segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Daemon


Daemon (em grego δαίμων, transliteração daímôn, tradução "divindade", "espírito"), no plural daemones (em grego δαίμονες) é um tipo de ser que em muito se assemelha aos gênios da mitologia árabe.

A palavra daímôn se originou com os gregos na Antiguidade; no entanto, ao longo da História, surgiram diversas descrições para esses seres. O nome em latim é daemon, que veio a dar o vocábulo em português demônio.

São deuses de determinadas entidades da natureza humana. Xenócrates associava os deuses ao triângulo equilátero, os homens ao escaleno, e os daimons ao isósceles.

Seu temperamento liga-se ao elemento natural ou vontade divina que o origina. Não se fala em "bem" ou "mal". Um mesmo daemon pode apresentar-se "bom" ou "mau" conforme as circunstâncias do relacionamento que estabelece com aquele ou aquilo que está sujeito à sua influência.

No plano teleológico, os gregos falavam de eudaemon (εὐδαίμων, eu significando "bom", "favorável") e cacodaemon (κακοδαίμων, kakos significando "mau"):por isso, a palavra grega que designa o fenômeno da felicidade é Eudaimonia (εὐδαιμονία). Ser feliz para os gregos é viver sob a influência de um bom daemon. Assim é a forma como Sócrates se refere a seu daemon.

O conceito original entre os gregos ainda os conecta:

Aos elementos da natureza, surgidos em seguida aos deuses primordiais. Assim, há daimones do fogo, da água, do mar, do céu, da terra, das florestas, etc.
Há espíritos que regem ou protegem um lugar, como uma cidade, fonte, estrada, etc.
Às afetações humanas, de corpo e de espírito, tendo sido estes daimones criados depois. Entre eles estão: Sono, Amor, Alegria, Discórdia, Medo, Morte, Força, Velhice, Ciúmes etc.
O termo "daímôn" o gênio pessoal, foi usado por Sócrates quando ao contrário de seus colegas sofistas não abriu escola assim como não cobrou dinheiro por seus ensinamentos. Ele dizia que apenas falava em nome do seu "daímôn", do seu gênio pessoal.

A palavra "daímôn", da qual se originou o termo demônio, não era, na Antiguidade, tomada à parte má, como nos tempos modernos. Não designava exclusivamente seres malfazejos, mas todos os Espíritos, em geral, dentre os quais se destacavam os Espíritos Superiores, chamados de Deuses, e os menos elevados, ou Demônios propriamente ditos, que se comunicavam diretamente com os homens.

Lista de daemones

Nesta lista que segue abaixo, são descritos os signos mitológicos gregos, os quais foram obtidos através da aplicação do processo de antropomorfologia, personificando a essência dos daemons na cultura grega. Estes que são descritos abaixo, se distinguem da forma a qual Sócrates fazia suas referências, onde aqueles primeiros eram em sua forma mais sútil, isentos de personificações divinas como o que não ocorre com nos signos mitológicos em sua grande maioria, sendo estes últimos antropomorfos, e aqueles elementares destes últimos.

Cacodaemones (Κακοδαίμονες), é um grupo de espíritos maus que personificavam todos os males que devastam a humanidade.
Agatodaemones (Ἀγαθοδαίμονες) ou Eudaemones (Εὐδαίμονες), é um grupo de espíritos bons que personificavam as virtudes, que acompanham os homens como seus guardiões durante toda a vida.
Daemones Criseus (Δαίμονες Χρύσαιοι) ou Hagnos (Ἁγνοί) ou Epictônios (Ἐπιχθόνιοι), eram os espíritos bem-aventurados da Idade de Ouro, eram trinta mil espíritos habitantes dos céus, que vigiavam os atos dos homens e recompensavam os justos com prosperidade agrícola.
Daemones Argireus (Δαίμονες Ἀργύραιοι) ou Macaros (Μακαροί) ou Hiperctônios (Ὑπερχθόνιοι), eram os espíritos bem-aventurados da Idade de Prata, eram espíritos habitantes das profundezas da terra, que vigiavam os atos dos homens e recompensavam os justos com prosperidade agrícola.
Acrateia (Ἀκράτεια) era a personificação da intemperança.
Adefagia (Ἀδηφαγία) era a personificação da gula, da prosperidade agrícola e da fartura no lar.
Adicia (Ἀδικία) era a personificação da injustiça, companheira de Oizus, a miséria.
Aergia (Αἐργία) era a personificação da preguiça e da indolência, e habitava junto de Hesiquia, a quietude, no palácio de Hipnos.
Agon (Ἀγών) era a personificação dos concursos, desafios e disputas solenes, presente nos Jogos Olímpicos, nas peças teatrais e também nos debates e discussões filosóficas.
Aedos (Αἰδώς) ou Aesquine (Αἰσχύνη) era a personificação da vergonha, da humildade e do pudor, representava o sentimento da dignidade humana, tendo como qualidade o respeito ou a vergonha que reprime aos homens do inapropriado. 
Alala (Ἀλαλά) era a personificação do grito de guerra. Fazia parte do séquito de Ares, cujo grito de guerra era seu nome. Filha de Polemos.
Alastor (Ἀλάστωρ) era a personificação da punição contra a descendência daqueles que cometeram crimes contra a família. Era companheiro das Erínias.
Alce (Ἀλκή) era a personificação da força, da valentia e da coragem, e que acompanhava Ares, o deus da guerra, em suas batalhas.
Aleteia (Ἀλήθεια) era a personificação da verdade, da honestidade e da sinceridade. Seus opostos eram Dolos, a trapaça, Apate, o engano, e Pseudos, a mentira. Criada por Prometeu.
Alexiares (Αλεξιάρης) e Anicetos (Ανίκητος) eram dois deuses menores do Olimpo, que presidiam sobre a defesa de cidades fortificadas e cidadelas. Filhos de Héracles e Hebe.
Algos (Ἄλγος) ou as Algea (Ἄλγεα) era uma Daemon ou um grupo de Daemones que personificavam o sofrimento e a dor, tanto física quanto emocional, que traziam aos homens os lamentos e as lágrimas.
Acos (Ἄχος) era a dor física, a dor do corpo causada pelas doenças, pelos venenos e pelas feridas que podem levar à morte;
Ania (Ἀνία) era a dor psicológica, a dor da mente causada pelo estresse, os problemas e as aflições da vida;
Lipe (Λύπη) era a dor emocional, a dor do coração causada pelo sofrimento, pela tristeza e pelos problemas da vida sentimental;
Amecania (Ἀμηχανία) ou Aporia (Ἀπορία) era a personificação da impotência, da dificuldade, do desamparo e da falta de meios, era companheira de Penia, a pobreza, e Ptoqueia, a mendicidade.
As Anfilogias (Ἀμφιλογίαι) eram a personificação dos conflitos, das disputas e das contendas realizadas fora dos campos de batalha, na vida cotidiana.
Anaideia (Ἀναίδεια) era a personificação da crueldade, do despudor, e do imperdoável, ela era uma companheira de Hibris, o orgulho, e Coros, o desdém. 
As Androctasias (Ἀνδροκτασίαι) eram a personificação das matanças e dos homicídios ocorridos durante as guerras. Filhas de Éris.
Anesiquia (Ἀνησυχία) era a personificação da ansiedade e da aflição, era uma das servas pessoais de Afrodite, junto de Sineteia, os costumes, e Tlibere, a tristeza.

Angelia (Ἀγγελία) era a personificação das mensagens, das notícias e das proclamações. Ela era companheira de Arete, a virtude, e Eucleia, a excelência.

Anoia (Ἄνοια) era a personificação da demência, companheira de Lissa, a fúria, de Mania, a loucura, e de Coalemos, a estupidez.

