terça-feira, 24 de outubro de 2017

Frithjof Schuon

Frithjof Schuon (Basileia, 18 de junho de 1907 — Bloomington, 5 de maio de 1998) foi um metafísico, mestre espiritual e filósofo das religiões. É considerado o principal porta-voz da Filosofia Perene, juntamente com René Guénon, nos tempos modernos. Hoje, a influência da mensagem universalista de Schuon é global, abrangendo seguidores e admiradores no Ocidente e no Oriente. Em outras palavras, os escritos de Schuon, que enfatizam mais o cerne do que a "casca" das tradições, atraem leitores de variados horizontes religiosos.

Nascido na Suíça alemã, Frithjof Schuon se estabeleceu em Paris na juventude, onde exerceu o ofício de desenhista têxtil. De perfil filosófico e espiritual, absorveu jovem ainda as obras de Platão e do Vedanta indiano, interessando-se ao mesmo tempo pela sabedoria mística e esotérica das grandes religiões mundiais, especialmente do Cristianismo, Islamismo e Budismo.

“(Schuon é) um dos mais influentes e originais pensadores no campo das religiões e espiritualidades de nossos tempos.” Leitor do metafísico francês René Guénon, ele viajou ao Cairo em 1938 e em 1939 para conhecê-lo pessoalmente. No Magrebe, buscou o conhecimento espiritual dos mestres sufis, tendo conta(c)tado especialmente a tariqa (confraria mística) do célebre mestre Sufi Ahmad al-Alawi.

Após a Segunda Guerra Mundial, Schuon, então residente em Lausana, empreendeu diversas viagens internacionais, com o objetivo de conta(c)tar autoridades espirituais das diversas tradições e recolher material para seus livros. Visitou a Índia, o Egito, o Marrocos, Grécia, Espanha e as planícies da América do Norte, para travar conta(c)to direto com o patrimônio espiritual dos índios. Sua Via espiritual, centrada na "religio perennis" (religião perene), difundiu-se ao longo das últimas décadas pela Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia.

A Filosofia Perene joga uma luz original e contemporânea sobre o patrimônio espiritual dos povos e atualiza a mensagem das religiões tradicionais, especialmente Cristianismo e Islã, observou o autor brasileiro Mateus Soares de Azevedo.

Os precursores da Filosofia Perene foram os mestres sapienciais do passado, sábios como Platão, Pitágoras, Shânkara e Mestre Eckhart, sendo que os fundamentos desta escola de pensamento estão na metafísica pura, ou na "natureza das coisas", e não em uma das grandes Revelações religiosas da humanidade. Não obstante isso, a Filosofia Perene prescreve a necessidade de vínculo pessoal a uma tradição espiritual ortodoxa.[6] Frithjof Schuon faleceu em 5 de maio de 1998 em Bloomington, Indiana, EUA, para onde havia emigrado, a partir da Suíça natal, em 1980.

A ideia central da Filosofia Perene exposta por Schuon e Guénon é que a verdade metafísica fundamental é simultaneamente universal e perene, não pertencendo a nenhuma religião em particular. As diversas religiões mundiais expõem esta verdade una segundo suas linguagens próprias.

A Filosofia Perene certamente não se pretende uma "nova religião", destinada a substituir as religiões tradicionais, nem é uma “super religião”, que fundiria todas as tradições num único organismo. Para a Filosofia Perene, a verdade é veiculada de “formas” diferentes pelas distintas religiões mundiais. Ou seja, a doutrina metafísica de Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo etc sobre o Absoluto, Deus, o homem e o pós-vida, por exemplo, é convergente. Mas seus dogmas, rituais e moralidade são distintos.

A Filosofia Perene não sustenta que todas as religiões são iguais, como parece indicar um ecumenismo tão fácil como superficial. Na verdade, ela sustenta justamente o contrário, ou seja, que a razão de ser das diferentes tradições é veicular a verdade una para povos e épocas específicas. Isto é, a Verdade perene e universal está além das formas, é supra-formal, enquanto as religiões exteriorizam esta Verdade una segundo seus modos e formas específicos.

O conceito da Filosofia Perene existe desde a época do Renascimento (séculos XV e XVI), mas ela passou a se tornar mais conhecida no Ocidente no início do século XX, graças às obras do francês René Guénon (1886-1951), do indiano Ananda Coomaraswamy (1877-1947); do suíço-alemão Titus Burckhardt (1908-1984) e, sobretudo, de Frithjof Schuon. É preciso mencionar também o livro de Aldous Huxley, The Perennial Philosophy, de (1945), apesar da perspetiva de Huxley ser mais literária do que espiritual.

Vida

Frithjof Schuon nasceu numa família católica alemã; seu pai era violinista da Orquestra Sinfônica de Basileia (Suíça) e professor no conservatório local. Seu único irmão, Erich Schuon, foi ordenado sacerdote católico e se tornou monge da Trapa, a ordem mais rigorosa do Catolicismo.

Ao longo de sua vida, Schuon fez diversas viagens internacionais, com o fim de conta(c)tar autoridades espirituais de diferentes religiões e recolher material para seus livros.

Esteve várias vezes no Magrebe (nas décadas de 1920 e 1930, onde conviveu com o célebre xeque sufi Ahmad al-Alawi, um dos grandes místicos do islamismo no século XX); no Egito (em 1938 e 1939, onde se encontrou com René Guénon e Martin Lings); na Índia (em 1939); na Turquia; na Grécia; no Marrocos e em boa parte da Europa ocidental.

Na década de 1960, visitou seus amigos índios, das tribos Sioux e Crow, nos Estados Unidos. Como resultado, escreveu o estimulante volume sobre a civilização Pele-Vermelha, The Plain Indians in Art and Philosophy ("Os índios das planícies na arte na filosofia"), que contém, além de penetrantes ensaios sobre a religião e a sabedoria índia, suas impressionantes pinturas de mesma temática.

Nos Estados Unidos, onde passou a viver a partir de 1981, em uma chácara no Meio-Oeste, Frithjof Schuon escreveu seus últimos livros de ensaios, como Sur les traces de la Religion pérenne (1982); Approches du phénomène religieux (1984); Résumé de métaphysique intégrale (1985); Avoir un centre (1988); Racines de la condition humaine(1990); Les Perles du pèlerin (1991); Le Jeu des Masques (1992); e La Transfiguration de l’Homme (1995).

