terça-feira, 24 de outubro de 2017

Clarividência,Percepção extrassensorial,Clariaudiência e Psicoenergia

Clarividência, segundo a parapsicologia, é a capacidade de obter conhecimento de evento, ser ou objeto, sem a utilização de quaisquer canais sensoriais humanos conhecidos e sem a utilização de Telepatia. O termo "Clarividência" também é aplicado, em certas escolas de espiritualismo e ocultismo, à chamada "visão espiritual", que permite enxergar planos espirituais ou pelo menos algo pertencente a tais planos. No caso específico do Espiritismo, clarividência, dupla vista e segunda vista são sinônimos. Já lucidez refere-se de modo especial à clarividência sonambúlica.

Clarividência e Espiritismo

O termo clarividência surge pela primeira vez com seu sentido próprio na parte de O Livro dos Espíritos que trata da emancipação da alma. Na questão 402, Allan Kardec trata de uma "espécie de clarividência" que acontece durante os sonhos, onde a alma tem a faculdade de perceber eventos que acontecem em outros lugares. Neste ponto, portanto, ele emprega o termo como uma faculdade de ver à distância sem o emprego dos olhos. Os sonâmbulos seriam capazes deste fenômeno devido à faculdade de afastamento da alma de seu respectivo corpo seguida da possibilidade de locomoção da mesma (q. 432).

Na questão 428, ele indaga aos espíritos sobre a "clarividência sonambúlica". Ele certamente se refere à faculdade já bastante descrita na literatura que trata do sonambulismo magnético, que, na questão 426, os espíritos consideraram equivalente ao sonambulismo natural, com a diferença de ter sido provocado. Os espíritos lhe respondem que as duas faculdades possuem uma mesma causa: a percepção visual é realizada diretamente pela alma do clarividente. Logo a seguir, Kardec pergunta sobre os outros fenômenos da clarividência sonambúlica (q. 429) como a visão através dos corpos opacos e a transposição dos sentidos. Os espíritos reafirmam que os clarividentes veem afastados de seus corpos, e que a impressão que afirmam de estarem "vendo" por alguma parte do corpo, reside na crença que possuem que precisam deste para perceberem os objetos. A existência da faculdade sonambúlica não assegura a veracidade de todas as informações obtidas neste estado, com o que concordam os espíritos (q. 430).

Clarividência Premonitória e Livre-arbítrio

A possibilidade de clarividência premonitória, como a demonstrada por Edgar Cayce e Emanuel Swedenborg, aparenta entrar em conflito com a ideia de que o ser humano seja dotado de livre-arbítrio, pois, aceitando-se que um evento possa ser descrito por antecipação, isso parecerá implicar em que o futuro esteja pré-determinado.

Percepção extrassensorial (PES), também chamada Psi-Gamma (PG), em parapsicologia, é a suposta habilidade de certos indivíduos, chamados "sensitivos" ou "psíquicos", para perceber fenômenos e objetos independentemente de seus órgãos sensoriais. O termo foi cunhado por Joseph Banks Rhine.

Objeto de estudo da pseudociência da parapsicologia, o consenso científico atual não suporta as alegações deste e de outros supostos fenômenos paranormais.

Para fins de estudo e pesquisa, as percepções extrassensoriais tem sido divididas nas seguintes categorias gerais:

Clarividência - Conhecimento de evento, ser ou objeto, sem a utilização de quaisquer canais sensoriais conhecidos.
Telepatia - A consciência dos pensamentos de outro ser, sem utilização de canais sensoriais conhecidos.
Precognição - Conhecimento sobre um futuro evento, ser ou objeto.
Simulcognição - A Simulcognição é o conhecimento da realidade presente.
Radiestesia - Radiestesia ou radioestesia é uma hipotética sensibilidade a determinadas radiações, como energias emitidas por seres vivos e elementos da natureza.
Psicometria (parapsicologia) - Capacidade de ler impressões e recordações pelo contato com objetos.
Retrocognição - Fenômeno parapsíquico espontâneo ou induzido no qual o indivíduo lembraria espontaneamente de lugares, fatos ou pessoas relativos a experiências passadas, sejam elas vidas ou períodos entre vidas.

Clariaudiência

Clariaudiência segundo a Doutrina Espírita é a faculdade mediante a qual o médium ouve vozes, sons, palavras, ruídos, sem a utilização do sentido da audição física, que estão além da percepção normal de nossa audição física comum.

Quase sempre desperta em médiuns que já manifestaram a clarividência. Como essas impressões sonoras não são transmitidas aos órgãos auditivos físicos, o médium tem a impressão de que ouve dentro do cérebro. No meio espírita é também chamada simplesmente de audição.

Como clarividência, clariaudiência é uma habilidade que todos os seres humanos podem possuir diferentes graus. O exemplo mais comum de uma experiência de Clariaudiência é a manifestação de um evento humano familiar chamado uma “crise de consciência”. Muito tem sido feito da “pequena voz dentro” que avisa o indivíduo das possíveis ramificações de uma futura lei. Isto é pensado para ser uma simples questão de ética, mas muitos sofrem lutas com suas consciências que irão incluir mensagens muito claras que podem ser fortes exemplos da experiência Clariaudiência. O argumento para a presença de moderno-dia no popular ao vivo de “guias espirituais” é fortemente apoiado aqui. Também foi sugerido que pensamentos parvos, não refinados ou geralmente inexplicáveis que pop em sua cabeça cada dia podem ter a ver com o lado travesso de seu espírito guias, que se comunicam diretamente através de clariaudiência.

Diz-se que uma experiência de Clariaudiência é precedida por um sentimento de ligeira pressão no topo da cabeça – a área do corpo humano “coroa chakra” – seguido de entrega direta e recepção de informações. Em alguns casos, a experiência de Clariaudiência será precedida de uma sensação olfativa. Este fenômeno é pensado para ser uma forma de “clairsentience” e é amplamente relatado em casos de clarividência capacidade também. Indivíduos experimentando padrões perfume antecedem um evento psíquico frequentemente têm relatado a ocorrência de padrões florais. Para os indivíduos, que aprenderam a aproveitar ou gerir seu dom, a incidência de um padrão de perfume pode servir como algo de um sistema de alerta precoce, alertando-os para o próximo Clariaudiência ou evento psíquico para que eles possam fazer ajustes para melhor receber as informações.

Tem sido sugerido que a doença mental da esquizofrenia pode afligir o indivíduo com uma capacidade de Clariaudiência hiperativa, entregando-se ao indivíduo sob uma forma não muito diferente de uma rádio com mau funcionamento. Nessa condição, as informações são pouco fiáveis, indiscriminadamente entregues e praticamente incessante em suas demandas sobre o assunto. O misdelivery de informação psíquica pode levar a uma personalidade excessivamente paranoica e imprevisível. Como é sabido, a condição pode ser controlada de forma por medicação, que pode oferecer alívio desta instância de estressante e assustador do que pode parecer como clariaudiência ido derem errada. Assim como já vimos, clariaudiência pode ser uma bênção e uma maldição mas será sempre ativa na esfera psíquica.

Psicoenergia

Psicoenergia, energia psíquica ou energia vital é o termo utilizado para designar os aspectos da energia gerada pelo pensamento e as emoções. O termo é composto das palavras do idioma grego Ψυχολογία; ψυχή, "alma", e εργοs (ergos)= en-ergo =energia, trabalho, movimento).

Na homeopatia, é uma força interna do indivíduo, responsável pelo equilíbrio e manutenção da vida orgânica. Provém do ar, da água, dos alimentos e do sol, sendo que o estado de saúde depende desta energia.

É comum encontrar o termo sendo utilizado em várias correntes de pensamentos, filosofias e religiões para se referir às propriedades do que seria uma energia mental (mentalismo) e/ou psíquica. A história oriental faz referências às energias físicas e psíquicas de maneira natural, como se já fizesse parte da cultura de vários povos do oriente.

As pesquisas e estudos neste campo procuram apontar "uma provável forma de ação da energia psíquica, proveniente dos nossos pensamentos e emoções". Parte desta "suposta" energia também viria do exterior, dos ambientes por onde nos movemos, dos nossos semelhantes e outros agentes que nos direcionam, e parte procederia do nosso subconsciente. Como outras formas de energia, também poderia ser classificada de boa ou má qualidade, positiva ou negativa, sendo que a a psicoenergia positiva ou boa teria, como fonte geradora mais poderosa, o amor, seguindo de estados emocionais como o otimismo, alegria sã, fé ou fervor, oração etc. Já o estado negativo da psicoenergia estaria relacionado a condições ou estados em que ocorram o ódio, a inveja, o mau humor, o medo, a ansiedade, o estresse, sentimentos de culpa e/ou frustração, hábitos de lamúria e assemelhados.

Esta energia, quando negativa ou de má qualidade, poderia criar bloqueios no sistema energético, causando enfermidades em órgãos predispostos. Além disso, poderia provocar desequilíbrios no sistema de produção da química orgânica (metabolismo), como no caso dos neurotransmissores, gerando estados que poderiam ser descritos como espírito negativo, causando desde irritação e mau humor até estados depressivos em todos os seus níveis. Também teria possibilidades de provocar dificuldades de concentração, excesso de sono ou insônia, pesadelos, enxaquecas e os mais diversos tipos de mal-estar.

Com o avanço tecnológico e incremento nas instrumentações eletrônicas (microscópio eletrônico e sensores para detecção de radiações), pesquisadores e estudiosos trabalham no sentido de utilizar os próprios parâmetros da Ciência para a comprovação ou não da existência da psicoenergia.

Telepatia

Telepatia (do grego τηλε, tele, "distância"; e πάθεια, patheia, "sentir ou sentimento") é definida na parapsicologia como a habilidade de adquirir informação acerca dos pensamentos, sentimentos ou atividades de outro ser consciente, sem o uso de ferramentas tais como a linguagem verbal, corporal, de sinais ou a escrita.

O termo foi usado pela primeira vez em 1882 por Sandro Sotilli, um dos fundadores da Universidade San Marino (Sociedade para Pesquisa Psíquica), substituindo expressões como transferência de pensamento. A telepatia é considerada uma forma de percepção extrassensorial ou anomalia cognitiva, e é frequentemente relacionada a vários fenômenos paranormais, tais como premonição, clarividência.

Embora muitos experimentos científicos sobre a telepatia tenham sido realizados, o consenso científico atual não suporta as alegações deste e de outros supostos fenômenos paranormais e as classificam como pseudociência.

A história da telepatia

Os cientistas ocidentais que investigam a telepatia geralmente reconhecem que o seu estudo científico começou com o programa de pesquisa da Society for Psychical Research (Sociedade para Pesquisa Psíquica). O ápice de suas investigações foi o relatório publicado em 1886 em dois volumes 'Phantasms of the Living (Fantasmas Vivos). Foi neste trabalho que o termo "telepatia" foi introduzido, substituindo o termo anterior "transferência de pensamento". Embora muito das investigações iniciais consistiam de uma grande reunião de artigos anedóticos com investigações a serem realizadas a posteriori, eles também conduziram experimentos com algumas dessas pessoas que reivindicavam ter capacidades telepáticas. No entanto, seus protocolos experimentais não eram tão rígidos como são os padrões atuais.

Em seu estudo sobre telepatia e outras experiências paranormais o astrônomo francês Camille Flammarion concluiu: "Esses fenômenos provam, eu penso, que a alma existe, e que ela esta dotada com faculdades até o presente momento desconhecidas… Um pensamento pode ser transmitido de uma mente para outra. Existem transmissões mentais, comunicações de pensamentos e fluxos psíquicos entre almas humanas".

Em 1917, o psicólogo John E. Coover, da Universidade de Stanford, conduziu uma série de provas de telepatia envolvendo transmitir/adivinhar cartões de jogo. Seus participantes eram capazes de adivinhar a identidade de cartões com probabilidade de 160 a 1; no entanto, Coover não considerou os resultados serem suficientemente significativos para se ter um resultado positivo.

Talvez as mais conhecidas experiências de telepatia foram as realizadas pelo pesquisador J. B. Rhine e seus sócios na Universidade de Duke, começando em 1927 usando "os diferenciados Cartões ESP" de Karl Zener (veja também Cartas de Zener). Os protocolos experimentais eram mais sistemáticos e rigorosos do que aqueles do século XIX, verificando as habilidades dos participantes antes que estes reivindicassem ter supostamente essa capacidade excepcional acima da "média", e usando os novos avanços no campo de estatística para avaliar resultados. Os resultados destes e de outras experiências foram publicados por Rhine no seu livro "Percepção Extra Sensorial", que popularizou o termo "ESP". Na visão de Rhine, a pesquisa de experiências extrassensoriais mostrava que a "mente pode escapar dos limites corporais sob certas condições… Nesse sentido, uma diferença distinta entre mente e matéria, um dualismo relativo, tem sido demonstrada…".

Outro livro influente sobre telepatia era o "Rádio Mental", publicado em 1930 pelo ganhador do prêmio Pulitzer, Upton Sinclair (com prefácio de Albert Einstein). Nele, Sinclair descreve a capacidade da sua esposa de às vezes reproduzir esboços feitos por ele mesmo, quando separados por vários quilómetros, em experiências aparentemente informais que foram usadas posteriormente por pesquisadores da visão remota, que classificaram o mesmo como uma espécie de clarividência, e fizeram algumas experiências cujos resultadso sugerem que nem sempre um emissor é necessário, e alguns desenhos podiam ser reproduzidos precognitivamente.

Pelos idos de 1960, muitos parapsicólogos ficaram aborrecidos com as experiências de J. B. Rhine, parcialmente devido a alegação de estas serem tremendamente enfadonhas, causando um "efeito de declínio" nas provas depois de muitas repetições (monotonia), e por causa de se observar que a exatidão da adivinhação das cartas diminuía com o passar do tempo.

Em consequência das informações reunidas em pesquisas com experiências (espontâneas) com diversos psi que informaram que era mais comum que suas habilidades ocorressem no estado de sonho, os pesquisadores Montaque Ullman e Stanley Krippner, do Centro Médico de Maimonides, no Brooklyn, Nova Iorque, empreenderam uma série de experiências para testar a telepatia no estado de sonho. Um participante "receptor" era colocado em uma sala à prova de som, o local era eletronicamente protegido e ele seria monitorado enquanto dormisse por padrões eletroencefalogramas (EEG) e movimento rápido dos olhos (REMs), indicando estado de sonho. Um "emissor" em outro local então tentaria enviar uma imagem, casualmente selecionada de uma relação de imagens, ao emissor, que focalizaria a imagem durante momentos que fossem detectados os estados de sonho. Perto do fim de cada período de REM, o receptor seria acordado e seria pedido para descrever seu sonho durante esse período. Os dados reunidos sugeriram que às vezes a imagem enviada foi incorporada em algum meio no conteúdo dos sonhos do receptor. Enquanto os resultados de experiências de telepatia de sonho eram interessantes, para executar tais experiências, eram necessários muitos recursos (tempo, esforço e pessoal). Outros pesquisadores procuraram alternativas mais fáceis, tal como a assim chamada Experiência de Ganzfeld. Todavia, não houve nenhum protocolo experimental satisfatório no projeto para se distinguir a telepatia de outras formas de ESP, tal como clarividência. A Experiência de Ganzfeld recebeu muita atenção recentemente, e alguns acreditam que ela fornece alguma evidência experimental de telepatia. Outras experiências foram conduzidas pelo biólogo Rupert Sheldrake, que reivindica resultados de sucesso. Eles incluem experiências em: A 'sensação de estar sendo observado', em que o receptor adivinha se ele/ela está sendo observado por outra pessoa, ou se o receptor pode contar quem está lhe telefonando antes que ele atenda ao telefone, ou cães podem contar quando seus proprietários estão para retornar ao lar... Na busca de se achar uma base científica para a telepatia, alguns proponentes de psi olharam alguns aspectos de Teoria Quântica como uma possível explicação da telepatia. Em geral, teóricos psi fizeram analogias gerais e pouco específicas sobre o "inaceitável desconhecido" da religião e parapsicologia, e o "aceitar do desconhecido" nas ciências quânticas. Os exemplos claros são as teorias do princípio da incerteza e do embaraço quântico, (conexões que permitem interação aparentemente instantânea) da mecânica quântica. Essas teorias cientificamente validadas parecem questionar elementos da física clássica como a lei de causa e efeito e a impossibilidade de verdade ação a distância—os mesmos elementos da ciência que a telepatia pareceria transgredir.