Anteros (Ἀντέρως) era o deus do amor não correspondido. Ele punia os que desprezavam o amor e os cortejos do outro, portanto era o vingador do amor. Filho de Ares e Afrodite.

Apate (Ἀπάτη) era a personificação da malícia, do engano, do ardil, da fraude e da traição. Era companheira de Ate, a ruína, e de Dolos, a astúcia.

Apiles (Ἀπειλές) era a personificação das ameaças.

Afeleia (Ἀφέλεια), era a personificação da humildade e da simplicidade. Afeleia era companheira de Aedos, a modéstia, e de Eulabeia, a discrição.

As Aras (Ἀραί) eram a personificação das maldições, viviam no mundo subterrâneo junto a suas irmãs e companheiras, as Erínias.

Ate (Ἄτη), era a personificação da ruína, das ações irreflexivas e de suas conseqüências. Era companheira de Apate, o engano, e de Dolos, a astúcia. Filha de Éris.

Bia (Βία) era a personificação da força e da violência, filha de Palas e Estige, irmã de Zelos, disputa, Cratos, poder, e Nice, vitória, faziam parte do cortejo de Zeus.

Cacia (Κακία) era a personificação do vício e da imoralidade. Ela era descrita como uma horrenda mulher gorda e vaidosa, muito maquiada e vestida com roupas reveladoras.

Cairos (Καιρός) também chamado de Poros (Πόρος), era a personificação da oportunidade, da conveniência e dos meios para se conseguir algo. Como Cairos, era filho de Zeus e Tique, e como Poros era filho de Métis, mas também poderia ser considerado um deus primordial.

Cale (Καλή) ou Calis (Καλλείς) era a personificação da beleza e graça, Geralmente retratada como uma das três Cárites, possivelmente Aglaia, esposa de Hefesto, mãe das Cárites mais jovens.

Caronte (Χάρων) era o barqueiro do inferno, encarregado de orientar as sombras dos mortos recentes de um lado para o outro do rio Aqueronte, filho de Nix e Érebo.

Coalemos (Κοάλεμος) era a personificação da estupidez e da insensatez, companheira de Lissa, a fúria, de Mania, a loucura, e de Anoia, a demência.

Comos (Κώμος) era um Daemon ou Sátiro que personificava os festejos e as orgias, companheiro de Gelos, o riso. Filho de Dioniso.

Coros (Κόρος) era a personificação da insolência e o desdém. Era irmão de Dissébia, a impiedade, e filho de Hibris, o orgulho excessivo. 

Cratos (Κράτος) era a personificação da força e da violência, filha de Palas e Estige, irmã de Zelos, disputa, Bia, violência, e Nice, vitória, faziam parte do cortejo de Zeus.

Ctésios (Κτήσιος) era a personificação da proteção do lar e da propriedade. Era filho de Sóter, a salvação, e Praxidice, exigir justiça, e irmão das Praxidices: Arete, a virtude, Homonoia, a concórdia, e Calocagatia, a nobreza. 

Deimos (Δείμος) era a personificação do terror, companheiro inseparável de Fobos, o medo. Era filho de Ares e de Afrodite, alguns o consideram filho de Éter e Gaia.

Deris (Δηρίς) era a personificação todos os tipos de lutas realizadas pelos homens, tanto no cotidiano quanto na guerra.

Diceosine (Δικαιοσύνη) era a personificação da equidade, da conduta justa e correta dos homens em sua vida diária, diferente de Dice, a justiça legal, baseada em leis propostas por uma sociedade. Filha de Nomos, a lei, e Eusebia, a piedade, ou possivelmente uma filha de Zeus.

Dolos (Δόλος) era a personificação do ardil, da fraude, do engano, da astúcia, das malícias, das artimanhas e das más ações. Era companheiro de Apate, o engano, e de Ate, ruína.

Disnomia (Δύσνομια) era a personificação da desordem civil e a ilegalidade. companheira de Adicia, a injustiça, de Ate, a ruína, e de Hibris, o orgulho. Filha de Éris.

Dissébia (Δυσσέβια) era a personificação da impiedade. Ela era filha de Hibris, o orgulho, e irmã de Coros, o desprezo. 

Ecequeria (Ἐκεχειρία) era a personificação da trégua e o cessar das hostilidades. Companheira da deusa Irene, a paz. Ela era homenageada em Olímpia, durante os Jogos Olímpicos, quando era declarada uma trégua geral entre os estados da Grécia.

Eleos (Ἔλεος) era a personificação da piedade, da caridade e da misericórdia. Companheiro de Eusebia, a piedade.

Eleutheria (Ἐλευθερία) era a personificação da liberdade.

Elpis (Ἐλπίς) era a personificação da esperança, mãe de Feme, a fama. Ela é descrita como uma jovem mulher geralmente carregando flores e a cornucópia. É mencionada no mito da caixa de Pandora, na qual estava encerrada. 

Enédra (Ἐνέδρα) era a personificação da emboscada.

Ênio (Ἐνυώ) era uma antiga deusa destruidora de cidades e é representada coberta de sangue e levando as armas de guerra. Era estava sempre junto de Fobos e Deimos como companheiros de Ares, alguns diziam que era como sua irmã, mas com ele foi mãe de Enialios.

Enialios (Ἐνυάλιος), era um deus menor da guerra e um atendente de Ares, seu filho com Ênio, a carnificina, assim como sua mãe, era o deus responsável pelos horrores da guerra e a destruição das cidades.

Epialos (Ἐπιάλος) Epialtes (Ἐπιάλτης) ou Epiales (Ἐπιάλης) era a personificação dos pesadelos, enquanto que seu irmão Oniros era dos sonhos, faziam parte dos inúmeros filhos da deusa Nix, ou de Hipnos e Pasiteia. 

Epidotes (Ἐπιδώτης) era a personificação da purificação, que desviava a ira de Zeus. Era assistente de Apolo que presidia sobre os ritos de purificação que eliminam contaminação pelos assassinatos.

Epifron (Ἐπίφρων) era a personificação da prudência, e com ela a sagacidade, a reflexão e a solicitude.

Eremia (Ἤρεμία) era a personificação da quietude. Companheira de Aergia, Hesiquia e Eucolia.

Éris (Ἔρις) é a deusa da discórdia, filha de Nix, ou segundo outros de Zeus e Hera, companheira inseparável de Ares, foi a responsável por dar início a Guerra de Tróia.

Érides (Ἔριδες) eram um grupo de Daemones, filhos de Éris, que personificavam os malefícios que assolavam toda a humanidade, geralmente associados com a Guerra e a Matança.

Ponos (Πόνος), o esforço.
Lete (Λήθη), o esquecimento.
Limos (Λίμος), a fome
As Algea (Ἄλγεα), as dores,
As Hisminas (Ὑσμίναι), as disputas.
As Macas (Μάχαι), as batalhas
Os Fonos (Φόνοι), as matanças.
As Androctasias (Ἀνδροκτασίαι), os massacres.
As Neicea (Νείκεα), as rixas.
As Pseudea (Ψεύδεα), as mentiras.
As Anfilogias (Ἀμφιλογίαι), as ambiguidades.
Disnomia (Δύσνομια), a desordem.
Ate (Ἄτη), a ruína.
Horcos (Ὅρκος), o juramento. 
Eros (Ἔρως) era o Daemon ou Deus responsável pela atração sexual, pelo amor e pelo desejo, venerado também como um deus da fertilidade. De acordo com cada versão, poderia ser um deus primordial, nascido junto do Caos, ou um filho de Nix e Érebos, mas geralmente é considerado um filho de Ares e Afrodite. Pai de Hêdone com a mortal Psique.

