segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O Rosacrucianismo é um movimento tradicional? Existe um Rosacrucianismo “clássico”?

 


O Rosacrucianismo é um movimento esotérico de base totalmente protestante. Na foto acima, vemos uma das árias comprovações da associação entre o movimento rosacruz e a reforma luterana: a semelhança entre o Brasão de Lutero e o selo Rosacruz é explícita.

O Rosacrucianismo é uma das principais correntes esotéricas da modernidade. O movimento rosacruz é parte integrante do Esoterismo Moderno, e as Ordens neo-rosacruzes são quase uma unanimidade aos buscadores que procuram instituições esotéricas que lhes pareçam “sérias” e “tradicionais” (mantendo um ar cristão). Nesse sentido, as Ordens rosacruzes parecem preencher esses quesitos de maneira satisfatória.

Todavia, apesar de aparentar ser uma corrente filosófica clássica, o Rosacrucianismo está longe de ser considerado um movimento espiritual alinhado à Sagrada Tradição: as bases do pensamento rosacruz são, na verdade, completamente alheias à ideia de Tradição, e rejeitam toda e qualquer vestígio da espiritualidade clássica ocidental (BETTENCOURT, 1958). Ainda assim, muitos estudantes sinceros de esoterismo da modernidade se deixam convencer pelo discurso rosacruciano de “autonomia do Homem”, “liberdade espiritual” e “revolução de pensamento”.

O objetivo deste artigo é mostrar ao leitor que, assim como outros movimentos espirituais contemporâneos (que se travestem de um ar “clássico” para arrogar a si  alguma autoridade histórica, sem ter bases de comprovação dessa autoridade), o Rosacrucianismo é na verdade uma corrente esotérica moderna, alinhada aos ideais da Reforma Protestante e do movimento renascentista do século 16.

Inicialmente, apresentaremos ao leitor um pequeno esboço histórico do movimento rosacruz, analisando seus pressupostos filosóficos como maneira de mostrar a você estudante da Sagrada Tradição, porque o Rosacrucianismo nunca poderia ser considerado algo tradicional. Para isso, recorreremos a autores como Churton (2009), Bettencourt (1958) e Guénon (2017).

Finalmente, faremos uma breve comparação entre o neo-Rosacrucianismo do século 19, e o Rosacrucianismo “clássico” do século 17, mostrando a você leitor que apesar de haver diferenças de abordagem da filosofia rosacruz entre esses dois movimentos, ambos continuam sendo correntes esotéricas anti-tradicionais e completamente afastados da Tradição Espiritual Ocidental.  

O teólogo luterano Johann Valentin Andreae é o verdadeiro nome por trás de todo movimento rosacruz “clássico” do século 17. Foi Andreae que produziu os manifestos rosacruzes, usando o movimento como ferramenta de divulgação da Reforma Protestante de Lutero.



Entendendo o movimento rosacruz
O Rosacrucianismo “clássico” foi um movimento de insurreição filosófica inicialmente divulgado na Alemanha e na Holanda, e que foi propagado em outros países europeus nos anos seguintes (Inglaterra, Áustria, Prússia, Hungria, e até na Rússia).

O primeiro “manifesto rosacruz” (a Fama Fraternitatis) é considerado pelos rosacruzes como uma espécie de “bíblia filosófica”, e divulga os pressupostos metafísicos e filosóficos do Rosacrucianismo “clássico”. A Fama Fraternitatis foi inicialmente divulgada no início do século 17, no ano de 1614. A partir desta informação, já temos uma constatação sugestiva a você leitor: o movimento rosacruz “clássico” teve início no mesmo país onde eclodiu a Reforma Protestante (Alemanha), aproximadamente 1 século após a divulgação das teses reformistas de Martinho Lutero (divulgadas em 1517). Seria isso uma coincidência histórica? Para o pesquisador Tobias Churton, não.

Segundo Churton (2009), as bases do pensamento rosacruz são completamente protestantes. Para o autor, a Fama Fraternitatis foi um produto direto da reforma luterana, que já estava em voga na Europa do século 17. Não por acaso a linguagem da Fama Fraternitatis é completamente antropocêntrica, centrada numa visão mágica do ser humano, com clara influência liberal e rejeitando noções teológicas e metafísicas sobre a Sagrada Tradição.

Esse pensamento liberal da Fama Fraternitatis fez o Rosacrucianismo “clássico” adotar uma postura essencialmente panteísta sobre a Criação: para o autor da Fama Fraternitatis, Cristo não podia ser interpretado pela ótica católica; ao contrário: devia ser interpretado por um viés mágico, esotérico, sempre o associando à interpretação pessoal de cada buscador. Assim:

Cristo não estava apenas crucificado sobre o altar, ou além das estrelas fixas à mão direita de Deus. Cristo estava no coração do crente, e uma vez entronizado no centro do ser do Homem, Ele poderia ser encontrado em todos os lugares. (CHURTON, 2009, p. 34).
Como se vê, o pensamento rosacruz “clássico” bebe dos mesmos ideais protestantes de Lutero: como fruto da reforma luterana, o Rosacrucianismo vai procurar fazer alianças filosóficas com toda e qualquer corrente de pensamento e movimento espiritual que se contraponha de alguma maneira ao Catolicismo e à Roma. Assim, não é de espantar que o Rosacrucianismo defenda ideias espirituais de inimigos históricos da Sagrada Tradição, como o Gnosticismo e até mesmo o Islamismo! (considerado pelos rosacruzes como uma “fonte de bom senso e sabedoria”).

Para os rosacruzes, a busca pelo sagrado deve ser uma busca individual e descentralizada (um pensamento claramente gnóstico). Assim, o contato com o sagrado (Cristo) deve ser feito sempre de forma relativizada, da maneira como cada buscador achar conveniente. Na prática, o movimento rosacruz rejeita também a Sagrada Liturgia, uma vez que desconsidera a importância da Tradição nas celebrações, e rejeita quaisquer vestígios tradicionais nas práticas espirituais. Isso deixa mais do que claro que o chamado “Rosacrucianismo clássico” é na verdade um misticismo de caráter protestante (KREEFT, 2008).

Filosoficamente falando, o Rosacrucianismo teve sua divulgação iniciada um pouco antes da explosão do movimento iluminista na Europa. Ainda assim, os manifestos rosacruzes já estavam impregnados das correntes filosóficas que seriam espalhadas na Europa nos anos seguintes: o Relativismo; o Humanismo Antropocêntrico; o Panteísmo (divulgado abertamente na Fama Fraternitatis); o Materialismo (já divulgado de maneira discreta na Reforma Protestante); e principalmente o Liberalismo…uma das correntes filosóficas iluministas mais prejudiciais ao homem ocidental.

Para o teólogo Dom Estêvão Bettencourt, a análise filosófica do movimento rosacruz é relativamente simples, uma vez que

“O Rosacrucianismo não é senão uma das expressões da tendência ao ocultismo e à constituição de sociedades secretas, tendência que aparece no gênero humano desde remotas épocas. […] Ainda hoje se encontram tais sociedades, que constituem verdadeira rede invisível de auxilio mútuo: a cabala medieval, a franco-maçonaria posterior ao século 16, a gnose antiga e moderna e também o Rosacrucianismo não são senão cristalizações mais ou menos densas de tal tendência. (BETTENCOURT, 1958, p. 2).
Outra característica marcante do Rosacrucianismo é a busca incessante por argumentos de autoridade mitológica que dêem ao movimento algum tipo de validade histórica. Para Guénon (2017) essa é uma tendência dos movimentos esotéricos modernos, que justamente por não serem tradicionais precisam sempre recorrer à Tradição como forma de puxarem a si algum tipo de respaldo filosófico.

Os manifestos rosacruzes “clássicos” (Fama Fraternitatis, Confessio Fraternitatis, e Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreutz) alegavam ter sido transmitidos pela figura misteriosa de Christian Rosenkreutz, um iniciado que teria tido experiências místicas em viagens ao Oriente Médio, onde teria tido contato com os povos árabes e recebido “chaves elevadas de iniciação espiritual”. De certa forma, esse era um discurso comum nas Ordens Iniciáticas dos séculos 17 e 18, que já bebiam das ideias reformistas e iluministas que se espalhavam na Europa, dentre elas:

a) A ideia de que o Ocidente estava “corrompido” pelo Catolicismo, e de que a “corrupção moral” católica seria “purificada” pelo Protestantismo, que se apresentava como o “verdadeiro cristianismo” (assim como o Gnosticismo também se apresentava!);

b) A ideia falaciosa (advinda do Renascimento do século 15) de que a Idade Média havia sido um período de “trevas e escuridão”, e de que o Rosacrucianismo serviria para divulgar de forma “sábia” os “ensinamentos” da Reforma, estimulando uma visão particular de ciência paganizada que originou um pré-cientificismo promotor de um culto ao “saber científico” (sob a ótica rosacruz);

c) A relativização de conceitos tradicionais pertencentes à Tradição Espiritual Ocidental, inclusive propondo um questionamento à classificação dos inimigos históricos da Sagrada Tradição. Assim, para o Protestantismo (e consequentemente para o Rosacrucianismo) todos os grandes rivais da espiritualidade clássica do Ocidente não eram tão “maus” assim, e seriam “vítimas” da “difamação” que o  Catolicismo promoveu “deturpando” suas imagens (CHURTON, 2009). Por isso, o Rosacrucianismo dá tanta ênfase à cultura árabe e aos muçulmanos…assim como abraça abertamente ideias gnósticas e protestantes.