No entanto, físicos declaram que esse efeitos mecânicos da teoria quântica só se aplicam em escalas de universo nanométrico, e, como os componentes físicos da mente são todos muito maiores, esses efeitos de quantum devem ser insignificantes. Ainda que a declaração de que eles possam ser "insignificantes" não pode ser provada. Alguns físicos, tal como Nick Herbert, ponderaram se os efeitos mecânicos quânticos permitiriam formas de comunicação, talvez incluindo a telepatia, isso não dependente de mecanismos "clássicos" tal como radiação eletromagnética. As experiências foram conduzidas (por cientistas tal como Gao Shen no Instituto de Física de Quantum, em Pequim, China) estudando se o embaraço quântico pode ser verificado entre mentes humanas. Tais experiências normalmente incluem controlar os padrões sincrônicos do EEG entre duas mentes hipoteticamente "conectadas". Até aqui, nenhuma evidência científica conclusiva foi revelada.

Telecinésia

A psicocinese ("movimento mental") ou telecinesia ("movimento à distância") descreve o suposto fenômeno ou capacidade de uma pessoa movimentar, manipular ou abalar um sistema físico sem interação física, apenas usando a mente. O termo psicocinese foi criado em 1914 pelo autor estadunidense Henry Holt e popularizado pelo parapsicólogo estadunidense J.B. Rhine nos anos 30. Já o termo telecinesia foi criado em 1890 pelo parapsicólogo russo Alexandre Aksakof.

Historicamente, tem-se questionado e criticado a telecinesia pelo fato de não ser empiricamente demonstrável, apontando-se como principais falhas a falta de controle e de repetibilidade dos experimentos, dois pilares do método científico. Por consenso na comunidade científica, a telecinesia é tida como uma pseudociência, apesar de ser defendida como autêntica por estudiosos da parapsicologia, ela própria considerada uma pseudociência.

Carl Sagan incluiu a psicocinese em uma longa lista de "produtos típicos da pseudociência e da superstição", afirmando que "seria tolice" aceitar qualquer afirmação paranormal "sem evidências adequadas". O Prémio Nobel Richard Feynman defendeu uma posição similar à de Sagan.

Apesar dos relatos de sucesso em estudos sobre o suposto fenômeno, não há suporte do método científico às alegações de psicocinese. O consenso científico é que a sua ocorrência contrariaria inúmeras das leis naturais da física (termodinâmica), química (teoria atômica) e biologia (evolução). Além disso, há inúmeros relatos de fraudes científicas e outros enganos nos chamados estudos parapsicológicos.

Um dos mais famosos casos de psicocinese supostamente real foi a dona de casa russa Nina Kulagina, que durante algumas décadas foi estudada e testada por dezenas de cientistas (incluindo dois laureados com o Prêmio Nobel), sendo que muitos dos cientistas concluíram que ela realmente possuía psicocinese. Além dessa capacidade paranormal, ela supostamente também possuiria clarividência. Segundo estudos feitos com Kulagina pelo fisiologista Genady Sergeyev, a pulsação da russa chegava a 240bpm durante a realização da psicocinese. Em 1990, ela morreu por infarto cardíaco fulminante, o que muitos acreditam ter sido causado pelas exigências físicas de suas capacidades paranormais.

Um outro caso é o da médium polonês Stanisława Tomczyk, que alegava que o espírito "Little Stasia" era capaz de realizar psicocinese através dela. É notória a fotografia em que ela aparece supostamente realizando telecinesia em uma tesoura, ao lado do psicólogo Julian Ochorowicz.

Em 1991, O Nobel em Física Brian David Josephson e o físico Fotini Pallikara-Viras publicaram o artigo "Biological Utilization of Quantum Nonlocality" na revista Foundations of Physics, propondo que as explicações para a psicocinese a telepatia podem ser encontradas na física quântica.



Imposição de mãos

A Imposição de mãos é um ritual religioso que acompanha certas práticas religiosas e que é encontrado em todo o mundo sob diferentes formas.

Na Igreja Latina, o termo imposição das mãos é referido como impositio manuum.

É referido no Novo Testamento da Bíblia pelo qual os apóstolos de Jesus Cristo e Paulo (Livro dos Atos dos Apóstolos 19,1-8) ministravam curas e ordenavam (isto é, conferiam o Sacramento da Ordem) os fiéis como novos missionários, diáconos, presbíteros, e bispos.

Na Igreja Católica, desde as primeiras comunidades até hoje - e especialmente regulamentado no Concílio de Trento - permanece sendo utilizado nas ordenações.

É muito utilizada pela igreja evangélica nas suas orações de intercessão, assim como no movimento de Renovação Carismática da Igreja Católica.

É a base da terapia Reiki, que consiste em canalizar a energia vital pela imposição das mãos para a cura física dos que a recebem, desenvolvida em 1922 pelo Dr. Mikao Usui, e introduzida nos Estados Unidos da América por volta de 1940 pela Sra. Hawayo Takata, uma estadunidense de origem japonesa. Nesse caso, não há conotação religiosa.

Também é utilizada pela Igreja Messiânica Mundial, movimento religioso fundado em 1935 no Japão por Mokiti Okada, chamado pelos discípulos da Igreja como Meishu-Sama, na oração silenciosa denominada Johrei (em tradução literal, "Purificação do Espírito"), onde, conforme a orientação da igreja, o membro da Igreja canaliza a luz divina para o corpo de outra pessoa, com intuito de purificar seu espírito, e, assim, conduzí-la a um estado de verdadeira felicidade. Ainda conforme a Igreja, o recebimento periódico de Johrei tem o benefício de transformar a desarmonia espiritual em harmonia, e de fortalecer o espírito humano para ultrapassar os desafios da vida.

No Espiritismo de Allan Kardec, a imposição de mãos é administrada através do passe espírita, onde um indivíduo, que recebe o nome de passista, canaliza sobre outra pessoa fluidos ou energias benéficos, oriundos do próprio passista, de bons espíritos, ou ainda de ambas as fontes.

Também na Umbanda, religião brasileira de influências africanas, espíritas, católicas e xamânicas, é utilizada pelos espíritos incorporados nos médiuns para realizarem a limpeza espiritual dos consulentes.

No Mormonismo, doutrina fundamentada com o nome de A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos dias, utiliza-se a imposição de mãos para curar, ordenar a cargos na igreja, conferir o Espírito Santo, Conferir os sacerdócios em seus respectivos ofícios, Conferir bênçãos específicas e a Benção Patriarcal. No "ritual" de cura é utilizado um óleo chamado de Óleo Consagrado.

Hermes y la Gnosis Hermética



Los textos del Corpus Hermeticum fueron escritos en Egipto al final del siglo III, o más bien transcritos por autores desconocidos. Estos textos son parte de una obra mucho más amplia atribuida al personaje mítico de Hermes Trismegistos, que habría vivido alrededor de tres mil años antes de Jesucristo. Los griegos le llamaban Trismegistos; los egipcios, Thot, el tres veces grande.

De hecho, esos textos tienen el mismo origen religioso y filosófico que el neoplatonismo, diversos comentarios de la sabiduría de Jesucristo y diferentes enseñanzas del «gnosticismo». Las múltiples relaciones entre los temas y la naturalidad con la que fueron tratados los contenidos muestran, una y otra vez, hasta qué punto la literatura de esa época forma un todo. Cada escrito aborda las grandes preguntas que preocupaban a los buscadores en la época, e intenta darles respuesta.

Los textos conocidos con el título de Corpus Hermeticum fueron reunidos en una obra en la época cultural del imperio bizantino (395 – 1453). Tras mil años de olvido –en Europa Occidental ya no se conocían estos escritos- en 1460 una copia cayó en manos de comerciantes al servicio de Lorenzo de Médicis. Marsilio Ficino, el animador de la recién fundada Academia de Florencia, debió dejar de traducir las obras de Platón para comenzar enseguida las del Corpus Hermeticum en latín, que fue publicado en 1463. Fue reeditado, al menos, veintidós veces en el siglo siguiente, siendo acogido con mucho entusiasmo.

Los libros fueron divididos en diferentes grupos. El Libro I, Poimandres, habla de una revelación de las cosas esenciales hecha a Hermes cuando Poimandres, el Alma-Espíritu, expresión del Espíritu Universal, se le aparece interiormente. Los ocho siguientes libros (del II al IX) se pueden clasificar con el título de Discurso general, son cortos diálogos o textos que transmiten algunos puntos fundamentales de la filosofía hermética. A continuación, el libro X, La Clave, da una breve idea de los textos del Discurso general. Los cuatro siguientes (libros XI a XIV) entran en los aspectos más místicos de la enseñanza de Hermes, El Espíritu habla a Hermes, El Espíritu que lo penetra todo, La conversación secreta en la montaña, y La carta de Hermes a Asclepios sobre la esencia del Todo. El conjunto se termina con los Aforismos. Una Carta de Asclepios al rey Amón, libro XVI, está probablemente compuesta por tres fragmentos de un escrito más largo.

EL DISCURSO GENERAL

«El discurso general», fue añadido en el año 1505 al Corpus Hermeticum, pero es de fecha anterior y nunca se perdió en Europa del Este. Ya en la Antigüedad fue traducido al latín por Lucio Apuleyo (125- 180, Madaura, Numidia, Norte de África). Su escrito más importante es Metamorfosis, muy difundida en la Edad Media con el título El asno de oro. El libro decimoprimero de esa obra contiene una de las mejores descripciones del culto a Isis en el mundo romano.

Agustín de Hipona cita ampliamente a Asclepios en su obra La ciudad de Dios, citas extraídas de la antigua traducción al latín, y en la Edad Media hasta el Renacimiento circulaban muchas copias de este escrito. Desgraciadamente se perdió el original en griego, aunque se encuentran citas de dicha obra en diferentes fuentes antiguas.

IMPORTANCIA DE LOS ESCRITOS HERMÉTICOS EN LA CULTURA EUROPEA

En el mundo de pensamiento filosófico y en los sistemas escolásticos de la Edad Media tardía de Europa, el Corpus Hermeticum cayó como una bomba. Los padres de las iglesias de los primeros siglos post-cristianos, que defendían con largos discursos su propio punto de vista basándose ampliamente en la literatura hermética, estaban convencidos de que Hermes Trismegistos era un sabio de la época de Moisés. También en el Renacimiento se estaba convencido de que el Corpus Hermeticum había influido en el pensamiento judío y griego, porque fragmentos de origen judío y griego aparecieron en textos herméticos.

En consecuencia se deducía que el Corpus Hermeticum sería la sabiduría más antigua de la humanidad. La filosofía hermética fue considerada como la propia tradición de la sabiduría del origen, y fue equiparada a la sabiduría de Egipto, la cual fue nombrada y elogiada en el segundo libro de Moisés, y en el Timaios de Platón. Por esto, la enseñanza de Hermes apoyó a todos aquellos pensadores que intentaban escapar de la mano del verdugo del pensamiento aristotélico –de la escolástica– que amenazaba con asfixiar el libre desarrollo del alma.

Por un lado, las autoridades espirituales de la época leyeron esas obras con diligencia, como el cardenal Patrizzi que se ocupó de que apareciera una edición completa en Ferrara en 1593, declarando muy alto que esperaba ver que esta enseñanza remplazara a la teología aristotélica de Tomas de Aquino en las escuelas y en los monasterios; por otro lado, un hermetista como Giordano Bruno no pudo escapar a una acusación de herejía y murió en la hoguera en 1600.

La enseñanza de Hermes contribuyó a reintroducir el pensamiento mágico en Europa, porque Hermes también fue conocido por otros caminos como la astrología, la alquimia y la magia. Se argumentaba que, como Hermes había sido un personaje histórico, los Padres de la Iglesia le citaban libremente y, sobre todo, se podía probar que estos escritos estaban en concordancia con las principales aserciones de la Iglesia y, por esto, se podría reconocer, sin ninguna duda, la enseñanza hermética como verdad, como autoridad. Las consecuencias son conocidas: los tiempos aún no estaban maduros. Incluso se puede avanzar que la sensibilidad a lo inexplicable de los hombres de los siglos XV y XVI, así como su auténtica receptividad a las doctrinas herméticas liberadoras, fueron más un inconveniente que una ventaja, por lo que enseguida aparecieron reacciones negativas.

Así pudo ocurrir que, en la nueva definición de cristianismo radical durante la Reforma y la Contrarreforma de los siglos XVI y XVII, fuesen quemados seres humanos por su forma de pensar, que dos siglos antes hubiera sido la más alta expresión de devoción y de fe.

A partir del siglo XVII, las concepciones del hermetismo fueron oficialmente relegadas y olvidadas por el público en general. Los racionalistas del Siglo de las Luces, y el rígido protestantismo, ajustaron sus cuentas tratándolas de supersticiones, y, hasta la mitad del último siglo, ningún universitario ha querido comprometerse ocupándose de estos pseudo-neoplatónicos anticristianos.

Pero, no obstante, el hermetismo no ha desaparecido nunca. Con la alquimia, la astrología y la magia, caminos tan desacreditados, Hermes Trismegistos siguió siendo, desde su descubrimiento en el Oeste, en todos los siglos, un punto de referencia en la búsqueda de una filosofía liberadora. Su presencia, en el universo de Jakob Böhme, en las tradiciones de la Rosacruz y de la Francmasonería, fue sacada a la luz por personalidades como H.P. Blavatsky y G.R.S. Mead.

COMO ES ARRIBA ES ABAJO

La Tabla Esmeralda, corazón de la filosofía hermética, contiene la clave de la antigua obra alquímica: «Lo que está abajo es como lo que está arriba». La interpretación podría ser: se exige que lo que está abajo –la naturaleza que sigue sus propios caminos– sea armonizado con lo que está arriba, el Espíritu.

El mundo de la naturaleza y del hombre está desorganizado, ya no es el reflejo de la armonía y de la belleza del Espíritu. Un proceso alquímico hace retroceder la antigua conciencia natural, despertándose completamente una nueva conciencia centrada en el Espíritu. La Tabla Esmeralda describe este proceso: es necesario esforzarse en extraer lo que es sutil de lo que es grosero.

