sábado, 20 de maio de 2017

Mantra

Mantra (do sânscrito Man, mente e Tra, controle ou proteção, significando "instrumento para conduzir a mente") é uma sílaba ou poema religioso, normalmente em sânscrito. Os mantras se originaram do hinduísmo, porém são utilizados também no budismo e jainismo, bem como notoriamente por práticas espirituais que não têm vínculo com religiões estabelecidas. No tantrismo, são usados para materializar as divindades.

O mantra é uma fórmula mística e ritual recitada ou cantada repetidamente pelos fiéis de certas correntes budistas e hinduístas. O termo é uma palavra em sânscrito que significa 'controle da mente'. O mantra é repetido de forma a auxiliar a concentração durante a meditação. Alguns mantras famosos são 'Namo Amito' (glória a Buda) e 'Om Sri Shanaishwaraya Swaha' ('Om' e 'saudações a Saturno, o planeta dos ensinamentos').

Os mantras Tibetanos são entoados como orações repetidas. O budismo mahayana do Tibete usa mantras em tibetano, o zen-budismo do Japão os usa em japonês. John Blofeld encontrou, em Hong Kong, no começo do século XX, mantras cuja língua ninguém sabia identificar, e que pareciam uma alteração de um original sânscrito.

Para algumas escolas, especificamente as de fundamentação técnica, mantra pode ser qualquer som, sílaba, palavra, frase ou texto, que detenha um poder específico. Porém, é fundamental que pertença a uma língua morta, na qual os significados e as pronúncias não sofram a erosão dos regionalismos por causa da evolução da língua. Existem mantras para facilitar a concentração e meditação, mantras para energizar, para adormecer ou despertar, para desenvolver chacras ou vibrar canais energéticos a fim de desobstruí-los.

Mecanismo de funcionamento

Ao longo dos anos, os ocidentais que chegaram ao oriente tentaram explicar porque os mantras produzem os efeitos esperados. Blofeld, que estudou por dentro as culturas indiana e chinesa, notou que não é necessário saber o significado das palavras ditas.

Alguns psicólogos ocidentais defendem que o mantra possui uma energia sonora que movimenta outras energias que envolvem quem o entoa. Blofeld observou que não importa a correção da pronúncia: encontrou o mesmo mantra entoado de forma muito diferente em países diversos, e sempre produzindo os efeitos esperados.

Outra explicação seria a mesma usada para explicar o efeito dos mudras: um gesto repetido por tantas pessoas durante tantos séculos teria criado um tipo de "caminho energético" - que podemos chamar de marca no akasha, ou no inconsciente coletivo - que é rapidamente seguido pela psique da pessoa que o executa.

Muito comum é o apoio do japamala, uma espécie de rosário utilizado para contar a repetição obrigatória de 108 vezes da entoação de um mantra.

Alguns mantras comuns

Asa To Ma (Védico)
Gayatri mantra (védico)
Om namah Shivaya (shivaísta)
Om namah shiva lingan (shivaísta)
Shiva Shiva maha dêva (shivaísta)
Om shiva Om Shakti Namah Shiva Namah Shakti (shivaista)
Om namah kundaliní (sânscrito)
Om mani padme hum (sânscrito)
Om namo bhagavate vasudevaya (do sânscrito)
Om tare tütare ture soha (tibetano)
Om tare tam soha (tibetano)
Nam myoho rengue kyo (Saddharma-pundarika Sutra, em sânscrito)
Maha-mantra (sânscrito)
Namerarenguékioh kioh namere klatisfas
Om bazara tamaku hakani yasha han

O Maha Mantra

A vibração transcendental estabelecida pelo canto do Maha Mantra Hare Krishna permite a purificação gradual dos corpos materiais, do mais denso ao mais sutil, e restabelece a consciência no seu estado original de sat cit ananda - eternidade, conhecimento e bem-aventurança.

O Kalishantarana Upanishads recomenda, de forma acertada, que cantemos:

Naradah punan prapaccha tannama kimiti sa hovaca hiranyagarbah:

hare krsna hare krsna krsna krsna hare hare hare rama hare rama rama rama hare hare

isti sodashkam namnam kalikalmasanasanam annatah parataropayah sarvavedesu drisyate sodasakalavritasya jivasyavaranaviasanam tatah prakasate param-brahma meghapaye raviasmimandaliveti (2)

Como vemos, primeiramente vem Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare e, depois, hare rama hare rama rama rama hare hare.

No Yoga e outros Darshanas

No Sanatana Dharma e nos seus principais Darshanas (no Yoga, chama-se Japa-Yoga ou Mantra-Yoga), o Mantra exerce importância singular por dois grandes motivosː primeiramente, por tratar-se de Angas, partes ou sequências dos hinos dos livros sagrados (Vedas ou derivações autorizadas dos Mesmos, como os Upanishads), e também por se tratar de instruções na forma de palavras ditadas diretamente pelos Ríshis ou sábios, ou devido aos Lilas do Senhor (ditados diretamente por Ele ou por seus emissários). Em segundo lugar, por tratar-se da personificação do Nome ou Nama do Senhor Supremo ou Brahman em Si mesmo, na forma escrita e articulada sonoramente. Os Mantras devem tão somente ser emitidos sob a restrita autorização do Guru ou Mestre Espiritual, de acordo com a forma que Este orientar. No mais das vezes, os Mantras são articulados na forma de Japa, ou repetição curta, com o uso de um Mala com 108 contas. Este processo pode ser em três níveis, a saber: sussurrado, cantado ou mentalmente. Quanto mais desenvolvida a concentração do Sadhaka (praticante), maior será a sua capacidade de mantralização na forma mental, ou Manasika-Mantra. Há um processo chamado Ajapa-japa, que é a repetição de determinados Mantras conforme a respiração, ou Pranayama.

O praticante deverá ter a devida reverência ou vênia espiritual para com o seu Guru, a Sampradaya ou família espiritual à qual Ele pertence, e jamais pensar que Nama (nome) e Rupa (forma) são distintos do Senhor em Si mesmo. Por conseguinte, um pretendente não deverá cantar Mantras sem a devida autorização do seu Mestre Espiritual, porque é mais danosa uma prática sem orientação do que nenhuma prática. Assim diz a tradição de Sadhu-Guru e Sastra (conforme a sabedoria dos mestres nas Escrituras). Hari Om Tat Sat


Dharana

Dharana é um termo sânscrito (Devanagari: धारणा) vem da raiz sânscrita dhri, que significa segurar ou reter,concentração, às vezes conhecida como samadhana é um dos oito ramos do yoga clássico.

A base deste exercício yogue esta no ekagrata, concentração em um único ponto.

A pratica de concentração, que precede a contemplação ou meditação profunda (dhyana), é fundamental que o yogi proceda a introversão, limitando a atividade mental a apenas a contemplação de um objeto observado.

Ela representa a reunião das energias físicas, que é acompanham por um alto grau de inibição ou introversão pratyahara. e diminuição do ritmo do pensamento reflexivo. A concentração yogue pode ter um ampla variedade de objetos artha, como uma mandala, um yantra ou um bijamantra. Quando a concentração aumenta surge o dhyana.

Existem praticas de dharana para a focalização de partes internas do corpo e a retenção da respiração.

É a sexta parte do Asthanga yoga.

A diferença entre Dharana, Dhyana, e Samadhi está no nível de concentração empregado pelo praticante.

Ashtanga Vinyasa Yoga

Ashtanga Vinyasa Yoga é um sistema de yoga que tem a sua origem no antigo manuscrito Yoga Korunta, compilado pelo sábio Vamana Rishi. O manuscrito é conhecido por conter séries agrupadas de asanas e de ensinamentos e técnicas corporais sovre vinyasa, drishti, bandhas, mudras, e outros ensinamentos. Sua forma atual foi desenvolvida na Mysore Palace em Mysore, Índia., e é frequentemente atribuída à Sri K. Pattabhi Jois, por meio de seu Satguru, Krishnamacharya. Os oito passos indicados pela palavra ashtanga referem-se especificamente aos oito passos delineados pelo sábio Patanjali.

