segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Cronologia Das Ordens Secretas, Filosoficas e Misticas



As Ordens Iniciáticas caracterizam-se por três manifestações: A Tradição, a Iniciação e o Sigilo.

A Tradição, única, transcendente, é transmitida de mestre a discípulo. Trata-se dum conhecimento não-racional, intuitivo, presente em todo o ser humano, mas que deve ser despertado pela filiação espiritual e pela Iniciação.

A Iniciação assegura a transmissão da Tradição. Ela é a um só tempo um início para aquele que entra na Senda e um retorno à origem, ao princípio, graças ao influxo espiritual que passa do Iniciador para o Iniciado e o transmuta num discípulo da Luz. Este processo tem várias exigências: a presença do candidato, a transmissão dos símbolos e de uma força espiritual durante a Iniciação e, na continuidade, o trabalho interior do Iniciado, que tem a missão de fazer germinar a semente que recebeu.

O Sigilo mostra-se necessário para garantir a proteção dos ensinamentos e rituais. Visa preservar a integridade e a eficácia dos ensinamentos, a fim de reservar o seu acesso aos que buscam e o merecem. Assim o Sigilo é o interior oculto que o ser humano, em busca da sua unidade, deve procurar e descobrir por si mesmo. Devido à esse sigilo é que as ordens iniciáticas são também chamadas de "Sociedades Secretas".

Entende-se por sociedade secreta um grupo numeroso de pessoas, que se caracteriza por manter reuniões estritamente limitadas a seus adeptos, e também por manter o mais absoluto sigilo a respeito das cerimônias e dos rituais que praticam, onde se manifestam os símbolos que a caracteriza e distingue das demais. As finalidades destas sociedades ditas "secretas" são as mais variadas: políticas, religiosas, filosóficas e espirituais.

As "Sociedades Secretas" mais populares são a Maçonaria e a Orden Rosa Cruz, porém, em cada época, em cada civilização, em distintos momentos e circunstâncias da evolução da raça humana, existiram diversas outras Ordens Iniciáticas, Ordens Secretas, Lojas, Confrarias, Monastérios, Escolas filosóficas, Escolas de Mistérios, que contribuiram para o aperfeiçoamento do gênero humano. Dentre as quais destacamos as seguintes:

 •  Loja do Diamante Flamígero - ( 15.997.992 a.C. - Era Primeva )
 •  Escola da Maçonaria - ( 12.622.992 a.C. - Era Lemur )
 •  Escola Rosacruz - ( 4.322.992 a.C - Era Atlante )
 •  Escola dos Lemures Redimidos - ( 2.634.992 a.C. - Era dos Últimos Lemures )
 •  Fraternidade dos Magos do Segredo Atlante - ( 9.117 a.C. )
 •  Santa Fraternidade dos Guerreiros do Norte - ( 4.992 a.C. )
 •  Loja do Empíreo - ( 4.692 a.C.)
 •  Irmãos Atlantes da Luz Akkadiana - ( 1.192 a.C. )
 •  Loja dos Mirianos do Oculto Segredo - ( Ano 77 - Início da Era vulgar )
 •  Escola do Grande Boddhisattwa - ( Ano 80 )
 •  Escola dos Gnósticos - ( Sec. I )
 •  Escola de Oriente - ( Sec. VIII )
 •  Cavaleiros da Roda de Fogo - ( Ano 825 - Inglaterra )
 •  Cadeia Rosarista das Cruzadas - ( Ano 880 )
 •  Cavaleiros da Távola Redonda - Ano 900 - Inglaterra )
 •  Escola da Ordem Secreta - ( Sec. IX )
 •  Confraria dos Irmãos ao Redor do Graal - ( Ano 1.050 )
 •  Priorado de Sião - ( Ano 1099 )
 •  Monastério Superior Tibetano dos Segredos do Hermafrodita (yab yum) - ( Ano 1100 )
 •  Budismo Secreto do Grande Oceano - ( Ano 1.110 )
 •  Loja de Tifão Bafometo - ( Ano 1.325 )
 •  Loja Botão do Oriente e Ocidente - ( Ano 1.545 )
 •  Die Indissolubilisten - ( Ano 1577 )
 •  Militia Crucifera Evangelica - ( Ano 1586)
 •  Rose-Croix Royale - ( Ano 1593 )
 •  Fruchtbringende Gesellschaft - ( Ano 1617 )
 •  Rite des Philadelphes - ( Ano 1640 )
 •  Fraternidade Polinésia dos Herdeiros da Luz - ( Ano 1.700 )

Destas escolas espirituais saíram centenas de milhares de Iniciados, Mestres, Devas, Drujlls, Rimpoches, Lamas, Gurus, Buddhas, Iluminados, Sábios, Sannyasis, Santos, Kabires, Avataras, Mensageiros, Profetas, Videntes, Monges, Anacoretas, Eremitas, Saddhus, Lanús, Chelas, Shishyas, Arhats, Sravakas Místicos, Nirvanis, Thuadas, Laurantinos, Adivinhos, Magos, Alquimistas, Teurgos, Goéticos, Mutantes, Adão Kadmon, Pratyekas, Paccekas, Virgens, Bikhunis, Krollestinos. Além destas, existiram e existem outras tantas Ordens Secretas distribuídas por toda a Terra ao longo desses 16.000.000 de anos.

1577 Die Indissolubilisten
1586 Militia Crucifera Evangelica
1593 Rose-Croix Royale
1617 Fruchtbringende Gesellschaft
1640 Rite des Philadelphes
1717 Grand Lodge of London ( Origem oficial da Moderna Maçonaria )
1736 Order of Odd Fellows
1744 Royal Arch
1754 Juges Ecossais
1756 Régime Ecossais Rectifié
1758 Elus-Cohens
1763 Ordre des Chevailiers de l'Aigle Noir Rose-Croix
1764 Strikte Observance - Stricte Observance Templiere
1768 Ordre Martiniste des Elus-Cohen
1769 Grand Loge de Genève
1770 Régime Ecossais Rectifié
1773 Grand Oriënt de France
1775 Rite des Philalèthes
1776 Ordo Illuminati
1778 Chevalier Bienfaisants de la Cité Sainte
1779 Grand Prieuré d'Helvetia
1780 Philadelphes de Narbonne
1780 Fratres Lucis
1780 Sociéte Philantropique
1780 Martinisme
1781 United Ancient Order of Druids
1783 Les Illuminés d'Avignon
1783 Société de l'Harmonie Royal et Observance - Société de l'harmonie et triuvre
1785 Sociéte des Initiées
1786 Rite Ecossais Ancien Accepté
1788 Rite de Misraïm
1803 Eglise Johannites des Crétiens Primitif
1815 Rite de Memphis
1830 Society of Eight
1834 Order of the Ancient Foresters
1839 Oeuvre de la Miséricorde
1843 B'nai B'rith
1851 Rebecca-lodges ( Odd Fellows )
1858 Order of Knights of the Red Branch of Eri
1858 Royal Oriëntal Order of the Sikha and Sat B'hai
1859 Swedenborgiaanse Ritus
1861 Eulis Brotherhood
1864 Knights of Pythias
1868 Societas Rosicruciana in Anglia
1869 Bristol College of the Rosicrucian Society
1870 Ancient Arabic Order of Nobles of the Mystic Shrine
1870 Brotherhood of Light
1870 Rite Ancien et Primitif de Memphis-Misraïm
1874 Order of Ishmael
1875 Theosofische Beweging
1876 United Order of the Golden Cross
1876 Mystic Order of Veiled Prophets of the Enchanted Realm
1878 Societas Rosicruciana in America
1878 London Spiritualis Alliance
1879 Societas Rosicruciana in Civitatibus Foederatis
1880 Illuminaten Orden
1882 Order of Light
1884 Hermetic Brotherhood of Luxor
1886 Order of the Cross and the Serpent
1888 Orde Kabbalistique de La Rose+Croix
1888 Hermetic Order of the Golden Dawn
1889 Fraternité de L'étoile
1890 August Order of Light
1890 Universal Gnostic Church
1891 Ordre de La Rose-Croix Catholique et Esthétique du Temple et du Graal
1891 Suprême Conseil de L'Ordre Martiniste
1892 Ordo Rosae Rubeae et Aurea Crucis
1892 Ordre Eudiaque
1893 Ordre Mixte International Le Droit Humain ( Maçonaria Mista )
1896 Association Alchimique de France
1896 Church of the Paraclete ( Gnostische Kerk )
1902 Societas Rosicruciana in Germania
1903 Stella Matutina
1905 Guido von List-Gesellschaft
1906 Ordo Templi Orientis ( O.T.O.)
1906 Mystica Aeterna
1907 Eglise Catholique Gnostique
1907 Ordo Novi Templi
1907 Germanische Glaubensgemeinschaft
1907 Argentum Astrum
1908 Fraternité des Polaires
1908 Rosicrucian Fellowship
1910 Rite Philosophique Italien
1911 Hohen Armanen Orden
1912 Germanen Orde
1912 Order of the temple of the Rosy Cross
1912 Antroposofische Vereniging
1913 Grande Loge Nationale Française
1914 L'Ordre du Lys et du L'Aigle
1915 Antiquus Arcanae Ordinis Rosae Rubae Aureae Crucis (AMORC)
1915 Holy Rosicrucian Church
1916 Ordre Martiniste - Martinéziste de Lyon
1916 Hermetic Brotherhood of Light
1917 Thelemic Ecclesia Gnostica Catholica
1918 Thule Gesellschaft
1919 Lotus Gesellschaft
1920 Association des amis de Péladan
1920 Fraternitas Rosae Crucis
1920 Amitiés Spirituelles
1920 Thelemic Ecclesia Gnostica Catholica
1920 School of Ageless Wisdom
1921 Ordre Martiniste et Synarchique
1921 Antiquus Arcanus Ordo Rosae Rubae Aurea Crucis (AAORRAC)
1921 Collegium Pansophicum
1921 Ordo Templi Orientis Antiquae
1922 Builders of Adytum
1922 Society of the Inner Light
1923 Church of Light
1923 Ordo Aurea & Rosae Crucis ( Antique Arcanae Ordinis Rosae Rubeae et Aureae Crucis )
1923 Ordre de la Rose-Croix Universitaire
1923 Ordre de la Rose-Croix Universelle
1926 Atlantis
1926 Fraternitas Saturni
1927 Fraternitas Rosicruciana Antiqua
1927 Ordre d'Hermès Tétra-Mégiste
1927 Thelema Verlags Gesellschaft Leipzig
1928 Adonistische Gesellschaft
1930 Rosicrucian Antroposophic League
1931 Ordre Martiniste Tradionnel
1932 Rosicrucian Antroposophical League
1932 Ordre souverain et militaire du temple de Jérusalem
1934 Federatio Universalis Dirigens Ordines Societatesque Initiationis
1935 Lectorium Rosicrucianum
1935 Société de l'harmonie et triuvre - Societas Pansophia Universalis del Trionphe
1937 Fraternitas Crucis Austriae
1942 Rose-Croix d'Oriënt
1942 Ordre Martiniste des Elus Cohens
1945 Ordre souverain et militaire du Temple de Jérusalem
1945 Croix Blanche Universelle
1945 Psychosophische Gesellschaft
1948 Ordre Martiniste Rectifié
1949 Temple of the Two Yggdrasills
1952 Ordre souverain du Temple Solaire
1952 Grande Loge Féminine de France
1953 Ordo Hermetis Trismegisti
1953 Ordo Hermetis Tetramegisti
1955 Temple of Lycantrophie Kabbalistique
1956 Ordo Roseae Aurea
1956 Ordo Illuminatorum Germaniae
1958 Grande Loge Traditionnelle et Symbolique
1958 Fédération des Ordres Martinistes
1960 Ordre Martiniste ( de Paris )
1960 Qabalistic Alchemist Church
1962 Ordre Rénové du Temple
1962 Ordre International Chevaleresque Tradition Solaire
1963 Fraternitas Saturni
1963 Fraternitas Luminis Ordo Regina Adeptorum
1963 Philosophic Gnostic Hermetic Society
1966 OSTI : Ordre Souverain du Temple Initiatique
1968 Ordre Martinist Belge
1968 Martinisten Orde der Nederlanden
1968 Ordre Martiniste Initiatique
1968 Alte und Mystische Orden der Saturnbruderschaft
1970 Ordre Rénové du Temple
1971 Arbeitskreiss Antares
1972 Ordo Saturni
1972 Frères Aînés de la Rose+Croix - Eglise Universelle de la Nouvelle Aliance
1972 Antigua Tradicional Orden Martinista
1975 Societas Pansophia Universalis del Trionphe - Ordre des Chevaliers de Trionphe
1975 Orden Martinista Hermética
1979 Association des Philosophes
1980 Ordre des Chevaliers Martinistes
1980 Ausar Auset Society
1982 Rose+Croix Martinist Order
1982 Sacred Circle of Thelema
1987 Orden Martinista
1988 Ordo Templi Orientis Saturni
1988 Circes
1988 Orden Rosacruz
1989 Ordre des Chevaliers de Trionphe - Camaraderie de la Lune Rouge
1990 Traditional Martinist Order of the U.S.A. Inc.
1991 Rose+Croix Martinist Order
1991 British Martinist Order
1992 Ancient Rosae Crucis
1992 ConFraternity Rosae Crucis
1994 Order of the Americas
1995 Academia Masonica Borealis
1995 Societas Rosae Crucis
1995 Magus Magnus Magister
1997 Ordo Militiae Crucis Templi Belgii