Os Erotes (Ἔρωτες) são um grupo de deuses alados do amor e do desejo sexual, e fazem parte do cortejo de Afrodite, acompanham Eros e Anteros. Individualmente os Erotes são por vezes ligados aos aspectos particulares do amor, e estão freqüentemente associados com o desejo do mesmo sexo.

Filotes (Φιλότης) o carinho.
Himeros (Ἵμερος) o desejo.
Pothos (Πόθος) a saudade.
Hermafrodito (Ἑρμαφρόδιτος), a alma-gêmea.
Hedilogos (Ἡδυλόγος ) os cortejos.
Himeneu (Ὑμέναιος), o casamento.
Hêdone (Ἡδονή) o prazer.
Étos (Ἤθος) era a personificação da ética, a inclinação de uma personalidade, filho de Nomos, a lei, e Eusebia, a piedade, e irmão de Nous, o pensamento, Sofia, a sabedoria, e Diceosine, a justiça natural.

Eucleia (Εὐκλεία) era a personificação da boa reputação, companheira das três Cárites mais jovens, Eufeme, a aclamação, Eutenia, a prosperidade, Filofrosine, a amabilidade, filhas de Hefestos e Aglaia.

Eucolia (Εύκολία) era a personificação do ócio, da facilidade. Companheira de Aergia, Hesiquia e Eremia.

Eudaimonia (Εὐδαιμονία) era a personificação da alegria e da felicidade. Geralmente retratada como uma das três Cárites, possivelmente Eufrosine.

Eufeme (Εὐφήμη) era a personificação da aclamação, companheira das três Cárites mais jovens, Eucleia, a boa reputação, Eutenia, a prosperidade, Filofrosine, a amabilidade, filhas de Hefestos e Aglaia.

Eulábeia (Εὐλάβεια), era a personificação da discrição e da cautela, companheira de Afeleia, a simplicidade, e de Aedos, a modéstia.

Eusebia (Εὐσέβια) era a personificação da piedade, da lealdade e do respeito filial, ela era esposa de Nomos, a lei, com quem foi mãe de Diceosine, a justiça natural, além de Étos, a personalidade, Nous, o pensamento, e Sofia, a sabedoria.

Eupraxia (Εὐπραξία) era a personificação do êxito e da boa conduta. Era considerada uma filha de Sóter, a proteção, e Peitharquia, a obediência. 

Eutênia (Εὐθενία) era a personificação da prosperidade e a abundância, companheira das três Cárites mais jovens, Eucleia, a boa reputação, Eufeme, a aclamação, e Filofrosine, a amabilidade, filhas de Hefesto e Aglaia.

Feme (Φήμη) ou Ossa (Ὄσσα) era a personificação dos rumores, as fofocas e a fama. Considerada uma mensageira de Zeus. Alguns a consideram como filha de Élpis, de Afrodite, de Oceano e Tétis, ou a última filha de Gaia.

Filofrósine (Φιλοφροσύνη) era a personificação da amabilidade, companheira das três Cárites mais jovens, Eucleia, a boa reputação, Eufeme, a aclamação, Eutênia, a prosperidade, filhas de Hefesto e Aglaia.

Filotes (Φιλότης) era a personificação da amizade e do carinho, da ternura e do afeto, tanto emocional quanto sexual, estava relacionada ao amor entre familiares, ou entre o mestre e seu aluno. Ela era a filha de Nix.

Fobos (Φόβος) era a personificação do medo. Geralmente era o filho de Ares e Afrodite, ele e seu irmão Deimos, terror, acompanhavam seu pai em cada batalha. Mas também poderia ser filho de Éter e Gaia.

Os Fonos (Φόνοι) eram a personificação dos assassinatos e as matanças que ocorriam fora dos campos de batalha, no cotidiano. Filhos de Éris.

Frice (Φρίκη) era a personificação do horror, o pânico e o desespero, companheira de Fobos, medo, e Deimos, terror. 

Ftisis (Φθίσις) era a personificação da decadência e do desperdício. 

Ftonos (Φθόνος) era a personificação do ciúme e da inveja. Ele era associado em particular com as paixões do amor ciumento. Poderia ser filho de Afrodite e Dioniso. 

Fuge (Φύγη) era a personificação da fuga ou do exílio, companheira de Fobos, o medo, e Deimos, o terror.

Gelos (Γέλως) era um Daemon ou Sátiro que personificava o riso e a alegria, companheiro de Comos, a orgia. Filho de Dioniso.

Geras (Γήρας) era a personificação da velhice, desprezado pelos deuses e pelos homens, e que era tido como companheiro e prelúdio inevitável de Tânato, a morte. 

Hemomixia (Ἁιμομιξία) era a personificação do incesto.

Harmonia (Ἁρμονία) é a deusa da harmonia e da concórdia, embora fosse filha de Ares e Afrodite, não era considerada entre os deuses olímpicos, era a única irmã de Eros, a atração, Anteros, a repulsão, Fobos, o medo, e Deimos, o terror. 

Hebe (Ἥβη) era a personificação da juventude, embora fosse filha de Zeus e Hera, não era considerada entre os deuses olímpicos, era a copeira dos deuses: enchia suas taças com néctar, era uma serva particular de Hera e atrelava os cavalos a seu carro e banhava e vestia seu irmão Ares. Se casou com Héracles com quem foi mãe de dois filhos, Alexiares e Anicetos.

Hêdone (Ἡδονή) era a personificação de todos os tipos de prazeres da vida, mas principalmente o prazer sexual. Filha de Eros, o amor, e da mortal Psique. 

Hedilogos (Ἡδυλόγος) era a personificação das palavras doces, os elogios e os cortejos, e por isso era considerado como um dos Erotes. As vezes era listado entre os filhos de Afrodite e Hermes, e por isso irmão de Peito, a persuasão.

Hermafrodito (Ἑρμαφρόδιτος) era um filho de Hermes e de Afrodite, foi amado pela Ninfa Salmacis que suplicou aos deuses para uni-los para sempre, por esse motivo se tornou um deus de ambos os sexos, personificação das almas-gêmeas, era considerado como um dos Erotes.

Hesiquia (Ἡσυχία) era a personificação da calma, do repouso, do silêncio e da quietude. Ela era filha de Dice, deusa de justiça, e vivia junto de Aergia, a preguiça, no palácio de Hipnos.

Himeros (Ἵμερος) era a personificação da paixão e da luxúria causada pelo desejo sexual, era considerado como um dos Erotes.

Horcos (Ὅρκος) era a personificação dos juramentos e velava por seu cumprimento, castigando o perjúrio. Filho de Éris. Também poderia ser considerado filho de Éter e Gaia.

Hormes (Ὅρμης) era a personificação do impulso criativo, da ação iniciada, do esforço, do empenho e do entusiasmo que gera o trabalho. 

Hibris (Ὕβρις) era a personificação da insolência, da arrogância, do excesso de orgulho e da falta de moderação, mãe de Coros, o desdém, e Dissebia, a impiedade. 

Himeneu (Ὑμέναιος) também conhecido como Himen (Ὑμέν), é o deus das cerimônias de casamento, era o inspirador das festas e das canções. Filho de Apolo e Afrodite ou de Dioniso e Afrodite, ou de Apolo e uma das Musas, Caliope, Terpsicore, Urania ou Clio, ou ainda filho do mortal Magnes. 

Hiperopsia (Ὕπεροψία) era a personificação doa soberba.

Hipnos (Ὕπνος) era personificação do sono. Sua mãe era Nix, e era irmão gêmeo de Tânato, a morte. Vivia em um palácio na Trácia ou junto de sua mãe e irmão em um palácio no reino do mortos. Era pai dos Oniros, sonhos, com a Cárite Pasiteia. 