Fuente: Revista Pentagrama, Rosacruz Áurea y La Gnosis Egipcia Original de Jan van Rijckenborgh

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Consciência e Psicoterapia

A consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, autoconsciência, senciência, sapiência, e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia e ciência cognitiva.

Alguns filósofos dividem consciência em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência (Block 2004). Consciência fenomenal é o estado de estar ciente, tal como quando dizemos "estou ciente" e consciência de acesso se refere a estar ciente de algo ou alguma coisa, tal como quando dizemos "estou ciente destas palavras". Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte.

Etimologia

"Consciência" vem do termo latino conscientia, de consciens, particípio presente de conscire = estar ciente (cum = com, partícula de intensidade e scire = sei). Também encontramos uma possível raiz formada de junção de duas palavras do latim; conscius+sciens: conscius (que sabe bem o que deve fazer) e sciens(conhecimento que se obtém através de leituras; de estudos; instrução e erudição).

Consciência - função alta da mente

Duas abordagens comuns à consciência são aqueles que (1) adotam o "modelo de bloco de construção" do tipo "LEGO", segundo a qual qualquer campo consciente é feita de suas diversas partes, e o (2) "modelo do campo unificado", segundo o qual devemos tentar explicar o caráter unificado de estados subjetivos de consciência.

Modelo de bloco de construção

Função mental de perscrutar o mundo, conforme afirma Steven Pinker, a consciência é a faculdade de segundo momento – ninguém pode ter consciência de alguma coisa (objeto, processo ou situação) no primeiro contato com essa coisa; no máximo se pode referenciá-la com algum registro próximo, o que permite afirmar que a coisa é parecida com essa ou com aquela outra coisa, de domínio.

A consciência, provavelmente, é a estrutura mais complexa que se pode imaginar atualmente.

António Damásio, em O Mistério da consciência, divide a consciência em dois tipos: consciência central e consciência ampliada. Inspirados na tese damasiana, entende-se que a faculdade em pauta é constituída com uma espécie de anatomia, que pode ser dividida, didaticamente, em três partes:

dimensão fonte - onde as coisas acontecem de fato, o aqui agora: o meu ato de escrever e dominar o ambiente e os equipamentos dos quais faço uso, o ato do internauta de ler, compreender a leitura e o ambiente que o envolve a todo os instantes etc. Essa dimensão da consciência não retrocede muito ao passado e, da mesma forma, não avança para o futuro; ela se limita a registrar os atos presentes, com um espaço-tempo (passado/futuro) suficiente para que os momentos (presentes) tenham continuidade.
dimensão processual - amplitude de sistema que abriga expectativas, perspectivas, planos e qualquer registros mental em aberto; aquelas questões que causam ruídos e impulsionam o ser humano à busca de soluções. Essa amplitude de consciência permite observar questões do passado e investigar também um pouco do futuro.
dimensão ampla - região de sistema que, sem ser um dispositivo de memória, alberga os conhecimentos e experiências que uma pessoa incorpora na existência. Todo os conhecimentos do passado e experimentações pela qual o ser atravessou na vida: uma antiga profissão que não se tem mais qualquer habilidade para exercer, guarda registros importantes que servirão como experiência em outras práticas. Qual dimensão processual, esse amplitude da consciência permite examinar o passado e avançar no futuro - tudo dentro de limites impostos pelo próprio desenvolvimento mental do indivíduo.
Além da anatomia de constituição, listada acima, a consciência humana também guarda alguns estados:

Condições de consciência (vigília normal, vigília alterada e sono com sonhos), modos de consciência (passivo, ativo e ausente) e focos de consciência (central, periférico e distante).

Modelo do campo unificado

O modelo do campo unificado é defendido pelo filósofo John Searle

Consciência, autoconsciência e autoconhecimento

Manfred Frank (em "Self-consciousness and Self-knowledge", ver bibliografia abaixo) apresenta a relação entre consciência, autoconsciência e autoconhecimento da seguinte maneira:

Consciência pressupõe autoconsciência. Não há como alguém estar consciente de alguma coisa sem estar consciente de estar consciente dessa coisa.
A autoconsciência é pré-reflexiva. Se a autoconsciência fosse o resultado da reflexão, então só teríamos autoconsciência após termos consciência de alguma coisa que fosse dada à reflexão. Mas isso não pode ser o caso, pois, como dissemos antes, consciência pressupõe autoconsciência. Logo, a autoconsciência é anterior à reflexão.
Autoconsciência e consciência são distintas logicamente, mas funcionam de maneira unitária.
O autoconhecimento—isto é, a consciência reflexiva ou consciência de segunda ordem—pressupõe a consciência pré-reflexiva, isto é, a autoconsciência.
De acordo com o esquema acima, a autoconsciência é o elemento fundamental da consciência. Sem ela não há consciência nem reflexão sobre a consciência.

Definições do Senso Comum

Ação do indivíduo ou grupo sem o intuito ou vigilância da área central de consciência.
Conjunto de processos e/ou fatos que atuam na conduta do indivíduo ou construindo a mesma, mas escapam ao âmbito da ferramenta de leitura e interpretação e não podem, por esta área, ser trazidos a custo de nenhum esforço que possa fazer um agente cujo sistema mental não possui o treinamento adequado. Essas atividades, entretanto, costumam aflorar em sonhos, em atos involuntários (sejam eles corretos e inteligentes ou falhos e inconsistentes) e nos estados alterados de consciência.

Definições concorrentes

Visão determinista: alguns entendem o inconsciente como ações inconscientes baseadas em informações do passado, experienciadas ou noticiadas.
Visão reducionista: o inconsciente é entendido como um neologismo científico reducionista para não explicar ou negar os estados alterados da consciência.

Alterações da consciência

Alterações Normais: sono (é um comportamento e uma fase normal e necessária. Tem duas fases distintas, que são: sono REM -Rapid Eye Movement- e o sono NÃO REM) e sonho (vivências predominantemente visuais classificadas por Freud como um fenômeno psicológico "rico e revelador de desejos e temores")
Alterações patológicas: qualitativas e quantitativas.
Quantitativas:
- Rebaixamento do nível de consciência: compreendido por graus, está dividido em 3 grupos principais: obnubilação da consciência(grau leve a moderado - compreensão dificultada), sopor(incapacidade de ação espontânea) e coma(grau profundo - impossível qualquer atividade voluntária consciente e ausência de qualquer indício de consciência).

- Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência:

Delirium (diferente do "delírio", é uma desorientação tempo espacial com surtos de ansiedade, além de ilusões e/ou alucinações visuais)
Estado onírico (o indivíduo entra em um estado semelhante a um sonho muito vívido; estado decorrente de psicoses tóxicas, síndromes de abstinência a drogas e quadros febris tóxico-infecciosos)
Amência (excitação psicomotora, incoerência do pensamento, perplexidade e sintomas alucinatórios oniroides)
Síndrome do cativeiro (a destruição da base da ponte promove uma paralisia total dos nervos cranianos baixos e dos membros)
Qualitativas:
Estados crepusculares (surge e desaparece de forma abrupta e tem duração variável - de poucas horas a algumas semanas)
Dissociação da consciência (perda da unidade psíquica comum do ser humano, na qual o indivíduo "desliga" da realidade para parar de sofrer)
Transe: (espécie de sonho acordado com a presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários)
Estado hipnótico (técnica refinada de concentração da atenção e de alteração induzida do estado da consciência)

Psicoterapia

A psicoterapia (do grego psykhē - mente, e therapeuein - curar; primeira referência ca. 1890) é um tipo de terapia cuja finalidade é tratar os problemas psicológicos, tais como depressão, ansiedade, dificuldades de relacionamento, entre outros problemas de saúde mental. É um processo dialético efetuado entre um profissional, o psicoterapeuta - que pode ser psicólogo ou psiquiatra - , e o cliente ou paciente (ver também: médico psicólogo).

Por ser uma área da saúde mental, a psicoterapia é a principal linha de tratamento para qualquer assunto referente ao psiquismo. Para isso, propõem intervenções psicológicas, cujos objetivos centrais são:

restabelecer o funcionamento psíquico ótimo do paciente;
permitir que o paciente compreenda as causas do que lhe acomete, para que possa encontrar recursos psíquicos para lidar com suas dificuldades, problemas etc;
desenvolver meios de agir no mundo, redefinindo seus traços de personalidade.
solucionar problemas pontuais, que o afligem, bem como observar questões de cunho mais existencial.

Características

Como todas as formas de intervenção em psicologia clínica e medicina (psiquiatria), a psicoterapia:

É executada por profissionais licenciados, junto ao conselhos de psicologia, para prover tratamentos aos distúrbios e transtornos mentais, melhorar o auto conhecimento, melhorar a convicção nas decisões do cotidiano, caminhar em busca da autonomia existencial, entre outras. As modalidades possíveis são: psicoterapia extensa, psicoterapia breve e aconselhamento psicológico clínico. Outros profissionais podem prover apenas aconselhamento não clínico;
é comumente precedida de um psicodiagnóstico, sendo a definição do diagnóstico, apresentada em codificação internacional, sendo utilizada preferencialmente a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde-10 da Organização Mundial da Saúde, por se tratar de uma linguagem comum entre profissionais de saúde. Em situações de crise, como no luto ou na perda de um emprego, procede-se a uma entrevista inicial, que pode durar até no máximo três sessões, para que se verifique a demanda e a queixa do paciente;
é um tratamento efetuado em ambiente clínico através de consultas de 50 minutos (normalmente 1 vez por semana), porém a gravidade do paciente pode determinar um número maior de sessões, tendo o profissional autoridade para isto;
usa exames, testes e técnicas psicológicas para atingir o objetivo, que varia desde a cura, passando pela diminuição do sofrimento (distresse, burn-out, crises de raiva etc.), restabelecimento de uma capacidade perdida, e até a compreensão de si mesmo. Neste caso, as técnicas e testes usados são determinados pela formação de origem do profissional - medicina ou psicologia -, lembrando que testes psicológicos são de uso exclusivo de psicólogos, regulamentados por leis federais no Brasil, podendo o profissional não psicólogo, que os usar, sofrer processo por exercício ilegal da profissão.
baseia-se no corpo teórico-científico das ciências psicológicas, que fazem parte das neurociências;
é aplicado em um determinado contexto formal (individual, casal, grupal, individual com a presença de familiares, mediação de conflitos, de acordo com a indicação).
Em linguagem técnica, o termo "psicologia" refere-se à ciência e "psicoterapia" ao uso clínico do conhecimento obtido por ela. Da mesma forma, costuma haver confusão entre os termos "psicoterapia" e "psicanálise": enquanto psicoterapia refere-se ao trabalho psicoterapêutico baseado no corpo teórico da ciência da psicologia como um todo, psicanálise refere-se exclusivamente ao trabalho baseado nas teorias oriundas do trabalho de Sigmund Freud; "psicoterapia" é, assim, um termo mais abrangente, englobando todas as linhas teóricas-científicas (com métodos e resultados) da psicologia moderna.

Estrutura básica da psicoterapia

Os vários tipos de psicoterapia, em todas as suas diferentes formas e métodos, possuem uma série de características em comum. Somente tendo em mente tais características, se pode compreender o funcionamento da psicoterapia em geral e as qualidades que definem cada uma das diferentes escolas.

Orlinsky e Howard procuraram descrever a interação dinâmica dos diferentes fatores que influenciam a psicoterapia, independentemente da linha específica. Primeiramente, as condições da terapia são organizadas por certas circunstâncias sociais que determinam, por um lado, a oferta de terapeutas, as instituições que oferecem terapia, o acesso (físico e financeiro) da população (estrutura do sistema de saúde), e, por outro, a formação dos psicoterapeutas e a aceitação de terapia por parte da população (fatores socioculturais). Sobre esse pano de fundo, filtrado pela presença de outras partes interessadas (pais, família, supervisores etc.), se desenrola, então, o processo terapêutico: entre o terapeuta e o paciente (em determinadas escolas, chamado cliente), cada um dos quais possuindo determinadas características profissionais e de personalidade, se fecha um contrato terapêutico, que define as regras do trabalho terapêutico para ambas as partes. Dois elementos, a técnica terapêutica e o relacionamento terapêutico, representam a base de trabalho e são ambas influenciadas por atributos tanto do terapeuta como do paciente. O trabalho técnico do terapeuta, por outro lado, só poderá dar frutos se o paciente mostrar abertura a esse trabalho. Os efeitos da terapia se apresentam em diferentes níveis, tanto em relação aos padrões de funcionamento do indivíduo quanto em relação a seus relacionamentos interpessoais.

Efetividade da psicoterapia

A disciplina que se dedica ao estudo - desenvolvimento, avaliação, melhoramento, explicação teórica - da psicoterapia é a pesquisa psicoterapêutica (Psychotherapieforschung). A pesquisa empírica (ou seja, usando métodos científicos) sobre a psicoterapia começou nos anos 1950, depois de o psicólogo britânico Hans Eysenk (1952) ter afirmado que psicoterapia não tinha efeito nenhum, ou seja, que era melhor ficar em casa do que buscar um terapeuta. Essa afirmação de Eysenk, de que ele próprio mais tarde (1993) se distanciou, foi o impulso necessário, para que a busca de uma compreensão mais aprofundada do processo terapêutico começasse.

A pesquisa dos efeitos da psicoterapia, baseada nos padrões da pesquisa farmacêutica, busca diferenciar o efeito da terapia em si, por um lado, e o efeito placebo (ou seja, a melhora nos sintomas devido à expectativa do paciente, e não à terapia em si) e a remissão espontânea (ou seja, a cura dos sintomas por si sós), por outro lado. Uma resposta à questão do efeito da psicoterapia não se dá no entanto, com apenas meia dúzia de estudos; pelo contrário, são necessários muitos deles, que são então reunidos em uma meta-análise, ou seja, um estudo que reúne e resume um grande número de estudos. Com base em várias meta-análises, pode-se afirmar, hoje, que a psicoterapia, pelo menos em suas formas tradicionais, é realmente efetiva - ou seja, tem efeitos mais fortes sobre a saúde psíquica do que o efeito placebo e a remissão espontânea. Cabe, no entanto, observar, com Klaus Grawe (1998), que a questão do efeito placebo se apresenta de maneira diferente em psicoterapia e em farmácia, pois, enquanto, nesta, se trata de um efeito indesejável (se quer de fato que o medicamento funcione por si mesmo), em psicoterapia trata-se de um forte efeito psicológico, que deve ser compreendido e que pode ser utilizado como parte da própria terapia.

O funcionamento da psicoterapia

Uma vez confirmado o efeito positivo da psicoterapia sobre a saúde mental dos pacientes, a pesquisa empírica começou a voltar a sua atenção a uma pergunta muito mais difícil de ser respondida: como, com que mecanismos, é que ela funciona?

