quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Biografia Paul Brunton



Paul Brunton, nascido Raphael Hurst, (21 de Outubro de 1898 — 27 de julho de 1981) foi um filósofo britânico, místico, viajante, e guru. Morreu em 1981, em Vevey, na Suiça.

Deixou uma carreira jornalística para viver entre os yogis, místicos, e homens santos da Índia, e estudou uma grande variedade de ensinamentos esotéricos Ocidentais e Orientais. Devotando a sua vida à busca espiritual, Brunton se responsabilizou pela tarefa de comunicar as suas experiências com os demais, sendo a primeira pessoa a escrever a respeito do Oriente com uma perspectiva ocidental. Seus trabalhos são na maioria influências do misticismo ocidental pelo oriental. Tentando expressar seus pensamentos utilizando termos das pessoas leigas, Brunton foi capaz de apresentar o que ele aprendeu do Oriente e das tradições antigas com uma linguagem atual. Os escritos de Paul Brunton enfatizam sua visão de que a meditação e a busca interior não são exclusivamente para monges e ermitões, mas também para pessoas com vida normal, vivendo ativamente no mundo Ocidental.[1]

Paul Brunton nasceu em Londres em 1898 e após ter servido na primeira guerra mundial, começou a devotar-se ao misticismo, entrando em contato com Teosofistas. Em meados de 1930, Paul Brunton embarcou em uma viagem para a Índia, que o levou a ter contato com iluminados como Sri Shankaracharya de Kancheepuram e Sri Ramana Maharshi. De fato, Paul Brunton tem o crédito de introduzir os pensamentos de Ramana Maharshi à cultura ocidental através dos seus livros "A Search in Secret India"(A india secreta) e "The Secret Path" (O caminho secreto).

Após duas décadas de sucesso com seus livros, Paul Brunton retirou-se da vida editorial, devotando-se a escrever ensaios e pequenas notas. Até a sua morte em 1981 em Vevey, Suíça, ele publicou mais de 20.000 páginas de escritos filosóficos.

Um amigo de longa data de Paul Brunton, o filósofo Anthony Damiani, coordenou um esforço de publicar o conjunto de toda a sua obra com uma equipe de várias pessoas, incluindo Paul Cash e Timothy Smith. O editor sueco-estadunidense Robert Larson começou a publicar estes 16 volumes em 1984.

"Traga sempre a lembrança o fato que você é um peregrino, e que o mundo não é mais que um lugar, e que as situações em que você se encontra, ou cria para si, devem ser consideradas não somente do ponto de vista mundano, mas de uma busca para nós mesmos." Paul Brunton

Crítica



O autor estadunidense Jeffrey Moussaieff Masson, que era filho de um grande patrono Judeu Estadunidense de Brunton (que era judeu, também), e sua esposa, escreveu um livro My Father's Guru (O Guru do meu pai) que detalha as desilusões que ele teve com Brunton. Masson cresceu de 1940 até 1950 com ele em seu lar o considerado ser um celebre guru (P.B. como ele era conhecido pelos íntimos), que tinha entre seus discípulos mais chegados os pais de Masson e anunciou que o jovem Jeff era um potencial herdeiro do seu reino espiritual. Em 1956, P.B. convenceu os Massons que uma terceira guerra mundial era iminente e recomendou que eles mudassem para Montevidéu, um local "seguro". No Uruguai, os Masson mandaram dinheiro para P.B. estudar Sânscrito em Harvard, desta forma ele descobriu que o homem não era o que aparentava ser. Brunton se intitulava como Dr. Jackson  mas, de acordo com Masson ele não tinha conseguido tal graduação de uma universidade.

Livros em Ingles 

Are You Upward Bound with William G. Fern (1931)
A Search in Secret India (1934)
The Secret Path (1935)
A Search in Secret Egypt (1936)
A Message from Arunachala (1936)
A Hermit in the Himalayas (1936)
The Quest of the Overself (1937)
Indian Philosophy and Modern Culture (1939)
The Inner Reality (1939) [published in the U.S. as Discover Yourself, same year]
Hidden Teaching Beyond Yoga (1941)
Wisdom of the Overself (1943)
Spiritual Crisis of Man (1952)

No Brasil

A Imortalidade Consciente.
A Índia secreta. São Paulo, Editora Pensamento.
O Egito secreto. São Paulo, Editora Pensamento, 1967.
Idéias em perspectiva. São Paulo, Editora Pensamento.
A busca do Eu superior. São Paulo, Editora Pensamento.
A crise espiritual do homem. São Paulo, Editora Pensamento.
A realidade interna. São Paulo, Editora Pensamento.
A sabedoria do Eu superior. São Paulo, Editora Pensamento.
A sabedoria oculta além da Ioga. São Paulo, Editora Pensamento.
O caminho secreto. São Paulo, Editora Pensamento.
Meditações para pessoas em crise. São Paulo, Editora Pensamento.
Meditações para pessoas que decidem. São Paulo, Editora Pensamento.
Mensagem de Arunachala. São Paulo, Editora Pensamento.
Um eremita no Himalaia. São Paulo, Editora Pensamento.
O que é o karma?. São Paulo, Editora Pensamento.
Vislumbres. Carmo da Cachoeira, Irdin Editora, 2007. (Extraído de "The notebooks of Paul Brunton")
A Graça Divina. Carmo da Cachoeira, Irdin Editora, 2008. (Extraído de "The notebooks of Paul Brunton")



Biografia Anna Bonus Kingsford



Foi uma médica, escritora e mística britânica, filha de John Bonus, nascida em Maryland Point em 16 de setembro de 1846 e uma das primeiras mulheres inglesas, depois de Elizabeth Garrett Anderson, a obter um diploma de Medicina.