Segundo Churton (2009), o mito de uma pretensa origem mítica dos manifestos rosacruzes é desconstruído de forma definitiva quando se comprova o fato de que o personagem Christian Rosenkreutz não possui validação histórica: trata-se pura e simplesmente de uma entidade fictícia construída como pilar de sustentação para a divulgação das ideias rosacruzes do século 17. Esse tipo de estratégia foi utilizado também pela própria maçonaria moderna (também chamada de “maçonaria especulativa” ou “simbólica”), que usou o personagem Hiram Abiff para sustentar o mito de uma origem maçônica lendária (que na verdade teve sua origem pós-século 15).

Tobias Churton vai ainda mais além, e comprova (através de farta documentação histórica) que a verdadeira figura por trás do movimento rosacruz “clássico” é Johann Valentin Andreae (1586 – 1654), um teólogo luterano alemão que criou todo a metafísica rosacruz (assim como os manifestos rosacruzes) e o usou a divulgação desse movimento para enfatizar a propagação das ideias reformistas na Alemanha e na Holanda (CHURTON, 2009).

De certa forma, fica-nos claro aqui que a pretensa “mística” dos manifestos rosacruzes “clássicos” na verdade não tinha nenhuma profundidade teológica ou filosófica; o movimento rosacruz “clássico” não se preocupava em defender uma Metafísica estabelecida ou uma doutrina espiritual coesa: tratava-se na verdade de um movimento mais político que espiritual propriamente dito, e que serviu como braço de divulgação das ideias reformistas luteranas, propondo discussões de caráter pseudo-científico e alheias ao ambiente acadêmico (uma característica de Lutero, que rejeitava abertamente as Universidades). Ao mesmo tempo, O Rosacrucianismo “clássico” misturava ideais pseudo-científicos com um esoterismo vago e ambíguo de caráter anti-tradicional (como veremos a seguir).

As bases do pensamento rosacruz, e a rejeição explícita do Rosacrucianismo à Sagrada Tradição
A esta altura, já deve estar ficando mais claro a você leitor, que o movimento rosacruz não é uma filosofia tão “clássica” assim como propõe ser: trata-se pura e simplesmente de uma corrente esotérica moderna, completamente alinhada aos ideais luteranos e fruto direto da Reforma Protestante (GUÉNON, 2017).

Só essa breve descrição, por si só já deveria ser suficiente para comprovar que o Rosacrucianismo nunca poderia ser uma corrente filosófica pertencente à Tradição Espiritual Ocidental. Porém, ainda assim, muitos rosacruzes da atualidade insistem em defender ideias relativistas sobre o conceito de “Tradição”, e defendem (muitas vezes até de forma sincera, apesar de terem pouco estudo a respeito do tema) que o movimento rosacruz seria uma das diversas “correntes alternativas” da espiritualidade ocidental.

De certa forma, compreendemos a honestidade de intenções de muitos estudantes rosacruzes em suas jornadas espirituais. Gostaríamos de deixar claro que não é intenção deste artigo criticar a opção espiritual desses buscadores, mas sim conscientizá-los de que sua escolha não é necessariamente aquilo que eles julgam ser. Dessa forma, nosso foco principal neste ensaio não é falar dos rosacruzes (muitos dos quais são buscadores honestos de intenção); mas sim falar sobre o Rosacrucianismo propriamente dito (enquanto movimento filosófico), mostrando que suas bases históricas contradizem seu discurso “mitológico”.

Infelizmente falta a muitos estudantes de esoterismo da atualidade (assim como a muitos protestantes) uma base coesa de investigação, através de autores alinhados à Sagrada Tradição que apresentem uma visão digna dos conceitos primordiais que sustentam a espiritualidade clássica do Ocidente. Muitos dos argumentos usados pelos rosacruzes contemporâneos giram em torno de conclusões obtidas da leitura de autores alinhados ao pensamento esotérico moderno, que por ser iluminista, obviamente irá estimular (e divulgar de maneira falaciosa) uma pretensa “justificativa histórica” a correntes esotéricas modernas (e o Rosacrucianismo é uma dessas correntes). Porém, não há como uma corrente esotérica ser moderna e “clássica” ao mesmo tempo…posto que o moderno é, por si só, uma rejeição do clássico (GUÉNON, 2017).

Segundo Churton (2009), dos três manifestos rosacruzes, a Fama Fraternitatis é aquele que possui o texto mais claro em relação aos objetivos do movimento rosacruz: para o autor, o texto da Fama Fraternitatis deixa explícito a todo momento sua completa aversão a tudo que seja considerado “tradicional”, e enfatiza até mesmo o alinhamento ideológico de Christian Rosenkreutz às ideias de Lutero (ainda que Christian Rosenkreutz seja um personagem fictício). Assim, Tobias Churton faz uma análise detalhada de trechos da Fama Fraternitatis, explicitando as ideias reformistas de Johann Valentim Andreae (o verdadeiro autor do texto), como no trecho a seguir:

Após cinco anos, voltou seu pensamento à desejada Reforma; e como duvidasse do apoio e da ajuda de outros, embora fosse ele próprio pleno de vigor e perseverante, resolveu empreendê-la por sua conta, acompanhado apenas de alguns colaboradores (FAMA FRATERNITATIS apud CHURTON, 2009, p. 123. Grifo nosso.)
Aqui, vemos no próprio texto da Fama Fraternitatis que em nenhum momento, Johann Valentin Andreae (autor do texto) nega ou sequer disfarça os objetivos dos manifestos rosacruzes: promover as ideias da Reforma Protestante na Europa, e negar os princípios da Sagrada Tradição rejeitando a Metafísica do Catolicismo.

De acordo com a Fama Fraternitatis, o próprio Christian Rosenkreutz seria uma espécie de “monge decepcionado” com a doutrina católica (um perfil de personagem claramente inspirado em Lutero), que se tornou um “entusiasta” das promessas reformistas luteranas (CHURTON, 2009). Dessa forma, poderíamos nos perguntar: o que o Rosacrucianismo “clássico” realmente propunha, do ponto de vista religioso (além de suas promessas políticas)?

Bettencourt (1958) nos dá um esboço da resposta a esse questionamento: para o teólogo brasileiro, uma das chaves do movimento rosacruz para conquistar a simpatia do público europeu do século 17 foi apresentar o Rosacrucianismo não como uma religião, mas como um movimento espiritual “ecumênico” que iria misturar o melhor de várias correntes espirituais diferentes (obviamente rejeitando apenas a Metafísica católica, representante maior da Tradição Ocidental).

Para Bettencourt (1958), o Rosacrucianismo “diz que fala de Deus e da felicidade do homem, mas de maneira compatível com os credos religiosos” (BETTENCOURT, 1958, p. 5). Assim, o adepto de qualquer religião poderia estudar as ideias da Rosacruz sem ofender a sua fé, como estuda química, música, jurisprudência…

Percebemos aqui uma falácia grandiosa, disfarçada de “benesse”: ao mesmo tempo em que o movimento rosacruz “clássico” se apresentou como algo progressista (em oposição à doutrina católica, classificada como “obscurantista” e “intolerante”), o próprio Rosacrucianismo também exalava uma intolerância gigantesca ao conceito de “Tradição” (a mesma rejeição protestante).

Temos aqui o típico exemplo do “lobo vestido em pele de cordeiro”: os textos rosacruzes “clássicos” propõem uma utopia iluminista que buscava (e ainda busca!) a liberdade total do ser humano em todos os aspectos de sua vida (religião, comportamento, saúde, sexualidade, etc.). Porém, essa busca pela liberdade anda acompanhada de uma rejeição intolerante a qualquer vestígio da Sagrada Tradição, a única capaz de livrar o Homem de seus impulsos mais egoístas (AQUINO, 2001). Assim, com base no pensamento de Santo Tomás de Aquino, não podemos classificar o Rosacrucianismo “clássico” de outra forma que não seja como um movimento egoísta por essência, uma vez que a espiritualidade rosacruz é na prática, a espiritualidade protestante com ares esotéricos.