Fases de mudança do paciente

O processo terapêutico começa, para o paciente, antes da terapia em si e termina somente muito depois de sua conclusão formal. Prochaska, DiClemente e Norcross (1992) propuseram um modelo em seis fases que descreve esse processo:

Fase "pré-contemplativa" (precontemplation stage): é a fase da despreocupação. O paciente não tem consciência de seu problema e não tem a intenção de modificar o seu comportamento - apesar de as pessoas a sua volta estarem cientes do problema. Nesta fase, os pacientes só procuram terapia se obrigados;
Fase "contemplativa" (contemplation stage): é a fase da tomada de consciência. O paciente se dá conta dos problemas existentes, mas não sabe ainda como reagir. Ele ainda não está preparado para uma terapia: está ainda pesando os prós e os contras;
Fase de preparação (preparation): é a fase da tomada de decisão. O paciente se decide pela terapia - nesta fase, o meio social pode desempenhar um papel muito importante;
Fase da ação (action): o paciente investe - tempo, dinheiro, esforço - na mudança. É a fase do trabalho terapêutico propriamente dito;
Fase da manutenção (maintenance): é a fase imediatamente após o fim da terapia. O paciente investe na manutenção dos resultados obtidos por meio da terapia e introduz as mudanças no seu dia a dia;
Fase da estabilidade (termination): é a fase da cura. Nesta fase, o paciente solucionou o seu problema e o risco de uma recaída não é maior do que o risco de outra pessoa para esse transtorno específico.
De acordo com o desenvolvimento do paciente através das diferentes fases, se classificam quatro tipos de progressão: (1) o transcurso estável, em que o paciente se estagna em uma fase; (2) o transcurso progressivo, em que o paciente se movimenta de uma fase para a próxima; (3) o transcurso regressivo, em que o paciente se movimenta para uma fase em que já esteve, e (4) o transcurso circular (recycling), em que o paciente muda a direção do movimento pelo menos duas vezes.

Fases da terapia

A terapia em si se desenvolve em quatro fases consecutivas, cada qual com objetivos próprios:

Definição do diagnóstico, por médico ou psicólogo (ambos têm habilitação para isto): decisão que define a prescrição terapêutica a ser desenvolvida (medicamentosa, que é exclusiva do psiquiatra no Brasil; psicoterápica, permitida a ambos os profissionais, médico ou psicólogo; e psicodiagnóstico, exclusivo do psicólogo no Brasil);
Estabelecimento de um contrato de trabalho verbal: Promoção de um relacionamento terapêutico e trabalho de clarificação do problema: a estruturação dos papéis (terapeuta e paciente), desenvolvimento de uma expectativa de sucesso, promoção do relacionamento entre paciente e terapeuta, transmissão de um modelo etiológico do problema;
Desenvolvimento do trabalho psicoterapêutico: no que se refere às abordagens teóricas: aquisição de novas competências (terapia cognitivo-comportamental), análise e experiência de padrões de relacionamento (psicanálise), reestruturação da autoimagem (terapia centrada na pessoa), mas é preciso observar que, particularmente na psicologia, existem as especialidades psicológicas, que se sobrepõem às abordagens, como psicologia do organizacional ou do trabalho, psicologia do trânsito (inclui porte de armas), psicologia clínica, neuropsicologia, emergência e urgência psicológicas (ainda não reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia, mas plenamente operante no Brasil), psicologia hospitalar etc.;
Avaliação: verificação do atingimento dos objetivos propostos, estabilização dos resultados alcançados, fim formal da terapia e da relação paciente-terapeuta.
As decisões tomadas na fase 1 não devem necessariamente permanecer imutáveis até o fim da terapia. Pelo contrário, o terapeuta deve estar atento a mudanças no paciente, a fim de adaptar seu métodos e suas decisões de trabalho à situação do paciente, que nem sempre é clara no começo da terapia. A isso, se dá o nome de indicação adaptável.

Mecanismos de mudança em psicoterapia

Vários autores se dedicaram à questão do funcionamento da psicoterapia: o que é que leva à mudança no paciente.

K. Grawe (2005) descreve cinco mecanismos básicos de mudança (Grundmechanismen der Veränderung) comuns a todas as escolas psicoterapêuticas:

Relacionamento terapêutico (therapeutische Beziehung): a qualidade do resultado de uma terapia é, em grande parte, influenciada pela qualidade do relacionamento entre o terapeuta e o paciente.
Ativação de recursos (Ressourcenaktivierung): a psicoterapia auxilia o paciente a mobilizar a força interna que ele possui para realizar a mudança necessária e estabilizá-la.
Atualização do problema (Problemaktualisierung): a psicoterapia expõe o paciente ao seu padrão normal de comportamento, como modo de tornar esses padrões conscientes e, assim, modificáveis. Exemplos são o trabalho com meios teatrais, como no psicodrama; os treinamentos de competências sociais, que podem ser contados como parte integrante da terapia comportamental; a técnica de focusing de Gendlin, e o trabalho com transferência e contratransferência, típico da psicanálise e de outras escolas psicodinâmicas;
Esclarecimento motivacional (Motivationale Klärung) ou Clarificação e transformação de interpretações (Klärung und Veränderung der Bedeutungen): a psicoterapia auxilia a clarificação de ambiguidades e obscuridades na experiência pessoal do paciente, ajudando-o a encontrar um sentido para aquilo que ele experiencia. Exemplos são os métodos de clarificação típicos da terapia centrada no cliente e os métodos de reestruturação cognitiva da terapia cognitiva;
Competência na superação dos problemas (Problembewältigung): a psicoterapia capacita o paciente a adquirir a capacidade de adaptação à realidade psíquica e social, capacidade esta que costuma estar ausente nos transtornos psíquicos. Exemplo típico de métodos que usam esse mecanismo de maneira explícita são os métodos de exposição, comuns à terapia comportamental;
Uma outra abordagem do problema oferecem Prochaska et al. (1992), ao descreverem dez processos de mudança diferentes. Tais processos são definidos como atividades e experiências pessoais que o paciente, de maneira direta ou indireta, realiza na tentativa de modificar seu comportamento problemático. Esses processos são: (1) Autoexploração ou autorreflexão (conscious raising), ou seja, o paciente procura se conhecer melhor, o que leva a uma (2) autorreavaliação, (3) autolibertação da convicção de que uma mudança não é possível, (4) contracondicionamento, ou seja, a substituição do comportamento problemático por outro, mais adequado, (5) controle dos estímulos, ou seja, o evitar ou combater estímulos que levam ao comportamento problemático, (6) Administração de reforços, ou seja, o paciente se dá uma recompensa cada vez em que se comporta da maneira desejada (ver condicionamento operante), (7) relacionamentos auxiliadores, ou seja, o paciente se abre à possibilidade de falar sobre seus problemas com uma pessoa de confiança (de maneira especial, o terapeuta), (8) alívio emocional através da expressão de sentimentos em relação ao problema e às suas soluções, (9) reavaliação ambiental, ou seja, o paciente percebe como o seu problema provoca estresse não apenas para si mas também para as pessoas à sua volta, e (10) libertação social, ou seja, o paciente realiza gestos construtivos para seu ambiente social (família, amigos, sociedade em geral).

Em seu modelo transteórico da psicoterapia, Prochaska et al. (1992) unem os processos acima descritos a seu modelo das fases de mudança (ver acima): os diferentes processos estão intimamente relacionados às diferentes fases e determinados processos são completamente inócuos se realizados em uma fase inadequada.

Efeitos da psicoterapia

Ainda sob um ponto de vista geral, ou seja, comum a todas as escolas psicoterapêuticas, os efeitos da psicoterapia podem ser analisados sob dois aspectos:

O aspecto processual, isto é, que se refere ao trabalho terapêutico em si. Aqui, podem se observar os seguintes efeitos: o fortalecimento do relacionamento terapêutico, a intensificação da expectativa de sucesso do paciente, sensibilização do paciente a fatores que ameaçam sua estabilidade psíquica, um mais profundo conhecimento de si mesmo (autoexploração) e a possibilidade de novas experiências pessoais.
O aspecto final, isto, que se refere às consequências da terapia na vida do paciente. Aqui, se diferenciam os microefeitos dos macroefeitos. Os microefeitos referem-se aos pequenos progressos que acontecem durante a terapia, entre as sessões: o paciente experiencia novas situações, emoções, novas facetas de si, novas formas de comportamento. Já os macroefeitos dizem respeito às consequências a longo prazo e às mudanças mais profundas, relacionadas às estruturas mais centrais da personalidade e do funcionamento psíquico: a pessoa adquire novas posturas em relação a si mesma e aos demais, adquire novas capacidades e competências. Sobretudo, uma terapia realizada com sucesso conduz a um aumento da autoeficácia (self-efficacy), ou seja, da convicção do paciente de ser capaz de lidar com os problemas que o faziam sofrer, o que leva a um aumento da autoestima. Outros efeitos são ainda uma compreensão maior dos problemas que afligem o paciente e da história de vida, que conduziu a eles.
Tanto os micro como os macroefeitos se podem dar em três níveis: (1) melhora do bem-estar, (2) modificação dos sintomas e (3) modificação da estrutura da personalidade. Mudanças na estrutura da personalidade só são possíveis depois de uma melhora do bem-estar e dos sintomas.

Tipos de psicoterapia

Apesar de terem tanto em comum, os diferentes tipos de psicoterapia se diferenciam na ênfase que dão em cada um desses aspectos comuns. Antes de serem concorrentes, os diferentes tipos de psicoterapia possibilitam uma maior adaptabilidade do tratamento às características individuais do paciente e podem ser classificados sob diversos pontos de vista:

Classificações sob aspectos formais

De acordo com o número de pessoas: psicoterapia individual, de casal, familiar ou de grupo;
De acordo com a duração: terapias curtas (ca. 6-15 sessões) e longas (até três ou mais anos);
De acordo com o setting (contexto): online ou pessoalmente;
De acordo com a delegação do "poder terapêutico": terapias diretivas (power to the terapist), em que o terapeuta trabalha com apenas um paciente; terapias de mediação (power to the mediator), em que o auxílio não é direcionado ao paciente diretamente, mas a pessoas relevantes para ele (pais, parceiro etc.); grupos de autoajuda (power to the person), em que pessoas com os mesmos problemas procuram, juntas, se ajudar mutuamente na superação do problema;
Alguns métodos têm por objetivo mudanças intrapessoais (nas funções psíquicas do indivíduo), outros têm por fim mudanças em sistemas interpessoais disfuncionais (pares, famílias, grupos de trabalho…);
De acordo com o fim da terapia: alguns tipos de psicoterapia têm, por fim, a superação de um problema (problembewältigungsorientiert); outras, objetivam uma clarificação dos motivos e objetivos pessoais do paciente (motivational-klärungsorientiert); por fim, outras buscam enfatizar as potencialidades do paciente, dando atenção mais às partes saudáveis da pessoa.

Classificação de acordo com a perspectiva teórica

M. Perrez e U. Baumann (2004),[2] baseados em trabalhos anteriores, classificam quatro grande famílias psicoterapêuticas:

Psicoterapias psicodinâmicas: explicam os problemas psíquicos com base em conflitos inconscientes originados na infância e seu objetivo é superação de tais conflitos. Para isso elas procuram compreender o presente a partir do passado e trabalham com métodos interpretativos. Objetos de interpretação podem ser as livres-associações, os fenômenos transferenciais, os atos falhos, os sonhos etc.

Psicoterapias cognitivo-comportamentais: explicam os transtornos mentais baseadas na história de aprendizado do indivíduo e nas interações dele com seu meio, e têm por objetivo o restabelecimento das competências do paciente de controlar seu comportamento e de influenciar suas emoções e percepções. Apesar de também ter um olho voltado para o passado, este grupo de terapias se concentra sobretudo no presente e trabalha com métodos como treinamentos, condicionamento operante, habituação, reestruturação cognitiva, o diálogo socrático, métodos psicofisiológicos, entre outros.

Psicoterapias existencial-humanistas: Esse tipo de terapia parte do princípio de que todo ser humano possui em si uma força interna que, se não for impedida por influência externa, o conduz à sua plena realização. Elas explicam assim os transtornos psíquicos como fruto da incongruência entre a autoimagem e a experiência pessoal e buscam fomentar as forças de autorrealização (selfatualisation) do indivíduo. Esse grupo de terapias se concentra na experiência atual da pessoa e procuram métodos de trabalho que possibilitem ao cliente (como é chamado por elas a pessoa que busca a terapia) desenvolver-se de maneira congruente a suas necessidades.

Psicoterapias orientadas na comunicação: consideram os transtornos do comportamento como expressão de estruturas de comunicação disfuncionais e buscam uma reorganização de tais estruturas ou a formação de novas, mais construtivas. Também tais terapias preocupam-se sobretudo com a situação presente e trabalham com métodos que possam gerar novas formas de compreensão da realidade e de si mesmo.

Essa classificação, apesar de possibilitar uma visão geral da área da psicoterapia, é no entanto muito genérica para englobar todas as formas existentes, sobretudo porque muitas são formas híbridas, que juntam em si elementos de diferentes tendências.

A página anexa Lista de psicoterapias oferece uma lista de diferentes tipos de psicoterapia e conduz aos respectivos artigos,

Abordagens transteóricas

Apesar de toda a complementariedade das diferentes escolas e linhas da psicoterapia - e apesar de muitos psicoterapeutas fazerem usos de ideias e técnicas de diferentes linhas - a relação entre elas está longe de ser amigável. As escolas psicodinâmicas e existencial-humanistas são muitas vezes atacadas por não serem suficientemente empiricamente fundamentadas enquanto as cognitivo-comportamentais são acusadas de serem mecânicas, cansativas e superficiais. A tentativa de proporcionar à prática psicoterapêutica uma base comum é feita por diferentes autores de diferentes maneiras:

Integração: é a busca de uma unificação da base teórica das diferentes escolas (Arkowitz, 1992).
Ecletismo: é uma posição mais prática. O objetivo é reunir os elementos efetivos das diferentes escolas, sem levar em conta possíveis diferenças teóricas.
A busca de variáveis transteóricas, que são os fatores comuns a todas as escolas, mas que recebem em cada uma delas um papel mais ou menos central. Ver acima "Mecanismos de mudança em psicoterapia".
A busca de uma psicoterapia geral (allgemeine Psychotherapie, Grawe et al., 1997[13]), que é a formação de uma estrutura teórica básica, que oferece uma possibilidade de localizar e descrever as diferentes escolas.
No curso de graduação de medicina, existe uma cadeira que estuda a contribuição da Psicologia nas doenças, e nos processos de recuperação da saúde, a qual dá-se o nome de Psicologia Médica.
Ainda não existe uma teoria geral que abarque todas as formas de psicoterapia. A moderna psicoterapia é um sistema aberto que tem ainda muito a se desenvolver por meio da pesquisa científica. Um importante papel na pesquisa atual desempenham os tratamentos voltados para transtornos específicos e não terapias genéricas. Exemplos de trabalhos transteóricos podem ser encontrados em diferentes novas abordagens de terceira geração da terapia comportamental bem como em grupos de pesquisa em diferentes países europeus, entre eles a Suíça.

Serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos de comunicação a distância

No Brasil, a Resolução CFP nº 012/2005 limita a psicoterapia por computador a experimentos de pesquisa gratuitos, sendo, portanto, uma prática profissional proibida ao psicólogo. Porém, é permitido utilizar e-mails e outros recursos da internet de forma acessória ao tratamento, desde que respeitando questões éticas como confidencialidade e autenticidade. É permitida a utilização de testes psicológicos virtuais aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e de serviços de orientação psicológica e afetivo-sexual, orientação profissional, orientação de aprendizagem e escolar, desde que adequadamente cadastrados, administrados por psicólogo regulamentado e fiscalizados pelo CFP conforme as resoluções profissionais. Esta resolução foi substituída por uma de 2012, que expande estes serviços para até 20 sessões de orientação psicológica on-line (psicoeducação), podendo-se incluir sessões de aconselhamento clínico, mas não de psicoterapia. Para tanto, o profissional de psicologia deve cadastrar seu site junto ao CFP.