As Ordens Martinistas





A ORDEM DOS ELUS COHEN DO UNIVERSO
FUNDADA POR MARTINEZ DE PASQUALLY

O nome completo era Jacques de Livron Joachin de la Tour de la Casa Martinez de Pasqually. Nasceu em Grenoble, França, em 1727. Seu pai tinha uma patente maçônica emitida por Charles Stuart, Rei da Escócia, Irlanda e Inglaterra, fechada em 20 de maio de 1738, outorgando-lhe o cargo de Grande Mestre Delegado, com autoridade para levantar templos para a glória do Grande Arquiteto do Universo, e para transmitir a referida Carta Patente a seu filho maior. A patente e os poderes foram transmitidos depois de sua morte a seu filho que tinha 28 anos.

Martinez foi um grande homem que tentou durante toda a sua vida, infundir a espiritualidade à Maçonaria.

A doutrina de Martinez se expõe em um único livro que escreveu: Tratado da Reintegração dos Seres. É um comentário sobre o Pentateuco. Ele fundou uma ordem não estritamente maçônica, senão composta exclusivamente por maçons: "Ordem dos Cavaleiros Elus Cohen do Universo / Ordem dos Cavaleiros Maçons, Sacerdotes Eleitos do Universo". Esta Ordem complementava os tradicionais três graus maçônicos, Aprendiz, Companheiro e Mestre, com um sistema de Altos Graus.

Em 1774, Martinez fundou, em Montpellier, França, um Capítulo Maçônico "Os Juizes Escoceses". Entre 1755 e 1760, Martinez viajou pela França, recrutando membros para sua organização. Em 1760, fundou em Foix, França, o Capítulo "O Templo Cohen". Em 1761, fundou em Bordeaux, França, a Loja "A Perfeição Elus Escocesa". Os membros fundadores foram o Conde D'Alzac, o Marques de Lescourt, os irmãos D'Auberton, de Oasen, de Bobié, Jules Tafar, Morris e Lecembard.

Em 26 de maio de 1763, Martinez enviou sua Patente de Stuart à Grande Loja da França, informando-lhes que havia fundado em Bordeaux, um Templo de cinco graus de perfeição, dos quais Martinez era o fiador, sob os termos da patente do Rei Stuart da Escócia, Irlanda e Inglaterra, grande Mestre de todas as Lojas espalhadas sobre a face da Terra". O nome da Loja foi trocado para "A Francesa Elus Escocesa". Em 1° de março de 1765 a Grande Loja da França a aprovou e registrou esta Loja.

Em 1765, Martinez viajou a Paris, de onde organizou sua futura Loja parisiense. Em 21 de março de 1757, fundou o "Tribunal soberano dos Elus Cohen", com Bacon de la Chevaliere, como seu delegado. Desde 1770 o Rito dos Elus Cohen tinha templos em numerosas cidades: Bordeaux, Montpellier, Avignon, Foix, La Rochelle, Verssailles, Paris e Metz. Um templo se abriu em Lyon, e graças ao entusiasmo do discípulo Jean Baptiste Willermoz, esta cidade se converteu em um centro espiritual desta Ordem por muitos anos. Em 20 de setembro de 1774, Martinez faleceu em Port aux Prince, Haiti.

A Ordem dos Elus Cohen se dividia em três classes:

Primeira Classe: Continha os três graus da Maçonaria Simbólica (1) Aprendiz, (2) Companheiro e (3) Mestre e mais um quarto grau de (4) Grande Eleito ou Mestre Particular.
Segunda Classe: compreendia os chamados Graus do Pórtico ou Átrio de
(5) Aprendiz-Elus Cohen, (6) Companheiro-Elus Cohen e
(7) Mestre-Elus Cohen. Terceira Classe: continha os Graus de Templo de (8) Grande Mestre Elus Cohen
(9) Cavaleiro do Este ou Grande Arquiteto e (10) Comandante do Este ou Grande Eleito de Zorobabel. 

Além deste, existia um grau secreto: o de (11) Reau-Croix,
que não deve confundir-se com o grau Rosa Cruz, que apareceria mais tarde na Maçonaria. Neste grau, o iniciado se colocava em contato com os planos espirituais além do físico, através de invocações mágicas e práticas teúrgicas. O objetivo da Ordem era alcançar a visão beatífica do Reparador Jesus Cristo, como resposta a suas evocações mágicas.

Martinez conferiu o título de "Juiz Soberano e Superior Incógnito da Ordem" a seus discípulos Bacon de La Chevaliere, Johan Baptiste Willermoz, de Serre, Du Roy, D'Hauterive e de Lusignan.

Antes de sua morte, ocorrida em 1778, Martinez havia designado como sucessor, seu primo Armand Cagnet de Lestére, que faleceu em 1778, logo após transmitir seus poderes ao "Mui Poderoso Mestre" Sebastian de las Casas. A continuação suscitou numerosas disputas nos templos da Europa e geraram divisões que impediram unificar o Rito. Supõe-se que se transmitiu de pessoa para pessoa, dentro de cenáculos conhecidos como Areópagos Kabalísticos, de nove membros da Ordem. Um dos últimos nomes que se dispõe é o de um tal Destigny, que morreu em 1868.

Ao finalizar a Segunda Guerra Mundial, três iniciados S.I., fundaram uma Ordem Martinista dos Elus Cohen, Um deles foi o Grande Mestre Robert Ambelain (Sar Aurifer), com materiais diversos. Esta ordem pratica o caminho teúrgico dos Elus Cohen, porem é muito duvidoso que seja a continuação dos mesmos. Em 22 de agosto de 1996, Sar Aurifer vivia em Paris, França.

Nota: Em 1895, Papus admitiu possuir rituais e arquivos originais da Ordem dos Elus-Cohen, que chegaram a suas mãos, seguindo o seguinte trajeto:

1) os arquivos passaram primeiro pelas mãos de Willermoz, aproximadamente em 1782;
2) de Willermoz passaram para as mãos de seu sobrinho;
3) deste sobrinho para a viúva do mesmo;
4) desta viúva para M. Cavernier, um estudante de ocultismo;
5) que por mediação de um vendedor de livros chamado M. Elie Steel, Papus foi posto em contato com Carvenier;
6) que permitiu a Papus copiar os principais documentos.