Yoga Sutras

Yama (códigos morais)
Niyama (purificação e estudo)
Asana (postura)
Pranayama (controle da respiração)
Pratyahara (controle dos sentidos)
Dharana (concentração)
Dhyana (meditação)
Samadhi (contemplação)

A história e lenda

A série de exercícios do Ashtanga Vinyasa é dito ter a sua origem no antigo texto Yoga Korunta, compilado por Vamana Rishi, e que Krishnamacharya recebeu de seu Guru Rama Mohan Brahmachari no Monte Kailash. Este manuscrito mais tarde passou à Sri K. Pattabhi Jois. Krishnamacharya teve influência considerável em relação a muitas das formas modernas de yoga ensinadas hoje. Muitos professores atuais, como BKS Iyengar e Indra Devi, juntamente com o Sri K. Pattabhi Jois, foram seus alunos.

Krishnamacharya era bem conhecido por adequar seus ensinamentos às características específicas da pessoa ou grupo que ele estava ensinando e a série Vinyasa para adolescentes é um resultado disto. Krishnamacharya não estava praticando essas séries nesta época, nem ensinou todos os praticantes da mesma forma. Ao trabalhar na sua convalescença em Maharaja, Mysore, Krishnamacharya fez um shala, ou uma escola de yoga, com os mesmos fundamentos e adaptou a vinyasa prática para os rapazes que moravam lá. Vinyasa, por isso, foi pensada como uma prática muito exigente em seu caráter físico, que pode ser bem sucedida em canalizar a hiperatividade dos jovens. Este sistema pode também ser usado para ajudar a acalmar o fluxo de pensamentos na mente, reduzindo o estresse e ensinando personalidades extrovertidas a se tornarem mais introvertidas para consciência dos seus corpos e manutenção do foco durante suas práticas.

O Método Vinyasa

Este sistema de yoga é caracterizado pela concentração na respiração pranayama sincronizada com movimentos e posturas ásanas. O esforço vem da manutenção da qualidade da respiração de forma que, em movimentos ascendentes, inspira-se e, em movimentos descendentes, expira-se, mantendo a respiração contínua e profunda durante toda a prática. A respiração torna a prática vigorosa e facilita a realização das posturas. O Ashtanga Vinyasa Yoga não se trata de competição, rapidez ou flexibilidade, mas consiste na realização de ásanas, que são as posturas e pranayama, que é o controle da respiração[3] sincronizados que surtem efeitos físicos, mentais e espirituais gradativamente.

São ao total seis séries de posturas que devem ser praticadas na mesma ordem. No Brasil, geralmente ensina-se a primeira e segunda séries e em média leva-se de um ano e meio a três anos para realizar a primeira série se houver disciplina. Não há limite de tempo, gênero ou idade para desenvolver as práticas do Ashtanga Vinyasa Yoga, tudo dependerá dos limites de cada um. Ashtanga Yoga é tradicionalmente ensinada no estilo Mysore (prática supervisionada), em que cada aluno evolui através da prática em seu próprio ritmo e limite. No Ocidente, é mais comum encontrar aulas dedicadas a uma série específica guiada por um instrutor.

As séries do ashtanga vinyasa yoga

Todas as séries já são estabelecidas e não mudam suas ordens; mas mesmo assim as séries podem ser adaptadas a critério do praticante. São ao todo seis séries oficiais. No Brasil geralmente as aulas e workshops trabalham com as duas primeiras.

Vinyasa, ou respiração sincronizada com movimentos, consiste em realizar os asanas e as transições entre asanas ligando as inspirações e expirações respiratórias a um determinado movimento. O objetivo do vinyasa é criar calor no corpo através da respiração. Com o calor, os fluidos corporais se tornam menos viscosos, melhoram circulação e a eliminação de substâncias nocivas à saúde. Durante a prática de asanas, os líquidos sinoviais nas articulações se tornam mais líquidos, ampliando a capacidade articular gradualmente. Os músculos e tendões se se acomodam melhor em suas posições devido à frequente utilização de força e alongamentos. A prática de asanas junto com as técnicas respiratórias, como os bandhas, expandem a capacidade inspiratória e expiratória, fortalecendo e alongando também os músculos intercostais.

Antes de iniciar a prática, realizam-se as Saudações ao Sol ou Surya namaskar A e B. Esta é a sequência de abertura. Em seguida realizam-se os asanas fundamentais. As seqüências seguintes compõem os asanas das séries propriamente ditas. São a série primária  a série intermediária  a série avançada A, a série avançada B e as séries avançadas C e D. Ao final da série praticada, realizam-se as posturas finais. O iogue então pratica a seqüência Primária, Intermediária ou Avançada A, B, C ou D, dependendo do seu nível de perícia.

A seqüência é:

Surya namaskar A
Surya namaskar B
Fundamentais
Série primária
Série intermediária
Série avançada A
Série avançada B
Série avançada C
Série avançada D
Finais

A série primária tem o objetivo de limpeza dos órgãos internos e dos demais tecidos do corpo através do suor e do aumento da temperatura corporal, mais chamada como cleanses. A utilização dos bandhas junto com a respiração ujjayi aumentam a temperatura do corpo, o que causa transpiração, muitos resíduos do interior da pele são liberados na transpiração. Com músculos e tendões aquecidos, eles se tornam mais flexíveis possibilitando que as fibras musculares acomodem-se melhor entre si. Nas posturas invertidas a circulação dos fluidos no corpo também fica invertida. Sangue e linfa circulam com pressão diferente, possibilitando a drenagem de toxinas nos vasos e tecidos do corpo.

A série intermediária, ou nadi sodana tem o objetivo de purificar o sistema nervoso tonificando os nervos. Com os músculos e os demais tecidos já limpos e fortificados pelas seqüências da série primária, o praticante já está flexivel e com os tecidos preparados o suficiente para praticar a segunda série, ou a série intermediária, que é composta por várias posturas de força, equilíbrio e de flexão dorsal da coluna vertebral, como em Ustrasana na figura, mudando a curvatura da medula nervosa e dos feixes nervosos, tonificando-os.

A série avançada A, ou sadhis, tem o objetivo de promover controle sobre os movimentos do corpo e da concentração mental. O objetivo é cultivar um poder interno que controla a força e o equilíbrio numa seqüência que exige muita concentração em posturas que desafiam a gravidade, a flexibilidade e o equilíbrio. As séries seguintes têm o objetivo de transcendência corporal e mental. São necessárias décadas de prática e disciplina para atingir este estágio.

Praticar a série intermediária sem antes ter o conhecimento e a prática da série primária pode acarretar lesões físicas e transformações mentais e psicológicas inesperadas. É preferível seguir a ordem estabelecida pelas séries, pois a postura anterior prepara para a postura seguinte, evitando lesões ou dores. O mesmo acontece com as diferentes séries entre si, onde a série primária realiza a limpeza do corpo para que seja possível tonificar e trabalhar o sistema nervoso na série intermediária. Com corpo e nervos fortes e desintoxicados, o controle da concentração e do corpo pode ser trabalhado com conforto nas séries mais avançadas.

Respiração Ujjayi

A respiração Ujjayi significa respirar devagar através das narinas e fazê-lo contraindo levemente a glote produzido um som de sussuro na garganta. Deve-se escutar o mesmo som na inspiração e na expiração se concentrando no ritmo. Esta técnica funciona como guia para a prática por produzir um som constante. Uma respiração muito forçada pode direcionar para uma prática forçada. Ujjayi Pranayama é uma técnica de respiração. Ao realizá-lo, calor é a primeira sensação. Se diz que através desta técnica os praticantes de yoga criam energia suficiente para derreter neve ao seu redor, mas está técnica também oferece energia suficiente para realizar esforços físicos aparentemente impossíveis.

