não apenas pela Santa Igreja mas também por todas as suas descendentes evangélicas. Eles diziam (dizem) até que as bruxas transavam com bodes, com o demônio e com os outros sacerdotes durante os rituais “satânicos”.

Outra das personificações do Grande Deus era o chamado “Green man”. Uma imagem construída a partir da própria floresta, cujo rosto formado por plantas (ou um sacerdote com o corpo pintado de verde) representava a FERTILIDADE, o renascimento das plantas após o inverno…
Onde já vimos o culto a um deus verde? Bem… a resposta para esta charada está nas imagens da semana passada.

Da parte da Deusa, as sacerdotisas representavam o poder feminino. Eu vou falar mais sobre os ritos quando falar especificamente sobre Bruxaria e as origens da Wicca. Por ora, basta dizermos que mulheres peladas dançando ao luar associadas a livres pensadores não agradavam em nada ao controle da Igreja e, desta forma, a nudez e o sexo foram automaticamente associados ao PECADO (até os dias de hoje).

Devemos grande parte disto a um babaca chamado Santo Agostinho, que por volta de 400 DC reescreveu a gênesis associando a expulsão de Adão e Eva do Paraíso ao sexo e ao tal do “pecado original”.

A partir de então, bruxaria foi associada ao satanismo e qualquer desculpa era uma desculpa para mandar estas pessoas para a fogueira, e assim tem sido até os dias de hoje.

O Carnaval

Com a perseguição religiosa, os Hieros Gamos passaram a ser celebrados disfarçados de bailes de máscaras, também conhecidos como Carnavais. A origem do Carnaval remonta das Saturnálias, que eram festas romanas em honra ao deus Saturno, organizadas entre 23 de Dezembro e 6 de Janeiro, regadas a muito sexo, danças, sacrifícios aos deuses e troca de presentes entre as pessoas (Saturnalia et sigillaricia, que deu origem às trocas de presentes no natal). Para não coincidir com as festividades de Solis Invictus, os romanos acabaram jogando esta data mais e mais para a frente no calendário até chegar a janeiro/fevereiro.

A origem do nome Carnaval vem de “Carrus Navalis” (Carro Naval) simbolizando a barca de Apolo que era levada através das multidões nas ruas. Esta barca, desnecessário dizer, era a versão romana da Barca de Caronte, que por sua vez, era a versão grega da Arca da Aliança, que era a versão judaica da Barca de Ísis.
As máscaras de carnaval são versões das máscaras dos deuses egípcios nos rituais que eu mencionei aqui. Desta maneira, os sacerdotes dos deuses antigos (agora já totalmente escondidos em sociedades secretas) podiam se reunir em Bailes de Máscaras e, longe dos olhares da Igreja, realizar seus rituais em paz.

Ou seja… da próxima vez que você assistir um desfile de carnaval na televisão, lembre-se que tudo aquilo começou com as pirâmides da Atlântida e as iniciações dos Faraós… 

Magia sexual homossexual

Para finalizar, infelizmente, sinto dizer que não existem rituais sexuais homossexuais, por uma razão que, se vocês acompanharam estes textos desde o capítulo dos chakras, deve estar evidente. Todo o fluxo de energias sexuais, do tantra ao Hieros Gamos, opera na diferença energética entre os chakras masculinos e femininos, como uma bateria eletromagnética onde os chakras de cada participante fazem as vezes de pólos positivos e negativos. No caso de APENAS pessoas do mesmo sexo (isso não vale, por exemplo, se estiverem duas mulheres e um homem ou dois homens e uma mulher em um ritual tântrico) esta conexão não funciona. É como tentar fazer uma bateria com dois pólos positivos ou negativos.

As mulheres possuem uma vantagem sobre os homens neste aspecto. Durante a magia, a utilização de fluídos corporais potencializa os resultados do ritual. Em ordem de poder temos: a saliva, sêmen, líquidos vaginais, sangue e, finalmente, o mais poderoso de todos: o sangue menstrual (chamado Menstruum).

