sábado, 2 de abril de 2016

Exobiologia

Exobiologia ou Astrobiologia (outros termos são exopaleontologia, bioastronomia e xenobiologia) é o estudo da origem, evolução, distribuição, e o futuro da vida no Universo. Ou seja, é o estudo das origens, evolução, distribuição e futuro da vida em um contexto cósmico.Ela trabalha com conceitos de vida e de meios habitáveis que serão úteis para o reconhecimento de biosferas que poderão ser diferentes da nossa. A astrobiologia envolve a procura por planetas potencialmente habitáveis fora do Sistema Solar, a exploração de Marte a de planetas e satélites externos, pesquisas de laboratório e de campo sobre as origens e evolução da vida primitiva na Terra, e estudos do potencial adaptativo da mesma em nosso planeta e no espaço. A astrobiologia utiliza pesquisas multidisciplinares que compreendem astronomia, biologia molecular, ecologia, ciências planetárias, ciências da informação, tecnologias de exploração espacial e disciplinas correlatas. Esse vasto caráter interdisciplinar da astrobiologia resulta em visões e compreensão amplas de fenômenos cósmicos, planetários e biológicos, porém requer o esforço coordenado e conjunto de pesquisadores de diversas áreas.

A etimologia de astrobiologia vem do grego antigo “astron”, “estrela, constelação”; “bios”, “vida”; e “logia”, “estudo”. Apesar da astrobiologia ser um campo emergente e em desenvolvimento, a questão da existência de vida em outros lugares no Universo é uma hipótese verificável e portanto um ramo passível de investigação científica. Apesar de antigamente ser considerada fora da ciência mainstream, a astrobiologia virou um campo de estudo formal no século XX. A NASA fundou seu primeiro projeto de astrobiologia em 1959 e estabeleceu um programa de astrobiologia em 1960.O programa de exploração espacial Viking da NASA, que começou em 1976, incluía três experimentos biológicos criados para verificar a possibilidade de traços de vida em Marte. Em 1971, a NASA fundou a Busca por Inteligência Extraterrestre (Search for Extra-Terrestrial Intelligence – SETI) para procurar pelos céus por evidência de comunicação interestelar provinda de uma civilização de um planeta distante. Outra missão espacial não tripulada para Marte, o Mars Pathfinder, aterrissou em 1997 trazendo vários experimentos exopaleontológicos na esperança de achar fósseis microscópicos nas rochas do planeta vermelho.


Ácidos nucleicos podem não ser as únicas biomoléculas no Universo capazes de codificar vida.


No século XXI, a astrobiologia virou o foco de um número crescente de missões da NASA e da Agência Espacial Europeia. O primeiro workshop europeu sobre astrobiologia ocorreu em março de 2001 na Itália ,e o resultado foi o programa Aurora.Atualmente, a NASA hospeda um instituto astrobiológico (NASA Astrobiology Institute) e um número crescente de universidades norte-americanas, inglesas, canadenses, irlandesas e australianas agora oferecem programas de graduação em astrobiologia.

Um foco particular da astrobiologia moderna é a busca por vida em Marte pela sua proximidade espacial e por sua história geológica. Existe um número crescente de evidências que sugere que Marte antigamente possuía uma quantidade considerável de água em sua superfície, sendo que a água é um precursor essencial para a vida baseada no carbono.

Missões feitas especialmente para procurar por vida incluem o já citado programa Viking e as sondas Beagle 2, os dois em Marte. Os resultados do programa Viking foram inconclusivos e as sondas Beagle 2 falharam na transmissão de dados para o controle na Terra, assim é provável que elas tenham quebrado em solo marciano.Uma missão futura com um importante papel astrobiológico seria a Jupiter Icy Moons Orbiter, planejada para estudar as luas congeladas de Júpiter, pois algumas delas podem ter água líquida, mas a missão foi cancelada. Recentemente, a espaçonave Phoenix sondou a superfície de Marte a procura de evidências de vida microscópica presente ou passada e de uma possível história de presença de água lá.

Em 2011, a NASA planeja lançar o veículo explorador Mars Science Laboratory (laboratório científico marciano) que irá continuar a busca de vida presente ou passada em Marte utilizando-se de uma variedade de instrumentos científicos. A Agência Espacial Europeia está desenvolvendo o veículo explorador astrobiológico ExoMars, que irá ser lançado em 2018.

A União Astronômica Internacional regularmente organiza grandes conferências internacionais através do seu Commission 51: Bioastronomy. Commission 51 - Bioastronomy: Search for Extraterrestrial Life desde 1982, sendo que atualmente a Universidade do Havaí organiza e hospeda essa comissão.

Astrobiologia no Brasil

O Grupo Brasileiro de Astrobiologia (AstroBio-Brazil, no CNPq) iniciou formalmente suas atividades em Março de 2006, a partir da realização, no Rio de Janeiro, do 1st Brazilian Workshop on Astrobiology, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. No ano seguinte, em 24 de Outubro de 2007, o grupo foi aceito na rede da European Astrobiology Network Association (EANA). Isso representou um passo importante para as atividades da disciplina no país, na medida em que abre a possibilidade de colaborações e intercâmbio com cientistas europeus da área. Agora, a Astrobiologia crescerá muito no Brasil devido a criação do 1° Laboratório Brasileiro de Astrobiologia, o AstroLab, no Hemisfério Sul. O centro de estudos brasileiro está sendo instalado em Valinhos, no Observatório Abrahão de Moraes, ligado ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo.

Principais temas de pesquisa em Astrobiologia

A comunidade brasileira tem manifestado interesse em vários temas de astrobiologia nos últimos anos, e podemos citar a guisa de exemplo:

Análise de dados de Titã: As observações de Titã pela Cassini serão analisadas para estudo de sua meteorologia, desenvolvimento de modelos de transferência radiativa, para definir composição da sua atmosfera, para aplicação em outras atmosferas de corpos celestes.
Envelopes circunstelares de objetos jovens: Medir fotometrica, espectroscopica e interferometricamente envelopes de estrelas jovens,sobretudo em bandas de moléculas astrobiologicamente interessantes a fim de identificar potenciais sítios de formação biológica favorável.
Formação e evolução de CHONs em diversos ambientes astrofísicos: A química da vida terrestre se baseia nos elementos C, H, O, N, os elementos quimicamente ativos com maiores abundâncias cósmicas. É provável que a vida em geral seja baseada em CHONs. O objetivo é a estimativa das abundâncias de compostos baseados em CHONs em diversos ambientes astrofísicos. Será usado o código de evolução quimiodinâmica CHEMODYN e a emissão IR obtida com a interface DUST. As previsões serão comparadas com observações de abundâncias, de galáxias até discos protoplanetários.
Identificação de biomoléculas no meio interestelar: O objetivo desta linha é identificar bandas em rádio de biomoléculas no MIS.
Investigação das condições de sobrevivência de microorganismos extremófilos em ambientes extraterrestres simulados: Simulações de ambientes extraterrestres em laboratório com o intuito de verificar a sobrevivência de microrganismos extremófilos em condições agressivas e investigar os mecanismos biológicos que podem contribuir para tal sobrevivência. Esse trabalho permite inferir a possibilidade desses microorganismos, ou microorganismos com mecanismos de resistência similares, sobreviverem ao ambiente extraterrestre, seja na superfície de outros planetas, seja em processos de transporte entre planetas.
Estrelas astrobiologicamente interessantes: idades, zonas habitáveis e órbitas galácticas: estudo de zonas habitáveis num conceito amplo e levando em conta condições astronômicas conhecidas.
Evolução química de biomoléculas no meio interstelar: Busca-se desenvolver equações e modelos que descrevam a evolução das abundâncias de biomoléculas importantes, tais como H2O, CO2, HCN, etc, no meio interestelar, a partir de um formalismo de Evolução Química da Galáxia misturado a considerações de Astroquímica.
Influência da atividade solar, da composição atmosférica terrestre e do campo geomagnético na vida da Terra: lições para a astrobiologia: A variação da atividade solar, da composição atmosférica terrestre e da intensidade do campo geomagnético foi registrada em diversas escalas temporais e pode-se relacionar a possíveis influências tanto na origem da vida na Terra como na sua evolução. Estes dados sugerem limite de variabilidade na atividade estelar, na composição atmosférica e nos campos magnéticos exoplanetários, permitindo o surgimento e evolução de vida semelhante a da Terra em exoplanetas a serem encontrados em zonas habitáveis.
Influência da incidência de radiação de alta energia em biosferas: Tem-se estudado os possíveis efeitos de radiação de alta energia, eletromagnética ou particulada, proveniente de fontes astrofísicas (flares solares, raios cósmicos, gamma-ray bursts, giant flares de soft-gamma repeaters, etc) sobre biosferas, tanto do ponto de vista de efeitos biológicos na escala molecular quanto na escala de ecossistemas, para o entendimento das possíveis influências na dinâmica ecológica e evolutiva global.
Formação de biomoléculas em atmosferas e superfícies planetárias: Pretende-se reproduzir dentro de uma câmara experimental, a química, a temperatura e o campo de radiação (Solar) presente em diferentes atmosferas e superfícies planetárias (ex. Titã, Marte, Vênus, Terra Primitiva, etc...), com o intuito de produzir resíduos orgânicos e novas moléculas consequentes do processo de fotólise na superfície de aerossóis suspensos na atmosfera ou mesmo no solo.
Fragmentação de biomoléculas em condições similares às do meio interestelar: Estudos da fragmentação de diversas biomoléculas por fótons energéticos ou partículas em condições de ultra-alto vácuo simulando o ambiente espacial têm sido realizados, de maneira a compreender a resistência das mesmas nessas condições. Tais estudos têm sido importantes para o cálculo do tempo de vida das diversas espécies moleculares, bem como para a geração de modelos químicos com as espécies químicas reativas formadas pelas fragmentações, os quais tem papel fundamental na química de moléculas biologicamente importantes no meio interestelar.

Planetas Extrassolares

Com as novas missões das Agências Espaciais do mundo, como a missão francesa CoRoT (com participação brasileira), e a norte-americana Kepler, da NASA, muitos cenários planetários foram procurados em nossa galáxia. Com isso, aumenta ainda mais a nossa ambição de busca de vida fora da Terra. Após estabelecidas as taxas geoquímicas na Terra, como intemperismo, composição atmosférica bem como estudadas os fatores astrofísicos, como, luminosidade da estrela, distância entre o planeta e a estrela, os especialistas em geofísica podem calcular variáveis importantes, como a temperatura média global do planeta. Os resultados serão absolutamente favoráveis à vida caso as temperaturas permitam a existência de água em estado líquido e permaneça estáveis em um intervalo de tempo considerável, como, uns bilhões de anos. Apesar das cresencetes descobertas de planetas extrassolares (mais de 400) e as descobertas envolvendo exoplanetas em zona habitável, ainda os dados não serão completos para efetivamente comprovar a existência de vida, seja ela um microorganismo (mais provável) ou uma civilização tecnologicamente desenvolvida. Em maio de 2007, foi encontrado o primeiro planeta em zona habitável. Esse planeta de massa aproximada de 8 massas terrestres orbita uma estrela anã vermelha, na constelação de Libra, a Gliese 581, a aproximadamente 20 anos-luz do Sol. Pesquisas em todo o mundo prometem anunciar grandes descobertas relacionadas à caça de planeta em zona habitável nas próximas décadas.

Cosmologia


Cosmologia (do grego κοσμολογία, κόσμος="cosmos"/"ordem"/"mundo" + -λογία="discurso"/"estudo") é o ramo da astronomia que estuda a origem, estrutura e evolução do Universo a partir da aplicação de métodos científicos.

A Cosmologia muitas vezes é confundida com a Astrofísica que é o ramo da Astronomia que estuda a estrutura e as propriedades dos objetos celestes e o universo como um todo através da Física teórica.

A confusão ocorre porque ambas ciências sob alguns aspectos seguem caminhos paralelos, e muitas vezes considerados redundantes, embora não o sejam.

Antiguidade
Na antiguidade a observação dos astros e a interpretação religiosa mantiveram uma ligação praticamente una. Os povos primitivos já utilizavam símbolos representando os corpos celestes nas manifestações de arte rupestre. No antigo Egito e outras civilizações acreditava-se que a Terra fosse plana, e os astros lâmpadas fixas numa abóbada móvel; em muitas civilizações existiam crenças onde se acreditava que o Sol nascia a cada amanhecer para morrer ao anoitecer, e que acabaram por se tornar a base de muitas religiões antigas. Os gregos, sobretudo os seguidores de Pitágoras, acreditavam que os corpos celestes tinham seus movimentos regidos rigorosamente pelas leis naturais, na esfericidade da Terra e na harmonia dos mundos; já os seguidores de Aristóteles consideravam a teoria geocêntrica, onde a Terra era o centro do universo.

Eratóstenes

Na cidade egípcia de Alexandria no século III a.C., Eratóstenes, lendo um papiro, observou que havia uma descrição de que uma localidade ao sul da antiga cidade egípcia de Suenet (conhecida na Grécia como Siena, e nos dias atuais como Assuão), localizada no Trópico de Câncer era atravessada pelo sol a pino no ultimo dia do solstício de verão . Nesse, ao meio dia, em 21 de junho, eram colocadas duas varetas perfeitamente em prumo e estas não produziam sombra. Sabia-se também que nesse momento a luz do Sol no solstício de verão refletia diretamente no fundo de um poço profundo e que as colunas dos templos não produziam sombra.