Nos três últimos anos de vida, escreveu mais de três mil poemas breves em alemão; esta impactante obra traduz em linguagem literária e direta sua mensagem global.

Frithjof Schuon morreu em sua casa, em 5 de maio de 1998.

Obra

Frithjof Schuon é autor de uma obra singular e original, única no mundo contemporâneo ao reunir exposição da verdade metafísica compartilhada pelas grandes religiões mundiais, guiamento espiritual profundo e crítica da mentalidade relativista e materialista da modernidade. Além disso, foi um poeta inspirado, autor de diversos livros de poesia, e artista plástico original. Segundo M. Soares de Azevedo, assim como as ideias de Platão influenciaram a visão de mundo de diferentes tradições (a cristã, a islâmica e a judaica), do mesmo modo a obra de Schuon tem sido apta a influenciar correntes de pensamento nos mundos budista, hindu, católico, ortodoxo, protestante e islâmico.

Schuon escreveu mais de vinte livros de metafísica, filosofia das religiões, espiritualidade, arte e cultura tradicional (ver lista abaixo). Sua obra inaugural expõe uma de suas ideias fundamentais, a da unidade transcendente das religiões, que dá título ao livro (S. Paulo, Irget, 2011). Esta obra explica também as diferenças conceituais entre filosofia, teologia e metafísica, além de expor uma visão metafísica e universalista da tradição cristã e do Islã.

O Sentido das Raças (S. Paulo, Ibrasa, 2005) expõe a visão tradicional sobre as castas, vistas como tipos humanos fundamentais, os quais incluem os brâmanes (o tipo sacerdotal e contemplativo); os kshatrias (governantes e aristocratas); os vaichas (a vasta classe média, incluindo profissionais liberais, artesãos, comerciantes, agricultores etc); e os shudras (trabalhadores braçais). O Homem no Universo (S. Paulo, Perspectiva, 2001) trata de temas como o diálogo entre platônicos e cristãos e a atualidade do monaquismo. Para Compreender o Islã (Rio de Janeiro, Record, 2007) expõe a essência do Islã, com capítulos sobre o Corão, o Profeta Maomé e o Sufismo. Tesouros do Budismo expõe a essência da religião do Buda, vista sob a luz universalista da Filosofia Perene. O mesmo se dá, mutatis mutandis, com o Hinduísmo (Langage of the Self) e com o Cristianismo (Christianisme/Islam).

De acordo com o autor australiano Harry Oldmeadow, "a obra de Schuon forma um corpo imponente e abrange uma espantosa variedade de religiões e assuntos metafísicos, sem quaisquer superficialidades e simplificações que se esperaria de um autor que cobre terreno tão vasto".

A maioria dos livros de Schuon já foi traduzida para as principais línguas do mundo, como inglês, espanhol, alemão, italiano, russo e árabe. Suas obras em português são as seguintes:

Raízes da Condição Humana (São Paulo, Kalon, 2014. Tradução de Alberto V. Queiroz.)
A Unidade Transcendente das Religiões (São Paulo, Irget, 2011. Nova tradução, revista e ampliada. Tradução de Mateus Soares de Azevedo e Alberto V. Queiroz.)
Forma & Substância nas Religiões (São José dos Campos, 2010. Tradução e apresentação de Mateus Soares de Azevedo.)
A Transfiguração do Homem (São José dos Campos, 2009. Tradução de Alberto V. Queiroz.)
Para Compreender o Islã (Rio de Janeiro, 2006. Tradução e introdução de M. Soares de Azevedo. Título original: Comprendre l'Islam.)
O Homem no Universo (São Paulo, 2001. Tradução e introdução de M. Soares de Azevedo e Alberto Queiroz. Título original: Regards sur les mondes anciens.)
O Sentido das Raças (São Paulo, 2002. Tradução de Alberto Queiroz e Sérgio Sampaio e introdução de M.Soares de Azevedo. Título original: Castes et Races.)
O Esoterismo como princípio e como Caminho (São Paulo, 1995)
Há duas antologias em Português nas quais Schuon é o principal colaborador. A primeira é "Islã: O credo é a conduta" (Rio de Janeiro, 1990, organizada por Roberto Bartholo e Arminda Campos). O segundo volume é Filosofia Perene e Cristianismo (S. Paulo, Ibrasa, 2016), em que Schuon é o principal colaborador. Vale citar também uma antologia de mestres espirituais contemporâneos, do Oriente e do Ocidente, em que Schuon tem lugar de destaque; trata-se de "O Livro dos Mestres", de Mateus Soares de Azevedo (São Paulo, Ibrasa, 2016).

Poesia

Nos derradeiros anos de vida, Schuon escreveu mais de três mil poemas relativamente breves, em alemão. Uma seleção desses poemas foi logo publicada pela editora alemã Herder, em quatro pequenos volumes intitulados Glück, Leben, Sinn e Liebe (Felicidade, Vida, Sentido e Amor). Posteriormente, a editora suíça Les Sept Flèches iniciou a publicação da obra integral numa edição bilingue em alemão e francês, terminada recentemente com o lançamento do décimo volume. Os poemas sintetizam numa linguagem direta suas visões filosóficas; são como uma suma metafísica e espiritual de toda a rica mensagem schuoniana para o homem contemporâneo.

Em termos de conteúdo, como escreveu William Stoddart na revista perenialista brasileira Religio Perennis, "os poemas alemães de Frithjof Schuon são similares aos de sua coleção inglesa Road to the Heart (1995), mas eles são muito mais numerosos, e o conjunto de imagens, muito mais rico e poderoso. Os poemas abrangem todo aspeto possível da doutrina metafísica, do método espiritual, das virtudes espirituais e do papel e função da beleza. Eles exprimem toda subtileza concebível de conselhos espirituais e morais — e isso não apenas em termos gerais, mas com excepcionais intimidade, detalhe e precisão. Eles exibem incrível agudeza, profundidade, abrangência e compaixão."