As Hisminas (Ὑσμίναι) eram a personificação dos combates e das disputas que ocorriam fora dos campos de batalha, no cotidiano. Filhas de Éris.  

Ilítia (Εἰλείθυια) era a deusa dos nascimentos e protetora dos bebês, patrona das parteiras, embora fosse filha de Zeus e Hera, não era classificada entre os deuses olímpicos, mas sim como uma deusa menor, auxiliar de outras deusas parteiras, como Ártemis, Hecáte e Cloto. 

Ioce (Ἰωκή), era a personificação da perseguição no campo de batalha, e que acompanhava Ares em suas batalhas.  

Iscnasia (Ἰσχνασία), era a personificação da devastação, da desolação e do desperdício, ligadas a morte e ao sofrimento. 

Lete (Λήθη) era a personificação do esquecimento, filha de Éris, é também um dos rios do inferno que corre sobre os Campos Elísios. Beber de suas águas provocava um esquecimento completo.  

Limos (Λίμος), era a personificação da fome, filha de Éris. a mando de Deméter, castigou o rei Erisicton com uma violenta fome, por este ter violado um bosque sagrado da deusa. 

As Litas (Λιταί) eram a personificação das orações e das súplicas que os homens faziam nos momentos em que Ate, desespero e desgraça, são causados geralmente por sua Hibris, orgulho excessivo. 

Lugra (Λυγρά) eram a personificação das pragas que devastam a humanidade. É mencionada no mito da caixa de Pandora, na qual estava encerrada.  

Lissa (Λύσσα) era a personificação da ira, da raiva, da fúria desenfreada, nasceu de Nix fecundada pelo icor de Urano ao ser castrado por Cronos, companheira de Coalemos, a estupidez, de Mania, a loucura, e de Anoia, a demência. 

Macas (Μάχαι) eram a personificação das batalhas e os combates que ocorriam durante a guerra. Filhas de Éris, formavam um grupo de Daemones que acompanhavam Ares: 

Proioxis (Προίωξις, ) a investida, é a personificação da investida, o ataque, o avanço nos campos de batalha;  
Palioxis (Παλίωξις), a retirada, é a personificação da retirada, a fuga, o retrocesso dos campos de batalha;
Cidoimos (Κύδοιμος), a desordem, ou Homados (Ὅμαδος), o tumulto, é a personificação da confusão, do tumulto, do fragor da batalha.
Mania (Μανία) ou Manias (Μανίαι) eram a personificação da loucura, da demência, da insanidade e do frenesi sagrado. companheira de Coalemos, a estupidez, de Lissa, a fúria, e de Anoia, a demência.

Megalopsiquia (Μεγαλοψυχία), era a personificação da magnanimidade, a superioridade alcançada pela glória, pela virtude e pela a nobreza. Companheira das Praxidices: Arete, a virtude, Homonoia, a unidade, e Calocagatia, a nobreza.

Mete (Μέθη) era uma Ninfa bacante que personificava a embriaguez, companheira de Dioniso, esposa de Estafilos, o cacho de uvas, e com este mãe de Botris, fruta da uva. 

As Moiras (Μοίραι) três deusas que personificavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos homens. Eram três mulheres lúgubres, vestidas com túnicas brancas, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos, podiam ser filhas de Nix, ou de Zeus e Têmis, ou ainda de Aeon e Ananque.

Cloto (Κλωθώ) a fiandeira, segurava o fuso e tecia o fio da vida.
Láquesis (Λάχεσις) a distribuidora, puxava e enrolava o fio tecido e media o seu comprimento.
Átropos (Άτροπος) a inevitável, ela cortava o fio da vida.
Momo (Μώμος) era a personificação do sarcasmo, da zombaria, da crítica, e da ironia. Vivia no Olimpos, até ser expulso para a Terra, por causa de suas constantes zombarias com os deuses.

Moros (Μόρος) ou Oletros (Ὀλέθρος), era a personificação da sorte, do destino e da condenação iminente dos homens. junto com seus irmãos, as Moiras, as distribuidoras do destino, Quer, a fatalidade, as Queres, a morte violenta, e Tânato, a morte tranquila, eles formavam um grupo de divindades que presidiam sobre o destino, também poderia ser associado com Aeon, um deus primordial.

Neicos (Νεικός) ou as Neicea (Νείκεα), era a personificação do ódio, da raiva, das disputas, das rixas, das queixas, das discussões e das ofensas. Filhos de Éris.

Nêmesis (Νέμεσις) era uma Daemon ou uma Deusa que personifica a distribuição equitativa da justiça, da ética e da moral, do castigo, da vingança e da fortuna. Castigava aos orgulhosos, os que não obedeciam aos deuses, aos filhos desobedientes a seus pais, vingava aos amantes infelizes.

Nice (Νίκη) era a personificação da vitória, filha de Palas e Estige, irmã de Zelos, disputa, Bia, violência, e Nice, vitória, faziam parte do cortejo de Zeus. Representada por uma mulher alada com uma coroa de louro na mão, capaz de correr e voar com grande velocidade, era a portadora da boa sorte.

Nomos (Νόμος) era a personificação da lei cívica, estabelecida pelo estado e pela sociedade, os direito e deveres, os bons costumes, matinha a ordem e a harmonia entre os homens e seu comportamento em sociedade. Com Eusebia, a piedade, e foi pai de Diceosine, a justiça natural, de Étos, a ética, de Nous, o pensamento, e de Sofia, a sabedoria. 

Nosoo (Νόσοως) ou os Nosos (Νόσοι) eram a personificação das doenças, que devastam a humanidade. É mencionada no mito da caixa de Pandora, na qual estava encerrada.

Nous (Νούς) era a personificação da inteligência, do pensamento e da razão, filho de Nomos, lei, e Eusebia, piedade, irmão de Diceosine, a justiça natural, de Étos, a ética, e de Sofia, a sabedoria. 

Oizus (Ὀιξύς) era a personificação da angústia, da miséria e da tristeza. Companheiro das Algea, as dores, de Limos, a fome, de Penia, a pobreza, de Ptoqueia, a mendicidade, de Amecania, a necessidade, e de Pentos, os lamentos.

Oniro (Ὄνειρος) ou os Oniros (Ὄνειροι) eram a personificação dos sonhos, geralmente eram mensageiros de Zeus aos homens, viviam em um palácio no reino dos mortos, e todas as noites atravessavam dois portais, um de chifres e um de marfim, geralmente era um filho de Nix, ou vários filhos de Hipnos e Pasiteia:

Morfeu (Μορφεύς), a forma, que se destaca como chefe dos Oniros, é o responsável por produzir as imagens humanas nos sonhos e levar mensagens aos homens. 
Icelo (Ἴκελος), o semelhante, ou Fobetor (Φοβήτορ), o temido, que aparece nos sonhos com forma de serpente, pássaro ou qualquer outro animal. 
Fantaso (Φάντασος), a imagem, que apresenta imagens de terra, rochas, água e madeira. 
Oporia (Ὀπωρία) era a personificação da prosperidade e da abundância agrícola, associada com a generosidade das ricas colheitas.

Paeon (Παιήων) era um Deus da cura, era principalmente o médico dos deuses, que foi assimilado mais tarde pelo culto de Apolo e de Asclépio. 

Paregoros (Παρηγόρος) era a personificação do consolo, o conforto e as palavras suaves. Era uma companheira de Afrodite, assim como Peito, a persuasão, poderia ser filha de Hermes e Afrodite, ou de Oceano e Tétis.

Peitarquia (Πειθαρχία) era a personificação da obediência ao comando, uniu-se a Sóter, a proteção, e gerou Eupraxia, a boa conduta. 