Uma medição para o perímetro da Terra

Esse sábio fez então uma experiência na biblioteca de Alexandria, onde posicionou varetas (respeitando o alinhamento norte sul) perfeitamente verticais . Comparando em localidades diferentes, as sombras ao meio dia do dia 21 de junho descobriu que, no solstício de verão de Alexandria a projeção do sol sobre elas eram de formas até bastante pronunciadas, em torno de sete graus.

Desta maneira Eratóstenes imaginou que se a Terra fosse plana as varetas não haveriam de projetar sombra em nenhuma das duas localidades, e se numa delas havia esta projeção e em outra não, é porque a Terra não era plana e sim curva; ainda num exercício de pura lógica matemática, após deduzir a defasagem de sete graus entre Siena e Alexandria pagou para um de seus auxiliares medir a distância em passos entre as duas localidades, chegando à conclusão que esta seria em torno de 800 quilômetros. Como a defasagem angular é em torno de 7 graus e a circunferência é 360 graus, dividindo 360 por 7 encontrou aproximadamente cinquenta, que multiplicado por oitocentos resultou numa circunferência de quarenta mil quilômetros; isto há dois mil e duzentos anos.

Alexandrino Estrabão

Em torno do século I da era cristã, o geógrafo "Alexandrino Estrabão", num de seus ensaios escreveu: “...(sic)Aqueles que retornam de uma tentativa de circunavegação não relatam impedimentos por terras opostas, pois os mares permanecem sempre abertos; provavelmente o impedimento é a escassez de alimentos ou água... nos diz Eratóstenes que se a extensão do Atlântico não é um obstáculo, a passagem do mar da Ibéria para a Índia deve ser feita facilmente... Sendo bem provável que na zona temperada haja uma ou duas terras habitadas... E realmente se esta ou outra parte do mundo é habitada, não o é por homens como os daqui, e deveremos considerá-la como um outro mundo habitado”...

Cláudio Ptolomeu

Cláudio Ptolomeu de Alexandria cem anos mais tarde, em torno do século II da era cristã, formulou no Almagesto sua teoria de que “...(sic) Terra se apresentava imóvel e rodeada de esferas transparentes de cristal que giravam a sua volta e a que se subordinavam o Sol e os planetas...” Ptolomeu relacionou as estrelas, registrou seus brilhos, estabeleceu normas de previsão de eclipses, tentou descrever o movimento dos planetas contra o fundo praticamente imóvel das constelações, acreditou que a Terra fosse o centro do universo e que todos os corpos celestes a rodeavam.

Esta teoria foi adotada por santo Tomás de Aquino no século XIII, e esta concepção do cosmo foi seguida até o século XVI.

Nicolau Copérnico

Os filósofos do século XV aceitavam o geocentrismo como fora estruturado por Aristóteles e Ptolomeu. Esse sistema cosmológico afirmava que a Terra era esférica, mas também afirmava que a Terra estaria parada no centro do Universo enquanto os corpos celestes orbitavam em círculos concêntricos ao seu redor. Essa visão geocêntrica tradicional foi abalada por Nicolau Copérnico em 1514, quando este começou a divulgar um modelo cosmológico em que os corpos celestes giravam ao redor do Sol, e não da Terra. Essa era uma teoria de tal forma revolucionária que Copérnico escreveu no seu de revolutionibus: "quando dediquei algum tempo à ideia, o meu receio de ser desprezado pela sua novidade e o aparente contra-senso, quase me fez largar a obra feita".

Ptolomeu já havia considerado a possibilidade de um modelo heliocêntrico, porém o rejeitou devido às teorias de Aristóteles, segundo as quais a Terra não poderia ter uma rotação violenta.

Ao contrário do que se poderia imaginar, durante a vida de Copérnico não são encontradas críticas sistemáticas ao modelo heliocêntrico por parte do clero católico. De fato, membros importantes da cúpula da Igreja ficaram positivamente impressionados pela nova proposta e insistiram que essas ideias fossem mais bem desenvolvidas. Apenas com Galileu Galilei, (quase um século depois do início da divulgação do heliocentrismo), a defesa do novo sistema cosmológico tornou-se problemática.

Em 1616 o principal trabalho de Copérnico chegou a entrar para a lista dos livros proibidos da Igreja Católica, mas apenas por um curto período, sendo novamente liberado depois de pequenas adaptações feitas pelos censores eclesiásticos.

Galileu Galilei

Galileu Galilei, na primeira metade do século XVII, reforçou a teoria heliocêntrica com o uso do recém-inventado telescópio, pois viu que a Via Láctea é formada por uma infinidade de estrelas ao invés de nuvens, observou as manchas solares, mapeou as crateras e montanhas na Lua, descobriu a existência de satélites ao redor de Júpiter, além de observar Saturno e os seus anéis.

Quando passou a defender o heliocentrismo como uma verdade literal, isso lhe rendeu muitos problemas com a Igreja Católica, que, por razões principalmente teológicas, mas também por não ter havido ainda comprovação cabal do novo modelo, insistia que Galileu tratasse o heliocentrismo apenas como uma hipótese.

Em 1615, Galileu escreveu uma carta para a grã-duquesa Cristina da Holanda dizendo: "(sic)...alguns anos atrás, como sabe sua Alteza, vi no céu muitas coisas que nunca ninguém viu até então. A novidade e as consequências se seguiram em contradição com as noções físicas comummente sustentadas entre académicos e filósofos que se voltaram contra mim um número grande de professores e eclesiásticos como se eu tivesse colocado as coisas no firmamento com as minhas próprias mãos para alterar a natureza e destruir a ciência e o conhecimento. Esquecem-se pois, que as verdades a crescer estimulam as descobertas e as investigações estabelecendo assim o crescimento das artes..."

Em 1633, Galileu foi a julgamento e terminou oficialmente condenado por "grave suspeita de crime de heresia", ficando oito anos em prisão domiciliária próximo a Florença, onde veio a morrer. Em 1979 o Papa João Paulo II, 346 anos depois da condenação, ilibou-o do julgamento executado pela Inquisição.

Fé e Ciência

Com a teoria do heliocentrismo, Galileu tornou-se a única pessoa já condenada pela Inquisição por ter defendido teses estritamente científicas e, por isso, é um exemplo muito citado em debates que falem de "fé versus ciência". Entretanto, este evento envolve elementos muito mais complexos do que simplesmente uma controvérsia entre estes dois modos de ver o mundo. Há historiadores e cientistas que dedicam toda a sua carreira a analisar apenas este ponto da história para tentar entendê-lo em todas as suas dimensões.

Johannes Kepler

Johannes Kepler descobriu que as órbitas dos astros do sistema solar são elípticas. Num de seus ensaios escreveu: “...(sic) É portanto, impossível que a razão não previamente instruída pudesse imaginar qualquer coisa senão que a Terra seria um tipo de casa imensa com a cúpula do céu no topo; não teria movimento e , dentro dela, o Sol tão pequeno passaria de uma região para outra, como um pássaro esvoaçando pelo ar.”...