Bandhas

Há três bandhas que são considerados as fechaduras internas do corpo, prescritas em diferentes posturas. O bandha é uma contração sustentada por um grupo de músculos que auxilia o praticante na manutenção da contração muscular ou da postura e mantém o corpo aquecido. Um deles se localiza na pélvis, o diafragma urogenital; o segundo se localiza na área acima do umbigo, no abdome; e o último se localiza na garganta.

O Mula bandha, ou bloqueio raíz, é acionado apertando os músculos ao redor da área do ânus e períneo, o diafragma urogenital. Esta contração alinha a pélvis com a coluna vertebral e impede o relaxamento total da parte inferior do corpo durante os ásanas. O mula bandha deve estar contraído durante toda a prática, prinicpalmente nas expirações. Este bandha realiza uma força interna contra a gravidade mantendo os órgãos do baixo ventre suspensos.

O Udiyana bandha, muitas vezes descrito por estar acima do umbigo na base da coluna torácica, é uma contração da musculatura da parede abdominal inferior - este bandha é considerado o mais importante bandha pois ele suporta nossos órgãos internos superiormente, ajuda à expandir a caixa torácica aprofundando a respiração e incentiva o desenvolvimento do núcleo da musculatura abdominal e costal. Esta contração deve ser enfatizada na inspiração para ajudar a expandir o tórax.

O Jalandhara bandha, a trava da garganta, é realizada abaixando o queixo ligeiramente e direção ao peito, enquanto se ergue o esterno e o palato trazendo a olhar para a ponta do nariz. Esta contração é realizada somente em algumas posturas.

Drishtis

Drishti, ou focalizar o olhar, é um meio para o desenvolvimento da força de concentração. Esta técnica é empregada em uma variedade de posturas. Há, no total, nove drishtis que instruem ao estudante de yoga como focalizar o seu olhar. Cada um está associada a um determinado drishti. Eles incluem:

Angusta ma dyai: para o polegar
Broomadhya: para o terceiro olho, ou entre as sobrancelhas
Nasagrai: um ponto em seis centímetros da ponta do nariz
Hastagrai: à palma, geralmente a mão estendida
Parsva: para o lado esquerdo
Parsva: para o lado direito
Urdhva: para o céu, ou para dentro
Nabichakra: para o umbigo
Padayoragrai: para o dedão do pé

Niyama

Niyama (em samskrta: नियम) é um conjunto de comportamentos codificados como "as observâncias" em numerosas escrituras hindus incluindo as Upanishades Shandilya e Varuha, o Hatha Yoga Pradipika de Gorakshanatha, o Tirumantiram de Tirumular e os Yoga Sutra de Pátañjali. Todos os textos acima listam dez Niyama, com exceção dos trabalhos da Patanjali, que enumera apenas cinco. Eles compreendem orientações para a nossas relações com o mundo interior, e o Swami Vivekananda descreve-as como a segunda etapa do Rája Yoga (sânscrito: राज योग).

Os dez tradicionais Niyama são:

Hri: remorso, ser modesto e mostrar vergonha por seus erros;
Samtosha: contentamento; estar satisfeito com os recursos ao seu dispor, portanto, não desejando mais;
Dana: dar, sem pensar em recompensas;
Astikya: fé, acreditar firmemente em seu professor, e os ensinamentos para atingir a iluminação;
Íshvara pujána: culto ao Senhor, o cultivo da devoção através de culto e meditação diária, o regresso à fonte;
Siddhanta shravana: ouvir, estudar os ensinamentos das escrituras, ouvir os sábios da sua própria linhagem;
Mati: cognição, o desenvolvimento de uma vontade e um intelecto espiritual com a orientação do guru;
Vrata: votos sagrados, cumprir as promessas religiosos, regras e observá-las fielmente;
Japa: recitação, mantras diários;
Tapa: culto da força de vontade para resistência; a fome e sede, calor e frio, manter-se de pé e sentado etc.

Nos Yoga Sutra de Patañjali, os Niyama são a segunda parte dos oito passos do Rája Yoga. Eles são encontrados no Sádhaná Páda verso 32:

Shaucha: Pureza. Na codificação tradicional, este item é listado como um Yama; essa palavra significa "pureza", "limpeza".
Samtosha: Contentamento.
Tapa: Têmpera da auto exigência.
Svádhyáya: Auto estudo - Conhece-te (e estuda os Shástra, e torna-te Sábio)
Íshvara Pranidhána: Entrega do resultado das acções.

Ainsa

Ainsa (a-i) (do sânscrito अहिंसा, ahimsâ, "não injúria") é um princípio ético-religioso adotado principalmente pelo jainismo e presente no hinduísmo e no budismo, e que consiste em não cometer violência contra outros seres. O ainsa é inspirado pela premissa de que todos os seres vivos têm uma centelha da energia espiritual divina; consequentemente, ferir alguém é ferir a si próprio. O ainsa também se relaciona à ideia de que qualquer violência tem consequências cármicas. Antigos estudiosos do hinduísmo foram pioneiros na formulação do conceito de ainsa e o desenvolveram ao longo do tempoː contudo, o princípio do ainsa veio a atingir particular importância na ética jainista.

O preceito de "não causar dano" do ainsa inclui intenção, palavras e pensamentos do praticante. A literatura clássica do hinduísmo, como o Mahabharata e o Ramáiana, e estudiosos contemporâneos costumam debater os princípios do ainsa em situações de guerra e de defesa pessoal, fornecendo elementos para a doutrina da guerra justa.No Ocidente, o princípio do ainsa popularizou-se (ainda que de uma forma distorcida, segundo alguns) graças a Mahatma Gandhi (1869-1948).

Etimologia

A palavra sânscrita ahimsa deriva do radical hiṃs, "bater, golpear"; hiṃsā significa "dano", a-hiṃsā significa o oposto, isto é, "ausência de dano", "não violência".

Existe um debate sobre a origem do termo ahimsa e sobre a forma como seu sentido evoluiu. Manfred Mayrhofer e Dumot sugerem que a etimologia da palavra possa ser han, "matar", o que leva à interpretação de que ahimsa significa "não matar". Já Schmidt e Henk Bodewitz defendem que a etimologia correta da palavra é hiṃs e o verbo sânscrito hinasti, o que leva à interpretação de que ahimsa significa "não ferir". Wackernagel-Debrunner concorda com a segunda explicação.

Na literatura clássica sânscrita do hinduísmo, a palavra adrohi é, algumas vezes, usada no lugar de ahimsa, como uma das virtudes cardeais para a vida moral. Um exemplo está no Baudhayana Dharmasutra 2.6.23: वाङ्-मनः-कर्म-दण्डैर् भूतानाम् अद्रोही ("Aquele que não fere outros com palavras, pensamentos ou atos é chamado de adrohi".).

Hinduísmo

Antigos textos védicos

O conceito de ainsa se desenvolveu ao longos dos textos védicos. Os textos mais antigos, enquanto discutem os rituais de sacrifício de animais, mencionam, indiretamente, o ainsa, porém sem enfatizá-lo. Ao longo do tempo, os rituais e o conceito de ainsa foram sendo continuamente refinados e enfatizados, até que, no período védico tardio (por volta de 500 a.C.), o ainsa se tornou a virtude máxima. Por exemploː o hino 10.22.13 do Rigveda usa as palavras satya (verdade) e ahimsa numa oração ao deus Indra. Mais tarde, o Iajurveda, datado de 1000 a 600 a.C., dizː "possa todo ser me olhar com olhos benévolos, possa eu fazer o mesmo, e que ambos possamos nos olhar com os olhos de amigo."