"Alguns poemas, prossegue Stoddart, são autobiográficos, com reminiscências de lugares em que Schuon viveu ou que ele visitou: Basileia e Paris, as ruas de contos de fadas de velhas cidades alemãs, o Marrocos e a Andaluzia, a Turquia e a Grécia, o Oeste norte-americano. Outros evocam o gênio de certos povos, como os hindus, os japoneses, os árabes, os peles-vermelhas, e também os cossacos e os ciganos. Outros ainda elucidam o papel da música, da dança e da própria poesia. Em um ou dois poemas, o mundo moderno ateu é o tema de um comentário mordaz e por vezes duramente jocoso.

Frithjof Schuon é o porta-voz preeminente de uma escola de pensamento centrada na expressão e explicação da Filosofia Perene. Esta filosofia é a verdade metafísica atemporal subjacente a diversas religiões e cujas fontes escritas são as Escrituras Sagradas, bem como os escritos dos grandes mestres espirituais. Porque estas verdades são permanentes e universais, este ponto de vista pode ser chamado de "Perenialista". A Filosofia Perene é uma perspectiva importante que pode guiar o estudo das Religiões Comparadas, da Antropologia, das Artes, da Literatura e de muitas áreas afins.

Schuon foi um filósofo na tradição de Platão, Shankara e Eckhart e ele escreveu mais de duas dezenas de livros sobre religião, metafísica, arte sagrada e o caminho espiritual. Descrevendo o primeiro livro de Schuon, A Unidade Transcendente das Religiões, o ganhador do Prêmio Nobel T.S. Eliot escreveu: "Nunca encontrei um trabalho mais impressionante no estudo comparado das religiões do Oriente e do Ocidente", e o estudioso das religiões de renome mundial Huston Smith disse de Schuon, "O homem é uma maravilha viva; intelectualmente no campo da religião, tanto em profundidade quanto amplitude, o paradigma do nosso tempo". Os livros de Schuon foram traduzidos em mais de uma dezena de línguas e são respeitados por autoridades tanto acadêmicas como religiosas. Os escritos de Schuon permanecem inigualáveis na definição dos princípios do pensamento perenialista, bem como nas suas aplicações espirituais, estéticas e em outras áreas relacionadas.

Além de sua eminência enquanto autor, Frithjof Schuon foi também artista e poeta talentoso. Sua arte e sua poesia fluiram naturalmente da sua percepção da criação como espelho da Presença de Deus. Notas do folheto de uma exposição em um museu da arte de Schuon explicam que, "brotando da sua personalidade rica e única, as pinturas de Schuon têm um valor raro, não só no que se refere ao mérito artístico, mas sobretudo devido ao seu dom de manifestar a alma humana no que ela tem de mais nobre e belo; portanto, enquanto veículo da Verdade." O senso do sagrado figura na arte e na poesia de Schuon assim como em seus escritos filosóficos.

Pseudo-Dionísio, o Areopagita

Pseudo-Dionísio, o Areopagita ou simplesmente Pseudo-Dionísio, ou São Dionísio,é o nome pelo qual é conhecido o autor de um conjunto de textos (Corpus Areopagiticum) que exerceram, segundo os historiadores da filosofia e da arte, uma forte influência em toda a mística cristã ocidental na Idade Média. Esses textos foram muito lidos e admirados pelo Abade Suger de Saint-Denis, construtor do primeiro grande exemplar de arquitetura gótica: a basílica de Saint-Denis (ou Pseudo-Dionísio, em português).

O autor se apresenta como Dionísio, o ateniense membro do Areópago, o único convertido por São Paulo (em Atos 17:34), no Século I. Mas provavelmente os textos foram escritos por um teólogo bizantino sírio do fim do século V ou início do século VI, originalmente em grego, depois traduzidos para o latim por João Escoto Erígena.

Até o século XVI, os textos tinham valor quase apostólico, já que Dionísio fora o primeiro discípulo de Paulo de Tarso. Nessa época surgiram as primeiras controvérsias a respeito da sua autenticidade. Argumentava-se que os textos continham marcada influência de Proclo, da escola neoplatônica de Atenas, e portanto não poderiam ser anteriores ao século V. Mas somente a partir do século XIX essa tese foi aceita e o autor desconhecido passou e ser chamado Pseudo-Dionísio.

Apesar disso, por sua linguagem poética e pela coerente exposição de ideias, o Corpus permanece considerado como expressão autêntica do neoplatonismo ateniense e da tradição mística cristã.

É considerado santo pela Igreja Católica, é lembrado no calendário litúrgico no dia 03 de outubro.

Estrutura da Obra

O Corpus Areopagiticum compreende quatro tratados (três longos e um curto) e 10 cartas, que expõem vários aspectos da filosofia cristã, a partir de uma perspectiva mística e neoplatônica.

a) Tratados:

I - De coelesti hierarchia (Da hieraquia celeste), composto de quinze capítulos, trata das hierarquias de anjos citados, segundo um esquema semelhante à Theologia Platonica de Proclo, devidamente cristianizada.
II - De ecclesiastica hierarchia (Da hierarquia eclesiástica), com sete capítulos, descreve e interpreta alegoricamente a liturgia.
III - De divinis nominibus (Dos nomes divinos), em treze capítulos, o mais longo dos livros do Corpus, trata dos nomes atribuídos a Deus, nas Escrituras.
IV - De mystica theologia (Da teologia mística), em cinco capítulos, refere-se ao conhecimento místico.

b) Cartas:

I – Sobre o conhecimento místico.
II – Sobre como Deus está acima do divino e do bem.
III – Trata da divindade oculta de Jesus.
IV – Sobre a encarnação de Jesus, verdadeiro homem e supra-essencial.
V - As trevas divinas.
VI – Exorta a firmeza na verdade.
VII - Crítica a alguns sofistas.
VIII - Sobre a mansidão.
IX – O simbolismo das escrituras.
X – A São João Evangelista, no seu exílio na ilha de Patmos.

Nota

“Há uma grande controvérsia em torno do assunto. Na realidade existiam três santos diferentes: São Dinis, mártir cristão do século I; São Dionísio de Corinto, do século II; e o mais famoso, São Dionísio, o Areopagita, bispo de Atenas do século I, ao qual parece que a Abadia de S. Denis foi dedicada. No século VI, apareceram alguns tratados em grego que se pensava ser de sua autoria. Mais tarde verificou-se que tal julgamento era errôneo, e hoje o autor dessas obras é chamado de Pseudo-Areopagita". (Maria Clara F. Kneese e J. Grinsburg. in, PANOSFSKY, pg. 168 - N. T.)