Por isso, determinados ritos femininos (as Bacantes, por exemplo) eram realizados em certas luas (e as leitoras sabem que quando muitas mulheres convivem juntas, os ciclos menstruais tendem a se alinhar). Desta maneira, as sacerdotisas estariam em seus períodos menstruais em determinados rituais e este “extra” compensa a presença de um homem.
Já para os homens, não há nada que se possa fazer.

Mas isto poderia ser contornado? Talvez… em teoria. Aleister Crowley foi um dos primeiros a estudar variações destes rituais para homossexuais masculinos, em 1874, chegando a inventar um 11º grau na OTO apenas dedicado a este tipo de magia (a OTO vai apenas até o grau 10). Oscar Wilde, George Cecil Ives e Montague Summers tentaram alguma coisa semelhante em 1899, através de uma Ordem Secreta composta apenas de homossexuais chamada “Order of Chaeronea”, que durou pouco tempo.

Fonte:https://www.deldebbio.com.br/hieros-gamos-e-magia-sexual/

Hierosgamos


Hieros gamos (grego ιερός γάμος ou ιερογαμία, o "casamento sagrado" ) é um termo atribuído ao ritual sexual que representava um casamento entre um deus e uma deusa, tendo um significado simbólico ou mitológico.

Característico de antigas sociedades entre elas as agrícolas do Médio oriente, o casal praticava o ritual , como garantia da fertilidade da terra incorporar os poderes divinos da prosperidade.

É visto, também, como um antigo ritual em que os casais participantes acreditavam que podiam ganhar profunda experiência religiosa ou um intercâmbio de conhecimentos através da relação sexual. Esta foi muitas vezes ensinada pelo monarca da religião dominante.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

La forja del Arthame


La Forja del Arthame

Eres la gota de hierro que cayó del Cielo,
Lágrima ardiente del Dragón de Fuego.
Disipaste brumas y el océano herviste,
La tierra alcanzaste y en sus tinieblas te hundiste.
En grutas profundas yaciste olvidado,
Hasta que el primer Herrero te tuvo en su mano.
Tres veces purificado en el fuego de Tubalo,
Soportaste entre ascuas un calvario ignorado.
Sumergida en las aguas tu lengua de hierro,
Silbó la canción de la Sierpe del Cielo.
Martillos macizos machacaron tu hoja
y renaciste lustroso de la empírea forja.
Con ensalmo secreto y la sangre de Abel,
Te consagro, oh daga, a mi señor Azazel.
Eres el metal que el fuego transmutó,
Eres el Arthame que Cain forjó.

Por Satyr Worshipper. Inspirado en “Lay of the Arthame” de Nigel A. Jackson de su libro “Masks of Misrule”.

Cultus Sabbati


El Arte Sabático (Sabbatic Craft) es un nombre para una Fe que no lo tiene. Es un término utilizado para describir a una tradición actual de sabiduría hechiceril, una senda iniciática que procede tanto de la visión intuitiva como de una herencia histórica. En un sentido histórico, el Arte Sabático se cimienta tanto en el contexto de la magia popular (folk-magic) de la Gran Bretaña rural, como en la llamada Arte de Astucia (Cunning-Craft) y también en las prácticas de alta magia ritual Europea. Durante la Edad Media y la Edad Moderna las prácticas mágicas de los hombres de astucia (cunning-men) y las mujeres sabias (wise women) fueron muy amplias y variadas, pero sin duda estuvieron siempre basadas en lo pragmático: la sanación, la magia amorosa, el conocimiento herbal (wortcunning), la curación así como la maldición. Allí donde las prácticas de los hombres y mujeres de astucia (cunning-folk) entraron en contacto con las prácticas rituales de las tradiciones de la alta magia, la invocación a los ángeles, la astrología y los conjuros en latín se integraron en la magia práctica diaria. Debemos destacar que estos rituales, hechizos y fórmulas empleaban el lenguaje de la cultura religiosa predominante, en concreto, el cristianismo, y a menudo se mezclaba la religiosidad popular formando una amalgama única para cada practicante. Aunque los magos rituales y las gentes de astucia (cunning-folk) utilizaban las fórmulas cristianas por igual en sus prácticas, se podría argumentar que este lenguaje religioso naturalmente fue el idioma oportuno para la narración de los ritos mágicos. Sin embargo, con el cambio de la lengua y la cultura, los métodos ancestrales y las herramientas de los rituales mágicos – la evocación de espíritus (spirit evocation), el círculo ritual, la varita, el cuchillo, los sigilos, las cuerda, los nudo, los conjuros, la observación de las estrellas, la flora y la fauna, las invocaciones, los exorcismos etc.- siguen siendo más o menos constantes.

