quinta-feira, 2 de junho de 2016

Biografia Jacob Boheme Parte 1,2


Jacob Boheme nasceu em 1575 na pequena cidade de Alt Seidenburg, distante uma légua e meia de Gorlitz, na Alemanha. Seus pais, Jacob e Ursula, eram luteranos, simples e honestos. O primeiro emprego do pequeno Jacob foi de pastor de ovelhas em Lands-Krone, uma montanha nos arredores de Gorlitz. A única espécie de educação que teve foi recebida na escola da cidade de Seidenberg, que ficava a uma milha de sua casa. Aos catorze anos aprendeu o ofício de sapateiro. Em seguida, viajou pela Alemanha como artífice, sempre no mesmo ramo. Por volta de 1599, retornou a Gorlitz onde veio a ser um mestre em sua profissão. Casou-se com Katherine Kuntzschmann, com quem teve quatro filhos, a um dos quais ensinou seu ofício.

Relatou a um amigo que, durante o tempo de seu aprendizado, quando seu mestre estava ausente, viu entrar na sapataria onde trabalhava, uma figura de aspecto venerável, um estranho vestido de forma simples, querendo comprar um par de sapatos que já havia escolhido. Julgando-se incapaz de lidar com vendas, Böehme fez-lhe um preço muito alto, crendo que o estranho recusaria e ele não seria repreendido pelo dono, seu mestre. O comprador, entretanto, pagou o preço estipulado e se afastou. Após ter dado alguns passos para fora da oficina, chamou com voz alta e firme: " Jacob! Venha cá! ". O jovem, a princípio assustou-se ao ouvir aquele desconhecido chamá-lo pelo nome de batismo, depois, decidiu atendê-lo. O forasteiro, com ar sério mas amável, disse-lhe: "Jacob, você é ainda muito pequeno, mas será grande e se tornará outro homem, e será objeto da admiração de todos. Isto porque é piedoso, crê em Deus e reverencia sua Palavra, acima de tudo. Leia cuidadosamente as Santas Escrituras, nas quais encontrará consolo e instrução, pois sofrerá muito; terá de suportar a pobreza, a miséria e as perseguições; mas seja corajoso e perseverante, pois Deus o ama". Em seguida, fixando-o bem nos olhos, apertou-lhe a mão e se foi, sem deixar qualquer indício.

Voltando a si do espanto, Böehme renunciou os prazeres da juventude folgazã e nunca mais abandonou a leitura das Santas Escrituras, tornando-se mais austero e mais atento em todos os seus atos. Böehme era de natureza humilde, sensível e contemplativa. Além da Bíblia, estudou as obras de Paracelso e os tratados místicos de Kaspar Schwenkfeld e de Valentin Weigel. Schwenkfeld e Weigel foram dois teólogos luteranos que romperam com a ortodoxia luterana para se dedicarem a uma doutrina mística. O primeiro foi fundador da seita dos Schwenkfelders que posteriormente veio a adotar as idéias de Böehme. Weigel, que havia sido influenciado pelas obras de Eckartausen, Teuler, Paracelso e do pseudo Dionísio, divulgava uma doutrina gnóstica de caráter panteísta.

Desde cedo, Jacob Böehme entregara-se à crença em Deus com toda a simplicidade e humildade de seu coração. Ao mesmo tempo em que era combatido, lutava, inconformado, porque os outros não podiam conhecer a verdade. Seu coração simples solicitava e procurava, fervorosamente, praticar e aplicar-se ao amor pela verdadeira piedade, pela virtude, e a levar uma vida reclusa e honesta, privando-se de todos os prazeres da vida social. Por ser isto absolutamente contrário aos costumes de então, ele adquiriu vários inimigos.

Depois de ganhar a vida com o suor de seu rosto, como um laborioso trabalhador, no ano de 1600, quando tinha 25 anos, Böehme sentiu-se envolvido pela luz Divina. Estava sentado em seu quarto, quando seus olhos caíram sobre o prato de estanho polido que refletia a luz do sol com um esplendor maravilhoso. Isso levou Böehme a um êxtase inesperado e pareceu-lhe que a partir daquele momento podia contemplar as coisas na profundidade de seus fundamentos. Pensou que fosse apenas uma ilusão e, para expulsá-la de sua mente, saiu para o jardim. Mas aí observou que contemplava o verdadeiro coração das coisas, a autêntica grama, a verdadeira harmonia da natureza que havia sentido interiormente. Percebeu a sua essência, uso e propriedades, que lhe eram reveladas através das linhas e formas. Desta maneira compreendeu toda a criação e mais tarde escreveu um livro sobre os fundamentos daquela revelação, intitulado "De Signatura Rerum". Böehme encontrou alegria no conteúdo daqueles mistérios, voltou para casa e cuidou de sua família, vivendo em paz e silêncio sem revelar a ninguém as coisas que lhe haviam sucedido.

Dez anos mais tarde, no ano de 1610 viu-se novamente invadido por aquela luz. Todavia, aquilo que nas visões anteriores lhe havia aparecido de modo caótico e multifacético, pode agora ser reconhecido como uma unidade, tal como uma harpa em que cada uma de suas cordas fosse, por si só, um instrumento separado, enquanto que o todo constitui a harpa. Agora reconhecia a ordem divina da natureza. Sentiu necessidade de por em palavras o que havia visto, para preservar suas recordações. Descreveu, então, o fato da seguinte maneira:
"Abriu-se para mim um largo portão e em um quarto da hora vi e aprendi mais do que veria e aprenderia em muitos anos de universidade. Por essa razão, estou profundamente admirado e dirijo a Deus minhas orações, agradecendo-lhe por isto. Porque vi e compreendi o Ser dos seres, o Abismo dos abismos e a geração eterna da Santíssima Trindade, o descendente e origem do mundo de todas as criaturas, pela divina sabedoria: Soube e vi por mim mesmo os três mundos, ou seja, o divino (angelical e paradisíaco), o das sombras (que deu origem e natureza ao fogo) e o mundo exterior e visível (sendo à procriação ou o nascimento exterior tanto do mundo interior como do espiritual). Vi e conheci toda a essência do trabalho o mal e o bem original e a existência de cada um deles; e também como frutificou com vigor a semente da eternidade. E isso de tal forma que dela fiquei desejoso e rejubilei-me".
Para não esquecer a grande graça que acabara de receber e para não desobedecer a um mestre tão santo e consolador, decidiu escrever em 1612, embora sua situação, financeira não fosse boa e não possuísse um livro sequer, com exceção da Bíblia. Surgiu então seu primeiro livro: "Die Morgenrotte im Aufgang" (O vermelho Matutino), que foi posteriormente chamado por um de seus seguidores, o Dr. Balthazar Walter, de "Aurora". Este livro não foi mostrado a ninguém, a não ser a um cavalheiro muito conhecido, Karl von Endern, que se encontrava por acaso em sua casa. Era desejo de Böehme que este livro jamais fosse impresso. Todavia, acabou por ceder à insistência de Endern, e lhe emprestou o livro. Mas este, desejando possuir esse tesouro oculto, separou e distribuiu as folhas a alguns amigos que se puseram a copiá-lo. Deste modo começaram a correr rumores que acabaram por chegar aos ouvidos do pastor de Gorlitz, Gregor Richers. Este, mesmo sem ter lido ou examinado o livro, condenou-o do púlpito quando pregava e, esquecendo completamente a caridade cristã, caluniou e injuriou seu autor, a ponto de o magistrado de Gorlitz ser forçado a intimar Böehme a comparecer com o manuscrito.

Böehme compareceu, e perante os magistrados recebeu ordem de deixar a cidade imediatamente, sem mesmo ver a família e colocar os negócios em ordem. Submeteu-se a essa determinação, porém, desejava saber o que havia de errado com ele. Em resposta o pastor declarou que desejava vê-lo preso e longe da cidade. Posteriormente, a ordem do magistrado foi revogada e notificaram Böehme de que poderia morar em Gorlitz e trabalhar em sua profissão, contanto que não escrevesse mais sobre assuntos teológicos, acrescentando: "Sutor ne ultra crepidam", isto é "O sapateiro não vai além das sandálias".

Böehme esperou pacientemente que cessassem as denúncias (de 1613 a 1618), o que não aconteceu; muito pelo contrário, recrudesceram; mas nem por isso deixou de orar por aqueles que o condenaram. Sentia-se infeliz em seu silêncio forçado. Tempos depois, referindo-se a esse período diria que se comparava a uma semente que, oculta no seio da terra, desenvolvia-se apesar do mau tempo e das tempestades.

Santa e pacientemente, submeteu-se ao veredicto que recebeu e permaneceu sete anos sem escrever. Entretanto, um novo impulso de seu interior veio despertá-lo. Além disso, pessoas crentes e versadas nas ciências da natureza estimularam-no a continuar sua obra e a "não esconder a lâmpada debaixo da cama". Decidiu-se, então, a recomeçar a escrever e muitas obras surgiram: "Von der Drei Principien Gottliches Wesens" (Os Três Princípios da Natureza de Deus) em 1619; "Vom Dreifachem Lebem des Menchen" (A Vida Tríplice do Homem), "Vierzig Fragen von der Seele" (Quarenta Questões da Alma), "Von der Menschwerdug Jesu Christi" (A Encarnação de Jesus Cristo), "Von Sechs Theosophischen Punkten" (Seis Pontos Teosóficos), "Grundlicher Bericht von dem Irdischen und Himmlischen Mysterio" (Relato Metódico do Mistério Terrestre e Celeste) em 1620; "Von der Geburt und Bezeichnung Aller Wesen" (O Nascimento e a Marca de Todas as Coisas), mais conhecido como "Signatura Rerum", em 1621; "Von der Gnadenwahl" (A Escolha da graça) em 1623; "Betrachtung Gottlicher Offenbarung" (Os Três Princípios da Revelação Divina) e "Der Wegzu Christo" ( O Caminho Para o Cristo) em 1624.