O termo ahimsa aparece no texto Taittiriya Shakha do Iajurveda (TS 5.2.8.7), se referindo à não injúria ao próprio sacrificante. Aparece várias vezes no Satapatha Brahmana com o sentido de "não injúria". A mais antiga referência à ideia de não violência a animais (pashu-ahimsa) está no Kapisthala Katha Samhita do Iajurveda (KapS 31.11), que foi escrito por volta do século VIII a.C. Bowker diz que o termo aparece porém com pouca frequência nos principais Upanixades. Kaneda cita exemplos de uso do termo nos Upanixades. Outros acadêmicos sugerem que o ainsa começou seu desenvolvimento nos Vedas, até se tornar um conceito central dos Upanixades.

O Chāndogya Upaniṣad, datado do século VIII ou VII a.C., um dos mais antigos Upanixades, tem a mais antiga evidência do termo ahimsa no sentido comum do hinduísmo (como um código de conduta). Ele proíbe a violência contra "todas as criaturas" (sarvabhuta), e o praticante de ahimsa é tido como capaz de escapar ao ciclo das metempsicoses (CU 8.15.1).Alguns estudiosos acreditam que o conceito tenha sido uma concessão do hinduísmo védico à crescente influência do jainismo.

O Chāndogya Upaniṣad nomeia o ahimsa, junto com o satyavacanam (verdade), arjavam (sinceridade), danam (caridade) e tapo (penitência/meditação), como as cinco virtudes essenciais (CU 3.17.4).

O Sandilya Upanixade lista dez obrigaçõesː ahimsa, satya (verdade), asteya (não roubar), brahmacharya (castidade, fidelidade), daya (compaixão), arjava (sinceridade, não hipocrisia), kshama (paciência), dhriti (persistência), mitahara (alimentação moderada) e saucha (pureza mental, de fala e corporal).

Literatura épica

O Mahabharata menciona, várias vezes, a frase Ahimsa Paramo Dharma (अहिंसा परमॊ धर्मः), que significa, literalmente, "a não violência é a mais alta virtude moral". Por exemploː o Mahaprasthanika Parva, que é o 17º dos dezoito livros que compõe o Mahabharata, tem o versoː

अहिंसा परमॊ धर्मस तथाहिंसा परॊ दमः।
अहिंसा परमं दानम अहिंसा परमस तपः।
अहिंसा परमॊ यज्ञस तथाहिस्मा परं बलम।
अहिंसा परमं मित्रम अहिंसा परमं सुखम।
अहिंसा परमं सत्यम अहिंसा परमं शरुतम॥

Esse trecho enfatiza a importância capital do ainsa dentro do hinduísmo, significando, literalmenteː "O ainsa é a mais alta virtude, o ainsa é o mais alto autocontrole, o ainsa é o maior presente, o ainsa é o melhor sofrimento, o ainsa é o mais alto sacrifício, o ainsa é a melhor força, o ainsa é o maior amigo, o ainsa é a melhor felicidade, o ainsa é a verdade mais elevada, o ainsa é o melhor ensinamento". Outros livros do Mahabharata que discutem a frase Ahimsa Paramo Dharma são o Adi Parva, o Vana Parva e o Anushasana Parva. O Bagavadguitá, entre outros temas, discute qual a resposta apropriada diante da violência da guerra, desenvolvendo os conceitos de violência legítima e guerra justa. Entretanto, não há consenso sobre esta interpretação. Gandhi, por exemplo, interpreta este trecho como uma metáfora para a guerra interna que se processa dentro de todo ser humano que é confrontado por dilemas morais.

Autodefesa, direito penal e guerra

Os textos clássicos do hinduísmo dedicam vários capítulos à discussão sobre o que um praticante de ainsa pode e deve fazer quando confrontado com situações de guerra, ameaça de violência ou necessidade de sentenciar alguém culpado por um crime. Essa discussão levou à formulação de várias teorias sobre a guerra justa, sobre a autodefesa aceitável e sobre a punição proporcional. O Artaxastra discute, entre outras coisas, o que constitui a resposta e a punição proporcionais.

Guerra

Dentro do hinduísmo, o ainsa prega que toda guerra deve ser evitada através de um diálogo sincero. A força deve ser o último recurso. Se a guerra é necessária, sua causa deve ser justa, seu propósito deve ser virtuoso, seu objetivo deve ser limitar o mal, sua finalidade deve ser a paz, seu método deve ser correto. A guerra somente pode ser iniciada e finalizada por uma autoridade legítima. As armas utilizadas devem ser proporcionais ao oponente e ao objetivo da guerra, e não devem produzir destruição aleatória. Todas as estratégias e as armas utilizadas devem visar à vitória sobre o adversário, e não a causar dor ao adversário. Por exemploː o uso de flechas é permitido, mas não o uso de flechas embebidas em veneno doloroso. Os guerreiros devem usar o discernimento no campo de batalha. Crueldade para com o oponente durante a guerra é proibido. Guerreiros feridos ou desarmados não devem ser atacados ou mortos, e sim recolhidos e tratados. Crianças, mulheres e civis não devem ser feridos. Durante a guerra, o diálogo sincero em busca da paz deve ser mantido.

Autodefesa

No que tange à autodefesa, diferentes interpretações têm sido oferecidas a antigos textos hindus. Por exemplo, Tähtinen sugere queː a autodefesa é apropriada; criminosos não são protegidos pela regra do ainsa; e as escrituras hindus apoiam o uso de violência contra um agressor armado. Ainsa não implica em pacifismo.

Teorias alternativas de autodefesa inspiradas pelo ainsa construíram princípios similares às teorias da guerra justa. O aiquidô, originário do Japão, é um exemplo desses princípios de autodefesa. Morihei Ueshiba, o fundador do aiquidô, descreveu sua inspiração como ainsa. De acordo com esta interpretação do ainsa para a autodefesa, o ser humano precisa ter consciência de que o mundo não está livre da agressão. Precisa ter consciência de que algumas pessoas, por ignorância, medo ou raiva, atacarão outras pessoas ou invadirão seu espaço física ou verbalmente. O objetivo da autodefesa, sugeriu Ueshiba, deve ser neutralizar a agressão do atacante, e evitar o conflito. A melhor defesa é aquela na qual a vítima fica protegida, e o agressor é respeitado e não ferido, se possível. Sob a égide do ainsa e do aiquidô, não há inimigos, e a autodefesa apropriada foca em neutralizar a imaturidade, as suposições e os movimentos agressivos do atacante.

Direito Penal

Tähtinen conclui dizendo que os hindus não têm receios quanto à pena de morte; a posição dos hindus é a de que quem comete crimes que merecem a morte deve ser morto, e o rei é obrigado a punir os criminosos e não deve hesitar em matá-los, mesmo que eles sejam seus próprios irmãos e filhos.

Outros estudiosos concluem que as escrituras hindus sugerem que as sentenças para qualquer crime precisam ser justas, proporcionais e não cruéis.

Pacifismo

Não consenso quanto ao pacifismo entre os estudiosos atuais do hinduísmo. O conflito entre as interpretações pacifistas do ainsa e as teorias da guerra justa prescritas pelo Gita foi solucionada por alguns estudiosos como Gandhi como a guerra sendo uma alegoria da batalha que se processa dentro de todo ser humano entre suas tendências mais elevadas e suas tendências demoníacas.

Vida não humana

O preceito hindu de "não causar injúria" se aplica aos animais e a todas as formas de vida. O preceito não se encontra nos versos mais antigos dos Vedas, mas se tornou progressivamente uma das ideias principais dos Vedas entre 500 a.C. e 400. Nos textos mais antigos, numerosos ritos de sacrifício de animais como vacas e cavalos são destacados, e não há, praticamente, menção ao ainsa aplicado a vida não humana.