El reino onírico, o de los sueños, fue una dimensión importante de la religiosidad mágica y popular. En algunas zonas periféricas del folklore europeo se conservan mitos, o vestigios, que relacionan las localizaciones oníricas de la Reunión de las brujas (witch meetings), las asambleas de las hadas (fairie convocations), y el vuelo nocturno de la Cacería Salvaje (Wild Hunt). El transfondo de las creencias populares uniéndose a las concepciones teológicas cristianas ayudó en la formación del estereotipo del rito brujesco que conocemos como “El Sabat de las Brujas” (The Witches’ Sabbath). 

Desde el punto de vista esotérico, el Sabat se considera como la convocatoria en lo astral, o en los sueños, de ritualistas mágicas, almas, entes animales y una gran variedad de espíritus, hadas y seres de otro mundo. Se considera que la verdadera localización del Sabat está en la Encrucijada de la vigilia, el sueño y la ensoñación mundana, es decir, en el estado de Verdadero Sueño (True Dreaming) – el lugar en el que la Dama Luna (Lady Moon), que es el sol nocturno, nos ilumina un mundo lejos del alcance de los no iniciados.

Las enseñanzas de las gentes de astucia (cunning-folk) se han perdido y reaparecido en la cultura europea moderna en su mayor parte, pero algunas veces aquí y otras allí, han predurado fragmentos de esta tradición hasta nuestros días. En aquellos casos en que los custodios de las tradiciones y de los rituales fueron fervientes estudiantes de las artes mágicas, estos fragmentos acabaron integrándose para crear corrientes de una tradición consciente de sí misma. Cuando dos o más de estas corrientes se conjugan, un río nace, y es de esta confluencia de donde surge el Culto actual llamado “La Tradición del Arte Sabático” (Sabbatic Craft Tradition).

Cultus Sabbati es un conjunto de iniciados en las artes mágicas que pueden practicar tanto rituales solitarios como colectivos, cuya tradición, o tradiciones, descienden de forma lineal, ya sea de forma oral o escrita, de la práctica mágica y ritual de las gentes de Astucia (cunning-folk) del siglo XIX que ha sobrevivido hasta nuestros días. No pretendemos afirmar que practicamos los mismos ritos, hechizos etc., que las gentes de Astucia (cunning-folk) de los siglos XVI o XVII ya que la mutación de las formas y las maneras de la práctica forma parte de su propia naturaleza. Hay que recordar
que los rituales adquieren alma con la práctica y que los espíritus, así como hombres y mujeres transmiten y enseñan el Arte Mágico (Arte Magical). A medida que transcurren las generaciones, alguna sabiduría tradicional se mantiene constante, pero otra no, ésta cambia, evoluciona y se adapta en función de la época, la necesidad, y cómo se interpreta. En el pasado siglo, las corrientes de costumbres y tradición oral florecieron en pequeños círculos de celebración ritual, y habiendo pasado de generación en generación, las sencillas enseñanzas de los magos rurales crecieron, fusionándose con su longevidad para establecer tradiciones con ritos formales de iniciación e
ingreso. Aquí, informamos a los los lectores de que el Cultus Sabbati y sus iniciados en la tradición mantienen un círculo cerrado y de acuerdo con una antigua costumbre, todo aquél que solicita el ingreso es rechazado. La iniciación se lleva a cabo sólo por invitación. Donde los espíritus lo quieran, será hallado un camino. (Where the spirits so will it, a path shall be found).

