quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Biografia Max Théon

Max Théon (Polônia, 1848 - Tlemcen, 1927) foi um cabalista polonês.

Ainda jovem em Londres, inspirou a criação da Fraternidade Hermética de Luxor, em 1884. Paul Johnson considera o personagem misterioso dos ocultistas conhecido como Tuitit Bey como um retrato fantasioso de Théon. Ele pode ter sido professor de Helena Blavatsky. Em 1885 casou com Mary Chrystine Woodroffe Ware, que foi conhecida como Alma Theon, e se mudaram para Paris. Em 1887 foram para a Argélia, onde adquiriram terras. Max e alguns de seus alunos fundaram o Movimento Cósmico, que editava um jornal. Depois da morte da esposa em 1908, a quem considerava o seu espírito guia, entrou em grande depressão e dissolveu o Movimento.

Biografia Arnaldo de Vilanova


Arnaldo de Vilanova ou Arnau da Vilanova (em catalão e Provençal), denominado também Arnaldo da Vilanova ou del Villanueva em castelhano, Arnaldus de Vila Nova ou Arnaldus Villanovanus em latim e Arnaud del Villeneuve em francês,  1238 (aprox.) - Gênova 1311) foi um alquimista, astrólogo e médico. Não se tem como certo o exato local e data de seu nascimento e de sua nacionalidade, para alguns ele era francês, para outros era catalão, existindo várias hipóteses: nos territórios da Coroa de Aragão: Principado da Catalunha (Vilanova i la Geltrú, Senhorio de Montpellier); Reino de Valência (Valência), ou talvez em Provença ou Languedoc, recém conquistado pelos franceses.

Foi incontestavelmente o mais importante médico do mundo latino medieval, comprometido também em questões político-religiosas de seu tempo. Embora, pairem dúvidas, ele (não com extrema certeza) nasceu em Sétabis, atual Xàtiva, Valência, pouco tempo antes de ser conquistada por Jaime I (1238). Pode-se encontrar diversas informação a respeito de outros lugares onde nasceu, como, perto de Villeneuve-lès-Maguelone, perto do Montpellier (hoje a França, naquela época o senhorio de Montpellier formava parte da Coroa de Aragão). Outros falam do Languedoc, Provença ou Catalunha, mas obedece mas a débeis teorias totalmente descartadas hoje em dia.

Em 1260 Arnaldo era estudante de Medicina em Montpellier. Em 1280 já era um médico conceituado e cujo prestígio estava pelos serviços médicos à casa real de Barcelona. Dez anos mais tarde ele se acha de novo em Montpellier como professor na Escola médica, da Universidade de Montpellier; embora, não por isso, deixasse de atender os seus interesses valencianos e a saúde da família de Jaime II de Aragão. Este rei, grande amigo de Vilanova, o enviaria (em 1299) à corte da França, em missão diplomática, e em Paris. Já em Paris Arnaldo expôs amplamente suas teorias sobre o próximo fim do mundo e da reforma necessária da Igreja Católica. A repulsa dos teólogos de Sorbonne, que condenaram seu Tractatus de tempore adventu Antichristi, iria marcar definitivamente o rumo de sua vida: ferido pela afronta e convencido de seus conceitos, lançou-se a uma campanha reivindicativa que minguaria, embora não elimine, seu trabalho profissional. Vemos-lhe em 1301 apelando ao papa Bonifácio VIII e remetendo um opúsculo apologético a destacadas personalidades da cristandade; em 1302, polemizando violentamente com os dominicanos que rechaçam suas ideias; em 1304, protestando ante o conclave reunido em Perúsia… A eleição de Clemente V, antigo amigo de Vilanova, a cujo exame submete a coleção de seus escritos religiosos, traz-lhe uns anos de calma (1305-09) nos que Vilanova realiza gestões a favor de seus reis na corte pontifícia de Avinhão e leva a cabo uma ampla propaganda espiritual entre as comunidades laicas da Provença.

O prestígio de que goza lhe permite intervir em problemas tais como o processo dos templários, os projetos de Cruzada (neste projeto ele tinha apoio de seu discípulo Raimundo Lúlio que, desde 1287, havia iniciado uma série de viagens para convencer os reis e os papas da necessidade da reforma eclesiástica e de uma cruzada).