Escrituras hindus datadas entre os séculos V e I a.C., enquanto discutem a dieta humana, inicialmente sugerem que carne kosher pode ser consumida; posteriormente, sugerem que somente carne obtida em rituais de sacrifício pode ser consumida. Finalmente, diz que os homens não devem comer carne pois isso causa sofrimento aos animais, e versos descrevem que a vida nobre é a que vive apenas de flores, raízes e frutas.

Textos posteriores declaram que o ainsa é uma das virtudes fundamentais, e declaram que ferir ou matar qualquer ser vivo é contrário ao darma (lei moral). Finalmente, a discussão nos Upanixades e nos épicos hindus passa para a discussão sobre a possibilidade ou não de o ser humano conseguir viver sem ferir os animais e as plantas; quais e quando as plantas ou os animais podem ser comidos; se o ferir animais torna os homens menos compassivos; e se e como os seres humanos podem causar o menor dano possível aos não humanos, dada a exigência do ainsa e as necessidades próprias dos seres humanos. O Mahabharata permite a caça realizada por guerreiros, porém a proíbe no caso de ermitões, que precisam ter uma conduta estritamente não violenta. O Sushruta Samhita, um texto hindu escrito no século III ou IV, no seu capítulo XLVI, sugere que o melhor remédio para curar certas doenças é uma dieta apropriada, e recomenda peixes e carne para tratar várias doenças e para mulheres grávidas. O Charaka Samhita descreve a carne como o melhor alimento para os convalescentes.

Ao longo dos textos do hinduísmo, existe uma profusão de ideias quanto à aplicação do ainsa a vidas não humanas, porém não existe um consenso. Alsdorf defende que o debate e as divergências entre os vegetarianos e os carnívoros eram significativos. Até as exceções apresentadas - rituais de sacrifício e caça - eram contestadas pelos partidários do ainsa. No Mahabharata, tanto os carnívoros como os vegetarianos apresentam vários argumentos para sustentar seus pontos de vista, e um caçador defende sua profissão em um longo discurso.

Muitos dos argumentos a favor da não violência para com os animais se referem à satisfação que tal atitude gera, bem como a seus supostos efeitos cármicos.

Os antigos textos hindus discutem o ainsa aplicado à vida não animal. Eles desencorajam a destruição aleatória da natureza, inclusive de plantas selvagens ou cultivadas. Ermitões (sannyasins) são estimulados a adotar uma dieta à base de frutas para evitar a destruição de plantas. Acadêmicos defendem que os princípios da não violência ecológica são inatos à tradição hindu, e que sua fonte conceitual é a virtude cardeal do ainsa.

A literatura clássica do hinduísmo existe em muitas línguas indianas. Por exemploː o Tirukkuṛaḷ, escrito entre 200 a.C. e 400, algumas vezes chamado de "Veda tâmil", é um dos mais queridos clássicos do hinduísmo escritos em uma língua do sul da Índia. O Tirukkuṛaḷ dedica os capítulos 26, 32 e 33 do Livro 1 à virtude do ainsa, enfatizando, respectivamente, o vegetarianismo, a não violência e o não matar. O Tirukkuṛaḷ aplica o ainsa a todas as formas de vida.

Tempos atuais

Do século XIX até hoje, proeminentes figuras da espiritualidade indiana como Swami Vivekananda, Ramana Maharshi, Swami Sivananda, Bhaktivedanta Swami Prabhupada e Vijaypal Baghel enfatizaram a importância do ainsa.

Gandhi

Gandhi promoveu o princípio do ainsa em todas as esferas da vida, principalmente na política (swaraj). Seu movimento satyagraha de não violência teve um imenso impacto na Índia, impressionou a opinião pública ocidental e influenciou líderes de vários movimentos por direitos políticos e civis como Martin Luther King Jr. e James Bevel. No pensamento de Gandhi, o ainsa proíbe não apenas infligir dor física, mas também estados mentais agressivos, comportamento violento, palavras duras, desonestidade e mentira. Gandhi acreditava que o ainsa era uma força criativa que conduzia todo ser humano a encontrar satya, a "verdade divina". Sri Aurobindo criticou o conceito de ainsa de Gandhi por ser pouco realista e não aplicável a todas as situações; ele adotou uma posição pragmática não pacifista, dizendo que a justificação da violência depende das circunstâncias específicas de cada situação. Sri Aurobindo também afirmou que a postura de Gandhi levou à partição da Índia na medida em que teria bloqueado a ação do povo indiano durante as décadas de 1920 e 1930, atrasando a independência indiana e permitindo, dessa forma, o crescimento dos movimentos que queriam uma Índia dividida.

Gandhi disse que "o ainsa está no hinduísmo, está no cristianismo e também está no islamismo". E acrescentouː "a não violência é comum as religiões, mas encontrou sua mais alta expressão e aplicação no hinduísmo (não considero o jainismo e o budismo separados do hinduísmo). Quando questionado se a violência e a não violência são ambas ensinadas no Alcorão, disseː "ouvi muitos amigos muçulmanos dizerem que o Alcorão ensina o uso da não violência. O argumento sobre a não violência no sagrado Alcorão é uma interpolação, não necessária para minha tese."

Mahatma Gandhi fez, do ainsa, o báculo de sua doutrina política. Gandhi definiu a manifestação de ahimsa assim: "A não violência não consiste em renunciar a toda luta real contra o mal. A não violência, tal como eu a concebo, empreende uma campanha mais ativa contra o mal que a lei de talião, cuja natureza mesma traz como resultado o desenvolvimento da perversidade. Eu levanto, frente ao imoral, uma oposição mental e, por conseguinte, moral. Trato de amolecer a espada do tirano, não cruzando-a com um aço mais afiado, mas defraudando sua esperança ao não oferecer resistência física alguma. Ele encontrará em mim uma resistência da alma, que escapará de seu assalto. Essa resistência primeiramente o cegará e em seguida o obrigará a dobrar-se. E o fato de dobrar-se não humilhará o agressor, mas o dignificará [...]"

Sua concepção, no entanto, se tratava de uma distorção do antigo princípio iogue de ahimsa. Ao rejeitar qualquer tipo de violência, a filosofia de Gandhi se torna menos eficaz, como observou Prabhat Ranjan Sarkar em um de seus discursos: "Embora a abordagem humanista funcione em certos casos, ela na maioria das vezes não produz resultado algum; e mesmo quando funciona, demora muito tempo a fazê-lo." E continuouː "Se qualquer país comete atrocidades contra suas minorias ou ataca qualquer vizinho frágil, então os outros vizinhos devem reagir; mobilizando a força necessária, eles devem deter o tirano para estabelecer a paz sutil. Por isso, as pessoas que desejam restaurar a paz sutil terão de fazer esforços contínuos para ganhar forças. É impossível que as cabras estabeleçam a paz sutil numa sociedade de tigres. Infelizmente, aqueles que acreditam que a não violência seja evitar o uso da força não podem estabelecer a paz sutil, e nem defender a liberdade conquistada a duras penas."

Albert Schweitzer

Um estudo histórico e filosófico do ainsa foi utilizado por Albert Schweitzer para formular o princípio da "reverência pela vida". Schweitzer louvou as tradições filosóficas e religiosas indianas pela ética do ainsa, pois "o surgimento do mandamento de não matar e não ferir é um dos maiores eventos da história espiritual da humanidade". Ao mesmo tempo, no entanto, Schweitzer observou que não matar e não ferir não são sempre possíveis nos casos de autodefesa, e não são éticos em casos como o de fome intensa.