Cada livro que Böehme escreveu marcou nele, segundo suas próprias palavras, o crescimento do "lírio espiritual", ou seja, o amadurecimento da vida, sempre para a Luz do Espírito, o "novo nascimento de Cristo". O "crescimento do lírio" está acontecendo sempre, é a triunfante auto-realização da perfeição de Deus; Böehme via o universo como um grande processo alquímico, uma retorta destilando perpetuamente os metais para transmutá-los em ouro celestial.

O Dr. Balthazar Walter, que fez numerosas viagens durante sua vida, permanecendo inclusive seis anos entre os árabes, os sírios e os egípcios, para aprender com eles a verdadeira sabedoria oculta, sustentava que havia encontrado alguns fragmentos dessa ciência aqui e ali, mas em nenhuma parte ela era tão profunda, tão pura, como a de Jacob Böehme, este homem simples, esta pedra angular rejeitada pelos sábios dialéticos e pelos doutores metafísicos da Igreja. Por isso deu-lhe o nome de "Philosophus Teutonicus" (Filósofo Alemão) tanto para distingui-lo das outras nações, como para evidenciar suas eminentes qualidades entre seus compatriotas, tendo em vista que fora sempre muito austero em sua conduta e sempre levara uma vida cristã, humilde e resignada.

A morte de Böehme ocorreu em um domingo, 20 de novembro de 1624. Antes de uma hora, Böehme chamou Tobias, seu filho, e perguntou-lhe se não havia escutado uma maravilhosa música. Pediu-lhe, então que abrisse a porta do quarto, para que a canção celestial pudesse ser melhor ouvida. Mais tarde perguntou que horas eram, e quando lhe responderam que o relógio havia soado as duas horas disse: "Ainda não chegou a minha hora, mas dentro de três horas será a minha vez". Depois de uma pausa, falou de novo: "Ó Deus poderoso, salva-me, de acordo com Tua Vontade". E outra vez disse: "Tu Cristo crucificado, tem piedade de mim e leva-me contigo ao teu reino". Deu então, à sua esposa certas instruções com referência a seus livros e outros assuntos temporais, dizendo-lhe também, que ela não sobreviveria por muito tempo (como de fato ocorreu e, despedindo-se de seus filhos, disse: "Agora entrarei no Paraíso". Então pediu a seu filho mais velho, cujos olhos pareciam prender Böehme a seu corpo, que se virasse de costas e, com um profundo suspiro, sua alma abandonou o corpo, indo para a terra à qual pertencia; entrando naquele estado que só é conhecido por aqueles que fizeram da Iniciação, o motivo de sua existência.

FONTE: Sociedade das Ciências Antigas - Biografias: Jacob Boheme


Jakob Böhme, por vezes grafado como Jacob Boehme, (Alt Seidenberg, Silésia, 24 de abril de 1575 — Görlitz, 17 de novembro de 1624) foi um filósofo e místico luterano alemão
Böhme passou por experiências místicas em toda a sua juventude, culminando em uma epifania no ano de 1600 que teria lhe revelado a estrutura espiritual do mundo, assim como as relações entre o Bem e o Mal. Na época, ele decidiu não divulgar a sua experiência e continuou trabalhando como sapateiro na cidade de Goerlitz, na Silésia, constituindo família e tendo quatro filhos. Entretanto, após uma outra visão em 1610, ele começou a escrever sua primeira obra, Aurora (Die Morgenroete im Aufgang), resultante dessa iluminação. O tratado foi publicado e divulgado em forma de manuscrito até que uma cópia caiu nas mãos de Gregorious Ritcher, principal pastor de Görlitz, que o considerou herético e ameaçou exilar Böhme, se ele não parasse de divulgar os seus escritos. Após anos de silêncio, os amigos e patronos de Böhme conseguiram convencê-lo a continuar escrevendo e em pouco tempo novas cópias escritas a mãos começaram a circular.
Seu primeiro livro impresso, Christosophia (der Weg zu Christo), foi publicado em 1623 e causou outro escândalo. Em um curto período de tempo, entre 1618 e 1624), Böhme produziu uma enorme quantidade de tratados e epístolas, incluindo suas maiores obras De Signatura Rerum e Misterium Magnum. Suas idéias conquistaram muitos seguidores em toda a Europa e os seus discípulos ficaram conhecidos como os boehmistas.

Como uma ironia do destino, Johan G. Gichtel, o filho do principal antagonista de Böhme, o pastor Gregorious Ritcher, se tornou um discípulo indireto, comentador e editor de uma coleção de trechos das obras de Böhme, os quais foram mais tarde publicados no ano de 1682 em Amsterdã. As obras completas de Böhme só foram publicadas pela primeira vez em 1730. Johan G. Gichtel também escreveu uma autobiografia espiritual intitulada A Senda do Homem Celeste, descrevendo como colocou em prática tudo o que aprendeu com o estudo das obras de Böhme, chegando, segundo ele, à realização da senda espiritual. A Senda é considerado um clássico do pensamento místico-cristão de sua época.

Como conseqüência de suas idéias e escritos, Böhme passou o último ano de sua vida exilado em Dresden, retornando à Görlitz unicamente para dar um adeus final à vida aos 49 anos de idade.

Nos dias atuais, as obras de Böhme são estudadas e admiradas por diversas comunidades de espiritualistas, místicos, martinistas, teosofistas e filósofos em todo o mundo.

Filosofia

Ao contrário de uma concepção medieval e até neoplatônica da divindade, ele não a concebe como estática, mas nela descobre uma luta ardente de princípios opostos, sendo que a principal preocupação dos escritos de Böhme era a natureza do Pecado, do Mal e da Redenção. De acordo com a teologia luterana, Böhme pregava que a humanidade tinha caído do estado de divina graça para um estado de pecado e sofrimento, que as forças do Mal incluíam os anjos caídos que tinham se rebelado contra Deus e que o objetivo de Deus era restaurar o mundo ao seu estado natural de graça.

Na cosmologia de Böhme, é necessário que a humanidade se voltasse para Deus a fim de que a criação voltasse ao estado original de harmonia e de inocência, permitindo ao homem atingir uma nova auto-consciência pela interação com a criação que se tornaria, ao mesmo tempo, parte Dele e distinta Dele. Deste modo, o livre arbítrio seria o mais importante dom dado a humanidade por Deus, permitindo-nos buscar a graça divina na condição de uma livre escolha, enquanto permitiria aos seres humanos manter as suas individualidades.

Böhme via a encarnação de Cristo, não como um sacrifício oferecido para perdoar os pecados dos homens, mas sim como uma oferta amorosa e divina para a humanidade, mostrando a vontade de Deus suportando igualmente o sofrimento terrestre como um aspecto necessário da criação. Ele também acreditava que a encarnação de Cristo expressava a mensagem que um novo estado de harmonia seria possível.

Obras

Em português

A aurora nascente
A sabedoria divina
A revelação do grande mistério
Os três princípios da essência divina
Quarenta questões sobre a alma
A chave
A encarnação de Jesus Cristo
As confissões
Diálogo entre uma alma iluminada e outra em busca da iluminação
A vida supra sensível
O caminho para o Cristo

Em inglês

Aurora, 
The Three Principles of the Divine Essence
The Threefold Life of Man
Answers to Forty Questions Concerning the Soul
The Treatise of the Incarnations:
I. Of the Incarnation of Jesus Christ
II. Of the Suffering, Dying, Death and Resurrection of Christ
III. Of the Tree of Faith
The Great Six Points
Of the Earthly and of the Heavenly Mystery
Of the Last Times
De Signatura Rerum
The Four Complexions
Of True Repentance
Of True Resignation
Of Regeneration
Of Predestination
A Short Compendium of Repentance
The Mysterium Magnum
A Table of the Divine Manifestation, or an Exposition of the Threefold World
The Supersensual Life
Of Divine Contemplation or Vision, (incompleto)
Of Christ's Testaments
I. Baptism
II. The Supper
Of Illumination
177 Theosophic Questions, with Answers to Thirteen of Them, (incompleto)
An Epitome of the Mysterium Magnum
The Holy Week or a Prayer Book, (incompleto)
A Table of the Three Principles
Of the Last Judgement, (perdido)
The Clavis
Sixty-two Theosophic Epistles

Em latim


Aurora (Die Morgenröte im Aufgang), (1612)
De tribus principiis (Beschreibung der Drey Göttliches Wesens), (1619)
De triplici vita hominis (Von dem Dreyfachen Leben des Menschen), (1620)
Psychologica vera (Vierzig Fragen von der Seelen), (1620)
De incarnatione verbi (Von der Menschwerdung Jesu Christi), (1620)
Sex puncta theosophica (Von sechs Theosophischen Puncten), (1620)
Sex puncta mystica (Kurtze Erklärung Sechs Mystischer Puncte), (1620)
Mysterium pansophicum (Gründlicher Bericht von dem Irdischen und Himmlischen Mysterio), (1620)
Informatorium novissimorum (Von den letzten Zeiten an P. Kaym), (1620)
Christosophia (der Weg zu Christo), (1621)
Libri apologetici (Schutz-Schriften wider Balthasar Tilken), (1621)
Antistifelius (Bedenken über Esaiä Stiefels Büchlein), (1621)
De signatura rerum, (Von der Geburt und der Bezeichnung aller Wesen), (1622)
Mysterium Magnum (Erklärung über das erste Buch Mosis), (1623)
De electione gratiae (Von der Gnaden-Wahl), (1623)
De testamentis Christi (Von Christi Testamenten), (1623)
Quaestiones theosophicae (Betrachtung Göttlicher Offenbarung), (1624)
Tabulae principorium (Tafeln vln den Dreyen Pricipien Göttlicher Offenbarung), (1624)
Apologia contra Gregorium Richter (Schutz-Rede wider Richter), (1624)
Libellus apologeticus (Schriftliche Verantwortgung an E.E. RAth zu Görlitz), (1624)
Clavis (Schlüssel, das ist Eine Erklärung der vornehmsten Puncten und Wörter, welche in diesen Schriften gebraucht werden), (1624)
Epistolae theosophicae (Theosophische Send-Briefe), (1618 – 162])

Biografia H. P. Lovecraft Parte 2


Howard Phillips Lovecraft (Providence, Rhode Island, 20 de agosto de 1890  — Providence, Rhode Island, 15 de março de 1937) foi um escritor estadunidense que revolucionou o gênero de terror, atribuindo-lhe elementos fantásticos que são típicos dos gêneros de fantasia e ficção científica.