Na prática, o Rosacrucianismo é um misticismo esotérico protestante que abasteceu o Esoterismo Moderno durante os séculos 17 e 18 (ao lado da maçonaria especulativa), alimentando as Ordens Iniciáticas modernas com ideais aparentemente “nobres” e “tolerantes”. Porém, a base do Rosacrucianismo é justamente a intolerância e a desobediência: desobediência ao que é tradicional; e intolerância ao que é “ultrapassado”.

Por ser uma corrente esotérica de caráter anti-tradicional e reformista, o movimento rosacruz tem um claro apreço também ao Judaísmo…outra clara característica do Protestantismo, que idolatra os judeus considerando a religião judaica como “a religião de Cristo”, e tratando o Cristianismo como uma espécie de “Judaísmo renovado” (KREEFT, 2008).

Da mesma forma, é curioso notar que os manifestos rosacruzes clássicos insistiram na ideia de que não estavam divulgando nenhuma filosofia nova (quando na verdade, estavam!), ao mesmo tempo em que classificavam as ideias reformistas como “ideais espirituais milenares”, divulgados pela “Grande Fraternidade Branca”. Dessa forma, o Rosacrucianismo “clássico” propunha um Cristianismo empobrecido teologicamente (por ser protestante), ao mesmo tempo em que propunha uma filosofia de vida por vezes judaizante e por vezes paganizada. Assim, lemos por exemplo na Fama Fraternitatis: “nossa filosofia não é nova, mas semelhante à que foi recebida por Adão, e que Moisés e Salomão colocaram em prática” (FAMA FRATERNITATIS, 2004, p. 23).

O discurso de “grandiosidade” permeia todo o texto da Fama Fraternitatis: para isso, o manifesto repete várias vezes que várias personalidades dos séculos 16 e 17 eram (ou haviam sido) rosacruzes, como René Descartes, Francis Bacon e Paracelso. Tal estratégia buscava reafirmar a ideia de que o movimento rosacruz seria algo “milenar”, que serviria como “base de formação filosófica” a todos os grandes nomes da ciência iluminista (BETTENCOURT, 1958). Conforme veremos a seguir, esse discurso de “influência espiritual” do movimento rosacruz “clássico” vai ser ainda mais aprofundado no movimento neo-rosacruz do século 19, dando uma abordagem ainda mais caricata e confusa ao Rosacrucianismo, e fazendo dele um quebra-cabeças esotérico que guardou apenas uma fina essência das ideias do movimento rosacruz “clássico”.

O neo-Rosacrucianismo: uma “colcha de retalhos” esotérica
Um dos principais argumentos rosacruzes atuais é apelar para um discurso de autoridade histórica em favor do chamado Rosacrucianismo “clássico”. Para os rosacruzes do século 21, o neo-Rosacrucianismo é um movimento esotérico falho porque se afastou da “verdadeira essência” do Rosacrucianismo “clássico” do século 17.

O leitor que ouve defesas tão apaixonadas à “superioridade” do Rosacrucianismo “clássico” pode até chegar a suspeitar que realmente haja algo de “tradicional” nos manifestos rosacruzes de 1614; porém, a história nos mostra outros fatos.

Como deixamos claro ao longo deste artigo, a ideia de que o Rosacrucianismo “clássico” é algo “milenar”, “mitológico” ou “superior” ao neo-Rosacrucianismo apenas por ser 200 anos mais antigo, é uma falácia esotérica moderna. Do ponto de vista histórico, 200 anos não são suficientes para caracterizar a superioridade filosófica de nenhum movimento espiritualista…uma vez que o alcance da história é muito mais amplo que as considerações humanas (KREEFT, 2008). Com base nisso, não é o fato de pertencer ao século 17 que faz do Rosacrucianismo “clássico” algo melhor que o neo-Rosacrucianismo (ou mesmo algo “tradicional”).

Infelizmente, a discussão que os rosacruzes da atualidade propõem sobre as diferenças entre o Rosacrucianismo “clássico” e o neo-Rosacrucianismo é uma discussão pueril, e lembra-nos muito os debates propostos pelas evangélicos a respeito da “superioridade” das igrejas pentecostais em relação às neopentecostais. Ora: teologicamente falando esse é um debate absolutamente inútil, uma vez que mesmo que o pentecostalismo seja “superior” ao neopentecostalismo, ambos continuam fora do seio da Tradição Espiritual Ocidental, justamente por serem correntes protestantes (DAWNSON, 2014). E o mesmo ocorre com o Rosacrucianismo.

Do ponto de vista filosófico, o Rosacrucianismo nem pode ser caracterizado como uma corrente “clássica” ou “tradicional”, uma vez que rejeita completamente quaisquer vestígios considerados tradicionais ou que se afinizem de alguma maneira à Metafísica do Catolicismo. Na verdade, como fruto direto da Reforma Protestante, seus objetivos eram acima de tudo políticos (e não espirituais): os manifestos rosacruzes divulgados (e produzidos!) por Johann Valentim Andreae eram ferramentas de propagação das ideias luteranas na Europa do século 17, inaugurando o Iluminismo e a divulgação de suas filosofias anti-tradicionais.

Diante de todos esses fatos, precisamos primeiramente entender o que é o movimento neo-rosacruz do século 19, para só então podermos compreender porque o chamado “Rosacrucianismo clássico” não é superior ao neo-Rosacrucianismo.

O neo-Rosacrucianismo é o aprofundamento filosófico do Rosacrucianismo “clássico”, ocasionado a partir do século 19. Segundo Tobias Churton, a principal característica do movimento neo-rosacruz é seu sincretismo: as Ordens neo-rosacruzes misturam elementos de diversas doutrinas e filosofias vigentes no século 19, e não se limitam mais a trabalhar apenas a espiritualidade rosacruciana divulgada nos manifestos rosacruzes “clássicos”. Assim, é comum vermos Ordens neo-rosacruzes que se dizem gnósticas, thelêmicas, e até mesmo espíritas (CHURTON, 2009).

Não iremos aqui citar nomes de instituições, nem mesmo entrar em detalhes sobre os sistemas iniciáticos propostos por cada Ordem neo-rosacruz da atualidade. O que nos interessa é mostrar a você leitor, que o neo-Rosacrucianismo é na verdade um verdadeiro “frankstein esotérico”: um conjunto de ensinamentos difusos e misturados, que muitas vezes se opõem diametralmente entre si e nem mesmo guardam relações filosóficas. Por isso mesmo, o movimento rosacruz moderno guardou pouco da essência protestante do Rosacrucianismo “clássico”, a ponto de algumas Ordens neo-rosacruzes nem mesmo se classificarem como cristãs! (BETTENCOURT, 1958).

De certa forma, o fato do neo-Rosacrucianismo não ter uma identidade sólida não é uma novidade: por ser um movimento originado da Reforma Protestante, o Rosacrucianismo (seja ele o “clássico” ou o moderno) guarda a essência reformista de sempre usar a seu favor tudo aquilo que considere útil à sua doutrina, sem necessariamente sentir nenhum remorso por isso. Assim, o fato de se apoderar de outros elementos (inclusive elementos da Sagrada Tradição) para constituir sua própria filosofia, não constitui um problema para os protestantes (e obviamente para os rosacruzes), uma vez que “Lutero diz que as boas obras não tornam um homem bom, e nem obras más tornam as pessoas más” (DAWNSON, 2014, p. 116).

De qualquer maneira, independente de beber de diferentes correntes filosóficas, o neo-Rosacrucianismo continua sendo um movimento anti-tradicional e avesso à Sagrada Tradição: as Ordens rosacruzes modernas defendem uma interpretação completamente distorcida do conceito de “Tradição”, muitas vezes associando a Tradição a qualquer coisa pagã que se diferencie da Metafísica judaico-cristã. Essa noção paganizada da Tradição é consequência direta da influência do pensamento de Helena Blavatsky sobre o pensamento das Ordens neo-rosacruzes, uma vez que Blavatsky era abertamente anti-cristã e defendia uma noção completamente paganizada da Tradição Espiritual Ocidental.

Segundo Bettencourt (1958), o neo-Rosacrucianismo é um movimento esotérico tão disperso, que

[…] professa uma filosofia que é uma visão integral do mundo; ultrapassa o plano dos métodos práticos de obter sucesso na vida, para dar resposta às questões que qualquer credo religioso considera. Com efeito, a ideologia neo-rosacruciana está estritamente baseada nas teses fundamentais do ocultismo: admite o monismo (uma só substância que se manifesta tanto no homem como na natureza) e a reencarnação (doutrina espírita), onde o indivíduo humano estaria sujeito a ciclos semelhantes aos da história universal; reencarnar-se-ia de acordo com as vibrações cósmicas! (BETTENCOURT, 1958, p. 9).
Considerações Finais

Podemos responder agora às perguntas feitas no início deste artigo: existe mesmo um Rosacrucianismo “clássico”? O movimento rosacruz pode ser considerado algo “tradicional”?