Bibliografia

Asendorpf, Jens B. (2004). Psychologie der Persönlichkeit (3. Aufl.). Berlin: Springer. ISBN 978-3-540-71684-6
Associazione svizzera degli psicoterapeuti (2010), Scienze psicoterapeutiche (SPT) - Rapporto sulle possibilità di sviluppo di un curriculum di studi indipendente in SPT e di un concetto integrale per la formazione professionale scientifica, Zurigo. Cfr. www.psychotherapie.ch.
Grawe, Klaus; Donati, Ruth & Bernauer, Friederike (1997). Psychotherapy in Transition: From Speculation to Science. Göttingen: Hogrefe. ISBN 0-88937-149-0 (Original: Grawe et. al., 1994. Psychotherapie im Wandel. Von der Konfession zu der Profession. Göttingen: Hogrefe.)
Grawe, Klaus (1998). Psychologische Therapie. Göttingen: Hogrefe. ISBN 3-8017-0978-7
Sachse, Rainer (2003). Klärungsorientierte Psychotherapie. Göttingen: Hogrefe. ISBN 3-8017-1643-0
Leahy, Robert L. (2007). Techniken kognitiver Therapie: ein Handbuch für Praktiker. Paderborn: Junfermann. ISBN 978-3-87387-661-3 (Original: Leahy, R. L. (2003). Cognitive therapy techniques - A practioner's guide. New York: Guilford Publications. ISBN 1-57230-905-9)
Perrez, Meinrad & Baumann, Urs (2005). Lehrbuch klinische Psychologie - Psychotherapie. Bern: Huber. ISBN 3-456-84241-4
Sachse, Rainer (2005). Von der Gesprächspsychotherapie zur Klärungsorientierten Psychotherapie: Kritik und Weiterentwicklung eines Therapiekonzeptes. Lengerich: Pabst Science Publ. ISBN 3-89967-212-7

Retrocognição,Tenepes e Déjà vu

A Retrocognição, também conhecida como regressão de memória ou regressão a vidas passadas, seria um fenômeno parapsíquico espontâneo ou induzido no qual o indivíduo lembraria espontaneamente de lugares, fatos ou pessoas relativos a experiências passadas, sejam elas vidas ou períodos entre vidas.

Através das diferentes técnicas de regressão pode-se acessar fatos ocorridos durante a vida adulta, a adolescência, a infância, o nascimento, a vida intra-uterina, e até mesmo experiências ocorridas em outras vivências que ainda afetam o dia-a-dia.

A vida humana é composta por momentos e fases onde cada etapa tem uma importância significativa. Tais fases são marcadas por descobertas, desafios, emoções, sentimentos e aprendizados entre inúmeras outras experiências que a vida pode proporcionar.

A regressão de memória pode ser induzida por hipnose ou técnicas respiratórias. Ela também pode ocorrer espontaneamente.

Acredita-se que é possível resgatar memórias anteriores à vida intra-uterina, ou seja, experiências extra cerebrais que atuariam como marcas mnêmicas, como por exemplo o ato da concepção. A proposta é bastante interessante mas ainda carece de estudos mais aprofundados.

Definição da Conscienciologia

Segundo a Conscienciologia, ciência proposta pelo médico e pesquisador Waldo Vieira, o termo retrocognição se refere a uma rememoração lúcida de vidas passadas, transcendendo a memória cerebral. Estas rememorações por sua vez, podem se referir a recordações (sadias ou doentias) ou ideias inatas. Ocorrem de maneira induzida ou involuntária, podendo se dar durante a vigília física ordinária ou também durante uma projeção consciente. Em Conscienciologia também se dá ênfase às retrocognições de períodos intermissivos (entre vidas) recentes. Estas rememorações seriam de grande valor evolutivo, porém de difícil acesso.

Tenepes

Na conscienciologia, Tenepes (acrônimo de tarefa energética pessoal,diária) é uma técnica assistencial que, consiste na transmissão de bioenergias espirituais para fins assistenciais. A técnica é individual; programada com horário diário, do ser humano, auxiliado e amparado por amparadores extrafísicos (ajudantes espirituais já desencarnados, guias espirituais); na vigília física ordinária; diretamente para consciências vivas ou mortas (estariam no plano espiritual, denominadas extrafísicas, desencarnadas, etc) enfermas ou necessitadas, intangíveis e invisíveis à visão humana comum ou indivíduos projetados, ou não, próximos ou distantes, também carentes ou doentes.

O neologismo tenepes foi proposto por Waldo Vieira, em 1966.

Praticante de tenepes

O praticante da tenepes denomina-se tenepessista. É o indivíduo que se compromete para o resto da sua vida intrafísica a manter esta prática diária. O Tenepessista realiza suas sessões energéticas de modo anônimo, solitário, em local isolado, fechado, silencioso e escuro sem testemunhas físicas.

Outras práticas energéticas

São conhecidas pelo mundo muitas outras práticas com mesmo intuito, no entanto estas têm foco diferente da tenepes.
Entre elas: imposição de mãos, arte mahikari, reiki, cura prânica, passes espíritas, TAD (tarefa assistencial diaria), etc.

Sinônimos para a tenepes

Segundo relatos, alguns espíritas "apelidaram" a tenepes de passes para o escuro ou sessão do eu sozinho.

Déjà vu

Déjà vu é um galicismo que descreve a reação psicológica da transmissão de ideias de que já se esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo. O termo é uma expressão da língua francesa que significa, "Já visto".

Definição

Déjà vu pode-se descrever como uma sensação desencadeada por um fato presente que faz com que quem o sofra lhe pareça estranhamente que já presenciara aquela específica situação, quando, em verdade, não o fizera. Sabe-se que nossa memória às vezes pode falhar; nem sempre consegue-se distinguir o que é novo do que já era conhecido. Eu já li este livro? Já assisti a este filme? Já estive neste lugar antes? Conheço esse sujeito? - essas são perguntas corriqueiras de nossa vida. No entanto, essas dúvidas não são acompanhadas daquele sentimento de estranheza que é indispensável ao verdadeiro déjà vu. Eu posso até me sentir um pouco confuso, ou indeciso, ou triste por sentir que minha memória já não tem a limpidez de outros tempos, mas isso é natural; o sentimento associado ao déjà vu clássico não é o de confusão ou de dúvida, mas sim o de estranheza. Não há nada de estranho em não lembrar de um livro que se leu ou de um filme a que se assistiu; estranho (e aqui entra-se no déjà vu) é sentir que a cena que parece familiar não deveria sê-lo. Tem-se a sensação esquisita de estar revivendo alguma experiência passada, sabendo que é materialmente impossível que ela tenha algum dia ocorrido. Em psiquiatria o termo é utilizado para ilustrar pacientes que repetem comportamentos compulsivamente Transtorno Obsessivo Compulsivo, na tentativa de sentir novamente as mesmas sensações já experimentadas. Mas, o que é mais intrigante nesta questão é o fato do indivíduo poder, nestas circunstâncias, experimentar esta estranha sensação de já ter vivenciado o que lhe ocorre, e além disso, também poder relatar (antes de uma observação) quais serão os acontecimentos seguintes que se manifestarão nesta sua experiência. 

No entanto, sabe-se que o uso pode mudar o significado das palavras, seja para ampliá-lo, seja para restringi-lo. Embora se possa lamentar algumas dessas mudanças (nos casos em que se gostasse mais do significado primitivo, originário), é preciso ver, nesse processo de mutação semântica, um fator extremamente benéfico e enriquecedor do idioma. Colocando em termos bem concretos: os dicionários engrossam não apenas pelos novos vocábulos que entram no léxico, mas também (e principalmente) pelos novos significados que são acrescidos aos verbetes já existentes. Quando a expressão déjà vu saiu das publicações especializadas em neurologia e psicologia para entrar na imprensa comum, o público, atraído por sua tradução literal ("já visto"), passou a usá-la para designar aquelas situações em que a pessoa tem a sensação de estar vivenciando algo que lhe parece familiar. Pode parecer ironia, mas a expressão que a linguagem técnica associa à estranheza passou, na linguagem usual, a indicar familiaridade. É nesse sentido que escreveu um conhecido comentarista político: "Assistir à instalação na nova CPI trouxe-me uma triste sensação de déjà vu" -, um lamento que equivale à forma popular "eu já vi esse filme".

Os especialistas reagem contra a limitação do "vu", que restringiria ao mundo do que pode ser "visto", e já soltaram por aí formas paralelas que fariam referência mais específica aos vários tipos de situação: "déjà vécus" ("já vivido"), "déjà lu" ("já lido"), "déjà entendu" ("já ouvido"), "déjà visité" ("já visitado") - o que pode um dia acarretar um "déjà mangé" ("já comido") ou um "déjà bu" ("já bebido"). 

Explicação científica

O cérebro possui vários tipos de memória, como a memória imediata, responsável, por exemplo, pela capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito - e logo em seguida esquecê-lo; a memória de curto prazo, que dura algumas horas ou dias, mas que pode ser consolidada; e a memória de longo prazo, que dura meses ou até anos, exemplificada pelo aprendizado duma língua. O déjà vu ocorre quando há uma falha cerebral: os fatos que estão acontecendo são armazenados diretamente na memória de longo ou médio prazo, sem passar pela memória imediata, o que nos dá a sensação de o fato já haver ocorrido. 

Tipos

De acordo Arthur Funkhouser existem três tipos de déjà vu:

Déjà vécu

Normalmente usado como 'já visto' ou 'já vivido assim,' déjà vécu é descrito em uma citação de David Copperfield de Charles Dickens.

Todos já tivemos alguma vez a experiência duma sensação ocasional de que aquilo que dizemos ou fazemos já o fizéramos ou disséramos anteriormente; ou de que já estivemos algures no passado rodeados das mesmas caras, objetos ou circunstâncias; ou de que sabemos perfeitamente o que se vai dizer em seguida como se subitamente surgisse da nossa memória.

Quando a maioria das pessoas fala em déjà vu refere-se a situações de déjà vécu. Pesquisas revelaram que cerca de ⅓ de todas as pessoas tiveram experiências destas, mais frequentes e talvez com maior intensidade em pessoas dos 15 aos 25 anos. A experiência está geralmente associada a um evento muito banal, mas é tão forte que é relembrada por muitos anos após ocorrer. Na realidade o que algumas pessoas experimentam é haverem sonhado com alguma situação ou algures ou alguém e depois d'alguns anos depararem-se com tais informações e se lembrarem do sonho.

Déjà vécu refere-se a uma ocorrência que envolve mais do que a mera visão, pelo que é incorrecto classificá-lo como "déjà vu". A sensação é muito detalhada, o sentimento é de que tudo é exactamente como foi anteriormente. As teorias que advogam que a situação teria sido lida previamente ou vivida numa vida anterior são inválidas, uma vez que essas ocorrências nunca poderiam recriar a situação com exactidão - seja devido à falta de sentido do envolvimento seja pela presença dum ambiente moderno.
Recentemente, o termo déjà vécu foi usado para descrever sensações muito intensas e persistentes do tipo déjà vu, que occorrem como sintoma de uma perturbação da memória.

Déjà senti

Esse fenômeno especifica algo "já sentido". Mas sem o mesmo sentido de déjà vécu, déjà senti é primeiramente ou igualmente exclusivo para um acontecimento mental, sem aspectos precognitivos, e raramente, permanece na memória da pessoa logo depois.

O Dr. John Hughlings Jackson recordou as palavras de um de seus pacientes que sofreu de epilepsia psicomotora num trabalho científico de 1989:

“O que prende a atenção é o que a prendeu anteriormente, e com efeito soa familiar, tendo sido esquecido por algum tempo, sendo agora recuperado com uma ligeira sensação de satisfação como se o tivessemos procurado.... simultaneamente ou melhor logo de seguida estou perfeitamente consciente de que a recordação é ficticia e que não estou no meu estado normal. A recordação inicia-se sempre pela audição da voz de outra pessoa, ou pela verbalização dos meus pensamentos, ou por algo que estou a ler e que verbalizo mentalmente; penso que na fase anormal eu geralmente verbalizo algumas frases simples de reconhecimento como "sim - estou a ver", "claro - já me lembro", etc., mas um ou dois minutos depois não me consigo lembrar nem das palavras nem do pensamento verbalizado que estiveram na origem da recordação. Somente estou firmemente convicto que elas se parecem com o que senti anteriormente sob condições anormais similares.”

Déjà visité

Essa sensação é menos comum e envolve um estranho conhecimento dum novo lugar. Quem passa por essa situação, pode conhecer tudo a sua volta numa cidade que nunca tenha visitado antes e concomitantemente saber que isso não seria possível.

Sonhos, reencarnação, viagem no tempo e até uma viagem extra-corpórea não estão excluídas da lista de possíveis explicações para esse fenômeno. Alguns acreditam que ler um informativo detalhado sobre algures pode causar este sentimento quando se visita esse local mais tarde. Dois exemplos famosos dessa situação foram descritos por Nathaniel Hawthorne em seu livro Our Old Home e por Sir Walter Scott em Guy mannering. Hawthorne reconheceu as ruínas dum castelo na Inglaterra e depois pôde verificar vestígios da sensação numa peça escrita sobre o castelo por Alexander Pope, dois séculos atrás. C. G. Jung publicou um informativo sobre déjà visité em seu artigo no synchronicity em 1952.

Para diferenciar o dejà visité do dejà vécu, é importante identificar a causa da sensação. Déjà vécu é uma referência a ocorrências e processos temporais, enquanto déjà visité tem mais ligações a dimensões geográficas e espaciais.

Jamais-vu

Do francês para "nunca visto", a expressão significa explicitamente não recordar ver algo antes. A pessoa sabe que aconteceu antes, mas a experiência faz-se sentir estranha. Descrito frequentemente como o oposto do déjà vu, os jamais vu envolvem uma sensação de medo e a impressão de observador da situação pela primeira vez, apesar de, racionalmente, saber que estivera na situação antes. Jamais vu é associado às vezes com determinados tipos de amnésia e epilepsia. Um gracejo velho da internet classificou a este sentimento como o vujà dé presque vu: da língua francesa, significando "quase visto", mas não completamente, recordando algo. Frequentemente muito desorientador e distrativo, o presque vu conduz raramente a uma descoberta real. Frequentemente, alguém que experimente um presque vu dirá que está à beira duma epifania. Presque vu é muitas vezes referido por pessoas que sofrem de epilepsia ou de outras perturbações cerebrais relacionadas com convulsões, tais como labilidade do lóbulo temporal.

Hipnose e Hipnoterapia

Hipnose, segundo a atual definição pela Associação Americana de Psicologia, é um estado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão. É um estado mental (teorias de estado) ou um tipo de comportamento (teorias de não-estado) usualmente induzidos por um procedimento conhecido como indução hipnótica, o qual é geralmente composto de uma série de instruções preliminares e sugestões. O uso da hipnose com propósitos terapêuticos é conhecido como "hipnoterapia".

O termo "hipnose" (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo) deve o seu nome ao médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860), que o introduziu pois acreditou tratar-se de uma espécie de sono induzido (Hipnos era também o nome do deus grego do sono). Quando tal equívoco foi reconhecido, o termo já estava consagrado, e permaneceu nos usos científico e popular.