O princípio literário de Lovecraft era o que ele chamava de "Cosmicismo" ou "Terror Cósmico", que se resume à ideia de que a vida é incompreensível ao ser humano, e de que o universo é infinitamente hostil aos interesses do homem. Isto posto, as suas obras expressam uma profunda indiferença às crenças e atividades humanas. H.P Lovecraft originou o ciclo de histórias que posteriormente passaram a ser categorizadas no denominado Cthulhu Mythos e também desenvolveu o fictício grimório Necronomicon, supostamente vinculado ao astrônomo e ocultista britânico do século XVI, John Dee. Ao decorrer de suas criações, Lovecraft produziu um panteão de entidades extremamente anti-humanas com as quais, nas suas histórias, geralmente os seres humanos se podem comunicar através do Necronomicon.

Os seus trabalhos expressam uma atitude profundamente pessimista e cínica, muitas vezes desafiando os valores do Iluminismo, do Romantismo, do Cristianismo e do Humanismo . Os protagonistas de Lovecraft eram o oposto dos tradicionais gnose e misticismo por momentaneamente anteverem o horror da última realidade e do abismo.

Era assumidamente conservador e anglófilo (o que pode ser observado em seu poema An American To Mother England , publicado em janeiro de 1916 ), o que explica o porquê de ter sido habitual no seu estilo o emprego de arcaísmos e a utilização de vocabulário e ortografia marcadamente britânicos - fato que contribui para aumentar a atmosfera dos seus contos, pois muitos deles (por exemplo, O caso de Charles Dexter Ward) contêm referências a personagens que viveram antes da independência das Treze Colónias, bem como a estabelecimentos comerciais existentes entre os séculos XVII e XVIII.

Durante a sua vida, dispôs de um número relativamente pequeno de leitores, no entanto sua reputação verificou uma elevada gratificação com o passar das décadas, e ele, agora, é considerado um dos escritores de terror mais influentes do século XX. De acordo com Joyce Carol Oates, Lovecraft, como aconteceu com Edgar Allan Poe no século XIX, tem exercido "uma influência incalculável sobre sucessivas gerações de escritores de ficção de horror" , Stephen King chamou Lovecraft de "o maior praticante do século XX do conto de horror clássico."

Lovecraft era o único filho de Winfield Scott Lovecraft, negociante de jóias e metais preciosos, e Sarah Susan Phillips, vinda de uma família notória que podia traçar suas origens directamente aos primeiros colonizadores americanos, casados numa idade relativamente avançada para a época. Quando contava três anos, seu pai sofreu uma aguda crise nervosa que deixou sequelas profundas, obrigando-o a passar o resto de sua vida em clínicas de repouso.

Assim, ele foi criado pela mãe, Sarah, por duas tias, e por seu avô, Whipple van Buren Phillips. Lovecraft era um jovem prodígio que recitava poesia aos dois anos e já escrevia seus próprios poemas aos seis. Seu avô encorajou os hábitos de leitura, tendo arranjado para ele versões infantis da Ilíada e da Odisseia, de Homero, e introduzindo-o à literatura de terror, ao apresentar-lhe clássicas histórias de terror gótico.

Lovecraft era uma criança constantemente doente. Seu biógrafo, L. Sprague de Camp, afirmou que o jovem Howard sofria de poiquilotermia, uma raríssima doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Devido aos seus problemas de saúde, ele frequentou a escola apenas esporadicamente mas lia bastante.

O seu avô morreu em 1904, o que levou a família a um estado de pobreza, devido à incapacidade das filhas de gerirem os seus bens. Foram obrigados a mudar-se para acomodações muito menores e insalubres, o que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft. Em 1908, ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que o impediu de receber seu diploma de graduação no ensino médio e, consequentemente, complicou sua entrada numa universidade. Esse fracasso pessoal marcaria Lovecraft pelo resto dos seus dias.

Nos seus dias de juventude, Lovecraft dedicou-se a escrever poesia, mergulhando na ficção de terror apenas a partir de 1917. Em 1923, ele publicou seu primeiro trabalho profissional, Dagon, na revista Weird Tales. Lovecraft junto de Clifford Martin Eddy, Jr., foi um ghostwriter do magazine Weird Tales, inclusive escrevendo uma história, "Sob as Pirâmides" (Under the Pyramids, também conhecida como Imprisoned with the Pharaohs), para o famoso mágico Harry Houdini.

A sua mãe nunca chegou a ver nenhum trabalho do filho publicado, tendo morrido em 1921, após complicações numa cirurgia.

Lovecraft trabalhou como jornalista por um curto período, durante o qual conheceu Sonia Greene, com quem viria a casar. Ela era judia natural da Ucrânia, oito anos mais velha que ele, o que fez com que sua tias protestassem contra o casamento. O casal mudou-se para o Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, cidade de que Lovecraft nunca gostou . O casamento durou poucos anos e, após o divórcio amigável, Lovecraft regressou a Providence, onde moraria até morrer.

O período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores estreantes de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente era Robert E. Howard, criador de Conan o Bárbaro. Algumas das suas mais extensas obras, Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter Ward - seu único romance -, foram escritas nessa época.

Os seus últimos anos de vida foram bastante difíceis. Em 1932, a sua amada tia Lillian Clark, com quem ele vivia, faleceu. Lovecraft mudou-se para uma pequena casa alugada com sua tia e companhia remanescente, Annie Gamwell, situada bem atrás da biblioteca John Hay. Para sobreviver, considerando-se que seus próprios textos aumentavam em complexidade e número de palavras (dificultando as vendas), Lovecraft apoiava-se como podia em revisões e "ghost-writing" de textos assinados por outros, inclusive poemas e não-ficção. Em 1936, a notícia do suicídio do seu amigo Robert E. Howard deixou-o profundamente entristecido e abalado. Nesse ano, a doença que o mataria (cancro no intestino) já avançara o bastante para que pouco se pudesse fazer contra ela. Lovecraft suportou dores sempre crescentes pelos meses seguintes, até que a 10 de março de 1937 se viu obrigado a internar-se no Hospital Memorial Jane Brown. Ali morreria cinco dias depois. Contava então 46 anos de idade.

Howard Phillips Lovecraft foi enterrado no dia 18 de março de 1937, no cemitério Swan Point, em Providence, no jazigo da família Phillips. O seu túmulo é o mais visitado do local, mas passaram-se décadas sem que o seu túmulo fosse demarcado de forma exclusiva. No centenário do seu nascimento, fãs norte-americanos cotizaram-se para inaugurar uma lápide definitiva, que exibe a frase "Eu sou Providence", extraída de uma das suas cartas.

Obra

Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram directamente inspirados por seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo. As suas maiores influências foram Edgar Allan Poe, por quem Lovecraft nutria profunda afeição, e Lord Dunsany, cujas narrativas de fantasia inspiraram as suas histórias em terras de sonho. Suas constantes referências, em seus textos, a horrores antigos e a monstros e divindades ancestrais acabaram por gerar algo análogo a uma mitologia, hoje vulgarmente chamada Cthulhu Mythos, contendo vários panteões de seres extra-dimensionais tão poderosos que eram ou podiam ser considerados deuses, e que reinaram sobre a Terra milhões de anos atrás. Entre outras coisas, alguns dos seres teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e teriam uma intervenção directa em toda a história do universo.

Lovecraft é talvez um dos poucos autores cuja obra literária não tem meio-termo: volta-se única e exclusivamente para o horror, tendo como finalidade perturbar o leitor, depois de atraí-lo para a atmosfera, o ambiente, o clima daquilo que lê. Ele parte de uma situação muitas vezes aparentemente banal: De um asilo particular situado em Providence desapareceu um jovem pesquisador… É assim que começa o seu único romance, O caso de Charles Dexter Ward - para ir mostrando, aos poucos, o resultado da pesquisa que o citado Charles fizera tentando encontrar um seu antepassado que havia sido obscurecido propositadamente…

Quando o livro termina, ficamos sabendo o porquê do desaparecimento do pesquisador, além de descobrir que este seu antepassado, Joseph Curven, também se dedicava a pesquisas, estas de magia negra, necromancia e ressurreição de seres inomináveis, entre os quais ele próprio.

Um dos ingredientes da fórmula lovecraftniana para seduzir o leitor é o uso da primeira pessoa: a maior parte de seus contos, entre eles as obras-primas primordiais O chamado de Cthulhu, Um sussurro nas trevas, A cor que caiu do céu, Sombras perdidas no tempo e Nas montanhas da loucura. Algumas vezes, todos os acontecimentos são vividos pelo narrador, como em Sombras perdidas no tempo; outras vezes, o narrador convive com algumas personagens e toma parte dos fatos (em geral, a pior delas).

A expressão Cthulhu Mythos foi criada, após a morte de Lovecraft, pelo escritor August Derleth, um dos muitos escritores a basearem suas histórias nos mitos deste. Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefactos das histórias de terror, o Necronomicon, um fictício livro de invocação de demónios escrito pelo, também fictício, Abdul Alhazred, sendo até hoje popular o mito da existência real deste livro, fomentado especialmente pela publicação de vários falsos Necronomicons e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando a sua origem e percurso histórico.

É importante salientar que Lovecraft foi o autor de "O horror sobrenatural na literatura", que ainda é o mais importante ensaio sobre o género, mesmo tendo se passado mais de setenta anos da sua publicação; o surgimento, posteriormente, de autores como Robert Bloch e Stephen King não alteram este fato.