Kepler baseou-se na geometria euclidiana para pôr em prática suas teorias. Certa vez escreveu em um de seus ensaios “(sic)...A Geometria existiu e existe desde antes da Criação. É co-eterna com a mente de Deus...A Geometria forneceu a Deus um modelo para a Criação... A Geometria é o próprio Deus...”

Em 1589, Kepler foi estudar na Universidade de Tübingen, na Alemanha, onde começou a confrontar as correntes intelectuais da época; foi quando se iniciou na chamada hipótese copernicana, vislumbrando um universo heliocêntrico.

Em Graz, na Áustria, foi ensinar matemática, desenvolveu almanaques meteorológicos e astronômicos. Naquela época se conheciam seis planetas, Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno, além dos sólidos platônicos, ou sólidos regulares.

Kepler tentou achar uma relação entre os sólidos e as distâncias entre as órbitas dos planetas. Pensou que estes sólidos, estando inscritos um ao outro, mostrariam as distâncias destes ao Sol, chamando a isto de Mysterium Cosmographicum.

A importância de Tycho Brahe

Kepler conheceu Tycho Brahe, que era o Matemático Imperial do Imperador Romano Rudolf II. Com o matemático, trabalhou por algum tempo.

Tycho reuniu informações e dados das órbitas planetárias por toda a sua vida. Quando morreu, deixou para Kepler todas as suas anotações.

As anotações de Tycho começaram a ser compiladas antes da invenção do telescópio.

Todos os astrônomos anteriores a Kepler dimensionaram órbitas circulares aos planetas conhecidos. Acreditavam ser o círculo a forma geométrica perfeita. Os círculos colocados no céu por Deus deveriam ser perfeitos.

Após três anos de cálculos e pesquisas infrutíferas, Kepler abandonou sua teoria do Mysterium Cosmographicum. Alguns meses depois de abandonar a antiga teoria, ainda seguiram pesquisas infrutíferas. Kepler finalmente abandonou definitivamente a órbita circular e passou a buscar as respostas por outros caminhos.

Depois de buscar incansavelmente uma resposta que explicasse satisfatoriamente os orbitais, Kepler iniciou o uso da elipse como forma das órbitas planetárias.

Começou seu estudo utilizando a fórmula da elipse codificada por Apolônio de Perga da Biblioteca de Alexandria, descobrindo que finalmente esta se ajustava com perfeição às observações de Tycho.

Isaac Newton

Com Isaac Newton, descobridor e formulador da lei da gravitação universal no século XVII, foi criada uma sólida base científica para a cosmologia, que passou do campo puramente filosófico para o experimental.

A cosmologia experimental

A partir do início do século XX, com a criação da teoria da relatividade surgiu também a cosmologia moderna, cujo artigo inicial foi escrito pelo físico alemão Albert Einstein, em 1917, com o título "Kosmologische Betrachtungen Zur Allgemeinen Relativitätstheorie" (Considerações cosmológicas sobre a teoria da relatividade geral). Nesse trabalho, Einstein analisava, sob a luz da relatividade, o universo como um todo, introduzindo o conceito de constante cosmológica.

Essa constante cosmológica faria o papel de uma 'força antigravidade', que impediria o universo de colapsar sob a ação da gravidade, permitindo assim a existência de soluções - ou modelos - cosmológicos estáticos.

No entanto, o que Einstein não percebeu (ou não quis perceber) de imediato é que, mesmo com a presença da constante cosmológica era possível obter soluções matemáticas que previam um universo dinâmico, em contração ou expansão. Tais famílias de soluções são hoje conhecidas genericamente como soluções de Friedmann, em homenagem ao matemático russo Alexander Friedmann, que as obteve em 1922.

Com o desenvolvimento de novos telescópios, ainda no início do século XX, foi possível estudar o universo em escalas então inexploradas. Um pioneiro no estudo sistemático das galáxias além da nossa Via Láctea foi o americano Edwin Hubble, que notou que a maioria das galáxias parecia estar se afastando da nossa, e que a velocidade de afastamento aumentava com a distância da galáxia em relação à nossa. Tal observação, confirmada posteriormente, tornou-se uma lei empírica, conhecida hoje como lei de Hubble, e era uma 'prova' experimental da expansão do universo: as galáxias se afastam umas das outras devido à expansão do espaço entre elas.

O Universo em expansão

Em 1917 o astrônomo holandês Willem de Sitter desenvolveu um modelo não estático do Universo. A teoria segundo a qual o universo está em expansão, formulada na década de 1920, acabou por constituir a moderna base da cosmologia. Em 1922 o modelo do universo em expansão foi adotado pelo matemático russo Alexander Friedmann.

Em 1927 o físico e sacerdote belga Georges Lemaître propôs um modelo de universo em expansão sem idade definida. Este modelo recebeu suporte do inglês Arthur Eddington, e ficou conhecido como modelo de Lemaître-Eddington. Em 1931, Lemaître propôs um novo modelo, com um começo no tempo, que ficou conhecido como modelo do átomo primordial, um dos precussores da teoria do Big Bang.

Em 1929, o astrônomo estadunidense Edwin Hubble publicou um trabalho científico no qual mostrava que as demais galáxias do universo (na época chamadas de nebulosas) estavam, em média, se distanciando de nós, e com uma velocidade proporcional à distância de nós até elas. Essa velocidade radial, igual em todas as direções, indicava que o universo estava, de fato, em expansão. Em 1948, o físico russo George Gamow mostrou que a teoria de universo em expansão poderia explicar as elevadas abundâncias dos elementos químicos hidrogênio e hélio no universo (cerca de 75% da matéria visível no universo é constituída de hidrogênio e 25% de hélio. Os demais elementos contribuem com menos de 1% no total): no início do universo, a alta densidade e temperatura propiciavam a fusão nuclear. Entretanto, a expansão do universo levou ao seu esfriamento e consequente término dessas reações, de forma que apenas os elementos químicos leves (de baixo número atômico) foram formados. Gamow previu também, baseado nesse modelo, a existência de uma radiação isotrópica e de espectro bem definido que teria se originado há bilhões de anos atrás, numa época próxima ao início do universo.

Em 1965, essa radiação foi observada, por acidente, por Arno Penzias e Robert Woodrow Wilson. Diversas observações científicas foram então realizadas para se certificar de sua existência e das características que comprovariam sua origem há bilhões de anos atrás. Uma das observações mais famosas foi realizada pelo satélite COBE, lançado em 1989. Essas observações confirmaram sua baixa temperatura (de 2,725 K) e seu espectro de corpo negro, características básicas da radiação prevista por Gamow e fruto do universo em expansão. A teoria do Big Bang previa que a energia residual do início do universo, hoje teria uma temperatura entre 5 K e 10 K (Kelvin) e poderia ser observada de qualquer região.
Essas observações, aliadas às sobre a velocidade radial das galáxias e a composição do universo deram suporte para a teoria do universo em expansão, atualmente amplamente aceita pela comunidade científica.