Ioga

O ainsa é imperativo para os praticantes do raja-ioga de oito partes de Patandjáli. Faz parte da primeira parte, sendo o primeiro dos cinco yamas (autoproibições). A primeira parte, junto com a segunda parte, constitui o código de conduta da ioga. O ainsa ainda é um dos dez yamas do hata-ioga de acordo com o verso 1.1.17 do clássico manual Hatha Yoga Pradipika. O significado do ainsa como a primeira proibição da primeira parte da ioga é a de que ele é o fundamento para o progresso futuro do praticante. É o precursor do asana, ensinando que o sucesso da prática da ioga requer a purificação prévia dos pensamentos, palavras e intenções do praticante através do ainsa.

Jainismo

No jainismo, a compreensão e a implementação do ainsa são mais radicais, escrupulosas e detalhadas do que em qualquer outra religião. Matar qualquer criatura viva sem que a pessoa esteja transtornada por paixões é considerado hiṃsā (ferir), e se abster de tal ato é considerado ahimsā (não ferir). O voto de ainsa é considerado o mais importante dentre os cinco votos do jainismo. Outros votos, como satya (verdade), foram idealizados para proteger o voto de ainsa. Na prática do ainsa, os requerimentos são menos estritos para leigos (śrāvaka) que assumiram os votos menores (anuvrata) do que para os monges jainistas que assumiram os grandes votos (mahavrata). A afirmação ahimsā paramo dharmaḥ está inscrita nas paredes de todos os templos jainistas. Como no hinduísmo, o objetivo é se prevenir da acumulação de carma ruim. Quando Mahavira reviveu e reorganizou a fé jainista no século VI ou V a.C., o ainsa já era uma regra estabelecida e observada estritamente. Rishabhanatha (Ādinātha), o primeiro tirthankara jainista, que os historiadores ocidentais atuais consideram ter sido um personagem histórico real, foi sucedido por Parshvanatha (Pārśvanātha), que viveu por volta do século VIII a.C. Este fundou a comunidade à qual pertenciam os pais de Mahavira. O ainsa já fazia parte da quádrupla proibição (Caujjama), que eram os votos tomados pelos seguidores de Parshva. No tempo de Mahavira e nos séculos seguintes, os jainistas entraram em conflito com os budistas e com os hindus, a quem eles acusavam de negligência e inconsistência na implementação do ainsa. De acordo com a tradição jainista, é obrigatório o lactovegetarianismo ou o veganismo.

O conceito jainista de ainsa tem vários aspectos. Ele não abre exceções para sacrificantes rituais ou para guerreiros-caçadores. Matar animais para se alimentar é terminantemente proibido. Os jainistas também se esforçam em não danificar plantas no dia a dia, se possível. Embora admitam que plantas precisam ser destruídas para o ser humano se alimentar, os jainistas somente permitem essa destruição quando ela é absolutamente indispensável para a sobrevivência humana. Existem instruções especiais para proteger as plantas de destruição desnecessária. Os jainistas costumam se desviar de seu caminho para não ferir insetos e outros pequenos animais que estejam no caminho. Jainistas não costumam sair de casa à noite, porque existe maior risco de se pisar em insetos durante o período noturno. Na visão dos jainistas, ferir algum ser por negligência é tão grave como ferir deliberadamente algum ser. Comer mel é terminantemente proibido, pois isso significaria cometer violência contra as abelhas. Alguns jainistas não trabalham na agricultura, pois isso significaria ferir ou matar acidentalmente vermes e insetos no solo, porém a agricultura não é proibida no jainismo, e existem jainistas agricultores.

Embora todas as formas de vida mereçam ser protegidas de agressões de acordo com a filosofia jainista, esta possui uma hierarquia de formas de vida. Seres móveis merecem maior proteção do que seres imóveis. Os seres móveis são divididos em seres com um sentido, dois sentidos, três sentidos, quatro sentidos e cinco sentidos. Quanto maior o número de sentidos, mais o ser merece proteção. Entre os seres com cinco sentidos, merecem mais proteção os seres racionais (ou seja, o ser humano).

Os jainistas concordam com os hindus que a violência é justificada em situações de autodefesa, e que um soldado que mata seu inimigo numa batalha está cumprindo seu dever. Historicamente, as comunidades jainistas aceitaram o uso da força para sua defesa: já existiram reis, comandantes e soldados jainistas.

Budismo

Nos textos budistas, o ahimsa (ou seu cognato páli avihiṃsā) é o primeiro dos cinco preceitos, e se aplica tanto aos leigos como aos monges. O preceito de ainsa não é um mandamento e sua transgressão não implica sanções religiosas, porém tem consequências cármicas e influi na reencarnação do praticante. Matar pode conduzir ao inferno, e matar um monge pode conduzir a um inferno mais severo e por um período de tempo mais prolongado. Acredita-se que salvar animais de serem mortos para alimentar humanos gera méritos que conduzem a uma reencarnação mais favorável. Os textos budistas não apenas recomendam o ainsa, mas também recomendam se evitar o comércio de produtos que contribuem ou são resultado de violência:

Estes cinco comércios não devem ser praticados pelos seguidores leigos: comércio de armas, comércio de seres vivos, comércio de carne, comércio de intoxicantes, comércio de venenos.
—Anguttara Nikaya V.177
Ao contrário do que é válido para leigos budistas, a prática de ainsa implica em sanções para os monges. Matar conduz à expulsão do monge do sanga, assim como cometer qualquer ofensa ao código de conduta budista Nicaia.

Guerra

Formas violentas de se punir os criminosos e prisioneiros de guerra não são explicitamente condenados pelo budismo, mas este encoraja formas pacíficas de resolução de conflitos e punições com o menor grau possível de sofrimento. Os textos mais antigos condenam os estados mentais que conduzem a comportamento violento.

A não violência é um tema predominante no Cânon Páli. Embora os textos mais antigos condenem o assassinato nos termos mais fortes possíveis, e idealizem o rei ideal como um pacifista, tal rei é protegido por um exército. Parece que o ensino de Buda sobre a não violência não foi interpretado ou posto em prática como um sistema rígido de pacifismo e não serviço militar pelos primeiros budistas. Os textos mais antigos assumem que a guerra é um fato da vida, e que guerreiros bem treinados são necessários para a guerra defensiva.Nos textos em páli, recomendações para se abster da violência e de envolvimento com assuntos militares são direcionados aos membros do sanga; textos maaianas posteriores, que costumam estender as normas monásticas para os leigos, requerem tal conduta também para os leigos.

Os textos mais antigos não contêm a ideologia da guerra justa. Alguns argumentam que um sutra do Gamani Samyuttam proíbe toda forma de serviço militar. No trecho em questão, um soldado pergunta, a Buda, se é verdade que, como lhe disseram, um soldado morto em combate renascerá num reino celestial. Relutantemente, o Buda responde que, se o soldado tiver sido morto em combate enquanto sua mente era dominada pelo desejo de matar, ele sofrerá um renascimento desagradável.Nos textos mais antigos, o estado mental da pessoa no momento de sua morte é visto geralmente como tendo um grande impacto no seu renascimento.

Alguns budistas dizem que antigos textos justificam a guerra defensiva. Um exemplo é o Kosala Samyutta, no qual o rei Pasenadi, um rei justo querido por Buda, descobre que seu reino está prestes a ser atacado. Ele, então, se arma e lidera a defesa de seu reino. Ele perde a batalha mas ganha a guerra. Pasenadi, eventualmente, derrota o rei Ajatasatru e o captura vivo. Pasenadi, então, raciocina que o reino de Ajatasatru, Mágada, cometeu uma transgressão contra o reino de Pasenadi, porém Ajatasatru não cometeu uma agressão pessoal contra ele, Pasenadi. Além do mais, Ajatasatru era o sobrinho de Pasenadi. Pasenadi, então, decide libertar Ajatasatru ileso. Após o retorno de Pasenadi, Buda diz, entre outras coisas, que Pasenadi "é um amigo da virtude, familiarizado com a virtude, íntimo da virtude", enquanto o oposto é dito a respeito de Ajatasatru.