Influencia nos dias de hoje


História em Quadrinho 

Conan

Lovecraft foi amigo de Robert Howard. criador de Conan e Kull. Quando foram lançados, essas personagens eram publicadas apenas em forma de contos nas pulp magazines. A popularização de Conan a partir do lançamento do filme Conan, o bárbaro, impulsionou as suas publicações em banda desenhada (história em quadrinho no Brasil). Muitas das melhores histórias de Conan contêm inúmeras referências a personagens criados por Lovecraft, em algumas, chega mesmo a aparece uma personagem, meio Deus meio Demónio, referência à série Cthulhu Mythos.

Martin Mystère

Criado por Sergio Bonelli, esta personagem é denominada "O Detective do impossível". Arqueólogo nada convencional, tem um assistente de nome Java, membro de uma tribo de homens de Neanderthal que sobreviveu na Mongólia e usa uma "arma de raios" que teria sido forjada na Atlântida. No Brasil, a editora globo publicou 13 edições com Martin Mystère. Nas edições 4 - A Estirpe Maldita; 5 - A Casa nos Confins do Mundo e 6 - Crime na Pré-história, as personagens de Bonelli enfrentam situações descritas em dois contos lovecraftnianos (Os sonhos da casa das bruxas e Nas montanhas da loucura), a tal casa no fim do mundo teria sido habitada pelo próprio Lovecraft, e Martin Mystère e seus amigos conhecem um pintor de nome Pickmann (protagonista de "O modelo de Pickman").

Kishin Houkou Demonbane

O anime desenvolvido pela Nitroplus e exibido no Japão em 2006 utiliza elementos das histórias lovecraftianas em seu enredo como o necronomicon que é interpretado pela personagem Al Azif além de vários mecha(robôs gigantes onde é preciso que pessoas o pilotem dentro dele) baseados nos monstros de cthulhu.Na verdade esse anime tem grandes influências das obras de H.P Lovecraft.

Neonomicon

Por muito tempo sussurrou-se sobre a nova história de terror que Alan Moore estaria escrevendo. A história é uma obra-tributo à H.P. Lovecraft. No encadernado, misteriosos assassinatos atraem a atenção do FBI e, durante a investigação, revelações indicam coincidências muito estranhas. Para chegar à verdade, um expert na revolucionária Teoria da Anomalia envolve-se em uma missão sob disfarce que o leva a um clube que abriga uma seita suspeita possivelmente envolvida com os crimes. Mas o rumo sobrenatural dos acontecimentos exige a presença de dois outros investigadores que serão levados ao extremo do horror e aos limites da realidade como a conhecemos. Com roteiro do mestre Alan Moore e arte do artista favorito do inglês, Jacen Burrow, Neonomicon é um pesadelo lovecraftiano que o deixará com medo de fechar os olhos, mas com mais medo ainda de abri-los. Lançado no Brasil pela Editora Panini em agosto/2012

Biografia Grigori Rasputín Español



Grigori Yefímovich Rasputín (en ruso Григо́рий Ефи́мович Распу́тин; 9 de enero.21 de enero de 1869.17 de diciembre.30 de diciembre de 1916.) fue un místico ruso con una gran influencia en los últimos días de la Dinastía Romanov. Rasputín es la transcripción al español procedente de la francesa, aunque más acorde con la pronunciación en ruso es la forma Rasputin.También fue conocido como «el Monje Loco».

En su lugar de origen pretendía darse una apariencia de Jesucristo y tenía fama de sanador mediante el rezo, razón por la cual, y gracias a una amiga de la zarina llamada Anna Výrubova, en 1905 fue llamado al palacio de los zares para cortar una hemorragia de su hijo y heredero Alekséi Nikoláyevich Románov, que padecía de hemofilia. El zarevich efectivamente mejoró —algunos investigadores sostienen que fue mediante hipnosis— y la familia Romanov, especialmente la zarina Alejandra, cayó bajo la influencia de este controvertido personaje.

Muchos datos sobre los primeros años de la vida de Rasputín son enormemente inseguros. Incluso era más joven de lo que creían sus contemporáneos puesto que, aunque se ha constatado que nació en 1869, antes se pensaba que lo había hecho a principios de esa década. Rasputín nació y se crió en un pequeño pueblo de Siberia Occidental llamado Pokróvskoye, que pertenecía entonces a la región de Tobolsk, actual Óblast de Tiumén, y está a unos 300 km al este de los Urales, en la orilla izquierda (norte) del río Turá. Es posible que, como era habitual entre los campesinos rusos, su nombre derivara de un seudónimo y proviniera de la palabra rasputnyi ('disoluto').El registro de la parroquia local contiene la siguiente entrada el 9 de enero.21 de enero de 1869.: «En el pueblo de Pokróvskoye, en la familia del campesino Yefim Yakovlevich Rasputín y su esposa, ambos ortodoxos,3 nació un hijo, Grigori».Al día siguiente fue bautizado nombrado en honor de San Gregorio de Nisa, cuya fiesta se celebra el 10 de enero.

Grigori fue el quinto de nueve hijos. Sólo sobrevivieron dos: él y su hermana Feodosia. Nunca asistió a la escuela; según el censo de 1897 casi todo el pueblo era analfabeto.8 En Pokrovskoye, el joven Rasputín era considerado un extraño, pero dotado de dones misteriosos. "Sus extremidades se sacudían, movía los pies y siempre mantenía las manos ocupadas. Pese a algunos de sus tics físicos, llamaba la atención".Lo poco que se sabe sobre su infancia fue transmitida por su hija María.Según ella, a los catorce años la idea de que «el reino de Dios está en nosotros» le hizo «correr a esconderse en el bosque, temeroso de que la gente notara que le había ocurrido algo inimaginable». Cuando se hubo recuperado, volvió a casa con «la sensación de una luminosa tristeza».Más o menos a esa edad, harto de soportar que otros niños lo llamasen «enclenque», un día se revolvió y les agredió. Aunque se arrepintió de aquello, pues no era violento, se hizo más sociable desde entonces y fue capaz de ir al mercado de Tiumén (80 km al oeste) a vender el centeno de su padre. Sin embargo, en conjunto, Rasputín siguió siendo un muchacho demasiado disperso como para convertirse en un hombre de provecho. Empezó a beber y lo detuvieron junto con otros por el robo de unos caballos. Finalmente, la asamblea rural lo absolvió, aunque los demás fueron desterrados a Siberia Oriental.

El 2 de febrero de 1887 Rasputín se casó con Praskovia Fiódorovna Dubrovina, tres años mayor que él, y la pareja tuvo tres hijos: Dmitri, Varvara y María. Dos hijos anteriores a ellos murieron muy niños.En 1892 Rasputín dejó abruptamente su aldea, esposa, hijos y padres.Pasó varios meses en un monasterio de Verjoturye (Óblast de Sverdlovsk). El autor Alexander Spiridovich sugirió que lo hizo por la muerte de un niño, pero el monasterio fue ampliado en aquellos años para recibir más peregrinos.Ingresó poco después en una secta cristiana condenada por la Iglesia Ortodoxa Rusa conocida como jlystý ('flagelantes'), quienes creían que para llegar a la fe verdadera hacía falta el dolor. En las reuniones de esta secta, las fiestas y orgías eran constantes y Grigori se convirtió en un acérrimo integrante. El ingreso en esta congregación marcó al profeta siberiano de por vida —esto explicaría la notoria vida sexual que tuvo en años posteriores y que acabó ennegreciendo su reputación de hombre santo—. Posteriormente llevó una vida de ermitaño hasta que conoció al Hermano Macario, un iluminado que tuvo una fuerte influencia sobre Rasputín, pues llevó a Grigori a renunciar a beber y comer carne. Cuando regresó a casa se había convertido en un ferviente converso.

Influencia en la monarquía rusa

Rasputín no solo se ganó el favor de la familia real, sino que también buena parte de la aristocracia se rindió a él. Esto se debió sobre todo a su carisma personal. En la medida en que el carisma pueda explicarse, el suyo era producto de los siguientes factores: una mirada muy fija y penetrante (era de pelo castaño pero de ojos azules muy claros); un verbo fácil y muy ambiguo (alguien dijo que sus frases nunca constaban de «sujeto, verbo y predicado», sino que siempre faltaba algún elemento) que parecía el de un oráculo; un gran atractivo para con las mujeres basado, además de en su físico y en su intuición, en su conocimiento de las Escrituras y en cierta tradición religiosa rusa que seguía prácticas orgiásticas como camino a Dios. Finalmente, la época de Rasputín era de romanticismo filoeslavo, y él, ruso de la profunda Siberia, recriminaba a los nobles, muy emparentados con la aristocracia europea (sobre todo con la alemana): «No tenéis una sola gota de sangre rusa»
Sin embargo, fue muy atacado por aquellos cortesanos y nobles que se sintieron amenazados en sus intereses y propagaron rumores que sirvieron de alimento para los revolucionarios enemigos del régimen zarista. El zar sólo lo toleraba en la medida que la zarina lo aceptara, aunque no había decisión del zar que no pasara por la supervisión de Rasputín. Durante la Primera Guerra Mundial fue acusado de ser un espía alemán y de influir políticamente en la zarina, que era de ascendencia alemana, en sus nombramientos ministeriales cuando el zar estuvo ausente por la guerra. Este hecho fue desastroso para la permanencia del régimen zarista.

Considerado amigo íntimo del zarévich Alexéi Nikoláievich y su «médico» personal, ya que este le proporcionaba una especie de «hipnosis curativa» y le ofrecía la seguridad que su sobreprotectora madre no podía ofrecerle, el futuro de la dinastía Románov estaba en sus manos. Si él no salvaba de la muerte al hemofílico zarévich la especulación sobre el heredero al trono quedaba abierta. Gracias a esas aparentemente milagrosas curaciones la zarina Alejandra confió ciegamente en el curandero, ya que las pruebas de sanación que le producía a su hijo eran inexplicables. Confió también en los vaticinios del monje sobre los destinos de la santa Rusia, a la cual veía Rasputín en sus visiones «envuelta en una nube negra e inmersa en un profundo y doloroso mar de lágrimas».