Os ensinamentos dos Elus Cohen

Arthur Edward Waite indica os seguintes estudos dos "Sacerdotes Eleitos" ou "Elus Cohen". Os três primeiros graus são maçônicos. Os seguintes tratam de:
Quinto Grau Aprendiz Eleito Cohen: a instrução deste grau divide o conhecimento sobre a existência do Grande Arquiteto do Universo e sobre o princípio da emanação espiritual do homem. Mesmo a Ordem é emanada do Criador e tem sido perpetuada até nossos dias por Adão, de Adão para Noé, de Noé para Melquizedeque, portanto a Abraão, Moisés, Salomão, Zorobabel e Cristo. O sentido desta transmissão dogmática é que sempre tem existido uma Tradição Secreta no mundo, e que sucessivas épocas a tem manifestado com sucessivas custódias. È com este sentido que a Ordem diz Ter o propósito de manter o homem e sua virtude primitiva, com seus poderes espirituais e divinos.

Sexto Grau Companheiro Eleito Cohen: o estudante aprende a Caída do Homem. Ele é passado da perpendicular ao triângulo, ou da união do Primeiro Princípio ao da triplicidade das coisas existentes. O grau de Companheiro tipifica essa transição. Ao Candidato desfazer a Queda, na qual seu próprio espírito se acha submerso.

Sétimo Grau Mestre Eleito Cohen: simbolicamente o Candidato passa do triângulo ao círculo. Trabalha nos círculos de expiação que dizem ser seis, em correspondência com as seis concepções utilizadas pelo Grande Arquiteto na construção do Templo Universal. Se explica o simbolismo do Templo de Salomão. Estimula-se os membros deste Grau a caridade, aos bons exemplos e a todos os deveres da Ordem, para a reintegração de seus princípios individuais, simbolizados no Mercúrio, o Enxofre e o Sal.

Oitavo Grau Grande Mestre Eleito Cohen Particular: o candidato entra no círculo da reconciliação. Estimula-o a abraçar a causa da luta contra o mal sobre a terra, que tenta destruir a Lei divina. Devem ser soldados do Reconciliador, o Cristo. Se adverte o candidato a não ingressar em ordens secretas que pervertem os ensinamentos recebidos. Simbolicamente o candidato tem 33 anos.

Nono Grau Grande Arquiteto ou Cavaleiro do Este: simbolicamente o candidato tem 80 anos. É um Grau de Luz e o Templo se abre com todas as luzes acesas. Existem quatro Guardiões, que representam aos quatro ângulos dos quatro pontos cardeais do céu. Se estudam os mistérios das Tábuas Enoquianas de John Dee.

Os membros deste grau se ocupam da purificação de seus sentidos físicos, de modo a poder participar na obra do Espírito Santo. Se lhes instrui a construir novos Tabernáculos e a destruir os antigos. Estes quatro tabernáculos são:

1) O corpo do homem;
2) O corpo da mulher;
3) O Tabernáculo de Moisés;
4) O Tabernáculo do Sol, ou Tabernáculo temporal espiritual no qual o Grande Arquiteto do Universo destinou conter os nomes sagrados e palavras sagradas de reação espiritual e material. Se pronuncia o nome de Cristo pela primeira vez no Rito.

Décimo Grau Grande Eleito de Zorobabel ou Comandante do Este: o Candidato trabalha sobre a Redenção. É muito pouco do que se pode dizer desse Grau.

Décimo Primeiro Grau Cavaleiro Reaux Croix: sem dados. Supõe-se que simboliza a realização de Cristo.


As Ordens Martinistas Modernas


A tradição do Martinezismo ou seja de Martinez de Pasqualy e o pensamento de Saint Martin ou o Martinismo estão disseminados em todo o mundo através destas três ramificações principais:

A ordem que está a mais próxima a Pasqualy é a Ordem dos Chevaliers Elus Cohens de l`Universe com 5 graus.
A ordem mais próxima a Willermoz é Os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, um rito maçônico antigo que foi reorganizado por ele em 1778.

E há então as Ordens próximas a Papus baseadas no trabalho de Saint Martin, e que foram nomeadas como A Ordem dos Filósofos Desconhecidos (Silencieux Inconnus de Ordre), mas que é mais conhecida como Ordem Martinista ( L`Ordre Martinisme). 
Certamente os Elus-Cohen os Cavaleiros Benfeitores têm a relação mais forte com a maçonaria.

Não há historicamente documentos que comprovem que Saint-Martin fundou realmente uma ordem, entretanto existe um rito maçônico chamado Rito Retificado de Saint Martin, constituída de dez graus, que mais tarde foram reduzidos a sete, a saber: 

1. Aprendiz 
2. Artesão ou journeyman 
3. Mestre 4. Mestre Antigo 
5. Mestre Eleito 
6. Grande Arquiteto 
7. Mestre Secreto 
8. Príncipe de Jerusalém 
9. Cavaleiro da Palestina
10. Kadosh 

Posteriormente :

1. Aprendiz 
2. Artesão ou journeyman 
3. Mestre 
4. Mestre Perfeito 
5. Mestre Eleito 
6. Escocês 
7. Santo

Criação da Ordem dos Filósofos Desconhecidos

Quase todas as ordens Martinistas modernas são uma manifestação do bom trabalho de Papus (Dr. Gerard Encausse, 1865-1916), que criou ou se preferirem, revitalizou, o pensamento de Saint Martin durante o período de 1882-91. Recrutou diversos de seus irmãos em 1888 para dar forma ao primeiro conselho supremo Martinista, a fim de regularizar as diversas iniciações Martinistas livres da época. Em 1891 este conselho sob a direção de Papus deram forma a uma organização chamada Ordem Martinista ou Ordem dos Superiores Incógnitos com três graus, é reconhecido que esta Ordem Martinista que foi baseado em dois Ritos Maçônicos extintos: o Rito de Elus-Cohens (de Pasqually) e o Rito Retificado de Saint-Martin De características templárias dividiram a iniciação em três partes: S.I. - P.I. e L.I. Entretanto, com o tempo o grau S.I. (originalmente apenas um grau) foi dividido em quatro partes, como mostramos abaixo, e esta divisão causou muita confusão entre os diferentes ramos do Martinismo. Algumas ordens dividiram-no somente em três partes, e fizeram mais um grau o S.I.I ou Circulo dos Filósofos Desconhecidos. :

1) associado ou (S.I. I) 
2) iniciado ou (S.I. II)
3) superior incógnito ou (S.I. III) 
4) filósofo desconhecido (P.I.)(S.I. IV) 
5) S.I.I. ( Filósofo Desconhecido; P.I.)
6) Livre Iniciador (L.I.)

Certamente alguns Martinistas preferiram continuar seus trabalhos de forma independente. Era Martinistas " livres ". Ainda se tem noticias de que há ainda algum Martinistas livres, independentes não associados com as chamadas Ordens regulares.

As Ordens Sinarquica( Synarchy), Martinista (Ordre Martiniste), e a Ordem Martinista de Elus Cohen (Ordem de Martinist do Elus Cohens) são consideradas theurgicas da linha de Martinez de Pasqually menos mística que as Ordens fundadas com a orientação em Louis Claude de Saint Martin. Há também outras ordens regulares menos conhecidas dentre as quais: ìRussianî que descende de Papus quando de sua visita à corte do Czar Nicholas e a Belgo/ Holandesa. As ordens as mais antigas em existência, derivando-se todas da ordem de Papus são estas: a Ordem Martinista Sinarquica (Synarchy de Martinist), a Tradicional Ordem Martinista TOM (Tradicional de Martinist) e finalmente a Ordem Martinista ( Ordre Martiniste. )

As Ordens Martinistas em geral se reúnem em grupos, dependendo do número de participantes, cada uma possui um nome diferente:
Círculo (sete membros ou menos) , Heptada (sete Membros ou mais) , Loja (vinte e um membros ou mais) . Vale notar que a Tradicional Ordem Martinista somente possui um organismo previsto em sua constituição , a que chamamos de Heptada , que é constituída de no mínimo 21 membros de preferencia SI na sua fundação.

A base dos ensinamentos em todas as Ordens incluem Misticismo Cristão, Teosofia, Kabbalah, Hermetismo, e outros assuntos esotéricos semelhantes. A filosofia Martinista está inspirada no teosofismo clássico e nos trabalhos de Jacob Boehme, Swedenborg, além é claro em Martinez de Pasqually, Jean-Baptiste Willermoz e Louis-Claude de Saint Martin. 

A maioria dos historiadores confirmam que foram membros Martinistas dos diversos segmentos proeminentes figuras do mundo esotérico, como: Papus, Arthur Edward Waite, Eliphas Levi, Margaret Peeke, Henri Delaage, Maria Desraimes e Gearges Martin, Helena Petrovna Blavatsky, Coronel Olcott, Annie Besant, James Ingall Wedgwood, Charles Webster Leadbeater e outros, e muitos Rosacruzes e Maçons da Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, e E.U.A.. 

Vamos agora tentar resumir o pensamento e a estrutura das maiores Ordens Martinistas no mundo.