Peito (Πειθώ) era a personificação da persuasão e as palavras sedutoras. Era uma companheira de Afrodite, assim como Paregoros, conforto, poderia ser filha de Hermes e Afrodite, ou de Oceano e Tétis. 

Penia (Πενία) era a personificação da pobreza, a necessidade, a dificuldade, a falta de meios, era odiada e marginalizada por todos os homens. Era companheira de Ptoqueia, a mendicidade, e Amecania, o desamparo, também poderia ser associada com Ananque, a necessidade, como uma deusa primordial. 

Pentos (Πένθος) era a personificação da dor, do luto, do sofrimento, da tristeza, do pesar e da lamentação, que traziam aos homens as lágrimas. Companheiro das Algea, as dores, de Limos, a fome, de Penia, a pobreza, de Ptoqueia, a mendicidade, de Amecania, a necessidade, e de Oizus, a miséria. 

Pistis (Πίστις) era a personificação da confiança, da honestidade e da boa fé.  

Plutos (Πλούτος) ou Eniatos (Ἐνιάτος) era a personificação da riqueza e da prosperidade. Antigamente era associado exclusivamente com a generosidade das ricas colheitas. Mais tarde, ele passou a representar a riqueza em termos mais gerais. Filho de Tique, a fortuna, ou de Deméter e Iasion. 

Poine (Ποινή) ou Poines (Ποιναί) eram a personificação da vingança, da punição, do castigo e da penalidade lançada aos homens culpados por homicídio. Estava relacionada com Praxidices, impõe a justiça, e com as Erínias, as vingadoras dos terríveis crimes contra os pais. 

Polemos (Πολέμος) a personificação da guerra e da batalha, tanto no campo de batalha quanto fora dele. Era mãe de Alala, o grito de guerra, companheira das Macas, as batalhas, Androctasias, os massacres, Hisminas, as disputas, e os Fonos, os assassinatos. 

Pompe (Πόμπη) era a personificação do cortejo religioso, principalmente, as procissões de fertilidade realizadas em honra de Dioniso.  

Ponos (Πόνος) era a personificação do trabalho pesado, do esforço necessário, e da fadiga, como o trabalho exigido aos agricultores com o intuito de sobreviver. Filho de Éris. 

Poros (Πόρος) era a personificação da oportunidade, a conveniência, os meios para se conseguir algo e da utilidade, unido com Penia, a pobreza, foi pai de Eros. Poderia ser associado a Cairos ou Aeon, como um deus primordial. 

Potos (Πόθος) era a personificação do anseio e da nostalgia provocadas pela paixão, de humor inconstante, filho de Zéfiro e Íris. Era considerado um dos Erotes, companheiros de Afrodite. 

Praxidice (Πραξιδίκη) era a personificação da justiça exata, impossível de escapar, vivia no mundo dos mortos junto com Poine, a punição, com Sóter, a salvação, teve três filhas: Arete, a virtude, e Homonoia, a unidade, Calocagatia, a nobreza, além de Ctésios, o lar. 

As Praxidices (Πραξιδίκαι) eram a personificação da justiça exata, impossível de escapar. Eram três filhas de Sóter, a proteção, e Praxidice, a justiça exata, e viviam no mundo dos mortos ao lado das Poines e Erínias. 

Arete (Ἀρέτη), virtude, personificava a virtude, a excelência, a bondade e a coragem. 

Homonoia (Ὁμόνοια), unidade, personificava a concórdia, a conciliação, e a unidade de pensamento. 
Calocagatia (Καλοκαγαθία), nobreza, personificava a honra, a nobreza e a bondade. 
Profasis (Πρόφασις) era a personificação da humildade e o perdão, que desculpa os males causados pelos homens, pela mentira, a falsidade e a difamação, fugiu para o céu junto de Aedos e Nêmesis quando o homem foi dominado por esses sentimentos.

Pseudos (Ψεύδος) ou as Pseudea (Ψεύδεα) eram a personificação das mentiras e das falsidades. Eram companheiras de Apate, o engano, de Ate, ruína, de Dolos, as artimanhas.

Ptoqueia (Πτωχεία) era a personificação da mendicidade, portanto, era odiada e marginalizada por todos os homens. Era companheira de Penia, a pobreza, e Amecania, o desamparo,

Quer (Κήρ) também chamada de Ananque, era a personificação do destino cruel, fatal e impossível de escapar, ela traz a morte aos homens. Como Quer era considerada um filha de Nix, mas como Ananque, era considerada uma deusa primordial.

As Queres (Κήρες) eram a personificação da morte violenta, lideradas por Quer, a fatalidade, que junto de Moros, o destino, e das três Moiras, deusas do destino, formavam um grupo que presidia sobre o destino dos homens. Companheiras de Tânato, nas batalhas.

Sofia (Σοφία) era a personificação da sabedoria e o conhecimento, geralmente ligada a filosofia, aos grandes mestres do passado, as experiências da vida que surgem com o decorrer da idade, companheira de Geras, a velhice. Filha de Nomos, a lei, e Eusébia, a piedade.

Sóter (Σωτήρ) era a personificação da segurança, da proteção e do livramento do mal. Com Peitarquia, a obediência, e gerou Eupraxia, a boa conduta, depois com Praxidice, a exigir justiça, e gerou as Praxidices: Arete, a virtude, Homonoia, a concórdia, e Calocagatia, a nobreza, também foi pai de Ctesios, o lar.

Sofrosine (Σωφροσύνη) era a personificação da moderação, da discrição e do auto-controle.

Sineteia (Συνήθεια) era a personificação dos hábitos e dos costumes, especialmente aqueles relacionados as tradições do matrimônio, era uma das servas pessoais de Afrodite, junto de Anesiquia, a ansiedade, e Tlibere, a tristeza.

Tecmor (Τέκμωρ) era a personificação da meta, do objetivo e da finalidade. Poderia ser associada com Penia, a pobreza, assim como uma deusa primordial.

Tecne (Τέχνη) era a personificação da arte, da habilidade técnica e dos trabalhos manuais. Ela foi associada com os ferreiros e os artesãos. 

Telete (Τελέτη) era uma Ninfa bacante que personificava os ritos de iniciação e consagração das orgias báquicas. Ela era filha de Dioniso com a Ninfa Niceia, e acompanhava o cortejo de seu pai.

Tânato (Θάνατος) era a personificação da morte não violenta. Seu toque era suave, como o de seu irmão gêmeo Hipnos, o sono. Vivia em um palácio na Trácia ou junto de sua mãe e irmão em um palácio no reino do mortos.

Teoria (Θεωρία) era a personificação das festas, da alegria e da felicidade da lavoura, foi associada com a alegria proporcionada nos banquetes no Simpósio. 

Tlibere (Θλιβερή) era a personificação da tristeza, era uma das servas pessoais de Afrodite, junto de Sineteia, a os costumes, e Anesiquia, a ansiedade. 

Trasos (Θράσος) era a personificação da imprudência, da audácia, da insolência e da ação excessiva. Era companheiro de Ate, a ruína, e Híbris, o orgulho. 

Zelos (Ζῆλος) era a personificação da rivalidade, filho de Palas e Estige, irmão de Cratos, poder, Bia, violência, e Nice, vitória, faziam parte do cortejo de Zeus.


quarta-feira, 17 de julho de 2019

San Cipriano: Santo de los Necromantes


Introducción

Ninguna figura en la Cristiandad Católica está rodeada de más misterio y confusión que el más oscuro de los santos, San Cipriano. Aunque fue uno de los santos menos conocidos, San Cipriano fue considerado el patrono no oficial de paganos, magos y necromantes durante muchos siglos. Eventualmente, sin embargo, fue removido del calendario oficial del santoral Católico. A pesar de esta aparente degradación, San Cipriano continúa atrayendo una fuerte devoción y seguidores, y cautivando las mentes de quienes lo ven como un punto de síntesis entre la religión de la iglesia y las artes prohibidas.