Asesinato de Rasputín

En el gobierno y en la corte se consideraba que la influencia de Rasputín sobre el zar y la zarina era nefasta en un momento en que la situación de la monarquía ya era muy crítica. El primer ministro Alexander Trépov le ofreció doscientos mil rublos para que regresase a Siberia y había fracasado, a principios de 1916, una tentativa de asesinato del exministro del Interior, Alexéi Jvostov. Finalmente la conjura que tuvo éxito fue la del príncipe Félix Yusúpov, en la que también estaban implicados un líder derechista de la Duma, Vladímir Purishkévich, y dos grandes duques, Dmitri Pávlovich y Nicolás Mijáilovich.
Yusúpov, Purishkévich y el gran duque Dmitri planearon atraer a Rasputín al palacio de Yusúpov con la excusa de que se reuniría con la esposa de este, la gran duquesa Irina Alexándrovna. Así, a pesar de haber recibido una advertencia previa del peligro el mismo de diciembre, Rasputín se presentó en el palacio poco después de medianoche. Allí Yusúpov lo hizo esperar a la gran duquesa, mientras esta supuestamente atendía a otros invitados, en una estancia del sótano donde le sirvió vino y unos pasteles envenenados con cianuro. Exasperado porque el veneno parecía no hacer efecto, Yusúpov le disparó un tiro con una pistola Browning y lo dejó por muerto mientras se preparaba para salir a deshacerse del cadáver. No obstante, Rasputín había sobrevivido y Purishkévich, después de fallar en dos ocasiones, lo derribó con otros dos disparos y lo remató con un golpe en la sien. Después ataron el cuerpo con cadenas de hierro y lo arrojaron al río Nevá, donde fue encontrado el 18 de diciembre.

Rasputín fue enterrado en enero de 1917 junto al palacio de Tsárskoye Seló. Después de la Revolución de Febrero, su cuerpo fue desenterrado y quemado en el bosque de Pargolovo, donde las cenizas fueron esparcidas.

Investigaciones recientes señalan que en el asesinato de Rasputín estuvo involucrado el servicio secreto británico, en donde un agente que residía por entonces en Petrogrado, llamado Oswald Rayner, bajo el mandato de otro agente llamado John Scale, participó directamente en el asesinato.

Personalidad

Rasputín llevaba en su juventud la vida típica de un campesino siberiano, hasta que sufrió su «conversión». Era un hombre muy alto, de hábil y elocuente poder oratorio, personalidad abrumadora, de aspecto un tanto tosco, grosero a veces, violento, tenía una mirada muy penetrante y era poseedor de un carisma profundo. Amaba y odiaba efusivamente. Era un actor soberbio y convincente, se sabía poseedor de estas habilidades y las usó inteligentemente en su provecho.

En su época había rumores de que era una persona licenciosa y de que se le había visto numerosas veces borracho y en compañía de prostitutas. Sus relaciones con sus discípulos, sus visitas de alcoba, en su mayoría mujeres de la alta sociedad rusa, también eran polémicas. Una de sus máximas era: «Se deben cometer los pecados más atroces, porque Dios sentirá un mayor agrado al perdonar a los grandes pecadores». Sin embargo, los historiadores no han encontrado pruebas concluyentes que afirmen esta vida licenciosa. Independientemente de su veracidad, esta reputación ha sido trasladada a varias biografías, películas e incluso canciones.


quarta-feira, 1 de junho de 2016

Biografia Rasputin


Ele é um destes personagens históricos que é citado tanto por pesquisadores do ocultismo como por entusiastas da psicologia aplicada. Rasputin, o Monge Louco, foi considerado um devasso para uns, uma benção para outros e um mistério para todos. Toda sua vida esta envolta em uma nevoa de segredos que nos revelam uma figura sombria que soube como ninguém usar da manipulação psicológica e do ocultismo para atingir seus próprios objetivos.

Rasputin foi um diabo consagrado e o mais pecador de todos os santos. Sem dúvida, o mais indulgente de todos os ascetas. Tinha um especial talento para unir o sagrado e o profano sob seu manto negro causando ao mesmo tempo a admiração e o respeito de seguidores e medo e terror em seus adversários. Nascido na aldeia de Rasputje, Sibéria, em 1869, desde muito cedo sempre demonstrou um grandioso fascínio pelo ocultismo e por tudo o que fosse secreto e hermético. Enquanto crescia especializou-se em controle psicológico, técnicas de cura, teologia, leitura corporal, predestinação, ilusionismo, magnetismo, artimanhas teatrais e especialmente hipnose.

Quando atingiu a maturidade, Rasputin entrou em contato com a Seita dos Flagelantes, um controverso grupo que guardando as devidas particularidades tinha uma visão de mundo, objetivos e práticas muito similares ao dos satanistas de hoje. Esta era uma das muitas seitas eróticas que viviam sob o olhar apreensivo da Igreja Ortodoxa pré-revolução de 1917.

A premissa básica destas seitas era que não há sentido para a salvação se não fossemos pecadores. Seus rituais envolviam a celebração de deuses pagãos seguidos de dança e festividades, mas especialmente  conhecidos por sua sensualidade e entrega aos prazeres da carne. A Seita dos Flagelantes ensinava que dentro de cada ser humano brilha uma centelha divina, e que o simples reconhecimento desta essência dentro de cada um era o suficiente para a extinção de todas as amarras impostas ao ser humano. No ritual principal, a coabitação com alguém eleito, (alguém carregado de espírito santo e consciente disso) terminaria por unir a humanidade com a divindade e transformaria todo o pecado antigo em nova virtude.

Além disso, a seita dos Flagelantes argumentava que não haveria qualquer sentido no plano de salvação se os humanos não fossem pecadores desde o princípio. Para eles, quanto mais o homem pecasse, mais Deus iria perdoar e mais Deus seria exaltado como o ser superior e supremo. A princípio estas justificações para as práticas destas seitas parecerá bastante hipócrita para a maioria de nós hoje em dia, mas ao entendermos a mentalidade russa do período, a repressão Czarina e o poderio do clero naqueles tempos, seus argumentos se revelaram na verdade bastante sensatos.

É nessa atmosfera quase controversa que encontramos Grigorig Efimovich Rasputin, que já casado e com filhos abandonou tudo para tornar-se um peregrino errante. Foi neste período que de cidade em cidade ganhou a fama de homem santo, poderoso mago e perigoso feiticeiro.  Quando chegou em São Petersburgo, no ano de 1903, sua fama já estava tão bem construída que rapidamente despertou o interesse da supersticiosa dinastia Romanov.

Utilizando seus conhecimentos em uma mistura de “cura pela fé”, teatro e hipnose, Rasputin podia amenizar os problemas de Alexei, filho primogênito do Czar que era hemofílico. Automaticamente ganhou o título de 'Enviado de Deus' e a confiança e admiração de Alexandra Feodorovna, mãe do garoto, fixando assim com firmeza seus pés sobre o tapete vermelho da aristocracia russa e abandonando de vez seus dias de vadiagem, miséria e peregrinação.

O Monge do pecado soube aproveitar sua situação com brilhantismo, não havia decisão importante de Nicolau II que não passasse pelo aconselhamento do “Amigo da Família”. Sua fama espalhou-se da capital para todo o império. E figuras de autoridade de todo o reino batiam a porta de Rasputin em busca de algum favor da realeza. De certa forma, o maior império do século XIX passou a ser comandado por um bruxo.

À parte de sua fama como poderoso mago, Rasputin manteve a princípio uma imagem de santidade e retidão. Mas mesmo mais tarde quando os relatórios da policia czarina denunciaram diversas bebedeiras e libertinagem do monge, nada parecia poder abalar seu prestígio real. Mesmo quando as cartas de amor dele com a própria Alexandra foram tornadas públicas, nada eliminava sua poderosa influência.

Em 1914 estoura a Primeira Guerra Mundial e a Rússia posiciona-se ao lado da França e da Inglaterra. O Czar Nicolau II é obrigado a ocupar-se com assuntos militares. O palácio e o governo interno passaram para as mãos de Alexandra, e conseqüentemente para Rasputin. Descontentes com a forte influência de Rasputin, a nobreza russa passou então a conspirar pela morte do 'Monge Louco'.

A idéia inicial era envenená-lo e Rasputin foi convidado para um jantar com Gran Duque Pavlovitch, o sobrinho do czar Félix Iussupov e Vladimir Purichkevitch, deputado. No entanto, provavelmente graças a uma medida preventiva do monge, o veneno não fazia qualquer efeito. E Rasputin conscientemente se mostrava cada vez mais forte e disposto com o passar do jantar. Estupefatos com a situação os nobres o balearam e ainda assim este levantou-se do chão após o tiro. Por fim Rasputin foi amarrado e jogado no rio Neva, onde finalmente morreu afogado.

Sua resistência à morte deu ainda mais força para a imagem sobrenatural que construiu durante toda sua vida. Rasputin não foi nem santo, nem demônio, foi sim um gênio que soube criar uma aura de ocultismo e mistério para usá-la em seu próprio benefício. Sua figura tornou-se lendária, cruzou as fronteiras da Rússia e do tempo. Seja como símbolo do poder sobrenatural seja como ícone da esperteza humana, sua enigmática figura sobrevive até os dias de hoje.