Há sim um movimento rosacruz inicial que deu origem ao Rosacrucianismo, no século 17. Todavia, esperamos ter deixado claro a você leitor, que o Rosacrucianismo “clássico” está longe de ser um movimento espiritual tradicional, e que o neo-Rosacrucianismo não passa do aprofundamento do movimento rosacruz “clássico”, misturado as correntes de pensamento em voga a partir do século 19.

Há diferenças consideráveis entre o neo-Rosacrucianismo e o Rosacrucianismo “clássico”? Sim, há. Porém, as diferenças grandes de abordagem dessas duas correntes rosacruzes repousa mais no modo de abordagem da doutrina rosacruciana, que na essência dessa doutrina propriamente dita (que continua tendo uma base anti-tradicional).

É importante que você leitor conscientize-se do fato de que o Rosacrucianismo é mais uma das correntes esotéricas modernas que se apresentam ao público de maneira “grandiosa” e “mitológica”. Ainda que as Ordens neo-rosacruzes possuam estudantes sinceros e dedicados entre seus membros, a essência do Rosacrucianismo não muda: trata-se de uma corrente filosófica que possui seu alicerce na Reforma Protestante do século 16, e que por isso mesmo não pode ser considerada “clássica” ou “tradicional” (ainda que muitos de seus membros assim a considerem), uma vez que um conceito não pode ser interpretado de duas maneiras diferentes ao mesmo tempo: ou é interpretado de uma forma, ou é interpretado de outra forma. Assim, o moderno não se torna tradicional (GUÉNON, 2017).

REFERÊNCIAS

AQUINO, Tomás de. Suma Teológica: Vol. 1. Edições Loyola. Rio de Janeiro: 2001.
BETTENCOURT, D. Estêvão. O que é a Ordem Rosacruz? Rio de Janeiro, 1958. Disponível em https://www.veritatis.com.br/o-que-e-a-ordem-rosa-cruz/?__cf_chl_managed_tk__=pmd_8_3X5oTZGtCDdaoDWKm3ULHWRC709NWpX7u4pi4s_a8-1633535688-0-gqNtZGzNAvujcnBszRK9
CHURTON, Tobias. A história da Rosacruz: os invisíveis. São Paulo: Madras, 2009.
DAWNSON, Christopher. A divisão da cristandade. É Realizações Editora: São Paulo, 2014.
GUÉNON, René. A crise do mundo moderno. Tradução: Fernando Guedes Galvão. Instituto René Guénon de Estudos da Tradução – IRGET: São Paulo, 2017.
KREEFT, Peter. Manual de defesa da Fé: apologética cristã. Ed. Acadêmico: Rio de Janeiro, 2008.

Assim como outros movimentos esotéricos modernos, o Rosacrucianismo também precisou de um “mito de criação”. Assim, a figura de Chrystian Rosenkreutz ganhou fama no movimento rosacruciano do século 16, como fundador e “pai” da Ordem Rosacruz.

O Rosacrucianismo é um movimento esotérico moderno que usa um discurso liberal e ecumênico como forma de conquistar a simpatia do público. Assim, o Rosacrucianismo apresentou-se à Europa do século 17 como uma filosofia aberta a todos os credos (e não como uma religião). Porém, por trás desse suposto ecumenismo e tolerância religiosa, o Rosacrucianismo sempre guardou a intolerância protestante ao conceito de “Tradição”.

Resposta de um Comentario por Frater MF

Caro visitante, boa tarde!
Lamentamos se você considerou o texto “preconceituoso”. Porém, o artigo que você leu sobre o Rosacrucianismo não está “disfarçado” de verdade histórica; ao contrário: todo o texto é baseado EM FATOS HISTÓRICOS COMPROVADOS.
Se você procura textos que defendam relativismo espiritual, não é em nosso blog que irá encontrar esse tipo de material. O blog Arte Magna trabalha com conteúdos CATÓLICOS, e nosso humilde apostolado é alinhado à Sagrada Tradição Cristã e à Santa Doutrina de Jesus Cristo. E do ponto de vista cristão, o Rosacrucianismo não é uma filosofia espiritual “tradicional”.
O Rosacrucianismo não pode ser tradicional porque sua origem é totalmente pautada na Reforma Protestante; ISSO É UM FATO HISTÓRICO QUE NÃO PODE SER NEGADO. E o Protestantismo rejeita totalmente tudo que é considerado “tradicional” (pois rejeita o próprio conceito de “Tradição Cristã”); tanto que o Protestantismo é o “pai filosófico” do Iluminismo dos séculos 17 e 18. Por isso, não existe um movimento rosacruz “clássico” e um “moderno”: o que existe são tendências rosacruzes que bebem da mesma fonte e guardam diferenças no modo de manifestar sua rejeição ao Catolicismo. O Rosacrucianismo é uma filosofia esotérica, pautada em ideias protestantes.
Isso não significa que os rosacruzes sejam más pessoas; longe disso: há muitos rosacruzes sinceros e dedicados, que tem um bom coração, mas que se enganam (as vezes inconscientemente) achando que participam de uma filosofia espiritual “milenar” ou “tradicional”, quando na verdade participam de um movimento moderno e iluminista. E isso faz muitas pessoas se iludirem com vários caminhos esotéricos modernos…


Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz


Núpcias Alquímicas de Christian Rosenkreuz (título original: Die Chymische Hochzeit Christiani Rosencreutz. Anno 1459) é o terceiro dos manifestos que deram publicidade à Ordem Rosacruz no início do século XVII.


Manifestos Rosacruzes:


1614 - Fama Fraternitatis

1615 - Confessio Fraternitatis

1616 - Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz

Trata-se de um manifesto rosacruciano publicado em 1616 na cidade alemã de Estrasburgo (anexada à França em 1681). Sua autoria é originalmente desconhecida, tendo sido publicado por Lazarus Zetzner sem menção ao nome do autor. Mais tarde, em sua autobiografia, Johannes Valentinus Andreae (1586–1654) reivindicou tê-lo escrito em 1604. Sua versão em inglês foi publicada em 1690 pela editora Foxcroft, datando a tradução francesa somente de 1928. As traduções para a língua portuguesa começaram com Jan van Rijckenborgh, apresentando sua análise dos aspectos simbólicos presentes na obra. Outra tradução mais moderna para o português surgiu em 2016, por Tereno Telúrio Tertuliano (provavelmente pseudônimo), obtida diretamente do texto original em alemão.[1]


A ação se situa em 1459, “em uma noite antes do dia da Páscoa”, durante os preparativos e meditações do autor/protagonista, Christian Rosenkreuz (CRC), que inusitadamente recebe, por um anjo, o convite para comparecer à festa de núpcias do Rei e da Rainha. O texto é alegórico, poético e satírico, seguindo a tradição dos grandes textos alquímicos, narrando em primeira pessoa as experiências de CRC nos sete dias que se seguem ao convite, culminando com sua instalação como Cavaleiro da Pedra Dourada. Curiosamente, foi na Páscoa de 1459 que a Constituição dos Francomaçons de Estraburgo foi primeiramente assinada, em Regensburg, com uma segunda assinatura pouco depois em Estrasburgo. Essa data se aproxima também da data de impressão da Bíblia de Gutemberg, que começou a ser impressa em Mainz, Alemanha, em 1455, e da primeira Bíblia em alemão, a Bíblia de Mentel, concluída em Estrasburgo em 1466. A obra foi majoritariamente escrita em alemão, contendo ainda trechos em latim e termos latinizados. Nas marginálias ainda se encontram vez ou outra termos em grego e símbolos alquímicos.


A folha de rosto original indica seu conteúdo codificado e esotérico pela inscrição:


"Arcanos publicados de valor; e em favor dos profanos perdidos. Logo: não atira Pérolas a porcos, ou deita rosas a um Burro."


(Arcana publicata vileſcunt; & gratiam prophanata amittunt. Ergo: ne Margaritas obijce porcis, ſeu Aſino ſubſterne roſas.)


De uma grande qualidade literária, esta obra se presta a numerosas interpretações. Ali se revelam aspectos alquímicos, teológicos, astrológicos, alegóricos, psicológicos, espirituais, numerológicos, herméticos e cabalísticos que revelam interesse pela matemática, mecânica, magia e pansofia, de sorte que este manifesto tem sido fonte de inspiração para poetas e alquimistas (os quais têm por objetivo o "Casamento Sagrado") através da força de seu ritual de iniciação envolvendo procissões, enigmas, purificações, morte, ressurreição e ascensão, bem como por causa de seu simbolismo, encontrado desde o início do texto, com no convite para assistir às Bodas Reais. Este convite contém a Mônada Hieroglífica (ou Monas Hieroglyphica), associada a John Dee.