Rama Coomaraswamy

Rama Poonambalam Coomaraswamy (Nova Iorque, 1926 — 19 de julho de 2006) foi um médico e teólogo católico tradicional estadunidense. Filho do filósofo perenialista indiano Ananda Kentish Coomaraswamy e de dona Louisa Runstein Coomaraswamy.

Formou-se em Geologia, pela Universidade de Harvard, e em Medicina, pela Universidade de Nova York, com especialização em cirurgia torácica e cardiovascular. Ao mesmo tempo, foi um combativo e erudito defensor do catolicismo tradicional, opondo-se decididamente à "nova igreja" que surgiu da absorção, pelo concílio Vaticano II (1962-65), de ideologias modernas como o marxismo, o evolucionismo, o cienticismo e o relativismo. Tais ideologias podem ser sintetizadas pelo termo "modernismo", já anatematizado na encíclica Pascendi, do Papa São Pio X.

Vale notar que o catolicismo tradicional de Coomaraswamy é distinto do catolicismo oficial moderno, sendo ele expoente do sedevacantismo.

Seus principais livros são The Destruction of the Christian Tradition (World Wisdom, 2006), The problems with the New Mass (Tam Publishers, 1996), The problems with the other Sacraments (edição online) e The Invocation of the Name of Jesus in the Western Church (Fons Vitae, 2001).

O único livro em português de Rama Coomaraswamy publicado até aqui é Ensaios sobre a destruição da tradição cristã (2a ed., Editora Irget, 2013), coletânea de textos críticos sobre o marxismo, a Teologia da Libertação e a concepção tradicional cristã de economia; o conflito entre ciência e fé; a Renovação Carismática e o credo e o culto na nova igreja.

Rama Coomaraswamy converteu-se ao Catolicismo aos 22 anos e, paralelamente à sua carreira médica, aprofundou-se em temas teológicos, o que se comprova por seus livros e por sua colaboração regular com revistas especializadas em filosofia das religiões, como a norte-americana Sophia e a canadense Sacred Web. Ele foi também professor de História Eclesiástica no seminário católico independente Santo Tomás de Aquino de Rigfield, Connecticut, EUA, por cinco anos.

Em seus livros, procurou criar pontes intelectuais entre o Catolicismo anterior ao modernismo do concílio Vaticano II e a escola da Filosofia Perene, estabelecida por Frithjof Schuon e René Guénon, e da qual seu pai foi um dos principais expoentes.

Já ao final da vida, em 1999, Rama Coomaraswamy foi ordenado sacerdote católico, segundo os ritos antigos. O bispo que o ordenou foi Lopez-Gaston, da linhagem do bispo Vietnamita Ngô Thuc, que participou do concílio Vaticano II.

Morreu de complicações decorrentes de um câncer de medula óssea. Deixou esposa e quatro filhos.

Experimento Ganzfeld

Um Experimento Ganzfeld (do alemão "campo inteiro") é uma técnica usada no campo da parapsicologia para testar a percepção extrassensorial (ESP na sigla em Inglês) em algum indíviduo. Nela é usada uma estimulação sensorial homogênea e despadronizada para produzir o chamado efeito ganzfeld, que é um efeito semelhante ao de privação sensorial (nesta há redução ou a remoção deliberada de estímulos de um ou mais dos sentidos como visão, etc.). O Termo Ganzfeld pode ser utilizado tanto para nomear o ambiente onde o experimento se realiza quanto para o próprio experimento.

O efeito ganzfeld tem sido utilizado em muitos estudos de neurociência, além da parapsicologia. A privação de estímulos sensoriais padronizados é para propiciar as impressões geradas internamente no indivíduo, algumas das quais poderiam ter origem extrassensorial. A técnica foi idealizada por Wolfgang Metzger, em 1930, como parte de sua investigação sobre a teoria gestalt.

Parapsicólogos como Dean Radin e Bem Daryl dizem que experimentos ganzfeld apresentaram resultados que se desviam da aleatoriedade em um grau significativo, e que esses resultados apresentam, até o momento, algumas das mais fortes evidências quantificáveis ​​para a existência da telepatia . Todavia, críticos como Susan Blackmore e Ray Hyman alertam que os resultados não são conclusivos e consistentemente indistinguíveis do nullus resultarum (Hipótese nula).

Transcomunicação instrumental

A transcomunicação instrumental (TCI) estuda a comunicação entre vivos e mortos através de aparelhos eletrónicos como por exemplo rádio, televisão, telefone e computador.

Por vezes o termo é confundido com o fenômeno da voz eletrônica que, por se tratar apenas da manifestação de vozes em aparelhos, está contido dentro da TCI.

A possibilidade de comunicações com o mundo espiritual sem a interferência direta de um médium, foi considerada por diversos inventores no começo do século XX. Nos Estados Unidos, em 1920, Thomas Edison disse ao repórter B.F. Forbes que ele estava trabalhando em uma máquina que poderia fazer contato com espíritos de mortos. Jornais do mundo todo noticiaram a história. Depois de alguns anos Edison admitiu que ele inventou a história toda. (Thomas Edison National Historical Park).

No Brasil, o português naturalizado Augusto de Oliveira Cambraia, patenteou, em 1909, o "Telégrafo Vocativo Cambraia" de 1909, que propunha um sistema de comunicação a distância, utilizando-se 'das almas e espíritos que vagam pela estratosfera', este último referindo-se talvez aos atuais satélites de comunicação (RAINHO)

A primeira obra sobre o assunto, ainda sem a moderna denominação, foi "Vozes do Além pelo Telephone (Novo e admirável systema de communicação - Os espíritos fallando pelo telephone)" de Oscar D'Argonnel, publicada no Rio de Janeiro, em 1925. O autor conhecido pesquisador espírita do começo do século XX, nela reuniu diversos casos onde a comunicação com os mortos podia dar-se através do telefone. Apesar de suas ponderadas considerações, por ser um veículo particularmente propenso a fraudes e engodos, o assunto não mereceu outras abordagens mais sérias, durante décadas.