 “Se para a salvação do espírito é necessário o arrependimento, e para o arrependimento acontecer é preciso o pecado. Então o espírito que quer ser salvo, deve começar pecar o quanto antes.”- Rasputin

Biografia Sir Francis Dashwood


O infame Hell Fire Club de West Wicombe,organizou missas negras celebradas sobre os corpos desnudos de garotas recrutadas entre os locais camponeses.Era costumeiro aos que participavam de tais ritos,sorverem um pouco de vinho consagrado do umbigo destas garotas.A decoração interna do clube era alguma cousa incrível até mesmo para esta era degenerada;por exemplo,uma lanterna padrão consistia de um enorme morcego artificial completado com um pênis erecto.Essencialmente,as cerimônias eram criadas para servirem de paródia ao ritual orthodoxo da Igreja Católica Apostólica-Romana,mas aqui os participantes variavam suas atividades entre a luxúria e a cantoria de um lascívio hino.Lindas mulheres,totalmente nuas abaixo de robes de freiras,submetiam-se jubilosamente aos cuidados da gangue selvagem, que também tinha o incesto como uma de suas práticas correntes.É pouca surpresa que muitos dos participantes homens já eram impotentes quando atingiam trinta anos de idade.

Este vívido relato das horas de lazer de Sir Francis Dashwood e seus amigos pode ser achado no 'O Mundo Negro das Bruxas',publicado em 1962,por Eric Maple.Isto não é de maneira alguma atípico dos elevados vôos de fantasia no quais os escritores que tratam de Dashwood indulgem à si mesmos.

Samuel Johnson,que viveu na mesma época que Sir Francis Dashwood,deu à sua opinião naquilo que poderia ser o trabalho mais instrutivo a ser escrito no que deveria ser a história da Magia.Claramente ele não era familiar com 'A System of Magick,or a Theory of the Black Arts',publicado por Edmund Curll em 1726 e supostamente escrito por Andrew Morton,na verdade um pseudônimo de Daniel DeFoe.Em sua própria época,muitas histórias de bruxaria,magia,feitiçaria e satanismo foram escritas por este Dr.Johnson que dificilmente saberíamos por onde começar.Em muitos de seus livros,Dashwood é representado como um excepcional exemplo de depravação humana.

A primeira ambiciosa biografia de Dashwood foi 'Hell-Fire Francis' de Ronald Fuller em 1939.As seguintes palavras,demonstram o tom do livro*:

'Eu tenho tentado reunir ao longo das seguintes páginas tudo que se é conhecido ou adivinhado sobre as atividades do grupo de excêntricos,conhecidos entre nós como os 'Frades de St.Francis de Wycombe',e para o externo e menos elegante mundo como o 'HellFire Club'.Um espetáculo de uma turba de exibicionistas e pervertidos construindo altares para as suas próprias obsessões não é algo moralmente edificante,nem é provável que somos nós curados de nossas próprias tolices pela cópula com as tolices de nossos ancestrais...Ainda assim é a função do historiador explorar não somente as iluminadas avenidas,mas também as ruelas e as ruas de cortiço**.Por mais repelentes e depravados que eles possam ter sido,as atividades dos Frades de Medmenham ocupam um obscuro nicho em nossa história.'

Fuller tinha o benefício do 'Lives of the Rakes' do chanceller E.Beresford,publicado em 1924,e a desvantagem de não conceber que o chanceller não fez distinção entre fato,fofoca e ficção.O ano de 1939 foi dificilmente um tempo favorável para o livro de Fuller ser publicado,e, no período de carnificina civil e militar que se seguiu,a atenção pública estava cativada pelos mais imediatos problemas do que a um recital da depravação do século dezoito.Em 1958 Donald McCormick julgou que tal interesse tinha suficientemente revivido,e os modos mudaram,para publicar 'The Hellfire Club'.Embora ele apresentou o seu trabalho como uma séria investigação dos membros e das perversidades dos 'Frades de St.Francis',McCormick não possuiu escrúpulos ao entreter seus leitores com uma totalmente imaginária conversação de sua própria forja entre o poeta Paul Whitehead e uma jovem virgem nomeada Agnes,na taverna 'George and Vulture' em Londres.Para esticar a credulidade ainda mais para longe,ele também construiu uma ainda menos convincente entrevista entre outro poeta,o Rev. Charles Churchill,e uma jovem mulher que era evidentemente nenhuma virgem,sendo emprestada de uma sociedade meretrícia do senhor Hayes para o entretenimento dos Frades.

Como bases para o seu livro,McCormick aceitou que Dashwood reunia-se em intervalos regulares com uma dúzia ou mais de seus amigos para embebedar-se por toda uma noite em culminâncias na Abadia de Medmenham,perto de Marlow.Após a ceia mulheres passavam envolta da mesa com vinho do porto.As culminâncias foram transferidas,para as cavernas de Dashwood no condado de West Wycombe após 1763,quando elas tornaram-se mais sinistras.A autoridade para esta afirmativa foi o Dr G.B. Gardner,proprietário em 1950 da 'Witches’ Mill and Teahouse' em Castletown na Ilha do Homem.Este era Gerald Gardner (1884-1964),um homem de Merseyside que trabalhou por muitos anos no Extremo Oriente como dirigente de plantação e retirou-se novamente para a Bretanha em 1937.Em seus tardios anos,ele procurou reviver o que entendia serem os rituais de bruxaria medieval***.Este desfrutou de enorme popularidade na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos,sendo,geralmente, pensado que o título de Doutor foi garantido a Gardner como uma cortesia feita por seus seguidores.O rito principal gardneriano consistia de jovens homens e mulheres nus chicoteando uns aos outros suavemente dentro de um círculo desenhado com giz,um entretenimento do qual o Dr.Gardner derivou muitas horas de deleite inofensivo.

Deixando de lado a veracidade de suas autoridades em bruxaria e outras formas de associação satânica,McCormick apresentou Dashwood como um genial bêbado com um escárnio latino**** em seus lábios e com suas mãos ocupadas com as saias da mais próxima mulher amável.Este autor está tão longe da verdade quanto Fuller esteve em 1939 com os ditados de moralidade:

'Afirmar que o Império Britânico foi inspirado e criado através da influênca de tais homens como os libertinos de Medmenham é tão ultrajante quanto entitulá-los de satanistas e decadentes. Todavia,pode ele ter sido criado por caprichosos,voluntariosos,libertinos e enlouquecidos como os Mendemenhamitas,os quais são nenhuma cousa a mais do que uma escusa para a ânsia nostálgica por dias mais espaçosos.Existem certos fatos sobre o declínio e queda da libertinagem dos quais explicam em parte,ao menos os políticos e sociais,pecados de omissão pelos quais tem suplicado a vida Britânica por mais de um século.'

Por mais dedicado que um homem possa ser ao sorver vinho de umbigos de garotas,é óbvio que ele ainda deverá ter muitas horas para outras menos lascivas transações.Com isto em mente,Dr.Betty Kemp,um professor universitário de St.Hugh,Oxford,publicou em 1967 'Sir Francis Dashwood,an Eighteenth-Century Independent',um livro que descreve em detalhes sua carreira política.Sua visão do escopo era favorável ao extremo:

'Na vida privada,Dashwood era um homem de inteligência,discrição e alguma originalidade. Honesto, corajoso, indômito, sensato, são frases usadas pelos contemporâneos para descrever sua conduta política;frases similares - desatentas à popularidade,sagacidade e generosidade,prontos patronos de novas idéias – são comentários atuais de seu caráter.'

Dr.Kemp atribiuiu a uma maledicente fofoca tudo que foi escrito sobre as reuniões em Medmenham,sua agradável teoria era que a Abadia fora usada como base para piqueniques e festas de canoagem.Seu retrato de Dashwood era de de um valioso e franco,talvez levemente sombrio,reformista.

Tamanho grande desvio da tradição de maldade não poderia ser permitida perdurar.Em 1970 um escritor americano,Daniel Mannix,reestabeleceu o equilíbrio com a publicação de 'The Hellfire Club',o mesmo título usado por McCormick somente dez anos antes.Mannix foi capaz de colocar orgias em seu progresso,mas achou à si mesmo de alguma forma perdido de como empreender alegações sobre satanismo.Resolveu esta problemática questão,decidindo que Dashwood e seus amigos eram mentalmente perturbados:

'A capela era enroupada em negro e haviam missais em exibição contendo paródias obscenas das escrituras.De resto,a cerimônia provavelmente seguia as linhas gerais da tradicional Missa Negra ocasionalmente praticada hoje em dia por grupos mentalmente erráticos.A Missa era celebrada no corpo desnudo de uma mulher deitada no altar e a congregação bebia o vinho sacrificial de seu umbigo.O crucifixo era invertido e velas negras acesas.'

Talvez Mannix tenha sido inspirado pelas novelas de Dennis Wheatley,pois não existe nenhuma fonte para qualquer cousa disto.Mannix achou um lugar em seu livro para o imoral morcego com pênis erecto,do qual ele pegou emprestado de Mapple,o qual pegou emprestado de McCormick,aquele que parece ter sido o criador desta desagradável invenção.

Culpado mas não insano,foi o veredito aceitável para Geoffry Ashe em sua publicação de 1974 'Do What You Will'.O subtítulo de seu trabalho é ‘A História da Anti-Moralidade’,o que afirma o seu tema com exatidão.Ashe idealiza a tradição de viciosidade esboçada desde François Rabelais,derrotado monge transformado médico e escritor,através de Philip - Duque de Wharton,playboy,bêbado e maçom,passando pelo Marques de Sade,novelista e sodomita, Algernon Swinburne,masoquista e poeta,Aleister Crowley,magista negro e insano,para Charles Manson,falido cantor pop e genocida.Dentro desta perniciosa-doentia linha de sucessão,Ashe engenhosamente adequou Dashwood.É evidente que no tempo em que escrevia,Ashe foi consternado pela imoralidade de seu próprio tempo mas,diferente de Fuller em 1939,sentiu que talvez pudéssemos ser curados de nossas tolices com o choque das tolices dos nossos ancestrais.

Mesmo no tempo de Dashwood foi sugerido que os Franciscanos de Medmenham eram,atrás da fachada de bebedeiras e abuso de jovens camponesas,uma conspiração política secreta que tencionava destruir toda a liberdade civil.A sugestão ocorreu em 'The Fruit-Shop',uma publicação anônima,levemente pornográfica e dedicada a um aberto sarcasmo para com o Rev.Laurence Sterne,autor de 'Tristam Shand':

'...um certo clube que se reune em uma casa não muito longe de Thames e que adquiriu para si uma notoriedade universal(nós deixamos para nossos leitores estabelecer em que sentido) por alguns de seus últimos procedimentos,nos quais eles deixam vazar seus entendimentos,para serem os abastardados e prostituídos instrumentos das maquinações ambiciosas de um único homem.'