Arnaldo também intervém nas dissidências do franciscanismo estrito ou as tensões entre a Santa Sé e o rei da Sicília. Era este o jovem e cavalheiresco Frederico II, no que o professor Vilanova acharia um discípulo fiel e fervente; a seu ditado tinha emitido disposições para a boa ordem de sua casa e reino; e em 1309 lhe confiava uns sonhos misteriosos, cujo significado interpretaria Vilanova relacionando-o com outros tidos por Jaime II, no sentido de que ambos os reis irmãos tinham que promover a ação renovadora da Igreja preconizada por ele. A exposição que de todo isso fizesse Vilanova em público consistório ia provocar sua ruína. Ante o protesto da cúria e a indignação do rei de Aragão, Vilanova teve que refugiar-se junto ao de Sicília.

Morreu em Gênova em 8 de setembro de 1311, quando realizava gestões para evitar a ruptura de hostilidades com Roberto II de Nápoles (1277-1343).

Obras de Arnaldo de Vilanova

Teve pois, Vilanova, uma ativa intervenção na vida política de seu tempo, quase sempre movida por seus ideais religiosos e apoiada em seu prestígio profissional: na amizade de Jaime II, na tolerância de Bonifácio VIII ou na benevolência de Clemente V subjaze a gratidão do paciente eficazmente tratado, embora se veja também fomentada pela lealdade do súdito e a fidelidade do cristão. Há na obra religiosa da Vilanova mais de zelo indiscreto, de ingenuidade idealista ou de fantasia exaltada que de heterodoxia formal; comprometido no movimento dos espirituais, na linha das estranhas especulações de Joaquim de Fiore, busca a salvação do mundo em suas lucubrações escatológicas, em suas exigências de reforma eclesiástica e em suas exortações ascéticas. Mas embora as fantasias da especulação ou as violências da polêmica lhe levem a expressões desafortunadas, nunca cai na heresia. A sentença da Junta de teólogos de Tarragona, que em 1316 ordenou a destruição de suas obras espirituais, foi anticanônica e desmesurada.

Mas Vilanova foi acima de tudo magister medicinae. Por uma parte, clínico prático de ampla experiência e fama bem creditada. Por outra, professor destacado da melhor Faculdade do período medieval. Por outra, autor de uma importante obra médica, muito difundida e apreciada ao longo de três séculos e ao largo de toda a cristandade: logo que há biblioteca importante que não conte com cópias medievais ou edições renascentistas de alguns de seus escritos cientistas; no século XVI se fez uma coleção que tratava de recolher suas obras completas, cujo êxito denotam as reimpressões que se aconteceram. A lástima é que muitas textos espúrios se albergaram à sombra de seu ilustre nome e foi preciso proceder à poda implacável da folhagem parasita para liberar sua genuína produção. Sem entrar aqui em exposições críticas e tomando a solução mais provável em questões duvidosas, pode dizer-se que a obra médica da Vilanova responde a sua condição de médico escolástico: de sábio formado nos textos clássicos de Hipócrates e Médico, recebidos através de sua versão arábica e completados com as melhores produções dos autores que escreveram em árabe. Embora não lhe tivesse sido preciso o conhecimento deste idioma - pois a maior parte desses livros tinham sido já traduzidos ao latim -, sabemos que Vilanova o possuía à perfeição e que em seus anos de médico régio em Barcelona tinha traduzido opúsculos de Médico, Avicena e outros.

O grosso de sua obra original é fruto de sua época na Faculdade de Medicina de Montpellier: há um conjunto de tratados extensos e bem elaborados que refletem o estilo e respondem à utilidade da docência repartida nas Escolas de Medicina. Comentários eruditos - vários dos quais se perderam ou permanecem inéditos - aos autores exigidos no plano de estudos; coleções de aforismos de intenção mnemotécnica - entre os que destacam as popularíssimas Parábolas da medicação, das que se conservam 40 cópias dos séculos XIV e XV e que foram editadas 15 vezes no XVI—; obra de doutrina médica, umas estritamente especulativos - De humido lhe radique -, outras que desembocam ampliamente na prática - como De considerationibus operis medicinae -, todas elas coroadas por essa admirável síntese dos princípios da ciência médica que é a chamada Speculum medicinae; densas exposições de farmacologia básica, como o tratado De graduatibus medicinarum, tão importante na linha dos intentos medievais de uma teorização da dosificação medicamentosa, etc. junto a este bloco de escritos está o tão conhecido Regimen sanitatis, escrito em 1308, para tutelar a saúde do rei de Aragão, mas que logo se difundiu amplissimamente por toda a Europa, sendo traduzido ao catalão e ao hebreu, e os extensos catálogos de medicamentos simples e compostos - Simplicia e Antidotarium -, e as monografias, breves e expressivas, que abordam os mais diversos problemas clínicos. Em troca, pode afirmar o caráter apócrifo de obras tão ligadas no nome da Villanova como são o Breviarium practicae e o comentário ao Regimen sanitatis salernitanum. E, certamente, do conjunto dos livros de alquimia que lhe foram atribuídos; há motivos suficientes para despojar a figura da Vilanova do manto de alquimista de que foi revestido por autores ou copistas do século XV e que tanto se está acostumado a destacar na visão habitual que se dá de sua pessoa. Não foi alquimista, nem mago, nem rebelde inovador. Foi um médico galenista que, sobre a base de um profundo conhecimento da ciência transmitida pelos antigos, elaborou uma doutrina tão própria como tradicional, que procurou celosamente preservar de toda reflexão filosofizante - veja-se sua obra De intentione medicorum - e dirigir à prática clínica concreta. Entretanto, Carreiras Artau  segue dando por certas algumas das obras alquímicas de Arnaldo de Vilanova. Sua obra médica constitui um bem forjado elo na cadeia de transmissão perfeccionadora do saber médico clássico.