A moderna fase da TCI iniciou-se com o crítico de arte sueco Friedrich Jürgenson (1903-1987) que, em seus momentos de lazer, em sua casa de campo em Molbno, tinha o hábito de gravar o canto dos pássaros da região. Em 1959, ao escutar uma dessas gravações, deparou-se com vozes humanas entre os cantos gravados. Estranhou o fato, uma vez que estivera absolutamente só ao realizar a gravação, no meio de um bosque. Ao ouvir com mais cuidado, notou que se tratava de vozes de pessoas e que podiam ser percebidas palavras em vários idiomas, o que descartava a hipótese de interferência de alguma emissora de rádio. Aprofundando-se em novas gravações, assombrou-se ao perceber que as vozes o chamavam pelo nome, por apelidos e que podiam responder a perguntas feitas no local, o que também descartava a hipótese de captação de rádio-amador ou outro tipo de transmissão à distância. Indagando de quem seriam aquelas vozes, a resposta não tardou: "Somos os mortos...".

A partir de então, Jüergenson aprofundou-se nas pesquisas e aperfeiçoou o método de captação da vozes. Com os resultados obtidos, lançou a obra "Sprechfunk Mit Verstorbenem" (1967, publicada em língua portuguesa em 1972 sob o título "Telefone para o Além"), tornando o assunto conhecido do grande público.

Outra referência sobre a pesquisa em TCI é o trabalho do Dr. Konstantin Raudive (1909-1974) publicada sob o título "Unhörbares Wird Hörbar" (1968), publicada em língua inglesa em 1971 sob o título "Breakthrough". Nela relaciona diversos nomes de estações emissoras do além, como a "Stúdio Kelpe", "Rádio Peter", "Kegele", "Kostule", "Ponte Goethe", "Vários Transmissores", "Rádio Sigtuma", "Arvides", "Irvines", entre outras (RAUDIVE, 1971:178).

Posteriormente, em 1978 o pesquisador estadunidense George Meek, através de um aparelho de sua invenção, o "Spiricom", estabeleceu diálogo com um espírito identificado como "Dr. Muler". Na década de 1980 muitos outros contatos foram registrados por outros pesquisadores, nomeadamente na Europa.

No Brasil

Nos anos 1970, a escritora Hilda Hilst foi uma pioneira nas experiências com Transcomunicação Instrumental, tendo gravado diversas vozes em sua residência, a Casa do Sol. Em entrevista à revista Planeta de Julho de 1977, afirmou ter se interessado pelo tema após ler o livro Telefone para o Além, de Friedrich Jürgenson.

O Brasil sediou um Congresso Internacional de Transcomunicação em Maio de 1992, na cidade de São Paulo, com a participação dos pesquisadores Hernani Guimarães Andrade e Sônia Rinaldi. No país, à época, a maioria das comunicações era registada através de gravadores de fita magnética.

Materialização

A materialização, segundo muitos espiritualistas, no Ocidente mais notadamente adeptos e simpatizantes da Doutrina Espírita, é o fenômeno mediúnico no qual um espírito desencarnado ou um objeto qualquer, não proveniente do mundo físico, torna-se visível e tangível. É, portanto, uma manifestação de efeitos físicos. Mas é importante frisar que na Codificação Espírita não existe o termo materialização, Kardec se limitou a chamar de aparições tangíveis, palpáveis.

Afirmam determinadas obras espíritas, que para que um espírito desencarnado materialize o seu perispírito ou um objeto inexistente no mundo físico, ele tem que fazer uso de uma substância semi-material exalada pelos seres vivos em geral e, em maior quantidade, pelos médiuns de efeitos físicos, chamada de ectoplasma. Também o termo ectoplasma é inexistente na Codificação Espírita (o primeiro registro que se tem desse termo foi feito por Charles Richet, Nobel em Medicina), mas aparece em outras obras espíritas, como o livro "Espírito, Perispírito e Alma" (1984) do engenheiro e parapsicólogo Henani G. Andrade. Na Codificação, os Espíritos falam de fluidos, de sua condensação mais ou menos vaporosa, nunca usando o termo ectoplasma.

A mediunidade de efeitos físicos, mais comum na segunda metade do século XIX, foi responsável pelos primeiros fenômenos que deram origem tanto ao Moderno Espiritualismo quanto a Doutrina Espírita. Encontram-se inúmeros registros de mediunidade de efeitos físicos no Antigo Testamento. Moisés foi um grande médium destes efeitos. Na verdade, relatos de efeitos mediúnicos sempre existiram, porém os homens os tratavam como milagres, guiados pela ignorância e superstição. Há também que se definir e distinguir Espiritualismo de Espiritismo, sendo o primeiro apenas o contrariamento ao materialismo e o segundo, a Doutrina ditada pelos Espíritos e compilada por Kardec. Espiritualismo não nasceu com as manifestações que chamaram a atenção dos intelectuais franceses da época em que surgiu o Espiritismo, mas sempre houve, uma vez que está latente no ser humano uma intuição sobre sua natureza física e espiritual, seja católico, protestante, ou adepto de outra; aliás, pode-se dizer que todas as religiões são espiritulistas. Logo, espiritualista é todo aquele que crê ter uma alma ou espírito, e segue-se que nem todo espiritualista é espírita, mas todo espírita é necessariamente espiritualista.

Como a presença de um ou mais médiuns de efeitos físicos é alegadamente essencial à ocorrência de fenômenos de materialização, são raros os Centros Espíritas que atualmente mantêm sessões com tal finalidade. Tais sessões raramente são públicas, devendo os interessados, geralmente, fazer contato prévio com os seus dirigentes para delas participarem. Os espíritos podem se utilizar dos fluidos especiais para os efeitos físicos que queiram fazer, mesmo sem o conhecimento do médium. Acerca dos fenômenos, o que se busca hoje, aliás, é o que o próprio Kardec afirmara outrora: o que se deve buscar é o efeito moral da fenomenologia, e não esta em si mesma, sendo seu estudo importante para a ciência espírita, mas jamais a base da Doutrina Espírita.

Materialização de peças em parafina e outras

As chamadas peças em parafina constituem-se em moldes de partes dos corpos dos espíritos produzidos no processo de materialização em reuniões mediúnicas com o objetivo de estudos dos fenomênos de efeitos físicos.