El círculo del Cultus Sabbati valora profundamente los hechizos y costumbres que las generaciones pasadas nos han legado.El uso de salmos, la adivinación usando la Biblia, costumbres orales de praxis ritual que han permanecido con nosotros, mezclándose junto a un conjunto mayor de sabiduría tradicional, tradiciones algunas antiguas y otras nuevas, aunque todo en constante envigorización desde el manantial intemporal del sueño. A medida que pasa el tiempo, el círculo escucha las demandas de los espíritus que son los patrones de su herencia/tradición, y por medio de la esoñación y la mediumnidad, el círculo adquiere más cuerpo y éste avanza y progresa. La autenticidad de nuestro trabajo no se fundamenta en su antigüedad, sino que permanece activa através de las visiones presentes y aquéllas que todavía están desarrollándose.

El Arte Tradicional Sabático (Traditional Sabbatic Craft) a menudo utiliza nombres e imaginería procendentes de la demonología como parte de la codificación con el fin de transmitir una gnosis de autoliberación luciferina. Del mismo modo, y como se ha dicho anteriormente, los rituales también pueden utilizar tanto formas y términos cristianos, que forman parte de una antigua costumbre y que también son parte de un intento hechiceresco para reorientar tozudamente la “creencia” acumulada culturalmente con propósitos mágicos. Los aspectos, tanto positivos como negativos, de este misterio (arcanum) se tratan en Azoetia (xoanon: 1992, 2002) bajo el nombre de “The Iconostasis of Blasphemy” donde los lectores pueden acudir para un entendimiento más detallado del tema.

Uno ha de ser sabio para discernir en lo sutil: el uso de términos procedentes de la demonología no debería ser malinterpretado como una vulgar defensa del “satanismo”, la “magia negra” o similares; pero tampoco el uso positivo de términos judeo-cristianos implica una adhesión religiosa en un sentido convencional. El Arte Sabático emplea enseñanzas hechicerescas de carácter gnóstico muy especializado, la parte más superficial de los cuales combina un uso codificado de términos luciferinos y cristiano-paganos. Hay que ir con cautela en su interpretación ya que se trata de una prueba. Pocos serán dignos de superarla.

Una característica que define al Cultus es el uso especializado de los mitos de la Europa medieval y moderna sobre el Sabat de las brujas como base y expresión para sus rituales y prácticas. Esto no es simplemente un vestigio del pasado ni una invención humana, sino más bien una manifestación de la enseñanza de los espíritus sobre la potente realidad onírica del Sabat en una tradición de práctica mágica en el presente. Todo el conjunto de la imaginería que representa el Sabat de las Brujas es entendida esotéricamente como la realidad atemporal de nuestro ritual. Cuando se percive nuevamente a través de la práctica, a través del sueño y de la mediumnidad, la miríada de aspectos del Sabat producen una nueva sabiduría y sirven enteramente como cifrado idóneo para las enseñanzas del vuelo onírico, la transformación atávica (atavistic transformation), conocimiento herbal (wortcunning), la adivinación, la ritualización, la doble celebración (double observance), la adoración a los espíritus (spirit-whorship), etc. La simbología del Sabat se ha usado, por tanto, para codificar y explicar las enseñanzas acumuladas y que aún están desarrollándose en nuestra tradición.

Soñar y la traducción mutua de ritual soñado y ritual como soñado (dreamt ritual and ritual-as-dreamt), forman los fundamentos básicos y el contexto para nuestro trabajo. La interacción entre iniciados y nuestros espíritus patronos inspira y motiva este sueño. Esto se puede demostrar y se manifiesta en el talento artístico mágico de cada iniciado, ya sea a través de la escritura, la realización ritual, la canción, la tapicería, la artesanía, o la creación de imagen. Allí donde surge la chispa de la visión, o donde la inspiración se transmite… el sendero se desvía de nuevo. ¡Que así sea!