Novos constituintes do universo

Além da questão da expansão do universo, começaram a surgir, a partir de 1933, observações astronômicas que indicavam que a quantidade de matéria visível em galáxias era bem menor que a quantidade de matéria necessária para gerar os efeitos gravitacionais observados. Em 1978, por exemplo, Sandra Faber publicou um trabalho no qual mostra que a velocidade de rotação de galáxias espirais corresponde a uma concentração de massa maior do que a inferida por observações da luz emitida pela galáxia. Esse problema ficou conhecido como problema da massa faltante. O acúmulo de observações de naturezas variadas que indicavam a existência dessa matéria invisível afastou a possibilidade das teorias de gravitação estarem erradas e reforçou a possibilidade de existência de um tipo de matéria desconhecido que não participa das interações fortes nem das eletromagnéticas. A essa matéria foi dada o nome de matéria escura. Observações atuais indicam que, de toda a matéria existente no universo, cerca de 90% deve ser matéria escura. A matéria atualmente conhecida pela física compõem cerca de 10% da matéria do universo.

Em 1998, observações da magnitude aparente e do desvio para o vermelho de supernovas começaram a indicar que o universo não só está em expansão como está em expansão acelerada, ou seja, sua expansão está sendo cada vez mais rápida. Como forma de explicar essa aceleração, os cientistas têm como hipótese a existência de um outro tipo de energia desconhecida, chamada energia escura, que poderia atuar como uma "força antigravidade". O efeito de aceleração da expansão do universo também pode ser explicado com a introdução da constante cosmológica proposta por Albert Einstein muitos anos antes. Observações atuais das anisotropias da radiação cósmica de fundo em micro-ondas (realizadas pelo satélite WMAP, por exemplo), indicam que aproximadamente 74% da densidade atual do universo é composta pela energia escura, 22% por matéria escura e apenas 4% pela matéria conhecida, composta por bárions e léptons.

Acredita-se na energia total zero do Universo, quando se inclui no cômputo a energia negativa do campo gravitacional. M.S.Berman também afirma que a densidade total de energia do Universo, quando computada a densidade negativa do campo gravitacional, é zero, o que mostra que não é infinita essa densidade no instante inicial, resolvendo assim o problema da singularidade inicial.

Modelo cosmológico padrão

Atualmente, acredita-se que o universo possua uma idade de aproximadamente 14 bilhões de anos, que esteja em expansão acelerada e que seja aproximadamente homogêneo (nenhuma posição no espaço é diferente das demais) e isotrópico (suas características são as mesmas em qualquer direção) em grandes escalas. Isso significa que, embora existam grandes aglomerações de matéria em estrelas, galáxias e grupos de galáxias (objetos pequenos quando comparados com o tamanho do universo), se calcularmos a densidade média em volumes bem maiores que os ocupados por um desses objetos, ela não deve variar muito de uma região do espaço à outra. Acredita-se que, no passado, o universo tenha sido ainda mais homogêneo que hoje, e que as grandes inomogeneidades observadas hoje (galáxias, por exemplo) surgiram de pequenas diferenças que cresceram, ao longo do tempo, por colapso gravitacional.

Também se acredita, baseado principalmente nas observações da radiação cósmica de fundo em micro-ondas feitas pelo satélite WMAP, que o universo possua uma geometria plana, em contraposição à geometria em espaços curvos proposta por Bernhard Riemann, com base na geometria diferencial. De maneira simples, isso significa que dois raios de luz paralelos devem continuar para sempre paralelos. Em espaços curvos do tipo fechado, por exemplo, esses raios irão convergir, enquanto que em espaços curvos abertos, eles irão divergir.

Quanto à sua composição, dados provenientes da observação da radiação cósmica de fundo, de supernovas, da abundância de elementos químicos e da quantidade de estruturas em grandes escalas, principalmente, indicam que 74% do universo é composto por um tipo exótico de matéria chamado de energia escura, 22% por outro tipo de matéria desconhecida chamada matéria escura e 4% por matéria ordinária, na forma de gás, poeira, estrelas e outros corpos celestes e seus agrupamentos (como as galáxias).

Modelos cosmológicos Alternativos

. A energia escura pode ser modelada por diferentes constituintes. Já é sabido que uma constante cosmológica pode explicar os dados observacionais. A constante cosmológica possui o inconveniente teórico de necessitar de um ajuste fino nas condições iniciais para que sejam obtidos no presente os valores requeridos pelas medições. Além disso, a densidade atual desta componente é da mesma ordem que a densidade de matéria, indicando que a energia escura passou a dominar na época atual. Este problema é conhecido como: "Problema da Coincidência cosmológica" (coincidence problem). A descrição desta forma de energia por componentes que possuam uma dinâmica nao trivial pode elucidar, à luz de um suporte teórico mais sólido, porque esta forma de energia passou recentemente a dominar a evolução do universo. A escolha de uma descrição teórica fundamentada em testes experimentais (como, por exemplo, potenciais de campo escalar que possam ser confirmados no contexto do modelo padrão de partículas) pode eventualmente solucionar o problema do fine-tunning. Modelos com uma dinâmica própria de um campo escalar são conhecidos como modelos de Quintessência.

O futuro da cosmologia

A cosmologia associada a outros ramos de pesquisa, como a informática e eletrônica, está cada vez mais aumentando seu nível de complexidade.

Com o advento do avanço das ciências de computação e a união de engenharias das mais diversas, existem estudos para a construção de um supercomputador interligado a outros espalhados pelo planeta onde se possa construir um universo virtual e se observar sua dinâmica.

Muitas Universidades no mundo estão empenhadas no projeto do Universo virtual que poderá ser o grande passo para a pesquisa cosmológica do século XXI.

Em abril de 2011, utilizando uma incerteza de Heisenberg persistente, relacionada à posição primordial de uma origem comóvel, Armando V.D.B. Assis (um físico brasileiro) publicou uma solução para as equações de campo de Einstein, dentro do contexto cosmológico, fornecendo uma temperatura de zero absoluto para o universo primordial: "On the Cold Big bang Cosmology".Recentemente, o mesmo autor publicou uma demonstração em que a incerteza de Heisenberg persistente que levara a uma temperatura de zero absoluto para o universo primordial advém de um critério de quantização para a energia.

Cosmogonia


Cosmogonia (ou Cosmogenia) é qualquer modelo relacionado à existência (ou seja, a origem) quer seja do cosmos (ou o universo), ou da chamada realidade dos seres sencientes.A cosmogonia é a especulação sobre a origem e formação do mundo que se encontra em muitos mitos religiosos e na filosofia dos pré-socráticos, principalmente Tales de Mileto, o primeiro a buscar a origem de todas as coisas, acreditando encontrá-las na água,considerada por ele como a substancia primordial do universo.