Cronologia

1238. Lugar de nascimento desconhecido, alguns autores afirmam em Valência, outros afirmam no senhorio de Montpellier (hoje na França, naquele tempo naquele tempo senhorio dos reis de Aragão), outros falam de Languedoc, Provença e Catalunha.
1260. Estuda medicina em Montpellier.
1267-76. Amplia estudos em Nápoles e provavelmente em Salerno.
1281-1290. É médico dos reis de Aragão, Pedro o Grande, Alfonso III e Jaime II.

Traduz livros de Avicena e Médico.

1290-1299. Professor de medicina em Montpellier.
1299. Vai progressivamente abandonando o exercício da medicina para dedicar-se à filosofia e à teologia. Entra em discussão com numerosas personalidades da época.
1311. Morre quando viaja a Gênova.

Biografia Johann Weyer


Johann Weyer (Grave, 1515 – 1588) era um médico holandês, ocultista e demonologista, discípulo e seguidor de Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim. Foi um dos primeiros a protestar contra a perseguição às bruxas. Seu trabalho mais influente é De Praestigiis Daemonum et Incantationibus ac Venificiis (Sobre a ilusão de Demônios, Feitiços e Venenos, 1563).

Weyer nasceu em Grave, na Holanda. Seu pai era um mercador. Esteve em escolas de latim em 's-Hertogenbosch e Leuven e quando completou 14 anos tornou-se estudante de Agrippa, na Antuérpia.

Em 1534 estudou medicina em Paris e Orleans.

Em 1545 foi nomeado médico da cidade e devido a isto foi solicitado seu auxílio em um caso de bruxaria em 1548 contra um adivinho.

Weyer criticou o livro Malleus Maleficarum e a caça às bruxas promovida por autoridades católicas e civis. Foi o primeiro a utilizar o termo Doente Mental para designar uma mulher acusada de bruxaria. Weyer defendia a ideia de que o demônio não era tão poderoso como a Igreja Católica pregava, mas também acreditava que os demônios possuíam algum poder e poderiam aparecer a pessoas que os chamassem, criando ilusões. Entretanto, ele comumente se referia a mágicos e não a bruxas quando se referia a ilusões.

Seu trabalho serve de inspiração para ocultistas e demonologistas.

Obra

De Praestigiis Daemonum et Incantationibus ac Venificiis, 1563.
De Lamiis Liber (O livro das Bruxas), 1577
Pseudomonarchia Daemonum (O falso reino dos demônios), um apêndice para o De Praestigiis Daemonum, 1577.

Biografia Paolo Ricci

Paolo Ricci (c. 1480  — Innsbruck, c. 1541) foi um estudioso, escritor, filósofo, cabalista, médico e humanista. Judeu convertido, também era conhecido como Paulus Ricius, Rici, Ricci, Riccius, Rizius, Rizzius, Riccio, Ritz ou Paulus Israelita.

Ricci foi discípulo de Pietro Pomponazzi (1462-1525), mestre de filosofia em Pádua, Mântua, Ferrara e Bolonha. E era, ao que tudo indica irmão de Agostino Ricci, que teve uma obra Epistola de astronomiae autoribus, reeditada em Paris, em 1521, por Oronce e na qual expõe os princípios da Cabala.

Paolo, além de filósofo, foi também médico, humanista, cabalista e tradutor. No transcurso de 1505, ele se converte ao cristianismo, recebe o batismo e publica sua primeira obra: Salt Federis, na qual confirma sua nova fé e, através da Cabala, busca contra-argumentar o judaísmo corrente. No ano seguinte 1506 ele se muda para Pavia, trava conhecimento com Erasmo de Roterdã, e o substitui como docente em filosofia e medicina, na Universidade de Pavia.