Alogos, Magister: Cultus Sabbati

Allí donde la Vieja Serpiente y el Hombre se encuentran en asesinato y matrimonio, la espiritualización de la materia, la materialización del espíritu;el Eje de los Cielos se convierte en la Corona del Mundo.

Ambos son uno: Xoanon Vox Baetyla


Orden Tifoniana


La Orden Tifoniana o Typhonian Order es un grupo esotérico basado en la llamada "magia tifoniana" fundada por el ocultista inglés Kenneth Grant (1924-2011), de tipo lovecraftiano y ufológico y derivada de la Ordo Templi Orientis poco después de la muerte de su mayor líder,el británico Aleister Crowley (1875-1947) en 1947, tras lo cual la OTO se dividió en diferentes grupos. El término "tifoniano" hace referencia al monstruo Tifón de la mitología griega.La creencia en esta magia tifoniana se fundamenta en la invocación de supuestos seres extraterrestres y de otras dimensiones considerados entes reales, y a los cuales se les ve como seres vivos de una naturaleza incomprensible para el hombre, aunque no son ni dioses ni espíritus.  El propio Grant reconoce que la magia tifoniana está fuertemente influenciada por los Mitos de Cthulhu de H.P. Lovecraft, la Thelema (una especie de filosofía de vida basada en la premisa:"Haz tu voluntad"),la magia ceremonial desarrollada por Crowley y la magia negra. Grant consideraba que tanto Lovecraft como Aleister Crowley estuvieron influenciados psíquicamente por entidades interdimensionales y que su trabajo literario era producto de esta canalización, aunque en el caso de Lovecraft, las visiones lo volvieron loco y, en todo caso, por ser ateo,  creyó que se trataban de nada más que pesadillas que tradujo en relatos de terror.
En Nueva York, en 1918,Crowley y un grupo de seguidores iniciaron una serie de rituales mágicos conocidos como Trabajos de Amalantrah, que invocaban a supuestas entidades interdimensionales logrando, según aseguran, la materialización física de un ser al que llamaron Lam y cuya descripción física es idéntica a la de los famosos "grises" o extraterrestres de Roswell: de cabeza grande, ojos alargados, piel gris, etc. Crowley realizó un dibujo de Lam que, en efecto, coincide con la visión que se tiene de los modernos extraterrestres grises. Grant llamó a estos trabajos "el culto de Lam".
En este asunto hay una cuestión que muchos consideran cierta,cuando se trata de un mito:Lovecraft nunca llegó a asociarse con Crowley.En la obra Necronomicon Anti-FAQ,el autor Colin Low afirma lo siguiente:
En 1918 Crowley se encontraba en Nueva York. Como siempre, él estaba tratando de establecer su reputación literaria, y trabajando para The International y Vanity Fair. Sonia Greene(la futura esposa de Lovecraft) fue una emigrante judía enérgica y ambiciosa con ambiciones literarias que se había unido a una cena y un club de lectura llamado "Walker Sunrise Club" (?), Fue allí donde encontró por primera vez a Crowley, quien había sido invitado a dar una charla sobre la poesía moderna .... Crowley no perdió el tiempo en cuanto a mujeres se refiere,y  se reunieron de manera irregular por algunos meses.
Ahora bien, estas afirmaciones son totalmente infundadas. Low también afirma que Lovecraft había oído hablar del Necronomicon gracias a Greene quien, a su vez, supo de él por Crowley. Se trata de una coincidencia afortunada, ya que las primeras menciones de Lovecraft del Necronomicon aparecen en El sabueso, que escribió a mediados de octubre de 1921,sólo tres meses después de haber conocido a Greene. Sin embargo, las primeras menciones sobre Abdul Alhazred, el autor del Necronomicon, aparecen en La Ciudad sin Nombre (que él escribió en enero de 1921) ,un total de seis meses antes de haber conocido a Greene.