Etimologia

A palavra vem do grego koiné κοσμογονία (de κόσμος "Cosmos, o mundo") e da raiz de γί(γ)νομαι / γέγονα ("entrar em um novo estado de ser").Em astronomia, cosmogonia refere-se ao estudo da origem de determinados objetos ou sistemas astrofísicos, e é mais comumente usada em referência à origem do universo, o sistema solar, ou o sistema Terra-Lua.

Cosmogênese


Cosmogênese se refere ao surgimento e evolução do cosmo. Já foram propostas diversas teorias que tentam explicar a origem do Universo, tanto no contexto científico (cosmologia e astrofísica), quanto por parte das religiões e na mitologia.

As primeiras tentativas do homem de explicar a origem do mundo foram os mitos. A mitologia grega, por exemplo, diz que no princípio havia o Caos, e em algum momento surgiu Érebo, o lugar desconhecido onde a morte mora, e Nix, a noite. Havia apenas silêncio e vazio. Então, Eros nasce produzindo um início de ordem, e se faz Luz e Dia, e a terra (Gaia) aparece. Érebo e Nix copulam e dão nascimento a Éter, a luz celestial, e Dia, a luz terrena. Gaia, por si só, gera Urano, o céu. Urano torna-se o esposo de Gaia e a cobre por todos os lados. Da união de Urano e Gaia surgem todas as criaturas, Titãs, Ciclopes e Hecatonquiros.

A ciência atual aceita a teoria do big bang. Segundo esta teoria, o Universo teria surgido de uma grande explosão há cerca de 13 bilhões de anos, quando então as primeiras estrelas e galáxias se formaram.

Na Bíblia, o livro do Gênesis narra a criação do mundo pelo Senhor Deus, começando pela criação do céu e da terra e a separação das águas, em seis dias, tendo no sétimo dia Deus descansado. Hoje, a Teologia liberal considera esta narrativa alegórica, abandonando seu sentido literal. A Igreja Católica Romana atualmente aceita a teoria científica do big bang.

Segundo a cabala, a tradição esotérica e mística do judaísmo, a criação do mundo e do Homem deu-se por emanações de um princípio chamado de Ain Soph. Estas emanações são chamadas de Sephiroth, em número de dez, e o seu conjunto forma a árvore da vida, que representa esotericamente o Homem Arquetípico, Homem Primordial, Adam Kadmon. O mundo material é representado na árvore da vida por sua base, que é associada a Adonai (veja: Tetragrammaton).

Na Teosofia, filosofia esotérica fundada por Helena Petrovna Blavatsky e outros, explica-se que o cosmo é emanado de um princípio que é chamado de Parabrahman, e que não é o deus criador das religiões monoteístas. Esta manifestação do cosmo ocorre de forma periódica, em um ciclo eterno, sem início nem fim.

Blavatsky descreve esta teoria em seu livro A Doutrina Secreta (1888) que, segundo ela própria, tem como inspiração pergaminhos muito antigos, chamados de Estâncias de Dzyan, os quais ela teria tido acesso e teria estudado. A cosmogênese da Teosofia tem suas raizes na filosofia oriental, particularmente o hinduismo e o budismo e influenciou as chamadas ciências ocultas.

Atomismo

No quinto século aC os filósofos Demócrito e Leucipo propuseram a Teoria Atomística da Matéria. Eles declaravam que tudo era feito não pelos 4 elementos, mas por ÁTOMOS, que seriam partículas minúsculas de cada substância.

Essa Teoria Atomística era muito diferente da concepção atômica científica atual. Átomo significa "Indivisível", o que o nosso Átomo não é. Segundo essa teoria, havia inúmeros tipos de átomos com formas diferentes, alguns eram redondos, outros cúbicos, piramidais, ou mesmo com encaixes complexos. Também propunha que existiam infinitos átomos e que estes eram indestrutíveis.

Os átomos da água seriam aredondados, de modo que não ficam presos uns aos outros, por isso a fluidez, já os átomos dos objetos sólidos seriam dotados de pequenas partes que se encaixavam uns nos outros, de modo que quanto mais seguros eram os encaixes, mais rígido era o material.

A Teoria Atomística também era diferente de tudo o que havia na época, ela preconizava que havia uma entidade fundamental imutável do Universo, o Átomo, mas ao mesmo tempo demonstrava por que tudo estava em constante mutação, pois os átomos tinham a propriedade de se unir e se soltar.

O mais peculiar na Teoria Atomística era sua concepção de natureza totalmente casual e aleatória. Segundo os atomistas, não havia nenhuma inteligência governando o Universo, tudo era obra do acaso. A própria criação do Universo era casual.

O Universo não passava de um imenso espaço vazio totalmente preenchido pelos mais diversos tipos de átomos que vivam a se mover e ocasionalmente se chocar uns nos outros, alguns então se encaixavam aleatóriamente, de modo que o surgimento do Mundo era uma obra de puro acaso e sem qualquer propósito, porém uma vez criado uma estrutura básica, o primeiros seres vivos por exemplo, esse seres passavam então a interferir intencionalmente, contribuindo para a construção do mundo.

Segundo os atomistas, havia infinitos mundos em todo os Universo sendo criados ou destruídos, assim como o nosso mundo um dia iria se desfazer. Como o Universo era Eterno, as possibilidades eram então infinitas.

Dessa forma, o Atomismo foi muito provavelmente a primeira linha de pensamento da história a propor uma criação por obra do puro acaso, sem qualquer divindade ou Logos. Propunha também que a alma era formada por átomos que circundam o corpo, mas que com o fim do corpo, também era desfeito, e dessa forma o Atomismo também pregava a não continuidade da existência após a morte.

Foi a primeira forma de pensamento Materialista e Niilista, mas curiosamente, apesar da diferenças de conceitos do Átomo de Demócrito e de Leucipo para o Átomo atual, eles anteciparam algumas da descobertas modernas.

Cartografia celeste

Cartografia celeste,uranografia ou cartografia estelar é um ramo da astronomia e da cartografia preocupada com o mapeamento de estrelas, galáxias e outros objetos astronômicos na esfera celeste. Medir a posição e o brilho dos objetos mapeados requer vários tipos de instrumentos e técnica. Essas técnicas se desenvolveram a partir de medidas de ângulos com quadrantes a olho nu. Depois vieran as medidas com sextantes, que também continham lentes para a medida da magnitude do brilho do objeto. Atualmente tais medidas são computadorizadas com o auxílio de telescópios automáticos, espaciais ou terrestres.

Os uranógrafos contribuíram para a história da astronomia com o posicionamento de planetas, tabela de estrelas e cartas celestes para a astronomia amadora e profissional. Mas, hoje em dia, mapas celestes foram compilados por computadores e o posicionamento automático dos telescópios é possível usando bancos de dados estelares e de outros objetos astronômicos.