Existem diversas semelhanças nesta alegoria alquímica com passagens bíblicas, como as que fazem referência ao convite para a festa no castelo:


"O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho." (Mateus 22:2)


Parágrafo Inicial

A estória segue-se exatamente à Páscoa e aos sete dias de pães ázimos. As instruções para o ritual da Páscoa no livro de Êxodo (Êx.12:15) também podem ser encontradas em detalhes nos livros Levítico, Números e Deuteronômio. O abate e o preparo do cordeiro pascal ocorrem na noite anterior. Do mesmo modo, as Núpcias Alquímicas começam à véspera da Páscoa, com CRC sentado à mesa com seu cordeiro pascal e seu pão ázimo. Isso poderia indicar que CRC fosse judeu. Entretanto, as palavras "Pai das Luzes" são curiosamente empregadas no primeiro parágrafo, não sendo este um nome ou título de Deus tradicionalmente empregado pelos judeus. Na verdade, a expressão "Pai das Luzes" somente aparece uma vez na Bíblia, no Novo Testamento.


Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das Luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade. (Epístola de Tiago I, 17)

Essa evidência ajuda a reforçar a ideia do viés cristão de seu autor, explicitado mesmo na escolha do nome do protagonista.


Segue um trecho do primeiro parágrafo, o qual é acompanhado por uma nota marginal contendo a palavra Meditatio (do latim, meditação):


"Em uma noite antes do Dia da Páscoa, eu me sentei a uma mesa e, tendo (como era de meu costume) em minha humilde oração suficientemente conversado com meu Criador e refletido sobre muitos grandes mistérios (os quais sua Majestade, o Pai das Luzes, tem me deixado ver não poucos), e estando agora pronto para preparar no meu coração, juntamente com meu amado Cordeiro Pascal, um pequeno e imaculado pão ázimo, muito subitamente surgiu uma horrível tempestade, de modo que eu não pensei outra coisa, senão que a colina sobre a qual minha pequena casa estava fundada devesse explodir com grande violência."


Resumo da Obra

Dia 1.

O Convite

As "Núpcias" se iniciam à véspera da Páscoa, momento em que CRC recebe um convite de uma "belíssima menina, cujas vestes eram totalmente azuis com estrelas douradas, como se graciosamente deslocadas do Céu", e com "grandes e lindas asas repletas de olhos, em toda a extensão e mesmo através". Essa virgem lhe entrega uma pequena carta informando sobre o convite para as Bodas Reais, mas também advertindo para os riscos de se apresentar sem haver-se suficientemente preparado.


O Primeiro Sonho de CRC

Depois de fervorosa prece e rogo pela aparição de seu bom anjo, CRC adormece e tem um sonho. Ao fundo de uma torre profunda e obscura, juntamente com outras pessoas acorrentadas e lutando umas contra as outras, ele descreve os vãos esforços da humanidade em sua ignorância e desespero. A cobertura da torre é elevada, mas o mínimo raio de luz que se infiltre só torna a realidade mais insuportável e caótica. Uma corda é lançada por sete vezes e todos se digladiam para serem libertados. CRC é erguido e liberado na sexta vez que a corda desce, mas é obrigado a ajudar a retirar o último grupo, apesar de suas graves feridas.


Seus salvadores lamentam não poderem salvar a todos e lhe presenteiam com uma insígnia dourada contendo a inscrição D.L.S (Deus Lux Solis, ou Deus Laus Semper: Deus Luz do Sol, ou Deus seja eternamente louvado).


Depois de desperto, CRC deixa sua choupana pleno de esperança e alegria e se coloca em caminho na direção da montanha onde deveriam ocorrer as Núpcias.


Dia 2.

Os Quatro Caminhos

CRC avista três altos cedros e se dirige a eles para descansar a sua sombra. Sobre um deles estava afixada a tabuleta com orientações do Noivo sobre os quatro caminhos que levam às Núpcias.


"O primeiro é curto, mas perigoso, e te conduzirá em vários penedos, através dos quais mal poderás passar."

"O segundo é mais longo e ainda te conduz em círculos; não leva muito longe; ele é plano e fácil, se pela ajuda do Magneto tu não te desviares, nem para a direita, nem para a esquerda." 

"O terceiro é um verdadeiro caminho Real, que, através de variadas delícias e espetáculos de nosso Rei, proporciona-te uma jucunda jornada; mas a esse até agora dificilmente um dentre mil se lançou." 

"Pelo quarto, nenhum homem alcançará o Real, pois é uma via muito exigente, conveniente apenas aos corpos incorruptíveis." 

Diz o texto que CRC deve escolher o caminho que deseja seguir e não mais retornar, sob risco de vida caso tente retroceder. Na tentativa de proteger uma pomba (símbolo da alma/anima) do ataque de um corvo, ele acaba entrando sem consideração em seu caminho predestinado, o segundo, de acordo com nota marginal. Na ocasião, ele deixa seu pão para trás.


No Castelo das Núpcias

Depois de atravessar dois portais, comprando de seus guardiões duas insígnias por sal e água, CRC finalmente chega ao castelo e descobre uma grande quantidade de convidados, os quais em sua maioria, ridicularizam e zombam de sua piedade. A grande decepção de CRC é interrompida pela entrada da uma "belíssima Virgem, trazida em um glorioso e triunfante trono dourado que se movia por si mesmo". A Virgem anuncia que no dia seguinte haverá a aferição dos pesos dos Artistas (palavra usada no sentido de alquimistas, no caso, os convidados). Aqueles que não passassem pelo teste da balança seriam expulsos com humilhação, mas aqueles que espontaneamente se reconhecessem indignos seriam liberados sem culpa.


O Segundo Sonho de CRC

Tendo se reconhecido indigno, CRC é amarrado com outros voluntários e deixado para pernoitar em um canto do salão, enquanto aqueles que se submeteriam ao teste foram recolhidos em câmaras confortáveis. Durante o sono, CRC sonhou com uma multidão de pessoas presas ao céu por pequenos fios, vindo voando um velho senhor com uma tesoura a cortar-lhes os fios. Quem muito se elevou teve uma queda mais sofrida.


Dia 3.

A Preparação do Julgamento

CRC e seus companheiros se preparam para observar a prova. Todos são confrontados com 7 pesos de tamanhos diferentes sobre uma balança de ouro colocada no meio do salão. Sete companhias de guardas são formadas para receber aqueles que fracassassem na prova, de acordo com o peso que não suportassem.


A Balança dos Artistas

Primeiramente foram submetidos à balança os imperadores e nobres, que resistiram a algum peso em particular, ou a vários, mas raros foram os que chegaram ao termo da prova resistindo a todos os pesos. Depois vieram os sábios, os falsificadores, os fabricantes de pedras filosofais e todos que abusaram da ignorância do povo. Todos os reprovados foram expulsos da balança sob pontapés, vaias e zombaria, sendo conduzidos como prisioneiros para a companhia respectiva.


Ao final, foi proposto que os voluntários que espontaneamente se reconheceram indignos também fossem provados, sem risco de vida, apenas por diversão. CRC triunfa sobre todos os pesos, suportando adicionalmente o peso de mais três guardas que se penduraram na balança. Com isso, ele foi liberado e teve ainda o direito de libertar mais um prisioneiro a sua escolha.


Jantar

Os aprovados formam uma comissão, tendo a Virgem por presidente, para definir a forma de execução dos réprobos. Depois das deliberações, estes são exaltados em um jantar solene, durante o qual recebem diversos presentes por parte do Noivo.


Execução dos Réprobos

Os numerosos reprovados são conduzidos para o jardim onde cada um é tratado de acordo com seu demérito. O espetáculo sangrento é encerrado com a entrada de um Unicórnio que reverencia o Leão.


Passeio pelo Castelo

Os legítimos convidados são conduzidos por pajens para diversas partes do castelo, segundo o desejo de cada um. CRC visita primeiramente o sepulcro e a biblioteca, onde encontra sinais de grande conhecimento. No entanto, deve guardar segredo de tudo, pois é posteriormente advertido de que aqueles locais eram interditos à visitação pelo Rei. Por fim, CRC se dirige ao Globo terrestre, onde verifica que sua aprovação já fora prevista pelo velho Atlas, o astrônomo do Rei.


Banquete

Ao final deste longo dia, é preparado um banquete em homenagem aos convidados. A Virgem conduz as conversas por meio de intrincados enigmas sobre amor e fidelidade, culminando com o Enigma do Nome, provado pela pergunta de CRC, ao que a Virgem responde:


“Meu Nome contém cinquenta e cinco, e tem, contudo, apenas oito letras. A terceira é a terça parte da quinta, e adicionada à sexta, produzirá um número cuja raiz excederá a terceira mesma apenas pela primeira, e a qual é a metade da quarta. Agora, a quinta e a sétima são iguais. A última e a primeira são também iguais, e fazem com a segunda tanto quanto a sexta, a qual contém apenas quatro mais que a terceira triplicada. Agora, dizei-me, meu senhor, como eu me chamo?” 