Lutou contra a sociedade machista da época, contra vivissecção de animais durante as experiências científicas e nas salas de aula, lutou a favor do vegetarianismo e, sobretudo, lutou por uma nova interpretação das escrituras sagradas cristãs, que denominou de Novo Evangelho da Interpretação. As obras mais importantes são: The Perfect Way, or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito, ou, a Descoberta de Cristo); Clothed with the Sun (Vestida com o Sol) e The Credo of Christendom (O Credo do Cristianismo). Todas essas obras, entre várias outras, se encontram on-line no site dedicado às suas obras, e de Edward Maitland, que foi seu grande colaborador e biógrafo.

Kingsford presidiu por um breve período a Sociedade Teosófica na Inglaterra, tendo sido, ao lado de Helena Blavatsky e outros, uma das promotoras dessa organização.

Foi uma mulher notável sob muitos aspectos. Escreveu livros do maior valor e profundidade no campo do pensamento religioso e do vegetarianismo. Também possuía talentos excepcionais em outras áreas: como médica, e como apaixonada ativista pelos direitos das mulheres e em prol do vegetarianismo, e especialmente como ardorosa opositora da vivissecção. Apesar da constante má saúde, que a acompanhou durante toda sua curta vida, Anna Kingsford deixou contribuições inestimáveis para o bem estar dos humanos e dos animais.

Ela era o que hoje denominamos de psíquica desde idade muito tenra, sendo cônscia de fantasmas de mortos, dos estados físicos e psíquicos dos vivos, e suas antevisões acerca da morte próxima de pessoas eram sempre acuradas. No entanto, logo aprendeu a manter-se em silêncio a respeito de suas visões a fim de evitar o inevitável ridículo, e os conselhos desagradáveis do médico da família.

Tanto o Cristianismo tradicional quanto o Materialismo tinham no mínimo desconfiança acerca do mundo dos espíritos, não raro perseguindo as pessoas com capacidades psíquicas. Libertar o espírito humano das garras letais do falso Cristianismo e do Materialismo grosseiro se tornaria o maior objetivo da vida de Anna Kingsford.

Ela casou-se em 1867 com Algernon Godfrey Kingsford. Estudou as doutrinas do Anglicanismo de seu marido, e também aquelas do Catolicismo Romano. Em 1870 ingressou na Igreja Católica Romana, sendo atraída pelo seu ritual e pelos seus aspectos místicos. Adotou, então, os nomes cristãos de Anna Mary Magdalen Maria Johanna. Contudo, ela sempre foi sempre uma crítica do sacerdotalismo e do materialismo da Igreja.

Anna se dedicou ao estudo de Medicina, com intuito de abrir novos caminhos para outras questões como o vegetarianismo, e para auxiliar em sua luta pelas demais causas nas quais acreditava. As mulheres não eram então aceitas como estudantes de Medicina na Inglaterra, mas podiam realizar alguns estudos lá. Anna começou seus estudos médicos em 1873, na Inglaterra, e foi para Paris em 1874 para lá fazer a maior parte de seu curso de Medicina. Ela ficou indo e vindo entre Paris e a Inglaterra até que recebeu seu diploma como médica em 1880. Em seu diário Anna escreveu que tinha uma grande ambição de mudar o mundo e de alcançar glória, e que seu sofrimento com a má saúde de seu corpo era devido ao carma por seus “pecados da carne” em vidas anteriores.

A vida de Anna Kingsford tornou-se entrelaçada com a de Edward Maitland (27/10/1824-2/10/1897). A sua colaboração começou em fevereiro de 1874 quando Edward visitou Anna e seu esposo, lá permanecendo por duas semanas. Algernon não se opôs ao próximo (e platônico) relacionamento de ambos. Considerando o curso de suas respectivas vidas, não é difícil acreditar que a misteriosa mão do destino aproximou Anna Kingsford e Edward Maitland. Por exemplo, caso a esposa de Edward não tivesse falecido bastante jovem, ele não estaria livre para colaborar com Anna, e talvez nunca a tivesse encontrado, pois Edward havia se casado e morava na Austrália.

Anna Kingsford estava freqüentemente em contato com o mundo dos espíritos, principalmente durante seu sono, e colaborou com Edward Maitland para escrever o que eles denominaram de suas “Iluminações”. Em 1881 ela deu uma série de conferências baseadas em suas “Iluminações”, para uma seleta audiência em Londres. No ano seguinte essas conferências foram publicadas como The Perfect Way; or, The Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, o Encontro de Cristo). É a obra magna de ambos, e uma quarta edição do livro foi publicada em 1909.

“Conversamos os dois longamente, embora com alguma dificuldade em razão de sua surdez. Quando lhe falei do meu interesse nos ensinamentos de O Caminho Perfeito, ele disse que em sua opinião era “a mais luminosa e melhor de todas as revelações que tinham sido dadas ao mundo”. Numa carta para a revista Light (1882, p. 475) ele descreveu O Caminho Perfeito como “o mais maravilhoso de todos os livros que apareceram desde a era cristã”. Mas ele desacreditava que o mundo jamais o recebesse bem, porque “o mundo sempre rejeitou a Verdade; sempre crucificou a Cristo e sua doutrina, e por que não faria isso novamente?”. De uma coisa, contudo, ele estava seguro: “A Igreja do futuro será a Igreja de O Caminho Perfeito”.

Maitland reuniu algumas das “Iluminações” de Anna Kingsford e as publicou em Clothed with the Sun (Vestida com o Sol) em 1889. A obra final de Maitland foi uma biografia de Anna Kingsford, em dois volumes (1896). Anna Kingsford morreu ao meio dia de 22 de fevereiro de 1888, encerrando uma vigília de 18 horas de Maitland ao seu lado. Ela foi enterrada em Atcham.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Organização da Maçonaria



Maçonaria, que é também conhecida como Franco-maçonaria (nome que tem origem nos mestres de obras das catedrais medievais, conhecidos na Inglaterra como Free-stone mason), é, antes de tudo, uma associação voluntária de homens livres, cuja origem se perde na Idade Média, se considerarmos as suas origens Operativas ou de Ofício:. Modernamente, fundada em 24 de junho de 1717, com o advento da Grande Loja de Londres, agrupa mais de onze milhões de membros em todo o mundo:. É o mais belo sistema de conduta moral, que pretende fazer com que o Iniciado seja capaz de vencer suas paixões, dominar seus vícios, as ambições, o ódio, os desejos de vingança, e tudo que oprime a alma do homem, tornando-se exemplo de fraternidade, de igualdade, de liberdade absoluta de pensamento e de tolerância:.