É improvável que mesmo os originais leitores de 'Fruit-Shop' entenderam quem era o vilão citado.Ainda nesta obscura sentença,Ashe propôs que este era o ministro do Hell-Fire,pelo qual ele quis dizer do governo do qual Lord Bute foi por um curto período de tempo o líder e Dashwood chanceller do Ministério da Fazenda.Dentro desta superexcitada forma, Mannix pegou a mesma pista e pintou o quadro dos Franciscanos conspirando tenebrosamente contra a liberdade dos coloniais norte-americanos,sem dúvida nos períodos de descanso entre as Missas Negras.

Quando veio a tratar dos eventos na Abadia de Medmenham,Ashe procedeu mais cuidadosamente:

'Wilkes eventualmente afirmava – não com conhecimento de primeira-mão,ele nunca foi do círculo interno – que os ritos ocorridos dentro da Abadia eram ‘Mistérios Saxônicos de Elêusis’ e libações eram feitas para ‘Bona Dea’ ou a Mãe Divina.Hoje em dia isto poderia ser saboreado como neo-bruxaria,Deusa,cultos de fertilidade e Robert Graves.Então deveria ser o número de membros internos treze,um 'coven'.Na Inglaterra de George III a teoria antropológica estava ausente.Mas qualquer bom estudante clássico(e a ordem poderia adquirir um),deveria ter ao menos alguma vaga idéia da Grande Mãe com suas múltiplas formas e aspectos,e sagradas orgias e rituais de semeadura-e-colheita.As principais cerimônias de Elêusis eram empreendidas no meio-setembro,um tempo muitíssimo bem concordante com muitas indicações de importantes reuniões...'

O que foi proposto aqui é um ressurgimento de uma antiga religião de mistério como uma alternativa para o completo satanismo,pensa-se evidentemente que Ashe não aprovava ambas.

Outros incluíram Dashwood num compreensivo esquema de suas próprias fabulações.Um relato do desenvolvimento de uma Missa Negra foi publicado por H.T.F. Rhodes em 1954 como 'The Satanic Mass',um trabalho do qual o Dr.Johnson talvez tivesse considerado como útil,aquém do seu óbvio apelo para teólogos,exorcistas e estudantes das Artes Negras.Entre a seção dos serviços de aborto providos por Madame La Voisin para as senhoras de Paris no tempo do Rei Luis XIV,e a estória de fundacão de uma seita apocalíptica em 1840 por um gerente de fábrica de caixas de papelão,Rhodes trata com os eventos na Abadia de Medmenham.Lamentavelmente,muito do que ele tinha para dizer era meramente um longo parafrasear de Chrysal,novela de 1765 a qual retorna como um refrão na maioria dos relatos dos Franciscanos.É instrutivo examinar o pedigree deste muitíssimo parafraseado trabalho.Seu título completo é 'Chrysal;ou as aventuras de um porco' e era tencionado a ser uma novela satírica.Esta é construída de laboriosos escritos e não-conectadas séries de episódios escandalosos.O narrador é um porco dourado,do qual,conforme passa de mão em mão dentro do curso de transações ordinárias de pecúnia,observa as travessuras de seus variados donos.O recurso não foi um original e muito do conteúdo de Chrysal foi roubado de escritores anteriores.

Este curioso,sempre reimpresso,e muito citado trabalho foi escrito por Charles Johnstone,um advogado descendente de escoceses mas nascido na Irlanda e educado na Universidade de Dublin. Surdez progressiva tornou-lhe impossível a prática da lei,assim virou-se para a escrita como forma de viver.O primeiro volume de 'Chrysal' teve gênese em 1760 e vendeu bem o suficiente para encorajar o autor a continuar,pelos seguintes cinco anos,com os volumes dois,três e quatro.A descrição no frontispício ajuda muito para explicar o seu sucesso:

'Aqui dentro são exibidas Visões de muitas Cenas impactantes,com Curiosas e interessantes Anedotas,das mais Notáveis Pessoas em cada 'Rank' da Vida na América,Inglaterra,Holanda,Alemanha e Portugal.'

Isto deve-se admitir:Johnstone insinuou abertamente que seus personagens eram bem-conhecidos membros da Sociedade e que seus leitores estavam sendo inseridos dentro da estória,um plano usado com grande sucesso comercial em seu próprio tempo.'Chrysal' foi publicado de forma anônima,o que pareceu ser um indicativo de que Johnstone estava apreensivo do que as ofendidas 'Notáveis Pessoas' pudessem fazer em retaliação.Na ocasião,ninguém pensou que valesse à pena tomar qualquer sorte de ação.O volume que apareceu em 1765,continha uma longa seção sobre o grupo de 'Notáveis Pessoas' que se encontravam numa ilha em Thames em uma construção erigida por ‘uma pessoa de flutuante imaginação no modo dos monastérios que ele tem visto em outros países' para o propósito de indulgência em inomináveis viciosidades e venerações ao diabo.Johnstone incluiu estes capítulos porque John Wilkes,um agitador popular,foi expulso da baixa Casa do Parlamento Britânico no ano anterior por publicar um sensacionalista jornal.Ao mesmo tempo,Lord Sandwich feriu a moral de Wilkes postando-se lendo para a alta Casa do Parlamento Britânico um imoral poema,o célebre 'Essay on Woman',composição da qual Wilkes entusiasticamente contribuiu.Qualquer conto que ligasse Wilkes e Sandwich de uma maneira vergonhosa era certo que venderia bem.

A passagem no 'Chrysal' na qual acusações de Satanismo em Medmenham tem sido baseadas desde então,narra uma invocação do Diabo pelo grupo de 'Notáveis Pessoas' em sua privativa capela.Um dos presentes,mais cético que o resto,escondeu um babuíno no peito 'vestido em uma fantástica vestimenta na qual infantes imaginações vestem demônios' e,no clímax da funesta cerimônia,libertou-o.Tão assustadoramente sem raciocínio,uma das outras 'Notáveis Pessoas' gritou:'Poupa-me,gracioso Diabo,Eu não sou nada mais que um meio Pecador.Eu não tenho sido tão malévolo quanto tencionava!'

Johnstone deixou subentendido que Wilkes era o praticante da piada e que Sandwich era o tolo aterrorizado.Neste conto pode ser detectado um eco distante de uma travessura feita pelo próprio Dashwood muitos anos antes na Capela Cestina em Roma,a qual será recontada no seu devido lugar,e que pôde ter atraído a atenção de Johnstone na forjação da humorística fofoca.Mais provavelmente, Johnstone usurpou o incidente de Ned Ward,do qual o livro 'The Secret History of Clubs' foi publicado em 1709 quando Dashwood não possuia mais do que um ano de idade e nem Sandwich ou Wilkes eram nascidos.Neste trabalho de duvidosa autenticidade,Ward afirmou que um dos muitos clubes em Londres naquele tempo era o 'Atheistical Club',composto por libertinos que escarneciam a Cristandade, blasfemavam incrivelmente e 'faziam valer a causa do Diabo'.Eles foram guiados por um piadista que se vestia de Diabo e surgia em sua convocação vindo de uma alcova secreta.

Johnstone nunca foi convidado para Medmenham,e tem sido dito que ele foi ajudado em suas invencionices pelo rev.Charles Churchill,o qual morreu de bebedeira alguns meses antes deste volume de 'Chrysal' ter sido publicado.Churchill foi a pelo menos um jantar em Medmenham como convidado de Wilkes,embora não tenha dado um passo dentro do trancado aposento da capela.Rhodes,em 'Satanic Mass',aceitou tal como:'(...)não existe nenhuma informação detalhada concernente aos ritos e cerimônias feitas por Sir Francis Dashwood e seus monges na Abadia de Medmenham,onde eles veneravam o Demônio...'. No entanto,Rhodes insiste que 'Chrysal' foi fundamentado em fatos largamente considerados como certos.Para o seu crédito,recusou aquiescer com a teoria proposta por Mannix aonde os Franciscanos eram mentalmente perturbados,e,em seu lugar,deu gênese à sua própria teoria alternativa:

'Enterrado abaixo de muitas camadas de sexual e dionisíaca asneira,estava o deus-duas-faces com especial ênfase sobre o Satânico.Parece que duma confusa e enlameada forma Sir Francis tenha sido o iniciador das idéias,desenvolvendo depois este mal como um processo,não uma substância.Assim para chegar-se ao bem,o mal deve ser experimentado primeiramente.Não articulado o suficiente para formular esta teoria,alguma cousa deste tipo foi refletida em seu inconsistente comportamente ético e na de seus imitadores.'

Rhodes,aqui,parece estar apresentando Dashwood como um Existencialista nascido antes de seu tempo,um precursor de Jean-Paul Sartre e seus depressivos seguidores do pessimismo,porém saído do do século dezoito.

Talvez,pensando bem,escrever uma 'History of Orgies' deveria ser também uma difícil empreitada,pois este ramo de entretenimento ordinário assume lugar no ambiente privado e raramente,se alguma vez,por participantes poucos.Ainda em 1966,Burgo Partridge publica tal livro.O título é enganador,pois pouco é dito sobre orgias.Partridge começa com alguns menos-conhecidos episódios na História da antiga Grécia e Roma,pincelando algo sobre a rainha irlandesa do século dezessete de quem por capricho expôs a menor metade de sua persona em público,e notou alguns desagradáveis incidentes na vida do papa João XXII e o Lord Castlehaven,que foi decapitado em 1631 após ter sido declarado culpado por sodomia e por ter dado suporte no estupro de sua mulher e filhas.Em esperado curso,Dashwood faz uma aparição:

'Era ele que fazia a função de sacerdote no sinistro preparatório para as cerimônias dentro da capela,aquele que administrava o pervertido sacramento para o babuíno de Medmenham,aquele que iniciava novos irmãos dentro da ordem,aquele que oferecia libações para o Demônio.’