Ordem Martinista de Papus (L`Ordre Martiniste)


É o nome da primeira ordem criado por Papus em Paris 1888. Papus foi o primeiro Soberano Grande Mestre de 1888 até a sua morte em 1916. O seu primeiro Conselho Supremo foi constituído dos seguintes Irmãos: 

1. Papus (o Grande Mestre ) 
2. Pierre Augustin Chaboseau 
3. Paul Adam 
4. Charles Barlet 
5. Maurice Barres 
6. Burget 
7. Lucien Chamuel, 
8. de Stanislas Guaita 
9. LeJay 
10. Montiere 
11. Josephin Peladan 
12. Yvon Le Loup (Sedir) 
13. Eduoard

Maurice Barres e Josephin Peladan foram posteriormente substituídos por Marc e Emile Michelet. O Dr. Blitz de Edouard , Delegado Soberano no E.U.A., também era um membro do Conselho Supremo, entretanto ele é negligenciado freqüentemente na história do Martinismo, provavelmente porque ele deixou a Ordem, depois de uma controvérsia com Papus que não pretendia manter a subordinação maçônica em sua organização. 

A sucessão de Papus na linhagem de Saint Martin era assim: 

1. O Louis-Claude Saint Martin (1743-1803) 
2. Jean-Antoine Chaptal (de Compte Chanteloup)(morto em 1832) 
3. (?)X 
4. Henri Delaage (morreu 1882) 
5. Dr. Gérard Encausse. 

Porém, havia um elo, ou melhor, um vácuo (o X) na linhagem de Papus, assim em 1888, Augustin Chaboseau (um membro do Conselho Supremo original de 1888) e Gérard Encausse trocaram Iniciações pessoais para consolidar a sucessão. A Ordem Martinista se constituiu então de duas linhagens espirituais, a que vimos acima e a seguinte: 

1. O Louis-Claude de Saint Martin (1743-1803) 
2. Abbe de la Noue (morreu 1820) 
3. J. Antoine-Marie Hennequin (morreu 1851) 
4. Adolphe Desbarolles (morto em 1880) 
5. Henri la de Touche (Paul-Hyacinthe de Nouel de la Touche)(morto em 1851) 
6. A marquesa de Amélie de Mortemart Boisse 
7. Pierre Augustin Chaboseau.

Depois de morte de Papus , Charles Detré (nome místico Teder ) se tornou o Soberano Grande Mestre, ele decidiu limitar a afiliação à Ordem Martinista (L`Ordre Martiniste) para Mestres Maçons, especialmente do Rito de Memphis & Misraim. Claro que isto significou que as mulheres seriam excluídas do Martinismo, e isto também não estava de acordo à filosofia do Martinismo original. Naturalmente isto causou grande discordância entre os membros, e vários membros do Conselho Supremo original de 1891 deixaram a Ordem.


Ordem Martinista Martinezista (L'Ordre Martiniste-Martineziste de Lyons)


É o nome que Detré deu para a ordem em 1916, depois de ter mudado para Lyon e levado a Ordem com ele. Então, poderíamos considerar a Ordem Martinista original de Papus como morta, pelo menos até que depois de vários anos ela fosse reativada pelas inúmeras outras organizações que se fundaram. A linha de sucessão da Ordem Martinista-Martinezista é: 

0. (Papus 1888-1916) 
1. Charles DetrÈ (Teder) (1916-1918) 
2. Jean Bricaud (1918-1934) 
3. Constantin Chevillon (1934-1944) 
4. Henri-Charles Dupont (1944-1958) 

A exigência maçônica de Detrè em 1916, foi a primeira causa da criação de todas as Ordens Martinistas modernas e mistas. 



Ordem Martinista de Paris (L`Ordre Martiniste de Paris)


Fundado em 1951 por Philippe Encausse (o filho de Papus). Ele havia reunido vários Martinistas livres da França e formou a uma ordem baseada da constituição original. 

Phillipe Encausse sendo o Grande Mestre fundiu-se com a Federação das Ordens Martinistas, com A Ordem Martinista e Elus Cohen ( L`Ordre Martiniste e o Martinist Order do Elus Cohen de Robert Ambelain) e removeu a exigência da qualificação maçônica pela qual era determinada a pré-afiliação. Ele resignou como Grande Mestre em 1971, e teve como sucessor Irénée Séguret. Philippe Encausse retomou a direção em 1975 e resigna finalmente em 1979. O Irmão Emilio Lorenzo encabeça atualmente a Ordem. A linhagem é: 

1. Papus (morreu 1916) 
2. o Charles Deter ( Teder, morreu em 1918) 
3. Jean Bricaud (morreu em 1934) 
4. Chevillon (morreu em1944) 
5. Charles-Henry Dupont (morreu 1960) 
6. Philippe Encausse (se aposentou em 1960) 
7. IrÈnÈe SÈruget (1971-74) 
8. Emilio Lorenzo (1979) 


Ordem Martinista Belga (L'Ordre Martiniste Belge)


Criado em 1968 e encabeçada pelo astrólogo belga e membro anterior do Conselho Supremo da Ordem Martinista, Gustave-Lambert Brahy. Os membros de seu Conselho Supremo eram: Gustave-Lambert Brahy, Pierre-Marie Hermant, Stéphane Beuze e Maurice Warnon (que resignou em 1975 para trabalhar na Ordem Martinista dos países Baixos). Todos os quatro eram membros anteriores do Conselho Supremo da Ordem Martinista. Esta Ordem desapareceu praticamente com o falecimento de Gustave Brahy em 1991. Há só um Grupo permanecendo, sob a direção de Irmão Loruite. 

Ambas as Ordens Martinista Belga e Países Baixos foram criadas a pedido de Philippe Encausse. A razão disto era a discordância interna na Ordem Martinista sobre qual afiliação religiosa a ordem deveria ter. Muitas religiões independentes e igrejas Gnósticas eram populares entre os Martinistas, mas alguns preferiam o silêncio a aderir a estas igrejas. Quando a Ordem Martinista ( L`ordre Martiniste) em 1968 confirma uma aliança com a igreja Gnóstica (fazendo dela a religião oficial da ordem), muitos membros objetaram a esta limitação da liberdade religiosa. Então, para permitir para os membros mantivessem a liberdade para adorar nas igrejas de sua escolha, eles ofereceram as duas outras ordens como uma alternativa. 


Ordem Martinista dos Países Baixos (L'Ordre Martiniste de Pays-Bas)


Foi introduzido nos Países Baixos em 26 de Setembro de 1968, o Presidente da Federação das Ordens Martinistas localizou em Paris Maurice H. Warnon de Bruxelas (um membro anterior do Conselho Supremo da L`Ordre Martiniste) ele foi designado por Philippe Encausse como Representante Nacional e Soberano para o Países Baixos, com a missão de esparramar as idéias Martinistas e iniciações naqueles países em particular. 

Depois de trabalhar bem de perto na Ordem Martinista francesa, ficou evidente que os membros holandeses objetaram à relação íntima da Organização francesa com a igreja Gnóstica e Apostólica, pois a maioria deles que é de origem protestante. Eles quiseram manter uma liberdade completa de religião. Philippe Encausse sugestionou a criação de um segundo ramo separada da árvore original. 

A decisão pela independência começou em Setembro de1975, durante a reunião anual dos membros da Ordem nos Países Baixos. Uma Constituição nova foi adotada e subseqüentemente, a " Ordem des Martiniste Pagar-Bas " foi fundado 12 de setembro do mesmo ano, pela transmissão dos poderes do Representante Nacional da Ordem Martinista francesa para o Conselho Supremo recentemente criado dos Países Baixos. Os membros de seu Conselho Supremo eram: Maurice Warnon, Augustus Goetmakers, Bep Goetmakers, Femke Iken, Annie Iken e Joan Warnon-Poortman. 

A Ordem Martinista dos Países Baixos não é uma jurisdição territorial, mas uma orientação específica do movimento de Martinista. 


Ordem Martinista dos Elus Cohens (des Ordem Chevaliers Maçons Elus-Cohen de l'Univers)


Originalmente fundado por Martinez de Pasqually em 1768. Foi fundido com alguns ritos Maçons pelo discípulo dele e sucessor Jean-Baptiste Willermoz. O Dr. Blitz de Eduoard, um companheiro antigo de Papus, trabalhou com os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa de Willermoz, nos E.U.A., e consequentemente mantinha a exigência de afiliação maçônica. Depois da Segunda Guerra Mundial, Robert Ambelain (Sar Aurifer),era seu Grande Mestre e mantinha rituais Elus Cohen que ele tinha obtido de várias fontes , reavivou a Ordem Martiniste des lus Cohens que praticava justamente esta forma operativa de teurgia. Ambelain também preservou somente esta Ordem aos Homens. 

A Ordem original do Cohens Eleitos tinha trabalhado de 1767 a pelo menos até 1807. De lá para cá a linhagem está quebrada ou pelo menos incompleta. Estes são o iniciados principais da Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos do Elus Cohen do Universo na França: 

1. Martinez de Pasqually 1767-1774 
2. Caignet Lestere 1774-1779 
3. o Sebastian las de Casas 1780 
4. G.Z.W.J. 1807 de 1942-1967: 

1. Robert Ambelain (Aurifer) 1942-1967 
2. Ivan Mosca (Hermete) 1967-1968 

No seguimento Italiano : 

1. Krisna Frater 
2. Francesco Brunelli 

Os graus transmitidos nos Elus Cohen são assim: 

1º grau - o Mestre Elus-Cohen 
2º grau - Cavaleiro do Oriente 
3º grau - o Chefe do Oriente 
4º grau - RÈaux-Croix 

Outras fontes relatam assim: 

1 - Ordem dos Cavaleiros de Elus-Cohen L'Univers 
2 - ordem de Cavaleiros maçons 
3 - Eleitos sacerdotes do Universo 
4 - RÈaux-Croix 

A ordem se fundiu com a Ordem de Martinista de Phillipe Encausse. Ambelain publicou uma declaração na revista de Martinista ´L'Initiation" em 1964 relatando o fechamento da ordem. 30 anos depois foi reavivado mais uma vez - novamente por Ambelain - que ainda parece estar morando em Paris. 