De acordo com os comentários teravadas, existem cinco requisitos para que um ato seja considerado de assassinato e carmicamente negativo: (1) a presença de um ser vivo, humano ou animal; (2) o conhecimento de que o ser é um ser vivo; (3) a intenção de matar; (4) o ato de matar através de algum meio; (5) a morte resultante.Alguns budistas argumentam que o ato de matar é complicado, e sua moralização se baseia na intenção. Outros argumentam que, em situações defensivas, o primeiro ato de um soldado visa a se defender e não a matar, e que, por isso, tal ato teria consequências cármicas negativas mínimas.

De acordo com B.R. Ambedkar, existem circunstâncias evidentes na doutrina de Buda que encorajam o ainsa. "Ame todos, e você não quererá matar ninguém". Sidarta Gautama diferenciou princípio e regra. Ele não fez, do ainsa, uma questão de regra, mas sim uma questão de princípio. Isso dá, aos budistas, liberdade de ação.

Leis

Os imperadores das dinastias Sui, Tang e Sung inicial proibiram matar animais nos meses 1, 5 e 9 do calendário chinês. A imperatriz Wu Zetian proibiu matar animais por mais de um semestre durante o ano de 692.

Existiram proibições após a morte de imperadores, após orações budistas e taoistas e após desastres naturais, como a seca em Xangai em 1926. Houve uma proibição de oito dias após uma enchente em 1959.

As pessoas evitam matar animais durante alguns festivais, como o Festival dos Fantasmas e o Festival Vegetariano.

Yamas

Yama (Samskrta), é literalmente uma "restrição", é uma regra ou código de conduta para viver com um estado de consciência virtuoso. Os Yama definem como devemos orientar as nossas relações com o mundo externo.

Os Yama são dez, codificados como "as regras", em numerosos textos sagrados incluindo as Upanishades Shandilya e Varaha, o Hatha Yoga Pradipika de Gorakshanatha, e os Tirumantiram de Tirumular. Patañjali listas apenas cinco Yama em seu Yoga Sutra.

Os dez yamas tradicionais

Os dez yamas tradicionais são:

Ahimsá: Abstinência a agredir outros, inocência, não causar dor a qualquer criatura por pensamento, expressão, escrita, em qualquer momento. Este é o "principal" Yama. Os outros nove permitem atingir a sua realização.

Satya: Veracidade - palavra e pensamento em conformidade com os fatos.

Asteya: Não roubar - ter inveja, não ficar em débito com outros.

Brahmacharya: conduta ética, continência, abstér-se de ter relações sexuais pessoas, mantendo se fiel quando casado.

Kshama: paciência, não se sentir impelido pelo tempo, manter a atenção no momento presente.

Dhriti: estabilidade, superação da falta de perseverança, superação do medo, superar a indecisão; mantendo em uma tarefa até a sua conclusão.

Daya: compaixão; conquistar o equilibrio, livrando-se dos sentimentos insensíveis e cruéis para com todos os seres.

Arjava: honestidade, retidão, renunciando aos enganos e as injustiças.

Mitahara: moderado apetite, nem comer demais, nem de menos; nem consumir carne, peixe, crustáceos, aves ou ovos.

Shaucha: pureza, evasão de impurezas no corpo, mente e fala. (Nota: o Yoga Sutras de Patanjali lista

Shaucha como o primeiro dos Niyamas).

Outros significados de Yama

Yama é também o nome do senhor do submundo do folclore hindu. Um exemplo disto é história de Nachiketas.

Os cinco yamas de Patañjali

Nos Yoga Sutra de Patañjali, o Yama são a primeira parte dos oito passos do Raja Yoga.

Eles são encontrados no Sádhaná Páda verso 30 como:

Ahimsá: Não matar/ Não agredir
Satya: Verdade
Asteya: Não roubar
Brahmacharya: Correcta elevação da Kundaliní e transmutação da energia sexual
Aparigraha: Não cobiçar

Ioga

Ioga ou yoga (em sânscrito e páli: योग, IAST: yoga, IPA: [joːgə]) é um conceito que se refere às tradicionais disciplinas físicas e mentais originárias da Índia. A palavra está associada com as práticas meditativas tanto do budismo quanto do hinduísmo. No hinduísmo, o conceito se refere a uma das seis escolas (āstika) ortodoxas da filosofia hindu, bem como à meta que esta escola procura atingir como suas práticas.

Os principais ramos da ioga incluem a raja-ioga, carma-ioga, jnana-ioga, bacti-ioga, tantra ioga, tao yoga e hata-ioga. A raja-ioga, compilada nos Ioga Sutras de Patanjali e conhecida simplesmente como ioga no contexto da filosofia hinduísta, faz parte da tradição Samkhya.Diversos outros textos hindus discutem aspectos da ioga, incluindo os Vedas, os Upanixades, o Bagavadguitá, o Hatha Yoga Pradipika, o Shiva Samhita, o Mahabharata e diversos Tantras.

A palavra sânscrita yoga tem diversos significados, e deriva da raiz yuj, que significa "controlar", "jungir", "unir" ou "concentração". Algumas das traduções também incluem os significados de "juntando", "unindo", "união", "conjunção" e "meios". Fora da Índia, o termo ioga costuma ser associado tipicamente com a hata-ioga e suas asanas (posturas) ou como uma forma de exercício.

Um(a) praticante avançado(a) da ioga é chamado de iogue.

O termo ioga

No devanágari, alfabeto utilizado no sânscrito, o termo é originalmente escrito desta forma: योग. Provém da raiz sânscrita yuj, que significa "jungir", "cangar", "arrear", "atrelar", "prender", "juntar". Quando se atrela o boi à canga ou jugo, ou ainda quando se junta a parelha de animais, isto significa que se está colocando esses animais em condições para o trabalho. Por isso, a raiz "yuj" também significa "adequar", "preparar" ou "utilizar".

A ideia de que a raiz "yuj" poderia significar "unir" no sentido de "integrar" (física ou misticamente) surge possivelmente a partir de uma afirmação vedantina que define o Ioga como a "união" entre o Jivatma e o Paramatma, que na verdade passam a ser um só. Mas "yuktam" (que é o particípio passado desse verbo) não significa "unido", mas "atrelado", "preparado" ou "adequado".

Ioga interpretado como "união" nos meios vedantinos, carece de sentido principalmente no Advaita Vedanta, onde tudo é Brâman, o Absoluto que abarca tudo o que existe, então não há a necessidade de "união", pois qualquer desunião, separação é mera ilusão (Maya), por isso há a descoberta da união sempre existente, a descoberta de Brahman em todas as coisas, inclusive no próprio indivíduo.

No Ioga Sutra essa interpretação de ioga como "união" também carece de sentido, pois somos e sempre fomos em essência o Purusha, a consciência incondicionada e eterna, que não precisa ser unida a nada, muito pelo contrário precisa ser desidentificada dos processos fenomenológicos da natureza (Prakrti).

Estudos feitos pelo Ph.d em idiomas e culturas da Índia Dr. Edwin Bryant sugerem que a tradução mais próxima do que palavra original representa é "concentração", uma vez que tudo já está unido.

Definições formais nas escrituras

Os textos hindus que discutem aspectos da ioga incluem principalmente os Upanixades, o Bagavadguitá,o Hatha Yoga Pradipika e o texto mais importante de todos, o Ioga Sutra.

No Bagavadguitá:

"É dito que Ioga é equanimidade da mente". (II, 48) "Ioga é a excelência nas ações". (II, 50)

No Ioga Sutra:

"Ioga é o recolhimento das atividades da mente" (I, 2)

Comentários de Vyasa aos Sutras de Patanjali:

"Ioga é Samadhi". (I, 1)

Nos Upanixades:

"Não conhece doença, velhice nem sofrimento aquele que forja seu corpo no fogo do Ioga. Atividade, saúde, libertação dos condicionamentos, circunspecção, eloquência, cheiro agradável e pouca secreção, são os sinais pelos quais o Ioga manifesta seu poder." Upanixade Shvetashvatara (II:12-13).