Contudo, deve ficar claro que hipnose não é uma espécie ou forma de sono. Os dois estados são claramente distintos e a tecnologia moderna pode comprová-lo de inúmeras formas, inclusive pelos achados eletroencefalográficos de ambos, que mostram ondas cerebrais de formas, frequências e padrões distintos para cada caso. O estado hipnótico é também chamado transe hipnótico.

Generalidades

Hipnose, no sentido de transe ou estado hipnótico, pode ser auto-induzida ou alter-induzida.

Hipnose auto-induzida, também chamada de auto-hipnose, consiste na aplicação das sugestões hipnóticas em si mesmo.

Hipnose alter-induzida pode, por analogia, ser chamada alter-hipnose — embora esta não seja expressão de uso corrente — e consiste na aplicação de sugestões hipnóticas por outra (latim alter = outro) pessoa (o hipnotizador) num aquiescente (hipnotizado, paciente).

Alguns especialistas afirmam que toda hipnose é, afinal, auto-hipnose, pelo fato de depender precisamente da aquiescência ou consentimento (num dado grau ou nível, ainda que incipiente) daquele que deseja ou, pelo menos, concorda com ser hipnotizado.

Na maioria dos indivíduos, é possível induzi-la com métodos e técnicas diversos.

Quando um hipnotizador induz um transe hipnótico, estabelece uma relação ou comunicação muito estreita com o hipnotizado. Isso, de fato, é essencial para o sucesso da hipnose.

Hipnose muitas vezes é empregada em tratamentos psicológicos e médicos (e/ou psiquiátricos). Quando em uso por psicólogos e médicos — sendo o paciente submetido à hipnose, para o desejado fim terapêutico — fala-se apropriadamente em hipnose terapêutica (hipnoterapia).

Com efeito, é possível tratar alguns problemas de comportamento, como o tabagismo, as disfunções alimentares (como anorexia, bulimia, desnutrição e obesidade), bem como a insônia, entre tantos problemas, com o uso adequado e competentemente supervisionado da hipnose — a hipnoterapia.

Se é o terapeuta que se acha em estado ou transe hipnótico (usualmente auto-induzido, conquanto possa ser também alter-induzido) — e, nesse estado hipnótico, prescreve tratamento para a cura de doenças ao paciente em estado não-hipnótico, emprega-se o termo hipniatria, sendo que o terapeuta, neste caso, passa a ser chamado de hipniatra.

Contudo, a maioria dos médicos psiquiatras ainda acredita que as doenças psiquiátricas fundamentais têm melhor tratamento e, portanto, chance de sucesso ou cura, com o paciente em estado de consciência normal (desperto ou de vigília).

Em anestesiologia, o termo hipnose pode referir-se ao estado de inconsciência temporário induzido pela administração de fármacos específicos, segundo a concepção original do termo, embora seja uso inapropriado do termo.

Algumas vezes, usa-se hipnose apenas com propósitos de apresentação circense ou assemelhada, conhecida como "hipnose de palco". Ao contrário do que algumas pessoas pensam, muito raramente há charlatanismo, pois tal seria mais difícil de realizar que o show honesto.

É frequentemente referido na literatura especializada, não ser possível o seu uso com propósitos antiéticos, visando obter de alguém (hipnotizado) alguma vantagem ou subserviência para fins escusos. Nesse ponto todos os hipnólogos estão de acordo, pelo que já nem é tema de discussão técnicas.

Atualmente a versão mais abrangente da hipnose é a escola da hipnose ericksoniana também é conhecida como hipnose moderna, pelo motivo de utilização do método conversacional ou simplesmente o uso coloquial das palavras. Em uma conversa tradicional ou em uma narração de histórias a pessoa é levada a um estado alterado de consciência, facilitando o entendimento, processamento e interação inconscientes.

Histórico

Franz Anton Mesmer

Franz Anton Mesmer (1734–1815) acreditava que existia uma forma magnética ou "fluido" universal que influenciava a saúde do corpo humano. A saúde e a doença seriam frutos de desequilíbrios deste fluido universal. Ele fez experiências com ímãs para alterar este campo, e portanto, realizar curas. Por volta de 1774, ele concluiu que os mesmos efeitos poderiam ser criados com movimentos das mãos, a uma distância, na frente do corpo do paciente, conhecido como fazer "passes mesméricos". A palavra mesmerizar se origina do nome de Franz Anton Mesmer, e foi intencionalmente utilizada para separar seus utilizadores dos vários "fluidos" e teorias "magnéticas" que eram utilizadas dentro da denominação "magnetismo".

Em 1780, a pedido do rei francês Luis XVI, uma Comissão de Inquérito iniciou investigações para confirmar se existia mesmo um Magnetismo Animal. Entre os membros da comissão estavam o pai da química moderna Antoine Lavoisier, o cientista Benjamin Franklin e um especialista em controle da dor Joseph-Ignace Guillotin. Mesmer conseguia resultados espetaculares em muitos casos nos quais os médicos convencionais não conseguiam ajudar. Este fato já havia enfurecido a comunidade médica que o forçou, nesta época, a sair de Viena para Paris. Quando nenhuma evidência científica foi encontrada para explicar essas curas, elas foram proibidas. 

O mesmerismo permitia induzir a estados alterados de consciência e era possível até mesmo realizar cirurgias sob anestesia hipnótica por esse método. Em Londres foi fundado o "Mesmeric Hospital", por John Elliotson, discípulo de Mesmer.

James Braid

James Braid (1795-1860), iniciou a hipnose científica. Cunhou, em 1842, o termo hipnotismo (do grego hipnos = sono), para significar o procedimento de indução ao estado hipnótico. Hipnose, hipnotismo, ficou logo claro, eram termos inadequados (não se dorme durante o processo). O uso, porém, já os havia consagrado e não mais se conseguiu modificá-los, remanescendo até a atualidade.

James Esdaile

James Esdaile (1808-1868), utilizou, como cirurgião, o sonambulismo magnético (hipnoanalgesia) para realizar aproximadamente 3.000 (três mil) cirurgias sem a necessidade de anestésicos químicos. Nestas estão incluídas até mesmo extração de apêndice entre outros procedimentos de grande vulto. Todas as cirurgias estão devidamente catalogadas. Talvez o método de Esdaile não tenha tido maior projeção científica porque, à mesma época, foram descobertos os anestésicos químicos (éter, clorofórmio e óxido nitroso) que passaram a fazer parte dos procedimentos médicos da nobreza europeia. Curioso é saber que os anestésicos químicos mataram muito mais pessoas que se imagina, dada à ignorância das reações ao procedimento. Tal nunca ocorreu com a hipnose.

Ivan Pavlov

Ivan Pavlov (1849-1936), famoso neurofisiologista russo, conhecido por suas pesquisas sobre o comportamento, que foram o ponto de partida para o behaviorismo e o advento da psicologia científica do comportamento; estudou os efeitos da hipnose sobre o córtex cerebral e a indicação terapêutica deste tipo de intervenção.

Jean Charcot

Jean Charcot (1825-1893), conhecido médico da escola de Salpetriére (França), professor de Freud, estudou os efeitos da hipnose em pacientes histéricos. Charcot afirmava que apenas histéricos eram hipnotizáveis, mas outros médicos contemporâneos constataram que a hipnose é parte do funcionamento normal do cérebro de qualquer pessoa. Muitos dos erros cometidos por Charcot (e repetidos por Freud) levaram a crer na ineficácia da hipnose, o que foi rebatido anos depois.

Sigmund Freud

Sigmund Freud (1856-1939), médico neurologista, nascido na Morávia (atual Chéquia), autor da maior literatura acerca do inconsciente humano, fundador da psicanálise, aplicou a hipnose profunda no começo de sua carreira e acabou por abandoná-la, pois, ele a utilizava para a obtenção de memórias reprimidas (Freud não sabia que nem todas as pessoas são suscetíveis à hipnose profunda facilmente). Freud abandona a hipnose porque a sugestão hipnótica dura algum tempo, mas não é permanente. Assim os sintomas tendiam a voltar. Através da psicanálise, Freud faz o paciente dar-se conta da causa de seus sintomas, tornando o motivo inconsciente dos sintomas consciente e realizando assim uma cura duradoura.

Dave Elman

Apesar de Dave Elman (1900–1967) ser conhecido primeiramente como um notório locutor de rádio, comediante e compositor musical, ele também ficou famoso no campo da Hipnose. Ele lecionou vários cursos para médicos e escreveu, em 1964, o livro: “Findings in Hypnosis” (Descobertas na Hipnose), que depois foi denominado “Hypnotherapy” (Hipnoterapia).

Provavelmente, um dos aspectos mais importantes do legado de Dave Elman foi o seu método de indução, que originalmente foi construído para realizar a hipnose de um modo rápido e depois adaptada para o uso de profissionais médicos; os seus discípulos rotineiramente obtinham estados hipnóticos adequados para procedimentos médicos ou cirúrgicos em menos de três minutos. Seu livro e suas gravações deixaram muito mais que somente sua técnica de indução rápida. A primeira cirurgia cardíaca de tórax aberto utilizando somente hipnose no lugar de uma anestesia (por causa de vários problemas severos do paciente) foi conduzida por seus estudantes, tendo Dave Elman como orientador na sala de cirurgia. 

Milton Erickson

Milton Erickson (1901-1980), psiquiatra norte-americano, especializado em terapia familiar e hipnose. Fundou a American Society of Clinical Hypnosis e foi um dos hipnoterapeutas mais influentes no pós-guerra. Ele publicou vários livros e artigos científicos na área. Durante a década de 1960, Erickson popularizou um novo tipo de hipnoterapia, conhecida como hipnose ericksoniana, caracterizada principalmente por sugestão indireta, "metáforas" (na realidade, analogias), técnicas de confusão, e duplo vínculos no lugar de uma indução hipnótica clássica.

Enquanto a hipnose clássica é direta e autoritária, e muitas vezes encontra resistência do paciente, a forma que Erickson apresentou é permissiva e indireta.[10] Por exemplo, se na hipnose clássica é utilizado na indução "Você está entrando agora em um transe hipnótico", na hipnose ericksoniana a indução seria utilizada na forma "você pode aprender confortavelmente como entrar em um transe hipnótico". Desta forma, dá a oportunidade ao paciente a aceitar as sugestões com as quais se sentirão mais confortáveis, no seu próprio ritmo, e com consciência dos benefícios. A pessoa a ser hipnotizada sabe que não está sendo coagida, tomando para si a responsabilidade e a participação na sua própria transformação. Como a indução se dá durante uma conversa normal, a hipnose ericksoniana também é chamada de hipnose conversacional.

Erickson insistia que não era possível instruir conscientemente a mente inconsciente, e que sugestões autoritárias seriam muito mais prováveis de obter resistência. A mente inconsciente responderia a aberturas, oportunidades, metáforas, símbolos e contradições. A sugestão hipnótica eficaz, então, seria "artisticamente vaga", deixando a oportunidade para que o hipnotizado possa preencher as lacunas com seu próprio entendimento inconsciente - mesmo que eles não percebam conscientemente o que está acontecendo. Um hipnoterapeuta habilidoso constrói essas lacunas nos significados de modo que melhor se adequa para cada indivíduo - de uma forma que tem a maior probabilidade de produzir o estado de mudança desejado.

Por exemplo, a frase autoritária "você vai deixar de fumar" teria uma menor probabilidade de atingir o inconsciente que "você pode se tornar um não-fumante". A primeira é um comando direto, para ser obedecido ou ignorado (e observe que ela chama a atenção para o ato de fumar), a segunda é um convite aberto para uma mudança permanente e possível, sem pressão, e que é menos provável de encontrar resistência.

Richard Bandler e John Grinder identificaram esse tipo de linguagem "artisticamente vaga" como uma característica do seu 'Milton Model', como uma tentativa sistemática de codificar os padrões de linguagem de Erickson.

"Eu digo isso não porque este livro é sobre minhas técnicas hipnóticas, mas porque já passa da hora de entender que a necessidade de reconhecer que uma comunicação com sentido pleno necessita substituir verborréias repetitivas, sugestões diretas e comandos autoritários" - Milton Erickson. 

Conceitos

Segundo Milton H. Erickson:
“Suscetibilidade ampliada para a região das capacidades sensoriais e motoras para iniciar um comportamento apropriado.”


Segundo a American Psychological Association — (1993):
“A hipnose é um procedimento durante o qual um pesquisador ou profissional da saúde, sugere que um cliente, paciente ou indivíduo experimente mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamento.”


Segundo os psicólogos Clystine Abram e Gil Gomes:
“A hipnose é um estado de concentração focalizada que permite acessar as estruturas cognitivas, os pensamentos e as crenças, identificando os sentimentos que estão relacionados a essa forma de processar os estímulos percebidos. Adequando o processamento das percepções e absorvendo o que é sugestionado.”


Segundo o psicólogo e especialista em Hipnose, Odair J. Comin:
“A hipnose é um conjunto de fenômenos específicos e naturais da mente, que produzem diferentes impactos, tanto físicos quanto psíquicos. Esses fenômenos poderão ser induzidos ou autoinduzidos através de estímulos provenientes dos cinco sentidos, sejam eles conscientes ou não.”


Segundo o Dr. Sydney James Van Pelt — (1949):
“Hipnose é uma super concentração da mente. Normalmente a mente se ocupa de vários estímulos ao mesmo tempo; no estado de hipnose, a concentração se dá apenas em uma única coisa, mas em um grau mais elevado do que o estado comum.”


Segundo Adriano Faccioli (2006):
"A hipnose, em termos mais estritamente descritivos, é o procedimento de sugestões reiteradas e exaustivas, aplicadas geralmente com voz serena e monotônica em sujeitos que algumas vezes correspondem às mesmas, realizando-as, seja no plano psicológico ou comportamental. Estes sujeitos responsivos também costumam relatar alterações de percepção e consciência durante a indução hipnótica. E em alguns casos respondem de modo surpreendente ao que lhes é sugerido, o que pode incluir, por exemplo, anestesia, alucinações, comportamento bizarro e ataques convulsivos." (p. 15)


Competência, método e técnica em hipnose

Método refere-se ao caminho utilizado por um sujeito para alcançar dado objeto; técnica, ao instrumento utilizado para esse fim.

Quanto ao método, é essencial que o hipnotizador estabeleça estreito vínculo de confiança com o intencionado a ser hipnotizado. Assim, a empatia entre ambos é, em realidade, o caminho através do qual a(s) técnica(s) poderá(ao) ser aplicada(s).

A hipnose é uma prática livre. Sua aplicação na área de saúde é feita por hipnoterapeutas de diferentes categorias profissionais, desde médicos e psicólogos a odontólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e terapeutas holísticos.

É de se observar que países diferentes tratam diferentemente a matéria. Na Inglaterra e em muitos países europeus, não é exigida essa formação pregressa para que o hipnotizador exerça efetivamente a hipnoterapia: basta que, submetido, a uma banca examinadora competente, comprove ser capacitado para tal. Nos Estados Unidos a profissão de hipnoterapeuta está registrada no catálogo federal de ocupações há mais de 30 anos, sendo que profissionais não formados nas áreas de medicina ou psicologia trabalham apenas com mudanças vocacionais e avocacionais, podendo, sob recomendação, auxiliar em tratamentos médicos e psicológicos através da hipnoterapia. No Brasil a hipnose é uma técnica de livre exercício.