Contrario a esta posición única como santo y hechicero, hay muy poco escrito sobre él. Este texto intenta remediar esta falta de conocimiento ya que dentro de estas páginas hay información recogida directamente de la comunión con San Cipriano mismo, así como también conocimiento pasado desde otros devotos del santo de los necromantes.

La Historia, la Leyenda

A menudo confundido con San Cipriano de Cartago, San Cipriano de Antioquía fue un poderoso hechicero pagano, que vivió en el corazón del mundo Helenístico durante finales del siglo tercero. Fue connotado por su destreza haciendo pociones y por su maestría sobre los habitantes de los reinos infernales. Tenía una reputación de no sólo ser un versado hechicero, sino uno que prestaría sus habilidades a quienes tuvieran el dinero para costearlo.

La historia cuenta que fue contratado por un cliente para ganar los afectos de una joven cristiana llamada Justina. Ahora, algunos dicen que empleó sus artes para ganarse a Justina en nombre de su cliente, mientras que otras leyendas alegan que lo hizo en su propio nombre, ya que su corazón deseaba a la bella virgen. En cualquier caso, se dice que conjuró a sus demonios y los envió tras Justina. Cuando los demonios llegaron con las garras extendidas, Justina los rechazó y desterró meramente haciendo la señal de la cruz. Asombrado por cuán fácilmente sus poderes fueron frustrados y tocado por la fortaleza de su fé, el hechicero renunció a sus modos y se convirtió en un devoto cristiano, eventualmente convirtiéndose en el Obispo de Antioquía donde se alzó a la fama por sus milagrosos dones de espíritu.

Durante la persecución del Emperador Diocleciano, Justina y el Obispo Cipriano fueron ambos capturados y torturados -en un caldero hirviente según algunos- y posteriormente decapitados. Debido a su inquebrantable fe, sus vidas milagrosas y la condición de martirio, ambos fueron elevados a la santidad.

A pesar de los explícitos tonos religiosos de la historia y leyenda de San Cipriano, como figura siguió cautivando las mentes de muchos a medida que diversas leyendas atribuidas a él surgieron a través de Europa y más tarde en el Nuevo Mundo.

La más prominente de las leyendas referidas a San Cipriano indicaba que aunque su conversión fue auténtica, no renunció a sus modos de hechicero y continuó practicando como necromante desde dentro de la iglesia, usando su arte a beneficio de su gente. Se rumorea incluso que debido a su íntimo conocimiento de los espíritus fue el autor de varias oraciones de exorcismos registradas en el Libro de Oraciones Sacerdotal.

En todas las leyendas San Cipriano permanece como un vínculo único entre las prácticas de la Iglesia y las prácticas de lo Oculto. Más importante, San Cipriano demuestra el elemento paradójico de la Cristiandad popular que abraza las artes mágicas.

Sus leyendas cobraron vida propia mientras empezaron a emerger libros atribuidos a su autoría. En los países nórdicos surgieron los Ciprianus, un texto de magia popular escandinava que se volvió integral a la Trolldom y las prácticas mágicas nórdicas. En España y Portugal, el Libro de San Cipriano se volvió un elemento esencial en la biblioteca de la bruja y el hechicero. De manera interesante los textos atribuidos a San Cipriano varían grandemente en sus contenidos; algunos eran libros de magia popular, algunos oraciones e instrucciones para sacerdotes sobre cómo lidiar con demonios y espíritus y otros contenían ritos oscuros de naturaleza macabra. Más allá de su contenido, o tal vez debido a que extendían su leyenda, los variados libros atribuidos a San Cipriano se volvieron tremendamente populares. Fue a través de estos libros populares de España y Portugal que San Cipriano hizo el viaje atravesando el Atlántico y encontró su hogar en el Nuevo Mundo.

En América Central y Sudamérica San Cipriano floreció plenamente como el santo de los hechiceros y los practicantes espirituales y como tal fue figura prominentemente en obras que giran en torno a romper maldiciones, controlar espíritus y demás actos de maestría esotérica.

En América Central el Libro de San Cipriano se volvió un grimorio muy buscado, teniendo una variedad de ediciones atribuidas a él, cada cual llena de secretos de hechicería que son empleados en magia negra. A menudo es peticionado por curanderos y curanderas intentando romper maldiciones de brujas o llamado para domar espíritus rebeldes. También figura prominentemente en el culto de la Santísima Muerte, donde es reputado como uno de los pocos santos con el poder de templar su influencia a través del uso del amparo.

En Sudamérica su presencia en las prácticas espiritualistas de Brasil y Venezuela es bastante grande, pues juega un papel en el Candomblé, Umbanda y otras tradiciones mágico-religiosas. También tiene una conexión única con el misterioso culto de Kimbanda, donde es asociado con el poderoso Exu Meia Noite, quien muchos consideran fue el guía de San Cipriano.

Durante bastante tiempo San Cipriano fue para el hechicero Europeo lo que Salomón para el mago del Medio Oriente: una figura legendaria de poder y fuerza mágica a ser emulada. Mientras su popularidad ha decrecido en el resto de Europa, su influencia continúa en las prácticas mágicas de España, Portugal y los países de Latinoamérica. Es a estos países hacia donde nos volvemos para aprender a comulgar con él.

Símbolos Asociados con San Cipriano

Hay una variedad de símbolos y objetos que son a menudo asociados con San Cipriano y que se han desarrollado junto con su leyenda.

El color púrpura es asociado con este santo, aunque el rojo, blanco y el negro pueden hallarse en algunas variaciones regionales. Es más común sin embargo, ver velas púrpuras o blancas dedicadas a él, o manteles de altares con los mismos matices.

Es también común hallar crucifijos y rosarios en su altar y en algunos casos un pequeño caldero de hierro. El caldero es más comúnmente encontrado entre practicantes de Sudamérica donde su imagen es presentada de pie frente a un pequeño caldero flameante, quizás aludiendo a su tortura a manos de los hombres de Diocleciano. En estas tradiciones las ofrendas y oraciones son a menudo dejadas en el caldero y colocado frente a su imagen.

Junto con estos elementos tradicionales de devoción, muchos han encontrado que San Cipriano se halla cómodo con la imaginería de lo oculto. Rodearlo con libros de magia, grimorios, varitas y bolas de cristal es habitual, ya que todos estos elementos resuenan con este santo, muy en su casa con lo esotérico y lo mágico.

Muchos santos son asociados con días y números específicos. San Cipriano no es la excepción. El número nueve está fuertemente conectado con este santo, sus seguidores a menudo dejan nueve ofrendas o ex votos cuando les son otorgadas sus peticiones. Su día de la semana es el sábado y su día de fiesta el 26 de Septiembre, que fue el día en que fue martirizado.

Usando una combinación de símbolos que resuene fuertemente con San Cipriano, uno puede empezar a armar un altar o santuario que entonces actuará como un medio para desarrollar una fuerte compenetración y conexión con él.


Empezando a Trabajar con San Cipriano

El trabajo con San Cipriano gira en torno a la dedicación de un altar o santuario a él. Mientras que está dispuesto a intervenir según sea el caso particular, muchos de sus seguidores creen que otorgarle un espacio dedicado es la mejor manera para contactar con este, a veces, reservado santo. Sus altares varían de región en región, pero sus devotos casi siempre tienen un espacio dedicado a él.

Disponer un altar a San Cipriano generalmente consiste en colocar una imagen o estatuilla del santo, velas, una copa de agua y rodearlo con sus colores.