Procissão das 7 Virgens

Sete Virgens especiais são apresentadas, a sétima (chamada no texto de Rainha e na marginália de Duquesa) merecendo reverência inclusive da Virgem Presidente. Estas Virgens fizeram uma demonstração de elevação de pesos


O Terceiro Sonho de CRC

O autor foi conduzido a sua câmara "regiamente decorada com belas tapeçarias e pinturas penduradas" e se admirou do conhecimento de seu pajem. CRC dormiu calmamente mais teve um sonho perturbador pois não tentava sem êxito durante toda a noite abrir certa porta, que, ao final, conseguiu.  


Dia 4.

Fonte Hermética

O quarto dia começa com uma confrontação com a fonte hermética, onde um Leão protege uma antiga tábua com a inscrição:


"PRÍNCIPE HERMES, DEPOIS DE TANTOS DANOS INFLIGIDOS AO GÊNERO HUMANO, PELO DESÍGNIO DE DEUS, COM AUXÍLIO DA ARTE, AQUI FLUO UMA ELABORADA MEDICINA SALUBRE. Beba de mim quem puder; lave-se quem quiser; perturbe quem ousar. BEBEI, IRMÃOS, E VIVEI. 1378."


Os convidados se lavam, bebem da água da fonte, trocam seus hábitos e acedem ao palácio do Rei.


Laboratório Arqueado

O acesso à sala real se dá por uma escada caracol de 365 degraus. Os convidados subiram acompanhados de músicos e se maravilharam com o esplendor e a presença das 6 Personalidades Reais.


"Esta sala era quadrada na frente, cinco vezes mais larga do que comprida, mas no Oeste ela tinha uma grande arcada, como um pórtico, onde, em círculo, estavam três gloriosos tronos reais, sendo o do meio um pouco mais alto que os demais. Em cada trono sentavam-se duas pessoas. No primeiro se sentavam um Rei ancião com barba cinza, embora sua consorte fosse extraordinariamente bela e jovem. No terceiro trono se sentava um Rei negro de meia idade, ao lado de uma delicada mãezinha anciã, não coroada, mas coberta com um véu. Ao meio, sentavam-se os dois jovens. Eles tinham como que coroas de louro sobre suas cabeças, mas ainda sobre si pendia uma grande e valiosa coroa. Embora eles não fossem neste momento tão belos quanto eu imaginei antes comigo mesmo, isso deveria ser assim."


Altar

No meio da sala erguia-se um altar, contendo elementos rituais descritos com precisão: um livro de veludo negro, apenas um pouco adornado com ouro; uma pequena vela sobre um candelabro de marfim; uma esfera, ou globo celeste; um pequeno relógio; uma pequena fonte tubular de cristal; um crânio, dentro do qual estava uma serpente branca.


Banquete

Durante o banquete, as virgens realizaram um jogo que demonstrou a ingenuidade dos convidados.


Comédia

Uma representação teatral em 7 atos foi encenada. Nos interlúdios, seres míticos e ornamentos simbólicos foram apresentados.


Jantar

Os hóspedes são convidados a jantar com o Rei e a Rainha. Após o jantar, as 6 Personalidades Reais são decapitadas. O carrasco é decapitado em seguida e os sete corpos são recolhidos. A Virgem dispensa os convidados, incumbindo-se de guardar os corpos durante a noite.


Visão Noturna

A câmara de CRC era a única cuja janela estava voltada para o lago. Assim, só ele pode ver quando os corpos foram carregados para sete navios e levados para o mar, acompanhados por 7 flamas que acompanhavam os navios.  


Dia 5.

Senhora Vênus

Pela manhã, CRC descobre uma cripta onde repousa, como morta, a Senhora Vênus. Inscrições em caracteres estranhos nas portas revelam seu mistério.


"Aqui jaz enterrada VÊNUS, a bela senhora, que a tantos GRANDES HOMENS para felicidade, honra, bênção e prosperidade tem trazido."


"Quando o Fruto de minha Árvore estiver completamente derretido, eu vou despertar e uma mãe ser de um Rei."


Viagem em 7 Navios

Depois de Cupido o repreender por ter chegado tão perto de sua mãe, CRC se junta aos outros convidados. Estes partem em 7 navios mar adentro, onde encontram ninfas e sereias que lhes presenteiam com uma canção e uma bela pérola. Cada navio carrega como símbolo um dos sólidos platônicos, uma esfera ou uma pirâmide.


A Torre do Olimpo

Simbolicamente, a Torre do Olimpo é o local onde deve-se completar a ressurreição das personalidades reais, ou de outra forma, o Rei (Espírito) e a Rainha (Alma) na pessoa de CRC (Corpo). Esta Torre tem sete andares e se encontra em uma ilha perfeitamente quadrada.


O quinto dia termina no andar inferior da Torre, que se trata de um laboratório, onde CRC e seus companheiros devem lavar plantas e pedras preciosas e extrair sua essência para pequenos frascos. Depois de caída a noite, CRC contempla sozinho o mar e observa uma peculiar conjunção de planetas. Com o deflagrar repentino de uma violenta tempestade, ele retorna para a Torre cheio de espanto.


Dia 6.

Sorte/Destino

Os convidados devem sortear o meio pelo qual subirão para os andares superiores da Torre. Alguns sorteiam para si escadas pesadas que devem carregar continuamente; outros têm asas firmemente amarradas no corpo e podem subir voando; outros ainda recebem cordas leves, mas que machucam as mãos durante a subida.


Obtenção das Cinzas

Numerosas e elaboradas operações são realizadas nos andares superiores, envolvendo a decocção dos corpos dos decapitados para obtenção de um liquor, a partir do qual se obtém um ovo. Segue-se a isso o chocamento do ovo e alimentação, escaldamento, tingimento, decapitação e cremação do pássaro para obtenção de cinzas.


Segregação do Trabalho Espúrio

No sexto andar os convidados são divididos em dois grupos. O primeiro segue para o sétimo andar para realizar a obra menor, a produção de ouro. Em segredo, CRC e mais três companheiros são levados para o oitavo andar, sob o teto, onde realizam a grande obra, a ressurreição do Rei e da Rainha. No entanto, apenas CRC compreende todo a obra, pois só ele viu o momento em que a alma entrou no corpo. Estes quatro hóspedes privilegiados são instruídos a não revelar aos seus companheiros o trabalho que realizaram, mas a fingir terem sido excluído da gloriosa consecução da alquimia.


Conclusão do Verdadeiro Trabalho

Os dois homúnculos criados foram alimentados com o sangue do pássaro até que cresceram e adquiriram a forma original do Rei e da Rainha. Quando despertaram, tiveram a impressão de apenas terem dormido desde o momento da decapitação, mas foram saudados por Cupido e reconduzidos em navios para o Castelo.


Ceia

Todos os convidados foram convidados a cear na companhia do Ancião da Torre e a percorrer as câmaras de artes do interior da muralha. Depois disso, todos dormiram ainda na ilha.


Dia 7.

Saudação aos Cavaleiros

CRC e seus companheiros saem das muralhas da Torre, recebem hábitos amarelos e velocinos de ouro e são pela Virgem declarados Cavaleiros da Pedra Dourada (ou da Pedra Áurea). Os 12 navios que os esperam para conduzi-los de volta à cidadela têm cada um como símbolo um dos 12 signos do zodíaco. CRC segue no navio da Libra (Balança).


Réu de Delito

Depois de desembarcar, CRC segue o cortejo rumo ao castelo ao lado do Rei em agradável conversação, quando presencia o Rei sendo informado de que alguém descobrira a Senhora Vênus, cometendo grave delito. CRC se vê na iminência de ser acusado e perder todas as honrarias que conquistara, mas permanece calado aguardando momento oportuno. Caso o culpado fosse encontrado, este deveria tomar o lugar do guardião do primeiro Portal e ali servir perpetuamente, até que alguém fosse pego em delito tão grave.


Jantar

Enquanto o caso estava sendo averiguado, os convidados foram levados para o jantar, depois do qual se fizeram ler os artigos sobre os quais a Ordem deveria jurar:


I.    Vós, Senhores Cavaleiros, deveis jurar que, a cada momento, vós tributareis a vossa Ordem a nenhum Diabo ou Espírito, mas somente a Deus, vosso Criador, e à sua serva, a Natureza.


II.  Que vós abominareis toda a prostituição, a fornicação e a impudicícia, e não contaminareis a vossa Ordem com tais vícios.