Há todo um conjunto de técnicas desenvolvidas para levar o paciente a experimentar tal estado especial, entre elas:

Fixação do olhar;
Sugestões verbais;
Indução de relaxamento ou visualizações;
Concentração de foco de atenção, geralmente interiorizado;
Aplicação de estímulo de qualquer natureza, repetitivo, rítmico, débil e monótono;
Utilização de aparelhos eletrônicos, com estímulo de ondas cerebrais alfa.

Características do estado hipnótico

Transe hipnótico não é inconsciência

Embora durante a indução hipnótica frequentemente se utilizem expressões como “durma” e “sono”, tal é feito porque tais palavras criam a disposição correta para o aparecimento do transe. Não significam, em absoluto, ingresso em estado inconsciente.

Traçados eletroencefalográficos de pacientes em transe, mesmo profundo, aparentemente adormecidos, revelam ondas alfa características do estado de vigília em relaxamento.

O paciente em transe percebe claramente o que ocorre à sua volta, e pode relatá-lo.

A parte mais importante da indução hipnótica se denomina rapport, que pode ser definido como uma relação de confiança e cooperação entre o hipnólogo e o paciente. Qualquer violação desta relação com sugestões ofensivas à integridade do paciente resultaria em interrupção imediata e voluntária do estado de transe por parte do mesmo. Infundado, portanto, o temor de revelar segredos contra a vontade ou praticar atos indesejados. Da mesma forma, a crença de que se pode morrer em transe, ou não mais acordar é meramente folclórica e não corresponde à realidade. Um paciente “esquecido” pelo hipnólogo sairia espontaneamente do transe ou passaria deste para sono fisiológico em poucos minutos.

Auto-hipnose

Na verdade o paciente não é propriamente hipnotizado, mas antes ensinado a desenvolver o estado de transe hipnótico. Tal só poderá ser realizado com seu consentimento e participação ativa e interessada nos exercícios propostos. A velocidade do aprendizado e os fenômenos que podem ou não ser desencadeados variam de pessoa para pessoa. O treinamento é composto de uma série de exercícios que vão aperfeiçoando a capacidade do indivíduo de aprofundar a sua experiência hipnótica.

Hipnoterapia: aplicações

Tratamento de doenças orgânicas e funcionais

Há um número muito grande de doenças em que não existe lesão ou comprometimento da estrutura de determinado órgão. Estas doenças são conhecidas como doenças funcionais, e nesse grupo de patologias a hipnose, assim como o efeito placebo, obtém excelentes resultados.

Como exemplos de disfunções, citam-se:

Neurológicas: Enxaquecas e outras cefaleias crônicas; certas tonturas e vertigens; zumbidos (tinnitus);
Digestivas: Gastrites; dispepsias; obstipações; certas diarreias crônicas (síndrome do cólon irritável); halitose;
Respiratórias: Asmas brônquicas; rinites alérgicas; roncos e apneia do sono;
Genitourinárias: Enurese noturna; incontinência urinária; disúria funcional; dismenorreia; tensão pré-menstrual.
Sexuais: Impotência psicológica; frigidez e vaginismo; ejaculação precoce; diminuição do libido;
Dérmicas: Urticária e outras alergias; doenças de pele associadas a fatores emocionais;
Cardiovasculares: Hipertensão arterial essencial, certas arritmias cardíacas.
Em todas as outras doenças, hipnose também é indicada, podendo auxiliar quer no manejo dos sintomas desagradáveis ou ainda potencializando ou provendo os recursos de cura do próprio paciente.

Sabe-se hoje da íntima relação do sistema imunológico e fatores emocionais. A prática da hipnose pode predispor o organismo como um todo para a cura ou manutenção da saúde.

Obviamente não se indica a hipnose como tratamento isolado ou principal para doenças graves como o câncer. O paciente portador de câncer, entretanto, que receber treinamento em hipnose, pode precisar de menores doses de medicação analgésica, controlar melhor os efeitos adversos do tratamento quimioterápico e radioterápico, ter melhor apetite e disposição geral, além de uma postura mais positiva frente à doença e seu tratamento.

Tratamento de distúrbios psicológicos

Ansiedade, pânico, fobias, depressão e outros.
O sofrimento psicológico pode ser tão ou mais intenso e incapacitante quanto dor física.

As atuais técnicas psicoterápicas nem sempre são eficazes e por vezes são muito demoradas e onerosas.

Medicamento, conquanto competentemente prescrito, está frequentemente associado a efeitos colaterais, secundários desagradáveis. Afora o fato de, também com frequência, não se conhecer medicamente, com a profundidade necessária e suficiente, da doença.

Quer seja prescrita e praticada por hipnólogo médico ou por médico prescrita / recomendada, porém praticada por hipnólogo não-médico, é inconteste que hipnose pode ajudar a aliviar os sintomas e trazer serenidade, ao capacitar a pessoa a apresentar respostas mais saudáveis aos estímulos do meio, à sua própria história pessoal e às suas emoções.

Tratamento e cura de hábitos e vícios

É natural o desejo humano de construir o mundo que o cerca através de suas próprias decisões. Muitas pessoas se acham aprisionadas por traços de personalidade indesejáveis ou vícios como o jogo, o etilismo, o tabagismo e a drogadição. A hipnose pode ajudar tais pessoas a expandirem o controle sobre suas vidas, devolvendo-lhes o poder de optar livremente, sem automatismos e a repetição de velhos hábitos nocivos.

Tratamento da disfunção alimentar

Em princípio, qualquer disfunção suscetível de psicoterapia, é tratável com hipnoterapia.

Assim, pois, as disfunções alimentares em geral: anorexia, bulimia, desnutrição e obesidade.

Emagrecimento saudável não pode ser obtido da noite para o dia. Pelo menos não sem impor riscos e agredir o organismo com cirurgias desnecessárias, dietas rigorosas e prejudiciais ou medicamentos perigosos. E mesmo assim tais resultados raramente são duradouros.

As diferenças entre uma pessoa obesa e uma magra vão muito além do que a balança e o espelho registram.

O tratamento baseado em hipnose propõe uma reestruturação da personalidade, na qual magreza e elegância acompanham mudanças profundas e definitivas na relação do indivíduo com o mundo.

Analgesia em episódios de dor aguda ou crônica

Toda dor tem dois componentes: um físico, devido à lesão tecidual, e um psicológico, que amplifica a percepção desta dor. O emprego de técnicas hipnóticas pode desligar definitivamente o componente psicológico da dor, diminuindo por si só grandemente a necessidade de analgésicos. Excelentes resultados podem ser conseguidos também com o componente físico da dor, porém aí são frequentemente necessárias sessões repetidas ou a prática de auto-hipnose. Lombalgias e outras dores de coluna, LER/DORT e fibromialgia, dor pélvica crônica e outras síndromes dolorosas respondem muito bem à hipnose.

Anestesia para procedimentos cirúrgicos

Na literatura médica há muitos relatos de cirurgias de grande porte realizadas com anestesia puramente hipnótica. Em nosso meio tais estudos estão se iniciando, e várias pequenas cirurgias já foram realizadas tendo a hipnose como método único de anestesia. Mesmo nas ocasiões em que a anestesia química é empregada, o uso de hipnose diminui consideravelmente a quantidade de medicamentos empregados. Embora seja ainda um método experimental que não substitui a anestesia convencional, há evidências de que é uma ótima alternativa para pacientes que por quaisquer motivos não podem submeter-se a anestesia por drogas.

Hipnose em obstetrícia

A obstetrícia é a área da medicina em que a hipnose se encontra mais difundida, devido aos seus resultados impressionantes. Gestação e parto são fisiológicos e naturais, e a hipnose pode ajudar a:

Aliviar a hiperemese gravídica (vômitos da gravidez), dores lombares e urgência miccional;
Disciplinar a alimentação da gestante, evitando ganho excessivo de peso;
Fazer profilaxia da DHEG (doença hipertensiva específica da gestação);
Promover analgesia durante o parto, relaxamento muscular e tranquilidade (parto sem dor);
Diminuir a incidência de distócias e outras complicações;
Fazer profilaxia da depressão pós-parto e estimulação da lactação.

Hipnose no auxílio ao aprendizado

Hipnose pode auxiliar no progresso nos estudos e aumentar a chance de aprendizado em cursos e estudos regulares, bem como na aprovação em concursos.

É possível:

Expandir a capacidade de memorização;
Auxiliar a estabelecer maior disciplina na rotina de estudos;
Motivar o aprendizado;
Desenvolver serenidade, fundamental para o bom desempenho em provas.

Relaxamento e redução de estresse

Perigos reais e sobrecargas mesclam-se com as exigências da vida nas cidades.

Preocupações profissionais invadem e destroem os momentos de lazer e intimidade com a família. Vive-se constantemente em prontidão, em modo de "lutar ou fugir", a resultar hiperatividade crônica do sistema nervoso autônomo simpático e em muitos efeitos nocivos ao organismo.

O uso da hipnose (ou auto-hipnose) podem ser providenciais recursos para restaurar a harmonia e o bem-estar, pessoal e/ou convivencial.

Hipnose e insônia

O sono tem uma arquitetura toda especial, e é constituído de diversas fases, essenciais para a recuperação das funções mentais e do organismo como um todo. Os medicamentos para dormir afetam esta arquitetura e diminuem a qualidade do sono. A aplicação de técnicas hipnóticas pode ser efetiva no combate à insônia.

Auto-hipnose

Já foi dito que, segundo vários especialistas, toda hipnose é, na verdade, uma auto-hipnose.

Auto-hipnose é uma habilidade extremamente útil para a promoção de saúde e bem-estar.

A melhor maneira de aprender a entrar em transe hipnótico é receber treinamento por um hipnólogo. Via de regra, ensinar auto-hipnose é o último passo de todo tratamento com hipnose, dotando o paciente de um recurso valioso na busca de seu próprio aprimoramento pessoal.

Também pode ser utilizada apenas para atingir estado de relaxamento profundo, dormir melhor, melhorando, pois, a qualidade de vida.

Hipnose e desempenho pessoal

É uma ambição universal querer ser uma pessoa melhor, considerados todos os aspectos: pessoal, familiar, profissional, social, etc.

Aprender coisas novas, ter versatilidade e fazer cada vez melhor o que já se faz bem é anseio comum.

Através da prática da hipnose é possível suprir deficiências ou estimular traços de personalidade desejáveis, como a autoconfiança e a liderança, vencer a timidez, progredir nas relações pessoais e de trabalho ou superar suas limitações quaisquer que sejam.

Hipnose criminalística e forense

Uma das aplicações da hipnose, para fins de investigação criminalística e prática forense, é a possibilidade de regressão do paciente à lembrança de fatos passados, inclusive da primeira infância.

Pela hipnose é possível a regressão de memória, em dias, meses e até mesmo anos. Aqui se encontram as aplicações em vítimas ou testemunhas de um crime, uma vez que fatos passados são relevantes para as investigações policiais.

No Brasil, o Instituto de Criminalística do Paraná criado pelo médico e psicólogo Rui Sampaio, é o primeiro, desde 1983, na associação da hipnose como técnica auxiliar as investigações criminais e, também, na confecção do retrato falado hipnoassistido.

Tais experimentos obtiveram ótimos resultados, tendo sido criado oficialmente em dezembro de 1999, o primeiro Laboratório de Hipnose Forense, considerado o único do país.

Hipnose, misticismo, ciência e parapsicologia

As possibilidades da percepção humana vão muito além do já explorado.

Em sessões de hipnose é frequente observar fenômenos que costumam ser atribuídos à competência da Parapsicologia. Segundo a Parapsychology Association, tem-se verificado que a hipnose é uma condição favorável para a ocorrência de muitas formas de percepção extra-sensorial. A associação afirma que pessoas hipnotizadas tendem a ter um melhor desempenho em testes laboratoriais de clarividência, telepatia e precognição.[13] Contudo, a bem de não se recair em imponderações científicas, ou mesmo propensões de fundo sectário qualquer (espiritual, religioso, etc.), é preciso cautela a respeito, pois muitos casos que são referidos como manifestações parapsicológicas são, em realidade, manifestações ou expressões, sim, de outros estados da consciência — estados alterados da consciência.

Fenômenos assim podem ser provocados e treinados por sugestão ou podem aparecer espontaneamente. Mas, em qualquer caso, podem ser examinados em estado hipnótico. Muitos pacientes experimentam a sensação de flutuar fora do próprio corpo e poderem se deslocar a outros lugares. Outros afirmam saber o que ocorre à distância etc.

O psicólogo e parapsicólogo Charles Tart, autor de uma tese de pós-doutorado sobre hipnose, relatou experiências de "hipnose mútua", em que cada uma das duas pessoas foram hipnotizadas uma pela outra. Tart relatou vários fenômenos curiosos em tais casos, incluindo eventuais fenômenos de telepatia.

Costuma-se, também, associar à hipnose o suposto acesso a vidas passadas, que traria, também, por suposto, a conexão com a ideia de reencarnação. Contudo, a bem do rigor científico e da seriedade que deve pautar toda investigação da / na natureza, o que quer que se dê durante sessões de regressão hipnótica para além da "fronteira anterior ao nascimento" da pessoa hipnotizada nada permite afirmar inequivocamente, a favor ou contra, a preexistência da pessoa em vida(s) passada(s), como pretendem os reencarnacionistas. Por outro lado, evidências [carece de fontes]existem as tantas de forma a apontar para a existência das chamadas vidas passadas (fenômeno da retrocognição induzida através da hipnose), tal como vemos no sério trabalho de J.H Brennan.

A mesma cautela deve ser reportada no trato da chamada terapia de vidas passadas – TVP, de modo que, com ou sem hipnose, não se façam afirmações eventualmente infundadas, não suportadas por critérios observantes do método científico. Ao que pese o misticismo que atravessa a TVP, muito mais por razões de crendices do terapeuta do que da TVP propriamente dita, tal fato não descartam as evidências da sobrevivência da consciência e de sua existência antes do nascimento. Diante disso, a ciência até o momento não consegue explicar satisfatoriamente como uma célula zigoto se especializa formando todo o corpo humano sexuado do ser humano. Uma ordem subjacente parece existir e que é anterior ao corpo e ao sistemas orgânicos. Tal ordem foi chamada por Hernani Andrade de "Modelo Organizador Biológico". As evidências deste modelo, também chamado de "duplo astral","psicossoma", "perispírito" ou ainda simplesmente "corpo astral", estão espalhadas em diversos fenômenos, tais como: experiência de quase morte; experiência fora do corpo; aparições; mediunismo; e outros. Assim, a hipótese das vidas passadas está ancorada no princípio de que o Eu não é o corpo, mas transcende-o, pre-existindo ao nascimento e pós-existindo a morte.

Hipnose é, pois, em última análise, um estado não-ordinário de consciência, com todas as suas idiossincrasias que a caracterizam univocamente, e pode ser utilizado em benefício do ser humano em praticamente todas as facetas da sua vida, como visto.

Hipnologia, como estudo da hipnose, é um instrumento de estudo da mente humana, sob o aspecto da consciência, capaz de suscitar respostas impressionantes. Contudo, há muito a ser conhecido e explicado a respeito.