Con intención, dedica una superficie a San Cipriano, cúbrela con un mantel o tela de altar, coloca su imagen y delante de la imagen coloca una copa llena de agua fresca. Decora el altar con imaginería ocultista para personalizarlo a la vez que lo hará resonar con este espíritu. Puedes dejar tus grimorios, bolas de cristal e implementos mágicos cerca de su imagen también.

Una vez que has dispuesto el espacio, puedes dedicarlo a él y llamar a su presencia en tu vida, de la siguiente manera:


 Materiales requeridos:

 Vela púrpura
Carbón y brasero
Franquincienso 
Copa de agua                                                                                                                                                                                                                                                        
En un sábado arrodíllate frente a su altar y golpea en la superficie nueve veces llamando su nombre tras cada golpe. Enciende la vela púrpura y colócala frente a su imagen y a la derecha.

Coloca la copa de agua al frente y a la izquierda de su imagen. Juntas deben formar un triángulo, mirándolo desde arriba.

En el centro de este triángulo y justo delante de la imagen coloca el carbón y brasero. Enciende el carbón con la flama de la vela, ponlo en el brasero y espolvorea el franquincienso sobre el carbón encendido.

A medida que el humo del incienso se eleva, ora sinceramente a San Cipriano. Pídele que acepte tus ofrendas y que esté contento con ellas. Pídele que bendiga tu altar y que se vuelva una presencia en tu vida.

Usando un ventilador o el reverso de tu mano fumiga tu altar, dejando que el humo serpentee y dance alrededor del altar.

Este simple rito dedica el altar a San Cipriano. De ahí en adelante has de cuidar el altar. Colocar una nueva copa de agua cada sábado, vaciando la copa sobre tu jardín o una planta. Deja ofrendas y velas cuando sea necesario y pasa tiempo en meditación y oración con él. El cuidado del altar desarrolla una relación entre tú y el santo y por tanto deberá ser hecho con enfoque, dedicación y amor.

Las ofrendas a San Cipriano pueden darse en ocasiones especiales, como su día de fiesta, tal como un ex voto o pago por favores concedidos o para honrar al santo y agradecerle por su presencia. Incienso, vino, copas de agua y velas son las formas más comunes para sus ofrendas. El incienso puede ser resinas como Francoincienso o Mirra, que son las usadas usualmente en Portugal y España, o Copal, que es comúnmente usado en América Central. Algunos gustan de incluir Acacia en la mezcla de incienso. Dada su conexión con el número nueve alguna gente deja nueve ofrendas, o de nueve en nueve.

Mientras que hay ofrendas estándar y ex votos específicos a varios santos que se han desarrollado junto a sus leyendas, la mejor aproximación es una guiada por el espíritu mismo - comulgar con San Cipriano involucra no sólo pedir por lo que tú quieres, sino preguntarle qué quiere él de ti. Mientras que muchos encontrarán que aprueba las ofrendas tradicionales, hay ocasiones en que el santo pedirá por algo más, como un peregrinaje a un santuario o un milagro votivo u otras ofrendas específicas.

Al entregar fielmente ofrendas al santo a cambio de sus intervenciones, cuidar atentamente de su altar y pasar tiempo en oración con él, uno desarrolla una fuerte relación donde este poderoso hechicero convertido en santo se vuelve no sólo un gran aliado, sino un guía y maestro también.

Trabajar con santos en prácticas mágicas es una característica única y popular presente en variadas culturas y trabajar con San Cipriano en tal forma no es excepción. Adicionalmente a la variedad de hechizos registrados que son atribuidos a San Cipriano hay una variedad de trabajos mágicos específicos que son empoderados directamente por el santo.


Amparo con San Cipriano

Un amparo es un pacto y una técnica usada comúnmente en las prácticas Latinoamericanas del curanderismo, aunque también ha sido adaptado al hoodoo y rootwork. Toma la forma de un talismán protector usado usualmente para escudar a quien lo pide con el poder de santos específicos. San Miguel y San Cipriano son dos de los santos más comunes con quienes trabajar en la creación de amparos. Un amparo es usado también antes de trabajar con espíritus peligrosos. Tal como en la magia ceremonial occidental el mago traza un círculo de protección, el curandero y el rootworker pueden hacer un amparo.

En este rol, figuran prominentemente en el culto de la Santísima Muerte. Los devotos de Santísima Muerte a menudo harán un amparo con San Cipriano o San Miguel antes de trabajar con ella, ya que el amparo ofrecerá protección y templara su muchas veces sobrecogedora presencia.

Además de ser usado antes de lidiar con espíritus volátiles, los amparos pueden hacerse para protegerse del daño y los maleficios.


Materiales requeridos:

2 cartas de oración de San Cipriano
Foto de la persona por quien se hace el amparo (debiera ser del mismo tamaño que las cartas de oración)
Vela Blanca
Hilo rojo
Aceite de San Cipriano
Toma la foto y unta las cuatro esquinas y el centro con el aceite. Coloca esta foto en el medio de las dos cartas de oración de San Cipriano. Asegúrate que la imagen de San Cipriano esté mirando hacia afuera, de manera que cuide por delante y por detrás. Toma el hilo rojo y ata todo junto el paquete, asegurándote que el hilo haga una cruz, yendo hacia arriba y abajo como también hacia ambos lados.

Coloca este paquete bajo la vela blanca que has untado con el aceite. Enciéndela y deja que arda mientras oras desde el corazón por protección. Lleva el amparo contigo.

El amparo es uno de los talismanes protectores más poderosos usados en la magia popular. Algunos incluyen hierbas protectoras en la fórmula, colocándolas entre las cartas de oración con la fotografía. Otros llevan algún trazo de la persona por quien se hace el amparo. Esto puede incluir cabello u otras conexiones personales.

Ofrendas a San Cipriano

Cada uno de los trabajos presentados en este texto gira en torno a la intervención y ayuda de San Cipriano. Mientra que muchos de los hechizos incluyen vocalizaciones tradicionales, oraciones, y rezos, es igualmente importante pasar un tiempo durante el rito vocalizando tus deseos directamente desde el corazón. Durante esta oración es esencial que se haga un voto al santo. Ofrece algo de vuelta por su ayuda. Ejemplos de qué ofrecer se muestran en la sección sobre el simbolismo y las herramientas del trabajo con San Cipriano.

Una vez que el bendito santo y necromante se ha manifestado y otorgado la petición, es importante darle lo debido. Mantener tu parte del pacto asegura una relación favorable y hará que el espíritu esté más inclinado a ayudarte la siguiente ocasión.

Conclusión

San Cipriano como figura, representa el punto de encuentro entre la religión y las artes prohibidas, recordándonos que las lineas entre religión y magia no están siempre claramente trazadas. Aunque es un santo, puede actuar como guía al inframundo y como maestro de la magia. Mientras que su rol como santo de los necromantes y los hechiceros puede ser censurado por las autoridades de la iglesia, él continua viviendo como una poderosa presencia en las vidas de sus devotos; hombres y mujeres que transitan la linea entre el reino de los cielos y las puertas del infierno.