Ordem Martinista Sinarquica (L'Ordre et de Martiniste Synarchique)


Esta ordem é a mais antiga das que tiveram uma existência ininterrupta desde sua fundação em 1918 por Blanchard (Sar Yesir). Originalmente era Blanchard que iria se tornar o sucessor de Detré como Grande Mestre da Ordem Martinista Martinezista. Blanchard desistiu disto, pois ele não estava a favor da exigência de afiliação maçônica no Martinismo. Assim em 1918 Blanchard reuniu o Conselho Supremo anterior de Martinistas e Martinistas independentes que não aderiram ou pertenceram às Ordens Martinistas maçônicas e formaram uma Ordem de Martinistas sob a constituição original que Iniciou homens e mulheres. Depois, em 1934 a Ordem de Blanchard mudou seu nome para Ordem Martinista e Sinarquica, e Blanchard foi eleito Soberano Grande Mestre Universal. 

Com uma idade de 75 anos, Blanchard faleceu em 1953, em Paris. O Soberano Grão Mestre a substitui-lo foi Sar Alkmaion (Dr. Edouard Bertholet), da Suíça. Foi Sar Alkmaion, Soberano Grão Mestre da Ordem para as Lojas Inglesas que recebeu a Carta Constitutiva como Delegado Geral para a Grã Bretanha e a Comunidade britânica. A Grande Loja Britânica era governada por um comitê interno conhecido como o Tribunal Soberano do qual este era um dos membros permanentes: Presidente: Sar Sorath (também conhecido como Sar Gulion, ainda em vida). 

No momento, a jurisdição principal desta ordem está na Inglaterra sob da liderança de Sar Gulion. Nos E.U.A. há uma filial da ordem que funciona regularmente com uma carta constitutiva da Inglaterra. Depois da morte de Fusiller, o sucessor de Blanchard, a Ordem Martinista dos Eleitos Cohens fundiu com o OMS e mantém o nome do posterior. 

A linhagem de OMS atual: 

1. Papus & Chaboseau (linhagem dobro) 
2. Charles Detrè (Teder) 
3. Georges de BogÈ LagrËze (Mikael) 
4. Auguste Reichel (Amertis) 
5. V. Churchill (Sar Vernita) 
6. Sar Gulion/Sorath (o Grande Mestre Inglês) 

O OM&S independente do Canadá, tem estas linhagens; 

1. Papus & Chaboseau (linhagem dobro) 
2. Charles Detrè (Teder) 
3. Georges de Bogè Lagrëze (Mikael) 
4. Auguste Reichel (Amertis) 
5. V. Churchill (Sar Vernita) 
6. Sar Sendivogius 
7. William Pendleton 
8. Sar Parsifal/Petrus (morto 1994). 

O tribunal de OM&S no Canadá, 1965, era compostos de: 

1. Sar Resurrectus, Presidente (iniciado por Pendleton) 
2. Sar Sendivogious, 
3. Sar Petrus 

A Jurisdição canadense se declarou independente. Sar Resurrectus se tornou o Grande Mestre, Sar Sendivogious se retirou das atividades da OMS para se concentrar nos Elus Cohen, e Sar Petrus se tornou Grande Mestre. 


Tradicional Ordem Martinista (L'Ordre Martiniste Traditionnel)


A Tradicional Ordem Martinista permanece como a maior Ordem Martinista não operativa em atividade no mundo, para tanto conta com a aliança com a Ordem Rosacruz AMORC, é a organização Martinista que possui o maior número de Heptadas tradicionalmente constituídas e é a que possui a melhor organização administrativa. 

A sucessão da Tradicional Ordem Martinista possui vários ramos a saber :

1. V.E. Michelet 
2. Augustin Chaboseau (Sar Augustus) 
3. Ralph Maxwell Lewis (Sar Validivar) 
4. Gary L. Stewart 
5. Cristian Bernard (Phenix) 

Sucessões iniciáticas: 

1. Papus & Chaboseau (linhagem em dobro) 
2. o Charles Deter (Teder) 
3. Blanchard 
4. H.S.Lewis 

1. Papus & Chaboseau (linhagem em dobro) 
2. Charles Deter (Teder) 
3. Georges de Bogè LagrËze (Mikael) 
4. Ralph Lewis. 

O Soberano Grande Mestre da Tradicional Ordem Martinista é o Ir Christian Bernard ( Phenix) que possui duas linhagens: 

1. Ralph Lewis 2. Sepulcros de Orval 3. Cristian Bernard e
1. Ralph Lewis 2. Cecil UM. Poole 3. Gary L. Stewart 4. Christian Bernard.

O intuito desta compilação é o de fornecer informações históricas sobre o Martinismo através dos séculos. Como todo Martinista deve saber, não se julga um irmão pela riqueza ou pobreza do berço que o embalou e sim pela fraternidade que une dois seres que possuem gravados em seus íntimos a mesma iniciação e a mesma paternidade espiritual. Este é o elo que nos une.