Embora não se tenha comprovado a autenticidade dessas peças, elas podem ser encontradas no Museu Nacional do Espiritismo (MUNESPI) em Curitiba.

Médiuns muitas vezes não ligados ao espiritismo também alegam ser capazes de reproduzir fenômenos de materialização. A exemplo, Edelarzil Munhoz Cardoso é famosa por suas materializações "apport" em meio ao algodão.

Outras demonstrações

Uma outra forma de demonstração de materializações são as chamadas "fotografias espíritas", que por sinal, nunca puderam ser cientificamente refutadas ou comprovadas.

Médiuns de efeitos físicos

No Brasil, destacaram-se nomes como Anna Prado, Carmine Mirabelli e outros.

Materialização e a Ciência

A questão acerca da existência ou não de espíritos fora outrora questão recorrente em ciência, nos idos anos de seu nascimento e adolescência. Em época em que a separação entre as formas de pensar religiosa e científica ainda não havia se dado por completo; em época que acreditava-se que seres vivos emergiam espontaneamente da matéria inanimada; em época que muitos dos fenômenos científicos tentavam-se explicar como resultantes direta ou indiretamente da existência de fluidos imperceptíveis quasi-transcendentais de naturezas diversas, a citarem-se o calórico e o luminífero; é certamente correto afirmar que indagações sobre materializações de objetos a partir de tais fluidos também fizeram-se recorrentes na ciência. A conexão com os fluidos espíritas fez-se imediada: nessa época dominada pela ideia dos fluidos transcendentes ocorre a codificação do espiritismo.

Idos os distantes séculos XVII, XVIII, e XIX, e, encontrando-nos atualmente no século XXI, uma regressão histórica acerca da rápida evolução da ciência desde a sua dissociação da metodologia religiosa quando do julgamento de Galileu perante o Santo Ofício mostra-nos que, se outrora a ideia dos fluidos fora recorrente, esta rapidamente mostrou-se incorreta diante dos avanços alcançados em função do forte mecanismo de autocorreção intrínseco ao método científico: nas teorias científicas modernas os fluidos etéreos e indetectáveis não mais integram as explicações para os fenômenos tangíveis conhecidos. Como exemplos desse avanço, a temperatura dos corpos liga-se não mais à quantidade de calórico mas sim à energia cinética média das partículas de um sistema; e o éter luminífero mostrou-se em verdade inexistente frente a experiências como a de Michelson e Morley, e teoricamente desnecessário frente à teoria eletromagnética atual. Os avanços na biologia rapidamente desbancaram o vitalismo e a ideia do fluido vital; o advento da física nuclear levou às bombas nucleares de Hiroshima, Nagasaki, e no ápice da Guerra Fria os avanços na compreensão das naturezas físicas e da inter-relação entre matéria e energia levaram a bombas de hidrogênio cerca de 5000 vezes mais potentes (Bomba Tsar) que suas primas de fissão.

Diante dos conhecimentos físicos atuais quanto à estrutura da matéria e quanto às leis da conservação - pilares da física moderna - faz-se hoje correto afirmar que a ideia de materialização de objetos a partir do nada, ou mesmo a partir de fluidos transcendentais emanados por seres vivos, na atual etapa da história do universo, não encontra qualquer corroboração científica; e, para a ciência moderna ao menos, tais fenômenos classificam-se, na melhor das hipóteses, como fruto de uma ilusão dos sentidos. Não há também evidência científica alguma que corrobore a existência de espíritos, e embora uma mistura dos conceitos em discussão continuem a ser estudados por doutrinas não científicas, esses também não enquadram-se como fenômenos naturalmente verossímeis à luz da ciência moderna. Espiritismo, embora clame ser uma doutrina que visa a conciliar religião, ciência e filosofia, não é uma ciência, tampouco uma ciência natural ao rigor da acepção moderna do termo.

Elucidando, à luz da conservação da energia, que conta com uma inexorável e muito conhecida contribuição dada por Albert Einstein, E=mC², e encontra-se igualmente presente no cerne da teoria quânica (expressando-se no hamiltoniano do sistema em foco), a materialização de um pequeno e simples objeto com cerca de 60 gramas de massa implicaria a preexistência de uma fonte de energia capaz de fornecer a energia equiparável à liberada na explosão de 100 (cem) bombas nucleares idênticas à jogada em Hiroshima. Como outra possibilidade, a transmutação de elementos, à exemplo na materialização de um simples prego a partir de outros elementos químicos encontrados, digamos, no ar ou no algodão, implicaria energias envolvidas se não muito maiores, pelo menos com igual ordem de magnitude. Vale lembrar que toda a energia oriunda do sol provém da constante conversão de hidrogênio em hélio, em um processo de fusão nuclear em cadeia que ocorre em seu núcleo.

Tal escala energética coloca todos os fenômenos de materialização em questão literalmente fora da realidade natural. A materialização descrita pela doutrinas espiritualistas não encontra corroboração alguma frente à ciência moderna.

Sessão espírita

Sessão espírita, séance ou reunião mediúnica acontece quando pessoas buscam obter supostas comunicações com espíritos. No Brasil, a primeira sessão espírita registrada ocorreu em 17 de setembro de 1865, em Salvador, pelo jornalista Luís Olímpio Teles de Menezes, um dos pioneiros do Espiritismo no país.

Reuniões mediúnicas segundo o espiritismo

Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, cap. 29, discorre sobre reuniões mediúnicas e centros espíritas, à época chamados de "sociedades espíritas". Ele classificou as reuniões em 3 tipos: frívolas, experimentais e instrutivas, de acordo com a moralidade e interesses dos espíritos e médiuns que participam da sessão.

Cientistas adeptos

Entre os cientistas que pesquisaram sessões espíritas e acreditaram que entraram em contato com espíritos de falecidos através delas, incluem-se o físico Sir Oliver Lodge, o químico e físico Sir William Crookes, o co-criador da teoria da evolução Alfred Russel Wallace, o psiquiatra e criminologista Cesare Lombroso, o inventor do rádio Guglielmo Marconi, o inventor do telefone Alexander Graham Bell e o inventor da tecnologia de televisão John Logie Baird, que afirmou ter contactado o espírito do inventor Thomas Edison.

