sábado, 24 de julho de 2021

Pandeísmo

Pandeísmo (em grego πάν) é uma corrente filosófica que surgiu da mistura do panteísmo com o deísmo.


Corrente religiosa sincrética (do grego: πάν (pan), "todo" e do latim deus, "deus") proveniente da junção do panteísmo (identidade de Deus com o Universo) com o deísmo (O Deus criador do universo não mais pode ser localizado, senão com base na razão), ou seja, a afirmação concomitante de que Deus precede o Universo, sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, sua Totalidade.


Como o deísmo, faz uso de razão na religião, o pandeísmo usa o argumento cosmológico, o argumento teológico e outros aspectos da chamada "religião natural". Tal uso se deu entre os disseminadores de sistemas filosóficos racionais, durante o século XIX.Também foi largamente empregado para identificar a expressão simultânea de todas as religiões.


Algumas Mitologias, tais como a nórdica, sugerem que o mundo foi criado da substância corporal de uma deidade inactiva, ou ser de capacidades similares; no exemplo citado, Odin, junto de seus irmãos Ve e Vili derrotaram e mataram o gigante Ymir, e de sua carne fizeram a terra, dos cabelos, a vegetação, e assim por diante, criando o Mundo conhecido. Semelhantemente, a mitologia Chinesa propunha a mesma estrutura, atribuindo à Pan Gu a criação dos elementos físicos que compõe o Mundo.


Aristóteles, discípulo de Platão, era um pandeísta, e acreditava numa divindade chamava o Primeiro Motor (ou Primeiro Movente), que havia dado início à criação de um universo, ao qual não estava ligado e não tinha interesse.


João Escoto Erígena em De divisione naturae (862-866), sua obra mais conhecida e também a mais importante, mostrava sua visão sobre a origem e a evolução da natureza, na tentativa de conciliar a doutrina neoplatônica da emanação com o dogma cristão da criação, também um livro posteriormente condenado.


Panenteísmo

Panenteísmo—πᾶν-ἐν-Θεός—Todos em Deus—Krausismo, doutrina que diz que o universo está contido em Deus, mas Deus é maior do que o universo (bem distinto do Panteísmo e Monismo). Termo esse que foi proposto por Karl Christian Friedrich Krause (1781–1832), na sua obra "System des Philosophie" (1828), daí o termo krausismo que designa sua doutrina teológica. No panenteísmo, Deus é visto como imanente, a alma do universo, o espírito universal presente em todos os lugares e no qual todos os seres participam, ao mesmo tempo que transcende todas as coisas criadas. Uma frase atribuída a Epimênides de Creta "Nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser" e citada por Paulo de Tarso em Atos 17:28 é famosa como exemplo de possível panenteísmo.


Terminologia e desenvolvimento

O termo passou a ser utilizado para designar múltiplas tentativas análogas, extravasando o sentido original dado por Karl Krause. Agora são empregados vários termos teológicos para conceitualizar as idéias panenteístas, são eles:


Teísmo Clássico;

Panteísmo;

Transcendência;

Imanência;

Kenosis;

Kenosis Essencial.

Termos influenciados pelo idealismo alemão de Hegel e Schelling:


Dialética;

Infinito;

Pericorese.

Termos influenciados pela filosofia do processo de Whitehead:


Relações Internas e Externas;

Dipolar.

Termos relacionados ao pensamento científico atual:


Reducionismo;

Superveniência;

Emergência;

Causação Top-Down;


Emaranhamento.

Embora numerosos significados tenham sido atribuídos ao “em” no panenteísmo, os mais significativos são:


Significado Locativo;

Base metafísica para ser (Absoluto);

Base Metafísica-Epistemológica para ser;

Potencial interativo metafísico;

Metáfora de emergência;

Significado analógico da mente/corpo;

Parte/significado analógico inteiro.


Ainda que a maioria das expressões contemporâneas do panenteísmo envolvam cientistas e teólogos ou filósofos protestantes, articulações de formas de panenteísmo também se desenvolveram na tradição católica romana, na tradição ortodoxa e em outras religiões além do cristianismo. Dentre os filósofos que aderiram ao panenteísmo incluem-se; Alfred North Whitehead, Thomas Hill Green (1839-1882), James Ward (1843-1925), Andrew Seth Pringle-Pattison (1856-1931). A partir da década de 1940, Charles Hartshorne examinou numerosas concepções de Deus. Ele revisou e descartou o panteísmo, o deísmo e o pandeísmo em favor do panenteísmo, descobrindo que tal doutrina contém todo deísmo e pandeismo, exceto suas negações arbitrárias. Hartshorne formulou Deus como um ser que poderia se tornar mais perfeito: Ele tem perfeição absoluta em categorias para as quais a perfeição absoluta é possível e a perfeição relativa (isto é, superior a todas as outras) em categorias para as quais a perfeição não pode ser determinada com precisão. Nos estudos acadêmico em especial o da Universidade de Stanford sobre Filosofia onde há um estudo que oferece em sua abordagem uma ordem cronológica do desenvolvimento do pensamento panenteísta, cujo início remonta há c. 1300 a.C.:


Iknaton (1375-1358 a.C.);

Vedanta, incluindo tradições como a Vishishtadvaita de Ramanuja;

Upanishads;

Lao-Tse (século IV a.C.).


Nas reflexões filosóficas na Grécia Antiga:


Platão (427/428-348/347 a.C.);

Plotino (204–270);

Proclo (412–485) e Pseudo-Dionísio (final do quinto ao início do sexto século).


Na Idade Média, a influência do neoplatonismo continuou no pensamento de:


Eriugena (815-877);

Eckhart (1260-1328);

Nicolau de Cusa (1401-1464);

Boehme (1575-1624).


No período moderno por:


Bruno (1548-1600);

Spinoza (1631-1677).


Nos pensadores posteriores, os platonistas:


De Cambridge (século XVII), por exemplo Herbert de Cherbury (1583-1648);

Jonathan Edwards (1703-1758);

Friedrich Schleiermacher (1768–1834).


Nos séculos XIX e XX com o idealismo filosófico e a adaptação filosófica do conceito científico de evolução forneceram as fontes básicas da posição explícita do panenteísmo.


Hegel (1770-1831)—Hegelianismo;

Schelling (1775-1854);

Karl Krause (1781–1832);

Samuel Alexander (1859-1938);

Henri Bergson (1859-1941);

C. Lloyd Morgan (1852-1936).


Os últimos três ainda que possa haver questionamentos sobre seu relacionamento com o panenteísmo, por certo, formam o plano de fundo para o desenvolvimento sistemático da filosofia processual de Whitehead e posteriormente Hartshorne como uma expressão do panenteísmo.

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