Mais tarde ele viaja para Innsbruck, na Áustria, como médico da comitiva de Branca Maria Sforza (1472-1510), filha do Duque de Milão Galeazzo Maria Sforza, que havia se casado em segundas núpcias 1494 com Maximiliano I. Ele atuou como médico em Nuremberg e, posteriormente, foi convocado, em 1514, como médico pessoal pelo imperador Maximiliano I de Augsburgo e educador e conselheiro do arquiduque Ferdinando (mais tarde imperador Fernando I). Viveu durante certo tempo nas proximidades de Salzburgo e Bressanone, onde manteve certas relações com o Bispo Príncipe Matthäus Lang von Wellenburg (1519–1540). Mais tarde tornou-se médico da rainha Ana Jagelão, filha de Vladislau II da Hungria e da Boêmia e de Ana de Foix-Candale que se casara com o futuro imperador Fernando I em 25 de maio de 1521. Ricci, secundou os trabalhos de Jacob ben Jechiel Loans, também médico da Frederico III e Maximiliano I (1508-1519). Jacob era também professor de hebraico (entre seus alunos estava Reuchlin) e era aparentado de Josel von Rosheim (1480-1554), advogado representante da comunidade judaica para a Alemanha e a Polônia e cujo maior trabalho seria defender as comunidades judaicas contra o antissemitismo luterano, conforme atesta ele de próprio punho em seu livro de memórias.[1] . Por este tempo e a seu serviço Maximiliano também dispunha de outro renomado cabalista, cujo nome era Heinrich Cornelius Agrippa, que prestava serviços como historiógrafo da corte.

Mais tarde, em 1521, Paolo foi eleito para lacionar hebraico em Pavia e, em 15 de Novembro de 1529 ele foi agraciado com o título de Barão von Sparzenstein, como reconhecimento aos serviços prestados à coroa. Ele foi condecorado pelo imperador Carlos V, irmão mais velho de Fernando I que, além do baronato, deu-lhe como feudo o castelo de Sprinzenstein, Alta Áustria, no Mühlviertel e a região correspondente. O castelo até então pertencia a Dionísio Praun e foi dado a Paolo por sugestão e influência do bispo Ernesto de Passau.

Ricci, além de ter sido um estudioso da astrologia, foi professor de hebraico, filosofia, teologia e cabala, era um profundo conhecedor e tradutor dos textos sagrados em latim e hebraico e foi autor de obras filosóficas e teológicas. Ele retomou as idéias de Giovanni Pico della Mirandola e Johann Reuchlin e, após a Dieta de Augsburgo, manteve, durante certo tempo, uma controvérsia neo-platônica com o teólogo católico e um expoente da contrarreforma, Johann Eck sobre a existência de vida sobre os corpos estelares, sobre a alma das estrela (vida em outros planetas), em concordância com outro escritor e cabalista e, adepto do neo-platonismo, Enrique Cornelio Agripa, propagador da chamada cabala-prática e, sob cuja visão deveria haver uma mescla das tendencias Renascentistas com a Cabala, conceito não muito aceito entre os círculos não judaicos.

Ricci tentou levar o aristotelismo italiano para a alemanha. Ricci defendeu Rechlin em 1523 contra o inquisidor James Hoogstraeten que em 1514 havia ordenado a queima dos escritos de Reuchlin. Como resultado seguiu-se a apelação para o pontífice romano Leão X e dois anos mais tarde 1516 , o inquisidor foi demitido. Além de Erasmo e Reuchlin, ele manteve larga correspondência com outros renomes da época, como Ulrich von Hutten e Willibald Pirckheimer. Contra Hoogstraeten, Ricci escreveu um sermão Apologético , onde demonstrava a existência da Trindade e outras doutrinas cristãs em obras do misticismo judaico.

A Sociedade literária renana

Por está época ele ingressou na Confraria Céltica (antiga Sociedade Literária Renana). Era uma confraria fundada para estudos filosóficos, especialmente a filosofia pitagórica, as ciências, etc. Seus fundadores eram Jean de Dalberg, figura de expressão no mundo universitário e político da época, que passou a usar o pseudônimo de Jean Camerarius; Rodolphe Huesmann, que ficaria conhecido como Agrícola e, por fim, Joahnn von Heidelberg, que a partir dessa época passou a usar o nome de Joahnn Trithemius e, mais tarde abade Trithemius.