Críticas

Citando a falta de evidências, céticos e ateus geralmente consideram as sessões espíritas, tanto as religiosas quanto as seculares, como fraudes, ou, no mínimo, uma forma piedosa de fraude.

Alguns cristãos protestantes, acreditam que os espíritos podem ser contatados, considerando interpretações literais da Bíblia. Ao mesmo tempo, defendem que a Bíblia proíbe especificamente este tipo de contato.

Os parapsicólogos católicos, como o jesuíta Carlos María de Heredia, também consideram as sessões espíritas como fraudes.

Mediunidade

Mediunidade envolve um ato em que o praticante, denominado médium, afirma receber mensagens de pessoas mortas e de outros espíritos que ele acredita existirem. Alguns médiuns afirmam ser totalmente conscientes e despertos no contato com espíritos. Outros afirmam perder contato durante um transe parcial ou completo, em um típico estado alterado de consciência. Estes autodenominados "médiuns em transe" muitas vezes afirmam que quando retornam do estado de transe não têm lembrança das mensagens transmitidas por eles. Por isso é habitual o uso de um assistente que escreve ou registra as palavras dos médiuns.

Tabuleiro ouija

Tabuleiro ouija ou tábua ouija é qualquer superfície plana com letras, números ou outros símbolos em que se coloca um indicador móvel. Foi criado para ser usado como método de necromancia ou comunicação com espíritos.

Os participantes colocam os dedos sobre o indicador que então se move pelo tabuleiro para responder perguntas e enviar mensagens dos supostos espíritos. Há um jogo de tabuleiro registrado no Departamento de Comércio dos Estados Unidos da América com o nome de Ouija, mas a designação passou a ser usada para caracterizar qualquer tabuleiro que se utilize da mesma ideia.

No Brasil há variantes conhecidas como brincadeira do copo, jogo do copo, ou ainda sessão de copo, em que um copo faz as vezes do indicador para as respostas. Também é conhecido como brincadeira do compasso, quando se usa um compasso como indicador. Existem também apoios para a utilização de lápis durante as sessões.

O tabuleiro não necessita ter um formato retangular. Muitos tabuleiros ouija são circulares. Como indicadores, em vez do ponteiro, podem utilizar uma moeda ou um copo de vidro. Afirma-se que este último não é aconselhável porque o espírito poder vingar-se utilizando o copo.

Premonição e Precognição

Premonição é a sensação ou advertência antecipada do que vai acontecer, é sinônimo de pressentimento. É circunstância ou fato que deve ser tomado como aviso; presságio. A palavra é muito conhecida devido à literatura e aos filmes que a têm como tema principal, explorando a capacidade sobrenatural de se prever o futuro. O termo premonição ou sonhos premonitórios (sonhos de advertência ou aviso) é utilizado para designar a suposta ocorrência de avisos sobre acontecimentos futuros, freqüentemente associados a fatos calamitosos em natureza. As informações são recebidas via experiência mediúnica individual (contato da consciência com a 4ª dimensão do mundo, uma dimensão não material, atemporal) ou através dos sonhos.

Premonição no senso comum

Mesmo sendo uma informação "empírica", portanto factível de comprovação o fenômeno chega a ser visto com bons olhos pelas pessoas. Os indivíduos que afirmam ter tido premonições normalmente dizem que a experiência ocorreu durante um sonho. As experiências podem variar em natureza, com tendências a ser um forte sentimento ou convicção de que algo ocorrerá (sendo a forma mais branda de premonição) as visões mediúnicas sobre os acontecimentos estando em estado de plena vigília e plena consciência. Estas visões normalmente são imagens capazes de aflorarem quando o ser humano está num estado de choque consciencial.

No oriente, o livre acesso "para fora da condição temporal" pode ser conseguido pelos "yogues", acessando o que dizem ser os "registros akáshicos". É sabido que os autistas são capazes de executarem façanhas surpreendentes sem esforço aparente, apenas utilizando as habilidades mentais. Na sabedoria popular é comum dizer que: "se dormimos pensando em um problema freqüentemente resulta em acordar com a solução". A mente humana está plena de informação, experiência e conhecimento a respeito do mundo. Se a mente é capaz de tal cálculo, então há provavelmente um meio de aumentar esta capacidade. A concentração durante um trabalho pode ser alcançada com eficiência caso seja possível excluir todos os pensamentos e ideias alheias ao assunto, incluindo chamados e advertências. O que é necessário é um estado de associação livre, onde a mente se concentre em um tema qualquer em particular, mas permanecendo livre para considerar ideias casuais. As poucas pessoas que informaram sobre os sonhos e experiências premonitórias relataram que as "premonições" ocorrem em intervalos de alguns meses, e que vêm a mente inesperadamente, de forma espontânea.

Relatos

Abraham Lincoln e o sonho profético (ou premonitório) a respeito de sua morte e enterro, que ele relatou tanto para o seu guarda-costas como para sua esposa, poucas horas antes do seu assassinato.
A Bíblia também relata fatos correlatos com Daniel (דניאל) que é um dos quatro profetas do cristianismo. A sua vida e Profecias estão incluídas na Bíblia no Livro de Daniel.
Existe também um relato de "Julio", integrante do grupo Mamonas Assassinas, num vídeo amador, 12 horas antes da viagem, afirmou ter sonhado que o avião que ele viajaria com o grupo para eventos sofreria um acidente. Logo depois, o avião sofreu uma pane e todos do grupo morreram.

Precognição

Precognição (latim pre-cognitio) é uma percepção extra-sensorial na qual o indivíduo percebe uma informação sobre um futuro local ou evento antes dele acontecer.

Os paradoxos (e seu tratamento na ficção) são semelhantes aos ocorridos nas viagens no tempo.

Experimentos

A capacidade de precognição foi testada em vários indivíduos ditos sensitivos que se submeteram a testes controlados por laboratórios independentes. Um desses indivíduos foi o inglês Malcolm Bessent (1944-1997).