Hermanubis


Hermanubis, el dios más mágicamente útil del que nunca has oído hablar. Emergiendo desde el a veces literalmente psicodélico periodo de sincretismo greco-egipcio, Hermanubis es una forma híbrida del dios funerario egipcio, Anubis, y el mensajero-trickster griego, Hermes. La combinación de ambos provee un psicopompo por excelencia. Es representado teniendo el cuerpo de Hermes y la cabeza de Anubis. Su estatua sobreviviente más famosa es observable en el Museo Vaticano.
Los dioses Cinocéfalos (con cabeza de perro) son muy antiguos y extendidos. En cuanto a Hermanubis específicamente, su origen es un poco un festín móvil. Plutarco, por ejemplo, identifica Anubis con Hermes y con la estrella Sirio (la estrella del perro). Pero la conexión perro-mensajero-Sirio se encuentra al menos remontándose tan atrás como hasta el imperio nuevo donde vemos figuras cinocéfalas saludando al sol naciente en las cuatro puertas del horizonte oriental en uno de los obeliscos de Ramses II. La salida de Sirio marcaba el comienzo de al menos dos de los calendáricos egipcios. Primeramente, el regreso de Sirio a los cielos orientales a finales del verano tras un periodo de setenta días (el mismo periodo de tiempo del proceso de momificación) anunciaba el desbordamiento del Nilo, el fenómeno natural responsable de la abundante cosecha egipcia. Segundo, los calendarios sagrados egipcios marchaban sobre un año mucho más largo, el año Sotiaco (denominado así por la salida heliaca de Sirio/Sotis) que duraba 1.461 años solares. Esta noción de calendario sobrevive en el concepto egipcio de los decanos; poderosos espíritus que gobiernan las secciones del cielo nocturno. La secuencia de decanos empieza con Hermanubis, y aquí podemos ver su rol como psicopompo y abridor de caminos. Aparece desde el inframundo y viaja a través del cielo a la cabeza de todo el desfile de dioses estelares.
Desde aquí, toda la noción de Sirio/perro/iniciador es absorbida en la mitología de los primeros tiempos de la Iglesia. Si miras al calendario de santos desde finales de Julio hasta comienzos de Septiembre, está lleno de perros. El más famoso es San Cristóbal, [patrón de los conductores, 25 de Julio] amado por taxistas locos y madres con cochecitos grandes en el mundo entero. Su hagiografía declara explícitamente que fue un gigante de la tierra de Canaán/canina cuya única forma de comunicación era ladrando. En el sur de Francia encontramos a San Roque, 17 de Agosto, y San Guinefort, quien era/es de hecho un perro, el 22 de Agosto. Otra continuación directa de Hermanubis se encuentra vía San Bartolomé el 24 de Agosto. En Mitos de los Hombres Perro, por David Gordon White, leemos:
Encontramos una versión de las Actas Cópticas de Bartolomeo con un codicilo en Latin … El codicilo se lee: “Estas son las actas de Bartolomeo quien, tras dejar la tierra de Ictiofagos, fue hacia Parthos con Andrés y Cristianus, el hombre cinocéfalo” Un codicilo similar es encontrado mucho antes, en la versión Siria de las Actas de Mateo y Mar Andrés, aproximadamente del siglo quinto: señala que los apóstoles convirtieron a la “Ciudad de los Perros, que es Irqa”, situada al norte de Crimea.
Dado que no hay evidencia arqueológica de cualquiera de estos pueblos y sí una teoría académica en expansión que sugiere que el parte de la historia en el cristianismo es reinterpretación de las tradiciones estelares (doce apóstoles, doce casas zodiacales, y así), entonces “convertir a la ciudad de los perros” podría representar la incorporación de la esquina Siria del cielo en la religión emergente. El día de fiesta de San Cristóbal cae en el ancestral ritual conocido como kunofontis, la “masacre de los perros”, un sacrificio realizado para aplacar a los muertos inquietos ancestros del hijo de Apolo, Linos, quien fue asesinado y devorado por perros. Era bastante común observar estatuas cinocéfalas de Cristóbal en las puertas de las ciudades europeas aún hasta la Edad Media. Aquí tenemos el “abridor de caminos” encontrando al atravesador de fronteras y revelaciones espirituales con cabeza de perro. Ante nuestros propios ojos, Hermanubis ha continuado junto con nosotros en la marcha de la cultura occidental.
Cristóbal es el único ser cinocéfalo del mundo occidental cristiano al que se le otorga un nombre, aunque han habido “razas” perro y “pueblos” perro por siglos. Estos pueblos provienen de Libia, Egipto, el norte de la India y el Cuerno de África, los cuales la mayoría del tiempo eran considerados un solo lugar. De tal manera la cinocefalia era una abreviación visual para la influencia espiritual oriental. De manera interesante, actualmente aparece que los perros fueron domesticados por primera vez en el sudeste Asiático.
Otras continuidades directas se encuentran en los relatos de Orígenes de las creencias de los herejes gnósticos. Él escribe que los gnósticos creían que “los hombres [tras la muerte] asumían las formas de estos espíritus teriomorfos y eran llamados leones, toros, dragones, águilas, osos y perros.” Nótese que todos estos animales pueden encontrarse en las constelaciones del mundo clásico, dándonos un significativo indicador de dónde los gnósticos situaban su vida tras la muerte; entre las estrellas. Regresando a David Gordon White:
El cinocéfalo Hermanubis y Erathoath (Hermes-Thoth) son productos de la tradición astrológica greco-egipcia, y podemos entrever más allá, en la conmemoración cópta del martirio de Bartolomeo el primer día del mes de Thot (29 de Agosto), una evocación de esa deidad Egipcia con cabeza animal, cuyo simbolismo fue traspasado al mundo helenístico en la figura de Hermes Trismegistus. Monedas Alejandrinas del siglo segundo muestran a Hermes-Thot junto con simios cinocéfalos y el caduceo, y otra fuente ofita, una gema Abraxis, representa al cinocéfalo Hermanubis sosteniendo un cetro en cada mano y de pie entre una media luna y una estrella, mientras del otro lado aparece el arconte Miguel. Estas tradiciones Helenísticas fueron también las fuentes de las representaciones zoomorfas Cristianas de los cuatro evangelistas: estas se expandieron desde Asia Menor y los Cristianos Cóptos de Egipto hacia Sicilia, la España Visigoda, el sur de Francia Merovingio, y la Irlanda Celta, con el cinocéfalo Cristóbal pisandoles los talones.
¿Por qué perros, muerte, y los finales del verano? ¿Por qué sería esta mi ruta recomendada hacia tratos mágicos con los muertos? Esta es una muy, muy antigua asociación Indo-Europea… posiblemente con una docena de milenios de antigüedad. En numerosas tradiciones Indoeuropeas, los muertos son comparados a un rebaño o manada, con un pastor divino y su perro o perros manejando el rebaño. Vemos ecos de esta tradición con Hécate, para quien los perros son sagrados, cazando almas perdidas; los vemos con Cerbero resguardando el umbral al inframundo; lo vemos en la tradición romana de dioses y espíritus del hogar, lares, a menudo representados vistiendo pieles de perro. En el libro XXII de la Ilíada, Homero describe a Sirio como el sabueso de Orión. Durante los días del perro, el sabueso de Orión “redoblaba el fiero calor del sol, trayendo, en la tarde, sufrimiento a todas las criaturas vivas.”
El sufrimiento y la enfermedad son consistentemente asociados con los días del perro y los espíritus que los presiden. Los orígenes de esta conexión son probablemente funcionales. Aún hoy, el verano es un tiempo de mosquitos, epidemias virales y enfermedades de transmisión por agua, llevándonos el sofocante calor a beber de fuentes de aguas más pequeñas y dudosas. De tal manera el umbral entre el pasado y el nuevo año estaba cargado con enfermedad y peligro. Era y para buena parte del mundo aún es un peligroso tiempo liminal. La liminalidad dio tanto a Hermes como a Anubis algunos de sus muchos títulos. En algunos sitios, Anubis tenía el título de Apherou, que significa el abridor de caminos. Hermes tenía muchos apelativos similares tal como psicopompos, que quiere decir conductor de las almas. No podrías hallar un mejor híbrido para profundizar tu interacción con los muertos.

The Chaos Protocols, Magical Techniques for Navigating the New Economic Reality, de Gordon White

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...