Após o ingresso de Paolo, na confraria, é também estudado o hebraico e a Ciência dos números, a Cabala. Paulo exerceu grande influência nos estudos promovidos pela confraria e no estimado número de seus fundadores, insignes professores e membros, dentre os quais figuravam, Jacques Wimpfeling (que usava o pseudônimo de Olearius), grande erudito da Renascença e um estudioso dos textos gregos. E ela mesma, a Confraria, exerceria grande influência sobre humanistas como Erasmo de Roterdã, cuja admiração por Agrícola era notória; Alexandre Hegius ou Alexandre Hegius Synthius, aluno de Agrícola e Mestre de Erasmo de Roterdã, e que fundaria em Deventer a Escola Latina e os Irmãos da Vida Comum. Outro aluno de Agrícola, com denotada influência da Escola Renana, foi Conrad Meissel, que usava o pseudônimo de Celtes Protucius (o primeiro dos Celtas), e, por isso, chamado de Conrad Celtis, que se tornaria um hermetista de grande renome.

O cabalismo cristão

O conceito propriamente surgiu com Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494), discípulo de Marsílio Ficino e referia-se à escola de pensamento (Judaico) relacionada ao misticismo esotérico. Surgiu como consequências do Renascimento e como resultado de prosseguimento de estudos dos textos gregos e traduções por hebraístas cristãos. Veio como um sincretismo ético combinado platonismo, neoplatonismo, aristotelismo, hermetismo e Cabala. Além de Pico della Mirandola, outros, por ele influenciados direta e indiretamente, como Ricci, contribuiram para a proliferação desta vertente. Outros vieram a fazer parte do coro, como Johann Reuchlin (1455-1522), Walther, cujas idéias e doutrinas exerceu grande influência o teósofo Jacob Böhme, Athanasius Kircher, Christian Knorr von Rosenroth, Johann Kemper (1670-1716), conhecido como Moses ben Aaron de Cracóvia, que lecionou na Universidade de Uppsala entre os anos 1697 e 1716 e foi tutor de Swedenborg, Adorjan Czipleá, Raymond Lulle, entre outros. Ricci todavia, embora devotado a esta corrente da chamada Cabala do Renascimento ou Cabala Renascentista, destoava consideravelmente da tradição originária e da qual eram adeptos Pico della Mirandola (citado por seu díscipulo Giorgi Burgonovo) e Reuchlin.

Como a maioria dos convertidos do judaísmo, Ricci tentou convencer os judeus sobre o conteúdo dos livros do novo Testamento (os Evangelhos). Sua defesa da Cabala, descrita como a interpretação alegórica da Bíblia, teve apoio e concordância de  Erasmo de Roterdã, sua intenção era mediar o Talmude e a Cabala com a filosofia cristã. Erasmo, concordando com esta justificação de Ricci e, sendo um figura de expressão na época 1520, defendeu-o, através de uma carta, contra as argumentações contrárias e os ataques de Estêvão, o Presbítero. Paolo aborda os conceitos básicos da Cabala cristã, cujos métodos foram difundidos nas práticas ocultistas e espirituais da Europa. No livro Introdução à Cabala Ricci escreve:

"Kabbalah é a capacidade de remover todo o mistério divino e humano da Lei de Moisés...
É o significado literal da Escritura, o qual sujeita-se às condições de tempo e espaço. A Kabbalah é alegórica e permanece por séculos, sem restrições temporais e/ou espaciais..."



Ele contrapôs-se a alguns teólogos católicos em relação às desavenças existentes entre a Ortodoxia e o Protestantismo sobre o culto às imagens (iconografia), tentou mediar um maior entendimento entre ambas vertentes cristãs e, além disso, defendia a união das nações cristãs contra os turcos, que eram, naquele tempo, uma constante ameaça ao mundo ocidental. Por conta de um de seus escritos. Ricci envolveu-se em uma disputa contra o (futuro cardeal) Girolamo Aleandro que o acusava o autor de ser tolerante em relação ao protestantismo. Mas disputa maior estava entre o agostiniano e filósofo humanista, Johann Reuchlin e o panfletário e teólogo fanático, estudioso do Talmude e também dominicano, Johannes Pfefferkorn. Este era também um judeu convertido que virou-se em luta contra o judaísmo e conseguiu do Imperador Maximiliano I a autorização para confiscar todos os escritos judaicos, sob os protestos, em 1510, da comunidade cristã, do Conselho da Cidade de Frankfurt e do arcebispo de Mainz, Uriel von Gemmingen. As controvérsias se seguiriam na voz de teólogos ortodoxos e protestantes e reformadores tais como Martinho Lutero,João Calvino, Thomas Cranmer, John Knox, Cotton Mather, John Wesley, etc... Era esta a situação de Ricci e de outros judeus cristanizados: às voltas com a Reforma Protestante, sendo eles judeus e ao mesmo tempo professando o cristianismo, já que em ambos os lados, protestantes e católicos havia o ante-semitismo.