No primeiro estudo, os alvos das experiências consistindo de estímulos multissensoriais eram criados com base numa palavra chave selecionada aleatoriamente no livro de Calvin Springer Hall e Robert L. Van de Castle, The Content Analysis of Dreams, que possui um conteúdo de itens específicos e frequências de relatos de 500 sonhos masculinos. O alvo do episódio era gerado e apresentado a Bessent após seu despertar pela manhã. Correspondências entre as transcrições dos sonhos para cada uma das oito noites e dos oito episódios alvo foram avaliadas numa base cega por três árbitros independentes que não tiveram outro contato no estudo. Pelo acaso, esperar-se-ia apenas uma avaliação correta da correspondência de pares pelos árbitros, mas a média das avaliações foi de cinco pares alvo-transcrição corretos, um resultado estatisticamente significante.

O segundo estudo de sonhos precognitivos também envolveu oito sessões de sonhos precognitivos. O procedimento diferia do primeiro nos seguintes aspectos:

(a) os alvos eram pré-definidos em episódios áudio-visuais envolvendo slides tematicamente relacionados e efeitos de som (por exemplo, slides de pássaros acompanhados do som do canto dos pássaros);
(b) um complexo procedimento de aleatorização foi usado para selecionar um ponto de entrada numa tabela de números aleatórios para determinar o episódio alvo;
(c) o alvo que serviu como influência precognitiva nos sonhos de Bessent em noites numeradas ímpares também serviu como influência pré-sono nas noites subseqüentes numeradas pares, permitindo a comparação de influências sensoriais pré-sono e precognitivas no conteúdo do sonho de Bessent;
(d) o alvo foi selecionado e apresentado para Bessent aproximadamente 24 horas depois de iniciada a sessão precognitiva.

O procedimento de avaliação foi similar ao utilizado no primeiro estudo. A média da avaliação dos árbitros para as noites precognitivas foi novamente superior ao acaso atingindo um resultado significante com cinco acertos. Interessantemente, os resultados das sessões pré-sono estavam dentro do esperado pelo acaso.

Em um terceiro experimento de precognição envolvendo um gerador de números aleatórios binário, Bessent tentou predizer qual das duas lâmpadas coloridas acenderia após ele apertar o botão associado com sua escolha. O RNG automaticamente registrava o número de acertos em cada série de 16 provas em um contador digital. Em 15.360 provas, Bessent obteve um índice de sucesso estatisticamente significante de 51.2%.

Além dos estudos precognitivos, Bessent foi o percipiente de dois estudos envolvendo PES contemporânea ("tempo real"). Estes incluem um estudo de sonhos em tempo real a longa distância e um estudo de leituras "psíquicas". No estudo de 1973 de Krippner et al., Bessent, dormindo no Laboratório de Sonhos do Maimonides, tentou sonhar com slides selecionados aleatoriamente que eram projetados ao público em um concerto de grupo de rock chamado "The Grateful Dead", realizado por um período de seis noites em Port Chester, NY, a aproximadamente 45 milhas do Laboratório Maimonides. Os resultados foram estatisticamente significantes, com quatro de seis sessões obtendo acertos diretos. No estudo de Stanford e Palmer, Bessent tentou fornecer leituras "psíquicas" para 20 pessoas alvo ausentes cujas amostras de cabelo foram usadas como objetos símbolo. Avaliações cegas das leituras pretendidas para cada uma das pessoas alvo foram comparadas com a média das avaliações das leituras pretendidas para três outras pessoas alvo. Embora um interessante achado post hoc relacionado à freqüência alfa do EEG tenha sido encontrado, o índice de sucesso total de Bessent não foi significativo.

Em um sexto estudo, Malcolm Bessent completou 1.000 testes em um experimento feito com o auxílio de um computador comparando os modos de alvo precognição e tempo real. Um gerador de números aleatórios (RNG) eletrônico baseado em diodo serviu como a fonte do alvo. O modo de alvo era aleatoriamente selecionado no início de cada série de 10 testes e era desconhecido a Bessent até o término de cada série. A tarefa de Bessent era identificar o alvo verdadeiro de uma amostra de 4 imagens de "cartas" ilustradas apresentadas em um exibidor de gráficos de computador.

Baseado na história de pesquisa antecedente de Bessent, duas hipóteses foram testadas:

(a) Bessent mostraria um índice de acerto estatisticamente significativo no modo de alvo precognitivo e
(b) seu desempenho precognitivo seria estatisticamente superior ao seu desempenho em alvos de tempo real.

O tamanho da amostra das séries, métodos de análise, e critérios de significância foram todos especificados com antecedência. Ambas as hipóteses foram confirmadas. O índice de sucesso de Bessent no modo de alvo precognitivo foi 30.4 % (n = 490; p =.0039) Isto está bem acima do índice de 25% esperado pelo acaso sobre um intervalo de confiança de 95%, o que dá aproximadamente 27.2% como limite mais baixo. O desempenho em tempo real não excedeu o esperado pelo acaso (25.9% acertos, n = 510, p =.34). A diferença entre os modos de tempo real e precognitivo foi significativa (p =.045). Análises exploratórias sugerem que o desempenho estava relacionado ao modo de resposta e latência: acertos significativos ocorreram quando as respostas de Bessent estavam baseadas em impressões cognitivas, mas não quando estavam baseadas em sentimentos ou adivinhações, e ele foi mais acurado em testes nos quais levou mais tempo para dar sua resposta.

Extensos testes de aleatoriedade documentaram a adequação do RNG. Os testes incluíram séries de certificação do RNG globais testando a distribuição uniforme dos valores de byte do RNG (n = 6 x 106 bytes) e vieses seqüenciais (n = 8 x 106 bits), bem como os testes da seqüência alvo presente. Um controle de checagem cruzada empírico, advogado pelo crítico Ray Hyman, no qual as respostas de Bessent para uma série foram deliberadamente não coincidentes contra alvos pretendidos para uma outra série, também forneceu resultados próximos ao esperado pelo acaso.

Várias hipóteses rivais incluindo pistas sensoriais, aleatorização defeituosa, erros no tratamento dos dados, viés de seleção dos dados, análise múltipla, e fraude foram discutidas e consideradas inadequadas. Esse foi o quarto experimento de precognição com Bessent, cada um envolvendo uma metodologia diferente e cada um obtendo um resultado estatisticamente significante. O resultado combinado é altamente significativo (z = 5.47, p = 2.26 x 10-8). Concluiu-se que os resultados fornecem evidência para comunicações anômalas envolvendo precognição não inferencial.