"A unidade da respiração, da consciência e dos sentidos, seguida pela aniquilação de todas as condições da existência: isso é o Ioga." Upanixade Maitri, VI:25

"Quando os cinco sentidos e a mente estão parados, e a própria razão descansa em silêncio, então começa o caminho supremo. Essa firmeza calma dos sentidos chama-se Ioga. Mas deve-se estar atento, pois o Ioga vem e vai." Upanixade Katha, VI

Grafia

Particularmente no Brasil, mas também em Portugal e outros países, há uma certa polêmica em relação à ortografia do termo, devido às inúmeras convenções utilizadas para a transliteração de idiomas escritos em caracteres diferentes dos latinos, como o grego, o hebraico e as línguas da Índia. As grafias atualmente propostas aparecem em quase todas as variações possíveis: "yôga", "yoga", "yóga" e, por fim, "ioga", única forma em língua portuguesa que é considerada ortograficamente correta .

A grafia adotada na Wikipédia é "ioga", a forma aportuguesada também utilizada nos dicionários. A exceção é para as citações e nomes próprios de livros ou linhagens, para os quais foram mantidas as grafias originais adotadas na literatura de cada modalidade. Por extensão, é adotada também a forma "iogue" para se designar o praticante de ioga. No entanto, há correntes de estudo que evidenciam que o termo "iogue" deve referir-se apenas àquele que atingiu seu estado mais avançado na prática, ficando o termo "ioguin" reservado a todos os praticantes e aspirantes.

Pronúncia

Na pronúncia do termo sânscrito, ouve-se a primeira e segunda letras (considerando a palavra transliterada para o alfabeto latino) soando rapidamente, o Ô fechado e uma leve prolongação desta letra. O 'ga' é soado rapidamente com o 'g' quase mudo. Podemos ouvir a pronúncia ideal da palavra no subcontinente indiano, principalmente na Índia, já que muitos termos derivados do sânscrito estão sendo preservados pelo hindi, idioma indo-ariano comumente utilizado neste país.

Noutros países em que a filosofia vem sendo praticada com grande entusiasmo observa-se variações interessantes. Na Argentina, a variação é encontrada na pronúncia CHôga, garantindo o som chiado do "y" falado nesta região. No Brasil, a divergência fonética é sobre a letra 'O'.

Estilos

Há centenas de estilos diferentes de ioga no mundo, que propõem diversos caminhos para alcançar o mesmo objetivo: o Samádhi, a Iluminação da Consciência e/ou compreensão da existência.

Vários são os métodos e escolas para se atingir esta meta, porém ela sempre é o referencial. As escolas mais antigas utilizam-se de métodos estritamente técnicos. As escolas mais modernas tem uma conotação tendendo mais ao espiritualismo, fruto da difusão do Vedanta na época medieval. Desenvolveu-se ao longo da história no oriente, particularmente na Índia, e que nos dias de hoje está amplamente difundido no mundo todo, inclusive no ocidente.

Algumas linhas de ioga são: Ashtanga Vinyasa Yoga, Bhakti Yoga, Hatha Yoga, Iyengar Yoga, Jñana Yoga, Karma Yoga, Kriya Yoga, Raja Yoga, Raja Vidya Yoga, Siddha Yoga, Tantra Yoga, Kundalini Yoga, Prakriti Yoga entre outras.

Na Índia, país de origem da ioga, os mestres Krishnamacharya (e seus discípulos B.K.S. Iyengar, Pattabhi Jois, A. G. Mohan e Desikachar), Swami Sivananda, Gurudeva, Swami Vivekananda e Sri Aurobindo são algumas das principais referências.

Ioga Sutra de Pátañjali

A obra Ioga Sutra de Pátañjali (300 a 200 a.C.) é um tratado clássico da filosofia ióguica e contém seus principais aspectos[19]. O sistema filosófico do Ioga como exposto no Ioga Sutra aceita a psicologia, metafísica e fenomenologia da escola Samkhya, por isso pode-se dizer que são duas escolas irmãs, diferenciando apenas no uso do termo Íshvara ("Senhor", um Purusha nunca afetado pela Prakriti): o Ioga usa-o para uma prática chamada Íshvara pranidhána, enquanto o Samkhya não consegue provar ou não provar sua existência.

A obra foi escrita em sânscrito, e oferece uma série de desafios, pois os sutras (literalmente "fio condutor") são aforismos sintéticos, curtos, alguns são tão sintéticos que chegam a ser obscuros. Feitos assim, eles deviam ser decorados pelos alunos e discípulos. E além disso há no texto o uso de diversos termos chave sem sua formalizações, principalmente provenientes do sistema Samkhya que é tomado como base. Por esses motivos o Ioga Sutra se torna de difícil entendimento por aqueles que não fazem parte da cultura do ioga. Assim o Ioga Sutra foi vastamente traduzido e interpretado durante séculos das mais diversas maneiras, por comentadores. O primeiro comentador, além de mais famoso e autorizado, do Ioga Sutra é Vyasa em seu Iogabasya, obra de 500 a 850 d.C.

Ashtanga: os oito pilares da ioga clássica

Referidos como membros ou etapas, são passos que se sobrepõem à medida que se avança no caminho. São:

1 - Yama ou refreamentos
1.1 -Ahimsa ou não violência
1.2 -Satya ou não mentir
1.3 -Asteya ou não roubar
1.4 -Brahmacharya ou não dissipar a sexualidade
1.5 -Aparigraha ou não cobiçar
2 - Niyama ou auto-observações
2.1 -Saucha ou limpeza
do corpo: alimentação, limpezas corporais (shat-karma) e pranayama.
da mente, do intelecto, das emoções
do lugar em que se pratica ioga
2.2 -Santosha ou autocontentamento
2.3 -Tapas ou autossuperação
esforço do corpo, da fala e da mente
2.4 -Svadhyaya ou autoestudo
2.5 -Ishvara pranidhama ou autoentrega
3 - Asana ou posições psicofísicas
4 - Pranayama ou expansão (ayama) da força vital (prána) através de exercícios respiratórios
5 - Pratyahara ou abstração dos sentidos externos
6 - Dharana ou concentração mental
7 - Dhyana ou meditação
8 - Samadhi ou absorção meditativa
Obstáculos: Nove dispersões mentais

Patañjali enumera nove obstáculos ao yoga (Sutra 1.30) que são dispersões ou oscilações mentais, embora outros fatos não enumerados também possam ser considerados obstáculos.

1 - Doença, desequilíbrio do corpo-mente
2 - Apatia, inércia da consciência
3 - Dúvida, conhecimento que oscila entre os pares de opostos
4 - Negligência, falta de investigação dos meios de se alcançar o Ioga
5 - Preguiça, ausência de esforço do corpo e da mente
6 - Incontinência, apetite da consciência pelo gozo dos sentidos
7 - Percepção errônea ou noção incerta, vem do conhecimento errôneo (viparyaya)
8 - Não realização das etapas, é a falha em se alcançar os estados do Ioga
9 - Instabilidade, é a não estabilização da consciência
Aparecem, junto com essas dispersões (Sutra 1.31):

1 - Sofrimento
2 - Angústia, devido à não satisfação de um desejo
3 - Agitação do corpo
4 - Inspiração, uma respiração agitada, sem ritmo, não profunda, rápida, irregular é sintoma de uma mente ainda dispersa
5 - Expiração
Para preveni-las, deve-se praticar disciplina (abhyása) sobre um princípio (tattva) qualquer (Sutra 1.32).