Em função disso, os objetivos perseguidos pela Maçonaria são: ajudar os homens a reforçarem o seu carácter, melhorar sua bagagem moral e espiritual e aumentar seus horizontes culturais:. É uma sociedade fraternal, que admite a todo homem livre e de bons costumes, sem distinção de raça religião, ideário político ou posição social:. Suas únicas exigências são que o candidato possua um espírito filantrópico e o firme propósito de tratar sempre de ir em busca da perfeição:. Simbolicamente, o Maçom vê-se a si mesmo como uma pedra bruta que tem de ser trabalhada, com instrumentos alegóricos adequados, para convertê-la em um cubo perfeito, capaz de se encaixar na estrutura do Templo do Gr:.Arch:.do Un:.

Ela fundamenta-se na crença em um Ser Superior ou Deus, ao qual denominamos Grande Arquitecto do Universo, que é o princípio e causa de todas as coisas:. Parece rígida em seus princípios, mas é absolutamente tolerante com todas as pessoas, ensinado aos iniciados que é mister respeitar a opinião de todos, ainda que difiram de suas próprias, desafiando a todos à mais sincera Tolerância:. A Ordem não visa em hipótese alguma lucro ou benefício, pessoal ou colectivo:.

Maçonaria e Sociedade

A Maçonaria exige de seus membros, respeito às leis do pais em que cada Maçom vive e trabalha:. Os princípios Maçónicos não podem entrar em conflito com os deveres que como cidadãos têm os Maçons:. Na realidade estes princípios tendem a reforçar o cumprimento de suas responsabilidades públicas e privadas:.

A Ordem induz seus membros a uma profunda e sincera reforma de si mesmos, ao contrário de ideologias que pretendem transformar a sociedade, com uma sincera esperança de que, o progresso individual contribuirá, necessariamente, para a posterior melhora e progresso da Humanidade:. E é por isso que os Maçons jamais participarão de conspirações contra o poder legítimo, escolhido pelos povos:. Para um Maçom as suas obrigações como cidadão e pai de uma família, devem, necessariamente, prevalecer sobre qualquer outra obrigação, e, portanto, não dará nenhuma protecção a quem agir desonestamente ou contra os princípios morais e legais da sociedade:.

Nas suas Lojas são expressamente proibidos o proselitismo religioso e político, garantindo assim a mais absoluta liberdade de consciência, o que lhe permite permanecer progressista, sobrevivendo às mais diversas doutrinas e sistemas do mundo:. Curioso é perceber que sempre onde faltou a Liberdade, onde grassou a ignorância, foi aí que a Maçonaria foi mais contundentemente perseguida, tendo sido inclusive associada aos judeus durante o período de intenso anti-semitismo da Europa Ocidental, nos primeiro e segundo quartos deste século:.

Aprendizado Maçônico

A transmissão dos preceitos Maçônicos se faz através de cerimônias ritualísticas, ricas em alegorias, que seguem antigas e aceites formas, usos e costumes, que remontam às guildas dos construtores de Catedrais da Idade Média, usando inclusive as mesmas ferramentas do Ofício de pedreiro:. Este aprendizado passa pela necessidade de todo iniciado controlar as suas paixões, de submeter a sua vontade às Leis e princípios morais, amar a sua família e à sua Nação, considerando o trabalho como um dever essencial do Ser Humano:. O sistema de aprendizado está assente sobre a busca, por parte de cada Irmão, no seu trabalho dentro da Ordem, e respectivo ao seu Grau, de um aperfeiçoamento interior, em busca da perfeição, para fazer-se um Homem bom, um Homem melhor:.

A Maçonaria estimula a prática de princípios nobres, tais como: Gentileza - Honestidade - Decência - Amabilidade - Honradez - Compreensão - Afecto. Para os membros da Ordem todos os Homens, fazem parte da Grande Fraternidade Humana, portanto, todos são Irmãos, independentemente de Credo, Política, Cor, Raça ou qualquer outro parâmetro que possa servir para dividir os homens:. Os Três Grandes Princípios sobre os quais está fundamentada a busca do progresso e da auto-realização do Maçom são:

O Amor Fraterno: O verdadeiro Maçom mostrará sempre a mais profunda tolerância e respeito pela opinião dos demais, portando-se sempre com compreensão:.

Ajuda e Consolo: Não só entre os Maçons, mas com toda a Comunidade Humana:.

Verdade: É o princípio norteador da vida do Maçom, mesmo porque faz-se necessária toda uma vida para chegar-se próximo de ser um bom Maçom:.

Organização da Maçonaria

Desde a fundação da Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1717, as Loja Maçónicas têm-se organizado em Obediências, sejam elas Grandes Lojas ou Grandes Orientes:. Os Maçons estão reunidos em Lojas, que se reúnem regularmente uma vez por semana, geralmente:. A verdadeira e antiga Maçonaria, divide-se em três Graus Simbólicos que compõem as Lojas Azuis:

Em regra as Grandes Lojas recebem reconhecimento da Grande Loja Unida da Inglaterra, que se arroga o direito de guardiã da ortodoxia maçónica, de evidente cunho teísta, enquanto que os Grandes Orientes, são reconhecidos pelo Grande Oriente da França, fiel ainda à constituição de Anderson de 1723, com evidente influência iluminista, e caracterizado por uma profunda tolerância:.

Porém esta regra não é universal, até porque não existe uma autoridade internacional que confira regularidade Maçônica:.

Regularidade em Maçonaria

A regularidade Maçônica refere-se a um conjunto de deveres a que estão sujeitos os Maçons, suas Lojas e sua Obediência, os quais podemos resumir em três aspectos principais:

Legitimidade de Origem: Um Grande Oriente ou Grande Loja necessita, para ser regular do reconhecimento e da transmissão da Tradição, por outro Grande Oriente ou Grande Loja previamente regular junto às outras Potências, tendo assim uma Regularidade de Origem:.