Biografia Johannes Von Heidelberg


Johannes Von Heidelberg (Jean Trittheme) nasceu em 02 de Fevereiro de 1462, na aldeia de Tritthenheim, faleceu em 27 de Dezembro de 1516, em Wurzburg, Alemanha.
Embora órfão de pai e bastante pobre, estudou e, com 12 anos, teve uma visão durante a qual lhe foi revelado que os seus desejos mais secretos seriam realizados.
Estudou em Trèves e depois em Heidelberg, fundando entre os 18 e 19 anos, uma associação denominada Sociedade Literária Renana, de caráter humanista. A base deste grupo era formada por três amigos: Jean de Dalberg, pessoa considerada no mundo universitário e político da época, que passou a usar o nome de Jean Camerarius, Rodophe Huesmann, conhecido por Agrícola e Jean de Heidelberg, que a partir dessa época passou a intitular-se Trittheme, a mais simples explicação da derivação deste nome seria o nome da sua aldeia natal, Tritthenheim.
A Sociedade Literária Renana se preocupava muito com a filosofia pitagórica e a mística dos números, talvez se possam atribuir a Trittheme um sentido mais cabalístico ligado ao número três: três amigos, dos quais ele era o terceiro, que procuravam fazer a síntese das três culturas: cristã, grega e hebraica.
Posteriormente, a Sociedade Renana passou a designar-se por: Confraria Céltica, e que parece reforçar o seu aspecto esotérico. Nessa altura contava entre seus membros, grandes professores, como: Jacques Wimpfeling, um dos grandes eruditos da Renascença, tendo dedicado praticamente toda a sua vida ao estudo dos textos gregos, tinha como pseudônimo o nome "Olearius", outro foi Conrad Meissel, um hermetista de grande valor, tinha o pseudônimo de "Celtes Protucius (o primeiro dos Celtas) e sobretudo, Paul Ricci, um judeu convertido que difundiu entre seus amigos os ensinamentos da Cabala.
Porém, no início de 1482, Trittheme opta, graças ao "acaso", por outra via que o levará ao segundo período de sua existência e o transformará no célebre padre do mosteiro de Spanheim. O jovem sente um desejo repentino de visitar a mãe e o irmão em Trittenheim, Jean de Dalberg encoraja-o a empreender a viagem, mas predis-lhe que ele encontrará durante ela a chave de uma nova vida.
Em 25 de Janeiro de 1482, Trittheme interrompe sua viagem para descansar no caminho, no mosteiro beneditino de Saint Martin, em Spanheim, recupera as forças e parte de novo, mas o inverno, e a neve caindo abundantemente, obrigaram-no a voltar ao mosteiro; não imaginava que ficaria lá durante 23 anos. 
No dia 2 de Fevereiro de 1482, ao completar 20 anos, inspirado pela graça divina, Trittheme conhece a iluminação, a sua fé imensa consegue convencer os que o rodeavam.
A 21 de Março era noviço, a 21 de Novembro, profeta, no ano seguinte, a 21 de Julho de 1483, o monge Trittheme é eleito abade do mosteiro, sendo confirmado pelo bispo; supõe-se que seu êxito e também a aprovação do bispo não são devidos somente às qualidades do jovem profeta, mas também pelo possível apoio de Jean de Dalberg, assim aos 21 anos encontra-se à frente de uma casa de Deus, tendo então descoberto o seu caminho.
No mosteiro, Trittheme não só revelou-se como um grande crente, mas também como um condutor de homens, logo que assume o posto de chefia, empreende uma limpeza da qual a casa necessitava, mandou consertar os prédios avariados, reconstrói, traça planos; o mosteiro recebe um sopro de vida, graças a ele.
Realiza também uma obra no campo espiritual, luta contra a inércia, contra a atonia mental provocada pela ausência de diretivas. A ordem dos Beneditinos fora reformada em 1425 por Jean de Minden, abade de Burafele, mas em Spanheim continuava à moda antiga. Daí em diante, pela direção enérgica e esforçada, Trittheme é reconhecido e encorajado pelos seus superiores, obtém doações que lhe permitem novos empreendimentos, que ajudam a resolver problemas pendentes, pagou dívidas, recuperou bens que estavam perdidos ou empenhados; enfim pôs os assuntos temporais em ordem.
Ao mesmo tempo, com o objetivo de conseguir fontes de receita e mais ainda, para tirar os monges da ociosidade e orientar seus pensamentos para a pesquisa e reflexão, decidiu aumentar a biblioteca do mosteiro que era bastante pobre: 48 manuscritos e alguns livros impressos, estes últimos não tinham interesse.
Por julgar que as produções em papel simples não poderiam durar "mais de duzentos anos", ele obrigou os monges a recopiarem admiráveis manuscritos para pergaminho, utilizando tintas polícromas, foram feitas obras-primas; a biblioteca passa a conter 2000 manuscritos, desloca-se pessoas de todos os países germânicos para as consultar, Spanheim torna-se numa cidade do livro.
O próprio Trittheme se dedica à escrita: Dois Livros de Sermões e Exortações em 1486, um Elogio dos Irmãos da Ordem dos Carmos em 1492, uma obra sobre os Escritores Eclesiásticos em 1494, outras ainda sobre teologia, sobre Santa Ana, sobre os milagres da Virgem e outras que serão citadas.
Trittheme investigou manuscritos herméticos, adquiriu experiência em magia, cabala, alquimia, estudou o significado oculto das palavras; muitos dos seus trabalhos são em linguagem simbólica, entendida unicamente pelos iniciados, foi o primeiro autor importante sobre criptografia.
Spanheim ficou famosa, o abade tinha contato direto ou por escrito com numerosos sábios ou teólogos da época; foi mestre de Agrippa, amigo de Paracelso, posteriormente outros inspiraram-se em suas obras.
Em 1498, Arnould Bostius, frade da Ordem dos Carmos, queria saber dos seus projetos, e em que estudos se ocupava e curiosamente Trittheme resolveu responder por escrito, em carta extremamente pormenorizada, em 1499, e que por acidente iria tornar-se pública, quando chegou ao seu superior, o prior do mosteiro de Grand, que não acreditou no que lia.
Esta carta, Trittheme a transcreveu na sua Poligrafia, ele mesmo conta o que se passa em seguida: outros monges leram a carta, alguns recopiaram-na, ao fim de pouco tempo ela era tornada pública não só na Alemanha como na França e Itália. Algumas pessoas pensaram tratar-se de mentiras, outros de fantasia destinada a obter um êxito fácil, alguns consideraram a carta, obra do diabo.
Trittheme sentiu-se profundamente atingido, o caso assumia proporções inquietantes que colocavam em risco a sua carreira. Até os monges de Spanheim começavam a murmurar contra ele, apesar de tudo a eleição de Trittheme para abade aos 21 anos não devia ter agradado a toda gente, haveria quem se sentisse frustrado nas suas ambições e agora havia oportunidade para vingança.
A carta de Trittheme explicava em que consistia a obra em que trabalhava, cujo título era: "Esteganografia" e tratava de uma invenção importante. Dizia ela: "Tenho em mãos e possuo uma grande obra, admirável, a qual, uma vez terminada, conhecida e publicada (o que espero venha a suceder), será considerada por todos, mais do que admirável e uma autêntica maravilha. Intitulei-a: Esteganografia... e dividi-a em 4 livros, o mais pequeno deles terá mais de 100 capítulos.
Posso garantir-vos que esta obra, onde falo de grande número de segredos e mistérios pouco conhecidos, a todos parecerá, mesmo aos ignorantes, conter coisas sobre-humanas, espantosas e incríveis, uma vez que ninguém escreveu ou falou sobre elas antes de mim.
O primeiro livro mostra mais de 100 maneiras de escrever secretamente e sem provocar qualquer suspeita aquilo que se desejar, em qualquer língua, sem que se consiga adivinhar o conteúdo, e isto sem o recurso a metástases ou a transposições de letras e também sem qualquer receio ou dúvida de que o segredo possa ser conhecido por alguém estranho àquele a quem cabalisticamente eu tenha ensinado esta ciência ou a alguém a quem o meu binário o tenha, também cabalisticamente, transmitido; uma vez que todas as palavras e termos empregados são simples e familiares, mesmo assim, ninguém, por mais experimentado que seja, poderá descobrir por si só o sagrado, o que a todos parecerá uma coisa admirável e que os ignorantes considerarão uma impossibilidade.
No segundo livro tratarei de coisas ainda mais maravilhosas relacionadas com certos meios, graças aos quais consigo, de uma forma segura, impor a minha vontade a quem captar o sentido da minha ciência, e isto sem que me possam acusar de ter usado quaisquer sinais, figuras ou caracteres, e se me servir de um mensageiro escolhido ao acaso, não há súplica ou ameaça, promessa ou violência, que possa obriga-lo a revelar o meu segredo, pois ele o desconhecê-lo-á, eis porque ninguém por mais hábil que seja, conseguirá descobrir esse segredo. E realizo facilmente todas essas coisas, quando me aprouver, sem a ajuda de ninguém, nem de mensageiros, mesmo com um prisioneiro encarcerado num lugar remoto, vigiado por guardas atentos. Sou capaz de provar o que afirmo, não me sirvo de espíritos nem de magia, apenas de um processo simples e natural.
O terceiro livro permite a todos os homens ignorantes que apenas conhecem a sua língua materna, entender em duas horas a língua latina e escrever de forma elegante, de tal maneira que os que o lerem compreenderão o seu discurso e só poderão dirigir-lhe louvores.
No quarto livro posso provar que a minha ciência é compreensível a todos os que eu ensinar e servir-me dela em qualquer momento do dia, por muito longe de mim que esteja o meu cabalístico (aquele que no seu segredo, recebe a mensagem).
Falo ainda de um grande número de segredos que não posso revelar agora. Ora eu não duvido que muitas pessoas que leram mas não compreenderam o que escrevi, consideram estas coisas admiráveis mas impossíveis, tal como sucedeu com certos sábios diante dos quais fiz algumas experiências fáceis e que não se deixaram convencer por elas.
Para resumir, afirmo em consciência e perante Deus, que tudo sabe e vê, que as coisas admiráveis que menciono e descrevo são incomparavelmente mais importantes e profundas do que posso dizer e do que vós sois capazes de compreender.
Todas estas coisas são naturais, isentas de artimanhas, de idéias supersticiosas, de artes mágicas, isto é, de invocação de espíritos, afirmo-o nesta carta a fim de que se a mostrares ou a deres a ler aos vossos amigos, nenhum deles pense que eu sou mago, como sucedeu com Alberto o Grande, que, apesar de grande filósofo e profundo investigador dos segredos da Natureza, foi no entanto considerado mago porque os seus conhecimentos, adquiridos graças a um trabalho assíduo, a grandes estudos e aplicação, ultrapassavam a inteligência dos seus contemporâneos.
Trittheme, em sua carta, tem consciência de que as suas descobertas serão atribuídas à magia.
Outra infelicidade espreitava Trittheme, ao que parece, ele nunca renunciou de provar a sua boa-fé, nessa época, em 1504, um visitante francês: Charles de Bouelles, um viajante erudito, como havia muitos no século XVI, parou no mosteiro para ver Trittheme, com quem a muito se correspondia.
Trittheme escreve "Charles de Bouelles veio pedir-me o favor de o receber como hóspede antes do seu regresso à França, na ocasião, mostrei-lhe minha obra sobre a Esteganografia, que ainda não estava terminada, e ele admirou-a, louvou-a até, embora não tivesse compreendido o seu significado, pois não possuía nem a inteligência nem a chave e não era merecedor de ouvir nem de receber o nosso ensinamento" l: Poligrafia: Epístola a Maximiliano.
Trittheme não se enganara no juízo que fizera, tinha talvez um pressentimento que infelizmente concretizou-se, Charles de Bouelles não compreendeu sua obra, pouco depois escreveu a Germain de Ganay, bispo de Cahors e depois de Orléans, nos seguintes termos: "Folheei a obra de Trittheme, considero-o não só um mágico como também um ignorante completo em matéria de filosofia. Li bastante por alto a sua Estenografia, limitando-me ao começo de alguns capítulos, mas só a custo consegui estar duas horas com o livro entre as mãos, pondo-o de lado por causa das inúmeras conjurações bárbaras que contém e dos nomes desusados que ele chama aos espíritos, não sei se deva dizer diabos, e que começaram a fazer-me medo".
Na seqüência da sua carta, ele afirma claramente que Trittheme tinha um acordo feito e contraído com os maus espíritos.
Depois do prior de And, esta segunda peritagem, baseada em apenas fragmentos, de Charles de Bouelles, que classificava a obra de estranha e inexplicável, com misturas de diabolismo, desta vez, Trittheme estava perdido, a partir daí, até o fim de sua vida protesta e jura inocência sem que obtenha crédito, a Esteganografia nunca será publicada na íntegra. Escrevia Trittheme: "Afirmo peremptoriamente, que digo a verdade e que nunca tive comércio com os demônios e outras entidades malfazejas, uma vez que nunca pratiquei as artes mágicas, nem a dos necromantes, antes pelo contrário, aquilo que escrevi ou que me propus escrever era puro, são, natural e sem contradição com a fé do cristo, que a Esteganografia espere a sua hora mergulhada nas trevas, embora nada tenha a ver com as alegações mentirosas de De Bouelles, que costuma fazer juízos acerca de coisas que não conhece e sujar o nome de Homens justos e bons.
Além de tudo, a revolta dos monges no mosteiro assumira aspectos dramáticos, e em 1505 Trittheme demitiu-se de suas funções, mas graças às altas proteções de que gozava, foi eleito no ano seguinte, a 3 de Outubro de 1506, prior do mosteiro de Saint-Jacques de Wurzburg. O lugar era invejável, mas Trittheme perdera sua bela biblioteca e a casa onde trabalhava durante tantos anos com amor e dedicação. Isso causou-lhe um profundo desgosto em seus últimos anos, podemos dizer que esse terceiro período da sua vida foi quase que inteiramente dedicado a apagar o efeito produzido pela sua famosa carta à Bostius.
Nos seus inúmeros protestos há um tom de sinceridade que impressiona, nem em intenções esse homem seria capaz de trair a sua fé pelo prazer de escrever um livro, que ele fosse adversário das ciências secretas, como afirmava, é menos certo; datam da época em que Trittheme sentiu necessidade de proclamar a sua perfeita ortodoxia. Ele levou as suas pesquisas para além da simples e clássica teologia.
Em uma carta de 15 de Maio de 1503, escreveu "Nada fiz de muito extraordinário e, no entanto, espalhou-se o boato de que eu sou mágico. Li a maior parte dos livros dos mágicos, não para os imitar, mas com o objetivo de, um dia, refutar as suas superstições maldosas".
Ele era contra os astrólogos e alquimistas da época, porque ele acreditava numa astrologia cabalística a qual considerava legítima, tanto que escreveu o tratado das "Sete Causas Segundas", que era a construção de um sistema da história do mundo por ciclos.
Este tratado foi traduzido ao francês, 1897 com o nome: "Traité das causas secondes". Também chegou a profetizar, anunciando acontecimentos que ocorreriam na época que ele designa por "décimo nono período", pouco depois de sua morte, originando o estabelecimento de uma nova religião (o protestantismo de Lutero).
Ele pretendia substituir a magia negra, a goécia, por uma magia natural, com base na verdadeira Cabala, numa alquimia espiritual, numa ciência simultaneamente secreta e cristã, tudo orientado para o conhecimento absoluto. Ele deixou um texto alquímico intitulado: "A Pedra Filosofal", em uma carta de 25 de Novembro de 1506, faz um elogio à alta magia, a magia divina. Conhecia vários aspectos da Cabala, não daquela que foi posteriormente adulterada e desviada do seu objetivo, mas da ciência autêntica dos rabinos empenhados em descobrir os segredos de Deus e da Criação.
Algumas de suas obras: Antipalus Maleficorum, 1508, obra contra a magia negra, publicada como: "O Adversário dos Malefícios", publicada em Ingoltadt, em 1555.
Tratados Históricos e Teológicos - Poligrafia, entre 1505 a 1508 e publicada dois anos após sua morte, em 1518.
Liber olto Questionum-1508
Steganografia nen con Claviculae Salomonis, publicado em Lyon, em 1551 e Frankfurt em 1606.
Curiosidades Reais, em 1511, eram respostas às perguntas do Imperador sobre assuntos religiosos.
Com anos depois de sua morte surge uma obra intitulada Esteganografia, Frankfurt, 1608, que provavelmente não é original.
O manuscrito original, diz-se que foi queimado pelo conde Frederico II, filho de Mestre Eleitor Philippe, que o encontrou na biblioteca do pai e julgou prudente destruí-lo, receando pela salvação da sua alma...
Inúmeras cópias da "Esteganografia" circularam após a morte de Trittheme, todas diferentes entre si, a maldição continuava a persegui-la, a versão impressa em três livros, em 1606, e que nada contém de diabólico, foi posta no Index pela Congregação do Santo Ofício, essa condenação absolutamente incompreensível manteve-se até à edição de 1930.
Nunca saberemos em que consistia esse meio de enviar uma mensagem "a mais de cem léguas de distância" e "para o lugar mais profundo que se possa imaginar", Trittheme não nos deixou indicações suficientes para a interpretação de sua obra, ele utilizou, como em outros textos, um pouco de astrologia, um pouco de alquimia, um pouco de Cabala, enfim, ciências orientadas para o Bem e que ele considerava incluírem-se perfeitamente na doutrina cristã. Também não há dúvidas de que Trittheme estudou a criptografia para servir-se dela, para enviar ele próprio uma mensagem.
Seus Trabalhos mágicos tratavam de ocultar os mistérios, a sua obra: "Verterum sophorum sigiela et imagines magiose", é uma história de magia toda em pantáculos; quanto a sua doutrina, ele a exprimiu por um pantáculo, segundo o uso dos verdadeiros Adeptos, este pantáculo, raro acha-se apenas em alguns exemplares manuscritos do tratado das Causas Segundas.
Segundo Eliphas Levi, Trittheme foi o maior mago dogmático, da Idade Média, na sua "Esteganografia" e em sua "Poligrafia", ele dá a chave de todas as escrituras ocultas e explica em termos velados, a ciência real dos encantamentos e das evocações; em magia foi o mestre dos mestres e também o mais sábio dos Adeptos.
Trittheme passou os últimos dez anos de sua vida em Wurzburg, até a sua pedra tumular, cuja inscrição se deve ao vigário-geral George Flachius, foi realizada cinqüenta anos após sua morte, ela diz o seguinte: "O abade Trittheme, glória da terra germânica, que aqui jaz, mereceu este monumento. Os admiráveis escritos saídos da sua pena mostram como foi admirado pelas suas obras e pela sua virtude, como também o prova a consideração que sempre lhe testemunhou o imperador Maximiliano. Em vez de mágico, é autor de uma obra contra a magia (uma obra pouco conhecida:" O adversário dos Malefícios ", publicada em 1555, muito tempo depois de sua morte). A sua fama não morre e ele vive na bem-aventurança espiritual do reino dos Céus".