Etimologia

A palavra "uranografia" derivado grego "ουρανογραφια" (koiné ουρανος "céu" + γραφειν "escrever"), passado ao latim uranographia. No Renascimento, Uranographia foi usado como título de vários atlas celestes.Durante o século XIX, "uranografia" foi definido como "a descrição dos céus". Elijah H. Burritt redefiniu o termo para "a geografia dos céus".

Astrometria

Também conhecido como a astronomia de posição, é o ramo da astronomia que lida com a posição das estrelas e outros corpos celestiais, suas distâncias e movimentos.

Catálogos estelares

Uma fonte determinante para o desenho de cartas estelares é naturalmente uma tabela estelar. É proeminente quando comparado os "mapas celestes" imaginários do Poeticon Astronomicon - ilustrações acompanhadas de um texto narrativo da Antiguidade, aos mapas estelares de Johann Bayer, baseado nas medidas precisas de Tycho Brahe das posições das estrelas.

Tabelas estelares de importância histórica

Cerca de 150 d.C., Almagesto - contém a última tabela estelar conhecida da Antiguidade, preparado por Ptolomeu. Contém 1028 estrelas.
1627, Tabelas Rudolfinas - contém a primeira tabela da época do Iluminismo, baseada nas medições de Tycho Brahe. Contém 1005 estrelas.
1690, Prodromus Astronomiae - de Johannes Hevelius, para a sua obra Firmamentum Sobiescanum. Contém 1564 estrelas.
Catálogo Britânico - de John Flamsteed, para a sua obra Atlas Coelestis. Contém mais de 3000 estrelas com precisão de 10".
1903, Bonner Durchmusterung - de Friedrich Wilhelm Argelander e colaboradores. Contém cerca de 460 000 estrelas.

Atlas estelares

Estrelas vistas a olho nu

Século XV a.C. - O teto da tumba TT71, do arquiteto e ministro egípcio Senenmut, que serviu à faraó Hatshepsut, é adornada com um grande atlas estelar.
Cerca de 1 d.C. - Poeticon astronomicon, alegadamente de Gaius Julius Hyginus.
1092 - Xin Yi Xiang Fa Yao (新儀 象法要), de Su Song, um tratado horológico que contém a primeira carta celeste impressa. Os mapas estelares de Su SOng também destacam a posição correta da estrela Polar, que foi decifrado graças às observações astronômicas do colega de Su Song, o polimata Shen Kuo.
1515 - as primeiras cartas estelares impressas na Europa,[8] publicadas em Nuremberg, de Albrecht Dürer.
1603 - Uranometria, de Johann Bayer, o primeiro mapa celeste ocidental baseado nas Tabelas Rudolfinas, de Tycho Brahe e Johannes Kepler.
1627, Julius Schiller publicou o atlas estelar Coelum Stellatum Christianum, que substituiu constelações pagãs por figuras da bíblia e do cristianismo primitivo.
1660 - o décimo primeiro volume de Atlas Maior, de Johannes Janssonius, destacou a Harmonia Macrocosmica, de Andreas Cellarius.
1693 - Firmamentum Sobiescanum sive Uranometria, de Johannes Hevelius, um mapa estelar atualizado com posições de várias novas estrelas baseado no Prodromus astronomiae (1690). Contém 1564 estrelas.

Estrelas vistas com o auxílio de telescópios

1729, Atlas Coelestis, de John Flamsteed.
1801, Uranographia, de Johann Elert Bode.
1843, Uranometria Nova, de Friedrich Wilhelm Argelander.

Estrelas vistas fotograficamente

1914, Franklin-Adams Charts, de John Franklin-Adams, um dos primeiros atlas fotográficos.
The Falkau Atlas (Hans Vehrenberg). Compila as estrelas de magnitude aparente 13.
Atlas Stellarum (Hans Vehrenberg). Compila as estrelas de magnitude aparente 14.
True Visual Magnitude Photographic Star Atlas (Christos Papadopoulos). Compila as estrelas de magnitude aparente 13,5.

Atlas estelares modernos

Bright Star Atlas – Wil Tirion. Compila as estrelas de magnitude aparente 6,5.
Cambridge Star Atlas – Wil Tirion. Compila as estrelas de magnitude aparente 6,5.
Norton's Star Atlas and Reference Handbook – Ian Ridpath. Compila as estrelas de magnitude aparente 6,5.
Stars & Planets Guide – Ian Ridpath e Wil Tirion. Compila as estrelas de magnitude aparente 6,0.
Cambridge Double Star Atlas - James Mullaney e Wil Tirion. Compila as estrelas de magnitude aparente 7,5.
Cambridge Atlas of Herschel Objects - James Mullaney e Wil Tirion. Compila as estrelas de magnitude aparente 7,5.
Pocket Sky Atlas – Roger Sinnott. Compila as estrelas de magnitude aparente 7,5.
Deep Sky Reiseatlas – Michael Feiler e Philip Noack. Compila as estrelas de magnitude aparente 7,5.
Atlas Coeli Skalnate Pleso (Atlas dos céus) – Antonín Bečvář. Compila as estrelas de magnitude aparente 7,75 e cerca de 12000 aglomerados estelares, galáxias e nebulosas.
SkyAtlas 2000.0 – Wil Tirion e Roger Sinnott. Compila as estrelas de magnitude aparente 8,5.
Uranometria 2000.0 Deep Sky Atlas (1987) – Wil Tirion, Barry Rappaport e Will Remaklus. Compila as estrelas de magnitude aparente 9,7, com regiões específicas tendo estrelas compiladas a uma magnitude aparente de 11,5.
Herald-Bobroff AstroAtlas – David Herald e Peter Bobroff. Compila as estrelas de magnitude aparente 9 nos principais mapas e alcança estrelas de magnitude 14 em regiões específicas do céu.
Millennium Star Atlas – Roger Sinnott e Michael Perryman. Compila as estrelas de magnitude aparente 11.
Field Guide to the Stars and Planets – Jay M. Pasachoff e Wil Tirion. Compila as estrelas de magnitude aparente 7,5.
SkyGX – Christopher Watson. Compila as estrelas de magnitude aparente 12.
The Great Atlas of the Sky – Piotr Brych. Compila 2 400 000 estrelas de magnitude aparente 12 e galáxias de magnitude 18.

Atlas estelares computadorizados

Cartes du Ciel
Celestia
CyberSky
Google Sky
KStars
Stellarium
SKY-MAP.ORG
SkyMap Online
WorldWide Telescope
XEphem, para sistemas Unix

Formação e evolução de galáxias

A formação de galáxias é uma das áreas de investigação mais ativas da astrofísica, e em certo sentido, isto também se aplica à evolução das galáxias. Entretanto, há algumas idéias que já estão amplamente aceitas.

O que se pensa atualmente é que a formação de galáxias procede diretamente das teorias de formação de estruturas, formadas como resultado das fracas flutuações quânticas no despertar do Big Bang. As simulações de N-corpos também tem podido fazer previsões sobre os tipos de estruturas, as morfologias e a distribuição de galáxias que observamos hoje em nosso Universo atual e, examinando as galáxias distantes, no Universo primordial.