Este novo ítem de informação,que Dashwood administrava o sagrado sacramento da Igreja Cristã para um macaco,foi roubado por Partridge de 'Memoirs' de Sir Nathaniel Wraxall,um colecionador de fofocas do início do século dezenove,e que talvez tenha sua origem no bem conhecido incidente mencionado por Horace Walpole:Marinheiros britânicos sob o comando do Almirante Vernon,desembarcaram em uma das ilhas italianas e,achando os nativos na igreja,pegaram o crucifixo do padre e penduraram-no em volta do pescoço de um macaco de estimação que pertencia a um dos bucaneiros a fim de zombar do Catolicismo.Na versão de Partridge das orgias satânicas,não existia menção ao gigantesco morcego com o pênis erecto de Maple.De fato,Maple per se,desenvolveu algumas dúvidas quanto a autenticidade do seu ofensivo 'object d'art',pois em sua publicação de 1973,'Witchcraft',ela tinha desaparecido.Existem outras notáveis mudanças em relação ao seu anterior livro,citado no início de seu capítulo:

'Durante o século dezoito,elevou-se entre certos aristocratas ingleses uma mórbida obsessão pela veneração do Diabo e sacrifício humano.Dentro de apenas uma década da abolição da lei contra bruxaria,já estavam virando suas atenções para a direção da Missa Negra.Em 1745,um grupo destes cavalheiros estabelece o Hell Fire Club nas ruínas da Abadia Cistina de Medemenham em Thames, próximo a Marlow;posteriorente,o Club foi transferido para High Wycombe.Entre os membros, incluiam-se alguns dos maiores nobres em terra e o seu mestre de cerimônias era Sir Francis Dashwood,um culto libertino.A decoração do clube demonstrava belíssimas estátuas de sátiros e ninfas em posturas sugestivas,e havia em adição à capela um local onde novos membros eram solenemente dedicados a Lúcifer.Ávidas garotas eram recrutadas de bordéis de Londres para tomar parte das orgias,que eram tão intensas ao indivíduo que muitos dos jovens cavalheiros eram reduzidos à impotência antes de terem atingido a idade dos trinta.'

Numa matura reflexão,Maple aqui substituiu sacrifício humano para o menos espetacular crime de incesto,enquanto profissionais de Londres tiveram de substituir a totalidade de garotas camponesas. O sinistro morcego deu lugar a estátuas de sátiros e ninfas.Todavia,Maple continuou a insistir que a impotênca na idade dos trinta foi o principal destino destes degenerados.A fonte para esta interessante,mas caluniosa afirmação,foi certamente a bem conhecida novela erótica do século dezoito,'Fanny Hill':

'Aos escarços trinta ele já tinha reduzido a sua força de apetite para uma amaldiçoada dependência de forçados provocativos,encontrava-se deformado pelo poder natural de um corpo exaurido e demolido a sedimentos pelos constantemente repetidos excessos de prazer no qual foi feito o trabalho de sessenta invernos em apenas algumas primaveras de vida...'

É uma fortuna que o Marques de Sade,um contemporâneo de Dashwood,nunca tenha visitado a Inglaterra,pois alguns dos mais impalatáveis episódios de suas novelas poderiam agora serem considerados como relatos de testemunhas oculares dos procedimetos dos Franciscanos.

Em sua 'History of Witchcraft,Sorcerers,Heretics and Pagans',publicado na Inglaterra em 1980,o professor Jeffery Russell da Universidade da Califórnia aproximou-se da lenda dos Franciscanos com algum ceticismo:

'Sir Francis Dashwood presidiu o 'Hellfire Club',o qual pôde jactar-se de conter un número não inexpressivo de distintos e liberados espíritos,incluindo Benjamin Franklin.O clube,reunia-se nas cavernas naturais de Buckinghamshire para usufruir de comida,bebida,jogos e sexo.Como na velha tradição,secretamente encontravam-se à noite no subterrâneo praticando alguma cousa análoga a orgias.Porém,fizeram isto em ridente paródia.Aproveitaram-se de suas reputações de dissolutos,mas nenhum deles acreditava no inferno ou no Diabo - suas saudações para Satã eram inteiramente jocosas...'

O professor Russell,foi induzido ao erro por sua distância histórica e infeliz escolha de guias bibliográficos.Em sua "Bibliografia",viam-se listados os trabalhos de H.T.F. Rhodes,Eric Maple e o de Gerald Gardner donde McCormick retirou grande suprimento.

Nenhum relato de lendas populares sobre os Franciscanos poderia ser completo sem a opinião do experimentado rev.Montague Summers,autor da definitiva versão inglesa do "Malleus Maleficarium" - um guia para queimadores-de-bruxas,uma vez em grande demanda.Em "Witchcraft and Black Magic",primeiramente publicado em 1926,ele escreveu:

'Para um satanista como Sir Francis Dashwood,a fundação de uma demoníaca fraternidade e a celebração do seu ritual goécio no atual santuário onde uma vez o Santo Sacrifício tinha sido oferecido dia após dia e togados monges ajoelhado-se em penitência e oração,deu alguma cousa de um extra e refinado tirilintamento de maldade que ele duramente esperou para indulgir e deleitar...Os visitantes de Medmenham eram lascivos dissolutos que se encontravam para as práticas de desenfreada obscenidade e, obviamente,um fato além de questão,faz-se que é certo que entre os vis estavam os mais vis ainda,os eleitos,ou,em claras palavras,os satanistas,os devotados à veneração do demônio.'

As rolantes cadências da prosa de Summers,resumem uma certeza moral que oculta somente por um momento que as afirmações não são fundadas no fato,pois ele imediatamente faz citações do "Chrysal" e falha ao mencionar que este era uma novela satírica,não um relato de uma testemunha ocular.

Quiçá seria tedioso refutar,ponto a ponto,os erros de fato,desconhecidos surrupios e vôos de imaginação com os quais os relatos populares sobre os Franciscanos são adivinhados.Em sumário,Dashwood pousa acusado de uma impressionante quantia de crimes envolvendo conduta anti-social,assassinato,incesto e blasfêmia.Isto sem mencionar os menores e menos deploráveis crimes de viciosidade e libertinagem com garotas camponesas,além de comprazer-se com conhecidas prostitutas.Tudo isto,é útil ,- se insatisfatório - de relembrar,é no fundo baseado numa novela cômica propondo-se a revelar os mistérios de uma trancada capela em Medmenham.Os muito poucos que tiveram acesso a esta capela,deixaram nenhum relato para quais propósitos fôra usada.

Com exceção do dr.Kemp,historiadores profissionais relegam Dashwood a uma desconsiderada nota-de-rodapé em uma análise da curta vida administrativa de Lord Bute. Fazendo isto,reforçam a impressão dada por mais estéreis escritores de que ele era um obscuro degenerado,puxado da rudeza rural para preencher um importante posto no governo de uma nação em algo muito similar ao imperador Calígula do qual é dito ter apontado seu favorito cavalo como cônsul.A origem de tal desgosto e recriminação nasceu em Dezembro de 1708,como o mais velho filho de um rico homem de negócios que adquiriu o baronato.Como um mancebo, viajou largamente,interessando-se em política até depois de eleito na baixa Casa do Parlamento Britânico por vinte anos e na Alta Casa do Parlamento Britânico por outros quase vinte,servindo como Chanceller do Ministério da Fazenda em 1762/3.No curso de uma longa,ocupada,e deleitante vida,exerceu a função de liderança na fundação de uma esclarecidade sociedade e construiu uma "casa-país" itálica em West Wycombe.No meio de seus quarenta anos,esrabeleceu banquetes de verão em Medmenham,os quais tem sido fonte de selvática especulação por mais de duzentos anos.

O curso da vida de Dashwood é mais divertido e instrutivo do que imaginários contos de veneração do Diabo e arrebatação de virgens.As razões destes contos,e de seus ficcionais autores,serão examinadas em seu apropriado lugar.O propósito deste livro é expulsar as acumuladas camadas de ficção que,como papel-de-parede de mau gosto,são colocadas sobre um mural original.Em suma,mostra-se o gosto do colocador do papel-de-parede enquanto esconde alguma cousa muito mais interessante e de mérito.


Notas do Tradutor:

O seguinte parágrafo estava,no escrito original saxônico,excertado no parágrafo precedente da tradução.Contudo por questões cognitivas,decidi transformar os pregressos períodos,contidos no parágrafo anterior,em um novo parágrafo independente.

A expressão "ruas de cortiço" foram uma tentativa de traduzir a palavra inglesa "slum",a qual não possui paralelo imediato no Português.Tal palavra,significa algo como:"Ruas sórdidas e altamente superpopulosas pela freqüência por pessoas de baixa renda".Assim,achei a expressão(por mim forjada) "ruas de cortiço" como perfeitamente articulada com o significado do supracitado verbete.

O autor,aqui,parece desprezar totalmente a obra de Gerald Gardner(a despeito do que se segue em sua narrativa e este dá a entender ao longo do livro).Na realidade,Gardner tentou ressuscitar/recriar as religioes pagãs e a bruxaria anteriores à formação do Cristianismo, portanto pertinentes a uma época anterior a Idade Média,intertextualizando-as para uma ótica condizente com a postura do Homem pós-moderno.Assim,Gardner tornou-se um dos criadores o que viria a ser conhecido como Wicca:Uma sorte de neo-paganismo que funde a concepção pagã clássica às concepções culturais pós-modernas e religiosas thelêmicas(recorde-se que Gerald,viu-se mui influenciado em suas percepções pela figura de Crowley e por seus anos de "estadia" na O.T.O).

Tradução:R.C.Zarco, Extraído de:Eric Towers,"Dashwood: o homem e o mito",Somerset:Crucible Publishers,1987

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