Pouco antes de sua morte (que se deu em Innsbruck, entre os anos 1541 e 1542), apareceu em público uma quantidade de escritos, até então desconhecidos, que faziam parte de uma coleção e cujo prefácio era assinado por seu antigo mestre de filosofia Pietro Pomponazzi. Paolo ficou mais conhecido e, posteriormente lembrado, como um dos responsáveis imediatos pela Cabala cristã.

Obra

Ricci foi um escritor prolífico, autor de vários textos filosóficos e, como Henrich Gratz diz, "tornou-se de boa conta a pequena quantidade de conhecimento judaicos que trouxe com ele para o cristianismo." Seu trabalho mais conhecido é o Portae Lucis, que é uma tradução latinada Cabala Cristã e Renascentista de José Gikatilla - (Augsburg, 1516), trata-se de uma tradução livre de parte da obra cabalística "Sha'are Orah" de José Gikatilla. Este trabalho é composto de uma série de ensaios sobre os dez Sephirotes e sua relação com os nomes divinos. Gikatilla cita os versículos bíblicos e os interpreta de acordo com a correlação cabalística. Jerônimo Ricci (Hieronymus Ricius), filho de Paolo, enviou uma cópia deste trabalho para Reuchlin (futuro tio-avô de Philip Melanchthon, que a utilizou na composição do seu "De Arte Cabbalistica".

Ricci relata que o imperador Maximiliano I, o Sacro Imperador Romano foi quem ele foi lhe ordenou para que compilasse uma uma tradução latina do Talmud. Tudo o que restou foram as traduções dos tratados Berakot, Sanhedrin, e Makkot (Augsburgo, 1519), das primeiras leituras do Mishná e que é hoje conhecido pelos bibliógrafos.

A mais importante de suas outras obras é "De Cælesti Agricultura", um trabalho religioso-filosófico grande em quatro partes, dedicada ao Imperador Carlos V e seu irmão Ferdinando (Augsburgo, 1541;. 2d ed, Basel, 1597). Sua Opuscula Varia, que contém um tratado sobre os 613 mandamentos, uma obra religiofilosóficas e um tanto controversa que tinha como objetivo demonstrar aos judeus as verdades do cristianismo, e uma introdução à Cabala seguido de uma compilação de suas regras e dogmas, através de quatro edições (Pavia, 1510; Augsburg, 1515; ib 1541;. e Basel, 1597).

Ricci escreveu além destas obras cerca de dez outras, todas em latim, sobre diversos temas religiosos, filosóficos e cabalísticos, que tiveram aparição em Augsburgo em 1546 e foram reimpressas em Basel em 1597.

Publicações

1507 Compendium quo ... apostolicam veritatem: Ratione, Prophetice, Talmudistice, cabbalistice ... confirmat, Pavia,
1511 In Apostolorum Simbolvm ... oratoris philosophi et theologi ocvlatissimi a priori demonstratiuus dialogus;
1514 Philosophica ac talmvdistica pro christiana veritate tuenda ... disputatio, Augsburg;
1515 De Novem Doctrinam Dorinibus: Et totius Perypatetici Dogmatis nexu compendum, conclusiones atque oratio, Augsburg;
1515 In Cabalistarum sev Allegorizantivm Eruditionem Isagogae, ebd., in: Ders., De sexcentum et tredecim Mosaicae sanctionis edictis; (Übers. aus d. Hebr.) Joseph Gecatilija, Porta Lucis Haec est porta Tetragrammaton, 2. Auflage Augsburg
1519 Apologetica ad Eckiana responsio, Augsburg;
1519 In Psalmum Beatus uir Commentariolum, Augsburg;
1519 De Anima Coeli Compendium. Responsio ad interrogationes de nomine Tetragrammaton, Augsburg.;
1519 Lepida et litere undique concinna in psalmum beatus vir meditatio. Concisa et archanna de modo orandi in nomine tetragrammaton responsio, Augsburg;
1520 Talmudica nouissime in latina versa periocunda commentariolo. Naturalia et prophetica de anima coeli omni attentione digna aduersus Eckium examina...,Augsburg.;
1523 Serenissimi et inuicti principis Ferdinandi, protho-physici, apologetica, et spirituali eruditione plena, ad pontificem Maximum in allegorizantium dogma. Oratio, Nürnberg, 2. Auflage Augsburg 1525;
1529 Oratio ad Principes, Magistratus, Populos Germaniae in Spirensi conventu, Speyer und Wien, 2. Auflage Augsburg
1532 Statera Prvdentvm ... Christo Nazareno regni coelorum Duci, Tribunis, ante signanis, et cohortibus crucis compendiarum, et omni attentione dignum hoc P.R. opus desudat, Augsburg und Regensburg.