Estrela de nêutrons

As estrelas de nêutrons ou estrelas de neutrões são corpos celestes supermassivos, ultracompactos e com gravidade extremamente alta.

A partir de estudos teóricos e observações astronômicas, sabe-se que a densidade no centro destas estrelas é enorme, da ordem de 1015 g/cm³.

Devido à alta gravidade superficial, os feixes de luz que passam próximos a algumas estrelas de nêutrons são desviados, ocasionando distorções visuais, muitas vezes aberrações cromáticas ou o efeito chamado de lente gravitacional.

Estrelas de nêutrons são um dos possíveis estágios finais na vida de uma estrela. Elas são criadas quando estrelas com massa maior a oito vezes a do Sol esgotam sua energia nuclear e passam por uma explosão de supernova.

Essa explosão ejeta as camadas mais externas da estrela, formando um remanescente de supernova. Instantes antes da explosão, a região central da estrela se contrai com a gravidade, fazendo com que elétrons sejam empurrados para os núcleos dos átomos e se combinem com prótons formando nêutrons, sendo a razão do nome "estrela de nêutrons".

Formação

Alguns tipos de estrelas, ao chegarem ao final de suas vidas, após passarem por períodos turbulentos, onde muitas vezes explosões violentas ejetam matéria para o espaço, adquirem a forma de uma estrela de nêutrons.

Na estrela de nêutrons, as reações nucleares que fornecem energia às estrelas cessou. A força de gravidade, sem a contrapartida da atividade nuclear, comprime a matéria dentro de uma esfera de raio muito pequeno, de algumas dezenas de quilômetros.

A matéria, que anteriormente estava sob a forma de hidrogênio, hélio etc, perde então suas características de carga, e seus elétrons, devido aos efeitos de pressões enormes, são empurrados para o núcleo dos átomos e, unindo-se aos prótons, são convertidos em nêutrons.

Características

Este corpo é extremamente massivo e gira muito rápido; seu período de rotação pode alcançar milésimos de segundo.

Essas estrelas possuem um campo magnético muito forte, e a pouca radiação que escapa da sua superfície são ondas de rádio, raios gama etc, na forma de jatos com a direção do eixo magnético norte-sul. Esse eixo, não necessariamente, coincide com o eixo de rotação da estrela, fazendo com que o canhão de partículas varra regiões diferentes durante sua rotação, ao invés de ficar apontado para uma única região do espaço. Quando isso acontece, temos o pulsar, que nada mais é que o canhão de radiação da estrela apontado para nós periodicamente.

O interior de uma estrela de nêutrons consiste de um núcleo grande, formado basicamente por nêutrons, e um pequeno número de prótons supercondutores. Novamente, a baixas temperaturas, os prótons supercondutores, combinados com a alta velocidade de rotação da estrela, produzem um efeito dínamo, semelhante ao responsável pelo campo magnético da Terra. Ao redor do núcleo, encontra-se um manto de nêutrons, seguido por uma camada de núcleos de ferro e elétrons livres.

Forma de detecção

Observa-se esta radiação pulsante em detectores de rádio. Um pulso periódico é muito preciso, mais preciso que o melhor relógio atômico.

O primeiro pulsar foi descoberto, acidentalmente, em 1967, quando cientistas buscavam fontes de rádio que estivessem distantes, utilizando para isso um radiotelescópio especial, sensível às ondas de rádio de rápida variabilidade, que haviam sido construídos. Encontraram um objeto que emitia pulsos de radiação em intervalos de tempo extremamente precisos e, por causa dessa precisão de pulso, suspeitaram até mesmo de um sinal alienígena.

Estrelas de nêutrons binárias

O pulsar PSR 1913+16 é um sistema orbitado por estrelas de nêutrons com uma separação máxima de apenas um raio solar entre elas. Possui movimentos rápidos, e as observações indicam que o período orbital desse sistema deve diminuir relativamente rápido, tendo em vista seu forte sinal de onda gravitacional; desde 1975 o período já diminuiu de 10 segundos.

Pulsares

Pulsar ou pulsares são estrelas de nêutrons muito pequenas e muito densas.

Os pulsares podem apresentar um campo gravitacional até 1 bilhão de vezes o campo gravitacional terrestre. Eles provavelmente são os restos de estrelas que entraram em colapso ou de supernovas

À medida que uma estrela vai perdendo energia, sua matéria é comprimida em direção ao seu centro, ficando cada vez mais densa. Quanto mais a matéria da estrela se move em direção ao seu centro, mais rápido ela gira.

Eles emitem um fluxo de energia constante. Essa energia é concentrada em um fluxo de partículas eletromagnéticas que são emitidas a partir dos pólos magnéticos da estrela. Quando a estrela gira, o feixe de energia é espalhado no espaço, como o feixe de luz de um farol. Somente quando o feixe incide sobre a Terra é que podemos detectar os pulsares através de radiotelescópios.

A luz emitida pelos pulsares no espectro visível é tão pequena que não é possível observá-la a olho nu. Somente os radiotelescópios podem detectar a forte energia que eles emitem.

Discos de acreção

No caso de uma supernova ocorrer em um sistema binário, a companheira da supernova pode sofrer alguns danos em suas camadas superficiais e mesmo assim continuar sua vida. Com isso, uma estrela de nêutrons será formada próximo à outra estrela. Quando esta estrela evoluir para uma gigante vermelha, o seu gás irá espiralar em direção à estrela de nêutrons. Esse gás que é tragado pela estrela de nêutrons formará um espesso disco ao redor dela; tal disco é chamado de disco de acreção.

O atrito que existe entre camadas de gás nas órbitas próximas ao longo do disco de acreção leva à perda de momento angular e ao movimento de queda em espiral em direção à superfície da estrela de nêutrons. O gás em espiral move-se em direção ao campo gravitacional da estrela de nêutrons, então sua energia gravitacional é convertida na forma de energia térmica dentro do disco de acreção.

Na parte interna do disco de acreção a energia gravitacional é liberada com maior intensidade, atingindo uma temperatura média de milhões de graus. Uma enorme fonte de energia torna-se presente nessa região, onde há grande emissão de radiações, tais como ultravioleta e raios-x.

A pressão na estrela de nêutrons pode sofrer um grande aumento se o gás for transferido em uma quantidade relativamente alta do disco de acreção para a estrela de nêutrons; dessa forma, a energia fica acumulada, e assim, eventualmente, o gás é expulso da estrela de nêutrons, fazendo com que existam fortes correntes de gás em sua órbita.

Jacques Bergier - Melquisedeque

  Melquisedeque aparece pela primeira vez no livro Gênese, na Bíblia. Lá está escrito: “E Melquisedeque, rei de Salem, trouxe pão e vinho. E...