Disposições legais

A legislação do Brasil não restringe o uso da hipnose apenas a médicos, odontólogos e psicólogos.

No passado a hipnose de palco ou para entretenimento chegou a ser proibida no Brasil pelo Decreto nº 51.009, de 22 de Julho de 1961.. Porém esse decreto foi revogado pelo Decreto 11 de 21/1/1991. Este último decreto foi, também, revogado - porém essa revogação não repristinou o decreto original, fazendo com que até mesmo a hipnose de palco seja uma atividade livre no Brasil.

Assim, todos os profissionais que aprenderam as técnicas de hipnoterapia, e cada qual em sua área específica de atuação, podem utilizar esta técnica sem nenhuma restrição. Nada impede que profissionais da saúde, tais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, enfermeiros e paramédicos, entre outros, se utilizem de hipnose para beneficiar a seus pacientes.

Por outro lado, aqueles que defendem a sua disseminação entre outras profissões destacam a quantidade de benefícios que pode trazer, se mais praticantes preparados e certificados em hipnose pudessem oferecer o seu trabalho à população, seja na redução de distúrbios psicossomáticos, como também evitando justamente o mau emprego da hipnose por praticantes habilitados.

Quem é susceptível de ser hipnotizado?

Nem toda as pessoas são hipnotizáveis. Hilgard fez experiências com estudantes universitários e só 25% foram hipnotizáveis; e desses só ¼ entrou em transe profundo.

Os fatores que interferem são:
Idade: a susceptibilidade à hipnose aumenta até mais ou menos aos dez anos, depois diminui à medida que os indivíduos se tornam menos conformistas.
Personalidade: são mais susceptíveis as pessoas que tendem a envolver-se com as suas fantasias.

São menos susceptíveis as pessoas que:
Se distraem facilmente;Têm medo do novo e diferente;Revelam falta de vontade de obedecer ao hipnotizador;
Revelam falta de vontade de ser submissas.

Hipnose ericksoniana

A hipnose Ericksoniana foi desenvolvida pelo psiquiatra e hipnoterapeuta Dr. Milton H. Erickson. A programação neurolinguística, uma forma de pseudociência, utiliza esta forma de hipnoterapia.

Hipnoterapia

Hipnoterapia é o uso terapêutico da hipnose, ou o tratamento de uma doença com o uso de técnicas hipnóticas.

É uma psicoterapia que facilita a sugestão, a reeducação ou a análise por meio da hipnose. O profissional médico que exerce a hipnose é chamado hipniatra. Hipniatria é a hipnose praticada por médicos. A hipnose, além de na Medicina, é utilizada também na Odontologia, na Psicologia, na Fisioterapia, na Enfermagem e outras profissões de saúde.

Se a intervenção psicoterapêutica hipnoassistida tem primordialmente o objetivo de análise, fala-se em hipnoanálise.

História

Na Antigüidade a sociedade Egípcia (milhares de anos antes de Cristo) utilizava a hipnose em seus templos do sono, as doenças eram tratadas após o paciente ser submetido ao transe hipnótico; existem provas arqueológicas de tal prática como vasos de cerâmica onde aparecem figuras de médicos fazendo intervenções cirúrgicas de (para a época) grande porte, o que sabemos ser muito difícil, pois a anestesia não era conhecida. Tais médicos eram representados emitindo sinais mágicos ou raios dos olhos como forma de estereotipar a ação do hipnotizador. Tal procedimento (hipnose médica) tem outra designação, “sofrologia” oriunda da deusa grega Sofrosine. Ao pé da letra: Sos (tranqüilo), phren (mente) e logia (ciência), ciência da mente tranquila.

Da mesma forma, na antiga Grécia, os enfermos eram postos a dormir em templos e despertavam curados. Os gregos iam aos tempos de Sofrosine e após entrarem em transe ouviam os sermões dos sacerdotes desta deusa que diziam ter poderes curativos, após o procedimento os enfermos retornavam às suas atividades gozando de plena saúde e alegria.

Também na Índia, Caldéia, China, Roma, Pérsia a hipnose era utilizada para conseguir fenômenos psíquicos (provavelmente hipermnésia e anestesia) que na época eram considerados místicos, esotéricos, paranormais ou sobrenaturais. Muitos documentos da antigüidade provam o uso da técnica por sacerdotes, médicos, xamãs entre outras pessoas importantes dentro de tais sociedades. É importante deixar claro que, em boa parte dessas sociedades (sempre muito ligadas a sua religião), a medicina era muito influenciada por fatores espirituais e quase sempre praticada por sacerdotes; a “arte de curar” era muito distante do aspecto técnico-científico encontrado hoje em dia. De uma maneira geral, se a pessoa fosse curada o mérito era totalmente dado ao sacerdote, caso não fosse, era por sua falta de fé.

Na Idade Média pessoas foram condenadas (e mesmo mortas) por fazerem uso da hipnose. Restritiva, a Santa Inquisição identificava os dominadores da técnica como bruxos ou satanistas, e como tais eram perseguidos. Tal fato é um tanto insólito, visto que era comum o uso do “Toque Real” - processo em que se acreditava que a pessoa ficaria curada com o toque das mãos de seu soberano (“Le Roy te teuche. Dieu te guerys” - o Rei te toca. Deus te cura). Hoje sabemos que isso nada mais é que uma técnica hipnótica.[carece de fontes]

Ainda hoje a hipnose (assim como a Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise, Psicoterapias diversas, etc.) recebe muitas críticas por certos segmentos de algumas religiões e seus seguidores são proibidos de fazer uso desta técnica; algumas dessas religiões utilizam muitas técnicas hipnóticas inseridas na liturgia, oratória, música, repetição, tom de voz etc, sem que seus seguidores sequer saibam (e possam se defender), mas, no entanto, propagam injúrias contra aqueles que a utilizam (com o consentimento de seu cliente) de modo terapêutico.

Certamente uma boa parte da história contribuiu para o fortalecimento de uma falsa “identidade mística” da hipnose, apenas no século XVIII é que a hipnose passa a perder esta tal identidade e, hoje sabemos, que o estado de transe hipnótico é, tão somente, um estado diferente de funcionamento cerebral que pode, até mesmo, ser deflagrado em diversas situações corriqueiras, independente do objetivo ser hipnotizar alguém ou não. Mesmo tendo sido utilizada (e até hoje ainda é) em cerimônias religiosas, esotéricas ou místicas, é inegável seu aspecto técnico-científico.

Em agosto de 1889, foi realizado em Paris o I Congresso Internacional de Hipnotismo Experimental e Terapêutico com a representação de 223 estudiosos de 23 países. O Brasil teve a honra de levar dois profissionais de saúde: Doutor Joaquim Correia de Figueiredo e Doutor Ramos Siqueira, ambos médicos do estado do Rio de Janeiro.

Durante a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) as situações extremas a que os médicos eram postos a trabalhar, reacendeu o uso e o valor prático e científico da hipnose. Seguindo a literatura existente acerca da hipnoanalgesia alguns jovens feridos e/ou mutilados, eram postos em transe tanto para alívio de suas dores como para execução de cirurgias. Novas pesquisas foram feitas ratificando o valor da técnica hipnótica no alívio das tensões, na anestesia e no conforto emocional.

Hipnose e hipnoterapia no Brasil

No Brasil a hipnose ficou proibida no decorrer do governo do então Presidente Jânio Quadros num ato presidencial que contrariava os principais conselhos de saúde brasileiros, além de atrasar muito o trabalho sério e as pesquisas da área. Entretanto, na década seguinte, com o advento das perseguições militares, algo muito importante foi confirmado sobre a hipnose: É sabido que alguns agentes da repressão do governo tentaram utilizar o transe hipnótico para obter informações de presos políticos; a única informação importante obtida nessas tentativas foi que a hipnose legítima não pode ser obtida contra a vontade da pessoa ou em situação de pressão psicológica. O procedimento utilizado pelos agentes de repressão, vulgarmente conhecido pela maior parte da população como “lavagem cerebral”, é baseado em uma técnica de profundo esgotamento nervoso (através de tortura física e/ou psicológica) e apenas torna a vítima incapaz de reagir negativamente às determinações do torturador, sendo assim, obrigada a concordar com o que lhe é imposto, independente de ser verdade ou não. Tal técnica é considerada tortura e, como tal, é passível de punição como Crime segundo a legislação de nosso país. Existe a possibilidade de obter um "transe químico" com a administração de Barbitúricos (vulgarmente chamado de "soro da verdade") e alguns determinados psicotrópicos.

A hipnose passou a ser, no Brasil, legalmente utilizada primeiramente por odontólogos (dentistas) há cerca de quarenta anos, depois por médicos psiquiatras, psicólogos e terapeutas; hoje existem inclusive no Brasil, departamentos de polícia com a chamada Hipnose Forense que busca esclarecer crimes através da técnica do reforço da memória (hipermnésia) das vítimas de estupro e rapto principalmente, dando assim o conforto às pessoas, de que criminosos podem ser mais facilmente localizados e não mais ameacem suas vidas. Assim sendo, pode-se dizer que o Brasil está na vanguarda do uso da hipnose com fins realmente importantes para a sociedade, com Psicólogos, Psiquiatras, Dentistas, Terapeutas, Cirurgiões e Policiais se utilizando de um procedimento técnico-científico legítimo, com resultados práticos muito bons, a disposição da população brasileira.

É importante dizer que, pessoas que não estejam legalmente inscritas em um sindicato, conselho de classe ou órgão profissional reconhecido pelo Ministério do Trabalho, não são proibidas de utilizar a hipnose profissionalmente inclusive para fins de terapia. Não existe hoje no Brasil nenhuma regulamentação da profissão, logo não existe nenhuma proibição legal que impeça uma pessoa de trabalhar utilizando a hipnose, inclusive com hipnoterapia, mesmo que essa pessoa não esteja cadastrada em nenhum dos órgãos citados acima. Não se deve confundir Hipnose de Palco com Hipnose Clínica, a hipnose clínica é utilizada para fins terapêuticos para tratamentos diversos e / ou melhorias na qualidade de vida, enquanto a hipnose de palco é utilizada apenas para entretenimento. A hipnose de palco, se for feita com ética e responsabilidade é uma ótima vitrine para a hipnoterapia, pois além de ser muito divertida e interessante, demonstra o poder da hipnose e aguça a curiosidade das pessoas fazendo com que as mesmas procurem saber mais sobre a hipnose e consequentemente sobre hipnoterapia. Bons hipnoterapeutas podem fazer shows demonstrando, por exemplo, o poder anestésico da hipnose.

Perguntas mais comuns

O que é Hipnose?
Hipnose, estado hipnótico ou transe hipnótico é um estado alterado de consciência, a pessoa hipnotizada não está dormindo, ela está em concentração profunda e com a memória ampliada e focada com mais precisão. Ao contrário do que se pensa, há muita atividade em todo o córtex cerebral durante a hipnose.

A hipnose não é considerada uma técnica esotérica?
Não, definitivamente. Hipnose é um fenômeno neurofisiológico legítimo, onde o funcionamento do cérebro possui características muito especiais. Tais características, únicas, podem ser verificadas por alterações em eletroencefalograma no decorrer de todo estado hipnótico e visivelmente por manifestações não presentes em outros estados de consciência, como rigidez muscular completa, anestesia, hipermnésia (reforço da memória) e determinados tipos de alterações de percepção. A hipnoterapia usa as vantagens de trabalhar com o cérebro neste estado para ajudar as pessoas.

Que vantagens tem a Hipnoterapia?
Uma pessoa hipnotizada pode lembrar-se com mais detalhes de situações passadas (regressão de memória) que explicam suas dificuldades emocionais e/ou sociais do presente e, desta forma, otimizar seu tratamento terapêutico, pois, uma das dificuldades dos procedimentos terapêuticos tradicionais é lidar com o “esquecimento” de determinados fatos do passado que atrasam o desenvolvimento da terapia.

É verdade que uma pessoa hipnotizada obedece a qualquer tipo de ordem dada?
Não funciona desta maneira. O cérebro da pessoa está sempre pronto para desperta-la se ocorrer algo ofensivo, que seja contra sua moral ou costumes.

Pode alguém ser hipnotizado sem sua permissão?
É muito difícil hipnotizar uma pessoa que não queira cooperar ou que não confie no hipnólogo, pois, a função do cérebro é sempre proteger e não se expor a qualquer tipo de situação desconhecida. O tipo de atividade cerebral que ocorre quando uma pessoa está sendo ameaçada, oprimida, assustada ou desconfiada, inviabiliza o transe hipnótico que possa ter alguma utilidade terapêutica. É certo que existe uma porcentagem pequena da população que tem uma sensibilidade muito grande à indução hipnótica, e essas são as maiores “vítimas” dos hipnotizadores circenses, pois esses, pela prática, identificam tais pessoas numa platéia e sempre as escolhem para fazer as apresentações, que não tem objetivo terapêutico algum. Por outro lado, existe uma outra porcentagem, também pequena, da população que é insensível à maior parte das técnicas de indução hipnótica.

Se o terapeuta passar mal e desmaiar, eu ficarei para sempre em transe?
Não. Se algo ocorrer e a pessoa não for trazida do transe, ela continuará em processo de relaxamento até chegar o sono comum, cochilará por algum tempo e acordará normalmente; ou fará o processo inverso. Todo este processo é concluído em minutos.

Existe algum risco em fazer um tratamento terapêutico que use a hipnose?
Apenas se o profissional não possuir um treinamento, tanto teórico quanto prático, feito de forma responsável. Não é aconselhável a uma pessoa com problemas emocionais participar de hipnose de palco (shows de hipnotismo), pois, o hipnotizador não lida com a técnica de maneira a ajudar as pessoas ou lidar com eventos de catarse (uma espécie de explosão emocional que tende a ocorrer durante o transe), sua função é meramente circense.

É Legal utilizar hipnose para tratamento de problemas emocionais, sociais etc?
Sim. A hipnose é hoje legalmente reconhecida e utilizada no Brasil por profissionais de Medicina, Odontologia, de Psicologia, do Sindicato dos Terapeutas e possui diversas outras associações profissionais sérias em todo o mundo que estudam e utilizam a hipnose como ferramenta produtiva em seus campos de trabalho, como na Fisioterapia e na Enfermagem.

Então a hipnose poderia resolver tudo sozinha?
Não. A hipnose é uma ferramenta que deve ser usada dentro de um processo terapêutico muito mais amplo; hipnotizar a pessoa e apenas eliminar determinados sintomas, simplesmente, sem investigar a causa de tais sintomas, não resolve seus problemas e pode até mesmo disfarçar (ou deflagrar) um problema maior.

A hipnose pode tirar meus medos de uma só vez, rapidamente?
Em alguns casos sim, especialmente naquele grupo de pessoas mais sensíveis a indução hipnótica. Mas este tipo de terapia, apenas sintomática, é improdutiva e irresponsável. Muitas vezes os sintomas apresentados por clientes são apenas como “a ponta do iceberg”. É necessário toda uma investigação para que a correta aplicação de técnicas pertinentes seja oferecida. A terapia não busca o simples alívio dos sintomas, mas sim a investigação das causas dos problemas para que os sintomas não mais ocorram nem se transformem em outros piores. Muitas vezes uma mera “dorzinha” é associada, num evento de regressão de memória, a memórias tristes da infância ou relacionamentos mal solucionados.