Respeito às antigas regras: A principal regra a ser seguida é a Constituição de Anderson, de 1723, formulada por Anderson, Payne e Desaguilliers, para a recém-fundada Grande Loja de Londres:.Podemos, no entanto, levantar cinco pontos fundamentais para Regras que devem ser respeitadas:

1. Absoluto respeito aos antigos deveres, que estão reunidos em forma de Landmarks:.

2. Só é possível aceitar homens livres, respeitáveis e de bons costumes que se comprometam a por em prática um ideal de Liberdade, Igualdade e Fraternidade:.

3. Ter sempre como objectivo o aperfeiçoamento do Homem, e como consequência, de toda a Humanidade:.

4. A Maçonaria exige de todos os seus membros a prática escrupulosa dos Rituais, como modo acesso ao Conhecimento, através de práticas iniciáticas que lhe são próprias:.

5. A Maçonaria impõe a todos os seus membros o mais absoluto respeito às opiniões e crenças de cada um, proibindo categoricamente toda discussão, proselitismo ou controvérsia política ou religiosa em suas Lojas:.

"Nunca houve nem nunca haverá um Homem que tenha um conhecimento certo dos deuses e de tudo aquilo de que eu falo. Se, mesmo por acaso, lhe acontecesse dizer toda a verdade, nem disso se daria conta. Todos se apoiam na aparência." Xenófanes de Cólofon (570-528 anE)




Os Princípios Maçônicos


A Maçonaria é uma Ordem Universal, formada por homens de todas as raças, credos e nacionalidades, acolhidos por iniciação e congregados em Lojas, nas quais, por métodos ou meios racionais, auxiliados por símbolos e alegorias, estudam e trabalham para a construção de uma Sociedade Melhor.

É fundada no Amor Fraternal, na esperança de que com Amor a Deus, à Pátria, à Família e ao Próximo, com Tolerância, Virtude e Sabedoria,com a constante e livre investigação da Verdade, com o progresso do Conhecimento Humano, das Ciências e das Artes, sob a tríade - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - dentro dos princípios da Razão e da Justiça, o mundo alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal.



Desse enunciado, deduzem-se os seguintes corolários:

a. A Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um PRINCÍPIO CRIADOR, ao qual, em respeito a todas a religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo;

b. A Maçonaria não impõe limites à livre investigação da Verdade e, para garantir essa liberdade, exige de todos a maior tolerância;

c. A Maçonaria é acessível aos homens de todas as classes, crenças religiosas e opiniões políticas, excetuando aquelas que privem o homem da liberdade de consciência, restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa humana, ou que exijam submissão incondicional aos seus chefes, ou façam deles - direta ou indiretamente - instrumento de destruição, ou ainda, privem o homem da liberdade de manifestação do pensamento;

d. A Maçonaria Simbólica se divide em três Graus, universalmente Reconhecidos e adotados: Aprendiz, Companheiro e Mestre;

e. A Maçonaria, cujo objetivo é combater a ignorância em todas as suas Modalidades, constitui-se numa escola mútua, impondo o seguinte Programa:- obedecer às leis democráticas do País;- viver segundo os ditames da Honra;- praticar a Justiça;- amar ao Próximo;- trabalhar pela felicidade do Gênero Humano, até conseguir sua emancipação progressiva e pacífica.

f. A Maçonaria proíbe, expressamente, toda discussão religiosa-sectária ou político-partidária em seus Templos;

g. A Maçonaria adota o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, como suas Três Grandes Luzes Emblemáticas. Durante os trabalhos, em Loja, deverão estar sempre sobre o Altar dos Juramentos, na forma determinada nos Rituais;

A par desta Definição de Princípios Fundamentais, e da declaração formal de aceitação dos Landmarks, codificados por Albert Gallatin Mackey, a Maçonaria proclama, também, os seguintes postulados:

I - Amar a Deus, à Pátria, à Família e à Humanidade;

II - Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes;

III - Lutar pelo princípio da Eqüidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua capacidade, obras e méritos;

IV - Combater o fanatismo e as paixões que acarretam o obscurantismo;

V - Praticar a Caridade e a Benemerência de modo sigiloso, sem humilhar o necessitado, incentivando o Solidarismo, o Mutualismo, o Cooperativismo, o Seguro Social e outros meios de Ação Social;

VI - Combater todos os vícios;

VII - Considerar o trabalho lícito e digno como dever primordial do Homem;

VIII - Defender os direitos e as garantias individuais;

IX - Exigir tolerância para com toda e qualquer forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a Verdade, a Moral, a Paz e o Bem Estar Social;

X - Os ensinamentos maçônicos induzem seus adeptos a se dedicarem à felicidade dos seus semelhantes, não somente porque a Razão e a Moral lhes impõem tal obrigação, mas porque esse sentimento de solidariedade os fez Filhos Comuns do Universo e amigos de todos os Seres Humanos.


Os Landmarks Maçonicos



1. A Maçonaria é uma fraternidade iniciática que tem por fundamento tradicional a fé em Deus, Grande Arquiteto do Universo.

2. A Maçonaria refere-se aos "Antigos Deveres" e aos"Landmarks" da Fraternidade, especialmente quanto ao absoluto respeito das tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade da Jurisdição.

3. A Maçonaria é uma ordem, à qual não podem pertencer senão homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.

4. A Maçonaria visa ainda, o aperfeiçoamento moral dos seus membros, bem como, de toda a humanidade.

5. A Maçonaria impõe a todos os seus membros a prática exata e escrupulosa dos ritos e do simbolismo, meios de acesso ao conhecimento pelas vias espirituais e iniciáticas que lhe são próprias.

6. A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.

7. Os Maçons tomam as suas obrigações sobre um volume da Lei Sagrada, a fim de dar ao juramento prestado por eles, o caráter solene e sagrado indispensável à sua perenidade.