III. Que vós, através de vossos dons, prestareis ajuda a todos os que forem dignos e necessitados deles.


IV. Que vós não desejareis empregar tal honra para orgulho mundano e alto prestígio.


V.   Que vós não desejareis viver mais tempo do que Deus o tem desejado.


Ao assinar seu nome, CRC ainda acrescentou as palavras "Suma sabedoria é nada saber".


Confissão

Por um ato de extrema gratidão, CRC opta por libertar o guardião do Portal e assumir a culpa pelo descobrimento de Vênus. Como consequência, ele é privado dos benefícios da Ordem e é mandado dormir em um alojamento comum, na companhia de Atlas e do Ancião da Torre.


Final

É de se esperar que CRC, herói dessa jornada simbólica, fosse terminantemente condenado a passar o resto dos seus dias sob o Portal. Contudo, o texto impresso traz uma mensagem final que tranquiliza o leitor quanto ao destino do herói, ao mesmo tempo em que deixa claro que o trecho final do manuscrito foi perdido antes da impressão, de modo que cabe ao leitor a única opção de confiar na versão do editor, que afirma que CRC voltou para casa na manhã seguinte.


"Aqui faltam cerca de dois quartos de folheto, e, enquanto imaginava que devia ser Guardião do Portal pela manhã, ele (seu autor) voltou para casa."


Tratado de Alquimia - Splendor Solis

 

A origem da ciência química e da medicina modernas

O manuscrito All.113 da Bibliothèque Nationale de France é um dos mais antigos e mais refinados Splendor Solis sobreviventes. Foi um modelo para cópias posteriores, incluindo o manuscrito Harley 3469 da Biblioteca Britânica.

– Considerado a origem da ciência química e da medicina moderna, o seu texto é atribuído a Solomon Trismosin, um suposto alquimista que investigou o segredo da pedra filosofal, na presença da qual todos os metais se transformam em ouro, e do elixir da longa vida.

– As ilustrações do Splendor Solis fazem dele o mais refinado manuscrito alquímico, evocando a obra dos seus contemporâneos Dürer, Hans Holbein e Lucas Cranach.

– Muitos foram os autores que lhe dedicaram a sua atenção, incluindo escritores como Umberto Eco, James Joyce e Butler Yeats.

– Edição única limitada a 999 exemplares numerados e autenticados.

Os Templários e a Pedra Filosofal
Os seus ensaios tornaram-se proeminentes e difundidos na Europa durante a Idade Média e o Renascimento, e tornaram possível o desenvolvimento da química e da medicina modernas. Os Templários, que possuíam grandes quantidades de ouro e prata, foram acusados da sua prática, cujo conhecimento adquiriram enquanto guardavam a Arca da Aliança, que continha todos os segredos e conhecimentos do Universo e se encontrava no Templo de Salomão, em Jerusalém. Os principais monarcas europeus interessaram-se por esta arte, que se situava algures entre a ciência e a magia. Filipe II mandou construir em El Escorial o mais importante laboratório de destilação da Europa. Não perca a nossa magnífica coleção

Secretum Templi – Processus contra Templarios
O Santo Graal dos Manuscritos

O QUE É UM TRATADO DE ALQUIMIA?
Um tratado alquímico é um tipo de trabalho escrito que discute teorias, práticas, experiências e filosofias relacionadas com a alquimia. Estes tratados foram escritos por alquimistas ao longo dos séculos, desde a Antiguidade até à Idade Moderna, e cobrem uma vasta gama de tópicos no domínio da alquimia.

Conteúdo
Os tratados alquímicos incluem frequentemente informações pormenorizadas sobre processos alquímicos, como a transmutação de metais, a preparação de elixires e remédios, o fabrico da “pedra filosofal” e da “panaceia universal”, entre outros. Podem ainda abordar temas como a astrologia, a simbologia, a teoria dos elementos e a filosofia hermética.

Objectivos
Os tratados alquímicos têm uma variedade de objectivos, que vão desde a procura da transmutação de metais comuns em ouro e da obtenção da pedra filosofal até à busca da iluminação espiritual e da sabedoria universal. Estes objectivos podem variar de acordo com a corrente alquímica e as crenças individuais do autor.

Estilos e abordagens
Os tratados alquímicos podem apresentar uma grande variedade de estilos e abordagens. Alguns podem ser altamente técnicos e detalhados, com descrições pormenorizadas de processos e experiências alquímicas, enquanto outros podem adotar um tom mais poético e filosófico, explorando os aspectos espirituais e simbólicos da alquimia.

Significado histórico
Os tratados alquímicos são importantes documentos históricos que reflectem o pensamento e as práticas de um vasto leque de culturas e períodos de tempo. Embora muitos dos processos alquímicos descritos nestes tratados tenham sido desacreditados pela ciência moderna, continuam a ser valiosos para compreender a evolução do pensamento humano e a interação entre ciência, filosofia e espiritualidade ao longo da história.

Em suma, um tratado de alquimia é uma obra escrita que oferece uma visão detalhada e diversificada do fascinante mundo da alquimia, desde os seus aspectos práticos e técnicos até às suas dimensões filosóficas e espirituais.

Outros tratados de alquimia da Patrimonio Ediciones que podem interessar-lhe: O Manuscrito Voynich.

SPLENDOR SOLIS: UM MAGNÍFICO TRATADO DE ALQUIMIA
A alquimia é central na relação com o fac-símile “Splendor Solis”. Este fac-símile é uma representação visual e textual de um antigo manuscrito alquímico que data do século XVI. A alquimia é um sistema filosófico e protocientífico que englobava diversas áreas como a química, a física, a medicina e a espiritualidade, e que procurava transmutar metais comuns em ouro, bem como obter a “pedra filosofal” e a “panaceia universal”.

Simbolismo alquímico em Splendor Solis
O fac-símile “Splendor Solis” está repleto de símbolos e alegorias alquímicas. As ilustrações detalhadas e as descrições textuais do fac-símile contêm elementos alquímicos como o sol e a lua, os quatro elementos (terra, água, ar e fogo), os sete planetas tradicionais, bem como figuras mitológicas e herméticas. Estes símbolos alquímicos representam conceitos abstractos e processos espirituais que os alquimistas procuravam compreender e dominar.

Procura de sabedoria e transformação no Splendor Solis
A alquimia não se limitava apenas à transformação dos metais, mas englobava também a procura da sabedoria interior e a transformação espiritual. O fac-símile Splendor Solis reflecte esta dimensão mais profunda da alquimia, uma vez que apresenta ensinamentos simbólicos sobre a viagem do alquimista em direção à iluminação e à perfeição espiritual. Através das suas imagens e do seu texto, o fac-símile convida o leitor a refletir sobre a natureza do universo e do ser humano, bem como sobre o processo de transformação pessoal.

Splendor Solis: Arte e Misticismo
O fac-símile “Splendor Solis” é uma obra de arte em si, e sua beleza estética serve como veículo para transmitir princípios e ensinamentos alquímicos. A combinação de ilustrações elaboradas e texto poético cria uma experiência visual e emocional que cativa o leitor e o mergulha no mundo místico e enigmático da alquimia.

Este fac-símile não só documenta o conhecimento e as práticas alquímicas da época, como também incorpora os ideais e as aspirações espirituais dos alquimistas do Renascimento. Através das suas imagens e textos, Splendor Solis convida-nos a explorar os mistérios do universo e a embarcar numa viagem de auto-descoberta e transformação.

PORQUE É QUE SE CHAMA SPLENDOR SOLIS?
O tratado alquímico “Splendor Solis” recebe o seu nome do latim, que se traduz como “O Esplendor do Sol”. Este nome reflecte a importância simbólica do sol na alquimia e na filosofia hermética. O sol, como símbolo universal de luz, conhecimento e poder, desempenha um papel central em muitas tradições espirituais e alquímicas.

O sol como símbolo alquímico
Na alquimia, o sol representa a perfeição espiritual, a iluminação e a busca do conhecimento transcendental. É visto como uma fonte de energia e vitalidade que impulsiona o processo de transformação alquímica, tanto a nível material como espiritual. A alquimia vê o sol como um símbolo da divindade interior do ser humano e do seu potencial para alcançar a perfeição e a sabedoria.

Esplendor e brilho
O termo “esplendor” sugere brilho radiante ou esplendor, evocando a ideia da luminosidade do sol e a sua capacidade de iluminar e revelar a verdade escondida. No contexto de “Splendor Solis”, este esplendor refere-se não só à luz física do sol, mas também à iluminação espiritual e ao conhecimento revelado através da prática alquímica.

Significado espiritual e filosófico de Splendor Solis
O nome “Splendor Solis” encerra o objetivo espiritual e filosófico da alquimia, que consiste em alcançar a iluminação e a sabedoria através da procura da pedra filosofal e da transmutação espiritual. O sol, como símbolo supremo da luz e do conhecimento, representa o destino final do alquimista: a realização do seu verdadeiro eu e a união com o divino.