Obs.: Trittheme foi mestre de Agrippa e Paracelso.

Mitologia Egípcia Isis


Nenhuma personalidade do panteão egípcio pode rivalizar com a deusa Ísis, sublime essência da alma de uma das mais excelsas e proeminentes civilizações da antiguidade e maga detentora do esplendor ofuscante que a conduziu até ao auge da popularidade. Surgindo na teologia heliopolitana como fruto dos amores entre o céu (Nut) e a terra (Geb), Ísis reinara com uma sabedoria incontestável nas Duas Terras, o Alto e o baixo Egipto, muito antes do nascimento das dinastias. O amor que unia Ísis a Osíris em ternos esponsais vestia a sua alma com uma felicidade que abraçava o Infinito. Todavia, em breve a doce melodia que tão mítica perfeição dedilhava na harpa da sua vida seria, pelas trevas, resumida a um rol de acordes dissonantes, orquestrados numa sinfonia de silêncio e dor. 

Tão vil prelúdio de uma noite sem fim surgiu sob a forma de um convite de Seth, que solicitava afavelmente a presença de seu irmão Osíris num banquete. Sem jamais cogitar que se tratava de uma ímpia conjuração, Osíris não declinou a oferta, colocando-se então à mercê de um execrável assassino. Algures no decorrer do banquete, Seth apresentou um caixão de proporções verdadeiramente excepcionais, assegurando que recompensaria generosamente aquele que nele coubesse. Imprudente, Osíris aceitou prontamente o desafio, permitindo que Seth e os seus acólitos pregassem a tampa e consequentemente o tornassem escravo da morte. Cometido o hediondo crime, o assassino Seth, que cobiçava ocupar o trono de seu irmão, lança a urna ao Nilo, para que o rio a conduzisse até ao mar, onde veio a perder-se. Este trágico incidente deu-se no décimo sétimo dia do mês Athyr, quando o Sol se encontra sob o signo de Escorpião. Quando Ísis tomou conhecimento do ocorrido, baniu de sua alma todo o desespero que a assombrava e abraçou a resolução de procurar o seu marido, a fim de lhe restituir o sopro da vida. Assim, cortou uma madeixa do seu cabelo, estigma da sua desolação, colocou o seu vestuário matutino e errou por todo o Egipto, na ânsia de ver a sua diligência coroada de êxito.

Por seu turno, e após haver dançado nas ondas do mar, a urna atingiu finalmente uma praia, perto da Babilónia, na costa do Líbano, enlaçando-se nas raízes de um jovem tamarindo, cujo prolixo crescimento a prendeu no interior do seu tronco. Ao alcançar o clímax da sua beleza, a imponente árvore atraiu a atenção do rei desse país, persuadindo-o a ordenar ao seu séquito que o tamarindo fosse derrubado, com o fito de ser utilizado como pilar na sua casa. Em simultâneo com o crescimento da referida árvore, Ísis prosseguia tão exaustivas busca pelo cadáver de seu marido, pelo que, ao escutar as histórias tecidas em torno da surpreendente árvore, tomou de imediato a resolução de ir à Babilónia, na esperança de ultimar enfim e com sucesso a sua odisseia. Ao chegar ao seu destino, Ísis sentou-se perto de um poço, ostentando um disfarce humilde e brindou os transeuntes que por ela passavam com um rosto lavado em lágrimas. Os relatos da sua inusitada condição rapidamente chegaram aos reis da Babilónia, que, intrigados, propuseram-se a conhecer o motivo de tanto desespero. Quando Ísis os viu estancar defronte de si, presenteou-os com saudações cordiais, reverentes e, solicitou-lhes que permitissem que os seus cabelos ela entrançasse. Uma vez que os regentes, embora servos da perplexidade, não impuseram qualquer veto ao seu convite, Ísis uniu o gesto à palavra, incensado as tranças que talhava pouco a pouco com o divino perfume exalado por seu ástreo corpo. Ultimado tão peculiar ritual, a rainha da Babilónia apressou-se a contemplar o resultado final, sendo enfeitiçada pelo irresistível aroma que seus cabelos emanavam. Literalmente inebriada por tão doce perfume dos céus, a rainha ordenou então a Ísis que a acompanhasse até ao palácio.

Assim, a deusa franqueou a entrada do palácio do rei da Babilónia, junto do qual conquistou o privilégio de tornar-se na ama do filho recém-nascido do casal régio, a quem amamentava com o seu dedo. Devido aos laços que a vinculavam à criança, Ísis desejou conceder-lhe a imortalidade, pelo que, todas as noites, a queimou, num fogo divino e, como tal, indolor, para que as suas partes mortais ardessem no esquecimento. Certa noite, durante este processo, ela tomou a forma de uma andorinha, a fim de cantar as suas lamentações. Maravilhada, a rainha seguiu a melopeia que escutava, entrando no quarto do filho, onde se deparou com um ritual aparentemente hediondo. De forma a tranquilizá-la, Ísis revelou-lhe a sua verdadeira identidade, e ultimou precocemente o ritual, mesmo sabendo que dessa forma estaria a privar o pequeno príncipe da imortalidade que tanto desejava oferecer-lhe. Observando que a rainha a contemplava, siderada, Ísis aventurou-se a confidenciar-lhe o lancinante incidente que a coagira a visitar a Babilónia, conquistando assim a confiança e benevolência da rainha, que prontamente aquiesceu em ceder-lhe a urna que continha os restos mortais de seu marido. Dominada por uma intensa felicidade, Ísis apressou-se a retirá-la do interior do pilar. Porém, fê-lo com tão negligente brusquidão, que os seus escombros de pedra espalharam-se por toda a divisão, atingindo, mortalmente, o pequeno príncipe. Na realidade, existem inúmeras versões deste fragmento da lenda, uma das quais afirma que a rainha expulsou Ísis, ao vislumbrar o aterrador ritual, pelo que esta retirou a urna, sem o consentimento dos seus donos. Porém, a veracidade desta versão semelha-se deveras suspicaz...