8. Os Maçons juntam-se, fora do mundo profano, nas Lojas onde estão sempre expostas as três grandes luzes da Ordem:um volume da Lei Sagrada, um esquadro, e um compasso,para aí trabalhar segundo o rito, com zelo e assiduidade e conforme os princípios e regras prescritas pela Constituição e os Regulamentos Gerais de Obediência.

9. Os Maçons só devem admitir nas suas lojas homens maiores de idade, de ilibada reputação, gente de honra, leais e discretos, dignos em todos os níveis de serem bons irmãos,e aptos a reconhecer os limites do domínio do homem e o infinito poder do Eterno.

10. Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o respeito pelas autoridades constituídas.Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas.

11. Os Maçons contribuem pelo exemplo ativo do seu comportamento são, viril e digno, para irradiar da Ordem no respeito do segredo maçônico.

12. Os Maçons devem-se mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio,indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.


Biografia Fulcanelli



Fulcanelli é o seudónimo de um autor desconhecido de livros de alquimia do século XX. Lançaram-se diversas especulações sobre a personalidade ou grupo que se oculta baixo o seudónimo.

É muito o que se escreveu sobre a vida desta personagem, mas a maior parte de suas biografias estão baseadas em depoimentos incertos, pois ao que parece ocultava expressamente toda a informação sobre sua pessoa, propiciando a circulação de infinidad de rumores. Alguns têm especulado sobre seu possível nascimento em 1877 em Villiers-lhe-Bel (França) e sua morte na pobreza em Paris no ano 1932.

Fulcanelli moveu-se até os anos vinte do século passado por França e ocasionalmente por Espanha: País Basco, Sevilla e Barcelona. Para alguns era uma personagem de vasta erudición com importantes contactos e relações com círculos selectos e influentes, como Eugène Emmanuel Viollet-lhe-Duc, arquitecto e restaurador de catedrais góticas francesas, com quem compartilhou sua admiração e estudo pela arte gótico, o que lhe permitiu interpretar com sucesso o papel que a alquimia joga nas esculturas que enfeitam estas construções, muito especialmente as impressionantes representações nas gigantescas catedrais góticas (relevos, portadas, escultura, solo, vidrieras).

A identidade de Fulcanelli, está por dilucidar. Inclusive poderia ser um seudónimo de um colectivo de alquimistas. O nome de Fulcanelli parece estar relacionado mediante a cábala fonética com Vulcano-Hélios ou bem com Vulcano-Hellé .

Com a escassa informação e os comentários de seu discípulo e albacea Eugène Canseliet, diversos autores têm adiantado várias hipóteses sobre sua identidade:

Julien Champagne, pintor francês (hipótese de Robert Ambelain, René Schwaller de Lubicz, Jules Boucher e Geneviève Dubois).
Camille Flammarion, eminente astrónomo francês (esta hipótese é sustentada por Frédéric Courjeaud).
O notário ou escribiente Rosny-Aîné.
Pierre Dujols, livreiro parisién da época.
René Schwaller de Lubicz (versão sustentada pelo cientista Jacques Bergier).
F. Jollivet-Castelot (tese doctoral de Pierre Pelvet).
Eugène Canseliet (versão de Paul Lhe Cour).
O chamado conde de Saint Germain (uma personagem, supostamente imortal, que aparece publicamente na cada século).
Jules Violle, físico francês de renome (versão de Patrick Rivière e de Jacques Keystone).
Alphonse Jobert, doutor francês (versão sustentada por Richard Khaitzine.

Jacques Bergier menciona em seu livro "A volta dos bruxos" que Fulcanelli e outro alquimista se dedicaram a visitar aos mais conhecidos físicos nucleares entre as duas Guerras Mundiais. Ambos descreveram somera mas muito graficamente em que consistia um reactor nuclear e advertiram dos perigos das substâncias subproductos das reacções. Isto passou sem maiores atenções respecto dos cientistas até que Fermi conseguiu a primeira reacção em corrente. Algum dos visitados recordou, então, a conversa mantida com algum dos dois supostos alquimistas e comunicou a história aos serviços de inteligência correspondentes. Imediatamente os serviços aliados começaram a busca de ambos personagens. Fulcanelli foi impossível de encontrar, enquanto a outra pessoa resultou fuzilada no norte da África por ser colaboradora dos alemães. É muito difícil achar provas de tais coisas, para além do texto do livro antecitado. Jacques Bergier foi ayudante do físico francês Louis de Broglie e fez parte da inteligência dos Aliados.

Se isto é verdadeiro, é improvável que Fulcanelli fosse um cientista conhecido, pois tivesse sido reconhecido por algum colega.

A partir da busca destas duas personagens e do começo da carreira para a construção de uma bomba nuclear os serviços de inteligência compraram qualquer livro de alquimia que se pusesse a seu alcance. Não há verificação oficial a nível público destes relatos, mas também não nenhuma desmentida conhecida.

Obra

Foi autor de três fazes cimeiras da alquimia:

O mistério das catedrais e a interpretação esotérica dos símbolos herméticos (Lhe Mystère dês Cathédrales), escrito em 1922 e publicado em Paris em 1929 .

As moradas filosofales e o simbolismo hermético em suas relações com a arte sagrada e o esoterismo da grande obra (Lhes Demeures Philosophales), publicado em Paris em 1930 .

Para alguns pôde ter morrido em um desván da rua Rochechouart de Paris sem terminar o terceiro e último livro que ia ser o colofón de sua obra: Finis Gloriae Mundi, título inspirado em uma pintura do pintor sevillano Juan de Valdés Leal que na actualidade está pendurada na igreja sevillana do Hospital da Caridade. Nesse livro completar-se-ia a revelação do mistério alquímico ou verbum dimissum (A palavra perdida) dando resposta aos milhares de anos de busca dos alquimistas.