Em suma, o nome “Splendor Solis” resume a essência e os ideais da alquimia, que são a busca da luz, da sabedoria e da transformação espiritual. É uma lembrança do poder e da beleza do sol, tanto no mundo físico como no mundo interior do alquimista individual.

Splendor Solis

 






















La Estrella Flamigera - Baron de Tschoudy

 

El Barón de Tschoudy, una figura emblemática en el mundo de la masonería y el esoterismo del siglo XVIII, es conocido principalmente por su obra más notable, “La Estrella Flamígera”. A pesar de que los detalles específicos sobre su vida son limitados y a menudo envueltos en misterio, se reconoce ampliamente su influencia en los círculos esotéricos y masónicos de su tiempo. Su dedicación a las prácticas alquímicas y ocultas le otorgó un estatus de autoridad en estas áreas, y su legado perdura a través de su contribución literaria a la masonería.

“La Estrella Flamígera”, publicada en el siglo XVIII, representa un hito en la literatura masónica y esotérica. Este periodo histórico fue testigo de un auge en la popularidad y la práctica de la masonería en Europa, influenciado por movimientos como la Ilustración, el misticismo y, por supuesto, la alquimia. La obra de Tschoudy se distingue por su intrincado simbolismo y su enfoque en temas esotéricos, proporcionando una perspectiva única sobre las enseñanzas y prácticas masónicas de la época. Su importancia no solo radica en su contenido esotérico, sino también en su papel en el entendimiento de la historia y evolución de la masonería.

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Análisis del Simbolismo en ‘La Estrella Flamígera’

El simbolismo en “La Estrella Flamígera” es un componente esencial de la obra, reflejando la profunda conexión entre la masonería, la alquimia y el esoterismo. El Barón de Tschoudy utiliza una variedad de símbolos para explorar y comunicar conceptos complejos, cada uno con múltiples capas de significado. Por ejemplo, el uso de la estrella misma como símbolo es significativo, representando la búsqueda de la luz y la sabiduría, un tema recurrente en la masonería. Esta estrella simboliza la iluminación espiritual y el conocimiento oculto, objetivos centrales tanto en la alquimia como en la masonería.

Otro elemento simbólico clave en la obra es la referencia a los procesos y materiales alquímicos. Tschoudy utiliza estos símbolos para hacer analogías con la transformación espiritual y moral que se busca en la masonería. Por ejemplo, la transmutación de metales base en oro no es solo un proceso físico en la alquimia, sino también una metáfora de la elevación espiritual y la purificación personal en la práctica masónica. Este paralelismo entre la alquimia y la masonería es central en la obra de Tschoudy, ilustrando cómo los aspectos físicos y espirituales de la existencia están interconectados.

Además, Tschoudy utiliza una gama de símbolos tradicionales masónicos, como el compás y la escuadra, para hablar sobre la moralidad, la ética y la búsqueda de la verdad. Estos símbolos, comunes en la masonería, adquieren un nuevo nivel de profundidad en su obra, vinculándolos con conceptos alquímicos y esotéricos. Este enfoque refleja la visión del autor sobre la masonería no solo como una sociedad fraternal, sino también como un camino hacia el conocimiento y la iluminación espiritual.

El simbolismo en “La Estrella Flamígera” no solo es fundamental para entender la obra en sí, sino también para apreciar la riqueza y la complejidad de la tradición masónica y alquímica del siglo XVIII. Al analizar estos símbolos, se revelan las capas de significado y las conexiones entre diversas prácticas y creencias esotéricas de la época. Este análisis simbólico no solo es fascinante desde una perspectiva histórica y cultural, sino que también ofrece valiosas percepciones sobre los principios y las enseñanzas que aún influyen en la masonería contemporánea.

Influencia y Legado de ‘La Estrella Flamígera’ en la Masonería Moderna

La influencia de “La Estrella Flamígera” de Barón de Tschoudy en la masonería moderna es tanto profunda como duradera. Este libro no solo se ha convertido en una pieza clave en la literatura masónica, sino que también ha influido significativamente en cómo se percibe y practica la masonería en la actualidad. La obra de Tschoudy proporciona una perspectiva única sobre los principios esotéricos y filosóficos de la masonería, ofreciendo un enfoque más profundo y meditativo que contrasta con las interpretaciones más rituales y ceremoniales de la práctica.

En “La Estrella Flamígera”, Tschoudy explora temas que van más allá de los rituales y ceremonias masónicos, adentrándose en las esferas de la alquimia y la búsqueda espiritual. Esta exploración ha resonado a lo largo de los siglos, inspirando a los masones a ver su práctica no solo como una serie de rituales, sino como un camino hacia la iluminación personal y el entendimiento espiritual. La obra ha contribuido a moldear una visión de la masonería como una jornada de crecimiento personal y descubrimiento espiritual, en lugar de limitarse a sus aspectos más tangibles y ceremoniales.

Además, “La Estrella Flamígera” ha servido como un puente entre la masonería y otras tradiciones esotéricas, destacando las conexiones y similitudes entre estas prácticas. La influencia de la alquimia, en particular, es notable, ya que Tschoudy utiliza simbolismos y metáforas alquímicas para enriquecer la comprensión de los rituales y enseñanzas masónicos. Esta integración de diferentes tradiciones esotéricas ha fomentado un enfoque más holístico y abierto en la práctica masónica contemporánea.

La relevancia actual de “La Estrella Flamígera” en los estudios esotéricos y místicos también es notable. La obra se estudia no solo dentro de los círculos masónicos, sino también por aquellos interesados en la historia del pensamiento esotérico y místico. Su influencia se extiende más allá de la masonería, alcanzando a aquellos interesados en la alquimia, el misticismo y el simbolismo espiritual.

“La Estrella Flamígera” de Tschoudy ha dejado una huella imborrable en la masonería y en el estudio del esoterismo. Su enfoque en el simbolismo, la filosofía y la interconexión de diversas tradiciones esotéricas ha contribuido significativamente a la evolución de la masonería, transformándola en una práctica que abarca tanto el desarrollo personal como la búsqueda espiritual. Este legado perdura en la masonería moderna, evidenciando la importancia duradera de la obra de Tschoudy en la historia del pensamiento esotérico.

Comparación con Otras Obras Esotéricas de la Época

Al comparar “La Estrella Flamígera” de Barón de Tschoudy con otras obras esotéricas contemporáneas del siglo XVIII, se destaca su enfoque único y su contribución distintiva al campo del esoterismo y la masonería. Durante este período, hubo un notable interés en el esoterismo, la alquimia y las sociedades secretas, lo que resultó en una proliferación de literatura relacionada con estos temas. Sin embargo, “La Estrella Flamígera” se distingue por su profundo simbolismo y su integración de la alquimia con los principios y prácticas masónicos.

Otras obras de la época, como las de alquimistas famosos y autores esotéricos, tendían a enfocarse más en los aspectos prácticos de la alquimia o en la exploración de sistemas filosóficos y místicos específicos. En contraste, Tschoudy fusionó estas áreas de estudio, presentando una visión holística que abarcaba tanto la transformación espiritual como la material. Su habilidad para entrelazar el simbolismo alquímico con los rituales y enseñanzas masónicos lo diferenciaba de sus contemporáneos, quienes a menudo se centraban en un solo aspecto del esoterismo.

Además, al comparar “La Estrella Flamígera” con otras obras masónicas del siglo XVIII, se nota que muchas de ellas se concentraban principalmente en los aspectos organizativos y estructurales de la masonería, así como en la descripción de rituales y grados masónicos. Por otro lado, Tschoudy se adentró en la dimensión más filosófica y espiritual de la masonería, proporcionando una interpretación más profunda y reflexiva de sus símbolos y rituales.

Esta aproximación de Tschoudy a la masonería, enriquecida con su comprensión de la alquimia y otros sistemas esotéricos, lo sitúa en una posición única entre los escritores de su tiempo. Mientras que otros autores contribuyeron significativamente a la literatura esotérica y masónica, la obra de Tschoudy se destaca por su enfoque integrador y su profundidad simbólica. Este enfoque integral no solo aportó a la comprensión contemporánea de la masonería y el esoterismo, sino que también ha influenciado cómo se perciben e interpretan estas tradiciones en la actualidad.

Al comparar “La Estrella Flamígera” con otras obras esotéricas del siglo XVIII, se evidencia su singularidad y su contribución significativa al campo del esoterismo. El enfoque holístico de Tschoudy, que combina la alquimia, el misticismo y la masonería, ha dejado una huella indeleble en la historia de estas prácticas y continúa siendo una fuente de inspiración y estudio en el mundo del esoterismo moderno.

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