Traduções

Trechos ou partes do Sha'arei Orah de José Gikatilla;
Tratado de Medicina de Albucasis, erudito espanhol do séc XII. Única edição em latim que sobreviveu até o presente;
Algumas das obras de Averróis.

Biografia Guido von List


Guido von List (Viena, 5 de outubro de 1848 — Berlim, 17 de maio de 1919) foi um autor místico antissemita austríaco que escreveu sobre a "raça ariana" e criou a ariosofia.

Foi influenciado na sua escrita por Arthur de Gobineau e Madame Blavatsky. List acreditava numa conspiração judaica que ameaçava a existência da raça ariana. Ele também acreditava nos poderes mágicos das letras do alfabeto escandinavo antigo.

Tudo isto era muito popular na Europa Ocidental do século XIX. Houston Stewart Chamberlain foi contemporâneo de List. Entre os seus seguidores ideológicos conta-se Lanz von Liebenfels.

Guido von List teria feito a associação entre a suástica e o nazismo, que sugeriu o uso do símbolo como síntese do orgulho nacionalista alemão e o repúdio ao povo judeu.

Biografia Emmet Fox


Emmet Fox (Irlanda, 30 de julho de 1886 - França, 13 de agosto de 1951) foi um Ministro da Igreja da Ciência Divina e um dos maiores escritores sobre espiritualidade de começos do século 20. Os ensinamentos dele tiveram uma grande influência nos inícios da organizacao "Alcoólicos Anônimos".

O pai de Fox, que veio a falecer antes que ele tivesse dez anos de idade, foi um médico e também membro do Parlamento. Fox estudou na Stamford Hill, perto de Londres, formando-se em engenharia elétrica. Porém, desde muito cedo, ele se interessou pelo fenômeno da cura por meio do poder da mente e da oração. Nos seus últimos anos da adolescência, ele estudou a filosofia do Novo Pensamento. Chegou inclusive a conhecer pessoalmente um importante precursor do Novo Pensamento, Thomas Troward.

Fox asistiu ao encontro que a Aliança Internacional do Novo Pensamento organizou em Londres, em 1914. Fox deu sua primeira palestra sobre o Novo Pensamento no Mortimer Hall, em Londres, em 1928.

Depois, ele viajou aos Estados Unidos e em 1931 foi selecionado para ser o sucesor do Rev. W. John Murray, como Ministro da Primeira Igreja da Ciência Divina de Nova Iorque. Fox virou então num dos mais populares palestrantes, cativando as pessoas que iam escutar suas palavras nos maiores salões da cidade. Fox foi ordenado Ministro da Igreja da Ciência Divina pela própria Rev. Nona Brooks, a co-fundadora desta igreja.

Emmet Fox foi o líder de espiritualidade que maiores audiências convocava na sua época. Segundo alguns cálculos, seus livros já foram lidos por dez milhões de pessoas em todo o mundo.

A secretária de Emmet Fox era mãe de uma pessoa que trabalhava com Bill Wilson, um dos co-fundadores de Alcoólicos Anônimos; foi por meio deste vínculo que os grupos de A.A. começaram a escutar as palestras de Fox . Seus livros, especialmente "O Sermão da Montanha", foram muito populares entre os A.A.

Livros

O Sermão da Montanha
Os Dez Mandamentos: A chave para uma nova vida
El Poder del Pensamiento Constructivo
Mude sua vida
Diagramas para Vivir: La Biblia Desvelada
Descubra e Use Sua Força Interior
Dia a Dia
Faça sua vida valer a pena

Biografia Joseph Murphy


Joseph Murphy (Irlanda, 20 de maio de 1898 — Laguna Hills, Estados Unidos, 19 de dezembro de 1981) é um dos mais famosos escritores do movimento do Novo Pensamento,fundado por Malinda Cramer. É o autor de mais de 30 livros de autoajuda, muitos deles best sellers no mundo inteiro. Passou muitos anos estudando as principais religiões do mundo, tendo-se convencido da existência de um grande poder por detrás de todas elas, o poder da mente subconsciente.