No ano 2001 apareceu em francês um texto com o título de Finis Gloriae Mundi como se fosse o texto que em seu momento não se publicou. Para a maioria dos estudiosos é um texto apócrifo já que dita obra relata acontecimentos que acontecem depois da segunda guerra mundial, data para a qual se supõe ao autor já falecido. Não obstante, outros estudiosos do tema entendem que o elixir de longa vida não é em modo algum uma quimera da alquimia, senão uma das provas da consecución da pedra filosofal. O autor da versão revisada do Finis Gloriae Mundi afirma na nova publicação: " Não é costume que um adepto volte a apanhar a pluma após ter franqueado a transmutación (...) abandonemos o manto de silêncio com o que se cobre quem passa pelas ascuas do fénix", sugerindo precisamente isto.

O Mistério Do Calendário


Todos os calendários tem como base os movimentos aparentes dos dois astros mais brilhantes da abóbada celeste, na perspectiva de quem se encontra na Terra - o Sol e a Lua - para determinar as unidades de tempo: dia, mês e ano.


O dia, cuja noção nasceu do contraste entre a luz solar e a escuridão da noite, é o elemento mais antigo e fundamental do calendário. A observação da periodicidade das fases lunares gerou a idéia de mês. E a repetição alternada das estações, que variavam de duas a seis, de acordo com os climas, deu origem ao conceito de ano, estabelecido em função das necessidades da agricultura.


O ano é o período de tempo necessário para que a Terra faça um giro em redor do Sol - cerca de 365 dias e seis horas. Esse número fracionário exige que se intercale dias periodicamente, a fim de fazer com que os calendários coincidam com as estações. No calendário gregoriano, usado na maior parte do mundo, um ano comum compreende 365 dias, mas a cada quatro anos há um ano de 366 dias - o chamado ano bissexto, em que o mês de fevereiro passa a ter 29 dias. São bissextos os anos cujo milésimo é divisível por quatro, com excepção dos anos de fim de século cujo milésimo não seja divisível por 400. Assim, por exemplo, o ano de 1.900 não é bissexto, ao contrário do ano 2.000.


Em astronomia, distinguem-se várias espécies de ano, com pequenas diferenças de duração. O ano trópico, também chamado de ano solar ou ano das estações, tem 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 46 segundos. Compreende o tempo decorrido entre duas ocorrências sucessivas do equinócio vernal, ou seja, do momento em que o Sol aparentemente cruza o equador celeste na direção norte. Em virtude do fenômeno de precessão dos equinócios - causado por uma pequena oscilação na rotação terrestre - o ano trópico é mais curto que o ano sideral, que tem 365 dias, seis horas, nove minutos e dez segundos, tempo que o Sol leva para voltar ao mesmo ponto, em sua aparente trajetória anual. O ano anomalístico compreende o período de 365 dias, seis horas, 13 minutos e 53 segundos, entre duas passagens da Terra pelo periélio, ponto de sua órbita em que está mais próxima do Sol.


Dada a facilidade de observação das fases lunares, e devido aos cultos religiosos que freqüentemente se associaram a elas, muitas sociedades estruturaram os seus calendários de acordo com os movimentos da Lua. O ano lunar, de 12 meses sinódicos, correspondentes aos 12 ciclos da fase lunar, tem cerca de 364 dias. Conforme a escala de tempo seja baseada nos movimentos do Sol, da Lua, ou de ambos, o calendário será respectivamente solar, lunar ou lunissolar.

No calendário gregoriano os anos começam a ser contados a partir do nascimento de Jesus Cristo, em função da data calculada, no ano 525 da era cristã, pelo historiador Dionísio o Pequeno. Todavia, seus cálculos não estavam corretos, pois é mais provável que Jesus Cristo tenha nascido quatro ou cinco anos antes, no ano 749 da fundação de Roma, e não no 753, como sugeriu Dionísio. Para a moderna historiografia, o fundador do cristianismo teria na verdade nascido no ano 4 a.C.


Classificação dos calendários

Em sentido amplo, todo o calendário é astronómico, variando apenas o seu grau de exatidão matemática. Classificam-se em siderais, lunares, solares e lunissolares.

Calendário sideral:

Baseia-se o calendário sideral no retorno periódico de uma estrela ou constelação a determinada posição na configuração celeste. Para o estabelecimento do calendário sideral, há milénios, utilizou-se a observação do nascer ou do ocaso helíaco (ou cósmico) de uma estrela. Além do nascer ou do ocaso real de uma estrela, respectivamente, pelo horizonte leste ou oeste, chama-se nascer ou ocaso helíaco (ou cósmico) a passagem de um astro pelo horizonte oriental ou ocidental no momento do nascer ou do pôr-do-sol, respectivamente. Quando o astro nasce no momento do pôr-do-sol, ou se põe no momento em que o Sol nasce, diz-se que há nascer ou ocaso acrónicos. Nascer helíaco, portanto, é a primeira aparição anual de uma estrela sobre o horizonte oriental, quando surgem os primeiros raios de sol. Para evitar atraso no registro da data do nascer helíaco, os sacerdotes egípcios, que determinavam as estações em função desse fenómeno, eram obrigados a vigílias rigorosas. Algumas tribos do Brasil e da América do Sul serviam-se do nascer helíaco das Plêiades para indicar o início do ano. O primeiro calendário assírio baseava-se no nascer helíaco da constelação de Canis Majoris (Cão Maior), cuja estrela principal, Sirius, tinha um importante papel na sua mitologia.


Calendário lunar:

A base do calendário lunar é o movimento da Lua em torno da Terra, isto é, o mês lunar sinódico, que é o intervalo de tempo entre duas conjunções da Lua e do Sol. Como a sua duração é de 29 dias 12 horas 44 minutos e 2,8 segundos, o ano lunar (cuja denominação é imprópria) de 12 meses abrangerá 254 dias 8 horas 48 minutos e 36 segundos. Os anos lunares têm que ser regulados periodicamente, para que o início do ano corresponda sempre a uma lua nova. Como uma revolução sinódica da Lua não é igual a um número inteiro de dias, e os meses devem também começar com uma lua nova, esse momento inicial não se dá sempre numa mesma hora. Por sua vez, na antiguidade, e mesmo depois, houve freqüentes erros de observação desse início.