Com a urna em seu poder, Ísis regressou ao Egipto, onde a abriu, ocultando-a, seguidamente, nas margens do Delta. Numa noite, quando Ísis a deixou sem vigilância, Seth descobriu-a e apoderou-se, uma vez mais dela, com o intento de retirar do seu interior o corpo do irmão e cortá-lo em 14 pedaços, que foram, em seguida, arremessados ao Nilo. Ao tomar conhecimento do ocorrido, Ísis reuniu-se com a sua irmã Néftis, que não também tolerava a conduta de Seth, embora este fosse seu marido, e, juntas, recuperaram todos os fragmentos do cadáver de Osíris, à excepção, segundo refere Plutarco, escritor grego, do seu sexo, que fora comido por um peixe. Novamente deparamo-nos com alguma controvérsia, uma vez que outras fontes egípcias afirmam que todo o corpo foi recuperado. Acto contínuo, Ísis organizou uma vigília fúnebre, na qual suspirou ao cadáver reconstituído do marido: “Eu sou a tua irmã bem amada. Não te afastes de mim, clamo por ti! Não ouves a minha voz? Venho ao teu encontro e, de ti, nada me separará!” Durante horas, Ísis e Néftis, de corpo purificado, inteiramente depiladas, com perucas perfumadas e boca purificada por natrão (carbonato de soda), pronunciaram encantamentos numa câmara funerária ignota, que o incenso queimado impregnava de espiritualidade. A deusa invocou então todos os templos e todas as cidades do país, para que estes se juntassem à sua dor e fizessem a alma de Osíris retornar do Além. 

Uma vez que todos os seus esforços revelavam-se vãos, Ísis assumiu então a forma de um falcão, cujo esvoaçar restituiu o sopro de vida ao defunto, oferecendo-lhe o apanágio da ressurreição. Seguidamente, Ísis poisou no sítio do desaparecido sexo de Osíris, fazendo-o reaparecer por magia, e manteve-o vivo o tempo suficiente para que este a engravidasse. Em contraste, outras fontes garantem que Osíris e a sua esposa conceberam o seu filho, antes do deus ser assassinado pelo seu irmão, embora a versão mais comum seja a relatada, primeiramente. Assim, ao retornar à terra, Ísis encontrava-se agora grávida do filho, a quem protegeria até que este achasse-se capaz de enfrentar o seu tio, apoderando-se (como legítimo herdeiro) do trono que Seth havia usurpado. Alguns declaram que Ísis, algum tempo antes do parto, fora aprisionada por Seth, mas que Toth, vízir de Osíris, a auxiliara a libertar-se. Porém, muitos concordam que ela ocultou-se, secretamente, entre os papiros do Delta, onde se preparou para o nascimento do filho, o deus- falcão Hórus. Quando este nasceu, Ísis tomou a decisão de dedicar-se inteiramente à árdua incumbência de velar por ele. Todavia, a necessidade de ir procurar alimentos, coagiam-na pontualmente a ausentar-se, deixando assim o pequeno deus sem qualquer protecção. Numa dessas ocasiões, Seth transformou-se numa serpente, visando espalhar o seu veneno pelo corpo de Hórus, pelo que quando Ísis regressou da sua diligência, encontrou o seu filho já próximo das morte.

Todavia, a sua vida não foi ceifada, devido a um poderoso feitiço executado pelo deus- sol, Ra. 
Dada a sua devotada protecção, Ísis era constantemente representada na arte egípcia a amamentar tanto o seu filho, como os faraós. Sendo um dos mais populares vultos da mitologia egípcia, cujo nome é representado por um trono (e crê-se que terá mesmo esse significado), Ísis assume o lugar de deusa da família e do casamento, a quem foram concedidos extraordinários poderes curativos, empregues, essencialmente, para salvar crianças de mordeduras de cobras. Devido às suas qualidades maternais, surge, por vezes, com a forma de uma porca ou de uma vaca, o que leva a que seja confundida com Háthor (deusa do amor), com quem, na realidade, se fundiu, na Época Baixa (664-332 a.C./ XXVI- XXX Dinastias), período de tempo em que o seu culto atingiu o auge. Deste modo, o seu culto proliferou-se por toda a bacia mediterrânea, na qualidade de Ísis- Afrodite, o que demonstra bem a forma como os romanos lhe prestavam culto, esculpindo imagens em sua homenagem, nas quais ela surgia, muitas vezes, com uma túnica que flutua ao vento e com um toucado composto por espigas, chifres de vaca, um disco solar e penas de avestruz. 

Em torno do seu temperamento bravio (tão díspar da sua maternidade e benevolência!), teceu-se igualmente outra lenta, que narra a forma como Ísis, intrigada com o segredo que sustinha os poderes de Ra, conjura para obter o nome secreto do Senhor Universal, matriz das suas forças e esplendor. Assim, recolhe um pouco da sua saliva, amassa-a com terra e, com essa argila, molda uma serpente em forma de flecha, que coloca na encruzilhada dos caminhos desbravados pelo cortejo solar. Escrava da magia de Ísis, a serpente não hesita em morder Ra à sua passagem, que, com um silvo de dor, desfalece. Quando recupera a consciência, o deus- sol evoca, desesperado, todos os deuses, relatando-lhes o seu infortúnio: “ O meu pai e a minha mãe ensinaram-me o meu nome e eu dissimulei-o no meu corpo, para que mago algum o possa pronunciar como malefício para mim. Tinha eu saído para contemplar a minha criação, quando algo que desconheço me mordeu. Não foi nem fogo, nem água; mas o meu coração está em chamas, o meu corpo treme e os meus membros estão frios. Tragam-me os meus filhos, os que conhecem as fórmulas mágicas e cuja ciência chega aos céus!”. Ísis debruça-se sobre Rá e, simulando uma estupefacção imensurável, questiona: “ Que se passa? Ter-se-ia um dos teus filhos erguido contra ti? Então, destruí-lo-ei graças ao meu poder mágico e farei com que seja expulso da tua vista!” Quando o deus- sol lhe confidenciou a matriz do seu padecimento, Ísis assegurou-lhe que somente lhe entregaria o vital antídoto, caso este lhe revelasse a origem das suas imensuráveis forças. 

Exasperada por Rá se negar a atender á sua reivindicação, Ísis solicitou, novamente: “Diz-me o teu nome, meu divino Pai! Porque o homem só revive quando é chamado pelo seu nome!”
Escravizado pelo desespero, a personificação da luz oferece a Ísis um rol interminável de nomes falsos, na ânsia de que a deusa não alcançasse a percepção de que ele procurava ludibriá-la. Todavia, Ísis replicou: “ O teu nome não está entre aqueles que citaste! Diz-mo e o veneno abandonará o teu corpo, porque o homem revive quando o seu nome é pronunciado.”
Subjugado pela dor, Rá aceita o ultimato, mesmo sabendo que tal concederia a Ísis autoridade sobre a sua pessoa. Num suspiro, declara então: “Olha, minha filha Ísis, de modo que o meu nome passe do meu corpo para o teu... Mal ele saia do meu coração, repete-o ao teu filho Hórus, submetendo-o a um juramento divino!” 


Na realidade, todas as deusas egípcias possuíam esta dualidade, que as colocava entre a crueldade extrema e a indulgência infinita, num jogo de luzes e sombras que não as impediram de ser adoradas através dos tempos. A sua imagem é omnipresente e tanto cobre os sumptuosos santuários do Vale do Nilo, como os mais íntimos testemunhos de devoção pessoal. Porém, ao percorrermos o Egipto, deparamo-nos com três locais particularmente abençoados com a magia de Ísis:


Behbeit el- Hagar, no Delta, onde um sumptuoso templo foi erigido em honra de Ísis. Malogradamente, o halo de magia e espiritualidade que nimba esta excelsa deidade revelou-se impotente para deter aqueles que, não votando qualquer respeito pela sua índole sagrada, cometeram a ignomínia de destruir tão colossal santuário, onde os céus se reflectiam e renovavam num jogo divino, a fim de o transformar numa pedreira. Consequentemente, Behbeit el- Hagar é na actualidade um local quase literalmente desconhecido dos turistas e que semeia uma franca desilusão nos corações dos intrépidos que ainda o ousam visitar, pois a grandeza daquele que fora outrora um templo dedicado a uma divindade verdadeiramente excepcional resume-se agora a um monte de escombros e blocos de calcário ornados de cenas rituais.

Dendera, no alto Egipto, eterno berço de feitiços onde Ísis desabrochou para a vida, onde nos deparamos com um santuário de Háthor parcialmente conservado, com um templo coberto e com o mammisi, ou seja, “templo do nascimento de Hórus), assim como com um exíguo santuário, onde a etérea Ísis nasceu, deslumbrando o mundo com sua pele rosada e revolta cabeleira negra.

Filae, ilha- templo de Ísis, que serviu de refúgio à derradeira comunidade iniciática egípcia, mais tarde (séc. VI d. C., mais precisamente) exterminada por cristãos escravos do fanatismo.