Foi ordenado Ministro da Igreja da Ciência Divina e durante vinte e oito anos foi director desta igreja em Los Angeles, onde compareciam mais de 1,5 mil pessoas todos os domingos. Também teve um programa de rádio que foi muito popular na sua época

Como escritor, Murphy foi influenciado por Malinda Cramer, Ernest Holmes e Emmet Fox, também famosos escritores do Novo Pensamento. Mas ele também tinha formação académica em religiões orientais. De facto, passou muitos anos na Índia, onde foi investigador na Andhra Research University.

Existem poucos dados sobre sua vida, pois ele mesmo pediu que após a morte, não se escrevessem a biografia.

Murphy nasceu na Irlanda em 1898, no seio de uma família católica, sendo filho de um diretor de uma escola particular para meninos. Estudou seu país e na Inglaterra, estudando para ser sacerdote da Ordem dos Jesuítas. Em 1922 após uma experiência com a oração de cura, deixou os jesuítas e se mudou para o Estados Unidos, onde estudou Religião, Filosofia, Direito e Química, tornando-se farmacêutico em Nova Iorque. Lá, ele participou da Igreja do Bom Viver Cristo (parte da Igreja de Ciência Divina), onde Emmet Fox tornou-se ministro em 1931.

Em meados dos anos 1940, ele se mudou para Los Angeles, onde se encontrou com o fundador da religião Ernest Holmes, sendo por ele ordenado em 1946, depois de ensinar em Rochester, New York, e, mais tarde, no Instituto de Ciências Religiosas, em Los Angeles. Uma reunião com o presidente Divine Science Association Erwin Gregg levou a ser reordenado na Ciência Divina, onde tornou-se o ministro da Igreja da Ciência Divina em Los Angeles, em 1949, que ele construiu em uma das maiores congregações do Novo Pensamento no país. Na década seguinte, Murphy casou, tornou-se PhD em psicologia no University of Southern California e começou a escrever. Depois que sua primeira esposa morreu em 1976, ele se casou novamente com uma companheira ministra da Divina Ciência que era sua secretário de longa data. Mudou-se para o seu ministério Laguna Hills, na Califórnia, onde morreu em 1981. Sua esposa, Dr. Jean Murphy, continuou neste ministério por alguns anos depois.

Joseph Murphy faleceu em Laguna Hills, Estados Unidos, em dezembro de 1981 (alguns livros brasileiros colocam errôneamente 1996).

O Poder do Subconsciente

Joseph Murphy escreveu 36 livros de ciência aplicada, sendo o mais famoso deles O Poder do Subconsciente, que já foi traduzido em 17 idiomas no mundo inteiro, no qual afirma que a mente subconsciente, ao aceitar uma ideia, começa imediatamente a pô-la em prática. Portanto, a única coisa necessária é conseguir que a mente subconsciente aceite a ideia - e a própria lei que rege o subconsciente trará saúde, tranquilidade ou a posição que deseja. Contudo, a mente subconsciente aceita tudo que lhe é impresso, mesmo que seja falso e tratará de provocar os resultados que devem necessariamente seguir-se, porque conscientemente a pessoa aceitou o facto como verdadeiro. Por isso, ele sugere que as pessoas utilizem a auto-sugestão instantes antes de dormir, quando a mente consciente está passiva e não resistirá à idéia que se queira imprimir à mente subconsciente.

Bibliografia

Em português, existem os seguintes livros de Joseph Murphy:

O Poder do Subconsciente (The Power of your Subconscious Mind)
Canções de Deus
Como Usar as Leis da Mente
Como Utilizar o Seu poder de Cura
Conversando com Deus
Energia Cósmica – O Poder Milagroso do Universo
Estas Verdades Poderão Mudar Sua Vida
A Força do Poder Cósmico do Subconsciente
As Grandes Verdades da Bíblia
A Magia do Poder Extra-sensorial
1001 Maneiras de Enriquecer
O Milagre da Dinâmica da Mente
Orar é a Solução
Para Uma Vida Melhor
A Paz Interior
O Poder Cósmico da Mente
O Poder Curativo do Amor
O Poder da Oração
O Poder Milagroso de Alcançar Riquezas Infinitas
Segredos do I-Ching
Sua Força Interior
Telepsiquismo
Viver Sem Tensão

Referências

Joseph Murphy, Ph.D., D.D. (em inglês) Penguin. com (USA). Visitado em 4 de Dezembro de 2013.
Joseph Murphy (1898-1981) / Prosperity writer extrordinaire (em inglês) The Self-Help Book Web Sites Portal. Visitado em 4 de Dezembro de 2013.

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