Para que os meses compreendessem números inteiros de dias, convencionou-se, desde cedo, o emprego de meses alternados de 29 e 30 dias. Mas como o mês lunar médio resultante é de 29 dias e 12 horas, isto é mais curto 44 minutos e 2,8 segundos do que o sinódico, adicionou-se, a partir de certo tempo, um dia a cada trinta meses, com a finalidade de evitar uma derivação das fases lunares. Por outro lado, como o ano lunar era de 354 dias, observou-se que havia uma defasagem rápida entre o início do mesmo e o das estações. Procurou-se eliminar essa diferença, intercalando-se periodicamente um mês complementar, o que originou os anos lunissolares.

O calendário lunar surgiu entre os povos de vida essencialmente nómada ou pastoril, e os babilónicos foram os primeiros, na antiguidade, a utilizá-lo. Os hebreus, gregos e romanos também dele se serviram. O calendário muçulmano é o único puramente lunar ainda em uso. Com Júlio César, Roma adoptou um calendário solar que predominou entre as populações agrícolas.


Calendário solar:

Os egípcios foram o primeiro povo a usar o calendário solar, embora os seus 12 meses, de trinta dias, fossem de origem lunar. O calendário instituído em Roma, por Júlio César, reformado mais tarde pelo papa Gregório XIII e atualmente adotado por quase todos os povos, é do tipo solar, e suas origens remontam ao Egito.

O calendário solar segue unicamente o curso aparente do Sol, fazendo coincidir, com maior ou menor precisão, o ano solar com o civil, de forma que as estações recaiam todos os anos nas mesmas datas.


Calendário lunissolar:

Baseia-se o calendário lunissolar no mês lunar, mas procura-se fazer concordar o ano lunar com o solar, por meio da intercalação periódica de um mês a mais. O mês é determinado em função da revolução sinódica da Lua, fazendo começar o ano com o início da lunação. Para que a entrada das estações se efetue em datas fixas, acrescenta-se um mês suplementar, no fim de certo número de anos, que formam um ciclo. Os babilônicos, chineses, assírios, gregos e hindus utilizaram calendários lunissolares. Atualmente, os judeus - que adotaram o calendário babilônico na época do exílio - e os cristãos se valem desse sistema para determinar a data da Páscoa.

Dia e noite:

Nos calendários lunares e lunissolares o dia tem sempre início com o pôr-do-sol, como ocorre ainda hoje, no calendário judeu e muçulmano. No calendário solar, o dia começa com a saída do Sol, como no antigo Egito. Na Mesopotâmia o dia, para as observações astronômicas, começava à meia-noite, embora o calendário usual partisse do anoitecer. Os chineses e romanos adotaram também a meia-noite para o início do dia, uso que é seguido pelo calendário gregoriano.


Calendário maia:

O calendário mais bem elaborado das antigas civilizações pré-colombianas foi o maia, e do qual deriva o calendário asteca. Tanto um como o outro tinham um calendário religioso de 260 dias, com 13 meses de vinte dias; e um calendário solar de 365 dias, constituído por 18 meses de vinte dias e mais cinco dias epagômenos, isto é, que não pertencem a nenhum mês e são acrescentados ao calendário para complementar o ano. Esses cinco dias eram considerados de mau agouro, ou nefastos. Um ciclo de 52 anos solares harmonizava os dois calendários, o religioso e o solar. A cada dois ciclos - 104 anos - iniciava-se um ano venusino, de 584 dias, um ano solar, de 365 dias, um novo ciclo de 52 anos solares e um ano sagrado, de 260 dias. Este acontecimento era comemorado com grandes festas religiosas.


Calendário hebraico:

Os judeus não adotaram o calendário juliano, em grande parte para que a sua Páscoa não coincidisse com a cristã. O ano israelita civil tem 353, 354 ou 355 dias; seus 12 meses são de 29 ou trinta dias. O ano intercalado tem 383, 384 ou 385 dias.

O calendário hebraico introduziu pela primeira vez a semana de sete dias, divisão que seria adotada em calendários posteriores. É possível que a sua origem esteja associada ao caráter sagrado do número sete, como ocorre nas sociedades tradicionais, ou que se relacione com a sucessão das fases da lua, já que a semana corresponde aproximadamente à quarta parte do mês lunar.


O calendário hebraico começa a contar o tempo histórico a partir do que os judeus consideram o dia da criação. No calendário gregoriano, tal data corresponde a 7 de outubro de 3761 a.C.

Calendário muçulmano:

A civilização islâmica adotou o calendário lunar. Neste calendário o ano divide-se em 12 meses de 29 ou trinta dias, de forma que o ano tem 354 dias. Como o mês sinódico não tem exatamente 29,5 dias, mas 29,5306 dias, é necessário fazer algumas correções para adaptar o ano ao ciclo lunar.

Trinta anos lunares têm aproximadamente 10.631,016 dias. Com anos de 354 dias, trinta anos totalizariam 10.620 dias, e por isso é preciso acrescentar 11 dias a cada trinta anos.

A origem do calendário muçulmano fixa-se na Hégira, que comemora a fuga de Maomé, da cidade de Meca para Medina, que coincide com o dia 16 de julho de 622 da era cristã, no calendário gregoriano.


Calendário revolucionário francês:

Um caso muito singular é o do calendário republicano, instituído pela revolução francesa em 1793, e que tinha como data inicial o dia 22 de novembro de 1792, data em que foi instaurada a república. Pretendia substituir o calendário gregoriano e tornar-se universal.

O ano passaria a ter 12 meses de trinta dias, distribuídos em três décadas cada mês. Estas eram numeradas de um a três, e os dias de um a dez, na respectiva década, recebendo nomes de primidi, duodi, tridi, quartidi, quintidi, sextidi, septidi, octidi, nonidi, décadi. Deram-se, depois, às décadas, nomes tirados de plantas, animais e objetos de agricultura.

Dividiu-se o dia em dez horas de cem minutos, e estes com cem segundos de duração. As denominações dos meses inspiraram-se nos sucessivos aspectos das estações do ano na França. Aos 360 dias acrescentavam-se cinco complementares, anualmente e, um sexto a cada quatriênio.


O ano desse calendário revolucionário começou à meia-noite do equinócio verdadeiro do outono, segundo o meridiano de Paris. A eliminação das festas religiosas católicas, dos nomes de santos e, sobretudo, do domingo, insuficientemente compensado pelo décadi, indispôs a população. Teve curta duração e a 1º de janeiro de 1806 (com pouco mais de 13 anos), já no primeiro império napoleônico, foi restabelecido o uso do calendário gregoriano.

Calendários juliano e gregoriano:

As origens do calendário juliano remontam ao antigo Egipto. Foi estabelecido em Roma por Júlio César no ano 46 a.C. (708 da fundação de Roma). Adotou-se um ano solar de 365 dias, dividido em 12 meses de 29, 30 ou 31 dias. A diferença do calendário egípcio está no fato de se introduzirem os anos bissextos de 366 dias a cada quatro anos, de forma que o ano médio era de 365,25 dias. O esquema dos meses foi reformulado posteriormente para que o mês de agosto, assim nomeado em honra ao imperador Augusto, tivesse o mesmo número de dias que o mês de julho, cujo nome é uma homenagem a Julio César.


Como o ano trópico é de 365,2422 dias, com o passar dos anos regista-se um adiantamento na data do equinócio da primavera. Caso fosse mantido o calendário juliano, haveria um adiantamento de seis meses no início das estações, num período de 20.200 anos. Para evitar o problema, o Concílio de Trento, reunido em 1563, recomendou ao papa a correção do inconveniente, que alteraria a data da Páscoa, em virtude dos ciclos de concordância das lunações com o ano solar.


Finalmente, em 1582, o papa Gregório XIII, aconselhado por astrónomos, em particular por Luigi Lílio, obteve o acordo dos principais soberanos católicos e, através da bula Inter gravissimas, de 24 de fevereiro, decretou a reforma do calendário, que passou, em sua homenagem, a chamar-se gregoriano, e é o mais perfeito utilizado até hoje.

Mesmo assim, apresenta algumas deficiências. Uma delas é a diferença com o ano trópico, que aliás não é importante para efeitos práticos. Mais relevante é a diferença na duração dos meses (28, 29, 30 ou 31 dias) e o fato de que a semana, que é utilizada quase universalmente como unidade de tempo de trabalho, não esteja integrada nos meses, de tal forma que o número de dias trabalhados durante um mês pode variar entre 24 e 27.

Além disso, nos países cristãos, a data em que se comemora a Páscoa é determinada por critério lunissolar, que pode acarretar variação de dias e conseqüentemente alterar atividades educacionais, comerciais, de turismo etc. Outro inconveniente é o de não existir um ano zero, o que obriga uma operação matemática estranha, para calcular a diferença em anos de um fato ocorrido antes do nascimento de Cristo, em comparação com outro, ocorrido na era cristã. Existem várias propostas para solucionar essas questões, nenhuma delas ainda adotada.


Apesar de representar um avanço, o calendário gregoriano demorou para ser aceito, principalmente em países não-católicos, por motivos sobretudo político-religiosos. Nas nações protestantes da Alemanha, foi adoptado no decorrer dos séculos XVII (em poucos casos, antes de 1700) e XVIII (Prússia, 1775); na Dinamarca (incluindo então a Noruega), em 1700; na Suécia (com inclusão da Finlândia), em 1753. Nos cantões protestantes da Suíça, no princípio do século XVIII. Na Inglaterra e suas colónias, entre as quais os futuros Estados Unidos, em 1752. Nos países ortodoxos balcânicos, depois de 1914 (Bulgária, 1916, Romênia e Iugoslávia, 1919; Grécia, 1924). Na União Soviética, em 1918. Na Turquia, em 1927. No Egito, já havia sido adoptado para efeitos civis desde 1873, mesma data em que foi aceite no Japão. Na China foi aceite em 1912, para vigorar simultaneamente com o calendário tradicional chinês, até 1928.

Os dias da semana:

No Império Romano, a astrologia acabou por introduzir, no uso popular, a semana de sete dias (septimana, isto é, sete manhãs, de origem babilónica). Os nomes orientais foram substituídos pelos latinos, do Sol, da Lua e de deuses equiparados aos babilónicos. Por influência romana, os povos germânicos adotaram a semana, substituindo, por sua vez, os nomes das divindades latinas por aqueles das suas, com que mais se assemelhavam, excepção feita de Saturno, cujo nome se limitaram a adaptar.


Com o cristianismo, o nome do dia do Sol passou de Solis dies a Dominica (dia do Senhor, Dominus) e o Saturni dies (dia de Saturno) foi substituído por Sabbatum, dia do descanso (santificado). As línguas romanas, com excepção do português, conservaram as formas derivadas dos antigos nomes latinos, com essas alterações.

O português adoptou integralmente a nomenclatura hebdomadária do latim litúrgico cristão, que designou os dias compreendidos entre o domingo e o sábado por sua sucessão ordinal depois do primeiro dia da semana.


No grego moderno prevaleceu prática semelhante. Em várias línguas germânicas, a cristinianização dos respectivos povos acarretou a substituição do dia de Saturno pelo de véspera do domingo (Sonnabend ou Samstag, alemão) ou, ainda, dia do Senhor (Lördag, sueco).

O domingo conservou o nome de dia do Sol. Em algumas línguas germânicas, o antigo dia de Odin tornou-se o de meio da semana (Mittwoch, alemão), que corresponde à quarta-feira.

Os similares germânicos de Marte, Mercúrio, Jove (Júpiter) e Vênus eram, respectivamente, Ziu ou Tiwaz ou Tyr; Wodan ou Odin; Thor ou Donar; Frija ou Frigg ou Freya.